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LIVIA PIRES DO PRADO
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REVISÃO TAXONÔMICA E CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS DO GÊNERO NEOTROPICAL MEGALOMYRMEX FOREL, 1885 (HYMENOPTERA: FORMICIDAE: MYRMICINAE)
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Data: 31/12/2021
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O gênero de formigas Megalomyrmex Forel, 1885 atualmente é composto por 45 espécies válidas, que estão distribuídas ao longo da região Neotropical. As espécies variam dramaticamente em estilos de vida e biologia, exibindo uma variedade de comportamentos de nidificação, dieta, estratégias reprodutivas, estrutura social e diversidade estrutural de alcalóides. O gênero inclui desde espécies de vida livre até espécies com diferentes graus de parasitismo social, que se associam com espécies de formigas cultivadoras de fungos. Desde a última revisão taxonômica abrangente, mais de 10 espécies, além de castas/sexos foram descritos. A história natural, assim como a distribuição geográfica dessas espécies foram atualizadas, porém esses estudos focaram nas espécies registradas para a América Central. A delimitação das espécies foi questionada e novos caracteres foram revelados, sugerindo que o estudo da fauna da América do Sul poderia contribuir com o avanço do conhecimento do gênero. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi realizar um estudo do gênero Megalomyrmex, sob as perspectivas taxonômica, ecológica e de história natural. Do ponto de vista taxonômico (Capítulo 1), nossos resultados indicaram a existência de 13 possíveis espécies novas para o gênero, além de fornecer uma atualização sobre a taxonomia do gênero. Em relação aos aspectos ecológicos das fêmeas reprodutivas (Capítulo 2), observamos que em geral, as médias corporais das rainhas sem asas de Megalomyrmex são maiores que a das rainhas aladas. Além disso, esses resultados podem estar relacionados aos desafios encontrados durante a fundação e estebelecimento da colônia e características do ambiente. Sobre a história natural de Megalomyrmex, ao longo do trabalho foram fornecidas atualizações sobre a biologia das espécies, com ênfase na espécie Megalomyrmex ayri Brandão, 1990, que teve sua história natural detalhadamente descrita (Capítulo 3). Nosso estudo contribuiu para o preenchimento de diversas lacunas de conhecimento presentes sobre as espécies do gênero, e também identificou outras lacunas que precisam ser investigadas para melhor compreensão de aspectos sobre a evolução e diversidade presente no gênero.
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FLAVIO ROBERTO DE ALBUQUERQUE ALMEIDA
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Filogenia molecular e revisão taxonômica do subgênero Schizoptera (Zygophleps) McAtee & Malloch, 1925 (Heteroptera: Dipsocoromorpha: Schizopteridae)
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Data: 21/12/2021
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Schizoptera Fieber (Hemiptera: Heteroptera) é o gênero mais diverso de Dipsocoromorpha, com cerca de 90 espécies divididas em quatro subgêneros: S. (Cantharocoris), S. (Odontorhagus), S. (Schizoptera), e S. (Zygophleps). O grupo é composto por percevejos diminutos (0.5–2.0 mm) restritos ao Novo Mundo que ocorrem em diferentes tipos de microhabitats. O gênero é caracterizado pelo metepisterno com formato de espinho, cutícula do sulco da glândula odorífera metatorácica distintamente glabra e pelo formato trapezoidal da célula discal da asa anterior e pela genitália dos machos notavelmente assimétricas. O subgênero Zygophleps, atualmente composto por quatro espécies, é caracterizado pelo formato triangular da célula membranal posterior. No presente trabalho são investigadas as relações filogenéticas internas do subgênero Zygophleps, com base em dados moleculares, a partir da análise de uma quantidade extensa de material e realizada sua revisão taxonômica. Dois capítulos são apresentados: 1) Filogenia molecular. Neste capítulo, apresentamos a primeira filogenia com enfoque nas relações internas das espécies de Zygophleps, com base em material sequenciado através de abordagens de Next-Generation Sequencing (NGS). Foram analisados 19, 901 pares de bases de 18 genes nucleares e mitocondriais. O presente trabalho recuperou o monofiletismo do subgênero e demonstrou que os dados obtidos através do NGS foram importantes para inferir as relações dentro do subgênero. Os caracteres morfológicos utilizados para diagnose das espécies não mostraram ter evidente correlação com a filogenia molecular, sendo eles distribuído em diversos clados dentro do grupo e indicando que tais caracteres podem ter evoluído mais de uma vez independentemente. 2) Revisão taxonômica. Este capítulo resultou na redescrição das quatro espécies previamente conhecidas e na descrição de 36 espécies novas. Esta é a atualmente a maior contribuição taxonômica apresentada ao gênero Schizoptera, levando ao acréscimo do número de espécies de 900% para o subgênero revisado. A maioria das espécies descritas foram coletadas no Brasil, Costa Rica e Equador, expandindo a distribuição conhecida do subgênero. Fornecemos diagnoses, descrições, fotografias do habitus e ilustrações dos caracteres diagnósticos. Adicionalmente, uma chave de identificação baseada em machos e um mapa de distribuição de espécies também são apresentados.
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RENATA NEVES BIANCALANA
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Filogenia Molecular e Evolução de Apodidae (Aves) a Partir de Elementos Ultraconservados (UCEs)
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Data: 20/12/2021
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As aves da família Apodidae conhecidas como andorinhões, são insetívoras de pequeno e médio porte, distribuídas globalmente. Nos últimos 20 anos, análises filogenéticas usando dados moleculares elucidaram as relações de alguns dos grupos dentro da família, porém, para muitas espécies não existem filogenias com ampla amostragem e que melhor representem a distribuição geográfica dos táxons. Assim, o desenvolvimento desta tese de doutorado se motiva na compreensão das relações filogenéticas entre os Apodidae e os processos evolutivos que estão por trás delas através do uso de milhares de marcadores moleculares. Nesse sentido, a principal questão deste projeto é: quais são as relações evolutivas entre os Apodidae? Esta pergunta será abordada ao longo de três capítulos, através da estimativa da filogenia molecular do grupo com a maior amostragem geográfica já feita, e de métodos que buscam inferir sobre os processos ecológicos e históricos que determinaram seus atuais padrões de distribuição. No capítulo I é apresentado um artigo já publicado sobre o desenvolvimento de marcadores microssatélites para Apodidae neotropicais. No capítulo II é apresentada a redescrição do gênero Chaeturella Mathews, 1918, com base em dados morfológicos e moleculares. No capitulo III é apresentada a filogenia molecular da família Apodidae. Foram sequenciadas 211 amostras de 103 táxons, representando todos os gêneros descritos para a família, sendo que para os Apodidae do Novo Mundo foram sequenciadas em quase sua totalidade representantes de todas as subespécies descritas até o presente. As árvores filogenéticas geradas tanto com UCEs apontaram que os Hemiprocnidae são o grupo irmão dos Apodidae. Dentro de Apodidae três grupos foram reciprocamente monofiléticos com 100% de suporte: as subfamílias Cypseloidinae, Apodinae e um terceiro grupo composto pelo gênero Hirundapus e pela espécie Mearnsia novaeguineae. As relações filogenéticas dentro da subfamilia Apodinae não foram de acordo com a classificação atual, sendo que as tribos Collocaliini, Chaeturini e Apodini se mostraram parafiléticas. Diversos gêneros se mostraram parafiléticos: Mearnsia, Rhaphidura, Zoonavena, Tachornis, Apus e Tachymarptis. Espécies amplamente distribuídas foram poli- ou parafiléticas: Cypseloides cryptus, Streptoprocne zonaris, Rhaphidura sabini, Chaetura cinereiventris, Chaetura spinicaudus, Chaetura egregia, Apus affinis, Apus berliozi, Tachymarptis aequatorialis e Aerodramus salanganus. Um novo tratamento taxonômico para a família é recomendado.
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LUIS EDUARDO DE SOUSA RIBEIRO
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Conservação de tartarugas marinhas na costa maranhense, Brasil
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Orientador : JUAREZ CARLOS BRITO PEZZUTI
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Data: 15/12/2021
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Tartarugas marinhas tem longo histórico de exploração humana em todo o mundo, o que tem contribuído para o declínio populacional das espécies, juntamente com outras ameaças, com destaque para a captura acidental por diversos tipos de pesca, destruição dos hábitats e a poluição. Atualmente, a interação com a pesca é a maior causa de mortandade entre as tartarugas marinhas, seguido por ingestão de material inorgânico (lixo). O acúmulo desses resíduos no mar, principalmente resíduos plásticos, tem atraído uma considerável atenção nas últimas décadas, visto que a poluição é uma grande ameaça para a vida marinha. Neste trabalho, realizamos o mapeamento das áreas de ocorrência e das áreas de nidificação de cada espécie de tartarugas marinhas na zona costeira do Estado do Maranhão, a análise da frequência de encalhes ao longo dos anos e aavaliação dos impactos sobre as populações de tartarugas marinhas no Parque Nacional (Parna) dos Lençóis Maranhenses, assim como a composição da dieta e ingestão de resíduos sólidos. Essa pesquisa inclui registros de encalhes de animais vivos ou mortos durante os anos de 2005 a 2020, oriundos do banco de dados do Projeto Queamar - Quelônios aquáticos do Maranhão – UFMA – Universidade Federal do Maranhão, e de campanhas bimensais ao Parna dos Lençóis Maranhenses. As cinco espécies de tartarugas marinhas foram observadas ao longo de todo o litoral maranhense e duas espécies tiveram registros reprodutivos. Dos impactos observados, a interação antrópica foi o fator mais observado (n=35), sendo o afogamento e a amputação as principais consequências do emalhamento (n=12). A obstrução intestinal causada pela ingestão de material inorgânico também foi frequentemente observada (n=13). Durante o período da pesquisa, foram realizadas duas Pesquisas Sísmicas Marinha 3D para prospecção de petróleo e gás, e que coincidiram com um aumento significativo na frequência de encalhes no Parna dos Lençóis Maranhenses, que podem ter sido provocados pela poluição sonora causada pelos ruídos dos canhões de ar. Ainda que o litoral maranhense seja coberto por áreas legalmente instituídas para conservação, como o PARNA Lençóis Maranhenses e a RESEX de Cururupu, estudos a longo prazo sobre espécies de ciclo migratório internacional, como as tartarugas marinhas, que ocupam posição importante no cenário de conservação, possibilitam detectar tendências temporais e mudanças, assim como avaliar os impactos das zonas de atividades antropogênicas costeiras.
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LEILTON WILLIANS RIBEIRO LUNA
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A Evolução Multidimensional da Avifauna das Planícies Alagáveis da Amazônia: Uma Abordagem Genômica, Biogeográfica e Ecológica
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Data: 24/09/2021
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O processo evolutivo compreende complexas mudanças na variabilidade genética das populações ao longo do tempo e do espaço. Estes padrões de diversidade genética espaço-temporais podem refletir processos abióticos que variam com o clima, barreiras geográficas e gradientes ambientais, bem como processos bióticos de traços ecológicos e de história de vida. Na Bacia Amazônica, a maior rede fluvial do mundo, a variação da carga sedimentar dos rios produz ambientes extensos, heterogêneos e dinâmicos ao longo de suas planícies de inundação. A grande variedade de ambientes criados pelos rios nas planícies de inundação amazônicas abriga uma rica avifauna, cuja distribuição é determinada por suas preferências de habitat, tanto regional como localmente. No entanto, os processos responsáveis pela condução da diversificação biológica nessas planícies aluviais continuam sub estudados. Isto pois, designar ligações causais diretas entre traços ecológicos e a estruturação da variação genética dos respectivos táxons constituintes das planícies alagadas é um desafio devido à complicada dinâmica geológica da bacia amazônica. Nesta tese, o principal objetivo foi caracterizar e interpretar da estrutura genômica da comunidade de aves das planícies alagadas da Amazônia. Em cada capítulo, testamos hipóteses específicas de diferenciação genômica baseada em fatores abióticos (e.g., mudança histórica da paisagem na Bacia Amazônica), abrangendo uma perspectiva biótica das afinidades ecológicas das espécies. No Capítulo I, resolvemos com detalhes o contexto espaço-temporal da estrutura genética intraespecífica do arapaçu-riscado (Xiphorhynchus obsoletus) e avaliamos as expectativas de cenários distintos para a evolução das planícies de inundação da Amazônia. No Capítulo II, usamos uma abordagem filogeográfica comparativa para investigar a conectividade histórica entre populações de três espécies de aves associadas a distintos habitats de planícies alagadas de águas brancas, distribuídas em diferentes rios na bacia amazônica. No Capítulo III, usamos uma abordagem filogeográfica baseada em atributos das espécies para avaliar quais destes atributos associadas à dispersão efetiva são determinantes de padrões de variação genética espacial através da comunidade de aves das planícies alagáveis da Amazônia. Como conclusão geral, os padrões evolutivos revelados suportaram a hipótese de que as mudanças na conectividade do habitat das planícies alagadas durante o Quaternário Final tiveram forte influência na diferenciação genômica dentro das espécies estudadas. Entretanto, o modo como a diferenciação ocorre parece ser dependente dos atributos ecológicos das espécies, o que determina como os padrões de variação genética são acomodados espacialmente em um ambiente sazonalmente dinâmico.
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ALEXANDRE SALGADO DE SOUZA
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TAXONOMIA E FILOGENIA DO CLADO Amphidraus-Marma (ARANEAE: SALTICIDAE: EUOPHRYINI)
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Data: 02/08/2021
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As aranhas são um dos grupos mais bem sucedidos e diversos de artrópodes, sendo abundantes em praticamente todos os ecossistemas. São atualmente catalogadas 49564 espécies, distribuídas em 4219 gêneros e 129 famílias. Todas as aranhas possuem glândulas de seda conectadas a fiandeiras (apêndices abdominais modificados) e tarso dos pedipalpos do macho modificado em órgãos copulatórios, enquanto a grande maioria possui glândulas de veneno acopladas as quelíceras. Salticidae é a família mais diversa de aranhas, com 6346 espécies descritas em 658 gêneros. Sua mais notável sinapomorfia é a presença de um par de olhos médios anteriores altamente especializados, que ocupam a parte frontal da carapaça. Euophryini corresponde à tribo mais diversa de Salticidae, com aproximadamente 1000 espécies descritas. A maioria dos gêneros que compõem a tribo possuem no palpo do macho um êmbolo espiral e uma alça retrolateral no ducto espermático, projetada para o centro do tégulo, e no epígino da fêmea (ventralmente na placa), um par de áreas circulares transparentes (pouco esclerotizadas) com guias espirais em suas bordas, que conduzem o êmbolo do macho até a abertura copulatória durante a inseminação. A partir de estudos moleculares, outros gêneros foram incluídos na tribo, mesmo possuindo estruturas reprodutivas diferentes, modificadas a partir do padrão típico do grupo. Como exemplo desta condição podemos citar os gêneros Amphidraus Simon, 1900, Marma Simon, 1902, Nebridia Simon, 1902 e Yacuitella Galiano, 1999, que juntos formam um pequeno clado de distribuição Neotropical. Aranhas desse clado possuem quelíceras com dois dentes promarginais e um dente retromarginal com múltiplas cuspides, palpo do macho com projeções no disco embólico, borda do sulco cimbial projetada em direção ao alvéolo e alça retrolateral do ducto espermático ausente. Além disso, o epígino da fêmea carece de janela e guias espirais. Nebridia é um gênero de classificação controversa dentro do clado, tendo sido em um intervalo de apenas três anos, sinonimizado com Amphidraus para logo em seguida ser revalidado. Além disso, Yacuitella foi incluída provisoriamente no clado Amphidraus-Marma por compartilhar nítidas semelhanças morfológicas com Amphidraus, no entanto esse parentesco não foi estudado sob uma abordagem cladística. Marma parece ser um gênero bem estabelecido (possivelmente monofilético), porém os limites entre Amphidraus, Nebridia e Yacuitella permanecem obscuros. Sendo assim, o clado Amphidraus-Marma é revisado a partir de uma abordagem cladística com dados morfológicos. Uma revisão taxonômica do gênero Marma (não estudado em detalhes desde os anos 60) foi realizada previamente à análise filogenética do clado completo. Nesse primeiro estudo (Capítulo 1), com exceção do holótipo de Marma femella (Caporiacco, 1955), que foi redescrito em trabalho prévio de 2005, espécimes-tipo de todas as espécies do gênero foram revisados. As espécies M. baeri Simon, 1902 (espécie-tipo) e Marma nigritarsis (Simon, 1900) foram redescritas baseadas em espécimes frescos recentemente coletados. A terceira e última espécie listada no catálogo mundial de aranhas (M. femella) foi confirmada como válida a partir da redescrição de 2005. Duas espécies até então sinonimizadas com M. nigritarsis Simon, 1900) foram revalidadas: M. rosea (Mello-Leitão, 1941) e M. argentina (Mello-Leitão, 1941). Duas espécies foram sinonimizadas: Thysema dorae Mello-Leitão, 1944, syn. nov. com Ocnotelus argentinus Mello-Leitão, 1941 e Paralophostica centralis Soares & Camargo, 1948, syn. nov. com Agelista rosea Mello-Leitão, 1941. Pseudoamphidraus variegatus Caporiacco, 1947 e M. trifidocarinata Caporiacco, 1947 foram confirmadas como sinônimos de M. nigritarsis. Seis novas espécies provenientes do norte e nordeste do Brasil foram descritas: M. abaira sp. nov. (♀), M. linae sp. nov. (♂♀), M. pipa sp. nov. (♂♀), M. sinuosa sp. nov. (♂♀), M. spelunca sp. nov. (♂♀) e M. wesolowskae sp. nov. (♂♀). Além disso, o macho de M. argentina foi descrito pela primeira vez. Finalmente, para a análise filogenética de Amphidraus-Marma (Capítulo 2), foi construída uma matriz com 65 caracteres codificados para todas as espécies atualmente conhecidas para o clado. Os dados foram analisados sob um critério de parcimônia com pesagens iguais e pesagens implícitas. Os resultados corroboram a monofilia do clado Amphidraus-Marma, fortemente suportada por hipóteses prévias com dados moleculares. Amphidraus foi recuperado como grupo-irmão de Marma, e polifilético em relação a Yacuitella e Nebridia. Baseado nesses resultados, Amphidraus e Marma permanecem válidos e Nebridia Simon, 1902 e Yacuitella Galiano, 1999 são sinonimizados com Amphidraus Simon, 1900. Além disso, A. auriga (Simon, 1900) (espécie-tipo de Amphidraus) é redescrita com base no holótipo, enquanto A. semicanus (Simon, 1902) comb. nov. e A. nanus (Galiano, 1999) comb. nov. (espécies-tipos dos gêneros sinonimizados, Nebridia e Yacuitella, respectivamente) são revisadas com base em material fresco recentemente coletado. Uma nova espécie de Amphidraus de Minas Gerais (Brasil) é descrita: A. galianoae sp. nov. Homologias do palpo e do epígino são discutidas, especialmente aquelas relacionadas a tíbia, ao êmbolo e às espermatecas primárias e secundarias.
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RAFAEL CABRAL BORGES
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O uso de índices de biodiversidade e de interações ecológicas no monitoramento de áreas em restauração associadas à mineração em Carajás
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Data: 29/07/2021
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A biodiversidade abrange desde aspectos taxonômicos, diversidade intraespecífica e do ambiente natural, até processos ecológicos responsáveis pelo funcionamento e manutenção dos ecossistemas. Vários esforços têm sido realizados no sentido de restaurar a biodiversidade em áreas degradadas. Porém, poucos estudos focam no monitoramento de mecanismos dos ecossistemas associados à fauna e suas interações com a flora, como as interações entre plantas e seus polinizadores. Esta tese teve como objetivo compreender o processo de restauração de áreas pós mineração na Amazônia oriental a partir do conhecimento histórico da biodiversidade de polinizadores local e de índices de interação planta-polinizador. A partir do conhecimento sobre os padrões de restauração de interações planta-polinizador foi desenvolvido uma abordagem integrativa para selecionar espécies visando a restauração de interações e dar suporte a tomadores de decisão durante o planejamento de atividades de restauração. O estudo foi realizado na Floresta Nacional de Carajás. Para conhecer as espécies de polinizadores foi construído um banco de dados com as 222 espécies de abelhas previamente amostradas (dados de coleções) e seus traços funcionais. Para compreender os padrões de interação planta-polinizador durante o processo de restauração foram utilizadas análises de composição de espécies, métricas de redes de interações planta-polinizador e características das espécies para comparar áreas em diferentes estágios de recuperação pós mineração de areia e de minério de ferro e estabelecer critérios para a seleção de espécies de plantas e polinizadores visando a restauração de interações. O tipo de mineração influenciou a composição de espécies de áreas em recuperação, em áreas pós mineração de areia foi encontrada uma rápida recuperação de interações e foram selecionadas dez espécies de plantas e dez espécies de abelhas para serem manejadas durante o processo de restauração, visando a restauração de interações. Este trabalho foi o primeiro a consolidar uma lista de polinizadores presentes em áreas de mineração no Brazil, a avaliar a restauração de interações e propor uma estratégia de seleção de espécies para restauração a partir de redes de interação planta-polinizador amostradas na Amazonia brasileira.
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NILTON JUVENCIO SANTIAGO MONTEIRO
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Taxonomia e filogenia dos gêneros de Phytomyzinae (Diptera: Agromyzidae)
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Data: 19/07/2021
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Formular hipóteses de relacionamento entre os grupos de organismos é um dos principais objetivos da sistemática filogenética, sendo estas dependentes do tipo de dados da qual se originam. Usualmente, tipos diferentes de caracteres podem gerar hipóteses de relacionamento distintas. No entanto, são poucos os estudos que integram múltiplas fontes de dados em sua abordagem, especialmente em grupos pouco estudados. No que diz respeito a família Agromyzidae, tal fato é consequência de diversos fatores intrínsecos da família, como: a grande semelhança morfológica entre as espécies; a dificuldade na delimitação de grupos de espécies/gêneros; os poucos trabalhos de revisão das informações a respeito da família; e a priorização de estudos de manejo das espécies de interesse econômico, sendo as demais pouco estudadas. Com base nisto, esta tese tem por objetivo realizar um estudo taxonômico e filogenético envolvendo espécies da subfamília Phytomyzinae (Diptera: Agromyzidae), propondo uma filogenia para os gêneros que a compõe, assim como analisar a taxonomia de alguns dos seus clados. Para isto, estão sendo estudados materiais de diversas instituições para a identificação dos espécimes e levantamento dos caracteres morfológicos, assim como levantando informações moleculares para serem incorporadas à filogenia. O primeiro capítulo desta tese trata da sinonimização do gênero Xeniomyza ao gênero Liriomyza, sengundo a proposta de Lonsdale (2017) para o mesmo, incluindo a redescrição e nova combinação de Liriomyza ilicitensis nov. comb., atual espécie tipo de Xeniomyza. Quanto ao segundo capítulo, nós apresentamos uma hipótese filogenética para os gêneros de Phytomyzinae analisados, utilizando tanto dados moleculares quanto morfológicos. Foram feitas considerações quanto aos agrupamentos propostos, assim como foram testadas algumas relações propopostas por revisões recentes. Ficou evidenciado como a morfologia da terminália feminina de Agromyzidae pode auxiliar na caracterização de alguns dos táxons propostos. Os resultados da tese devem auxiliar os futuros trabalhos com Agromyzidae, tanto por conciliar diferentes fontes de dados em uma mesma análise quanto por apresentar evidencias da importância da terminália feminina na definição dos agrupamentos de Agromyzidae.
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MYLENA NEVES CARDOSO MATOS
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Lacunas Wallaceanas, Mudanças climáticas e Uso da Terra como ameaças à Ephemeroptera (Insecta): com ênfase na Amazônia
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Data: 10/07/2021
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A Amazônia é detentora de uma grande biodiversidade, porém boa parte dela ainda é desconhecida pela ciência e muito sobreposta com áreas de grande interesse econômico e de atividades antrópicas. Esse desconhecimento é ainda mais acentuado para organismos pequenos, como os insetos aquáticos da ordem Ephemeroptera, mesmo eles sendo relevantes para os processos ecológicos do bioma, sensíveis às alterações ambientais e uma excelente ferramenta para analisar a qualidade ambiental. A ordem apresenta muitas lacunas Linneanas, Hutchinsonianas e Wallaceanas, e conhecer a sua distribuição buscando preencher os déficits de informação são fundamentais para traçar estratégias eficientes de conservação. Nesse contexto, esta tese teve como objetivo geral apontar aonde estão os déficits de esforço amostral de Ephemeroptera na Amazônia e evidenciar como os impactos antrópicos e mudanças climáticas podem afetar ou estruturar suas comunidades. Com esse propósito, essa tese foi composta por três capítulos. No primeiro descrevemos a riqueza potencial de Ephemeroptera na Amazônia e a partir de um índice de esforço amostral indicamos onde estão as áreas de lacunas de informação, áreas potencialmente mais diversas, e áreas desprotegidas que são prioritárias para a conservação. Apontamos que somente 5% do bioma possui alguma informação sobre a ordem, e que existe 46.225 km 2 de lacunas potencialmente ricas, porém desprotegidas no bioma, sendo a zona de transição entre Amazônia e Cerrado prioritárias para futuros estudos, devido a intensificação do desmatamento nessa região. No segundo capítulo, descrevemos a distribuição potencial atual e futura de Cloeon smaeleni Lestage, 1924 nos continentes sul americano e africano. A espécie afrotropical foi introduzida no Brasil, e nossos resultados indicaram que os dois continentes possuem áreas extensas de adequabilidade para a espécie, localizadas em áreas “rich-spots”, mas que sua distribuição é previsivelmente limitada e deslocada pelas mudanças climáticas nos cenários futuros, mesmo sendo uma espécie tropical, tolerante e com características invasoras. No terceiro capítulo, investigamos se o gradiente de cobertura vegetal e usos do solo afetam a riqueza, abundância e composição das comunidades de Ephemeroptera e avaliamos se existem gêneros associados a cada um deles. Encontramos que o pasto reduz a abundância de Ephemeroptera e que sua composição em áreas de floresta difere dos outros tipos de uso da terra. Apesar da diversidade de Ephemeroptera não ter respondido à porcentagem da cobertura vegetal, táxons como Farrodes e Ulmeritoides tiveram a sua frequência afetada. A partir do desenvolvimento dessa tese, concluímos que ainda existem muitas lacunas de informação a serem preenchidas na Amazônia, principalmente na parte Norte e Nordeste do bioma. Inventários e pesquisas são necessárias principalmente em áreas intensamente ameaçadas por ações antrópicas, como o “Arco do desmatamento” para que não haja perda de informação e até mesmo de espécies que podem ainda nem ser conhecidas. Ainda não existe um consenso entre a agropecuária e o ambiente que alcance um desenvolvimento sustentável adequado, o que é preocupante devido a velocidade das alterações ambientais, que afetam principalmente os ecossistemas aquáticos. Essa preocupação se agrava quando inferimos no nosso trabalho que mesmo uma espécie considerada tolerante, com características invasoras, pode ser afetada severamente por mudanças climáticas em cenários futuros, tendo a sua distribuição consideravelmente restringida.
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HENRIQUE AUGUSTO CHAVES MAIA
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Biogeografia e Evolução da Família Microhylidae nas Américas (Amphibia, Anura)
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Data: 08/06/2021
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Microhylidae (a segunda maior família de anfíbios) representa pouco mais de 9,5% da diversidade global de anuros. É fenotipicamente diversa, com uma história evolutiva complexa, e ocorre em quase todas as zonas tropicais do planeta. Apesar do tamanho e distribuição, o que os torna um bom modelo para estudos biogeográficos empíricos, inferências evolutivas a nível de família são limitadas. Aqui, compilamos um grande conjunto de dados genéticos dos microhilídeos do Novo Mundo, um clado diverso que ocorre do sul da América do Sul à América do Norte (com a maior diversidade na região Neotropical), para inferir padrões espaço-temporais de diversificação. Existe uma infinidade de métodos e modelos para inferir distribuições ancestrais, entre as quais o pacote R BioGeoBEARS está entre os mais usados. No entanto, críticas recentes levantaram debates sobre dois aspectos importantes do programa: (1) critérios na seleção de modelos e, (2) conceituação teórica do parâmetro +J (um modelo de salto-dispersão para estimar o efeito fundador). A crítica sugere que DEC e, especialmente sua variante +J (DECj), são conceitualmente falhos, pois desconsideram informações temporais (i.e., comprimentos de ramos) e, portanto, implementam soluções que são equivalentes a uma análise de parcimônia. Usamos o grupo focal para investigar essas alegações empiricamente pela primeira vez. Especificamente, abordamos questões relacionadas à equivalência de modelos +J com a parcimônia, degeneração do modelo +J e viés de seleção. Encontramos fortes evidências, bem como equivalência de modelos +J a uma inferẽncia de parcimônia e ao fato de que a seleção padrão de modelos com base em verossimilhança (AIC) pode enviesar as hipóteses. Embora os argumentos iniciais tenham se concentrado em DEC vs. DECj, destacamos que os problemas relacionados a +J podem afetar todos os demais modelos. Nosso trabalho representa a mais abrangente inferência evolutiva espaço-temporal para microilídeos do Novo Mundo, com várias novas perspectivas sobre a evolução do clado. A diversidade atual do grupo é, em geral, produto de uma diversificação constante que está profundamente associada a ambientes florestais tropicais desde o Cretáceo Superior. Um clado (Elachistocleis) parece ter uma história excepcionalmente distinta, apresentando uma taxa de diversificação muito mais rápida, amplamente associada a ambientes abertos durante o Ótimo Climático do Mioceno Médio. Discutimos quatro processos evolutivos principais que ocorreram na América do Sul desde a separação da Gondwana e podem ter afetado a diversificação dos microilídeos: (1) diversificação amazônica in situ, (2) os impactos do soerguimento dos Andes, e suas consequências geológicas, (3) a invasão do Diagonal seca e (4) conexões passadas entre a Amazônia e a Mata Atlântica.
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ULYSSES MADUREIRA MAIA
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Dinâmica de distribuição e caracterização genética, morfológica e de nidificação de populações de Plebeia flavocincta (Apidae: Meliponini)
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Data: 07/06/2021
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Conhecer a biodiversidade é fundamental para a conservação e manejo das espécies. Dentre as espécies de abelhas, os meliponíneos ou abelhas sem ferrão, são considerados como os principais polinizadores das matas nativas e formam um grupo bastante diversificado com mais de 240 espécies já descritas no Brasil. No entanto, muitas espécies de abelhas sem ferrão ainda não são conhecidas e não muito bem estudadas, um problema que precisa ser urgentemente resolvido, pois os serviços de polinização estão cada vez mais ameaçados pela perda e modificação de habitats. A falta de uma identificação mais precisa, de uma caracterização mais acurada das populações e do conhecimento das áreas de ocorrência da espécie dificultam a averiguação de impactos e ameaças e o delineamento de medidas efetivas de conservação, manejo e uso sustentável. Aqui, objetivamos avaliar a variabilidade de Plebeia flavocincta em termos morfológicos, genéticos, e de habitats. Para isso, organizamos a tese em três capítulos: (i) no primeiro, estimamos a distribuição geográfica potencial da espécie e identificamos áreas prioritárias para conservação; (ii) no segundo capítulo, avaliamos a variabilidade das populações através da morfometria geométrica das asas e do DNA mitocondrial; (iii) finalmente, no terceiro capítulo analisamos a estrutura dos ninhos e caracterizamos a espécie.
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PAMELA YESENIA SANCHEZ VENDIZU
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PRELIMINARY SYSTEMATIC REVISION OF Mesomys (RODENTIA: ECHIMYIDAE)
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Data: 02/06/2021
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Roedores arborícolas do gênero Mesomys Wagner, 1845 representam um dos grupos menos estudados da família Echimyidae. O gênero foi descrito em 1845, mas melhor compreendido e aceito como um gênero válido no início do século 20 devido ao aprimoramento de sua descrição morfológica. Três espécies foram posteriormente aceitas como parte do gênero Mesomys: M. hispidus (Desmarest, 1817), M. leniceps Thomas, 1926, e M. stimulax Thomas, 1911. No século 21, estudos filogenéticos baseados em dados moleculares recuperaram a monofilia do gênero, apoiaram o reconhecimento em nível de espécie de M. stimulax, sugeriram M. hispidus como um complexo de espécies, e revelaram a existência de uma nova espécie, M. occultus Patton, da Silva, Malcolm, 2000. A posição filogenética e status taxonômico de M. leniceps, entretanto, permanecem não investigados. No presente estudo, as relações filogenéticas de Mesomys foram inferidas com base em sequências de DNA do gene mitocondrial citocromo b, e análises moleculares de delimitação de espécies de locus único foram realizadas usando dados de 81 amostras que abrangem a maior parte da distribuição geográfica e altitudinal do gênero. Além disso, para fornecer maior resolução taxonômica em Mesomys, e em especial para avaliar o status taxonômico de M. leniceps, foi analisada a morfologia de espécimes de Mesomys coletados em planícies e florestas pré-montanas e montanas, com foco especial em espécimes peruanos e equatorianos provenientes de alta altitude (acima de 1000 metros) atribuíveis a M. leniceps com base em morfologia. Análises filogenéticas moleculares recuperaram Mesomys como um grupo monofilético com alto suporte composto por três clados principais, correspondentes às espécies M. ocultus, M. stimulax e M. hispidus. Os métodos de delimitação de espécies estimaram de nove a 29 espécies putativas, sendo o mPTP o método mais conservador e o bGMYC o que recuperou o maior número de espécies putativas. Sequências de DNA de espécimes de maior altitude do Peru e Equador—representantes de M. leniceps com base em características morfológicas—, foram recuperadas como aninhadas em M. hispidus pelas análises filogenéticas moleculares, sugerindo que a pelagem dorsal macia (com espinhos mais finos e pelagem setiforme mais densa) é uma variação morfológica, possivelmente associada à altitudes mais elevadas. Com base nos resultados filogenéticos e análises de variação morfológica, M. leniceps pode ser considerado sinônimo de M. hispidus. Além disso, dados morfológicos e moleculares confirmam a ocorrência de M. occultus em San Antonio do Içá (Amazonas, Brasil), em simpatria com M. hispidus. Este registro estende a distribuição de M. occultus a quase 300 km a noroeste do registro anterior mais ao norte (Rio Juruá), e evidencia a possível ocorrência desta espécie no Peru e na Colômbia.
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JORDANA GUIMARAES FERREIRA
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Delimitação de espécies no complexo de espécies Engystomops petersi (Anura: Leptodactylidae): uma abordagem multilocus
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Data: 01/06/2021
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A Amazônia é a maior e mais diversa floresta tropical do planeta. Apesar de sua reconhecida biodiversidade, cientistas concordam que estamos longe de conhecer a real diversidade desse extenso e complexo bioma. A diversidade críptica e a falta de amostragem são particularmente fatores que levam à subestimativa de espécies na região. Aqui mostramos como a diversidade estava altamente subestimada no complexo de espécies Engystomops petersi, um grupo de sapo com diversidade críptica amplamente distribuído na Amazônia. Através de uma abordagem filogenética e de delimitação de espécies baseados em distância e coalescência inferimos a existência de seis a 16 linhagens evolutivas distintas, dependendo do método de delimitação. Por consenso de maioria delimitamos 11 espécies candidatas, além de notar a existência de dois complexos de espécies menores no grupo (Sudoeste Amazônico e Oeste do Pará). Sugerimos a revalidação de E. paraensis e reconhecemos três espécies válidas no complexo: E. petersi, E. freibergi e E. paraensis e oito espécies candidatas ainda não descritas. Também revelamos que as populações da Guiana Francesa não pertencem a E. petersi como se pensava anteriormente, sendo uma espécie distinta de todas as demais do complexo. Este novo cenário demonstra que a diversidade do leste da Amazônia pode ser tão rica quanto do oeste. Incentivamos a avaliação de caracteres adicionais morfológicos e ecológicos sob uma abordagem integrativa para a descrição das espécies candidatas apontadas neste estudo, assim como uma abordagem biogeográfica para investigar os processos que geraram essa alta diversidade. Adicionalmente, pontuamos que o uso de métodos de delimitação empregados em conjunto podem dar luz ao conhecimento faltante da diversidade que temos de espécies amplamente distribuídas, como na Amazônia, sendo um ótimo ponto de partida para revelar a diversidade críptica.
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JORDANA GUIMARAES FERREIRA
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Delimitação de espécies no complexo de espécies Engystomops petersi (Anura: Leptodactylidae): uma abordagem multilocus
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Data: 01/06/2021
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A Amazônia é a maior e mais diversa floresta tropical do planeta. Apesar de sua reconhecida biodiversidade, cientistas concordam que estamos longe de conhecer a real diversidade desse extenso e complexo bioma. A diversidade críptica e a falta de amostragem são particularmente fatores que levam à subestimativa de espécies na região. Aqui mostramos como a diversidade estava altamente subestimada no complexo de espécies Engystomops petersi, um grupo de sapo com diversidade críptica amplamente distribuído na Amazônia. Através de uma abordagem filogenética e de delimitação de espécies baseados em distância e coalescência inferimos a existência de seis a 16 linhagens evolutivas distintas, dependendo do método de delimitação. Por consenso de maioria delimitamos 11 espécies candidatas, além de notar a existência de dois complexos de espécies menores no grupo (Sudoeste Amazônico e Oeste do Pará). Sugerimos a revalidação de E. paraensis e reconhecemos três espécies válidas no complexo: E. petersi, E. freibergi e E. paraensis e oito espécies candidatas ainda não descritas. Também revelamos que as populações da Guiana Francesa não pertencem a E. petersi como se pensava anteriormente, sendo uma espécie distinta de todas as demais do complexo. Este novo cenário demonstra que a diversidade do leste da Amazônia pode ser tão rica quanto do oeste. Incentivamos a avaliação de caracteres adicionais morfológicos e ecológicos sob uma abordagem integrativa para a descrição das espécies candidatas apontadas neste estudo, assim como uma abordagem biogeográfica para investigar os processos que geraram essa alta diversidade. Adicionalmente, pontuamos que o uso de métodos de delimitação empregados em conjunto podem dar luz ao conhecimento faltante da diversidade que temos de espécies amplamente distribuídas, como na Amazônia, sendo um ótimo ponto de partida para revelar a diversidade críptica.
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JULIANA DAMASCENO CARVALHO MAGRO
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Sistemática molecular, taxonomia e biogeografia de arapaçus neotropicais do complexo de espécies Xiphorhynchus guttatus/susurrans (Aves: Furnariidae)
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Data: 28/05/2021
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Para compreender os padrões geográficos e temporais de diversificação, a estrutura populacional e os limites das espécies do complexo de espécies Xiphorhynchus guttatus/susurrans, reunimos uma amostra geograficamente bem distribuída de dados genéticos, plumagem e caracteres morfométricos para revisar os resultados e responder às lacunas deixadas pela última revisão taxonômica para este complexo. Analisamos dois marcadores mitocondriais e um nuclear de 107 espécimes. Realizamos filogenias multilocus coalescentes concatenadas e temporalmente calibradas, juntamente com redes de haplótipos, delimitação de espécies por inferência bayesiana e análise da estrutura populacional. Observamos os padrões morfométricos e de plumagem de espécimes da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica. Estimamos as áreas ancestrais do complexo de espécies com o BioGeoBEARS. De acordo com nossos resultados, existem quatro clados principais reciprocamente monofiléticos dentro do complexo, o que suporta a separação de Xiphorhynchus guttatoides para resolver a parafilia entre Xiphorhynchus guttatus e Xiphorhynchus susurrans, como sugerido pela última revisão taxonômica, e a revalidação de Xiphorhynchus eytoni como espécie. A estimativas de tempo de divergência sugerem que o ancestral comum mais recente provavelmente se originou no Plioceno, com a maioria das linhagens dentro do grupo aparecendo no Plio-Pleistoceno, um período de intensas mudanças na paisagem Neotropical. Nossos dados mostram que a diversidade genética existente no gênero é subestimada pela taxonomia atual, fornecendo outro exemplo de endemismo críptico difundido para aves na região Neotropical. Além disso, corrobora a influência do soerguimento dos Andes e a influência do estabelecimento do atual sistema de drenagem da bacia Amazônica no Plio-Pleistoceno como responsáveis pela diversificação dentro do complexo.
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JOUDELLYS ANDRADE SILVA
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"Distribuição da diversidade morfológica de formigas (Hymenoptera: Formicidae) na Floresta Amazônica Brasileira"
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Data: 27/05/2021
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Apesar de insetos representarem a maior proporção de espécies animais conhecidas, na Amazônia brasileira, nosso entendimento dos padrões e mecanismos de riqueza de espécies e sua distribuição, em grandes escalas, vêm principalmente de estudos com vertebrados e plantas. Na presente Tese, pela primeira vez, descrevemos a distribuição da diversidade morfológica de um grupo de inseto amplamente diversificado em um hotspot de diversidade mundial. Para isso, extraímos medidas de caracteres morfológicos de formigas através de imagens em alta resolução ou, em alguns casos especiais, da literatura taxonômica. Ainda, obtivemos, a partir da literatua, repositórios online, instituições de pesquisa no Brasil e fontes não publicadas, dados de ocorrências de formigas na Amazônia brasileira (1817-2020), o que revelou a existência de 1067 espécies na Bacia Amazônica brasileira. No capítulo 1, descrevemos a distribuição dessa diversidade e usamos a estratificação vertical da fauna de formigas para avaliar se esta partição de habitat pode revelar padrões de estruturação morfológica de formigas na Amazônia brasileira. Os resultados encontrados neste capítulo evidenciaram amostragens fortemente influenciadas por rotas de acesso e grandes centros urbanos na região, além de um completo desconhecimento sobre formigas em mais da metade da área total da Amazônia brasileira e de suas áreas protegidas. Também não encontramos evidências de estrutura morfológica na maioria dos estratos de formigas. No Capítulo 2, fornecemos uma descrição detalhada do morfospaço de formigas e exploramos como isso ajuda a entender a estrutura morfológica de formigas na Bacia Amazônica brasileira, utilizando tipos de vegetação como template de morfologias na periferia do morfoespaço. Neste capítulo, encontramos que menos de 10% (66 espécies) das espécies de formigas registradas na região – muitas delas amplamente comuns – são responsáveis pela maior parte da variação morfológica e, portanto, conduzem a maioria das funções realizadas por formigas na floresta amazônica brasileira. Nossos resultados representam o primeiro estudo em larga escala baseado em diversidade taxonômica e de características morfológicas para um grupo de insetos nas florestas amazônicas e um ponto de partida para abordagens funcionais de insetos em estudos ecológicos de grande escala na Bacia Amazônica.
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GABRIEL COSTA OLIVEIRA
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DNA BARCODING E DIVERSIDADE GENÉTICA DE DUAS ESPÉCIES DE MICROHYLIDAE (ANURA) PAN-AMAZÔNICOS
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Data: 13/05/2021
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Os números de descrições de novas espécies de anuros na região neotropical tem se intensificado a partir do final dos anos 90, sobretudo devido o emprego de técnicas moleculares, como o DNA Barcoding. Dada a urgência do estudo de grupos negligenciados de anfíbios na Amazônia, no presente trabalho exploramos a possível diversidade críptica de duas espécies de anuros amplamente distribuídos pelas terras baixas amazônicas: Ctenophryne geayi e Hamptophryne boliviana. Conduzimos duas metodologias de delimitação de espécies baseados em ampla amostragem geográfica e utilizando dois genes mitocondriais empregados em barcoding de anfíbios, 16S e COI: (1) MPTP, análise de delimitação baseada em árvores filogenéticas e; (2) ABGD, análise baseada em distancias genéticas. O MPTP demonstrou a existência de diversidade críptica nas duas espécies, com a identificação de duas linhagens mitocondriais ainda não reconhecidas na literatura prévia, separadas por uma distância genética considerável, 1% para C. geayi e 3,3% para H. boliviana. Já o ABGD apresentou resultados distintos para ambas as espécies. Para C. geayi falhou em demonstrar um “barcoding gap” claro para o gene 16S e delimitou para o COI três linhagens principais. Para H. boliviana o ABGD demonstrou um claro “barcoding gap” para ambos os genes e delimitou de maneira convergente as mesmas duas linhagens que os ABGD. Nossos resultados apontam para existência de ao menos duas espécies candidatas em cada um dos táxons analisados. Os resultados reafirmam ainda a utilidade e funcionalidade do uso massificado do DNA barcoding, sobretudo em uma região vasta como é a Amazônia e em grupos poucos estudados como Microhylidae Sul Americanos.
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LORENA FREITAS SOUZA TAVARES DA COSTA
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Diversidade de Rhabdias (Nematoda: Rhabdiasidae) parasitos de anuros do município de Serra do Navio, estado do Amapá (Brasil)
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Data: 13/05/2021
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O gênero Rhabdias Stiles & Hassall, 1905 compreende 90 espécies nominais de nematódeos pulmonares que parasitam anuros e são distribuídas globalmente, incluindo 18 espécies da região Neotropical. Estudos taxonômicos de Rhabdias spp. são baseados na morfologia de fêmeas hermafroditas, o que tem ocasionado diversas incrongruências na sistemática do grupo, visto que os espécimes possuem alta uniformidade morfológica. Entretanto, o advento da abordagem molecular combinada com análises morfológicas tem possibilitado reconstruir e compreender a história evolutiva destes parasitos. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo descrever a diversidade morfológica e molecular de nematódeos do gênero Rhabdias (Nematoda: Rhabdiasidae) parasitos de anuros do município de Serra do Navio, estado do Amapá. Para a realização dos estudos morfológicos, os nematódeos foram analisados por microscopia de luz e microscopia eletrônica de varredura. Para os estudos moleculares e filogenéticos, amplificamos e sequenciamos a região do Citocromo Oxidase Subunidade I (COI) do DNA Mitocondrial e as reconstruções filogenéticas foram realizadas sob o critério de Máxima Verossimilhança e Inferência Bayesiana. Cinquenta e oito anuros foram encontrados sendo parasitados por, pelo menos, uma espécie de nematódeos pulmonares. Recuperamos um total de 88 nemátodeos rhabdiasideos (13,3% de prevalência), dentre eles, indentificamos Rhabdias androgyna, Rhabdias breviensis, Rhabdias pseudosphaerocephala, Rhabdias sp.1, Rhabdias sp.2, Rhabdias sp.3, Rhabdias sp.4 e uma nova espécie de Rhabdias parasito de Pristimantis chiastonotus e Allobates femoralis. Em nossas análises filogenéticas Rhabdias sp. nov formou um clado monofilético de baixo suporte com sequências de Rhabdias sp. 5 parasitos de lagarto do Nordeste. Além disso, registramos novas espécies de anuros como hospedeiros de Rhabdias, a saber: Boana boans, Boana dentei, Boana geographica, Boana multifasciata, Dendrobates tinctorius, Leptodactylus longirostris, Pristimantis gutturalis e Rhinella castaneotica. Caracterizamos morfologicamente as espécies encontradas, adicionamos dados moleculares às Rhabdias spp. e ampliamos a área de ocorrência de R. androgyna, R. breviensis e R. pseudosphaerocephala. Este é o primeiro trabalho descrevendo a diversidade de espécies do gênero Rhabdias do extremo norte do país. Portanto, a caracterização da diversidade de Rhabdias spp., permitiu a adição de dados moleculares e taxonômicos que auxiliaram na diagnose morfológica e na compreensão das relações filogenéticas entre as espécies do gênero, assim contribuindo para estudos parasitológicos com espécies da Amazônia Oriental.
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SOFIA LINS LEAL XAVIER DE CAMARGO
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Revisão de Helicobia Coquillett, 1895 (Diptera: Sarcophagidae)
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Orientador : MARIA CRISTINA ESPOSITO BARTHEM
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Data: 03/05/2021
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Helicobia Coquillett, 1985 é um gênero de moscas predominantemente neotropical pertencente à família Sarcophagidae. Apresentam variações de tamanho de 4 a 9 mm e são identificadas pela combinação das seguintes características: nervura R1 com cerdas na superfície dorsal geralmente restritas a metade proximal; cerdas ocelares e verticais espessas; parafaciália com cerdas espessas, machos sem ctenídio no fêmur médio e parede pós-alar com cerdas. Além disso, as espécies desse gênero também podem ser caracterizadas por apresentar terminalia masculina comlimites bem distintos entre basifalo e parafalo, este último com harpes muito desenvolvida, predominantemente membranosa, e acrofalo com estilos laterais e capitis. A identificação das espécies de Helicobia, assim como em outros gêneros de Sarcophagidae, é possível somente pela análise das terminálias masculinas. Apesar dos trabalhos taxonômicos sobre Helicobia conterem ilustrações das terminalias, grande parte das espécies válidas permanecem mal caracterizadas, sem descrições ou ilustrações da terminália, dificultando a identificação específica. Além disso, ainda não há chave de identificação para todas as espécies válidas. A ausência de imagens e de chave de identificação é um dos maiores empecilhos para o avanço do conhecimento taxonômicosobre Helicobia. Portanto, este trabalho teve como objetivo redescrever os machos adultos das espécies válidas, produzir ilustrações detalhadas das terminálias e fornecer chave dicotômica de identificação. A revisão taxonômica de Helicobia resultou em 32 espécies válidas e duas novas sinonímias: Helicobia giovannolii é sinônimo júnior de Helicobia lagunicula e Helicobia haydeni é sinônimo júnior de Helicobia morionella. As ilustrações de 26 espécies são apresentadas, contendo estruturas da terminália masculina como basifalo, parafalo, harpes, vesica, acrofalo, juxta e placa lateral da juxta. A bainha, uma estrutura encontrada em 13 espécies, também foi descrita. Portanto, o presente trabalho fornece a caracterização padronizada e detalhada das espécies, além de uma chave para identificação dos machos adultos.
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PAOLA MARIA FEIO SANTOS
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“TRILHA DE PESQUISADOR E TRILHA DE MORADOR: ANÁLISE COMPARATIVA PARA O MONITORAMENTO DA FAUNA EM DUAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA TERRA DO MEIO, AMAZÔNIA ORIENTAL, BRASIL"
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Data: 30/04/2021
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A Amazônia conta com uma elevada diversidade de vertebrados de médio e grande porte, que são essenciais para a dinâmica florestal. Estes também são os mais caçados por populações humanas locais e, em decorrência disso, ocorrem alterações na composição, riqueza e abundância deste grupo de animais pelo território. Essa interação entre humanos-animais gera distúrbios para ambas as partes, reduzindo as chances de encontros diretos ou indiretos, acarretando prejuízos à caça de subsistência de comunidades locais. Devido a essa situação, discute-se a capacidade de persistência da vida selvagem em áreas de densidades humanas variadas, especialmente em áreas protegidas, sendo necessário estabelecer programas de monitoramento para compreender e lidar com as ameaças citadas anteriormente. Este trabalho procurou avaliar a viabilidade do uso de trilhas de moradores (TM) para o monitoramento de vertebrados, comparando com os resultados obtidos em transecções lineares destinadas ao monitoramento de mamíferos de médio em grande porte e aves cinegéticas, em trilhas de pesquisador do protocolo TEAM (TPt) e Trilhas de pesquisador do Protocolo Mínimo (TPm). Os resultados obtidos nas curvas de rarefação de espécies, riqueza e Análise de Escalonamento Multidimensional Não-Métrico (NMDS), indicaram que houve uma diferença significativa na composição de espécies obtidas em TM, TPt e TPm. Apesar da diferença significativa entre as áreas, os dados de riqueza e abundâcia em TPt foram mais estáveis entre todas as espécies registradas, além de demonstrarem uma similaridade com os dados de riqueza e abundância obtidos em TM. Portanto, é possível que as futuras ações de monitoramento possam ocorrer em trilhas de moradores presentes nas reservas extrativistas, o que ermitiria uma ampliação de áreas monitoradas, a redução dos custos de implementação e manutenção de protocolos de monitoramento com uma maior participação das populações locais.
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PAULA CAROLINA RODRIGUES DE ALMEIDA
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Revisão taxonômica e filogenia morfológica de Micrurus do grupo bicolor (Serpentes, Elapidae)
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Data: 30/04/2021
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Os elapídeos do Novo Mundo são distribuídos em três gêneros, sendo Micruroides (1 espécie), Leptomicrurus (4 espécies) e Micrurus (≅ 80 espécies). Micrurus Wagler (1824) é o gênero mais diverso entre as cobras-corais, compreendendo cerca de 80 espécies e mais de 130 subespécies. As espécies de Micrurus são distribuídas desde o sudeste dos Estados Unidos até o sul da América do Sul, apresentam hábitos semi- fossoriais, terrestres e aquáticos, exibindo uma grande diversidade de padrões cromáticos, e podendo ser encontradas em ambientes bastante heterogêneos. O monofiletismo do gênero foi proposto por alguns autores, apesar de já ter sido recuperado como parafilético em relação à Leptomicrurus. Atualmente, as propostas filogenéticas mais recentes têm recuperado Micrurus como monifilético, após a sinonímia de Leptomicrurus em Micrurus, a partir da combinação de caracteres morfológicos e moleculares. Apresentam caracteres morfológicos conservativos, sendo comumente identificadas a partir dos padrões de coloração, número e tamanho dos anéis do corpo e da cauda, morfologia hemipeniana, e a partir da sua distribuição geográfica. Com base na distribuição geográfica, padrão de coloração e forma do hemipênis, as espécies de Micrurus tem sido organizadas em 4 grupos morfológicos: 1) grupo sul-americano (com 44 espécies), que apresenta padrão em mônades, cauda bicolor e hemipênis delgado fortemente bilobado; 2) grupo centro-americano (com 2 espécies), com coloração em tríades, com hemipênis delgado e fortemente bilobado; 3) grupo sul-americano (com 21 espécies), que apresenta padrão em tríades, com hemipênis curto e bilobado, podendo ou não ser capitado; e 4) grupo sul-americano (com 5 espécies) com padrão bicolor, hemipênis delgado fortemente bilobado e lobos distintos da base. O grupo sul-americano com padrão bicolor é formado por cinco espécies e sete subespécies (Micrurus camilae; M. mipartitus anomalus, M. m. decussatus, M. m. mipartitus, M. m. popayanensis e M. m. rozei; M. multiscutatus; M. multifasciatus multifasciatus, M. m. hertwigi e M. spurrelli), e apresenta variações no padrão de coloração e na distribuição geográfica, raramente discutidas na literatura. Estas espécies estão presentes desde a Nicarágua, ocupando Costa Rica, Panamá e toda a costa oeste da América do Sul, até o Estado de Rondônia, Brasil. As hipóteses filogenéticas envolvendo os elapídeos do Novo Mundo tem considerado grupos mais amostrados dentre as espécies de Micrurus e geralmente as espécies do grupo bicolor são representadas apenas pelo terminal Micrurus mipartitus, o que não reflete, portanto, toda a diversidade morfológica presente entre as espécies do gruopo. O presente estudo tem como objetivo propor uma revisão taxonômica e uma hipótese filogenética para o grupo bicolor, considerando exclusivamente caracteres morfológicos em uma abordagem inédita. Apresentamos as informações em dois capítulos: 1) Revisão taxonômica do grupo bicolor, propondo um novo arranjo para o grupo; e 2) Filogenia de Micrurus do grupo bicolor com base em caracteres morfológicos.
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ANA BEATRIZ GOMES MOURA
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REVISÃO TAXONÔMICA DO GRUPO DE ESPÉCIES Dichotomius boreus (Olivier, 1789) (COLEOPTERA: SCARABAEIDAE:SCARABAEINAE: DICHOTOMIINI)
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Data: 29/04/2021
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As espécies do grupo D. boreus são revisadas taxonomicamente através do estudo de caracteres da morfologia externa e da genitalia masculina. O grupo é redefinido com base na forma dos processos cefálicos da junção clípeo-frontal, forma dos processos e escavações no pronoto, presença de aparato estridulatório no mesoescutelo e borda interna do pronoto, presença de carena transversal no clípeo na maioria das espécies, e caracteres da genitália masculina, como a forma dos parâmeros e endofalitos. São reconhecidas aqui seis espécies com distribuição amazônica, incluindo uma espécie nova: Dichotomius boreus (Olivier, 1789), Dichotomius pelamon (Harold, 1869), Dichotomius podalirius (Felsche, 1901), Dichotomius prietoi Martínez & Martínez, 1981, Dichotomius quadrilobatus Chamorro, Lopera e Rossini, 2021 e Dichotomius sp. nov. Lectótipos são designados para D. boreus, D. podalirius e D. carinatus. Uma nova sinonímia é estabelecida entre D. carinatus com D. pelamon, sendo fornecida uma discussão acerca de como os caracteres diagnósticos definidos originalmente pelos autores para essas espécies nominais estão diretamente relacionados a uma variação intra-específica. Também são fornecidos uma revisão detalhada de literatura, chave de identificação, redescrições, diagnoses, bem como o material examinado e a distribuição de cada espécie.
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LAURA KATHERIN SANTACRUZ REYES
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Efeitos das mudanças climáticas sobre as aves de áreas abertas amazônicas
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Orientador : MARCOS PERSIO DANTAS SANTOS
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Data: 27/04/2021
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As áreas de vegetação aberta da Amazônia (Campina, Campinaras e savanas), são pequenas machas isoladas, cercadas por formações florestais. Abrigam muitas espécies raras, além de apresentarem processos ecológicos únicos no bioma. As altas emissões de dióxido de carbono nos últimos anos, produto dos diferentes impactos antropogênicos, estão acelerando o processo natural de mudanças climáticas, gerando grandes alterações no bioma Amazônico como eventos de “Savanização” em larga escala e causando modificações na composição das comunidades, deslocamentos atitudinais e redução das populações. Portanto, nosso trabalho tem como objetivo avaliar os efeitos das mudanças climáticas em aves de campinas, campinaranas e savanas na Amazônia. Geramos modelos de distribuição de espécies (SDM) para 27 espécies de aves distribuídas nas áreas abertas da Amazônia. Foram usados cinco algoritmos e considerados os cenários climáticos atuais e futuros (RCP 4.5 e RCP 8.5), além de gerar cinco cenários de dispersão, considerando assim, diferentes alcances de dispersão das espécies. Também, verificamos a representatividade das espécies nas áreas de proteção na Amazônia usando os Species Representativiness Index (SRI). Nossos resultados mostram que cerca de 92% das espécies de aves enfrentarão um declínio em suas áreas adequadas, em todas os cinco cenários de dispersão dentro dos cenários climáticos, nos diferentes habitats. Além, sua baixa capacidade de dispersão os torna ainda mais vulneráveis as fortes mudanças climáticas. Também mostramos que a atual rede de APs, tem pouca eficiência na proteção das espécies, e a ampliação das áreas poderia ajudar na manutenção das populações dessas espécies no futuro. Nossos resultados, ajudaram a entender que os eventos de savanização podem estar mais alinhados com eventos de antropização do que com extensões naturais. Por tanto, é necessário promover e desenvolver mais áreas de proteção de tal forma que possa ser mantida a dinâmica natural das áreas abertas.
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CINTIA KAROLINE MANOS LOPES
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PADRÕES TEMPORAIS E ESPACIAIS NO CONFLITO ENTRE HUMANOS E FELINOS EM UMA FRONTEIRA AGRÍCOLA NÃO CONSOLIDADA NA AMAZÔNIA
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Data: 30/03/2021
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Os felinos neotropicais vêm declinando principalmente em função da perda dos seus habitats naturais e da caça. De modo geral, por serem espécies carismáticas, exuberantes e amedrontadoras e por estarem principalmente relacionadas à depredação de animais domésticos, esses felinos têm sido constantemente perseguidos e subtraídos do meio ambiente. Este estudo teve como objetivo avaliar os motivos que favorecem a ocorrência do conflito entre humanos e Pathera onca (onça-pintada), a Puma concolors (onça parda) e Leopardus pardalis (jaguatirica), e analisar os padrões temporais e espaciais do risco abate desses felinos em uma fronteira agrícola não consolidada na região da Transamzônica, estado do Pará. O conflito com felinos na região ocorre por diversas motivações, como depredação de gado, depredação de aves domésticas, depredação ou proteção de cães e medo, se mostrando constante ao longo do período analisado. As áreas de risco para a retaliação desses felinos ocuparam uma porção ainda relativamente pequena da área de estudo, estando distribuídas principalmente em função da mudança da paisagem. Esses resultados reforçam a importância da estabilização da fronteira agrícola mediante a importância das grandes áreas protegidas para a persistência das populações. Além disso, sugere-se que o planejamento de medidas mitigatórias para o conflito com felinos na região deve ser fundamentado em estudos mais detalhados que investiguem o impacto econômico relativo da depredação de criações, bem como fatores sociais, culturais e psicológicos que que possam estar influenciando diretamente na perseguição a essas espécies.
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HALICIA CELESTE SANTOS DE OLIVEIRA
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Resposta da comunidade de pequenos mamíferos não voadores à restauração florestal pós-mineração de bauxita na Amazônia oriental
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Data: 30/03/2021
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A extração de minérios, como a bauxita, causa danos aos ecossistemas nativos da região Amazônica e a restauração das áreas mineradas está prevista nas leis brasileiras. A restauração é o processo de assistência da recuperação de um ecossistema que tem sido degradado, danificado ou destruído, com o objetivo de reestabelecer a integridade e resiliência do mesmo. Durante esse processo, a recolonização da fauna local é um fator fundamental no reestabelecimento e manutenção dos processos ecológicos do ecossistema. Os pequenos mamíferos não voadores constituem um grupo da fauna que pode ser bastante importante no processo de recuperação florestal, especialmente nas primeiras fases da sucessão, mas também na manutenção ecossistêmica por possuírem diversificados papéis ecológicos, tais como dispersão e predação de sementes, herbivoria, polinização, ciclagem de nutrientes, controle da população de invertebrados e dispersão de esporos micorrízicos. Este trabalho de pesquisa teve como objetivo avaliar o uso de habitats por comunidades de pequenos mamíferos amazônicos, em resposta à processos de restauração florestal após a mineração de bauxita, em áreas de sucessão intermediária inicial. Para isso mensuramos os parâmetros básicos da comunidade (riqueza, composição e abundância de espécies), atributos funcionais das espécies e suas relações com variáveis ambientais extraídas de cada habitat amostrado. Verificamos que no estágio sucessional estudado a riqueza e abundância total de espécies de pequenos mamíferos não voadores se assemelha aos habitats originais da área, entretanto, a composição de espécies é diferente. Quanto a riqueza de grupos funcionais e os parâmetros funcionais gerais destas comunidades, também não diferem entre os habitas, apesar de algumas espécies serem substituídas por outras dentro dos grupos funcionais. No entanto, a média ponderada pela comunidade (CWM) destacou o comprimento de cabeça e corpo e o comprimento da cauda como traços funcionais importantes na diferença de composição de espécies entre os dois habitats. As variáveis ambientais de altura de serrapilheira e porcentagem de cobertura florestal influenciaram os valores de CWM do comprimento de cabeça e corpo e do comprimento da cauda, respectivamente. Concluímos que somente os parâmetros básicos de riqueza e abundância de espécies não devem ser exclusivos para avaliação e monitoramento de recuperação de áreas degradadas, uma vez que podem ser recuperados mais rapidamente. Enquanto que a composição de espécies, que pode ter influências na funcionalidade dos grupos taxonômicos, pode variar entre os habitats em recuperação e as áreas de florestas semelhantes às originais.
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RONY PETERSON SANTOS ALMEIDA
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Efeitos de uma seca induzida na comunidade de formigas (Hymenoptera: Formicidae) em uma área de Floresta Amazônica
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Data: 30/03/2021
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Simulações recentes de alterações do clima para a região amazônica sugerem que o desmatamento e, especialmente, reduções de precipitação são fatores determinantes de mudanças das comunidades biológicas e da estabilidade dos ecossistemas. Diferentes cenários de alterações climáticas sugerem perda de espécies, mas poucos avaliam grupos específicos. Aqui, em uma área de floresta amazônica primária, determinamos a estrutura da comunidade de formigas em condições experimentais de exclusão hídrica. Para isso, o estudo foi dividido em três capítulos. No Capítulo 1, avaliamos as modificações taxonômicas e, no Capítulo 2, aspectos funcionais da diversidade e composição da assembleia de formigas de solo com variáveis ambientais. No Capítulo 3, estudamos como exclusão hídrica afeta a distância de forrageamento e o número de colônias de uma guilda de formigas generalistas. Os dados da presente tese foram obtidos no Projeto Seca Floresta (ESECAFLOR), localizado na Estação de Pesquisa de Caxiuanã, Amazônia Oriental. O experimento foi instalado em 2002 e consiste em uma área de um hectare de floresta modificada para simular períodos prolongados de seca (sítio experimental) e uma área similar adjacente sem alterações (sítio controle). No Capítulo 1 e 2 as formigas foram amostradas mensalmente, utilizando pitfalls, entre outubro de 2011 e setembro de 2012. No Capítulo 3, utilizamos iscas de proteína para coleta de colônias de formigas, entre setembro de 2017 e fevereiro de 2018. No total, registramos 245 espécies de formigas em dois hectares de floresta primária, das quais 217 foram registradas em pitfalls e 63 em iscas. A exclusão hídrica da água da chuva reduziu a riqueza e alterou a composição da fauna de formigas (Capítulo 1), sobretudo com o aumento de registros de espécies generalistas. A redução hídrica na floresta reduziu a riqueza funcional (Capítulo 2), porém outros componentes da diversidade funcional (dispersão, equabilidade) e as características funcionais das formigas não foram afetados nem relacionados com as variáveis ambientais. A diversidade da biomassa da serapilheira foi determinante, relacionada positivamente com a riqueza de espécies e negativamente com a riqueza funcional. Quantificamos a perda de metade das espécies e de colônias de espécies que detectam recursos no chão da floresta, porém isso não reduziu a distância média de detecção de recursos da assembleia ou das espécies. Embora a distância de detecção de recursos não tenha sido afetada pela redução de chuvas, sugerimos que a perda de espécies e de colônias afetará a dinâmica da ciclagem de nutrientes, com uma menor efetividade nesse serviço, durante períodos prolongados de seca em florestas tropicais. Concluímos que a redução das chuvas afeta negativamente a diversidade de formigas em florestas tropicais, o que levará a efeitos em cascata nos processos e os serviços do ecossistema que formigas mediam.
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ANDREY FELIPE GOMES GONçALVES
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EFEITO DO ISOLAMENTO GEOGRÁFICO E DOS PADRÕES TEMPORAIS SOBRE OS PADRÕES DE USO DE RECURSOS FAUNÍSTICOS E PESQUEIROS NA TERRA DO MEIO, AMAZÔNIA ORIENTAL, BRASIL
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Data: 29/03/2021
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Os padrões de consumo das populações naturais da Amazônia estão sendo alterados pelo avanço da urbanização e dos meios de transporte e pela construção de grandes projetos, intensificando a extração de recursos naturais. Avaliamos a influência do grau de isolamento na diversidade e na composição da fauna cinegética e do pescado consumido nas RESEX’s Rio Iriri e Riozinho do Anfrísio localizadas na Amazônia Oriental. Também procuramos avaliar a influênciada variação temporal e da vazão do rio sobre o consumo desses itens. Os dados utilizados foram provenientes do Programa de Monitoramento Participativo da Biodiversidade, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, em curso desde 2014. Foram aplicados questionários por monitores treinados da própria população com perguntas relacionadas à sua alimentação no dia anterior, incluindo a origem, a espécie e o peso do animal consumido, bem como a presença de outros itens alimentares além da proteína animal. Foi calculada a frequência de consumo, a riqueza e a diversidade dos alimentos consumidos, sendo aplicadas em modelos lineares generalizados. Encontramos uma forte presença de itens industrializados na dieta das populações próximas ao centro comercial, e uma presença mais forte dos itens de pesca e de caça em populações mais distantes. Houve um padrão de depleção no uso das espécies, aumentando as espécies usadas próximo ao centro comercial. O consumo dos itens de pesca e de caça estão diminuindo com os anos, não sendo substituídos por industrializados, podendo representar um caso de insegurança alimentar para estas populações.
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GISELE DO LAGO SANTANA
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Mudanças climáticas e a conservação dos anfíbios endêmicos dos biomas Cerrado e Caatinga
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Data: 02/03/2021
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O Cerrado e a Caatinga apresentam rica, porém ainda pouco conhecida, diversidade de anfíbios. Ambos os biomas sofrem com a intensa perda de hábitat que ameaça sua biodiversidade, além de sofrerem, também, forte influência do clima. Alterações climáticas tornam os anfíbios vulneráveis, afetando seus processos reprodutivos e promovendo considerável perda de áreas climaticamente adequadas. Diante desse cenário, o objetivo principal desse estudo foi apresentar a lista, a distribuição conhecida e o atual estado de conservação das espécies de anfíbios endêmicos desses dois biomas, bem como avaliar o efeito das mudanças climáticas sobre os padrões de distribuição geográfica das espécies e a efetividade das suas áreas protegidas para sua conservação. A lista das espécies foi obtida por meio de compilações na literatura, por consultas às bases speciesLink, GBIF, Portal da Biodiversidade, além de buscas em publicações científicas. Utilizamos Modelos de Distribuição de Espécies (SDM) e a abordagem Species Representativiness Index (SRI). Como resultado, registramos 84 espécies endêmicas para o Cerrado e 20 da Caatinga. O Cerrado possui três espécies ameaçadas e uma quase ameaçada, 14 espécies com Deficiência de Dados (DDs), 51 como Pouco Preocupantes (LCs) e 16 não foram ainda avaliadas. Para a Caatinga, apenas Adelophryne maranguapensis é considerada ameaçada, três DDs, 11 LCs e cinco se encontram sem avaliação. Nossas análises mostraram que as mudanças climáticas futuras causarão reduções no tamanho das áreas climaticamente adequadas e na faixa de distribuição dos anfíbios nos respectivos biomas. Espécies que apresentarem boa capacidade de dispersão poderão expandir suas distribuições em cenário futuro, enquanto aquelas que possuírem baixa capacidade de dispersão ou serem incapazes de se dispersar sofrerão os maiores impactos, podendo até serem extintas. As espécies ameaçadas, DDs, não avaliadas e que possuem maior dependência de ambientes aquáticos apresentam maior vulnerabilidade. Evidenciamos, ainda, que muitas espécies não estarão representadas nas áreas protegidas dos biomas. Dessa forma, nosso estudo evidencia a fundamental importância de se conhecer melhor as espécies, sua distribuição, ecologia e sua capacidade de dispersão para, assim, buscar estratégias eficientes de conservação, frente às mudanças climáticas previstas.
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ACÁCIO FREITAS NOGUEIRA
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Delimitação molecular de espécies e Filogenômica de Hemiodontidae (Ostariophysi: Characiformes), com a descrição de duas novas espécies de Hemiodus
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Data: 24/02/2021
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Hemiodontidae carece de estudos taxonômicos com dados moleculares e hipóteses filogenéticas em nível de espécie para toda a família. No intuito de preencher essas lacunas, aqui foram realizadas delimitações moleculares de espécies para os cinco gêneros da família com base em sequências do gene COI, e a primeira hipótese filogenética (e molecular) em nível de espécie para Hemiodontidae, por meio de análises de máxima verossimilhança e inferência Bayesiana de centenas de loci dos elementos ultraconservados (UCEs) do genoma. Além disso, o exame dos vouchers para esses estudos permitiram a descrição de duas novas espécies de Hemiodus. As duas novas espécies são Hemiodus bimaculatus, das drenagens do Alto Tapajós, e Hemiodus tucupi, da bacia do rio Xingu. A delimitação molecular do gênero Hemiodus analisou 19 das suas 23 espécies válidas e obteve de 28 a 32 linhagens mitocondriais ou MOTUs, com 24 delas igualmente delimitadas por todos os métodos. Nove espécies foram correspondidas por uma única linhagem cada e as 10 restantes ou foram separadas em mais de um MOTU ou foram colocadas juntos em um só. Esses resultados evidenciam a existência de uma diversidade, antes desconhecida, de linhagens mitocondriais em Hemiodus, que representam espécies crípticas ou pouco estudadas. As delimitações em Anodus, Argonectes, Bivibranchia e Micromischodus amostraram todas as 10 espécies presente neles e revelaram monofilia para todas as espécies e gêneros, exceto para Anodus. Sete espécies corresponderam a uma única linhagem cada em todos os métodos, e as outras três tiveram resultados discordantes entre alguns métodos, correspondendo a mais de um MOTU por espécie em alguns deles. Esses achados sinalizam para uma biodiversidade oculta dentro destes táxons, que pode significar tanto populações estruturadas como espécies crípticas. Na reconstrução filogenética com os UCEs, Hemiodontidae, contendo todos os gêneros e 26 das 33 espécies, foi monofilético em todas as análises com suporte máximo, assim como os gêneros Argonectes e Bivibranchia. Anodus e Hemiodus não foram monofiléticos porque Micromischodus foi irmão de uma espécie de Anodus e H. immaculatus foi a única espécie do gênero que não se juntou ao clado formado por todas as outras congêneres, mas foi mais relacionada a Anodus e Micromischodus. A origem e evolução de alguns traços morfológicos da família e uma solução para os gêneros não monofiléticos são discutidas com base nessa hipótese filogenética.
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AMANDA PARACAMPO DE CASTRO
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Efeito do estrato florestal na diversidade taxonômica e funcional de borboletas e abelhas na Floresta Nacional de Carajás
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Data: 24/02/2021
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A biodiversidade é um componente essencial do Capital Natural e desempenha papéis importantes e críticos na sustentação dos processos, funções e serviços do ecossistema; portanto, esforços visando quantificar a biodiversidade precisam ser priorizados. A maneira tradicional de quantificar a diversidade biológica é por meio da diversidade taxonômica que considera apenas o número de espécies. Entretanto, outras medidas de diversidade podem aumentar a acurácia de análises da estrutura e do funcionamento das comunidades, tal como, a diversidade funcional que se caracteriza por ser o valor e a variação das espécies e das suas características que influenciam no funcionamento das comunidades. Ademais, sabe-se que as condições ambientais podem variar entre os estratos e entre pontos amostrais, produzindo assim diferentes microhabitats. O objetivo do presente estudo consiste em avaliar os efeitos do estrato florestal (dossel e sub-bosque) na diversidade taxonômica e funcional de borboletas e abelhas na Floresta Nacional de Carajás (FLONA de Carajás). O estudo foi realizado em 14 pontos amostrais aleatorizados pela FLONA de Carajás. Em cada ponto amostral, foram colocadas armadilhas de isca para a coleta de borboletas frugívoras e de abelhas de orquídeas. Para estimar a diversidade taxonômica, foi avaliada a riqueza estimada de espécies, o índice estimado de diversidade de Shannon e o índice estimado de diversidade de Simpson em cada estrato e em cada local. A diversidade funcional foi avaliada com o pacote DF em R no qual gerou os índices de riqueza funcional (FRic), uniformidade funcional (FEve), dispersão funcional (FDis) e divergência funcional (FDiv). Posteriormente, a amostragem foi realizada em novembro/2019 em um período de dez dias nos quais cada armadilha foi visitada 3 vezes. Foram coletadas 38 espécies de borboleta sendo três espécies encontradas nos dois estratos; 15 espécies foram encontradas no dossel e 20 espécies no sub-bosque. Também foram coletadas 29 espécies de abelhas de orquídeas, das quais 23 foram coletadas em ambos os estratos; 25 espécies foram coletadas em sub-bosque e 27 foram coletadas em dossel. As análises mostraram que não há diferença significativa de composição entre os pontos de amostragem, mas há diferença de composição entre os estratos de dossel e sub-bosque para as borboletas e abelhas. Entretanto, não houve diferença significativa entre os índices de diversidade taxonômica nos dois estratos. No entanto, como nosso estudo foi baseado em apenas uma campanha, não foi ainda possível atingir a estabilização da curva do coletor. Assim, novas coletas precisam ser conduzidas em campo para aumentar a robustez dos resultados obtidos até aqui.
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PAULO ROBERTO PANTOJA GOMES
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Revisão taxonômica das pequenas aranhas do gênero Neotropical Chthonos Coddington, 1986 (Araneae: Theridiosomatidae): quando o abdomen conta a história
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Data: 09/02/2021
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O gênero Chthonos Coddington, 1986 pertence à família Theridiosomatidae e é composto por pequenas aranhas com apresentam as pernas I-II com fileiras laterais de espinhos, esterno expandido ventralmente e abdomen com tubérculos. Neste estudo foi realizada a revisão taxonômica de Chthonos. Foram examinados espécimes de coleções científicas brasileiras e estrangeiras e todas as espécies foram documentadas através de fotografias coloridas de automontagem e imagens de microscopia eletrônica de varredura. A diversidade do gênero foi elevada de cinco a 21 espécies, das quais 16 estão sendo descritas pela primeira vez. É apresentada uma detalhada descrição do gênero com informações inéditas sobre cutícula, cerdas e genitália. A diagnose é atualizada com novos caracteres e é apresentada uma chave de identificação para as espécies do gênero. O abdomen foi corroborado como um bom caráter diagnóstico a nível de espécie, uma vez que existe um formato especifico de genitália associado a um formato específico de abdomen. As fêmeas de C. pectorosa O. Pickard-Cambridge, 1882 e C. peruana Keyserling, 1886 são redescritas e os machos são descritos pela primeira vez. C. kuyllur Duperré & Tápia, 2017, C. tuberosa Keyserling, 1886 e C. quinquemucronata Simon, 1893 são rediagnosticadas em comparação com as espécies novas. São propostos quatro novos grupos e 16 espécies novas: grupo pectorosa com C. pectorosa, C. wonka sp. nov., C. wombat sp. nov., C. coddingtoni sp. nov. e C. antelata sp. nov.; grupo peruana com C. peruana, C. kuyllur, C. triacuta sp. nov., C. lokum sp. nov., C. ankeri sp. nov., C. borg sp. nov., C. orellanai sp. nov., C. yanayacu sp. nov. e C. garfield sp. nov.; grupo onca com C. onca sp. nov., C. claudiae sp. nov., C. parvulla sp. nov. e C. nulla sp. nov. e grupo coco com C. coco sp. nov., C. tuberosa e C. quinquemucronata. A distribuição geográfica do gênero é ampliada, com espécies ocorrendo desde o Sul do Mexico ao Sul do Brasil.
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GABRIEL MARTINS DA CRUZ
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Patterns and metacommunity structure of aquatic insects in Amazonian streams depends on the environmental condition
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Data: 04/02/2021
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A distribuição das espécies no ambiente é influenciada pela forma como respondem as condições ambientais e pela capacidade de dispersão dessas espécies, o que pode facilitar ou dificultar o acesso às condições ao longo dos gradientes. Alterações nas condições ambientais podem levar a mudanças nos padrões de distribuição das espécies porque as elas podem responder de maneiras diferentes as condições ambientais. Nesse contexto, o nosso objetivo foi avaliar os fatores responsáveis pela distribuição da metacomunidade de Trichoptera e os seus padrões de distribuição em riachos amazônicos perturbados por atividades antrópicas. Nós esperamos que (i) a alta heterogeneidade ambiental entre riachos não perturbados promove a substituição de gêneros de Trichoptera entre os riachos; (ii) a homogeneidade ambiental entre riachos perturbados promove a perda de gêneros sensíveis nos riachos com menor riqueza, que devem ser subconjuntos dos riachos mais ricos. Nós amostramos 65 riachos na Amazônia Oriental e mensuramos cinco variáveis que representam o gradiente ambiental desses riachos. Nós avaliamos os padrões da metacomunidade utilizando a análise dos Elementos da Estrutura da Metacomunidade e a importância do ambiente e da dispersão utilizando a Análise de Redundância parcial. Nossos resultados mostraram que a distribuição da metacomunidade de Trichoptera entre os riachos não perturbados e perturbados foi determinada principalmente pelo fator ambiental, com baixa contribuição da dispersão. Entretanto, a distribuição da metacomunidade foi predominantemente aninhada nos riachos não perturbados e baseada em turnover nos riachos perturbados. Embora os riachos perturbados estejam sob interferência antrópica, eles apresentaram maior variação nas condições ambientais, o que pode favorecer o turnover de gêneros de Trichoptera em resposta aos gradientes ambientais de cada tipo de ambiente. Dessa forma, a interferência antrópica foi um fator importante nos riachos perturbados, influenciando nas respostas dos organismos ao ambiente, alterando a dinâmica da metacomunidade e dos seus padrões de distribuição.
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