COLETIVO MARIAS DO QUILOMBO: Narrativas de mulheres quilombolas amazônidas do território de Moju Miri.
Mulher Quilombola. Corpo território. Interseccionalidade. Coletividades. Escrevivências.
As falas em primeira pessoa marcam histórias e trajetórias que acabam por constituir identidades coletivas. Além do questionamento sobre quem sou? O quem nós somos? Nos permite debates sobre as subjetividades e coletividades femininas. O tema desta pesquisa trata de gênero e identidade quilombola na Amazônia, conceitos estes marcantes e potentes sobre as mulheres em contexto de (re) existências dentro do território quilombola. O objetivo é analisar, sob uma perspectiva interseccional, a pluralidade das vozes das mulheres quilombolas do Coletivo Marias do Quilombo e suas práticas e experiências de resistências, vivências, saberes e lutas na Comunidade Quilombola e Ribeirinha Moju Miri. O espaço maior de encontro desta pesquisa é dentro do quilombo, porém, este encontro já vinha sendo construído em minha escrevivência enquanto mulher preta, educadora popular e em processo de aquilombamento. Lanço mão destas identidades para abranger o foco desta pesquisa que consiste nos traços das subjetividades e coletividades, enquanto manifestação da feminização social dos territórios. O objeto de pesquisa são as narrativas das mulheres do Coletivo Marias do Quilombo, estas são materializadas nas suas escrevivências. Sob a dimensão das epistemologias femininas, trazemos Selma Dealdina (2020) com vista à abordagem e vivência da mulher quilombola em território, acompanhada de Mariléa de Almeida (2022) no aspecto da mulher quilombola, território e afeto. Além destas, o trajeto teórico-metodológico parte da noção da escrevivência de Conceição Evaristo (2020) o que nos permite aprofundar e materializar as reflexões sobre as narrativas das mulheres em uma perspectiva interseccional, a partir dos estudos de Carla Akotirene (2019) e as autoras Patrícia Hill Collins e Sirma Bilge (2020). As travessias deste trabalho descortinam-se entre as experiências das mulheres em território e vão desaguando em momentos de organização política e enfrentamentos dentro e fora do quilombo, assim, tanto a pesquisa quanto o texto escrito trazem aspectos da escrita e oralidade como elementos que registram e aprofundam as experiências de feminização social do quilombo, sendo este texto considerado, também, como um corpo. Este, por sua vez, construído a partir das escrevivências das mulheres do coletivo Marias do Quilombo. Os marcadores de gênero, raça, etnia, classe e ancestralidade nos levam ao regime de poder colonial, machista, sexista e racista tratados como dimensões estruturais de poder que atuam contra as formas de vida das mulheres quilombolas. Ao passar pelo ramal das fontes femininas, você encontrará com o que chamamos de pedagogia feminina das práticas. Esta pedagogia é a prática que articula o coletivo. Neste texto, a linguagem do quilombo também ganha espaço para traçar uma escrita engajada e ligada ao território lócus da pesquisa. Terminamos este resumo dizendo que a embarcação e o ônibus já chegaram, então você pode escolher quais destes usar para entrar no território da pesquisa em Moju Miri.