ESTUDO CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DA INFECÇÃO PELO SARS-COV-2 EM GESTANTES E PUÉRPERAS DE BELÉM, PARÁ, BRASIL
SARS-CoV-2. COVID-19. Gestação. Complicações na gravidez. Gravidez de alto risco.
A gravidez é um fator de risco para doença grave associada ao SARS-CoV-2, onde as gestantes se mostram mais propensas a serem admitidas em Unidade de Terapia Intensiva, necessitarem de ventilação mecânica e evoluírem a óbito, além do aumento do risco de complicações na gestação/parto e desfechos neonatais adversos. O objetivo deste estudo foi determinar aspectos clínicos e epidemiológicos da infecção pelo SARS-CoV-2 em mulheres no ciclo gravídico puerperal em uma maternidade pública na Amazônia brasileira. Trata-se de um estudo clínico, observacional, analítico e transversal, com abordagem quantitativa, desenvolvido na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA). A amostra foi de 230 gestantes hospitalizadas na FSCMPA com teste molecular RT-PCR para SARS-CoV-2 positivo. As variáveis maternas utilizadas foram: faixa etária, procedência, etnia, idade gestacional, realização do pré-natal, comorbidades, complicações no parto e tomografia de tórax. As variáveis dos RN’s analisadas foram: idade gestacional, tipo de parto, peso ao nascer, destino, uso de ventilação mecânica e desfecho neonatal. As variáveis de ambos foram correlacionadas com os tipos de caso materno (leve, moderado e grave). Para avaliar a correlação entre as variáveis adotou-se o teste Quiquadrado e o Teste G pelo software Bioestat 5.3 com nível de significância de 5%. Os resultados evidenciaram que, quanto maior a idade gestacional, maior a tendência de aumento do risco de gravidade do caso (<0,05). Observou-se grande relação da doença com as comorbidades específicas da gestação (<0,05), podendo ocasionar o óbito do bebê e da mãe nos casos mais graves (<0,05). Complicações no parto como a prematuridade também tiveram grande contribuição nos óbitos de mães e bebês (<0,05) e na tomografia do tórax, evidenciou-se que quanto maior o percentual de comprometimento pulmonar, maior a gravidade dos casos (<0,05). A dispneia, a cefaleia, a anosmia, a odinofagia, a diarreia e a dor torácica, foram os sintomas mais relacionados ao agravamento da doença (<0,05). Na correlação da idade gestacional, pré-natal, comorbidades, complicações do parto e tomografia de tórax das gestantes em relação ao seu desfecho, comprovou-se no teste G que a presença de comorbidades específicas da gestação e a sobreposição de outras préexistentes, bem como a tomografia do tórax alterada contribuem diretamente para os óbitos de mães e bebês (<0,05) com 5% de significância estatística. A taxa de mortalidade materna foi de 8,7%. Foi evidenciada a predominância de casos graves no terceiro trimestre de gestação e comprovou-se que a presença de comorbidades, complicações no parto e maior comprometimento pulmonar na tomografia de tórax são variáveis diretamente relacionadas ao óbito materno e fetal.