A REALIDADE DO TELETRABALHO NA UFPA: limites e desafios
Teletrabalho; Impactos; Pandemia.
Com o surgimento da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), anunciada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em março de 2020, o mundo passou por grandes transformações e uma delas se deu no contexto do mundo do trabalho e das relações trabalhistas, com a adoção do teletrabalho na maioria das organizações privadas e públicas. Assim, a Universidade Federal do Pará estabeleceu, em abril de 2020, a adoção de jornada laboral somente em regime de teletrabalho. Neste cenário, esta pesquisa objetivou analisar os impactos do teletrabalho na vida pessoal e profissional do servidor técnico-administrativo, do cargo de Assistente em Administração da UFPA, no contexto da pandemia. Para isso, buscou-se responder à seguinte questão de pesquisa: “em que condições os servidores técnico-administrativos, do cargo de Assistente em Administração, desenvolveram suas atividades na modalidade de teletrabalho no contexto da pandemia?”. Esta dissertação aborda uma temática bastante atual e sua relevância justifica-se porque este modelo de trabalho foi adotado em um contexto totalmente peculiar: de pandemia e de precarização do trabalho. A pesquisa é de natureza quantitativa e caracteriza-se como aplicada, exploratória e descritiva, sendo realizada mediante levantamento survey, por meio da aplicação de questionário. Os resultados demonstram que os servidores foram impactados pelo teletrabalho (conflito entre trabalho e vida familiar; realização de trabalho em horário não comercial; necessidade de montar estrutura organizacional; sobrecarga de trabalho e problemas de saúde mental, estes dois últimos principalmente para as mulheres, entre outros). No entanto, a percepção dos respondentes é que houve melhoria na qualidade de vida, o que nos permite inferir que os teletrabalhadores não
conseguem perceber ainda os lados obscurecidos desta modalidade de trabalho (violação de direitos, não desconexão laboral, jornadas longas, privação de liberdade). Logo, é imperativo pensar e buscar mecanismos em prol da saúde e qualidade de vida no trabalho, como recomenda a Organização Internacional do Trabalho ao defender a importância do trabalho decente. Esses aspectos devem ser constantemente almejados, principalmente diante dos impactos psicossociais múltiplos, com efeitos sistêmicos causados pelo teletrabalho, tão presentes na sociedade contemporânea, uma “sociedade do cansaço”.