ENTRE O DITO E O DIZER: (im)possíveis articulações entre fala e prosódia na clínica fonoaudiológica com crianças
(1) Linguagem Infantil; (2) Psicanálise; (3) Fonoaudiologia.
A voz responde ao apelo do infans e participa da instauração do laço mãe-bebê, enquanto se constitui como primeiro objeto da pulsão. É aquilo que constrói a borda e que funda, simultaneamente, o sujeito e o Outro. Partindo desse pressuposto, o presente projeto de pesquisa pretende empreender um diálogo entre a clínica fonoaudiológica com crianças e a Psicanálise. Para tanto, serão utilizados como eixos teóricos o Interacionismo Brasileiro juntamente com a Clínica de Linguagem e a teoria psicanalítica segundo Freud e Lacan. Nesse sentido, a interface teórico-conceitual entre Fonoaudiologia e Psicanálise, bem como as repercussões dessa aproximação na prática conduzirão a discussão acerca dos possíveis itinerários que conduzem o infans a falante. Assim, como objetivo geral, pretende-se discutir os efeitos de uma prática fonoaudiológica que inclui a prosódia (musicalidade da voz) como recurso terapêutico na clínica com crianças. Ademais, tem-se como objetivos específicos: (1) explorar as diferenças teórico-conceituais entre voz e linguagem no campo da Psicanálise e suas aproximações com o campo da Fonoaudiologia; (2) discutir possibilidades de intervenções fonoaudiológicas a partir das quais se possa incluir a prosódia na clínica com crianças. O escopo metodológico está marcado pelo uso do método teórico-clínico que em muito se beneficia do uso das histórias clínicas atribuindo ao estudo a característica de pesquisa-investigação. Desse modo, ao longo do texto teórico serão apresentados recortes de casos clínicos atendidos em consultório particular, fazendo com que o desejo de avançar no estudo acerca da prosódia compareça como expressão de um fazer que aponta para a teoria. Por fim, reconhecendo que a linguagem constitui um conceito central em ambas ciências, faz-se necessário demarcar o lugar do fonoaudiólogo como o profissional que deve atuar a partir das falas sintomáticas (o que é dito), ainda que escute o dizer do sujeito.