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LUCAS NORONHA CUNHA
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PALEOAMBIENTE E ICNOFÓSSEIS DA FORMAÇÃO PIMENTEIRAS, DEVONIANO DA BACIA DO PARNAÍBA, REGIÕES DE VALENÇA DO PIAUÍ E PIMENTEIRAS, PIAUÍ
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Data: 08/12/2015
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Um dos mais expressivos registros dos mares devonianos do Oeste do Gondwana é representado pelos folhelhos e arenitos da Formação Pimenteiras, exposta na Bacia do Parnaíba, Região Nordeste do Brasil. Esta formação tem sido interpretada como depósitos de plataforma influenciada por tempestades representativos da fase transgressiva ocorrida entre o Mesodevoniano e o Neodevoniano. A análise de fácies e estratigráfica da Formação Pimenteiras, em excelentes exposições nas regiões de Valença do Piauí e Pimenteiras, Estado do Piauí, corroborou a interpretação prévia desta unidade, bem como proporcionou a identificação de sua diversidade e abundância icnofossilífera para a determinação de parâmetros paleoambientais, tais como taxa de sedimentação, oxigenação e batimetria. Duas associações de fácies foram individualizadas para a Formação Pimenteiras: 1) offshore/shoreface, caracterizada por arenitos com estratificação cruzada hummocky, intercalado com arenitos com laminação ondulada, acamamento maciço e folhelhos configurando um padrão tipo pinch-and-swell; e 2) offshore superior, caracterizada por camadas de espessuras métricas e lateralmente contínuas por dezenas de metros de folhelhos, com intercalação de arenitos com estratificação cruzada hummocky. A icnologia sistemática da Formação Pimenteiras permitiu a identificação de 15 icnogêneros tais como, Agrichnium, Bergaueria, Bifungites, Circulichnis, Cruziana, Diplichnites, Helminthopsis, Lockeia, Lophoctenium, Palaeophycus, Phycosiphon, Planolites, Protopaleodictyon, Rusophycus e Zoophycos. Os icnogêneros Agrichnium e Circulichnis são descritos pela primeira vez na Formação Pimenteiras. Níveis de bioturbação distintos ocorrem restritos aos arenitos, com índices de icnofábrica (ii) 3, variando entre 15% e 25%. Estes valores médios de ii sugerem níveis de oxigenação típicos de ambientes aeróbicos, ou a zona de interface água-sedimento com razoáveis níveis de oxigenação. Estes níveis de bioturbação são geralmente limitados por folhelhos com pouca (ii = 2) ou nenhuma bioturbação (ii = 1), o que sugere um ambiente anaeróbico próximo ao substrato. A Formação Pimenteiras inclui as seguintes icnofácies representativas da transição offshore/shoreface: Skolithos, representativa de ambiente de alta energia dominado por ondas; e Cruziana, relacionado a zona litorânea e ambiente marinho raso a profundo. A predominância de espécimes da icnofácie Cruziana e com subordinada ocorrência de espécimes da icnofácies Skolithos nos depósitos estudados sugerem uma relação entre uma ocupação do substrato permanente pontuada pela exploração episódica de indivíduos colonizadores, após eventos de tempestades. Os estudos de fácies em combinação com a análise icnológica da Formação Pimenteiras forneceram importantes parâmetros para o vii entendimento da dinâmica sedimentar e a ocupação do substrato por organismos bentônicos durante o estabelecimento dos mares epicontinentais devonianos no oeste Gondwana.
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EDSON ADJAIR DE SOUZA PEREIRA
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A DINÂMICA DOS MANGUEZAIS NO NORDESTE DO BRASIL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DE DADOS DE SENSORES REMOTOS E SIG
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Data: 27/11/2015
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O presente estudo avalia a dinâmica dos manguezais do nordeste do Brasil nas últimas quatro décadas a partir de uma metodologia de classificação de imagens de sensores remotos orientada a objetos geográficos (GEOBIA). Esta metodologia combina informações espectrais, temporais e espaciais de imagens multitemporais para criar objetos (áreas de manguezais) consistentes para uma análise estatística a partir de imagens classificadas. O objetivo deste trabalho foi avaliar as mudanças na cobertura florestal dos manguezais em todos os estados do nordeste brasileiro entre os anos de 1975 e 2008 no que diz respeito ao aumento ou diminuição em suas áreas em resposta as variações naturais (erosão e acresção) e antrópicas (aquacultura/salinicultura). Para isto, foram processadas e analisadas imagens de sensores remotos (RADAMBRASIL, ALOS PALSAR, LANDSAT TM e SRTM) a partir da abordagem de GEOBIA. Durante o período estudado, observou-se uma redução da área de floresta de mangue de ~1.545 km2 em 1975 para ~1.480 km2 em 2008. Isto representa um perda líquida de ~65 km2, o que equivale a uma diminuição de 13% na área de floresta de mangue. Dos nove estados estudados apenas o Ceará e Pernambuco apresentaram um ganho na cobertura dos manguezais, enquanto todos os demais sofreram redução. Dentre o total de área de floresta de mangue perdida no período estudado (~953 km2), os tanques de aquacultura/salinicultura representam ~10%. É importante ressaltar que nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará a conversão de áreas de manguezal em tanque de aquacultura/salinicultura já representam ~41% e 32% da área total de mangue perdida, respectivamente. Portanto, é possível concluir que a metodologia utilizada para avaliar a dinâmica dos manguezais no nordeste do Brasil a partir de diferentes fontes de dados de sensoriamento remoto foi extremamente eficaz. Novas estratégias de recuperação e de uso sustentável das áreas de manguezal devem ser estabelecidas com vistas a conservar este ecossistema para gerações futuras.
Palavras-chave: Sensoriamento Remoto. Mangues Florestais. Zona Costeira. Nordeste Brasileiro.
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BRUNA KARINE CORREA NOGUEIRA
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PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DA SUÍTE ROSÁRIO, FRAGMENTO CRATÔNICO SÃO LUÍS, MA
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Data: 20/10/2015
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A região compreendida entre os rios Gurupi e Itapirucu compreende uma área relativamente grande no nordeste do Pará e noroeste do Maranhão que expõe suítes granitoides e sequências metavulcanossedimentares do Paleoproterozoico que fazem parte do Fragmento Cratônico São Luís que é bordejado pelo Cinturão Gurupi, do Neoproterozoico, constituído por gnaisses, granitoides e rochas metassedimentares. Nas exposições mais a leste dessa unidade geotectônica, distando cerca de 70 km ao sul da cidade de São Luís, aflora outra porção do núcleo cratônico representado pela Suíte Intrusiva Rosário (SIR), alvo deste trabalho, que envolveu estudos petrográficos, litoquímicos e geocronológicos com o objetivo de compreender a evolução crustal das rochas dessa suíte granitoide. A SIR constitui um conjunto de múltiplos plútons de composição tonalítica, granodiorítica e granítica, que apresentam transformações texturais, estruturais e mineralógicas parciais relacionadas à deformação ao longo de zonas de cisalhamento transcorrentes. Expostos em janelas tectônicas e erosivas; os granitoides estudados ocorrem em forma de plútons com excelente exposição em pedreiras de brita ou nos vales e margens de rios, e três principais litotipos da suíte foram mapeados neste trabalho: metaquartzo dioritos, metatonalitos com variações melatonalíticas e metagranodioritos, em que se acham preservadas textura ígnea do tipo granular hipidiomórfica, apresentando leves efeitos deformacionais com superposição de feições miloníticas. Os granitoides são constituídos essencialmente por plagioclásio, quartzo, microclínio, hornblenda, titanita, em menor quantidade biotita, e acessoriamente zircão, apatita, e minerais opacos. As fases mineralógicas secundárias são evidenciadas pela alteração do plagioclásio para sericita, epidoto e carbonato; hornblenda e biotita para clorita, e tremolita-actinolita como produto da alteração da hornblenda. As rochas são classificadas como metaplutônicas por apresentarem transformações metamórficas por influência da deformação e neoformação de minerais em zonas de cisalhamento com metamorfismo atingindo condições da fácies xisto verde (metamorfismo de cisalhamento). As características geoquímicas dos granitoides, em geral apresentam teores de SiO2 que variam entre 49 e 78%, K2O entre 0,16 e 3%, MgO de 0,13 a 8%, CaO de 1 a 8%, TiO2 de 0,3 a 0,7%, e Na2O de 1 a 6%. Razões K2O/N2O são geralmente inferiores a 1, ou apresentam valores iguais ou próximos de 1. O índice de Shand de saturação em caracteriza esses granitoides como rochas metaluminosas. Nos diagramas de classificação geoquímica as rochas situam-se principalmente nos campos de diorito, tonalito, granodiorito e granito, coincidindo com os dados petrográficos, permitindo enquadrá-los na série cálcico-alcalina. Os elementos traços apresentam anomalias negativas de Rb e Nb, com padrão de distribuição dos ix elementos terras raras (ETR) enriquecido nos ETR leves em relação aos pesados com razão [(La/Yb)N = 3 a 25], indicando um acentuado fracionamento, além de incipientes anomalias negativas ou positivas de Eu (Eu/Eu* = 0,82 a 1,1). As análises dos dados geoquímicos permitem interpretar o conjunto de granitoides como de afinidade cálcio-alcalina do tipo-I relacionados a ambiente de arco magmático com. Datações pelo método U-Pb em zircão, forneceram valores de 2170,6±4 Ma, 2173,8±7,7 Ma, 2178,6±7,4 Ma, 2145±13 Ma e 2158,2±7,8 Ma que representam a idade de colocação desses granitoides da Suíte Intrusiva Rosário no Paleoproterozoico (Riaciano). Os dados isotópicos Sm-Nd forneceram idades modelo (TDM) de 2,24 a 2,37 Ga com valores de eNd +1,0 a +2,5 (t = 2,17Ga). No diagrama eNd vs. tempo, todas as amostras se posicionam no campo correspondente à Crosta paleoproterozoica do Fragmento Cratônico São Luís, indicando fonte dominantemente crustal de idade Riaciano para os magmas parentais. Comparativamente, são rochas que se assemelham geoquímica e geocronologicamente com outros corpos granitoides reconhecidos no Fragmento Cratônico São Luís, a exemplo da Suíte Intrusiva Tromaí. Apesar das rochas da SIR apresentar peculiaridades petrográficas distintas, os granitoides da Suíte Tromaí situam-se nos mesmos campos e características geoquímicas de afinidade cálcio-alcalina, metaluminosas, granitoides do tipo-I, de arco magmático correspondentes com zonas de subducção. Relacionando os dados obtidos neste estudo com as informações geológicas e geocronológicas disponíveis na literatura e analisando suas distribuições cartográficas, pode-se afirmar que a extensão desse magmatismo ultrapassaria de 1.000 km, caracterizando extensos batólitos tonalíticogranodioríticos de idade paleoproterozoica, indicando assim, um importante evento de formação de crosta continental nesse domínio, através de intenso plutonismo ligado ao evento Transamazônico/Eburneano. No Cráton Oeste Africano, um quadro geológico similar é interpretado como o resultado da colisão e amalgamação de vários arcos magmáticos a terrenos arqueanos, durante o evento Eburneano (Transamazônico), reafirmando a ligação do Fragmento Cratônico São Luís e Oeste Africano no Gondwana Ocidental, e assim fazendo parte de uma mesma unidade pré-deriva continental. Os fenômenos geológicos acontecidos nessa região brasileira podem então ser comparados àqueles que levaram à formação dos terrenos Birrimianos na África Ocidental.
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CARLA BRAGA PEREIRA
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MINERALOGIA E GEOQUÍMICA DOS PERFIS BAUXÍTICOS DA MINA MILTÔNIA 3, REGIÃO DE PARAGOMINAS/PA
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Data: 16/10/2015
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A Província Bauxitífera de Paragominas situa-se na porção leste do estado do Pará e oeste do estado do Maranhão, ocupando a porção NW da Bacia do Grajaú e a parte meridional da plataforma Bragantina, com área em torno de 50.000 km2. Os importantes depósitos de bauxita dessa região foram originados a partir de intenso intemperismo químico sobre rochas siliciclásticas do Cretáceo. Este trabalho tem como foco o estudo mineralógico e geoquímico de perfis bauxíticos na área da mina de Bauxita pertencente à empresa Norsk Hydro, na mina Miltônia 3, município de Paragominas-PA. Visa contribuir para o entendimento da origem e desenvolvimento dos perfis. Foram amostrados dois perfis lateríticos representativos da mina Miltônia 3, atentando-se para as diferenças químicas, mineralógica e textural dos horizontes que estruturam os perfis em questão. Assim utilizou-se os seguintes procedimentos metodológicos e/ou técnicas instrumentais: Difração de Raios-X (DRX), Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), Petrologia e Análise Química. Os perfis lateríticos estudados neste trabalho foram descritos segundo a sua estruturação em horizontes, nomeados da base para o topo de: Bauxita Amorfa (BA), Bauxita Cristalizada-Bauxita Amorfa (BCBA), Bauxita Cristalizada (BC), Laterita Ferruginosa (LF), no perfil 1 o horizonte sobrejacente a LF é descrito como Bauxita Nodular (BN), entretanto no perfil 2, trata-se do Horizonte Bauxita Cristalizada Nodular (BNC). Ambos os perfis são cobertos por horizonte areno-argiloso inconsolidado, de coloração vermelho alaranjado, denominada por muitos autores de Argila de Belterra. Petrograficamente os horizontes apresentam os seguintes minerais típicos de um perfil bauxítico/lateríticos: gibbsita, caulinita, goethita, hematita e anatásio. Esta paragênese foi confirmada por meio da análise por DRX, cujo conteúdo varia para cada horizonte. Assim aliada a análise via MEV pode-se perceber o aspecto morfológico dos cristais de gibbsita e caulinita. Nota-se a presença de três gerações de gibbsita, a fase precoce faz parte da matriz, por vezes, associada com oxi-hidróxido de Fe, apresentando caráter criptocristalino. A segunda geração compreende cristais microcristalinos que preenchem parcialmente ou totalmente os poros. A geração mais tardia são cristais criptocristalinos que encontram-se preenchendo totalmente e/ou revestindo as paredes dos cutans. O comportamento geoquímico das fases residuais Al2O3, Fe2O3, SiO2 e TiO2 apresentam similaridade em ambos os perfis, assim como, os presentes teores de Al2O3_aproveitável e SiO2_reativa. Ao longo do perfil o teor de SiO2 e SiO2_reativa são mais expressivos nas camadas mais argilosas, e refletem o conteúdo de caulinita. O teor de Al2O3_aproveitável segue o mesmo comportamento de Al2O3: pois a primeira está relacionada à gibbsita, e os teores mais elevados estão no topo da BA, BCBA e BC, o último representa a nível economicamente explorável. Ao avaliar o grau de ordem e desordem da caulinita presente nos perfis estudados verificou-se um aumento dos resultados de FWHM (aumento do alargamento dos picos) da base em direção ao topo, mostrando a possibilidade de: 1) degradação das caulinitas com o processo de desenvolvimento do perfil laterítico; e/ou neoformação de novas gerações de caulinita de baixa cristalinidade. Os dados levantados durante as análises deram suporte para entendimento dos processos que favoreceram as diferenças e semelhanças mineralógicas, químicas e texturais existentes entre os horizontes bauxíticos, assim como a retomada do processo de bauxitização (Duas fases de bauxitização) que resultou na formação do horizonte Bauxita Nodular e Bauxita Nodular Cristalizada, levantando a hipótese da evolução complexa e polifásica dos perfis estudados, culminando na origem dos depósitos bauxíticos/lateríticos.
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CAMILA VILAR DE OLIVEIRA
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GEOCRONOLOGIA U-Pb EM ZIRCÃO DETRÍTICO APLICADA AO ESTUDO DE PROVENIÊNCIA DOS ARENITOS DO GRUPO CANINDÉ, BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAÍBA
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Data: 13/10/2015
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A datação U-Pb via LA-ICPMS de zircão detrítico do Grupo Canindé permitiu estabelecer uma relação direta entre as idades destes minerais nos arenitos da borda leste da Bacia do Parnaíba e as diversificadas rochas remanescentes em terrenos-fonte longínquos e/ou proximais, revelando-se uma ferramenta investigativa indispensável em proveniência sedimentar. As rochas estudadas representam uma sucessão siliciclástica composta por diamictitos, brechas intraformacionais, arenitos finos a grossos e arenitos finos a muito finos, interdigitando-se com pelitos e argilitos. Sete associações de fácies foram definidas: a) A unidade basal corresponde aos depósitos de offshore-shoreface inferior (Af1) da Formação Pimenteiras; b) gradativamente em direção a oeste, afloram rochas da Formação Cabeças, com depósitos subglaciais (Af2) intercalados, e em caráter erosivo, ao depósito de frente deltaica distal (Af3). A norte exibem características mais proximais destacada pelas amplas espessuras dos lobos sigmoidais (Af4); c) A faixa de exposição da Formação Longá é mais restrita, caracterizado por depósitos de shoreface inferior (Af5); e d) A unidade de topo, representada pela Formação Poti, apresenta a noroeste depósitos com características marinhas shoreface-offshore (Af6) e mais continentais a sudoeste, com depósitos de barras de canais (Af7). A identificação dos parâmetros internos por imageamento CL de 318 (n) grãos desta sequência revelaram quatro populações principais: a) grãos com zoneamento concêntrico (Zr1); b) grãos homogêneos (Zr2); c) grãos com zoneamento convoluto ou com bordas recristalizadas (Zr3); e d) grãos metamíticos, fraturados ou com bordas exsolvidas (Zr4). Sendo estes, agrupados em 3 tipologias: a) Grupo 1- grãos magmáticos; b) Grupo 2- grãos metamórficos; e c) Grupo 3- grãos metamíticos. As idades U-Pb foram reproduzidas em diagramas de distribuição de densidade (probabilidade relativa e cumulativa) e as porcentagens discriminadas em gráficos de setores, demonstraram clara distribuição heterogênea, com fontes Paleoproterozóicas (sobretudo Orosirianas), predominantes sobre as fontes Mesoarqueanas e Mesoproterozóicas, diferenciando-se quanto aos contingentes Neoproterozóicos (principalmente Tonianos) e Cambrianos. A partir do teste K-S obteve-se uma pronunciada similaridade entre fontes das Formações Cabeças e Longá (p=0.385) e total diferenciação (p=0) dos padrões específicos de proveniência das formações Pimenteiras e Poti. As medidas de paleocorrentes identificadas sob a área pesquisada, tanto em arenitos fluvias quanto em sigmoides unimodais deltaicos, demonstram que durante a deposição do Grupo Canindé, as áreas-fontes situavam-se na borda sul-sudeste, referentes tanto a Província Borborema (PB) quanto ao Cráton São Francisco (CSF) e suas faixas brasilianas circunvizinhas (Brasília e Rio Preto), destacando-se a atuação como aporte sedimentar da porção leste da Bacia do Parnaíba, principalmente provindos da porção Norte do CSF, respectivo ao bloco Sobradinho, e as subprovíncias Central e Sul da PB, relativos ao terreno Alto Pajeú (Cariris Velhos stritu sensu) e a faixa Riacho do Pontal, com a oferta de suprimento inerente as essas regiões totalmente controlada pelas incursões marinhas (transgressões e regressões) do mesodevoniano ao eocarbonifero.
Palavras-chave: U-Pb geocronologia. Proveniência. Zircões detríticos. Bacia do Parnaíba. Grupo Canindé.
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PAULO ROBERTO SOARES RODRIGUES
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PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DE DIQUES MÁFICOS A FÉLSICOS DA REGIÃO DE ÁGUA AZUL DO NORTE, PROVÍNCIA CARAJÁS, SUDESTE DO PARÁ.
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Data: 08/10/2015
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Na região de Água Azul do Norte, sudeste do Pará, diques máficos a félsicos afloram em área peneplanizada sob a forma de cristas descontínuas seccionando granitos anorogênicos e rochas encaixantes arqueanas. Eles ocorrem preferencialmente segundo a direção NW-SE formando corpos tabulares subverticais com espessuras de até 30m. Quatro grupos de diques foram individualizados: diabásios, andesitos, riolitos e feldspato-alcalino riolitos. Geoquimicamente são basaltos, andesitos basálticos, andesitos e riolitos metaluminosos a fracamente peraluminosos de afinidade toleítica. Nos diagramas de Harker, os diabásios apresentam os menores conteúdos de SiO2 e TiO2 e os mais elevados de FeOt, MgO e CaO, refletindo a composição mineralógica dessas rochas formadas predominantemente por plagioclásio e clinopiroxênio. Os andesitos mostram valores intermediários de TiO2,FeOt, MgO, CaO, Na2O e K2O quando comparados aos diabásios e riolitos, similares a outros diques de andesito já estudados no Domínio Rio Maria (DRM). Os diques de feldspato-alcalino riolito e riolito possuem as mais elevadas e variadas concentrações de SiO2. Al2O3 FeOt, MgO e CaO exibem correlação negativa, enquanto K2O apresenta correlação positiva com a sílica. Na2O, TiO2 e P2O5 não apresentam correlação clara. Os diques de diabásios mostram padrão subhorizontal com leve fracionamento dos elementos terras raras (ETR), enriquecimento dos ETR leves (ETRL) em relação aos ETR pesados (ETRP) e anomalias de Eu pouco acentuadas a levemente negativas. Comparativamente, os diques de andesito apresentam fracionamento mais acentuado dos ETR, maior enriquecimento dos ETRL frente aos ETRP e anomalia negativa de Eu mais acentuada. O dique de riolito exibe fracionamento de ETR e anomalia negativa de Eu moderados, enquanto os de feldspato-alcalino riolito mostram maior fracionamento de ETR, um enriquecimento maior dos ETRL em relação aos ETRP e anomalias negativas de Eu fortemente pronunciadas. A presença de lacunas composionais entre os grupos de diques de Água Azul do Norte descarta a existência de uma série magmática continua; o magmatismo máfico, representado pelos diques de diabásio, não evoluiu para formar os de andesito. Por outro lado, os diques de riolito e feldspato-alcalino riolito estariam ligados ao magmatismo granítico anorogênico tipo-A de aproximadamente 1,88 Ga atuante no DRM. O estudo comparativo mostra similaridades entre os diques de Água Azul do Norte e os de outras áreas do DRM, sugerindo origem comum.
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FLÁVIO ROBSON DIAS SEMBLANO
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ESTUDO PETROGRÁFICO, GEOQUÍMICO E ISOTÓPICO DE GRANITOS DA PORÇÃO LESTE DO DOMÍNIO TAPAJÓS, NAS FOLHAS SÃO DOMINGOS E JARDIM DO OURO, PARÁ
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Data: 07/10/2015
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O Domínio Tapajós, localizado no escudo Brasil Central (porção sul do Cráton Amazônico), faz parte da Província Tapajós-Parima (ou Ventuari-Tapajós) que corresponde a um cinturão orogênico paleoproterozoico de orientação NW-SE que se estende do sudoeste do Pará até o sul da Venezuela. Alguns autores descrevem essa Província como tendo sido formada pelo desenvolvimento de duas orogenias distintas que incorporaram quatro arcos magmáticos seguidos de um magmatismo alcalino pós-orogênico. Esse magmatismo pós-orogênico Orosiriano, ocorrido por volta de 1880 Ma, é representado pela Suíte Intrusiva Maloquinha (SIM) e pelo Grupo Iriri que ocorreu pós-datando a Orogenia Tropas que deu origem às rochas da Suíte Intrusiva Parauari (SIP). A SIM é composta por granitos alcalinos gerados em ambientes anorogênicos pós-colisionais e associam-se espacialmente às vulcânicas do Grupo Iriri. Essa Suíte é composta por corpos de feldspato alcalino granito, sienogranito e monzogranito leucocráticos com predomínio de ortoclásio pertítico e raro microclínio, e afloram como stocks e batólitos elípticos a circulares ao longo de lineamentos regionais de direção NW-SE no Domínio Tapajós. Vários corpos pertencentes a SIM já foram datados tanto pelo método de evaporação de Pb quanto por U-Pb em zircão e as idades obtidas ficaram entre 1882±4 e 1864±18 Ma. Na porção leste do Domínio Tapajós foi identificada uma assinatura de isótopos de Nd para os granitos dessa suíte que sugerem fontes paleoproterozoicas (TDM Nd de 2,28 a 2,23 Ga e εNd(t) de -0,72 a -2,45). Vários plútons da SIP foram datados pelo método de evaporação de Pb em zircão, e as idades encontradas ficaram entre 1891±3 e 1879±11 Ma, e sua assinatura isotópica de Nd são de εNd(t) -5,21 a -1,82 e TDM Nd de 2,43 a 2,32 Ga. Este trabalho foi realizado na porção leO Domínio Tapajós, localizado no escudo Brasil Central (porção sul do Cráton Amazônico), faz parte da Província Tapajós-Parima (ou Ventuari-Tapajós) que corresponde a um cinturão orogênico paleoproterozoico de orientação NW-SE que se estende do sudoeste do Pará até o sul da Venezuela. Alguns autores descrevem essa Província como tendo sido formada pelo desenvolvimento de duas orogenias distintas que incorporaram quatro arcos magmáticos seguidos de um magmatismo alcalino pós-orogênico. Esse magmatismo pós-orogênico Orosiriano, ocorrido por volta de 1880 Ma, é representado pela Suíte Intrusiva Maloquinha (SIM) e pelo Grupo Iriri que ocorreu pós-datando a Orogenia Tropas que deu origem às rochas da Suíte Intrusiva Parauari (SIP). A SIM é composta por granitos alcalinos gerados em ambientes anorogênicos pós-colisionais e associam-se espacialmente às vulcânicas do Grupo Iriri. Essa Suíte é composta por corpos de feldspato alcalino granito, sienogranito e monzogranito leucocráticos com predomínio de ortoclásio pertítico e raro microclínio, e afloram como stocks e batólitos elípticos a circulares ao longo de lineamentos regionais de direção NW-SE no Domínio Tapajós. Vários corpos pertencentes a SIM já foram datados tanto pelo método de evaporação de Pb quanto por U-Pb em zircão e as idades obtidas ficaram entre 1882±4 e 1864±18 Ma. Na porção leste do Domínio Tapajós foi identificada uma assinatura de isótopos de Nd para os granitos dessa suíte que sugerem fontes paleoproterozoicas (TDM Nd de 2,28 a 2,23 Ga e εNd(t) de -0,72 a -2,45). Vários plútons da SIP foram datados pelo método de evaporação de Pb em zircão, e as idades encontradas ficaram entre 1891±3 e 1879±11 Ma, e sua assinatura isotópica de Nd são de εNd(t) -5,21 a -1,82 e TDM Nd de 2,43 a 2,32 Ga. Este trabalho foi realizado na porção leste do Domínio Tapajós, nas folhas 1:100.000 SB.21-Z-A-II (São Domingos) e SB.21-Z-A-III (Jardim do Ouro), onde foram estudados cinco corpos graníticos (Igarapé Tabuleiro, Dalpaiz, Mamoal, Serra Alta e Igarapé Salustiano). O corpo Igarapé Salustiano apresentou uma afinidade calcioalcalina e natureza meta a peraluminosa de granitos tipo I sincolisionais, mostrando estreita relação com as rochas da Suíte Intrusiva Parauari desse Domínio. Os demais corpos puderam ser correlacionados a SIM que são basicamente representados por feldspato alcalino granitos, sienogranitos e monzogranitos hololeucocráticos. Essas rochas apresentam altos teores de SiO2 (>70 %), FeOt/(FeOt+MgO) (>0,80) e K2O/Na2O, baixos de CaO, Al2O3, MgO e Sr, e afinidade com granitos pós-colisionais, caráter álcali-cálcico a álcali e alto conteudos de ETR com anomalias negativas de Eu, próprias de granitos tipo A. Este trabalho, assim como outros realizados nas províncias Tapajós-Parima e Amazônia Central, identificou idade TDM Sm-Nd vii contraditória às idades atribuídas a essa província para compartimentação geocronológica entre elas.ste do Domínio Tapajós, nas folhas 1:100.000 SB.21-Z-A-II (São Domingos) e SB.21-Z-A-III (Jardim do Ouro), onde foram estudados cinco corpos graníticos (Igarapé Tabuleiro, Dalpaiz, Mamoal, Serra Alta e Igarapé Salustiano). O corpo Igarapé Salustiano apresentou uma afinidade calcioalcalina e natureza meta a peraluminosa de granitos tipo I sincolisionais, mostrando estreita relação com as rochas da Suíte Intrusiva Parauari desse Domínio. Os demais corpos puderam ser correlacionados a SIM que são basicamente representados por feldspato alcalino granitos, sienogranitos e monzogranitos hololeucocráticos. Essas rochas apresentam altos teores de SiO2 (>70 %), FeOt/(FeOt+MgO) (>0,80) e K2O/Na2O, baixos de CaO, Al2O3, MgO e Sr, e afinidade com granitos pós-colisionais, caráter álcali-cálcico a álcali e alto conteudos de ETR com anomalias negativas de Eu, próprias de granitos tipo A. Este trabalho, assim como outros realizados nas províncias Tapajós-Parima e Amazônia Central, identificou idade TDM Sm-Nd vii contraditória às idades atribuídas a essa província para compartimentação geocronológica entre elas.
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IGOR RAFAEL FURTADO DA SILVA
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CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOQUÍMICA E ISOTÓPICA (87Sr/86Sr) DOS SISTEMAS AQUÍFEROS BARREIRAS E PIRABAS SUPERIOR NOS MUNICÍPIOS DE CASTANHAL E SANTA MARIA DO PARÁ, ESTADO DO PARÁ
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Data: 30/09/2015
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A partir da década de 70 estudos geológicos e de sensoriamento remoto realizados no nordeste do Estado do Pará identificaram feições e estruturas tectônicas que caracterizaram o processo neotectônico nesta região. Investigações hidrogeológicas na Região Metropolitana de Belém e suas adjacências também foram realizadas objetivando a caracterização das águas dos sistemas aquíferos Barreiras e Pirabas (Pirabas Superior e Inferior), além de avaliar a possibilidade de mistura entre estes aquíferos por meio de sistemas de falhas e fraturas juntamente com o grau de vulnerabilidade a que estes estão sujeitos em relação à ação antropogênica. Paralelamente às investigações hidrogeoquímicas, estudos utilizando a assinatura isotópica de estrôncio (87Sr/86Sr) em águas subterrâneas têm sido realizados objetivando caracterizar as fontes de Sr para cada sistema aquífero, suas histórias geoquímicas e o potencial de mistura de águas entre eles. Dessa forma, foram realizados estudos da composição isotópica de estrôncio, bem como análises hidrogeoquímicas nas subáreas de Castanhal e Santa Maria do Pará, visando à caracterização desses sistemas aquíferos, além da detecção de eventuais misturas caso nelas ocorram. Os resultados hidrogeoquímicos revelaram características distintas entre os sistemas aquíferos estudados, destacando-se os parâmetros pH (3,52 a 5,97 no Sistema Barreiras; 6,17 a 6,60 no Sistema Pirabas Superior), Condutividade Elétrica (45,50 a 193,90 μS/cm no Barreiras;133,80 a 194,70 μS/cm no Pirabas Superior), HCO3– (até 32,88 mg/L no Sistema Barreiras; 89,10 a 117,15 mg/L no Sistema Pirabas Superior), Cl– (3,87 a 40,50 mg/L no Barreiras; 3,33 a 6,32 mg/L no Pirabas Superior), Na+ (1,00 a 18,55 mg/L no Sistema Barreiras; 1,35 a 2,55 mg/L no Sistema Pirabas Superior), Mg2+ (até 1,26 mg/L no Barreiras; 2,03 a 2,81 mg/L no Pirabas Superior), Ca2+ (até 5,14 mg/L no Barreiras; 21,30 a 27,38 mg/L no Pirabas Superior) e Sr2+ (0,0065 a 0,0874 mg/L no Barreiras; 0,2129 a 0,2679 mg/L no Pirabas Superior). Estudos estatísticos mostraram boas correlações entre os sistemas aquíferos (≥ 0,7), principalmente durante o período chuvoso. A partir da análise dos diagramas de Piper verificou-se que o Aquífero Barreiras possui predominantemente águas Cl–-Na+, sendo estas influenciadas pela contribuição das águas meteóricas e pela ação antropogênica, apresentando valores de pH ácidos, em torno de 4,7 e alta vulnerabilidade. As águas do Sistema Aquífero Pirabas Superior são majoritariamente HCO3–-Ca2+, sendo esta fácies hidroquímica fortemente influenciada pela dissolução do carbonato, tendo um pH com valores acima de 6,0 e com menor vulnerabilidade em relação a ação antrópica. Durante o período seco os resultados isotópicos 87Sr/86Sr mostraram que as amostras do Sistema Aquífero Barreiras são mais radiogênicas (0,712716 a 0,723881) que a amostra do Sistema Aquífero Pirabas Superior (0,706080 a 0,709063). No período chuvoso ocorreu o processo de homogeneização das razões isotópicas dos sistemas aquíferos em estudo. Nas amostras do Sistema Aquífero Barreiras houve uma significativa diminuição das razões isotópicas 87Sr/86Sr de 0,712716 a 0,723881 para uma faixa de 0,704239 a 0,709957, ficando estes valores semelhantes aos encontrados nas águas do Sistema Aquífero Pirabas Superior. Nos diagramas de composição dos principais íons (Na+, K+, Mg2+, HCO3–, NO3–, SO42–) contra o cloreto (Cl–) estes apresentaram grande variação indicando possivelmente a presença de mais de dois membros finais no processo de mistura destas águas. O tratamento estatístico multivariado (PCA), juntamente com o diagrama 87Sr/86Sr vs. 1/Sr mostraram uma tendência de mistura entre estes aquíferos e as águas meteóricas durante o período chuvoso. O modelamento hidrogeoquímico (diagrama de Schoeller) indicou que o grau de mistura das águas do Aquífero Pirabas Superior no Barreiras está em torno de 10% durante o período chuvoso. Em concordância com os estudos isotópicos e hidroquímicos e tomando como base a estruturação neotectônica existente na Região Metropolitana de Belém e suas adjacências, sugerem-se processos de mistura entre os sistemas aquíferos Barreiras e Pirabas Superior principalmente no período chuvoso. A falta de um sistema de planejamento e gerenciamento do uso dos mananciais subterrâneos nos municípios de Castanhal e Santa Maria do Pará, assim como em toda a Região Metropolitana de Belém, alertam para o perigo de contaminação do Sistema Aquífero Pirabas Superior por ação antropogênica, o qual representaria a melhor alternativa para o abastecimento público da população de Belém e suas adjacências com águas de excelente qualidade em relação à potabilidade para o consumo humano.
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LUIZ CLÁUDIO GONÇALVES DA COSTA
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MINERAIS DE MANGANÊS COMO CONTAMINANTES DO MINÉRIO DE FERRO NA MINA N5W EM CARAJÁS, PARÁ
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Data: 29/09/2015
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Atualmente a caracterização mineralógica e controle do manganês e da sílica nas minas de minério de ferro de Carajás tornam-se indispensáveis. Pois concentrações elevadas de seus minerais foram encontradas, os quais são vistos como impurezas indesejáveis no minério, em especial da mina de N5W, com teores superiores a 65 % de Fe. O presente trabalho objetiva identificar esses minerais, o seu modo de ocorrência e relação com o minério de ferro na mina N5W, na tentativa de contribuir para minimização do seu impacto durante a operação de lavra do minério de ferro.
Os principais minerais de manganês identificados foram pirolusita, bixbyita, criptomelana, hollandita, ramsdellita e calcofanita, todos oxi-hidróxidos de Mn, exceto a braunita também identificada nesta mina, que é um silicato. Estes minerais geralmente estão alojados em veios e vênulas hidrotermais que interceptam o minério de ferro. Mas ocorrências, em menor proporção, entre as camadas de jaspilitos também são observadas, como aparente ligação com pequenas lentes. Aparentemente pelo menos dois modos de ocorrências foram individualizados na mina de N5W, cada um com mineralogia de Mn específica: zonas de falhas, brechas e veios com pirolusita, calcofanita, braunita e bixbyita, além de possíveis lentes com criptomelana e hollandita, provável ainda que tenha havido a formação intempérica desses minerais, representados por pirolusita e criptomelana. Quartzo, oxi-hidróxidos de Fe e de Mn são os principais constituintes dos veios preenchendo falhas e fraturas em N5W, com MnO atingindo teores de até 61,74 % nesses veios.
Sendo assim os minerais de Mn associado ao minério de ferro indicam ambiência sedimentar, hidrotermal e restritamente intempérica, quando esses minerais em parte foram alterados, as soluções mobilizadas e então como novas fases foram reprecipitados ao lado dos oxi-hidróxidos de Fe.
A associação geoquímica típica quando da presença de minerais de manganês é Mn-As-Cu-Zn-Ag-ETR com teores anômalos positivos, enquanto para a formação ferrífera Zr-Hf-Nb-Ta-Sc-Th como valores negativos. Os elementos terras raras encontram-se em concentrações elevadas na zona enriquecida em Mn, mas principalmente quando se trata de hollandita, quando se observa forte anomalia positiva de Ce. O minério de Fe apresenta como característica anomalia positiva de Eu.
A contaminação por SiO2 está representada por boulders métricos de jaspilitos circundados por hematitas friáveis, em muitos casos, quando a lavra atinge a zona saprolítica grossa.
Portanto os contaminantes de Mn são de origem diversa, porém predominam por enquanto as ocorrências hidrotermais, intimamente associadas com o proto-minério de ferro. Os teores elevados de SiO2 mostram que a lavra atingiu a base do perfil de alteração, incorporando parte dos proto-minérios.
Palavras-chave: Oxi-hidróxidos e silicato de manganês; sílica; contaminantes, Formação Carajás.
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LUCIANA FREITAS DE SENA
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INDICADORES DE ESTABILIDADE DA MATÉRIA ORGÂNICA DAS TERRAS PRETAS DOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS JABUTI E JACAREQUARA (PARÁ)
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Data: 02/09/2015
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As condições ambientais da região amazônica favorecem o intemperismo e a decomposição do material orgânico do solo, tornando-o empobrecido em nutrientes e dificultando o uso agrícola. Porém, na mesma região, áreas que foram modificadas pela ação antrópica pretérita, conhecidas como Terra Preta Arqueológica (TPA), apresentam propriedades diferenciadas, dentre as quais, destaca-se a elevada estabilidade da matéria orgânica do solo (MOS) que em algumas pesquisas é atribuída às interações entre a MOS e demais constituintes do solo, tais como carbono pirogênico e minerais do solo. Neste estudo foram selecionados dois sítios arqueológicos no Estado do Pará, o Jabuti, tipo cemitério habitação, localizado no município de Bragança, e o Jacarequara, tipo sambaqui, situado no município de Barcarena, a fim de avaliar a estabilidade da matéria orgânica em TPA, a partir de soluções extraídas dos solos (profundidades de 30 e 80 cm) e dos próprios solos (coletados durante a implantação dos extratores no mês de dezembro de 2013) em áreas de TPA e adjacências. A caracterização das soluções dos solos foi realizada no período compreendido entre os meses de março e junho de 2013, com base nas propriedades macroscópicas e nos indicadores químicos: concentrações de carbono dissolvido (orgânico, inorgânico e total), determinados pelo método de combustão; pH, Eh e condutividade. As avaliações da estabilidade de MOS nas fases sólidas da TPA e áreas adjacentes (ADJ) foram feitas com base na verificação textural dos solos, indicadores químicos (pH, concentrações de carbono orgânico e dos nutrientes Ca, K, P, Na, e Mg) e biológico, representado pela biomassa microbiana, determinada pelo método de irradiação/extração e expressa em termos de carbono (Cbm) e nitrogênio (Nbm). Os resultados obtidos das soluções de solos indicaram que nos dois sítios os valores de pH são mais elevados em profundidade (80 cm), sendo que, no sítio Jacarequara foram determinados valores de até 7,2 para esse parâmetro, enquanto que, no sítio Jabuti os resultados de pH não ultrapassam o valor 6. Os valores máximos de Eh (mV), condutividade (ms) e carbono orgânico dissolvido (mg L-1) no sítio Jacarequara, a 30 cm de profundidade foram respectivamente +201 mV, 427 ms e 13 mg L-1 e, na área adjacente a este sítio, na mesma profundidade os maiores valores foram +128 mV, 72 ms e 23 mg L-1 para os mesmos parâmetros. No sítio Jabuti e sua ADJ, a 30 cm de profundidade, os valores máximos respectivos das áreas foram Eh igual a +108 mV e +96 mV; condutividade 138,87 ms e 59,85 ms e carbono orgânico dissolvido 12 mg L-1 e 21,08 mg L-1. Comparando-se as áreas de TPA e suas respectivas ADJ, os dados de Eh e carbono orgânico dissolvido remetem a componentes mais estáveis nas soluções de solo das áreas de TPA, devido aos valores mais oxidantes e as menores concentrações de carbono orgânico dissolvido, os resultados de condutividade, que é um indicador da concentração de íons, são mais elevados nas TPA reportando a maior disponibilidade de nutrientes. Em ambos os sítios, os solos apresentaram textura arenosa, tanto nas áreas de TPA quanto nas ADJ, sendo esta última mais arenosa. Nos solos do sítio Jacarequara e sua ADJ, no intervalo de 20 a 30 cm de profundidade, foram obtidos os seguintes valores, respectivamente: 119,82 g kg-1 e 20,34 g kg-1 para MOS; pHH2O igual a 6,8 e 4,9; 183 mg/dm3 e 5 mg/dm3 de P (disponível); 39 mg/dm3 e 29 mg/dm3 de K (trocável); 14,8 cmolc/dm3 e 0,7 cmolc/dm3 de Ca (trocável); 0,1 cmolc/dm3 e 1,7 cmolc/dm3 de Al (trocável), 181,26 mg g-1 e 88,74 mg g-1 de Cbm e 3,27 mg kg-1 e 1,91 mg kg-1 de Nbm. No solo do sítio Jabuti, os valores determinados foram: 83,66 g kg-1 de MOS, pHH2O igual a 4,4; 55 mg/dm3 de P (disponível); 59 mg/dm3 de K (trocável); 0,3 cmolc/dm3 de Ca (trocável); 4 cmolc/dm3 de Al (trocável); 92,56 mg g-1 de Cbm e 1,41 mg kg-1 de Nbm; na área adjacente a este sítio, os valores foram: 13,13 g kg-1 de MOS, pHH2O igual a 4,6; 4 mg/dm3 de P (disponível); 29 mg/dm3 de K (trocável); 0,3 cmolc/dm3 de Ca (trocável); 1 cmolc/dm3 de Al (trocável), 27,54mg g-1 de Cbm e 0,96 mg kg-1 de Nbm. Assim como em outros sítios arqueológicos com TPA, o Jacarequara e o Jabuti apresentaram valores significativamente mais elevados de nutrientes quando comparados às áreas circunvizinhas, com exceção do elemento Ca no Jabuti. Nos sítios, partículas carbonáceas foram investigadas, não apresentando resultados intrínsecos a carbono pirogênico. Nas áreas de TPA, os resultados obtidos a partir das análises dos solos, indicaram relação positiva entre biomassa microbiana, matéria orgânica e nutrientes, o que pode ser associado a melhor qualidade do solo nessas áreas quando comparadas as suas ADJ, condizendo com os dados evidenciados nas soluções de solo. Comparando-se os dois sítios, os resultados indicam que a MOS do sítio Jacarequara apresenta constituintes mais estáveis.
Palavras chave: Terra Preta. Solução de Solo. Matéria Orgânica Dissolvida. Estabilidade da Matéria Orgânica.
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HELIANA MENDES PANTOJA
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MINERALOGIA, GEOQUÍMICA E MINERAIS PESADOS DO PERFIL LATERITO-BAUXÍTICO COM COBERTURA E SUA RELAÇÃO COM O GRUPO ITAPECURU: LAVRA PILOTO CIRÍACO (RONDON DO PARÁ)
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Data: 27/08/2015
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O perfil laterito-bauxítico de Rondon do Pará estudado faz parte da Província Bauxitífera de Paragominas, a mais importante do Brasil, que hospeda depósitos de classe mundial e de considerável valor econômico. Este consiste de uma sequência de seis horizontes (da base para o topo): argila bauxítica, bauxita maciça, crosta ferro-aluminosa maciça, crosta ferro-aluminosa desmantelada, esferolitos ferruginosos e ao topo a cobertura argilosa equivalente a argila de Belterra. As rochas do Grupo Itapecuru, cujos sedimentos são as prováveis fontes do perfil laterito-bauxítico consistem de siltito e argilitos intemperizados. A composição mineralógica das três unidades estudadas (rochas do Grupo Itapecuru, perfil laterito-bauxítico e cobertura argilosa) é similar, sendo constituídas por caulinita, quartzo, hematita, gibbsita e goethita. Como minerais acessórios anatásio e minerais pesados (zircão, turmalina, rutilo, estaurolita e opacos). As três unidades diferem principalmente pela variação de teores e pela ausência de gibbsita e goethita nas rochas do Grupo Itapecuru. A composição química das três unidades mostra que, Al2O3, SiO2, Fe2O3, TiO2 e PF, são os constituintes mais abundantes, relacionados com os principais minerais. Os conteúdos de elementos traços nas três unidades apresentam uma considerável heterogeneidade e somente V, Cr, Ga, Zr, Hf e Th estão acima da média crustal, todos estes se correlacionam bem com óxi-hidróxidos de ferro. Quando normalizadas aos condritos as três unidades divergem pela anomalia positiva de Ce nas rochas do Grupo Itapecuru, mas são similares na anomalia negativa de Eu, no empobrecimento dos ETRL e no enriquecimento dos ETRP. Os dados obtidos claramente apontam afinidades entre as três unidades, sugerindo que os sedimentos das rochas do Grupo Itapecuru são semelhantes aqueles da rocha mãe do perfil laterito-bauxítico, enquanto sua respectiva cobertura demonstra forte relação com as crostas e esferolitos. A estruturação do perfil laterito-bauxítico junto com os resultados mineralógicos e químicos permitem correlaciona-lo com os depósitos de Paragominas e Juruti.
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RAQUEL SOUZA DA CRUZ
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Alteração hidrotermal e potencial metalogenético do vulcano–plutonismo paleoproterozoico da região de São Félix do Xingu (PA), Província Mineral de Carajás
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Data: 27/08/2015
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A região de São Félix do Xingu, centro-sul do Estado do Pará, expõe um sistema vulcano–plutônico excepcionalmente bem preservado e agrupado nas formações Sobreiro e Santa Rosa, nas quais foram reconhecidas alterações hidrotermais e mineralizações associadas. A Formação Sobreiro é constituída por fácies de fluxo de lava de composições andesítica, andesito basáltica e dacítica, conforme as proporções ou ausência de fenocristais de clinopiroxênio e/ou anfibólio. Fácies de rochas vulcanoclásticas ocorre geneticamente associada e é representada por tufos de cinza, cristais de tufo máfico, lapilli-tufo e brecha polimítica maciça. A Formação Santa Rosa é controlada por fissuras, formada por riolitos que compreendem fácies de fluxo de lava e fácies vulcanoclástica associada de tufos de cristais felsico, ignimbritos (tufo de cinza), lápilli-tufo, e brechas polimíticas maciças. Parte desse sistema é interpretado como ash-flow caldera parcialmente erodida e desenvolvida em vários estágios. Dados de petrografia, difração de raios X (DRX), microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia de infravermelho mostram as paragêneses de alterações hidrotermais que ocorrem nessas rochas. Em geral, os minerais de alteração desenvolvem cristais subeuédricos a anédricos e substituem minerais magmáticos. Os tipos de alterações hidrotermais identificados mostram-se incipientes a pervasivos, sendo distinguidas as alterações propilítica, sericítica, argílica e potássica, as quais se sobrepõem, além de fases fissurais de silicificação com hematita e carbonato associados. A alteração propilítica, predominante na Formação Sobreiro, apresenta ambos os estilos pervasivo e fissural. A paragênese resultante consiste de epidoto + clorita + carbonato + clinozoisita + sericita + quartzo ± albita ± hematita ± pirita, que é sobreposta por alteração potássica pervasiva ou controlado por fratura, representada principalmente por feldspato potássico + biotita ± hematita. Localmente, ocorre fratura com associação prehnita-pumpellyita precipitada que poderia estar relacionado com metamorfismo de baixo grau. A alteração sericítica é marcada pela ocorrência principalmente de sericita + quartzo + carbonato ± epidoto ± clorita ± muscovita. Manifesta-se principalmente nos tufos de cristais máficos. Entretanto, a sobreposição desses tipos de alteração fica evidenciada pelas relíquias de clorita da alteração propilítica e texturas das rochas, parcialmente obliteradas, em que restaram apenas pseudomorfos de plagioclásio sericitizado. Já na Formação Santa Rosa é pervasiva e caracterizada pela ocorrência de sericita + quartzo + carbonato. Apresenta-se também em estilo fissural, que é marcado pela presença de sericita + quartzo. É o principal tipo de alteração identificado nessa unidade, atribuindo às rochas coloração esbranquiçada. Dados de MEV mostram que, associados à alteração sericítica, ocorrem fosfatos de chumbo e terras raras além de ouro, bem como rutilo e barita. A alteração potássica ocorre mais subordinadamente, em geral associada aos pórfiros graníticos e, localmente, aos riolitos. A paragênese característica é conferida por microclínio + biotita + clorita + carbonato + sericita ± albita ± magnetita. A alteração argílica intermediária foi reconhecida nos riolitos e possivelmente corresponde aos estágios finais da alteração hidrotermal. É caracterizada pela presença de montmorillonita + illita + caolinita + clorita ± sericita ± caolinita ± haloisita ± quartzo ± hematita, os quais foram identificados por DRX e espectroscopia de infravermelho. A argilização confere às rochas coloração esbranquiçada a rosa esbranquiçada. Os tipos de alteração foram controlados principalmente pela temperatura, composição do fluido e pela relação fluido/rocha. São compatíveis com anomalias térmicas relacionadas com o magma envolvendo uma diminuição da temperatura e neutralização devido à mistura com água meteórica, semelhante ao que foi descrito em mineralizações baixo e intermediário-sulfidação. A identificação de ouro e fases de acessórios compatíveis fornecem importantes subsídios para pesquisas prospectivas na região, sobretudo para potenciais depósitos epitermais low-sulfidation de metais preciosos (ouro e prata) em sistemas vulcano-plutônicos com ash-flow calderas associadas, assim como depósitos do tipo pórfiro de Cu, Au e Mo.
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CARLOS ALBERTO DOS SANTOS SILVA JUNIOR
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ESTUDOS DE INCLUSÕES FLUIDAS E ISÓTOPOS ESTÁVEIS NOS ALVOS JERIMUNS DE CIMA E BABI, CAMPO MINERALIZADO DO CUIÚ-CUIÚ, PROVÍNCIA AURÍFERA DOS TAPAJÓS, CRATÓN AMAZÔNICO: IMPLICAÇÕES PARA OS PROCESSOS GENÉTICOS
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Data: 18/08/2015
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O campo mineralizado do Cuiú-Cuiú está inserido próximo à porção central da Província Aurífera do Tapajós, na porção centro-sul do Cráton Amazônico. Este campo é uma das áreas garimpeiras mais antigas da província e possui várias ocorrências, alvos em exploração e depósitos auríferos (Central, Raimundinha, Pau da Merenda, Guarim, Jerimum de Cima, Jerimum de Baixo, Nhô, Moreira Gomes, Babi, e outros menos conhecidos). Como forma de contribuir com o entendimento metalogenético do campo mineralizado do Cuiú-Cuiú em geral, este trabalho enfocou os alvos Jerimum de Cima (mineralizado) e Babi (fracamente mineralizado) e buscou: (1) definir a mineralogia sulfetada associada com a mineralização aurífera e suas relações texturais com as rochas hospedeiras; (2) definir as características físico-químicas dos fluidoshidrotermais/mineralizadores por meio de estudos petrofgráficos, de inclusões fluidas e de isótopos estáveis (C, O, S), buscando identificar o que provocou a alteração hidrotermal nesses alvos e que permitiram mineralização mais expressiva em Jerimum de Cima (e outros alvos/depósitos do campo), o que ocorreu fracamente (não econômica) no alvo Babi. O estudo petrográfico revelou rochas hospedeiras fortemente alteradas por hidrotermalismo, muitas vezes obliterando as características primárias destas rochas. Essa alteração é fissural e pervasiva seletiva (disseminada). No alvo Jerimum de Cima foram identificados biotita-hornblenda tonalito, monzogranito e granodiorito, todos hidrotermalizados, como rochas hospedeiras. No alvo Babi foram reconhecidos titanita monzogranito, biotita monzogranito, biotita hornblenda tonalito hidrotermalizados, além de monzogranito brechado. Sericitização, silicificação e sulfetação ocorrem intensamente no alvo Jerimum de Cima, enquanto que cloritização e carbonatação ocorrem normalmente nos dois alvos. Pirita, esfalerita, calcopirita e galena, em ordem decrescente de abundância, são os sulfetos, com larga predominância de pirita. Inclusões fluidas (IF) aprisionadas em cristais de quartzo ocorrem em pequenos grupos, isoladamente e em trilhas. Na ordem decrescente de abundância, ocorrem três tipos: aquosas bifásicas (Tipo 1), aquocarbônicas (Tipo 2) e carbônicas (Tipo 3). Os resultados das análises microtermométricas indicam para as IF aquosas do alvo Jerimum de Cima Tht (Temperatura de Homogeneização Total) entre 105 a 387°C, e salinidade entre 0,0 a 18% em peso equivalente de NaCl; e nas aquocarbônicas o valor do Tht está entre 144 e 448°C, a salinidade entre 1,0 e 7,8% em peso equivalente de NaCl e a densidade global varia entre 0,6 e 1,0 g/cm3. No alvo Babi as IF aquosas foram os únicos tipos detectados. A Tht dessas IF ocorreu entre 136 e 410°C e a salinidade está entre 0,7 e 13,2% em peso equivalente de NaCl. As IF aquocarbônicas são interpretadas como viii produto de imiscibilidade de fluidos (separação de fases). A ausência de CO2 no alvo Babi pode ser explicada pelo aprisionamento do fluido em momento mais tardio da evolução do sistema hidrotermal, após o consumo do CO2, e apenas a fase aquosa foi aprisionada. Estudos de isótopos estáveis em minerais hidrotermais de veios e de zonas de alteração indicam temperaturas de precipitação dos minerais entre 305 e 330°C e entre 108 e 205°C, o que está de acordo com as Tht obtidas em inclusões fluidas e indicam mais de um estágio de precipitação. Também sugerem fontes magmáticas e meteóricas para os fluidos, com possível mistura. Os dados obtidos são compatíveis com depósito magmático-hidrotermal (relacionado à intrusão), com mistura de fluido magmático e meteórico. A ausência de CO2 no alvo Babi pode explicar a fraca mineralização nesse alvo.
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RAFAEL ESTUMANO LEAL
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GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA U-Pb, Sm-Nd e Rb-Sr DOS GRANITOIDES OROSIRIANOS DO DOMÍNIO EREPECURU- TROMBETAS, PROVÍNCIA AMAZÔNIA CENTRAL, NOROESTE DO PARÁ
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Data: 10/08/2015
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As rochas graníticas do noroeste do Estado do Pará fazem parte de duas extensas associações vulcano-plutônicas que marcaram a região central do Cráton Amazônico durante o Orosiriano. A área desse estudo está localizada na porção sudoeste do Domínio Erepecuru- Trombetas, sul do Escudo das Guianas. A associação mais antiga recentemente cartografada e datada a aproximadamente 2,0-1,95 Ga, é formada pelas rochas vulcânicas da Formação Igarapé Paboca e pelos granitoides da Suíte Intrusiva Caxipacoré. A associação mais jovem (1,90-1,86 Ga) é constituída pelos granitoides das suítes intrusivas Água Branca e Mapuera e pelas rochas efusivas e piroclásticas do Grupo Iricoumé. Estudos petrográficos direcionados as suítes Caxipacoré, Água Branca e Mapuera permitiram distinguir cinco grandes variedades de granitoides (quartzo-monzonitos, monzonitos, monzogranitos, sienogranitos e ácali- feldspato granitos) com conteúdos variados de hornblenda e biotita, as principais fases máficas. De modo geral, são rochas isotrópicas, leucocráticas, inequigranulares, de granulação média a grossa e texturas granular hipidiomórfica, rapakivi, granofírica e microporfirítica. A caracterização geoquímica permitiu definir dois grupos de rochas com assinaturas distintas. O primeiro grupo, formado pelas suítes Caxipacoré e Água Branca, possui rochas de natureza cálcio-alcalina de alto-K a shoshonítica, caráter metaluminoso a peraluminoso e afinidade com granitoides magnesianos. Enriquecimento em elementos litófilos de grande raio iônico (LILE; K, Rb, Ba e Sr, por exemplo), fortes anomalias negativas de Nb, moderado fracionamento dos ETR pesados e fracas anomalias de Eu são características comuns desses granitoides. O segundo conjunto litológico, formado pelas rochas da Suíte Intrusiva Mapuera, compreende rochas de composição ácida (71,29<SiO2<78,03%), de natureza alcalina de alto- K, peraluminosa com tendência metaluminosa e afinidade com granitoides ferrosos. Essas rochas apresentam enriquecimento em elementos de alto campo de força (HFSE; Zr, Hf e Th, por exemplo), alto conteúdo de ETR e pronunciadas anomalias negativas de Eu. Em diagramas de classificação de ambiente tectônico, os granitoides das suítes intrusivas Caxipacoré e Água demonstraram afinidades geoquímicas com granitoides cálcio-alcalinos de arco vulcânico (VAG), relacionados a zonas de subducção, enquanto as rochas da Suíte Intrusiva Mapuera assemelham-se a granitoides pós-colosionais tipo-A2, relacionados a ambientes anarogênicos intraplaca. Datações radiométricas U-Pb em zircão por ICP-MS-LA forneceram idades de 1991±5,9 e 2005±7,2 Ma para os granitoides da Suíte Intrusiva Caxipacoré e 1886,5±4,8 Ma em um hornblenda-biotita monzogranito da Suíte Intrusiva Água Branca. Para a Suíte Intrusiva Mapuera, a idade de 1870±14 Ma foi obtida em um biotita álcali-feldspato granito. Essas idades foram interpretadas como idades de cristalização desses granitoides. Um intervalo de aproximadamente 100 Ma de anos foi observado entre a Suíte Intrusiva Caxipacoré e as suítes Água Branca e Mapuera. As características geoquímicas aliadas aos dados geocronológicos permitiram definir uma evolução geodinâmica envolvendo um contexto orogênico relacionado a um ambiente de subducção a 2,0-1,95 Ga, que favoreceram a formação das rochas da Formação Igarapé Paboca e Suíte Intrusiva Caxipacoré, seguido por um ambiente transicional (1,90-1,86 Ga) entre um contexto convergente para um contexto extensional intracontinental, marcado pela coexistência das rochas cálcio-alcalinas e alcalinas das suítes Água Branca e Mapuera, respectivamente. Idades modelo Nd-TDM entre 1,95 e 2,30 Ga e Sr-TUR entre 1,84 e 2,02 Ga e valores de eNd positivos e ligeiramente negativos (+2,29 a -1,96) para os granitoides das suítes intrusivas Caxipacoré, Água Branca e Mapuera, indicam que os magmas parentais foram originados a partir de fusão de uma crosta siálica paleoproterozoica mais antiga e com pequena contribuição de fontes mantélicas. Além disso, a ausência de idades arqueanas permite descartar a existência de um embasamento arqueano na porção oeste do Domínio Erepecuru- Trombetas, diferentemente do que vem sendo proposto nos modelos de evolução tectônica do Cráton Amazônico.
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FERNANDO FERNANDES DA SILVA
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MAGMATISMO BIMODAL DA ÁREA DE TUCUMÃ, PROVÍNCIA CARAJÁS: GEOCRONOLOGIA U-Pb, CLASSIFICAÇÃO E PROCESSOS
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Data: 06/08/2015
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No contexto geológico da Província Carajás, diques constituem um mecanismo importante para o transporte de magma e representam o início de um rifteamento, ou, no mínimo, manifestações de extensão crustal que permitiram colocar através da crosta quantidades expressivas de magma granítico. Na área do município de Tucumã, sudeste do Estado Pará, são identificadas através de imagens de sensores remotos, diversas estruturas retilíneas que podem atingir até 60 km de extensão. O mapeamento geológico realizado nesta área revelou que tais estruturas correspondem às diversas ocorrências de um conjunto de rochas hipoabissais (diques), que seccionam o embasamento arqueano de orientação coincidente com a estruturação regional NW-SE pré-existente. Foi possível a partir de dados petrográficos e geoquímicos, individualizar tais rochas em três grupos: (i) tipos félsicos (SiO2 entre 69,1% e 78,5%), que são classificados neste trabalho como riolitos pórfiros e são amplamente predominantes (70% dos corpos identificados), sendo estes marcados pela presença de fenocristais de quartzo, k-feldspato e plagioclásio imersos em uma matriz felsítica e afírica, e por vezes, pela ocorrência de textura rapakivi; (ii) tipos intermediários (SiO2 entre 56,7% e 66,6%), que possuem ocorrência restrita, representando cerca de 10% dos corpos estudados, e são classificados como dacitos e andesitos; e (iii) tipos máficos (SiO2 entre 49,1% e 53,7%) são igualmente restritos e são formados por basaltos e basalto andesitos, contendo plagioclásio, clino- e ortopiroxênios e mais restritamente olivina, onde geralmente configuram uma textura ofítica. As relações de campo evidenciam através de intensidades variáveis de enclaves máficos presentes nos riolitos, diversos níveis de interação entre os magmas félsico e máfico. Neste sentido, a coexistência destes magmas é dada pelas frequentes relações de magma mingling, onde fenocristais de quartzo e feldspatos são frequentemente encontrados no interior destes enclaves. Tais processos resultariam em rochas de composição híbrida e que estariam representadas neste trabalho por aquelas classificadas como dacito (mistura heterogênea) e, em um estágio mais avançado de contaminação/assimilação, o produto seria composições mais primitivas que a anterior, e corresponderia aos andesitos descritos na área (mistura homogênea ou magma mixing). É comum nestas variedades, frequentes texturas decorrentes de mistura de magma (desequilíbrio), como aquelas provenientes da corrosão de fenocristais de quartzo (embaiamento). A datação pelo método U-Pb em zircão em SHRIMP para os diques félsicos forneceu a idade de 1888±3.3Ma que é interpretada como idade de cristalização dos mesmos, e por extensão, também considerada como a de formação daqueles de caráter máfico a intermediário. Os diques félsicos são peraluminosos a levemente metaluminosos, devido principal-mente ao viii fracionamento de K-Feldspato e plagioclásio com uma contribuição menor de anfibólio. Apresentam afinidades geoquímicas com os magmas formadores dos granitos do tipo A2, ferrosos e reduzidos. Já os tipos máficos pertencem à série toleítica e apresentam um acentuado fracionamento de piroxênio e plagioclásio. É possível notar um decréscimo nos teores de CaO, FeOt, MgO, TiO2, Sr, Cr e P nas rochas máficas em direção aquelas de composição riolítica, que são mais enriquecidas em sílica, ao passo que K2O/Na2O, Al2O3 e Na2O, Rb, Ba e Y aumentam neste mesmo sentido. Nos riolitos, os padrões de ETR são caracterizados pelo enriquecimento de ETRL em relação aos ERTP (altas razões La/Yb), e pela significativa anomalia negativa de Eu. O mesmo comportamento é observado nas rochas intermediárias (andesitos e dacitos), todavia, de uma maneira mais discreta. Já as rochas máficas apresentam padrões de ETR mais horizontalizados (baixa razão La/Yb) com pouca ou nenhuma anomalia de Eu. As diferenças significativas observadas nestas rochas, principalmente no que se refere aos seus padrões de ETR e ao comportamento de Rb, Ba e Sr, sugerem que as mesmas não estejam ligadas por um único processo evolutivo. Dados obtidos a partir da modelagem geoquímica e de vetores de cristalização sugerem que a evolução dos diques máficos se deu pelo fracionamento de piroxênio e plagioclásio, ao passo que o K-feldspato e biotita são as fases fracionantes no magma félsico. Para a discussão dos processos de geração das rochas intermediárias foi gerado um modelo de mistura binária simples onde os componentes primários seriam os basaltos andesitos (iniciais) e riolitos (finais), onde ficou evidenciado que através da mistura de 60% de magma riolítico com contaminação de 40% de líquidos basálticos, originou-se o líquido dacítico. Já para a origem dos andesitos, seria necessária uma contribuição maior de magma basáltico na mistura (em torno de 60%). Desta forma, estima-se que os diques de composição andesítica são provavelmente gerados por uma mistura homogênea em baixas profundidades da crosta continental (mixing), ao contrário dos dacitos que, provavelmente, são geradas na crosta superior, a uma temperatura mais baixa, proporcionando assim um processo de mistura menos eficiente (mingling). As afinidades observadas entre os diques félsicos estudados e os granitos do tipo-A das regiões de Rio Maria e São Felix do Xingu, demonstram que o magmatismo bimodal da área de Tucumã seja uma clara evidência de que o magmatismo paleoproterozóico da Província Carajás teria sido formado a partir de processos envolvendo a fusão do manto superior e underplating, associado à transtensão da crosta.
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ALDEMIR DE MELO SOTERO
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QUARTZO MAGMÁTICO E HIDROTERMAL DO DEPÓSITO DE
OURO SÃO JORGE, PROVÍNCIA AURÍFERA DO TAPAJÓS-PA:
PETROGRAFIA, MEV-CL E IMPLICAÇÕES METALOGENÉTICAS
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Data: 05/08/2015
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O Depósito São Jorge, localizado no município de Vila Riozinho, Província Aurífera do Tapajós, sudoeste do estado do Pará, está hospedado em rochas monzograníticas com 1,89 Ga, hidrotermalizadas em diferentes intensidades, pertencentes ao Granito São Jorge Jovem (GSJJ). Quatro tipos morfológico-texturais de quartzo (Qz1, Qz2, Qz3 e Qz4) foram identificados através de imagens de microscopia eletrônica de varredura-catodoluminescência (MEV-CL) nas associações minerais propostas por Borges et al. (2009) para a área do depósito de ouro São Jorge. Nas rochas mais preservadas (associação 1 e 2), ricas em anfibólio e biotita, ocorrem cristais anédricos de quartzo magmático, de luminescência moderada a alta (Qz1). Nas rochas alteradas (associações 2 e 3), fluidos pós-magmáticos a hidrotermais que afetaram o granito percolaram fraturas do Qz1 e cristalizaram Qz2 não luminescente (escuro). Nas rochas mais intensamente alteradas (associação 4), sucessivos processos de alteração, dissolução e recristalização deram origem a cristais de quartzo zonados, subédricos (Qz3) e euédricos (Qz4) tipicamente hidrotermais, sendo este último hospedeiro da mineralização aurífera. A evolução textural do quartzo está diretamente relacionada às atividades hidrotermais que afetaram as rochas do GSJJ. Imagens de elétrons retroespalhados (ERE) e análises semiquantitativas por espectroscopia por dispersão de energia (EDS), identificaram duas gerações de ouro: Au1, enriquecido em Ag (4,3 a 23,7%) e incluso ou associado a cristais de Py; Au2, enriquecido em Te (1,1 a 17,2%) e incluso no Qz4. O estudo de cristais de quartzo através de MEV-CL forneceu informações morfológico-texturais importantes para o entendimento dos processos hidrotermais que atuaram na área mineralizada do depósito de ouro São Jorge, podendo esta metodologia ser aplicada em estudos de quartzo de outros depósitos hidrotermais.
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MARIA NATTÂNIA SAMPAIO DOS SANTOS
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GRANODIORITO RIO MARIA E ROCHAS ASSOCIADAS DE OURILÂNDIA DO NORTE – PROVÍNCIA CARAJÁS: GEOLOGIA E AFINIDADES PETROLÓGICAS
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Data: 22/07/2015
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Os granitoides de afinidade sanukitoide da área de Ourilândia do Norte são correlacionados à Suíte mesoarqueana de Rio Maria e ocorrem no extremo norte do Domínio Rio Maria, próximo ao limite com o Domínio meso- a neoarqueno de Carajás. Estes são formados por três grupos principais de rochas: (quartzo) dioritos, quartzo-monzodioritos e granodioritos, com ocorrências subordinadas de tonalitos e monzogranitos. Nestes, a hornblenda e a biotita são as principais fases ferromagnesianas, tendo ainda epidoto como importante fase varietal. Tais granitoides exibem frequentemente enclaves máficos com feições de mingling com a rocha hospedeira. Ocorrem ainda, pequenos corpos intrusivos de composição monzogranítica contendo clinopiroxênio e que não apresentam afinidades geoquímicas com os granitoides de alto-Mg. Ao contrário do que se observam nas rochas do Granodiorito Rio Maria de sua área tipo, aquelas de Ourilândia do Norte apresentam-se afetadas por processos deformacionais, ligados à instalação das extensas zonas de cisalhamento do Cinturão Itacaiúnas. A atuação destas zonas resulta no desenvolvimento de uma foliação penetrativa e microestruturas sob três regimes de recristalização dinâmica: (i) recristalização por bulging (300-400˚C, baixas temperaturas) caracterizada pelo desenvolvimento de bulges e grãos recristalizados nos limites entre grãos ou subordinadamente em microfissuras; (ii) recristalização por rotação de subgrãos (<500˚C, temperaturas intermediárias) observadas a partir da extinção ondulante irregular, germinações afinadas, deformação lamelar, dobramentos, kinks e estruturas núcleomanto; (iii) recristalização por migração de limite de grão (<600˚C, alta temperatura) que ocorre apenas nas rochas cisalhadas e mostram altas proporções de grãos recristalizados com limites de grão, formas e tamanhos irregulares. A maioria destes granitoides pertence à série cálcio-alcalina de médio a alto potássio, são magnesianos e metaluminosos, similar àqueles identificados nas típicas séries sanukitoides. Apresentam trends não colineares a partir das rochas (quartzo) dioríticas em direção aquelas de composição granodiorítica que mostram claramente o fracionamento de anfibólio, clinopiroxênio e subordinadamente biotita e plagioclásio. Nota-se a partir disto, uma correlação negativa nos conteúdos de elementos compatíveis (CaO, Fe2O3 t , MgO, TiO2, Zr, Ni, Cr e #Mg) e um comportamento inverso para os elementos incompatíveis (Ba, Sr) e as razões Rb/Sr e Sr/Ba. O padrão ETR dos granodioritos exibe uma discreta ou ausente anomalia negativa de Eu (Eu/Eu*=0,76-0,97) e moderadas razões (La/Yb)N caracterizadas pelo enriquecimento de ETRL em relação aos ETRP. O padrão côncavo destes últimos sugere para a formação dessas rochas, a participação de um líquido onde a granada e/ou piroxênio foram fases fracionantes para sua geração. Dife- vii rentemente destes, os tonalitos não são empobrecidos em ETRP, e não possuem anomalia de Eu (Eu/Eu*=~0,95), configurando padrões mais horizontalizados. Os enclaves, as rochas (quartzo) dioríticas e os quartzo-monzodioríticas apresentam anomalias negativas à positivas de Eu (Eu/Eu*=0,56-1,71) e baixa razão (La/Yb)N, com padrão horizontalizado, similar ao observado nas rochas intermediárias da Suíte Rio Maria (área tipo). Os monzogranitos contendo clinopiroxênio, por sua vez, mostram caráter ferroso e afinidades com a série toleítica. Seguem trends levemente distintos dos demais granitoides, possuem anomalia negativa de Eu (Eu/Eu*=0,63-0,98) e razões (La/Yb)N levemente fracionadas. As anomalias positivas de Sr, presentes somente nos enclaves e (quartzo) dioritos, são ocasionadas provavelmente através da contaminação do manto, ao passo que as moderadas anomalias negativas de Nb-Ta-Ti estão relacionadas ao fracionamento de anfibólio ou óxido de Fe e Ti. A existência destas anomalias associadas às altas razões (La/Yb)N e Y/Nb sugerem que estas rochas foram geradas em uma zona de subducção a partir de uma fonte mantélica empobrecida e contaminada por fluidos (voláteis) ou melt (magma). A análise da natureza do agente metassomático demonstra que as rochas menos evoluídas teriam sido contaminadas por fluidos, enquanto os granodioritos e afins seriam por melt de composição similar aos TTGs. A atuação diferenciada desses agentes implica em diferentes condições de pressão e temperatura ou até mesmo fontes distintas para geração dessas rochas. Com base nos diferentes conteúdos e razões de ETR dessas rochas, e considerando os dados petrológicos experimentais obtidos para as rochas da Suíte Rio Maria de sua área tipo, estima-se que os enclaves, (quartzo) dioritos e os monzogranitos contendo clinopiroxênio teriam sido gerados em baixas pressões (La/Yb<1,0 GPa) e profundidades (<33,6 Km), com pouca ou nenhuma granada residual, ao passo que os demais granitoide seriam gerados em condições geotérmica maiores (La/Yb=1,0-1,5 GPa; 33,6-50,5 Km) e, portanto, apresentaria proporções variadas de granada residual. Além disso, estes granitoides teriam iniciado sua cristalização em profundidades entre 30,3-20,2 Km e finalizado entre 10,1-6,7 Km. Apesar dos sanukitoides de Ourilândia do Norte mostrar afinidades com os adakitos de alta-sílica e os sanukitoides de baixo-TiO2, sugerindo uma origem através do processo de um único estágio - hibridização direta do manto com o melt de composição TTG -, o modelo fornecido para os sanukitoides de Rio Maria e Karelian demostraram que eles teriam sido produzidos pelo processo de dois estágios - fusão de um manto peridotítico metassomatizado.
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RENATO SOL PAIVA DE MEDEIROS
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DEPÓSITOS CARBONÁTICOS-SILICICLÁSTICOS DA PORÇÃO SUPERIOR DA FORMAÇÃO PIAUÍ, CARBONÍFERO DA BACIA DO PARNAÍBA, REGIÃO DE JOSÉ DE FREITAS-PI
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Data: 22/07/2015
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A borda noroeste do Gondwana, no período Neocarbonífero, foi influenciada por um grande evento transgressivo-regressivo, depositando sequências carbonáticas delgadas, desde Bacias Andinas até porções centro meridionais do paleocontinente, como os limites estratigráficos da Bacia do Parnaíba. O Membro Superior da Formação Piauí na Bacia do Parnaíba, estudado na região de José de Freitas, exibe depósitos carbonáticos ricamente fossilíferos sobrepostos por clinoformas progradantes, definindo a transição de um trato de sistema transgressivo para um trato de sistema de mar alto. A análise de fácies e estratigráfica desta sucessão permitiu a individualização de 17 fácies e microfácies sedimentares agrupadas em 4 associações de fácies (AF): A AF1 – Campo de Dunas / Interdunas - é sotopostas as demais AF e composta por arenitos finos à médios, com grãos bem selecionados e bem arredondados, apresentando estratificações plano-paralelas com alto grau de bioturbação, estratificações cruzadas tabulares e laminação cruzada cavalgante subcrítica transladante. A AF2 – Depósitos de mar raso - é composta por uma planície carbonática com camadas tabulares e contínuas de carbonatos maciços e peloidais fossilíferos intercalados com delgadas lentes de folhelho betuminoso. A AF3 – Frente Deltaica e AF4 – Prodelta, consistem em camadas pelíticas e arenitos finos a médios, arcosianos e quartzo-arenito, marcados por superfícies de exposição subaérea, com gretas de contração, cimentado por carbonatos, dispostos em camadas tabulares contínuas ou na forma de lobos sigmoidais, assim como estruturas de liquefação do tipo load cast e flame, e fluidificação do tipo rompimento de camadas, que deformam os estratos. Os dados faciológicos corroboram com a ideia de que o mar no Pensilvaniano retrogradou até a borda da Bacia do Parnaíba e posteriormente com a Orogenia Apalachiana (300 Ma) o alto do Rio Parnaíba arqueou e retrocedeu a incursão marinha, seguidos de um evento progradacional sobre os depósitos marinhos.
Palavras-chave: Bacia do Parnaíba; Formação Piauí; Carbonato; Pensilvaniano; análise de fácies.
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ANNA ANDRESSA EVANGELISTA NOGUEIRA
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TAXONOMIA, PALEOECOLOGIA E BIOESTRATIGRAFIA (OSTRACODA) DO OLIGO-MIOCENO DA FORMAÇÃO PIRABAS (ESTADO DO PARÁ, BRASIL)
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Data: 14/07/2015
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O limite Oligo-Mioceno é marcado por uma das maiores transgressões marinhas do planeta registrados na Formação Pirabas, uma unidade predominantemente carbonática exposta no litoral Norte do Brasil. A identificação dos ostracodes provenientes de 35 amostras de afloramentos e 22 do testemunho de sondagem FPR-160 Primavera, desta unidade, por meio do estudo comparativo do material tipo das coleções de Bold e Howe, bem como da literatura consultada, permitiu o registro de 36 novas espécies, 12 espécies deixadas em “aff.” e três em “cf.”; 27 espécies comuns ao Neógeno do Caribe; duas espécies reconhecidas para outras áreas e uma já descrita para a unidade em estudo previamente, além de 38 deixadas em nomenclatura aberta, completando um total de 119 espécies. Este extensivo estudo taxonômico proveu de um banco de dados robusto para o refinamento dos estudos paleoambientais, bioestratigráficos e paleogeográficos, além de contribuir com o incremento do registro da paleobiodiversidade dos ostracodes do Neógeno do Norte do Atlântico Sudoeste. A classificação taxonômica dos ostracodes rendeu aproximadamente 23 famílias, 64 gêneros e 119 espécies. A associação de fácies indicam ambientes desde marinho raso plataformal a lagunar, e a variação de salinidade inerente destes ambientes foi indicado por ostracodes dos gêneros Haplocytheridea, Cytheridea, e, principalmente, Perissocytheridea e Cyprideis associados à foraminíferos bentônicos dos gêneros Ammonia e Elphidium. As 27 espécies comuns às unidades do Caribe, mostraram estreita similaridade em comparação com o significativo número de espécies novas registrados para a Formação Pirabas. A irradiação, restrição e extinção da ostracofauna, devido à processos tectônicos e eustáticos nestas regiões, durante o Oligo-Mioceno, proporcionaram um novo arranjo na sua distribuição e, consequentemente das províncias paleobiogeográficas. Desta forma, a ostracofauna da Formação Pirabas insere-se em uma nova subprovíncia que correlaciona-se com as subprovíncias Caribeanas. Ainda, o registro de cinco espécies-guias Glyptobairdia crumena, (N5/N6) e Neocaudites macertus (N4 e N5) inseridos na Zona Globigerinatella insueta e, Porkonyella deformis (N6 a N16), Cytherella stainforthi (N2 a N5) e Quadracythere brachypygaia (N3 a N6) nas Zonas Globigerinoides trilobus, Catapsydrax dissimilis e Catapsydrax stainforthi permitiram estabelecer o intervalo Neooligoceno – Eomioceno para a unidade em apreço. As mais de 100 espécies registradas dentro deste intervalo proporcionaram o reconhecimento de uma Zona Cytherella stainforthi, qual é subdividida em quatro subzonas: Jugosocythereis pannosa, Quadracythere brachypygaia, Glyptobairdia crumena e Pokornyella viii deformis com limites marcados pela primeira e última ocorrência ao longo das sequências estudadas. Este novo biozoneamento, preliminarmente calibrado com as zonas de foraminíferos planctônicos, correspondentes às zonas N3 à N7 de Blow, permitiu estabelecer as idades Chatiano ao Burdigaliano para a Formação Pirabas, e estender as biozonas propostas para a região caribeana através da bioestratigrafia dos ostracodes do Neógeno da região norte do Brasil. Assim, a aplicação do zoneamento com ostracodes deste intervalo é de grande importância para a correlação local, intrabacinal e regional, particularmente onde o controle de foraminíferos, nanofósseis ou palinomorfos é pobre, principalmente devido à característica litorânea dos depósitos da Formação Pirabas.
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ANDRÉ HERON CARVALHO DOS REIS
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FERTILIDADE, CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA,MINERALOGIA E MORFOLOGIA DE CERÂMICAS E SOLOS DE TERRA PRETA ARQUEOLÓGICA DO SAMBAQUI JACAREQUARA (BARCARENA-PA)
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Data: 08/07/2015
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Terra Preta de Índio (TPI) ou Terra Preta Arqueológica (TPA) são solos comumente encontrados nos sítios arqueológicos da Amazônia, sua coloração escura e fertilidade contrasta dos solos adjacentes, geralmente pobres em nutrientes. Sua formação é relacionada ao descarte de matéria orgânica oriunda dos antigos aldeamentos indígenas, além da ocorrência de artefatos líticos, carvões e diversos fragmentos cerâmicos de diferentes estilos e tradições. Pesquisas realizadas no intuito de se avaliar a morfologia do conjunto cerâmico, caracterizações químicas, mineralógicas e a avaliação da fertilidade dos sambaquis ainda são escassas. Tais pesquisas podem contribuir para avançar no conhecimento sobre a formação da TPA, sua fertilidade e ainda elucidar aspectos do modo de vida dos grupos humanos pretéritos. Este trabalho objetivou avançar nesta problemática, ao analisar os fragmentos cerâmicos e solos das camadas arqueoestratigráficas (definidos por atributos culturais e naturais) de TPA provenientes do sambaqui Jacarequara, município de Barcarena, Estado do Pará. As amostras foram submetidas a análises químicas e mineralógicas por ICP-MS, ICPOES, DRX, MEV/EDS, microscopia óptica, avaliação dos parâmetros de fertilidade e análise morfológica (aspectos técnico-estilísticos) da coleção cerâmica do sambaqui. Quanto aos solos, os dados obtidos denunciam elevada fertilidade (V > 87 e SB >10), pH de leve a fortemente básico (6,02-8,25), elevada concentração de P disponível (46,5-818,1 mg/dm3) e soma de bases composta predominantemente por Ca e Mg, retratando a composição química do material carbonático adicionado. Estes valores destacam-se nas camadas intermediárias 2, 3B e 3A com maior disponibilidade P e Ca, enquanto que estes valores diminuem consideravelmente na base do perfil (camada 6). Os solos também são formados predominantemente por SiO2, Al2O3, CaO, Fe2O3, K2O e MgO (85,37 %), refletindo a mineralogia composta por quartzo, calcita, aragonita e caulinita. A concentração de P2O5 é considerada alta (0,99%) porém menor quando comparadas com outros solos de TPA da Amazônia, presente possivelmente em fase amorfa. Quando confrontados com a média crustal, nota-se valores ligeiramente altos de SiO2, CaO, TiO2, P2O5 e MnO. Por sua vez, as cerâmicas mostraram pH básico (7,04-8,00), altos valores de soma e saturação de bases (SB >29,42; V > 94,7) atestando a alta fertilidade destas. O P disponível mostrou menores valores na cerâmica que no solo (12-389,9 mg/dm3) revelando a contribuição dos FCs para a fertilização do solo. 8 A composição química destas é formada predominantemente por SiO2, Al2O3, CaO, Fe2O3, K2O, TiO2 P2O5 (75,33 %). Nos fragmentos cerâmicos a concentração total de P e Ca são maiores que no solo (P 0,75 %; Ca 9 % médias) porém com concentrações de P menores quando comparadas com outras cerâmicas da Amazônia, como do Baixo Amazonas. Mineralogicamente as cerâmicas não diferem do solo, denotando uma origem local para a fonte de matéria-prima. Estas são formadas por fases de quartzo, muscovita, calcita, aragonita, anatásio, além de uma fase amorfa de metacaulinita, o que sugere uma queima superior a 550ºC. Não foram encontradas fases cristalinas relacionadas ao fósforo. Quando confrontados os dados químicos com a morfologia cerâmica, nota-se que fragmentos com maior capacidade volumétrica, granulometria fina e menor concentrações de conchas moídas na argila possuem maior concentração de P (> 0,70 %), indicando uma possível relação entre os materiais usados na confecção da cerâmica, formas de utilização do recipiente e a assinatura química resultante. Morfologicamente, os resultados enquadram a cerâmica na Tradição Regional Mina, contudo variações no padrão decorativo foram encontradas entre os níveis estratigráficos: a base do perfil apresenta uma ocupação em que as cerâmicas têm formas introvertidas, granulometria fina, engobo vermelho e maior diversidade no uso de antiplásticos, enquanto que a partir da camada 3 uma cerâmica caracterizada por conchas de maior granulometria, pratos com decorações plásticas (incisas, entalhados) e fragmentos muito mais fragilizados com ausência de engobo. Assim, conclui-se que os FCs são fundamentais para a manutenção da fertilidade das TPAs e também, que as dissimilaridades entre química, mineralogia, textura e tecnologia da cerâmica de cada camada delimita três fases de ocupação para o sambaqui: na primeira teriam ocupado um promontório de praia próximo ao rio, com uso dos recursos aquáticos em assentamentos temporários; no segundo um uso permanente da área, intensificação da pesca e do descarte de resíduos orgânicos no solo, resultando na TPA, e por último uma ocupação pós-sambaquiera, com menor dependência de recursos aquáticos.
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ANDERSON CONCEICAO MENDES
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FÁCIES E PROVENIÊNCIA DE DEPÓSITOS SILICICLÁSTICOS CRETÁCEOS E NEÓGENOS DA BACIA DO AMAZONAS: IMPLICAÇÕES PARA A HISTÓRIA EVOLUTIVA DO PROTO-AMAZONAS
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Data: 23/06/2015
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Depósitos siliciclásticos expostos principalmente próximo à calha do rio Amazonas e sobrepostos por unidades do Neógeno têm sido atribuídos à idade cretácea e denominados de Formação Alter do Chão. Estudos integrados de sedimentologia, estratigrafia, icnofósseis, petrografia de arenitos e minerais pesados, além de datação por U-Pb de grãos de zircão, permitiram reconstituir o paleoambiente deposicional e inferir as prováveis áreas-fonte destes depósitos cretáceos na Bacia do Amazonas. Estes depósitos registram a evolução de um amplo sistema fluvial ou “Big River” com padrão meandrante na porção centro-oriental da bacia, que variou lateralmente em direção ao oeste, para um estilo anastomosado onde predominava grandes áreas de inundação com proliferação de animais e plantas registrados por uma rica ichnofauna representada por traços de Taenidium, Planolites, Diplocraterion, Beaconites, Thalassinoides, escavações meniscadas de adesão, de insetos e de vertebrados, além de marcas de raízes. A sucessão fluvial consiste em conglomerados, arenitos e pelitos, caolinizados e localmente silicificados, agrupados em oito elementos arquiteturais, Gravel Bar, Sand bedforms, Lateral Accretion Bar, Levee, Channels, Crevasse Splay Lobes, Abandoned Channel Fills e Overbank Fines. O aporte significante de terrígenos foi fornecido por áreas soerguidas adjacentes ao Arco de Gurupá, limite leste da bacia, e idades dos grãos de zircão entre 1.8 a 2.9 Ga, indicam as províncias Maroni-Itacaíunas e Amazônia Central como principais fontes cratonicas de sedimentos. O aporte maciço de sedimentos, refletido na espessura de centenas de metros dos depósitos cretáceos, extensos por milhares de quilômetros, sugere expressivas drenagens provenientes do cráton, alimentando esse “Big River” de direção aproximada leste-oeste. Provavelmente, a configuração do Neocretáceo teria sido similar à encontrada no atual rio Amazonas, porém com migração inversa, em direção ao Oceano Pacífico. A discordância entre a Formação Alter do Chão e os depósitos neógenos atesta um longo período de exposição subaérea na Bacia do Amazonas durante o Paleógeno, coincidente com o desenvolvimento dos perfis laterítico-bauxíticos. As medidas de paleocorrentes mostram uma reversão do fluxo para leste durante o Neógeno. Além disso, idades de grãos de zircão entre 0.5 até 2.7 Ga, comparável àquelas obtidas para os depósitos do Quaternário, indicam fontes cratônicas e principalmente andinas, registrando o início do rio Amazonas. Os resultados obtidos nesta pesquisa, permitiram, pela primeira vez, propor um modelo transcontinental de drenagem para o Neocretáceo, bem como registrar o início de sedimentação do proto-Amazonas durante o Neógeno.
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ISAAC DANIEL RUDNITZKI
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PALEOAMBIENTE E QUIMIOESTRATIGRAFIA DA PORÇÃO SUPERIOR DO GRUPO ARARAS, NEOPROTEROZOICO DA FAIXA PARAGUAI NORTE, ESTADO DO MATO GROSSO
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Data: 22/06/2015
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Na porção central da Plataforma Sul-Americana, ocorre a sucessão sedimentar do Grupo Araras, registro de extensas plataformas carbonáticas do Neoproterozoico, desenvolvida ao longo de uma margem passiva na porção S-SW do Cráton Amazônico. Estas bacias sedimentares foram deformadas na transição do Ediacarano-Cambriano, como resultado de um fechamento oceânico, gerando o cinturão de deformação, a Faixa Paraguai. Enquanto a porção basal do Grupo Araras é reconhecida pelos registros pós-glaciais ligados ao evento Marinoano (~635 Ma), os eventos paleoceanográficos e sedimentares finais que levaram ao desaparecimento da deposição carbonática são, pela primeira vez, discutidos neste trabalho. A porção superior do Grupo Araras, representada pelas formações Serra do Quilombo e Nobres, é considerado o registro da última fase de sedimentação da plataforma carbonática Araras. Estas unidades são recobertas por depósitos siliciclásticos do Grupo Alto Paraguai do Ediacarano Médio, cuja porção basal tem sido supostamente influenciada por processos glaciais ligados ao evento Gaskiers (~580 Ma), documentados apenas na porção leste da Faixa. Os estudos estratigráficos, faciológicos e de isótopos de carbono foram realizados em exposições de rochas carbonáticas nas regiões de Cáceres e Nobres, respectivamente porção oeste e leste da faixa, Estado do Mato Grosso, Brasil. As formações Serra do Quilombo e Nobres representavam um único sistema de rampa carbonática homoclinal composta pelos depósitos de: i) rampa carbonática externa com dolomito fino maciço laminado de offshore; ii) rampa intermediária com dolomito fino maciço, dolomito intraclásticos e arenoso com estratificação cruzada hummocky e swaley, laminação ondulada à plana, dolomito oncolítico com acamamento wavy e dolomito oolítico maciço, representativos da zona de shoreface, complexo de barras oolíticas e zona de foreshore/shallow subtidal; e iii) rampa carbonática/mista interna que consiste em dolomito fino maciço, dolomito intraclástico e arenito dolomítico com acamamento de megaripples, biostromas, chert, moldes de evaporitos, arenito e pelito laminado, depositados em planícies de maré. Estes depósitos se desenvolveram em trato de sistema de mar alto, após o evento de transgressão marinha pós- Marinoana e precedendo a implantação dos depósitos de plataforma siliciclástica do Grupo Alto Paraguai na transição Ediacarano-Cambriano. A assembléia de palinomorfos da Formação Nobres revelou Leiospharidia e raros filamentos de acritarcos acantomorfos como Tanarium, correlatos a biozona ECAP (Ediacaran Complex Acantomorph Palynoflora), o que sugere idade entre 600-550 Ma. A análise estratigráfica de alta frequência indica a força orbital como principal mecanismo para geração de espaço de acomodação e composição dos ix ciclos de perimaré, e secundariamente influenciados pela tectônica. Os padrões de isótopos de carbono em carbonatos (δ13Ccarb) e matéria orgânica (δ13Corg) e a diferença entre a composição de carbono (Δ13Ccarb-org = δ13Ccarb - δ13Corg) associados a baixa concentração de TOC sugerem um oceano predominantemente oxidante em equilíbrio com a atmosfera, com variações mínimas nas condições redox na interface sedimento/água, o que inclui: i) nível anóxico: representado por δ13Ccarb ~0‰ e δ13Corg <-28‰, limitado à interface sedimento/água em zonas distais da rampa externa, associada a diagênese orgânica precoce por atividade quimiosintética; ii) nível oxidante com δ13Ccarb ~0‰ e δ13Corg entre -28 a -25‰ em sistema de mar aberto da rampa externa e rampa intermediária, caracterizados por coluna de água completamente oxidante e produção primária fotossintetizante; iii) nível oxidante com baixo pCO2 associado a sinais positivos de δ13Ccarb (+3‰) e δ13Corg (>-25‰) em águas rasas da rampa intermediária, com alta taxa de precipitação de inorgânica de carbonato; iv) nível oxidante restrito definido por δ13Ccarb negativo (-2‰) e δ13Corg entre -31 to -25‰, exclusivo da zona de rampa interna, associados à produção primária fotossintetizante e re-mineralização de matéria orgânica efetiva durante a diagênese precoce, e guiados pela variação do nível relativo do mar. Desta forma a integração dos dados define o Grupo Araras superior como o registro de uma rampa carbonática com ambientes restritos na zona costeira, desenvolvida em oceanos com coluna da água oxidante, em zona tropical de clima quente com alta taxa de evaporação e biomassa fotossintetizante, durante o Ediacarano Médio. Influências pré-glaciais indicadas por anomalias no ciclo do carbono ou glacio-eustáticas não foram documentadas na porção superior do Grupo Araras. A fase final de sedimentação da plataforma carbonática Araras foi influenciada pelo soerguimento inicial de áreas continentais, responsáveis pelo progressivo influxo de siliciclásticos para zonas costeiras carbonáticas, precedendo a progradação dos sistemas continentais-costeiros do Grupo Alto Paraguai no Ediacarano Médio.
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FLAVIA OLEGARIO PALACIOS
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DOS MINERAIS AOS MATERIAIS DE ARQUITETURA E PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO: EDIFÍCIOS E ORNAMENTOS METÁLICOS DOS SÉCULOS XIX E XX EM BELÉM DO PARÁ
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Data: 16/06/2015
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O uso do ferro na arquitetura intensificou-se a partir da segunda metade do século XVIII na Europa, e sua influência estendeu-se a vários países em crescimento, como o Brasil. Belém (PA) foi uma das cidades que recebeu maior número de edifícios e ornamentos importados nos séculos XIX e XX, provenientes especialmente da Inglaterra, França, Bélgica e Portugal. Atualmente, Belém possui o maior número de representantes do patrimônio arquitetônico em ferro remanescente do país. Apesar de serem testemunhos relevantes de técnicas construtivas, alguns desses edifícios foram desmontados, e permanecem no aguardo de ações de restauro. Além disso, os estudos acerca dessas construções, atualmente, são mais voltados para as características históricas gerais e visuais, sem destaque para o entendimento dos materiais de construção, gerando processos restaurativos empíricos. O conhecimento sobre esses materiais são importantes para o entendimento aprofundado de tipos de ligas metálicas utilizadas, bem como diferentes tipos de fabricação e intemperismo atuantes, visando futuros processos restaurativos com bases científicas. O objetivo principal desse trabalho consiste em compreender os metais em sua diversidade na arquitetura de ferro e sua fabricação, bem como processos de degradação de edifícios e ornamentos metálicos dos séculos XIX e XX em Belém. Dessa forma, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: a) caracterização física, mineralógica e química de ligas e patologias; b) identificação dos diferentes tipos de ligas e formas de produção; c) traçar a evolução da metalurgia importada para a Amazônia. Os exemplares da arquitetura de ferro escolhidos para a pesquisa foram o Mercado de Ferro do Ver-o-Peso, o antigo chalé de ferro da Imprensa Oficial do Estado do Pará, e os ornamentos dos túmulos e mausoléus do Cemitério nossa Senhora da Soledade, em função de sua representatividade frente à procedência e variedade de peças. Os métodos utilizados foram a Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) para a caracterização física e análise química pontual; e Difratometria de Raios-X (DRX) na identificação mineralógica. Os resultados, apresentados na forma de três artigos, indicaram: 1) ligas de ferro compostas majoritariamente por ferrita; 2) variações texturais indicando quatro classificações para o grupo de edifícios: ferro fundido nodular; ferro fundido cinzento tipo E; ferro forjado e ferro fundido cinzento tipo B; 3) três classificações de ferro cinzento para os ornamentos de diversas proveniências, dentre A, B e D; 4) predominância da corrosão como produto da alteração intempérica, constituída principalmente por goethita e hematita; 4) camadas de tinta remanescentes, formadas por zinco metálico, e alterações representadas por zincita e hidrozincita. A partir dos resultados desta pesquisa foi possível identificar os processos de fabricação da arquitetura de ferro, e enriquecer com informações físicas, químicas e mineralógicas a história desta modalidade arquitetônica, bem como subsidiar futuras ações restaurativas. Palavras-chave: Arquitetura de ferro. Ligas metálicas. Produtos de intemperismo. Processos de fabricação históricos.
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JEREMIAS VITORIO PINTO FEITOSA
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ESTUDO DE PROVENIÊNCIA DAS ROCHAS METASSEDIMENTARES DO COMPLEXO CEARÁ, NA REGIÃO DE SOBRAL E ADJACÊNCIAS COM BASE EM DATAÇÃO U-Pb DE ZIRCÃO E IDADES-MODELO Sm-Nd
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Data: 05/06/2015
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A Província Borborema é uma importante província tectônica, com aproximadamente 450.000 km², que ocorre na região nordeste do Brasil, onde estão registrados inúmeros e marcantes processos geológicos que ocorreram na Terra ao longo do tempo. Essa província apresenta grandes semelhanças com províncias existentes no continente africano, como a província Benin/Nigéria. Sucessivos ciclos geológicos estão registrados nos litotipos da Província Borborema, que remontam a uma evolução geológica de grande complexidade iniciada no Arqueano, culminando ao final do Neoproterozóico com a ocorrência de efetivos eventos tectonotermais e magmáticos do chamado Ciclo Brasiliano, que resultou com o fechamento de um domínio oceânico nessa região. O chamado Complexo Tamboril - Santa Quitéria é a unidade mais expressiva desse processo final de colisão continental observado no Domínio Ceará Central da Província Borborema. Ela conta com um razoável conjunto de dados geocronológicos e isotópicos que permitem entender o contexto e a evolução geológica dessa unidade. Entretanto, as rochas metassedimentares que flanqueiam esse Complexo, reunidas no Complexo Ceará, são carentes de estudos e informações que possibilitem a elaboração de modelos geológicos mais refinados para o melhor entendimento do quadro evolutivo desta região. A idade paleoproterozóica sugerida inicialmente para essas rochas metassedimentares do Complexo Ceará está sendo questionada por diversos autores em função do contexto geológico em que elas estão inseridas. Dessa forma, o estudo de proveniência sedimentar aqui proposto, por meio de datação U-Pb em zircão detrítico e de idade-modelo Sm-Nd, visa investigar a idade máxima de deposição dessas rochas metassedimentares, e a provável idade de formação do segmento crustal que originou esses sedimentos. Com isso, pretende-se contribuir para o entendimento do quadro evolutivo e estratigráfico do Domínio Ceará Central. Este trabalho contou com a amostragem de 20 pontos escolhidos na região, sendo feito lâminas delgadas para estudos petrográficos nas amostras não friáveis. Deste total, 6 amostras de quartzito foram coletadas para análise de U-Pb em zircão, e 14 foram feitas análises de idade-modelo Sm-Nd. Essas rochas (amostras) passaram por um minucioso trabalho de preparação para a datação dos grãos detríticos de zircão utilizando o sistema de abrasão a laser acoplado ao espectrômetro de massa com plasma induzido (LA-MC-ICPMS) e determinação de idades-modelo Sm-Nd. As características petrográficas observadas nas amostras do Complexo Ceará coletadas a oeste do Complexo Tamboril Santa-Qutéria (CTSQ), permitem classificá-las como: granada gnaisses a cianita gnaisses, com texturas dominantemente lepidoblástica, e ainda granoblásticas. Além dessas rochas ocorrem silimanita quartzito e muscovita quartzito, com texturas granoblásticas poligonais que correspondem aos litotipos reportados na literatura disponível da região. Na região situada a leste do CTSQ, as rochas estudadas do Complexo Ceará foram granada gnaisses com texturas lepidoblásticas a granoblásticas, além de granada anfibolitos com texturas nematoblásticas principalmente e porfiroblásticas. As idades modelo Sm-Nd entre 2,12 e 2,07 Ga. e valores de ɛNd(2,1Ga) positivos (+3,30 a + 2,60) sugere um forte contribuição de crosta paleoproterozóica para os sedimentos situados a leste do CTSQ. Essa contribuição está também registrada nas rochas metassedimentares situadas a oeste do CTSQQ, no entanto, idade-modelo de 1,66 Ga encontrada em uma rocha indica também uma contribuição de crosta mais jovem. Os dados U-Pb obtidos em quartzitos das rochas do Complexo Ceará, de modo geral, apresentam predominância de zircões de idade paleoproterozóicos com maior frequência no Orosiriano (1800-2050 Ma) e Riaciano (2050-2300 Ma), o que sugere que a(s) principal(ais) fonte(s) de sedimentos para essas rochas é/são de idade paleoproterozóica. No entanto a presença de grãos detríticos de zircão de idade estateriana (1750 ± 50, 1777 ± 58, 1628 ± 53 Ma ) e esteniana (1154 ± 29 Ma) encontradas nas rochas situadas a leste do CTSQ indica a contribuição de rochas mais jovens, de certa forma, corroborando a contribuição de crostas mais jovens para a sucessão sedimentar do Complexo Ceará. A idade de 1154 ± 29 Ma, é um marcador da idade máxima de deposição desses sedimentos, e sugere que o evento de sedimentação pode ter ocorrido no Neoproterozóico como sugerem evidências geológicas e geocronológicas apontadas por outros autores que estudaram essa sucessão em outras regiões do Domínio Ceará Central.
Palavras-chave: Proveniência. Rochas metassedientares. Complexo Ceará. Datação U-Pb em zircão. Idades-modelo Sm-Nd.
A Província Borborema é uma importante província tectônica, com aproximadamente 450.000 km², que ocorre na região nordeste do Brasil, onde estão registrados inúmeros e marcantes processos geológicos que ocorreram na Terra ao longo do tempo. Essa província apresenta grandes semelhanças com províncias existentes no continente africano, como a província Benin/Nigéria. Sucessivos ciclos geológicos estão registrados nos litotipos da Província Borborema, que remontam a uma evolução geológica de grande complexidade iniciada no Arqueano, culminando ao final do Neoproterozóico com a ocorrência de efetivos eventos tectonotermais e magmáticos do chamado Ciclo Brasiliano, que resultou com o fechamento de um domínio oceânico nessa região. O chamado Complexo Tamboril - Santa Quitéria é a unidade mais expressiva desse processo final de colisão continental observado no Domínio Ceará Central da Província Borborema. Ela conta com um razoável conjunto de dados geocronológicos e isotópicos que permitem entender o contexto e a evolução geológica dessa unidade. Entretanto, as rochas metassedimentares que flanqueiam esse Complexo, reunidas no Complexo Ceará, são carentes de estudos e informações que possibilitem a elaboração de modelos geológicos mais refinados para o melhor entendimento do quadro evolutivo desta região. A idade paleoproterozóica sugerida inicialmente para essas rochas metassedimentares do Complexo Ceará está sendo questionada por diversos autores em função do contexto geológico em que elas estão inseridas. Dessa forma, o estudo de proveniência sedimentar aqui proposto, por meio de datação U-Pb em zircão detrítico e de idade-modelo Sm-Nd, visa investigar a idade máxima de deposição dessas rochas metassedimentares, e a provável idade de formação do segmento crustal que originou esses sedimentos. Com isso, pretende-se contribuir para o entendimento do quadro evolutivo e estratigráfico do Domínio Ceará Central. Este trabalho contou com a amostragem de 20 pontos escolhidos na região, sendo feito lâminas delgadas para estudos petrográficos nas amostras não friáveis. Deste total, 6 amostras de quartzito foram coletadas para análise de U-Pb em zircão, e 14 foram feitas análises de idade-modelo Sm-Nd. Essas rochas (amostras) passaram por um minucioso trabalho de preparação para a datação dos grãos detríticos de zircão utilizando o sistema de abrasão a laser acoplado ao espectrômetro de massa com plasma induzido (LA-MC-ICPMS) e determinação de idades-modelo Sm-Nd. As características petrográficas observadas nas amostras do Complexo Ceará coletadas a oeste do Complexo Tamboril Santa-Qutéria (CTSQ), permitem classificá-las como: granada gnaisses a cianita gnaisses, com texturas dominantemente lepidoblástica, e ainda granoblásticas. Além dessas rochas ocorrem silimanita quartzito e muscovita quartzito, com texturas granoblásticas poligonais que correspondem aos litotipos reportados na literatura disponível da região. Na região situada a leste do CTSQ, as rochas estudadas do Complexo Ceará foram granada gnaisses com texturas lepidoblásticas a granoblásticas, além de granada anfibolitos com texturas nematoblásticas principalmente e porfiroblásticas. As idades modelo Sm-Nd entre 2,12 e 2,07 Ga. e valores de ɛNd(2,1Ga) positivos (+3,30 a + 2,60) sugere um forte contribuição de crosta paleoproterozóica para os sedimentos situados a leste do CTSQ. Essa contribuição está também registrada nas rochas metassedimentares situadas a oeste do CTSQQ, no entanto, idade-modelo de 1,66 Ga encontrada em uma rocha indica também uma contribuição de crosta mais jovem. Os dados U-Pb obtidos em quartzitos das rochas do Complexo Ceará, de modo geral, apresentam predominância de zircões de idade paleoproterozóicos com maior frequência no Orosiriano (1800-2050 Ma) e Riaciano (2050-2300 Ma), o que sugere que a(s) principal(ais) fonte(s) de sedimentos para essas rochas é/são de idade paleoproterozóica. No entanto a presença de grãos detríticos de zircão de idade estateriana (1750 ± 50, 1777 ± 58, 1628 ± 53 Ma ) e esteniana (1154 ± 29 Ma) encontradas nas rochas situadas a leste do CTSQ indica a contribuição de rochas mais jovens, de certa forma, corroborando a contribuição de crostas mais jovens para a sucessão sedimentar do Complexo Ceará. A idade de 1154 ± 29 Ma, é um marcador da idade máxima de deposição desses sedimentos, e sugere que o evento de sedimentação pode ter ocorrido no Neoproterozóico como sugerem evidências geológicas e geocronológicas apontadas por outros autores que estudaram essa sucessão em outras regiões do Domínio Ceará Central.
Palavras-chave: Proveniência. Rochas metassedientares. Complexo Ceará. Datação U-Pb em zircão. Idades-modelo Sm-Nd.
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LUISA DIAS BARROS
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CARACTERIZAÇÃ GEOLÓGICA DA SUÍTE OFIOLÍTICA SERRA DO TAPA, SE DO PARÁ – CINTURÃO ARAGUAIA
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Data: 30/04/2015
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No norte do Cinturão Araguaia (CA) ao longo de seu domínio de baixo grau metamórfico, a região conhecida como Serra do Tapa, entre municípios de Sapucaia e Xinguara, SE do Pará expõe um dos maiores corpos ofiolíticos do CA interpretado como fragmento da litosfera oceânica do Neoproterozoico da Bacia Araguaia. A Suíte Ofiolítica Serra do Tapa (SOST), denominada neste trabalho, constitui um conjunto de corpos alongados com extensão de 48 km orientando-se preferencialmente na direção N-S. Representa uma sequência ofiolítica desmembrada que compreende peridotitos serpentinizados, basaltos maciços e almofadados, rochas vulcanossedimentares, formações ferríferas e cherts. Todo esse conjunto encontra-se embutido, por meio de zonas de cavalgamentos, nas rochas metassedimentares de baixo grau metamórfico da Formação Couto Magalhães. Os peridotitos serpentinizados apresentam cor verde escura ou clara, granulação grossa e representam a porção basal da sequência estratigráfica da suíte. Originalmente foram peridotitos, provavelmente do tipo harzburgito e dunitos. Os harzburgitos possuem textura protogranular, com a presença marcante de texturas pseudomórficas do tipo bastite e mesh, em que resultam de transformações do ortopiroxênio; e olivina para lizardita, respectivamente. Os dunitos possuem textura mesh predominante, com a presença de finos grãos de cromita dispersos na matriz de serpentina (lizardita). A unidade vulcânica da suíte é representada por derrames submarinos de basalto maciços e com estruturas de almofadas. Os basaltos ocorrem como derrames homogêneos, maciços e nas porções superiores apresentam marcantes estrutura em almofada, e localmente, brechas de superfície de derrame (hialoclastitos). As almofadas apresentam zoneamento, em que o núcleo é constituído por basalto maciço de cor marrom esverdeada, afanítico, com textura intersertal composta por cristais ripiformes de plagioclásio, clinopiroxênio e vidro vulcânico. Na zona de borda estão presentes basaltos hipovítreos de cor verde amarelada, afaníticos e texturas características de resfriamento ultrarrápido como esferulitos, cristais aciculares e radiais de plagioclásio, além de texturas tipo “rabo de andorinha”. Os hialoclastitos ocorrem na zona mais externa da almofada e representam brechas de superfícies de derrames basálticos. Finalmente, vidro basáltico de cor verde escura constitui a superfície dos derrames (zona interalmofada). A interface vulcanossedimentar da sequência representa a interação entre os derrames basálticos e rochas sedimentares argilosas. O metapelito tufáceo é constituído por uma matriz pelítica com fragmentos líticos de metabasalto estirados e rompidos. A porção sedimentar da Suíte é constituída por formações ferríferas e cherts e representam os registros de sedimentação química em ambiente oceânico marinho profundo, constituindo a porção superior desta suíte ofiolítica. O vii arcabouço tectônico da área é caracterizado como um sistema de cavalgamentos frontal e levemente oblíquo e é a feição estrutural mais expressiva na área com direção preferencial NNW-SSE e mergulhos para E e NE. Outra feição marcante é a presença de zonas de cisalhamento transcorrente sinistrais e destrais de extensões quilométricas com orientação preferencial NE-SW e E-W. Todas as estruturas são truncadas por falhas normais de direção NW-SE. Os efeitos deformacionais e metamórficos sobre as rochas da Suíte e rochas encaixantes são incipientes e suas estruturas e texturas primárias mostram-se preservadas. Nas rochas da Formação Couto Magalhães os indícios do metamorfismo são mais evidentes nas ardósias e filitos (formação de sericita e clorita), nos peridotitos serpentinizados ocorre geração de serpentinas não pseudomórficas sobrepondo-se às pseudomórficas, nos basaltos maciços, a associação metamórfica é definida por Ab+Tr-act+Cl+Ep±Stp; as paragêneses dessas rochas indicam transformação metamórfica na fácies xisto verde baixo. Para os estudos litoquímicos foram priorizadas as porções do núcleo das almofadas, que permaneceram, em muitos casos, protegidas das transformações metassomáticas. Dados divergentes obtidos em algumas amostras podem ser explicados por serem amostras coletadas mais próximas às bordas das almofadas, que sofreram intensas transformação devido ao metamorfismo oceânico. Geoquimicamente, os basaltos revelam natureza subalcalina, toleítica, compatíveis com o tipo MORB. Anomalias negativas de Sr podem indicar retenção de plagioclásio durante os eventos de fusão parcial a partir de fonte mantélica empobrecida. O diagrama ETR mostra comportamentos ligeiramente empobrecidos dos ETR leves e enriquecidos em ETR pesados e suave anomalia de Eu; sendo esse padrão confirmado pelas razões (La/Yb)N e (La/Sm)N <1 também apontam para magmas do tipo N-MORB. A evolução da Suíte está ligada ao desenvolvimento da Bacia Oceânica Araguaia com a geração de uma litosfera oceânica antiga com ascensão e talvez exposição do manto superior; vulcanismo formando o substrato oceânico profundo, e sedimentação (argilito tufáceo, formação ferrífera bandada e cherts). Posteriormente, processos de descolamento do substrato crosta/manto levaram à inversão tectônica da sequência levando a fase tectônica compressional, que levou a obducção dos corpos ofiolíticos, gerando um sistema de cavalgamentos e transcorrências tardias com movimentação em direção ao Cráton Amazônico, segmentando os corpos ofiolíticos e misturando-os às rochas da Formação Couto Magalhães acompanhado de metamorfismo regional na fácies xisto verde baixo.
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ANDRÉ LUIZ VILAÇA DO CARMO
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AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DOS CÁTIONS Na+, Ca2+ E Mg2+ NA DESATIVAÇÃO DE Ca, Mg-BENTONITAS
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Data: 28/04/2015
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No brasil não há ocorrência de bentonitas sódica, por conta disso, as empresas que exploram este insumo mineral recorrem a um processo denominado de ativação sódica, que consiste na troca dos cátions no espaço intercamada por Na+. Através deste processo, as bentonitas apresentam melhoras consideráveis em suas propriedades reológicas. Entretanto, após um determinado período, estas propriedades diminuem, o que vem sendo chamado de desativação. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência dos cátions Na+, Mg2+ e Ca2+, na desativação de bentonitas. Para isso, três argilas bentoníticas consideradas cálcicas, proveniente do estado da Paraíba, e uma magnesiana, oriunda do estado do Maranhão, foram estudados na forma natural, ativada e lavada. As fases mineralógicas das amostras foram identificadas por Difratometria de Raios X (DRX), a composição química por Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometry (ICP-MS) e os cátions presentes na intercamada foram identificados pela análise da Capacidade de Troca Catiônica (CTC). Os ensaios de inchamento foram realizados para o estudo das propriedades reológicas. Os difratogramas revelaram que a esmectita dioctaédrica é a fase mineralógica predominante. Observou-se a melhora dos resultados de inchamento de todas as bentonitas após a ativação sódica, assim como posterior diminuição do valor de inchamento ao longo de 95 dias (desativação). Apenas uma das bentonitas manteve-se ativada. Os resultados de inchamento das amostras que foram lavadas apresentaram aumento durante, aproximadamente, os 35 primeiros dias, com subsequente diminuição. Os resultados da composição química mostraram que uma pequena quantidade de Na+ é retirada das bentonitas lavadas. Além disso, tais resultados indicam que não somente o Na+ influencia no inchamento, mas também os cátions Mg2+ e Ca2. Palavras-chave: Bentonita, Desativação, Lavagem.
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SUZIANNY CRISTINA ARIMATEA SANTOS
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EFEITO DO TEMPO DE SÍNTESE DE ZEÓLITA A A PARTIR DE CAULIM AMAZÔNICO, CONFORMAÇÃO POR EXTRUSÃO E VERIFICAÇÃO DESTA NA EFICIÊNCIA DE ADSOÇÃO DE NH4 +
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Data: 24/04/2015
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O caulim é bastante utilizado na área de materiais (cerâmica, pozolanas, enchimentos e fabricação de tintas) tanto como o rejeito quanto o produto beneficiado. Atualmente a utilização mais explorada vem sendo em síntese de zeólitas, visto que esta apresenta as mais nobres aplicações. As zeólitas são sintetizadas a partir de fontes de silício e alumínio, fato este que justifica a utilização do caulim, pois é formado essencialmente pelo argilomineral caulinita (Al2Si2O5(OH)4). Neste trabalho foi realizada uma comparação do caulim da região do Rio Capim com caulins de referência mineralógica/química e outros caulins amazônicos para verificar se é possível torná-lo um material de referência. A comparação realizou-se através de análise granulométrica, difração de raios X, fluorescência de raios X, microscopia eletrônica de varredura, análise térmica diferencial e espectroscopia de infravermelho e cálculos de cristalinidade. Além disso, o caulim da região do Rio Capim foi utilizado como fonte de silício e alumínio para obtenção de zeólita A, a fim de verificar o efeito do tempo na síntese. Os ensaios foram realizados em tempos de 30 min, 1 h, 2 h e 24 h e estas zeólitas aplicadas em adsorção de amônio. A partir da zeólita sintetizada realizou-se o processo de conformação por extrusão, avaliando vários ligantes (silicato de sódio, bentonita, caulim e CMC) e temperaturas de queima (500, 700 e 800 °C). Posteriormente, estes extrudados foram aplicados, também, em adsorção de amônio para a verificação de sua eficiência. Observou-se que é possível a utilização do caulim do Rio Capim como material de referência mineralógica (de alto grau de ordem estrutural) e/ou química, pois o mesmo mostrou um desempenho próximo ou igual aos caulins de referência comparados nesse trabalho. A zeólita A foi sintetizada a partir de caulim amazônico e este apresentou uma excelente fonte silício e alumínio. Todos os tempos de síntese proporcionaram zeólita A em quantidades zeolítica de ~ 600 g. Todas as zeólitas apresentaram alto grau de ordem estrutural vistas ao DRX e MEV. Verificou-se, ainda, que síntese de zeólita A em tempos de 30 minutos pode ser realizada sem prejuízos na sua aplicação, já que esta apresentou a diferença inferior somente de 3% em eficiência na adsorção comparada com a de 24 h. Os ensaios de conformação por extrusão mostraram-se promissores, dos 10 ensaios realizados 5 foram bem sucedidos com a obtenção de granulados com resistência física. Contudo, apenas os granulados contendo silicato de sódio e CMC como ligantes apresentaram alta eficiência em adsorção de amônio. Com valores de ~ 95,5% de eficiência em 24 horas de contato.
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ISHI MACRIS DE OLIVEIRA RAMALHO
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MORFOLOGIA E COMPOSIÇÃO DE ZIRCÃO DE ROCHAS ÍGNEAS DO TERRENO GRANITO-GREENSTONE DE RIO MARIA, CRÁTON AMAZÔNICO, ATRAVÉS DE MISCROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA CATODOLUMINESCÊNCIA (MEV-CL)
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Data: 22/04/2015
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Cristais de zircão de rochas TTG arqueanas, representadas pelo Tonalito Arco Verde (2,97- 2,93 Ga), Trondhjemito Mogno (2,97-2,96 Ga), Tonalito Mariazinha (2,92 Ga), Trondhjemito Água Fria (2,86 Ga), Granodioritos Rio Maria (2,87 Ga), Trairão e Grotão e Leucogranito Guarantã (2,87 Ga), além do Granito paleoproterozoico São João (1,89 Ga), aflorantes no Terreno Granito-Greenstone de Rio Maria, porção sudeste do Cráton Amazônico, foram estudados por meio de imagens de catodoluminescência (CL) e análises químicas semiquantitativas por EDS (Energy Dispersive Spectroscopy) em um microscópio eletrônico de varredura (MEV). As feições texturais internas observadas por imagens de CL revelaram histórias complexas de cristalização para os cristais de zircão dos diferentes grupos de rochas como, por exemplo, (1) cristais euédricos, fortemente zonados e sem alteração evidente e cristais subédricos a anédricos, fracamente zonados e intensamente alterados; (2) cristais exibindo zoneamento oscilatório bem definido e cristais homogêneos ou com zonas imperceptíveis, denotando mudanças nas condições físico-químicas durante sua cristalização; (3) cristais com núcleos metamíticos enriquecidos em Ca e U e cristais com núcleos luminescentes assemelhando-se a núcleos herdados; (4) cristais de zircão contendo inúmeras inclusões de F-apatita que truncam ou acompanham suas zonas de crescimento, indicando ser a apatita uma fase mineral tão precoce quanto o zircão na história de cristalização de suas rochas hospedeiras; (5) cristais desprovidos de inclusões de F-apatita, o que poderia indicar fonte composicionalmente distinta em relação às rochas com inclusões de apatita; (6) cristais de zircão com bordas mais luminescentes que suas porções internas, sugerindo mudança composicional no final de sua cristalização. Granitoides temporal e geoquimicamente distintos foram caracterizados e individualizados em diagramas geoquímicos específicos com base no conteúdo de Zr, Hf, Y, Nb e Ta de seus zircões. Zircões do granito paleoproterozóico São João apresentaram assinatura geoquímica distinta daqueles das rochas TTG arqueanas, indicando que tais rochas podem ser individualizadas através da composição de seus zircões, mesmo através de análises semiquantitativas de EDS. Estudos de MEV-CL-EDS em cristais de zircão são ferramentas importantes na caracterização de diferentes grupos de rochas ígneas e fornecem informações complementares aos estudos petrológicos.
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ANDRES FELIPE SALAZAR RIOS
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OSTRACODA (CRUSTACEA) DA FORMAÇÃO EL DESCANSO (MIOCENO-PLIOCENO), SUL DO PERU: RECONSTRUÇÃO PALEOAMBIENTAL E EVIDÊNCIAS PALEOCLIMÁTICAS
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Data: 21/04/2015
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A bacia Descanso-Yauri é uma bacia do tipo intra-montanhosa localizada no sul do Peru, entre o Altiplano e a Cordilheira Ocidental dos Andes Centrais, a mais de 4.000 metros de altitude. O preenchimento sedimentar da bacia tem aproximadamente 1.500 m de espessura, com idades desde o Mioceno Inferior até o Plioceno. A análise taxonômica e morfométrica geométrica das populações de ostracodes, até agora desconhecidas do intervalo Mio-Plioceno, e em diferentes seções ao longo desta bacia, permitiu identificar 4 gêneros e 11 espécies: Cyprideis (8 espécies, 4 descritas como novas); Limnocythere (1 espécie?), Alicenula (1 espécie) e Heterocypris (1 espécie). Na seção Norte, a presença de Cyprideis se destaca pela maior abundância e diversidade, representada por espécies endêmicas, se propondo o termo flock de espécies de Cyprideis da Bacia El Descanso. A presença de endemismo em Cyprideis é típico em corpos lacustres estáveis por longo período de existência (ancient lake). A ocorrência de Limnocythere e Alicenula para o topo desta seção pode indicar uma variação na profundidade deste lago. Nas seções centrais e sul, a presença monogenérica de Heterocypris evidencia presença de lagos temporários. A análise de porocanais normais em Cyprideis indica que as condições do ancient lake eram dulcícolas. A possibilidade da relação das mudanças da ostracofauna com as implicações paleogeográficas e/ou paleoclimáticas são discutidas. Pesquisas recentes na bacia, com dados palinológicos e isotópicos, sugerem bruscas mudanças climáticas que tem uma relação direta com o soerguimento do plateau andino Norte (Mioceno Superior-Plioceno). A associação de lagos estáveis e temporários, e, provavelmente a radiação de Cyprideis na bacia, podem estar relacionadas a estas mudanças. A ocorrência do flock de espécies de Cyprideis da Bacia El Descanso coincidente com o declínio do flock da Planície Amazônica Ocidental (Mioceno) parece corresponder a estes eventos tectônicos e climáticos. Palavras chave: Ostracodes; Andes Centrais; radiação de espécies; lago de longa duração.
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DEBORA ALMEIDA FARIA
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PETROGRAFIA, ANÁLISE DEFORMACIONAL E GEOCRONOLOGIA (U-Pb) DOS GNAISSES DO TERRENO PARAGUÁ: PROVÁVEL ARCO VULCÂNICO OROSIRIANO – SW DO CRÁTON AMAZÔNICO
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Data: 16/04/2015
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RESUMO A porção sudoeste do cráton Amazônico é constituída por um amálgamado de terrenos alóctones (Rio Alegre, Jauru, Nova Brasilândia, Paraguá, Alto Guaporé) justapostos ao longo de um largo lapso de tempo que se encerra com a construção do Supercontinente Rodínia. O Terreno Paraguá, conforme definições anteriores corresponde a um fragmento continental paleoproterozoico adicionado à margem do proto-cráton Amazônico durante a Orogenia San Ignácio (1,38 a 1,30 Ga). Inicialmente, recebeu a denominação de Cráton Paraguá, termo aplicado às áreas pré-cambrianas do oriente boliviano que não foram envolvidas pelas faixas móveis grenvilianas Sunsás e Aguapeí. Poucas mudanças foram acrescidas ao empilhamento litoestratigráfico do Terreno Paraguá inicialmente proposto em território boliviano. Nele, três unidades litoestratigráficas definem o embasamento paleoproterozoico, quais sejam: o Complexo Granulítico Lomas Manechis, o Complexo Gnáissico Chiquitania e o Supergrupo Xistos San Ignácio. Granitóides da Suíte/Complexo Pensamiento, com idades variando de 1,3 a 1,38 Ga, se encaixaram no embasamento durante a Orogenia San Ignácio. Em território brasileiro, ortognaisses do Terreno Paraguá foram denominados de Complexo Serra do Baú e os granulitos de origem paraderivada, inseridos no Complexo Metamorfico Ricardo Franco, como correspondentes ao Complexo Granulítico Lomas Manechis. A partir de mapeamento geológico sistemático em escala de semi-detalhe, acrescido dos estudos petrográficos, geoquímicos, geocronológicos (U-Pb), e análise deformacional, este estudo visa corroborar para a compreensão da origem e evolução do Terreno Paraguá, na região de fronteira entre o Brasil e a Bolívia. Dados de campo e petrográficos permitiram a identificação de um pequeno corpo gnáissico de origem paraderivada denominado de Sillimanita-Cordierita Gnaisse. Opticamente é marcado por intensa alteração da cordierita, presença de sillimanita e granada; outros sete corpos gnáissicos de origem ortoderivada também foram identificados e, em sua maioria podem ser definidos como biotita gnaisses. Quimicamente essas rochas constituem uma sequência félsica formada a partir de um magmatismo subalcalino, do tipo cálcio-alcalino variando entre médio e alto potássio, metaluminoso a peraluminoso; geocronologicamente essas rochas apresentam idades de cristais variando entre 1,6 até 1,9 Ga. Já os gnaisses ortoderivados do Complexo Serra do Baú são correlatos ao Complexo Gnáissico Chiquitania,localizado em território boliviano e possívelmente correlatos aos três eventos orogênicos que afetaram o terreno viii são evidenciados pela deformação: a primeira fase de deformação (F1), associada à Orogenia Lomas Manechis, é caracterizada pela geração do bandamento gnáissico (S1) em nível crustal profundo e mostra-se intensamente afetada pela segunda fase de deformação (F2), associada à Orogenia San Ignácio, que provoca a transposição do bandamento (S1), gerando outra foliação denominada (S2), disposta segundo a superfície axial das dobras. A terceira fase de deformação (F3), associada à Orogenia Sunsás é marcada pelo aparecimento da foliação S3, que se caracteriza por transpor localmente as foliações S1 e S2; ela não é penetrativa e associa-se a dobras abertas e suaves (D3). O Terreno Paraguá possívelmente foi aglutinado ao proto-cráton Amazônico durante a Orogenia San Ignácio e seu último evento tectônico, a Orogenia Sunsás, retrabalha fracamente as rochas do Gnaisse Rio Fortuna e demais unidades geológicas do embasamento paleo a mesoproterozoico.
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RAPHAEL NETO ARAUJO
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DEPÓSITOS LACUSTRES RASOS DA FORMAÇÃO PEDRA DE FOGO, PERMIANO DA BACIA DO PARNAÍBA, BRASIL
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Data: 15/04/2015
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A Formação Pedra de Fogo do Permiano, exposta nas bordas leste e oeste Bacia do Parnaíba, norte do Brasil é um dos registros mais importantes do final do Paleozóico, depositado no oeste do Gondwana. Os principais litotipos desta unidade são arenitos, folhelhos, carbonatos e evaporitos, sendo famosa por conter grande quantidade de sílex, além do registro de uma flora permiana bem preservada. Nas últimas décadas do século passado foram feitas diferentes interpretações para o ambiente deposicional da Formação Pedra de Fogo, como transicional/fluvio-deltaico, nerítico raso a litorâneo com planície de sabkha sob influência de tempestade, lagunar/fluvial com contribuição marinha/eólica e marinho raso a restrito, tipo epicontinental. A análise de fácies em afloramentos das porções basal e superior desta unidade envolveu aproximadamente 100 m de espessura da sucessão siliciclástica. Foram individualizadas onze fácies sedimentares, agrupadas em três associações de fácies (AF), representativas de um sistema deposicional lacustre raso com mudflat e rios efêmeros associados. A AF1 é interpretada como depósitos de mudflat, constituídos por argilitos/siltitos laminados, arenitos/pelitos com gretas de contração e arenitos com laminação cruzada, acamamento maciço e com acamamaneto de megamarca ondulada. Nódulos e moldes tipo popcorn silicificados indicam depósitos de evaporitos. Outras feições encontradas são concreções de sílica, tepee silicificados e silcretes. A AF2 é interpretada como depósitos Nearshore lake, constituídos por arenitos finos com laminação plano-paralela, laminação cruzada cavalgante, acamamento maciço e de megamarca ondulada, além de argilito/siltito laminados. A AF3 refere-se a depósitos de wadi/inundito, organizado em ciclos granodecrescente ascendentes métricos, constituídos por conglomerados e arenitos médios a seixosos com acamamento maciço e com estratificação cruzada e argilitos/siltitos com laminação planar a ondulada. Formam depósitos restritos com geometria scour-and-fill, ocorrendo em menor proporção em camadas tabulares. A intercalação de pelitos e arenitos finos a médios com laminação plana a ondulada constituem, em grande parte, o arcabouço principal da Formação Pedra de Fogo. Bioturbações, gretas de contração e diversos tipos de concreções silicosas, assim como dentes de peixes, ostracodes, briozoários e escolecodontes são comuns à sucessão estudada. Restos de vegetais silicificados, classificados preliminarmente como pertencente ao gênero Psaronius, são encontrados in situ, concentrados próximo ao contato superior com a Formação Motuca e constituem excelentes marcadores bioestratigráficos para o topo da Formação Pedra de Fogo. Depósitos mudflat, na base da sucessão Pedra de Fogo, sugerem climas áridos e quentes no Permiano Inferior. O Permiano Médio foi predominantemente semiárido permitindo a proliferação de fauna e flora em regiões úmidas adjacentes ao sistema lacustre. Rios efêmeros ou wadis transportavam restos vegetais e terrígenos para o lago gerando inunditos. Fases de retração e expansão caracterizaram o lago Pedra de Fogo, induzidas pelas modificações climáticas que influenciaram não somente no padrão de sedimentação com também na fossilização dos melhores representantes da fauna e flora do final do Permiano. No Permiano Superior o clima tornou a ser quente e árido como resultado da consolidação do supercontinente Pangeia, favorecendo a deposição de sequencias de red beds da Formação Motuca e desenvolvimento do deserto Sambaíba na passagem para o Triássico.
Palavras-chave: Permiano; Bacia do Parnaíba; Formação Pedra de Fogo; fácies sedimentares; sistema lacustre raso.
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JOANA DARC DA SILVA QUEIROZ
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ASPECTOS GEOLÓGICOS E METALOGENÉTICOS DO DEPÓSITO DE OURO HOSPEDADO EM METACONGLOMERADOS E METARENITOS PALEOPROTEROZOICOS CASTELO DE SONHOS, PROVÍNCIA TAPAJÓS, SUDOESTE DO PARÁ
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Data: 06/04/2015
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Castelo de Sonhos, situado na porção centro-sul do Cráton Amazônico, próximo ao limite entre os domínios Tapajós e Iriri-Xingu, é um depósito aurífero hospedado em metaconglomerados e metarenitos da Formação Castelo dos Sonhos (<2080 Ma U-Pb LAICP- MS). Em furos de sondagem, verificou-se que na área do depósito ocorrem rochas subvulcânicas e granitoides, algumas dessas rochas são intrusivas na Formação Castelo dos Sonhos, enquanto que, para outras, a relação de contato não é clara. De modo geral, essas rochas apresentam afinidade cálcio-alcalina a alcalina e se mostram compatíveis com ambiente de arco vulcânico e pós-colisonal. As rochas subvulcânicas são representadas por um dacito porfirítico com idade de 2011 ± 6 Ma (U-Pb LA-ICP-MS). Os granitoides foram classificados como biotita granodiorito, biotita monzogranito, muscovita monzogranito, respectivamente com idades (U-Pb SHRIMP) de 1976 ± 7 Ma, 1918 ± 9 Ma e 1978 ± 6 Ma, e sienogranito, este não datado. Estas idades de cristalização relacionam a geração dessas rochas a três a quatro eventos magmáticos distintos, que no Domínio Tapajós encontram correspondentes temporais no Complexo Cuiú-Cuiú (2033-2005 Ma), na Formação Comandante Arara (2020-2012 Ma), na Suíte Intrusiva Creporizão (1998-1957 Ma) e na Suíte Intrusiva Tropas (1907-1892 Ma). Apesar da relação temporal, os padrões geoquímicos das rochas estudadas não encontram correspondência direta com as unidades citadas. O fato de a Formação Castelo dos Sonhos ter sido intrudida por rochas temporalmente relacionadas a unidades do Domínio Tapajós pode ser considerada evidência de sua relação temporal e espacial, possivelmente estratigráfica, com esse domínio. A relação de contato intrusivo entre o dacito porfirítico e metarenitos da Formação Castelo dos Sonhos permitiu que fosse determinada em 2011 ± 6 Ma a idade mínima da sedimentação da Formação Castelo dos Sonhos.A mineralização aurífera principal no depósito Castelo de Sonhos está confinada estratigraficamente a um pacote de metaconglomerados e a metarenitos neles intercalados. Dentro desse pacote, a mineralização é errática e não parece seguir feições especiais ou ter controle estrutural. Na matriz dos metaconglomerados, ouro foi identificado no interior de grãos de quartzo (areia média a grossa), provavelmente fragmentos de veios auríferos, e também associado à magnetita. Em geral, as partículas de ouro mostram bordas subarredondadas a arredondadas e superfícies leve a moderadamente rugosas, raramente contendo inclusões, e apenas de magnetita, a composição química é homogênea e mostra altas razões Au/Ag. Essas características indicam origem singenética para o ouro presente nos metaconglomerados, e, assim, a idade da mineralização fica condicionada ao intervalo de viii sedimentação da Formação Castelo dos Sonhos (2011 a ~ 2080 Ma). Por outro lado, a ocorrência de ouro em planos de fratura de metarenitos indica origem epigenética para parte da mineralização no depósito. A mineralização epigenética está relacionada a um encadeamento de processos metamórficos, magmáticos e deformacionais que afetaram a sequência sedimentar da Formação Castelo dos Sonhos e causaram a remobilização do ouro originalmente hospedado nos metaconglomerados. É provável que a interação desses processos, associada à infiltração de águas meteóricas, tenha contribuído para a geração e circulação de fluidos hidrotermais oxidantes que, ao percolarem o pacote de metaconglomerados, foram capazes de solubilizar parte do minério aurífero, levando à reprecipitação do ouro, acompanhado por películas ferruginosas, em planos de fratura dos metarenitos. Propõe-se o modelo de paleoplacer modificado para explicar a natureza híbrida, singenética e epigenética, da mineralização no depósito Castelo de Sonhos. Palavras-chave: Cráton Amazônico; Tapajós; Iriri-Xingu; Rochas Intrusivas; Castelo de Sonhos; Paleoplacer Modificado.
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CARLOS AUGUSTO FERREIRA DA ROCHA JUNIOR
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DESENVOLVIMENTO DE PROCESSO PARA OBTENÇÃO DE ZEÓLITA DO TIPO FAUJASITA A PARTIR DE CAULIM DE ENCHIMENTO, CAULIM DURO E TUBE PRESS: APLICAÇÃO COMO ADSORVENTE
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Data: 31/03/2015
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Com o desenvolvimento tecnológico, vários resíduos, bem como produtos industriais vem sendo transformados em materiais com maior valor agregado. Dentro deste contexto, o resíduo do caulim proveniente do beneficiamento para a cobertura de papel, vem ao longo dos anos sendo empregado como fonte de silício e alumínio na síntese de diferentes tipos de zeólitas (materiais altamente valorizados no mercado mundial) uma vez que se configuram como matérias-primas de baixo custo para este processo. Assim, este trabalho tem como objetivo a síntese de zeólita do tipo faujasita (X e Y) a partir de um resíduo caulinítico, sendo este o caulim duro ou Flint (resíduo da lavra) um semi-produto o caulim tube press e um produto final o caulim de enchimento. Para o processo de zeolitização de cada caulim utilizou-se em um reator químico o produto de calcinação de cada material (metacaulim), metassilicato de sódio, hidróxido de sódio sólido e água destilada, submetido a 110 °C, tempo de reação de 13 h e relações Si/Al de 2, 4 e 6. Os produtos de cada síntese e os caulins de partida foram caracterizados por análises químicas, físicas e mineralógicas os quais foram: difração de raios-x, fluorescência de raios-x, microscopia eletrônica de varredura e análises térmicas. A partir destas análises observou-se que todos os caulins apresentaram a formação de zeólita do tipo faujasita, porém com diferenças nas suas intensidades de pico e associações com outras fases zeolíticas. O caulim duro demonstrou um menor potencial de zeolítização na relação de Si/Al igual a 2, quando comparado com os outros dois materiais de partida, supostamente relacionado ao ferro presente em sua composição. Assim foi feito um processo de remoção deste constituinte, através do método de Mehra e Jackson para verificar uma possível maximização no processo de síntese. Novos resultados indicaram uma completa modificações quanto ao domínio e grau de ordem estrutural da fase faujasita, agora passando para a fase majoritária e havendo um aumento no grau de ordem estrutural. Como nesta condição reacional há um menor consumo e custo de matéria-prima e energia para calcinação, utilizou-se este meio como ponto de partida para um planejamento experimental a fim de avaliar melhores condições reacionais. Neste planejamento variou-se alguns parâmetros de síntese como: temperatura, tempo de reação, relação Si/Al e H2O/Na2O. Os resultados do planejamento estatístico mostraram a formação de faujasita nos 32 pontos de estudo, assim como uma região ótima com 8 pontos do planejamento, na qual esta fase é dominante. Nesta região o ponto 13 (Si/Al igual a 2, 7 h, 120 °C e H2O/Na2O igual a 80) mostrou-se como a melhor condição reacional em relação ao grau de ordem estrutural. A zeólita sintetizada neste ponto, demostrou uma alta capacidade de adsorção de amônio e percentuais próximos a 85 % de eficiência até 60 ppm. O modelo de Langmuir mostrou-se mais adequado que o de Freundlich e Sips no ajuste dos dados experimentais. Os parâmetros termodinâmicos demostraram que a adsorção de NH4+ é um processo espontâneo e exotérmico, na qual a elevação de temperatura de 25 a 60 °C promove uma pequena redução na capacidade adsortiva.
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EDUARDO ARAUJO DE SOUZA LEAO
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ANALISE COMPARATIVA HIDROAMBIENTAL DAS BACIAS DO UNA E DA ESTRADA NOVA, BELÉM-PA E SUAS IMPLICAÇÕES SOCIOECONOMICAS
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Data: 26/03/2015
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Para se avaliar a efetividade das intervenções públicas no que se refere a alterar a dinâmica social e a melhorar a qualidade de vida de uma população é necessário a construção e aplicação de indicadores sociais no monitoramento da gestão pública, principalmente quando se tratam de grandes intervenções ambientais. Por mais que tais indicadores sejam mapeados, na grande maioria dos estudos ambientais onde ocorrem essas intervenções, observa-se que o poder público não tem se dedicado ou não consegue realizar e monitorar, de forma eficiente o comportamento destes indicadores ao longo do tempo. Em Belém, as inundações em áreas urbanas representam um sério problema para grande parte do município, principalmente quando atingem áreas densamente ocupadas, ocasião em que geram prejuízos consideráveis e muitas vezes irreparáveis, com perdas inclusive de vidas humanas. A inundação tem sido um problema frequente nos períodos de chuvas, tanto nas áreas mais antigas e consolidadas da cidade, como nas áreas de expansão urbana, fato esse agravado em função das características geológicas e geomorfológicas das áreas bem como do seu alto índice pluviométrico, pela impermeabilização do solo, ocupação das várzeas e retirada das matas ciliares, o que dificulta a infiltração das águas das chuvas. Em decorrência desses fatores ambientais e da desatenção do poder público em prover equipamentos sociais e intervenções físicas na área da metrópole, as populações que ocupam as partes mais vulneráveis da cidade de Belém, têm no geral, uma baixa qualidade de vida, no que se refere à questão do ambiente em que vivem. Com vistas a avaliar comparativamente duas realidades distintas e analisar se realmente a intervenção pública foi efetiva e eficiente e a partir da mesma incluir, como prática a aplicação de indicadores de qualidade hidro ambientais no monitoramento da gestão pública, utilizou-se como “case” para essa pesquisa a intervenção realizada pelo governo estadual na bacia do Una, onde foi executado a implantação da Macro Drenagem da Bacia Hidrográfica do Una que contemplou os serviços de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais e sistema viário, comparativamente com a intervenção do governo municipal para a bacia hidrográfica da Estrada Nova, em execução, com a implantação dos mesmos serviços. Para desenvolver a pesquisa, o estudo levantou dados e informações obtidas na bacia do Una e projetou cenários futuros para a bacia da Estrada Nova, utilizando os mesmos indicadores. Estes indicadores socioambientais, nesse estudo, ainda foram contemplados e fortalecidos com uma avaliação hidrogeologica das duas bacias, a análise de qualidade das águas superficiais e subterrâneas, a consideração sobre a incidência de doenças de veiculação hídrica, a vulnerabilidade dos vi aquíferos, com o objetivo de avaliar a espacialização de criticidade das bacias e identificar quais regiões precisam de mais atenção ou apresentam os melhores resultados. O estudo demonstrou que as características físicas e socioeconômicas das duas bacias de estudo são similares e que após a intervenção na bacia do Una, nenhum tipo de indicador foi monitorado, com vistas a comprovar a eficiência da intervenção. O estudo ainda apresentou que os indicadores de saúde, ligados a veiculação hídrica (motivo pelo qual também foi feito a intervenção) escolhidos para monitoramento antes e após a intervenção, têm, parcialmente, conexões diretas com a qualidade ambiental da bacia, porém muitos indicadores não puderam ser escolhidos pela inexistência de dados do poder público. A vulnerabilidade do aquífero superior também é preocupante em alguns bairros, na medida em que grande parte da população se abastece deste aquífero, o qual tem sua recarga provida, em boa parte, pelos canais drenantes de Belém, sabidamente detentores de índices de qualidade muito ruins de suas águas, podendo mesmo serem caracterizados como verdadeiros esgotos a céu aberto. Os canais drenantes e igarapés de Belém, são responsáveis assim pelo direcionamento deste excesso de esgoto, para a Baia do Guajará e para o rio Guamá por meio da interligação que têm com esses elementos fisiográficos. Em virtude do município ter grande parte da sua área situada em cotas de até 4 metros, que é também a amplitude média anual das marés regionais, essas áreas estão sujeitas à inundações. Por via de consequência todo o aquífero superior fica vulnerável a infiltração das águas contaminadas dos canais, as quais nos momentos de cheias ficam represadas, aumentando o tempo de residência nos mesmos. A pesquisa ora em apresentação avaliou cenários e indicadores, dessa realidade, deixando em aberto a necessidade de serem construídos e monitorados outros indicadores para que o ato de avaliar a efetividade da intervenção pública possa ser mais consistente. Por fim o estudo também constata que vários indicadores não puderam ser considerados no estudo devido à insuficiência e a qualidade de dados existentes disponibilizados pelo poder público.
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LUCIO CARDOSO DE MEDEIROS FILHO
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INFLUÊNCIA DO RIO AMAZONAS NOS SEDIMENTOS DE FUNDO DO BAIXO RIO TAPAJÓS: EVIDÊNCIAS GEOQUÍMICAS E ISOTÓPICAS (Pb - Sr - Nd)
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Data: 12/03/2015
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Estudos próximo a desembocadura do rio Tapajós, afluente do rio Amazonas, apontaram para a presença de espessos depósitos lamosos desde a foz adentrando a sua montante, que poderiam estar relacionados a uma influência significativa do rio Amazonas como regulador na dinâmica deste seu afluente. Este trabalho teve como objetivo investigar a distribuição geoquímica e as assinaturas isotópicas de Pb-Sr-Nd de sedimentos de fundo como indicadores de mistura e de proveniência, bem como auxiliar no entendimento da hidrodinâmica do baixo curso o rio Tapajós e sua interação com o rio Amazonas. Amostras de sedimentos de fundo foram coletadas no baixo curso do rio Tapajós, compreendendo a zona de confluência com o rio Amazonas, próximo ao município de Santarém. A coleta foi realizada com draga de Petersen, que permitiu uma amostragem de cerca de 10 cm de profundidade, correspondendo a alguns anos de deposição e possibilitando desconsiderar variações sazonais. Foram determinados os padrões texturais e mineralógicos e as composições geoquímicas e assinaturas isotópicas Pb-Sr-Nd, em amostra total dos sedimentos de fundo. As análises granulométricas e mineralógicas foram realizadas por difração a laser e difração de raio-X, respectivamente. A composição química foi determinada por dissolução total com uma combinação multi-ácida de HF-HNO3-HClO4 e HCl. As concentrações de elementos maiores e traços foram determinadas por Espectrometria de massa por Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-MS) em laboratório comercial. As análises isotópicas de Pb, Sr, Nd e Sm seguiram os protocolos analíticos do Laboratório de Geologia Isotópica – Pará-Iso da UFPA sendo realizada uma dissolução total, com mistura HNO3+HF seguida de HCl. A separação química e purificação dos elementos foram realizadas por cromatografia em resinas de troca iônica. As composições isotópicas foram determinadas com um espectrômetro de massa de fonte plasma - ICP-MS Thermo-Finnigan™ modelo Neptune. Os dados texturais dos sedimentos evidenciaram um padrão pouco homogêneo ao longo do curso do rio Tapajós com predomínio de areia fina, mas com presença significativa de amostras silte-argilosas. Os sedimentos dos setores Canal do Tapajós e Alter do Chão evidenciaram presença de caulinita e micas e naqueles dos setores de Santarém e Amazonas observou-se, além desses minerais, a presença de esmectita e feldspato. Elementos maiores e traço apresentaram teores constantes no curso mais alto do canal do rio Tapajós e teores variáveis e mais elevados na região de confluência com o Amazonas. Os teores de Zr e Hf mostraram um padrão linear e decrescente ao longo do rio a partir do alargamento do canal (ria) do rio Tapajós em direção a foz, o que pode estar relacionado à presença de zircão. Amostras do canal do rio Tapajós até o setor de Alter do Chão apresentaram razões isotópicas de Pb (19,67 < 206Pb/204Pb < 20,02; 15,87 <6 207Pb/204Pb < 15,91) distintas daquelas mais baixas encontradas em amostras do rio Amazonas (18,84 < 206Pb/204Pb < 18,94; 207Pb/204Pb 15,67). Valores intermediários foram obtidos para amostras do setor de Santarém (19,02 < 206Pb/204Pb < 19,52; 15,68 < 207Pb/204Pb < 15,83), indicando que o aporte do rio Amazonas se limita à zona de confluência. Os sedimentos de fundo do canal do rio Tapajós apresentaram valores de ƐNd mais negativos (-21 < ƐNd < -19) e razões isotópicas de Sr mais radiogênicas (87Sr/86Sr 0,792), em relação aos sedimentos do rio Amazonas (ƐNd -9 e 0,712 < 87Sr/86Sr < 0,716). Os dados isotópicos de Nd e Sr também sugeriram uma influência do rio Amazonas sobre os sedimentos do rio Tapajós restrita à zona de confluência, no setor de Santarém. As assinaturas geoquímicas evidenciaram um padrão de fontes predominantemente félsicas compatível com a composição das principais unidades geológicas que compõem o substrato proterozoico da bacia de drenagem do rio Tapajós. Os valores de ƐNd e TDM e as razões 87Sr/86Sr do canal do rio Tapajós indicam uma proveniência dos sedimentos essencialmente pela erosão das unidades paleoproterozoicas da Província Tapajós (2,03 a 1,88 Ga) com contribuição de fontes proterozoicas um pouco mais jovens vindo das cabeceiras do rio Tapajós e seus afluentes (Província Rondônia-Juruena, 1,82-1,54 Ga). Por outro lado, Os valores de ƐNd e as razões 87Sr/86Sr dos sedimentos do rio Amazonas na região de confluência indicam uma forte contribuição dos Andes corroborando com dados isotópicos de material em suspensão do rio Solimões. A acumulação de grande quantidade de sedimentos lamosos no canal do Tapajós resulta da influência do rio Amazonas que retém a descarga deste seu afluente gerando condições favoráveis de deposição desses sedimentos mais finos estritamente oriundos do rio Tapajós. Os resultados sugerem que a contribuição do rio Tapajós para os sedimentos de fundo do rio Amazonas é insignificante. O estudo mostrou o potencial das assinaturas isotópicas de Pb, Sr e Nd em sedimentos de fundo para mensurar a influência do rio Amazonas neste seu afluente bem como para evidenciar processos de mistura entre diferentes sistemas fluviais. Palavras-Chave: Sedimentos de Fundo. Isótopos radiogênicos Sr, Pb, Nd. Rio Tapajós. Amazônia.
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PAULO VICTOR MAGNO SILVA
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ESTUDO DA MORFODINÂMICA SAZONAL E QUANTIFICAÇÃO DE TRANSPORTE SEDIMENTAR COSTEIRO NAS PRAIAS DE FORTALEZINHA E PRINCESA, ALGODOAL/MAIANDEUA (NORDESTE DO ESTADO DO PARÁ)
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Data: 02/03/2015
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O entendimento dos processos responsáveis pela morfodinâmica dos ambientes costeiros e de transporte sedimentar costeiro é necessário tendo em vista que tais processos assumem um importante papel na conformação e estabilização do ambiente praial. A zona costeira é uma faixa complexa, dinâmica e instável, na qual está sujeita a contínuas alterações morfodinâmicas geradas por processos meteorológicos (ventos) e hidrodinâmicos (ondas, maré e correntes associadas). Este trabalho mostra a morfodinâmica e quantifica o transporte sedimentar nas praias de macromaré da Princesa e de Fortalezinha, ambas localizadas na costa nordeste do Estado do Pará e inseridas na faixa arenosa da Ilha de Algodoal/Maiandeua (município de Maracanã), no setor costeiro da Costa Atlântica do Salgado Paraense. Foram realizadas duas campanhas de coleta de dados: (i) no período seco (15 - 19/10/2012) e; (ii) chuvoso (13 - 16/03/2013) para analisar a variação morfológica das praias e suas tendências erosivas e/ou de acreção, através de 8 perfis topográficos, sendo 4 em cada praia. Concomitantemente ao levantamento dos perfis, foram realizadas amostragem de sedimentos e medições de parâmetros hidrodinâmicos (ondas e correntes). Para quantificar o transporte de sedimento costeiro foram utilizadas: (1) armadilhas de sedimentos para o transporte eólico em cada perfil e (2) armadilhas na zona de surfe, em três setores distintos das praias para o transporte longitudinal. Estas praias são compostas predominantemente por areia fina e bem selecionadas. As praias exibiram baixa declividade (< 2°) para os dois períodos. No período seco foi possível observar na praia da Princesa um sistema calha-barra bem desenvolvido na zona de intermaré média, característico de praias dissipativas, enquanto que no período chuvoso ocorreu perda de sedimentos nesta zona, permitindo a exposição de um terraço lamoso de paleomangue no setor central. Na praia de Fortalezinha o período chuvoso foi marcado por características erosivas no setor NW, com ausência de calhas e barras, somente o setor SE apresentou características típicas de praias dissipativas. Em geral, as praias da Princesa e Fortalezinha estão submetidas a um regime de macromaré semi-diurna, com ondas dominantes do tipo deslizante de baixo período, com direção NE. A corrente costeira tem direção preferencial de NW, com variações durante o ciclo de maré. Os ventos atuantes têm direção preferencial de E no período menos chuvoso e NE no período chuvoso. Durante o período seco as praias tiveram características de praias intermediárias, com Ω entre 4,322 a 4,579 na praia da Princesa e de 4,074 a 4,668 na Praia de Fortalezinha. No período chuvoso foram caracterizadas como dissipativas, com valores de Ω variando de 5,088 a 6,763 na praia da Princesa e 5,790 a 6,174 na praia de Fortalezinha, tendo apenas o setor NE da praia da Princesa com características intermediárias. A praia da Princesa passou do estado de praia ultradissipativa (7<RTR<15 e 2<Ω<5) (período seco) ao estado dissipativo sem barras (3<RTR<7 e Ω>5) (período chuvoso). Entretanto, a praia de Fortalezinha teve seu estado como intermediário com sistema de calha-barra de baixa-mar (3<RTR<7 e 2<Ω<5), no período seco, e dissipativo e sem barras (3<RTR<7 e Ω>5), no período chuvoso. Nas praias ocorre transporte longitudinal bidirecional, com resultante para NW. A direção da corrente longitudinal e da deriva litorânea é influenciada, respectivamente, pela direção e intensidade dos ventos alísios de NE (período seco) e correntes de maré (período chuvoso). O transporte eólico se dá em função da intensidade e duração dos ventos e principalmente por chuvas, entretanto, no período seco este é elevado, devido aos fortes ventos, e a ausência de chuvas deixa os sedimentos da zona de espraiamento menos coesos e mais fáceis de serem transportados. A dinâmica costeira nas praias é influenciada pelas drenagens adjacentes (rios e canais de maré) principalmente durante a vazante da maré. Durante o período chuvoso, a vazão dos rios Marapanim e Maracanã é alta devido ao aumento das chuvas nas cabeceiras dos rios, que aumenta a exportação de sedimentos continentais (silte e argila) para a região costeira, e são incorporados a deriva litorânea e depositados nas praias durante os momentos de baixa energia, juntamente com os sedimentos arenosos provenientes principalmente da plataforma continental adjacente, através das correntes de maré.
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KAREN MONTEIRO CARMONA
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SÍNTESE DE HIDRÓXIDOS DUPLOS LAMELARES (HDLS)
A PARTIR DO REJEITO DO MINÉRIO DE COBRE DA MINA DO SOSSEGO, PA
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Data: 23/02/2015
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Se inadequada a disposição dos rejeitos da mineração pode causar graves problemas ambientais. O aproveitamento dos rejeitos da mineração é uma solução alternativa capaz de minimizar os impactos ambientais decorrentes dessa atividade e do seu processo produtivo, devido à redução do volume de rejeitos, além dos benefícios financeiros gerados na venda destes materiais como subproduto e matéria-prima para diferentes setores industriais. Esta pesquisa tem como objetivo o aproveitamento do rejeito de cobre da usina de flotação proveniente da cava Sequeirinho da mina do Sossego, situada na Província Mineral de Carajás (PMC), sudeste do Pará, como material de partida nas sínteses de Hidróxidos Duplos Lamelares (HDLs). Os HDLs são argilas aniônicas sintéticas ou naturais que possuem estruturas formadas pelo empilhamento de lamelas octaédricas positivamente carregadas contendo cátions di- e trivalentes em seu interior e hidroxilas nos vértices, com água e ânions ocupando o domínio interlamelar. Podem ser representados genericamente pela fórmula: M2+1-xM3+x(OH)2An-x/n•yH2O, onde M2+ representa um cátion divalente, M3+ um cátion trivalente e An- um ânion intercalado com carga n-. Foram realizados 24 experimentos de sínteses de HDLs pelo método de coprecipitação a pH variável. Como material de partida foi utilizado o rejeito da usina de flotação da cava Sequeirinho. A caracterização dos HDLs foi feita por difratometria de raios X (DRX), análise termogravimétrica (DTA-TGA), espectroscopia vibracional na região do infravermelho (EIV) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Inicialmente, foram feitas 4 sínteses com diferentes razões molares Mg2+/(Mg2++Fe 3+). Estes experimentos tiveram como variáveis pré-estabelecidas: tempo de gotejamento de 4 horas, pH 14, grau de agitação rápido e 5 dias no tratamento hidrotérmico a 80°C. Como resultado houve a formação de Iowaita Mg4Fe(OH)8OCl•xH2O), Nitratina (NaNO3) e Brucita (Mg(OH)2). Para as 20 sínteses restantes, o nitrato de magnésio foi substituído por cloreto de magnésio. As variáveis pré-estabelecidas foramas mesmas dos experimentos anteriores, com exceção do período do tratamento hidrotérmico (15 dias). Foram adotadas as 4 razões molares utilizadas nos experimentos iniciais. Para cada razão foram feitas 5 sínteses, cada qual adotando um valor diferente de pH (10, 11, 12, 13 e 14). Como resultado, houve a formação de Piroaurita (Mg6Fe2CO3(OH)16•4H2O). A maioria dos resultados obtidos apresenta a seguinte paragênese: Piroaurita e Calcita. A caracterização dos novos compostos através da difratometria de raios X permitiu calcular: os valores de espaçamentos basais (d003 = 7,62-7,94 Å); os valores dos parâmetros a=b (entre 3,0797 e 3,1042 Å) e c (entre 22,86 e 23,82 Å); e a espessura do espaçamento interlamelar (2,82-3,14 Å). O pH das sínteses é diretamente proporcional ao ordenamento estrutural. Essa informação foi corroborada pelas micrografias de MEV onde, também foi possível observar o aumento no tamanho dos cristalitos a medida que o pH se torna mais básico. A decomposição térmica da piroaurita sintetizada ocorre em 4 etapas: na primeira e na segunda etapa (25-101°C e 101-197ºC) ocorre à perda da água adsorvida e a eliminação da água de intercalação, respectivamente. Posteriormente, há a descarbonatação (333-357°C), seguida pela desidroxilação (378-395°C). O ânion intercalado na estrutura dos HDLs foi determinado por EIV e corresponde ao carbonato (1363-1377cm-1 e 2339-2362 cm-1).
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