Dissertations/Thesis

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2323
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  • FÁBIO DOS SANTOS PEREIRA
  • EVOLUÇÃO CRUSTAL DO SETOR SUL DA PROVÍNCIA BORBOREMA: DOMÍNIO MACURURÉ, SISTEMA OROGÊNICO SERGIPANO, NORDESTE DO BRASIL

  • Data: Sep 29, 2323
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  • O Sistema Orogênico Sergipano (SOS), localizado no setor sul da Província Borborema, é parte de um extenso orógeno Brasiliano/Pan-Africano estruturado durante a amalgamação do supercontinente Gondwana, que se prolonga pela parte central da África até Camarões. Seis domínios compõem o SOS: Estância, Vaza Barris, Macururé, Marancó, Poço Redondo e Canindé. O Domínio Macururé estende-se por cerca de 350 km desde a costa de Sergipe até a cidade de Macururé na Bahia e compõe-se por uma sequência de quartzitos sobrepostos por um espesso pacote de filitos, xistos, metarritmitos e metagrauvacas, com intercalações de níveis de anfibolitos e rochas calciossilicáticas. Essas rochas foram metamorfizadas em condições das fácies xisto verde a anfibolito e intrudidas por abundantes granitos e rochas máficas. Nesse trabalho, novos dados geoquímicos, geocronológicos U-Pb (zircão e titanita) e isotópicos (RbSr, Sm-Nd e Pb-Pb em rocha total e Lu-Hf em zircão) das principais unidades constituintes do Domínio Macururé permitiram refinar a estratigrafia local e avançar no entendimento sobre as fontes e processos envolvidos na geração das rochas magmáticas. Dados isotópicos U-Pb em zircões detríticos extraídos de quartzitos forneceram dois picos principais entre 1980-1950 e 1000-910 Ma, consistentes com a Orogenia Riaciana (2,2-1,9 Ga) e o evento Cariris Velhos (1,0-0,9 Ga). As idades paleoproterozoicas são similares aquelas observadas no embasamento da Província Borborema, que está representado na área de estudo pelo Domo Jirau do Ponciano e pelo Complexo Arapiraca. Valores negativos a positivos de εHf(t) de -15,6 a +0,5 e idades modelo Hf-TDMC entre 2,5 e 3,5 Ga foram obtidos para os grãos dessa população, sugerindo extensivo retrabalhamento de crosta arqueana durante os períodos Riaciano-Orosiriano. Os grãos de idade cedo neoproterozoica mostram composição de Hf subcondrítica a supercondrítica com valores de εHf(t) entre -12,3 e +7,7 e idades modelo crustais Hf-TDMC de 2,5 a 1,3 Ga, sugerindo adição de material juvenil e retrabalhamento de crostas preexistentes durante o evento Cariris Velhos. Contribuições menos abundantes do Mesoproterozoico (1120- 1040 Ma) e Neoproterozoico tardio (880-740 Ma) sugerem que a deposição dos sedimentos do Domínio Macururé ocorreu antes da Orogenia Brasiliana. Três grupos de rochas magmáticas puderam ser individualizados com base em aspectos de campo, petrográficos e geoquímicos. (i) As rochas plutônicas mais antigas da região são dioritos e gabros, com subordinada ocorrência de hornblenditos cumuláticos. Elas geralmente apresentam foliação tectônica bem desenvolvida, marcada pela orientação de plagioclásio, hornblenda e biotita, bem como evidências de deformação no estado sólido, o que sugere uma colocação em estágio pré- a cedocolisional entre 643 e 628 Ma. Dados geoquímicos de elementos maiores e traços revelam uma natureza magnesiana e afinidade com as suítes cálcio-alcalinas de alto potássio e shoshoníticas. Os espectros de elementos terras raras (ETR) e multielementares mostram enriquecimento em viii ETR leves e elementos litófilos de grande íon (LILE), com importantes anomalias negativas em Ti-Nb-Ta, que são tipicamente associadas a ambientes de subducção. Os dados isotópicos de rocha total indicam uma assinatura evoluída com razões subcondríticas de Nd (εNd(t) = -2,0 a -5,2) e radiogênicas de Sr (87Sr/86Sr(t) = 0,708-0,710) e Pb (206Pb/204Pb = 18,50-19,18; 207Pb/204Pb = 15,69-15,77; 208Pb/204Pb = 38,54-40,04), implicando derivação a partir de uma fonte mantélica enriquecida. As elevadas razões 87Sr/86Sr(t) e Rb/Sr em associação com as baixas razões Sr/Th e Ba/Rb sugerem que o enriquecimento da fonte mantélica ocorreu em resposta a introdução de sedimentos através de processos de subducção, levando a formação de flogopita como principal fase metassomática. Idades modelo Hf-TDMC entre 2,47 e 2,09 Ga sugerem que o enriquecimento do manto litosférico abaixo da Província Borborema Sul ocorreu durante os eventos acrescionários da Orogenia Riaciana. A incorporação de sedimentos pelos peridotitos mantélicos provocou aumento das razões elementares Rb/Sr e (U-Th)/Pb, e diminuição das razões Sm/Nd e Lu/Hf, resultando na assinatura crustal das rochas máficas. (ii) Granodioritos, monzogranitos e sienogranitos leucocráticos com biotita e muscovita ocorrem como stocks e sheets. Essas rochas exibem foliação magmática definida pela orientação de micas e enclaves surmicáceos, que é paralela à xistosidade das encaixantes, sugerindo colocação sincrônica ao evento colisional entre 630 e 624 Ma. Os leucogranitos são metaluminosos a fortemente peraluminosos, de natureza cálcio-alcalina de alto potássio e assinatura magnesiana a ferrosa. Os valores de εNd(t) e idades modelo Nd-TDM sobrepõem aos das rochas encaixantes, sugerindo derivação a partir de protólitos dominantemente sedimentares. (iii) Monzonitos, quartzo-monzonitos, granodioritos e granitos constituem o grupo magmático mais jovem, que apresenta idades de cristalização entre 625 e 603 Ma. Essas rochas são majoritariamente isotrópicas e cortam a foliação regional, indicando uma colocação tardia em relação ao evento colisional. O caráter metaluminoso, magnesiano, filiação cálcioalcalina de alto potássio e shoshonítica são similares as composições de líquidos obtidos em experimentos de fusão de protólitos basálticos moderadamente enriquecidos em elementos incompatíveis. Dados isotópicos Lu-Hf fornecem valores de εHf(t) entre -8,3 a -4,0 e idades modelo Hf-TDMC oscilando de 1,77 a 2,03 Ga, indicando retrabalhamento de crosta continental antiga, possivelmente relacionada ao evento Cariris Velhos. A integração dos dados geoquímicos e isotópicos com aqueles disponíveis na literatura permite inferir que a evolução geodinâmica neoproterozoica do SOS ao longo da margem ocidental do Gondwana pode ser explicada por uma extensão litosférica do embasamento da Província Borborema, seguido por inversão da bacia e colisão continental

2024
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  • LEANDRO FREITAS SEPEDA DA SILVA
  • EVENTOS DIAGENÉTICOS E HIDROTERMAIS DO SUL DO CRÁTON AMAZÔNICO: DESVENDANDO A ORIGEM DAS BRECHAS CARBONÁTICAS E OS PROCESSOS DE DOLOMITIZAÇÃO DA FORMAÇÃO SERRA DO QUILOMBO DO EDIACARANO. SUDESTE DO ESTADO DE MATO GROSSO

  • Data: Apr 1, 2024
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  • O período Ediacarano foi caracterizado pelo estabelecimento de plataformas extensas durante eventos de superssaturação de CaCO3, e pela criação excepcional de espaço de acomodação associado ao final da glaciação Marinoana (~ 635 Ma). Os depósitos carbonáticos no Grupo Araras registram a precipitação do início do período Ediacarano, estágio 1, no Cráton Amazônico. A Formação Serra do Quilombo é uma unidade intermediária e é caracterizada pela ocorrência de dolomitos fortemente fraturados e falhados, além da presença de brechas cimentadas por dolomita (BC) sobrepondo pacotes espessos de calcário associados a modificações diagenéticas
    e hidrotermais, essas evidências introduzem complexidade a esses cenários. A origem desse depósito ainda é incerta, pois os trabalhos concentraram-se principalmente nas questões paleoambientais. Este estudo visa desvendar a origem das brechas cimentadas e os processos diagenéticos/soterramento dentro da unidade, com foco nos processos de dolomitização. As amostras de dolomita foram analisadas usando petrografia, microscopia eletrônica de varredura, microsonda, microscopia Raman, catodoluminescência e análises isotópicas (δ13C, δ18O, 87Sr/86Sr) para desvendar sua história de soterramento. As BCs ocorrem como corpos subverticais
    a sub-horizontais com geometrias complexas, geralmente, cortam em alto ângulo o acamamento que apontam para processos de hidrofraturamento relacionados a fluxos verticais de fluidos hidrotermais (brecha hidráulica), além disso apresentam a textura cockade típica de brechas de expansão em falhas dilatacionais. A assembleia paragenética dessas rochas inclui: dolomita, quartzo, calcita, álcali-feldspato, apatita, pirita, clorita, betume e óxido de ferro; sendo as feições de substituição (RD) e cimentação dolomítica (DC) os principais alvos de analise. A matriz substitutiva quase-micrítica (RD1/RD2) é o principal constituinte da Formação Serra Quilombo, sua baixa correlação entre os valores de δ13C e δ18O (R²=0,009), a fábrica bem preservada e a similaridade com os valores isotópicos (C e Sr) documentados para os carbonatos ediacarano, sugere que a dolomitização desse constituinte ocorreu em condições de soterramento raso e ainda com participação da água do mar. A primeira geração de cimento dolomítico (DC1) e a última fase cimentação dolomítica (dolomita em sela - DC3) ocorrem preenchendo poros, BCs e fraturas. A textura cockade das brechas evidencia uma baixa taxa de precipitação ou uma pausa na precipitação entre DC1 e DC3. Concomitantemente, DC1 tem sinais isotópicos de δ18O = -4.34 ± 1.32‰ (n=18) e 87Sr/86Sr = 0,708831 (n=2), enquanto que DC3 tem valores de δ18O = -9.57 ± 2.51‰ (n=15) e 87Sr/86Sr = 0,711464 (n-3); a grande diferença isotópica entre as duas fases cimentação mostra uma distinção entre os fluidos dolomitizantes. Essa relação mostra um aumento do 87Sr no fluido à medida que a temperatura aumenta, além disso, o enriquecimento em 87Sr do fluido é explicado pela interação desse fluido com rochas do embasamento cristalino. Dessa forma, o conduto principal para a ascensão de fluido radiogênicos seria falhas com raízes profundas, espacialmente próximas de zonas tectonicamente ativas. A ocorrência de BC, essencialmente, na Formação Serra do Quilombo é decorrente do contato calcário-dolomito ser interpretado como facilitador para o desenvolvimento de corredores de fraturas, essas zonas auxiliam na percolação de fluidos hidrotermais. Por fim, entende-se que os condutos com brecha carbonática são posteriores ao evento de silicificação dos evaporitos da Formação Nobres a qual funcionaram como uma rocha selante aos fluídos hidrotermais. A presença de estilólitos tectônicos cortando as brechas cimentadas e as estruturas stratabounds tipo zebra, subverticalizadas é uma indicação de que as BC já estavam formadas durante a instalação das estruturas transtensionais pós-Ordoviciano, que precedeu a instalação das Bacias do
    Paleozoico implantadas na Plataforma Sulamericana.

  • HELMUT SOUSA PIMENTEL
  • ESTUDO ISOTÓPICO DO DEPÓSITO AURÍFERO VOLTA GRANDE, DOMÍNIO BACAJÁ, SUDESTE DO CRÁTON AMAZÔNICO

  • Data: Mar 22, 2024
  • Show resume
  • A área da Volta Grande do Rio Xingu é crucial para o entendimento geológico dos períodos Sideriano e Riaciano do Domínio Bacajá, Província Maroni-Itacaiúnas, Cráton Amazônico, que comporta mineralizações auríferas. O Domínio Bacajá é composto por associações tectônicas com direção NW-SE que comportam fragmentos arqueanos e siderianos retrabalhados essencialmente no Riaciano com expressivo crescimento crustal durante o Ciclo Transamazônico (2,26 a 2,06 Ga). O objetivo desta tese é investigar o ambiente tectônico e discutir a evolução crustal em ambiente de terrenos acrescionários e colisionais continentais. O estudo baseou-se no levantamento de campo, mapeamento geológico-geofísico, petrografia, geoquímica, geocronologia e geoquímica isotópica, tendo sido aplicados os métodos U-Pb e Lu-Hf em zircão via SHRIMP e LA-ICP-MS, U-Pb em titanita via LA-ICP-MS e Sm-Nd em rocha total via TIMS. A integração geológica-geofísica destacou a Zona de Cisalhamento Bacajá de direção NW-SE, com bordas bem delimitadas, com terrenos foliados de altas susceptibilidades magnéticas, que deformou plasticamente os litotipos em seu interior. O estudo petrográfico identificou rochas metavulcanossedimentares da sequência Três Palmeiras, Suíte Intrusiva Oca (composta de granodiorito, quartzo monzodiorito, quartzo monzonito, monzodiorito e diorito), além de granodiorito, monzogranito e sienogranito do Complexo Bacajaí e da Suíte Intrusiva Arapari. A mineralização orogênica hidrotermal zonada de ouro ocorre no contato entre o Grupo Três Palmeiras com a Suíte Intrusiva Oca. A geoquímica das rochas vulcânicas máficas da Formação Itatá (inferior) do Grupo Três Palmeiras é de caráter
    toleítico evoluído em uma dorsal mesoceânica e em arcos de ilha juvenis, enquanto as rochas vulcânicas da Formação Bacajá (superior) estão relacionadas a arcos vulcânicos cálcio-alcalinos em margens continentais ativas de domínio compressional. Distingue-se três grupos de granitoides que representam diferentes fases da evolução magmática e tectônica do Domínio Bacajá no Riaciano, cujos resultados revelaram idades num intervalo de cerca de 110 Ma: granitoides de 2,20-2,17 Ga da Suíte Intrusiva Oca, e 2,17 Ga, sienogranito com biotita do Complexo Bacajaí, além do monzogranito com biotita de 2,09 Ga da Suíte Intrusiva Arapari. A Suíte Intrusiva Oca é composta de rochas intermediárias a ácidas, cálcico a álcali-cálcico, ultramagnesianas a médio magnesianas, metaluminosas a peraluminosas formadas em ambiente de granitos de cordilheira relacionadas a arcos vulcânicos. Os ETR dos granitoides da Suíte Intrusiva Oca mostram forte fracionamento magmático, traduzido pela alta razão (La/Lu)N, e enriquecimento nos elementos Rb, Th e K, e empobrecimento em Ba, Nb, P e Ti, tendo como fonte rochas máficas com alto a baixo teores de K. O Complexo Bacajaí é representado por quartzo monzonito, granito e granodiorito cálcico a álcali-cálcico, médio-magnesianos e peraluminosos, cujas fontes são rocha máficas com baixo-K e alto-K com alguma contribuição de metassedimentos. As rochas da Suíte Intrusiva Arapari são médio-magnesianas, cálcio-álcali a álcali-cálcico e metaluminosas, tendo como fontes rochas máficas com alto-K. Os granitoides sin a tardi-colisionais (Complexo Bacajaí e Suíte Intrusiva Arapari) são ricos em LILE e ETRL, apresentam anomalias negativas de Ni, P e Ti, e depletação em HFSE, típicos de granitos orogênicos de arcos vulcânicos. Em termos de isotópicos. a sequência Três Palmeiras possui Nd-TDM de 2,35 a 2,58 Ga com Nd(t) de -0,41 a +3,20. A Suíte Intrusiva Oca encerra rochas com Nd-TDM entre 2,24 e 3,06 Ga e εNd(t) que variam entre -5,99 e +2,44. As idades de cristalização U-Pb em zircão dessa suíte são: 2203 ± 23 Ma com Hf-TDM C entre 2,4 e 2,8 Ga e ɛHf(2,20Ga) entre -0,45 e +5,24 para o corpo Ouro Verde; 2173 ± 7 Ma com Hf-TDM C entre 2,3 e 2,6 Ga e ɛHf(2,17Ga) entre +2,04 e +7,65, adicionado a uma idade U-Pb 2171 ± 17 Ma em titanita, para o corpo Central, e 2171 ± 13 Ma com Hf-TDM C entre 2,4 e 3,4 Ga e ɛHf(2,17Ga) entre -10,32 e +4,34 para o corpo Buma, com gerações distintas de crosta entre o Mesoarqueano e o Sideriano/Riaciano. O Complexo Bacajaí apresenta idade de cristalização de 2165 ± 10 Ma, Hf-TDM C entre 2,5 e 2,8 Ga e ɛHf(2,16Ga) de -0,35 a +3,04, com fontes mantélicas do Neoarqueano. A Suíte Intrusiva Arapari possui idade de cristalização 2094 ± 13 Ma, Nd-TDM de 2,38 Ga, εNd(2,09Ga) de -1,15, Hf-TDM C entre 2,6 e 2,8 Ga, e o ɛHf(2,09Ga) variando de -2,77 a +1,59, o que indica mistura de fonte mantélica e crustal geradas do Neoarqueano ao Sideriano. A evolução geológica da região estudada é marcada por diversos eventos. No Sideriano, sequências vulcanosedimentares com basaltos toleíticos e andesitos de arco de ilhas foram depositados, seguidas de colocação de granitoides durante a colisão e formação de arco continental composto por dioritos a granitos entre 2,20 e 2,09 Ga. O estágio mais avançado e tardio da orogenia Transamazônica na região da Volta Grande é representado pela colocação granitoides peraluminosos da Suíte Intrusiva Arapari, que encerram a complexa evolução geológica da região. A análise realizada neste estudo destaca a proposta de similaridade fundamentada na similaridade petrográfica, geocronológica e isotópica entre a região da Volta Grande e os domínios Lourenço e Carecuru, localizados no estado do Amapá, na porção nordeste da Província Maroni-Itacaiúnas.

  • PEDRO GUILHERME ASSUNCAO OLIVEIRA
  • PROVENIÊNCIA DO SISTEMA FLUVIOLACUSTRE PÓSORDOVICIANO DA FORMAÇÃO DIAMANTINO: PREENCHIMENTO SEDIMENTAR E ROTA DE SEDIMENTOS

  • Data: Jan 31, 2024
  • Show resume
  • A Formação Diamantino compreende um sistema fluviolacustre que ocorre na região central do Brasil, no sudeste do estado do Mato Grosso. Sua evolução inicialmente foi associada ao Grupo Alto Paraguai na Faixa Paraguai, no contexto de uma bacia foreland. No entanto, a descoberta de icnofácies skolithos na base do Grupo Alto Paraguai propôs um cenário tectônico-estratigráfico fanerozóico para as formações Raizama, Sepotuba e Diamantino. Esta nova interpretação levou ao reposicionamento da Formação Diamantino do Cambriano para o Ordoviciano, embora a paleogeografia associada a essa mudança ainda não tenha sido amplamente discutida. Estudos anteriores sugeriram que os metassedimentos das Faixas Paraguai-Brasília e o Arco Magmático de Goiás foram as principais áreas fontes para essa sedimentação, apoiados por dados de paleocorrentes que indicam uma migração de sedimentos do sudeste para o noroeste. Durante o Ordoviciano, ocorreram extensas zonas de subsidência no Gondwana Oeste relacionadas à orogenia Oclóica, o que possibilitou a implantação dos primeiros sistemas sedimentares da Bacia do Paraná sobre os núcleos das Faixas Paraguai, Brasília e Ribeira. Nesse cenário a presença desses depósitos pode sugerir a coexistência de rotas de sedimentos das unidades do Brasil Central e Formação Diamantino trazendo novas perspectivas para paleogeografia dessa porção do Gondwana Oeste. Nessa dissertação, investigamos a proveniência sedimentar da Formação Diamantino para comparar e reavaliar a caracterização do preenchimento sedimentar e as rotas de sedimentos utilizadas nessa sedimentação. Na construção do trabalho foram estudados cinco perfis estratigráficos, dezessete análises de
    petrografia sedimentar, nove lâmina de minerais pesados, cinco amostras de Samário-Neodímio e duas amostras de Uranio-Chumbo em zircão detrítico. Os dados de petrografia demonstram que as rochas da Formação Diamantino são compostas por areia lito-quartzosa metasiliciclástica. A assembleia de minerais pesados transparentes é composta em sua maioria por minerais pesados ultra estáveis (zircão, turmalina e rutilo, média de 94,5% do índice ZTR). A presença de areia metasiliciclástica e uma assembleia de minerais pesados ultra-estáveis sugere a formação Diamantino apresenta uma história policíclica. Os depósitos basais da Formação Diamantino são constituídos por sedimentos depositados em ambiente lacustre. A idades de proveniência Nd e famílias de zircão detrítico estão restritas respectivamente a 1.63 Ga e idades Mesoproterozicas e Paleoproterozoico. Os depósitos do topo constituem arenitos finos e pelitos depositados em ambiente fluvio-deltaico. As idades de proveniência Nd das amostram variam em torno de 1.3 Ga e apresentam rica contribuição
    de famílias do intervalo Neoproterozoico-Cambriano. A fim de analisar as assinaturas de zircão detritico da Formação Diamantino, foram comparadas 221 idades pertencentes aos zircões da unidade com 5748 idades pertencentes aos orogenos Brasilia e Paraguai e unidades do Ordoviciano-Cretáceo da bacia do Paraná. A aplicação de escalonamento multidimensional em idades de proveniência Nd e zircão detrítico em comparação com as possíveis áreas-fontes sugerem que a sedimentação Diamantino apresenta uma complexa troca de sedimentos durante a expansão da bacia lacustre. A alta razão Q/F, ausência de assembleia ferromagnesiana e as escassez de idades Riacianas nas populações de zircão detrítico enfraquecem a hipótese de influência direta da Faixa Brasilia e Arco Magmático de Goiás. A presença de idades detríticas do limite Cambriano-Ordoviciano (528-485 Ma) demonstram uma série de possíveis protosourcers que não estão em áreas cratônicas do Gondwana Oeste e representam importantes áreas-fontes para o Grupo Rio Ivaí na Bacia do Paraná. A análise multiproxy sugere que a principal rota de sedimentos para Formação Diamantino teve como área-fonte mistura de sedimentos da Faixa Paraguai, Bacia Araras-Alto Paraguai e do norte da Bacia do Paraná. Nesse sentido, os dados publicados nessa dissertação, sugerem que exista uma conexão genética ou erosiva com os depósitos do meio do paleozoico da região Central do Brasil.

2023
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  • BEATRIZ TEIXEIRA GUIMARÃES
  • ESTUDO PALEONTOLÓGICO DO LIMITE OLIGOCENO/MIOCENO NAS FORMAÇÕES ILHA DE SANTANA E PIRABAS
    NAS BACIAS PARÁ-MARANHÃO E BARREIRINHAS NA PLATAFORMA EQUATORIAL NOROESTE DO BRASIL

  • Data: Dec 14, 2023
  • Show resume
  • Afloramentos sedimentares carbonáticos da Formação Pirabas na Plataforma Bragantina, Norte do Brasil, representam a porção exposta de toda a sucessão carbonática na plataforma equatorial marinha de subsuperfície da Formação Ilha de Santana (Cretáceo/Maastrichtiano-Mioceno/Aquitaniano), na Bacia Pará-Maranhão e da Formação Pirabas (Mioceno/Aquitaniano-Serravaliano), na Bacia de Barreirinhas, ambas pertencentes ao Grupo Humberto de Campos. Os depósitos transgressivos, as inundações e o avanço da plataforma carbonática foram investigados através do estudo de afloramentos da Formação Pirabas (localidade tipo na Ilha de Fortaleza, estado do Pará) e do carbonato análogo da seção superior da Formação Ilha de Santana do poço -log 1- MAS-16-MA (510 a 660 metros abaixo do fundo do mar). As análises estratigráficas foram baseadas em petrografia, microCT, assembleias de microfósseis (foraminíferos, ostracodes e briozoários) e espécies-índice (Amphistegina, Archaias, Pyrgo, Quinqueloculina, Pirabasoporella, Nellia, Skylonia e Alpheus), além da abordagem de biofácies. A fronteira entre a Formação Ilha de Santana (Aquitaniano/Burdigaliano na seção 510–660 m de 1-MAS-16-MA) e a Formação Pirabas (Burdigaliano/Serravaliano no afloramento Ilha de Fortaleza) sugere que as fácies sedimentares de águas rasas são semelhantes às depositadas nas bacias marginais, e marca o início do fornecimento de siliciclásticos para a plataforma interna e a redução das fábricas de carbonato de algas coralinas.

  • CAMILA VILAR DE OLIVEIRA
  • PROVENIÊNCIA DOS ARENITOS DO GRUPO CANINDÉ, BACIA CRATÔNICA DO PARNAÍBA, POR TERMOCRONOLOGIA E GEOCRONOLOGIA EM ZIRCÃO DETRÍTICO

  • Data: Nov 27, 2023
  • Show resume
  • Before the most severe Late Paleozoic Ice Age, the Western Gondwana was affected by short-lived glaciations recorded in several intracratonic basins from Northern South America. The Famenian-Tournasian coastal marine successions exposed in the Sulamerican platform represent a window of opportunity to unravel the different source lands using U-Pb ages of detrital zircon grains during the icehouse and greenhouse conditions. The Famenian-Tournasian Cabeças Formation in the intraplate Parnaiba basin, Northern Brazil, represents a glaciomarine system of the ice contact delta developed at the Western Gondwana Margin. Preglacial deltaic deposits indicate two significant U-Pb age peak ranges of 768-448 Ma and 1175-937 Ma, suggesting drainage from the East of Western Gondwana. In contrast, U-Pb age peak ranges of 1998-1731 Ma and 1079-894 Ma show sources from the South supplying the northwestern glacier advance on the coastal-marine settings. During the initial greenhouse phase, the ice-melt deltaic system provided zircon ages of 1093-817 Ma, indicating the retaking of the preglacial source lands. The sampling for age acquisition combined with precise paleoenvironmental interpretation offers, for the first time, high-resolution information that supports a most robust paleogeographic reconstruction of the Western Gondwana during the Late Paleozoic. Additionally, the use of Hf isotope and fission track proxies linked to a systematic morphological description, internal structure, and Th/U ratio applied to Mesoproterozoic-Tonian detrital zircons, focused on the main detrital age spectra of glacial deposits, allowed reveals the discrimination of competing sedimentary source land regions and recognizing detrital contributions from the provenance dynamic of ancient orogenic settings, such as the West Gondwana and Araçuai-West Congo orogens.

    Keywords: detrital zircon; LPIA; U-Pb; Hf isotope; ZTF; Parnaíba basin.

  • RENATO RAFAEL MARTINS FERREIRA
  • TAXONOMIA DO GÊNERO CYPRIDEIS (CRUSTACEA; OSTRACODA), FORMAÇÃO SOLIMÕES (MIOCENO), BACIA DO SOLIMÕES, ESTADO DO AMAZONAS, BRASIL.

  • Data: Nov 26, 2023
  • Show resume
  • Os estudos dos ostracodes do Neógeno do oeste da Amazônia, iniciados em 1979, foram sobretudo de caráter taxonômico, com registro de uma fauna vasta, diversa e endêmica, representada, predominantemente, pelo gênero Cyprideis. Este gênero é eurihalino e capaz de se adaptar às mais diversas condições ambientais, como nível de salinidade da água, temperatura e oxigenação, apresentando elevada plasticidade ecofenotípica. Desta forma, a rápida resposta adaptativa do gênero aos bioeventos, durante a deposição do Sistema Pebas, no Neógeno, na região ocidental da Amazônia, levou ao desenvolvimento de características morfológicas peculiares e de elevada variação intraespecífica, dificultando a diferenciação de espécies do gênero dentro deste sistema. Ainda que diversos autores tenham estudado o gênero Cyprideis do Neógeno da Amazônia Ocidental, o número de espécies ainda é subestimado. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo, fazer o levantamento e o refinamento taxonômico das espécies deste gênero, de diferentes furos de sondagem (1AS-1-AM, 1AS-4-AM, 1AS-8-AM, 1AS-32-AM, 1AS-33-AM e 1AS-36-AM) perfurados na Amazônia ocidental, oeste do estado do Amazonas. Um total de 9353 valvas foram contabilizadas, nas quais foram identificadas 30 espécies e 8 gêneros de ostracodes. Destas, 22 espécies pertencem ao gênero Cyprideis e 8 pertencem à outros gêneros (Cypria aqualica, Cytheridella danielopoli,?Paracypris sp., Pellucistoma curupira, Penthesilenula olivencai, Perissocytheridea acuminata, Perissocytheridea ornellasae e Rhadinocytherura amazonensis). As especies Cyprideis goeldiensis e Cyprideis javariensis são novas e Cyprideis sp. 1 permanece em nomenclatura aberta. Uma nova variação da espécie Cyprideis matorae foi identificada e a espécie Cyprideis santaelenae, originalmente descrita para a Formação Pebas, é aqui registrada pela primeira vez para os estratos da Formação Solimões. A presença de espécies index, permitiu identificar quatro biozonas de ostracodes no testemunho 1AS-32-AM (Zona Cyprideis caraionae, Zona Cyprideis minipunctata, Zona Cyprideis cyrtoma e Zona Cyprideis paralela), compatíveis com a palinozona Grimsdalea, de idades do Mioceno médio ao superior. Uma nova zona de associação ostracodes nomeada Zona de Associação-Cyprideis cyrtoma, foi aqui proposta, a qual possui idade inferida no Tortoniano e registra os picos de abundância e diversidade de espécies, especialmente do gênero Cyprideis, ao longo dos testemunhos estudados aqui e em estudos anteriores. A grande predominância das espécies do gênero Cyprideis no material estudado, além da ocorrência associada de raros gêneros de água doce e marinha, apontam para um ambiente lacustre, semiconfinado, salobro e mesohalino.

  • NAYRA MICHELLY DAS CHAGAS SOUZA
  • GEOQUÍMICA ISOTÓPICA Sr-Nd-Pb NA CAPA CARBONÁTICA MARINOANA DE TANGARÁ DA SERRA - MT

  • Data: Nov 25, 2023
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  • O Neoproterozoico é um período marcado por grandes eventos de mudanças climáticas globais, onde ocorreu a glaciação Marinoana (645 a 635 Ma), na transição do Criogeniano para o Ediacarano. No cenário pós-glacial, capas carbonáticas são encontradas sistematicamente sobre diamictitos tendo sido depositadas imediatamente após esses sedimentos glaciais. As capas carbonáticas existentes em diversas partes do mundo são de
    grande interesse pois fornecem informações sobre condições paleoambientais e paleoclimáticas para a precipitação de carbonatos, podendo-se chegar à composição da água do mar na época da deposição destes, em períodos de grandes perturbações dos oceanos. Na borda sul do Cráton Amazônico, a Formação Mirassol d'Oeste e a Formação Guia constituem a capa carbonática marinoana do Grupo Araras. Na mina Calcário Tangará (Tangará da Serra – MT), essas formações são compostas de depósitos de dolomita de plataforma moderadamente profunda (Formação Mirassol d'Oeste) cobertos por calcários e folhelhos betuminosos de plataforma profunda saturada de CaCO3 (Formação Guia), que se sobrepõem aos diamictitos da Formação Puga. Foram utilizadas onze amostras localizadas na parte média e superior do perfil (de 45m a 65m), com os métodos de geocronologia Pb-Pb por espectrometria de massa ICP-MS Neptune, geoquímica isotópica do Sr por lixiviação sequencial em espectrômetro de massa TIMS MAT-262, e geoquímica isotópica Sm-Nd por dissolução total da fase carbonática em espectrômetro de massa ICP-MS Neptune. Os dados geocronológicos Pb-Pb para a Formação Guia confirmaram a idade Marinoana para deposição da camada carbonática, com 622 ± 30 Ma, a qual se encontra em conformidade com trabalhos anteriores. Em relação às composições isotópicas de Sr na base de tal Formação, estas forneceram razão 87Sr/86Sr de 0,7071 – 0,7073 nos carbonatos, as quais estão dentre os valores mais baixos encontrados no mundo para capas marinoanas. Para a porção superior da Formação Guia, foram encontrados valores mais elevados (0,70702 ± 00014 a 0,70769 ± 000012; 2σ), os quais se encontram em concordância com a base desta Formação e com outras capas carbonáticas marinoanas ao redor do mundo. Globalmente, este aumento abrupto da composição isotópica de Sr é também observado nas diversas capas carbonáticas marinoanas, variando de 0,7070 a 0,7086. As idades-modelo Nd-TDM apresentaram-se entre 1,85 e 2,54 Ga, com valores de ԐNd(635Ma) variando de -11,1 a -4,7, porém sem que haja uma tendência crescente ou decrescente. As metodologias auxiliares consistiram na identificação
    da composição mineralógica, através da petrografia no microscópio óptico para a fase carbonática, da difração de Raios-X para a fase siliciclástica, e da quantificação do material siliciclástico, os quais confirmaram a presença de material terrígeno (quartzo, feldspato e viimica) nos carbonatos da Formação Guia em diferentes proporções nas amostras (de 5,9% a 19,8%). Foram observados também na petrografia alguns aspectos diagenéticos, como dolomitização e substituição dos leques de aragonita por calcita. As variações da composição isotópica de Sr e Nd podem refletir mudança rápida da composição isotópica da água do mar, possivelmente relacionada ao influxo continental, com a incorporação de tais elementos durante a diagênese. As idades-modelo Nd-TDM dos carbonatos da Formação Guia são comparáveis às da crosta continental encontrada em rochas das províncias paleoproterozoicas do Cráton Amazônico, que forma o embasamento do Grupo Araras. Os valores negativos de
    ԐNd(635Ma) provavelmente indicam a presença de Nd de material suspenso transportado do continente para a água do mar de onde precipitaram os carbonatos. Assim como para o Sr, as variações aleatórias de Nd-TDM e ԐNd sugerem mudanças importantes e rápidas na contribuição continental para os oceanos pós-marinoanos.

  • YURY HARRISON DA COSTA REIS
  • GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA U-Pb SHRIMP DOS GRANITOIDES TTG DA ÁREA DE OURILÂNDIA-TUCUMÃ, PROVÍNCIA CARAJÁS – SE DO CRÁTON AMAZÔNICO

  • Data: Nov 17, 2023
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  • The rocks that make up the TTG crust in the northern area of Ourilândia do Norte - Tucumã are predominantly tonalitic and show strong petrographic and geochemical affinities with other TTG occurrences in the Carajás Province, which occur in the Rio Maria Domain and Carajás Domain. The granitoids were differentiated based on the occurrence domains of rocks from the Xingu Complex. They exhibit a varied structural pattern, with a tendency towards N-S and concentric patterns. These granitoids are predominantly composed of tonalites with subordinate trondhjemites and granodiorites. The U-Pb zircon crystallization age obtained from the tonalitic variety was 3.00 Ga. The trondhjemites are characterized by higher sodium concentration (Na2O/K2O ratio between 4.24-7.89) and low content of ferromagnesian elements (6 < FeO* + Mg + TiO2 + MnO < 8), while tonalites show sodium depletion (Na2O/K2O ratio between 1.79- 3.20) and tend to be enriched in ferromagnesian elements (8 < FeO* + Mg + TiO2 + MnO < 13), with some samples falling within the field of hybrid granitoids, and they are also metaperaluminous (A/NK 1.5-2.0; A/CNK ~1). The Archean is characterized by developing thick sequences of greenstone and TTG plutons, forming dome-like structures and ridges in some cratons, such as those reported in the eastern Pilbara (Australia) and Dharwar (India) cratons. In the model adopted for the Ourilândia-Tucumã area, the generation of the initial stages of TTG magma in the Carajás Province sourced from metabasalts of the Tucumã-Gradaús Group's greenstone belt sequence. This occurred in a scenario involving the partial melting of the base of a thickened mafic oceanic protocrust due to interactions between the lithosphere and convective currents in the asthenospheric mantle, resulting in high-ETRP TTG melt. Dispersed crustal drips formed under increasing pressure and temperature conditions in this context. The partial melting of metabasalt within these drips produced felsic melts that intruded the overlying crust, forming low-ETRP TTG. 

  • FRANCISCO ÁUREO NORONHA FILHO
  • VARIAÇÃO SAZONAL ISOTÓPICA DE ESTRÔNCIO E HIDROGEOQUÍMICA DOS SISTEMAS AQUÍFEROS BARREIRAS E MARAJÓ NA BORDA LESTE DA BACIA DO MARAJÓ

  • Data: Nov 13, 2023
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  • The two main aquifer systems used for consumption and supply in the metropolitan region of Belém-PA (RMB) are the Barreiras and Marajó aquifers, previously called Pirabas. Within the regional geological context, the interpretation of the existence of the Eastern Edge of the Marajó Basin and the Marajó Formation in the RMB brought interesting discussions that can contribute to greater detail and understanding of the local hydrogeology. As well as assisting in the interpretation and integration of similar works previously developed. Since previous work has demonstrated distinct behaviors of strontium isotopic geochemistry. In this way, this work addresses this topic by bringing together previous and current information and discussing new propositions. To this end, hydrogeochemical characterization and isotopic geochemical charact erization of strontium were carried out in the Barreiras and Marajó aquifers in the municipalities of Benevides, Marituba and Santa Izabel. The main objective was to understand the seasonal dynamics of interaction between the Barreiras and Marajó aquifer systems, identifying the meteoric water recharge processes and the mixing proportions between the Barreiras and Marajó aquifers. Groundwater samples were collected in 15 wells, 09 from the Barreiras aquifer and 06 from the Marajó aquifer in the municipalities of Marituba, Benevides and Santa Izabel do Pará in the RMB. Sampling took place during 2013, bimonthly, covering the annual hydrological cycle and the seasonality of the rainiest (December-May) and least rainy (June-November) periods. The analyzes of the 87Sr/86Sr isotopic ratio in groundwater samples were carried out at the Isotopic Geology Laboratory of the Institute of Geosciences (PARÁ-ISO) using the High Resolution Multicollector Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometer (MC-ICP-MS, Neptune) according to the methodology proposed by Bordalo et al. (2007). The hydrochemical analyzes were reproduced according to the APHA (1995) and ANA (2011) methodologies in the Hydrochemistry Laboratory of the Institute of Geosciences. For total iron, the determination was through spectrophotometry. The Grasshoff method (1964) was used to analyze silica. Using liquid chromatography, the main cations (Na+, K+ , Mg2+ e Ca2+) and anions (Cl–,HCO3 -, NO3 – e SO4 2–) were determined using the DIONEX DX-120 ion chromatograph. The Barreiras aquifer presented high concentrations of nitrate associated with free aquifers, acidic pH and sodium chloride facies with an 87Sr/86Sr isotopic ratio that is more radiogenic in the less rainy period, similar to continental rocks and less radiogenic, similar to meteoric waters in the rainier period, suggesting the influence of the processes recharge. The Marajó aquifer presented confined behavior, neutral pH and calcium bicarbonate facies with some differences in the ion signature compared to the Pirabas aquifer. The 87Sr/86Sr ratios of the Marajó aquifer were less radiogenic and similar to carbonate macrofossils. It also showed small variations in isotopic ratios in both seasonal periods, which suggest a greater mixing ratio with the Barreiras aquifer in the rainiest period. The modeling results estimate that there is a greater contribution of meteoric water in the rainiest period in the Barreiras aquifer. Just as there is a greater proportion of mixing with the Barreiras aquifer in the Marajó aquifer in the rainiest period. The use of strontium isotopic geochemistry and the 87Sr/86Sr ratio associated with hydrogeochemistry for water mixing modeling proved to be an effective tool by presenting results that agree with each other. 

  • AUGUSTO DE FARIAS SILVA RENTE
  • DISTRIBUIÇÃO, COMPORTAMENTO E DEFINIÇÃO DE VALORES DE BACKGROUND DO MERCÚRIO EM SEDIMENTOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAPAJÓS, PARÁ, BRASIL.

  • Data: Oct 24, 2023
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  • O mapeamento geoquímico e a determinação do background, ajudam a identificar anomalias no ambiente e distinguir fontes naturais ou antrópicas. O mercúrio (Hg) é um elemento preocupante por ser conservativo, podendo bioacumular e biomagnificar. Na bacia do rio Tapajós, os garimpos aplicam o Hg na recuperação do ouro, esse Hg pode ser liberado para o ambiente juntamente com o Hg do solo, resultando em áreas contaminadas, associadas a supressão da florestal, expondo os solos à erosão. No estudo, realizado, foram coletadas e analisadas pelo SGB/CPRM, em 2005/2006, 343 amostras de sedimentos de rios, com uma densidade amostral de 1/135 Km². O teor de Hg nas amostras foi analisado por ICP-OES com gerador de hidretos. Os valores de Hg variaram de 0,01 a 4,46 mg.kg-1, e o background geoquímico estabelecido para a área foi de 0,48 mg.kg-1, próximo ao nível de efeito provável, 0,486 mg.kg-1. Ao se classificar as amostras por litologias, a saber, granitoides alcalinos, granitoides cálcio alcalinos, rochas sedimentares e gnaisses e rochas vulcânicas, o mMAD mostrou os respectivos resultados, 0,69; 10,19; 0,03 e 0,77 mg.kg-1 para os limiares superiores e 0,01, 0,00, 0,02 e 0,00 mg.kg-1para o limiar inferio. A classificação uso e ocupação, a saber, Pastagem e Floresta apresentaram   valores de mMAD de 6,10 e 0,10 mg.kg-1 respectivamente para os limiares superiores e 0,00 e 0,01 para os limiares inferiores. Ressalta-se que tal cálculo para a área de garimpos não pode ser realizado devido a porcentagem significativamente baixa de amostras a cima do limite de detecção inferior do método analítico, sugerindo altas concentrações de Hg somente em amostras pontuais.  O Fator de Enriquecimento (FE) revelou um aumento significativo de mercúrio (Hg) em áreas com maior influência humana nos mapas de interpolação, identificando os oxi-hidróxidos de ferro-manganês e argilominerais como os principais componentes responsáveis pela adsorção de Hg. Os Mapas de Fator de Contaminação (FC) identificaram como contaminada as mesmas áreas que o FE apontou como enriquecidas. A região estudada é naturalmente enriquecida em Hg em relação a outros biomas, devido aos fatores: 1° geogênico, associado a erosão das rochas e o processo de intemperismo tropical, que leva à formação de duricrust e solo laterítico, fazendo com que o Hg se acumule de forma eficiente no solo; 2° o fator antrópico local, atuando na degradação do solo promovendo a conversão de florestas em pastagens e áreas de garimpo, remobilizando e dispersando o Hg. Considerando a escala de abordagem deste trabalho foi verificado maior impacto relacionado a mudança de uso do solo.  Sugere-se uma abordam mais detalhado como maior número de amostras em escala cartográfica maior para definir impactos locais.

  • FERNANDA BATISTA FERREIRA
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  • Data: Oct 16, 2023
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  • Using the Lu-Hf isotopic signature in zircon of known U-Pb age allows the characterization of the magma that crystallizes this mineral. Thus, it is a potential tool for sedimentary provenance investigation. The application of this method in provenance studies was tested using detrital zircons from sandstones of the Igarapé de Areia Formation, occurring in the São Luís Cratonic Fragment (SLCF) and the Gurupi Belt (GB) in the Gurupi region, NE of Pará an NW Maranhão. Most zircon grains of the sandstone have Rhyacian age, which allows for evaluating the applicability of the Lu-Hf isotopic system for provenance studies. The morphological analyses of these zircon grains indicate a magmatic origin. The U-Pb data yield Ryancian (2051 to 2256 Ma) and Orosirian (1912 to 2049 Ma) ages. These ages are compatible with the timing of the orogenic event that formed the SLCF. The Bom Jesus Granodiorite, a large granitoid from the Intrusive Tromaí Suite of the SLCF, is representative of the Paleoproterozoic calc-alkaline magmatic event and has a U-Pb zircon concordant age of 2149±5.4 Ma. The Lu-Hf isotopic signatures of the zircons of both tonalite and sandstone are similar, with ƐHf(t) ranging from 0.65 to 6.82 and from 1.84 to 6.07, respectively. Furthermore, the zircon model ages show similar results, with Hf-TDMC from 2.36 to 2.53 Ga for the Igarapé de Areia Formation and from 2.28 to 2.67 Ga for Intrusive Tromaí Suite, indicating a source area for the sandstone made up by juvenile Paleoproterozoic crust. These results support the hypothesis that the sedimentary sources of the sandstone were the rocks located in the SLCF and GB and their Birimian equivalents in the West African Craton (WAC). The lithological and geochronological similarity of the Paleoproterozoic rocks of the Gurupi region with rock units from the Baoulé-Mossi Domain from WAC is well established. In turn, Neoarchean Hf-TDMC model ages may indicate a small contribution from the Archean crust, which is recorded more clearly in the rocks of the Baoulé-Mossi Domain. This contamination process may have occurred during the subduction and melting of sediments from the Archean crust or by incorporating a Paleoproterozoic Island arc into Archean terranes. The Lu-Hf isotope system has proved to be a handy tool for investigating sedimentary provenance.

    Keywords: U-Pb zircon geochronology; Lu-Hf isotopic system in zircon; São Luís Cratonic Fragment; Gurupi Belt; West African Craton; Intrusive Tromaí Suite; Igarapé de Areia Formation; sedimentary provenance.

  • IZABELLE CAROLINE GOES SERRAO
  • FORÇANTES NATURAIS E ANTRÓPICAS SOBRE OS MANGUEZAIS DE SALINÓPOLIS-PARÁ

  • Data: Oct 5, 2023
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  • Mangroves stand out for their resilience and important role in environmental balance. Still, globally, mangrove areas have suffered losses of around 35% between 1980 and 2000, caused by changes in salinity gradients, wave and current action, relative sea level changes and urban expansion. The Brazilian coastal zone is distributed in 395 municipalities, among them Salinópolis, located on the Paraense coast, with a wide occurrence of mangroves that have also presented degradation. A spatial-temporal analysis based on Landsat, Quickbird and drone images was used to investigate the main forces driving the natural and anthropogenic mangrove dynamics in Salinópolis. These data allowed for individualizing the vegetation and geomorphology units between 2009 and 2019. An aerial photogrammetric survey based on drone data between Feb / 2019 and Sep / 2019 enabled the identification of changes in the topography of the tidal flats and cliffs. These data indicated an increase in mangrove areas of around 104 ha between 2009 and 2017 in the study area. However, there was a loss of this forest of approximately 52.3 ha between 2017 and 2019, when there was an increase in unregulated urbanization of coastal areas. The area comprising the so-called “Praia do Maçarico” presented losses of mangroves of around 15.2 and 28.8 ha in 2010 - 2017 and 2017 – 2019 periods, respectively. In the Atalaia area, there was a loss of about 23.5 ha between 2017 and 2019. The expansion of the mangroves occurred over higher coastal plains (~2.8 m above mean sea level), distant from human intervention, and probably caused by a relative sea level rise. However, the retraction of mangrove areas occurred mainly due to unregulated urban expansion over the higher tidal flats. In addition, the spatio-temporal analysis indicated erosion on the Maçarico cliff, with a retreat from the top of the cliff of up to 20 m between Feb / 2019 and Sep / 2019. In the year 2022 there were urban infrastructure works in this area with new sediment input to try to stabilize the cliff. It should be highlighted that the eroded material from the cliff caused an increase of up to 1 m on the tidal flat near the base of the cliff, where some mangroves occur, causing the burial of their roots and the death of these trees. The data showed that interventions on the coast with mangroves have caused losses in these forest areas that tend to migrate to topographically higher sectors due to the relative sea level rise, characterizing a conflict between the current expansion trend of this ecosystem and anthropogenic interventions on the coast. The coast of Salinópolis, with a vulnerability degree between very high (4,6) and high (3,6) requires the inclusion of projects with a quali-quantitative analysis of the interaction of the main coastal characteristics (e.g. geomorphology, topographic gradients of the coast, tidal range, vegetation, angle and speed of currents and surface runoff) before implementing works on the Salinópolis coast.

    Keywords: remote sensing; mangrove; population expansion; Salinópolis; Amazon; Northeastern Pará.

  • REBECA SOARES CASTANHO
  • UMA ANÁLISE DE CLUSTER VIA CITESPACE A ROPÓSITO DA ESPECTROMETRIA WDXRF PARA GEOCIENTISTAS(2001-2021)

  • Data: Aug 17, 2023
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  • O presente estudo bibliométrico trata acerca da espectrometria de fluorescência de raios-X por dispersão de comprimento de onda (Wavelength Dispersive X-Ray Fluorescence, WDXRF) aplicada à análise geoquímica a fim de avaliar as tendências científicas ao longo de um recorte temporal de vinte anos – entre 2001 e 2021 – usando o software acadêmico e gratuito CiteSpace. Foram recolhidos 941 artigos científicos internacionais envolvendo WDXRF na plataforma Web of Science (WoS) a partir das expressões “wdxrf” ou “wavelength dispersive x-ray fluorescence”. A avaliação dos dados ocorreu em duas partes: na primeira, buscou-se compreender e interpretar os aspectos quantitativos da produção científica relacionada à técnica e, na segunda parte, realizou-se uma análise de coocorrência de palavras-chaves dos trabalhos recuperados. Apesar das flutuações, houve um aumento constante do número de artigos relacionados a essa espectrometria, sendo 2020 o ano de maior produtividade da série histórica (105 publicações). Os Estados Unidos da América são líderes na classificação por países (110 artigos), contudo, a distribuição relativamente homogênea desses estudos revela que a WDXRF é uma técnica bastante difundida no mundo. O Brasil está entre os dez países mais influentes da área, ocupando a oitava posição com 59 publicações. O periódico X-Ray Spectrometry, que conta com 82 artigos, predomina a divulgação sobre esta técnica analítica. No total, foram encontradas 569 palavras-chave conectadas por 2002 ligações de coocorrência, destacando-se o termo trace element (“elemento traço”), que denota um interesse solidificado, mas sempre em voga, em relação ao uso da WDXRF para este nível de análise química. Por outro lado, nanoparticle (“nanopartícula”) é a palavra-chave de maior explosão de citações nestas duas décadas, especialmente entre os anos de 2015 e 2021, trazendo à luz uma tendência mais atual à caracterização elementar de compostos nanoestruturados. O programa CiteSpace identificou 13 grupos temáticos, sendo cinco os mais notáveis no emprego da instrumentação: caracterização de nanomateriais (cluster #0); análise de metais pesados em nível traço (cluster #1); especiação química (cluster #2); análise de materiais particulados em filtros (cluster #5) e proveniência de cerâmicas históricas (cluster #6). Em suma, pôde-se concluir que a química dos materiais geológicos não constitui um corpo de estudos estreitamente definido em relação à WDXRF, porém esta é uma fronteira científica que se expande através da interdisciplinaridade, o que pode fornecer novas e integradas abordagens metodológicas às pesquisas dos geocientistas que se aprofundarem na técnica.

  • DIOGO CORREA SANTOS
  • MUDANÇAS DA COBERTURA, USO DO SOLO E PRODUÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO EM MINAS A CÉU ABERTO NA AUSTRÁLIA E NO BRASIL: UM INDICADOR DE INTENSIDADE DE EXPLOTAÇÃO MINERAL

  • Data: May 26, 2023
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  • O minério de ferro é um recurso de suma importância para o desenvolvimento de uma nação. Com o avanço tecnológico, industrial e urbano, principalmente dos países asiáticos, a demanda por este recurso vem aumentando consideravelmente nas últimas décadas. Consequentemente, mudanças da cobertura e uso do solo (MCUS) vem ocorrendo nas áreas mineradas dos países com maior produção de minério. A Austrália e o Brasil são os maiores produtores de minério de ferro no mundo. Em 2019, alcançaram a produção de 930 milhões de toneladas (mt) e 480 mt, respectivamente. Entretanto, pouco se sabe sobre a extensão do uso do solo necessário para explotação de minério de ferro na escala das minas a céu aberto produtivas nesses dois países.
    Diante disso, esta tese de doutorado teve como objetivos (1) mapear as MCUS no tempo e no espaço em áreas de mineração de ferro nos países dois com maior produção do mundo; (2) estimar a área utilizada para explotação de minério de ferro, assim como a produção de minério acumulada desde a década de 1980 até 2019; e (3) determinar um indicador de intensidade de explotação mineral, representado pela produção de minério em milhões de toneladas por quilômetro quadrado (mt/km²) para as principais minas de ferro da Austrália e do Brasil. Para este fim, imagens de satélite Landsat 5 TM (1984 e 1986) e Sentinel-2B (2019) foram processadas para mapear as MCUS em áreas de minas de ferro a céu aberto na região de Pilbara na Austrália Ocidental província mineral de Hamersley e na região de Carajás (PA), Corumbá (MS) e Quadrilátero Ferrífero – QF (MG) no Brasil, a partir da técnica de Análise de Imagens Baseado em Objetos Geográficos (GEOBIA). Os valores de produção de minério de ferro por área minerada foram extraídos dos anuários estatísticos da produção mineral dos dois países. Os resultados mostraram que a mineração de ferro na Austrália em 1986 ocupava uma área de 41,45 km² e foi expandida para 875,06 km² até 2019. No Brasil em 1984 a extensão da mineração de ferro era de 109,53 km² e se estendeu para 295,75 km² em 2019. A Acurácia global e o índice kappa do conjunto das imagens classificadas ficaram acima de 90%, indicando a ótima qualidade do mapeamento. Os dados de produção de minério de ferro acumulado entre os anos de 1984 a 2019 mostraram que a Asutrália alcançou a produção total de 8.4 bilhões de toneladas de minério de ferro neste período, em uma área minerada de 875,06 km², o equivalente a 9.7 mt/km². Enquanto o Brasil atingiu a produção total de 7.03 bilhões de toneladas em uma área de 297,75 km². O Indicador de intensidade de explotação mineral mostrou que o Brasil e a Austrália produziram o equivalente a 23.6 mt/km² e 9.7 mt/km², respectivamente ao longo do período estudado. O estudo concluiu que (1) a área de solo minerado cresceu em todas as minas nos dois países analisados entre 1984 e 2019, sendo que a maior expansão foi detectada na Austrália; (2) a alta produção de minério de ferro na Austrália e no Brasil e as consequentes MCUSs são impulsionadas pela alta demanda dos países asiáticos com destaque para a China; e (3) o indicador de intensidade de explotação mineral mostrou que as minas de ferro do Brasil apresentaram a melhor relação entre produção mineral vs. área minerada em comparação à Austrália. Esta relação permite afirmar que os dois países alcançaram um patamar de produção extremamente alto em uma área proporcionalmente diminuta, em especial no Brasil. Por fim, esta tese de doutorado contribuiu para quantificar a extensão das áreas das minas de ferro, compreender a intensidade da produção deste minério e as consequentes MCUS nestes dois países. 

  • RENATO CANTÃO GONÇALVES
  • GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA U-Pb-Hf DO MAGMATISMO MESO- NEOARQUEANO DA BORDA NORTE DO BLOCO AMAPÁ, SUDESTE DO ESCUDO DAS GUIANAS

  • Data: May 24, 2023
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  • A porção sudeste do Escudo das Guianas (SEG), na região norte do Cráton Amazônico, é definida como uma ampla faixa móvel paleoproterozoica acrescida a um bloco arqueano fortemente retrabalhado durante o Ciclo Transamazônico (2,26 - 2,05 Ga). Esse bloco arqueano na porção central do estado do Amapá, denominado de Bloco Amapá, é constituído de uma associação granulito-gnaisse-migmatito meso-neoarqueana (~2,85 Ga e ~2,70-2,60 Ga) e por granitoides e sequências metavulcanossedimentares riacianas. O Bloco Amapá é delimitado a sul e norte pelos domínios riacianos Carecuru e Lourenço com relíquias crustais arqueanas. O Domínio Lourenço é formado por granitoides, gnaisses e sequências metavulcanossedimentares riacianas formadas em ambiente de arcos magmáticos (2,20-2,12 Ga), magmatismo sincolisional a tardi orogênico (~2,11-2,07 Ga) e metamorfismo granulítico (~2,06-2,04 Ga). No limite entre Bloco Amapá e Dominio Lourenço ocorrem unidades mesoarqueanas (Gnaisse Porfírio - 3,19 Ga e Complexo Tumucumaque - 2,85 Ga) e neoarqueanas (Complexo Guianense - ~2,65 Ga e Metagranitoide Pedra do Meio - 2,59 Ga). Nas adjacências do vilarejo Vila Bom Jesus, (município de Tartarugalzinho – AP), na transição entre domínios arqueano e riaciano ortognaisses e metagranitoides foram datados pelo método U-Pb em zircão por espectrometria de massa e laser ablation (LA-ICP-MS) de modo a investigar a extensão cartográfica do Gnaisse Porfírio e Metagranitoide Pedra do Meio. Adicionalmente foram utilizados dados petrográficos, análises geoquímicas em rocha total e geoquímica isotópica Lu-Hf em zircão por LA-ICP-MS, junto com dados anteriores de ortognaisses e granitoides da porção norte do Bloco Amapá, com o intuito de investigar o contexto geodinâmico de formação desses granitoides e os episódios de geração e retrabalhamento da crosta continental durante o Arqueano nesta porção do SEG. A datação U-Pb de um Biotita ortognaisse granodiorítico forneceu uma idade de cristalização 207Pb/206Pb de 2846 ± 36 Ma (MSWD = 1,3) para o precursor magmático do ortognaisse indica um epísodio magmático mesoarqueano. Três amostras de ortognaisse e metagranitoides forneceram idades de cristalização 207Pb/206Pb de 2654 ± 12 Ma (MSWD = 1,4), 2618 ± 31 Ma (MSWD = 1,15) e 2618 ± 22 Ma (MSWD = 0,71) respectivamente, indicando um episódio magmático neoarqueano prolongado. A datação U-Pb de um biotita ortognaisse granodiorítico com idade de cristalização 207Pb/206Pb de 2096 ± 24 Ma (MSWD = 0,75), indica a presença de rochas paleoproterozoicas imbricadas nas unidades arqueanas do setor investigado. Esses resultados levam a reconsiderar a configuração das unidades arqueanas da borda norte do Bloco Amapá. O Gnaisse Porfírio e o Complexo Tumucumaque devem constituir apenas enclaves ou xenólitos do embasamento mesoarqueano em ortognaisses granitoides neoarqueanos. O Metagranitoide Pedra do Meio represente plútons charnockíticos intrusivos no Complexo Guianense que é a unidade dominante no setor investigado. Os dados geoquímicos mostraram que todas as amostras mesoarqueanas da porção norte do Bloco Amapá têm assinatura de biotita granitos de derivação crustal. O magmatismo neoarqueano também é dominado por biotita granitos de derivação crustal, porém inclui também granitoides com afinidade para sanukitoides e para TTG de alta pressão, além de granitos híbridos. As assinaturas geoquímicas de biotita granitos, os valores subcondríticos de ƐHf(t) (-11,3 < ƐHf(t) < - 0,4) com idades modelo Hf-TDM ages entre 3,9 e 3,2 Ga, e a presença de zircões herdados na maioria das amostras neoarqueanas, com idades mesoarqueanas (3,0, 2,89, 2,84 Ga) e do Neoarqueano (2,77, 2,74, 2,72 Ga), indicam que esse episódio magmático neoarqueano prolongado retrabalhou unidades mais antigas do embasamento do Bloco Amapá (mesopaleoarqueanas), em contexto colisional sem evidencia de crescimento crustal durante o Neoarqueano. Entretanto, ainda fica em aberto quais massas continentais entraram em colisão para formar essa porção do Bloco Amapá no Neoarqueano tendo em vista que os outros domínios arqueanos dos crátons Amazônico (Província Carajás; Complexo Imataca) e Oeste Africano (Domínio Leo-Man; Escudo Reguibat) apresentam uma história geológica totalmente distinta do Bloco Amapá no Neoarqueano.

  • JOAO ALBERTO EVANGELISTA PINTO
  • U–Pb EM TITANITA POR LA-ICP-MS NO LABORATÓRIO PARÁ-ISO (UFPA): METODOLOGIA E APLICAÇÃO EM ROCHAS DO SUDESTE DO ESCUDO DAS GUIANAS E PROVÍNCIA BORBOREMA

  • Data: May 18, 2023
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  • A titanita (CaTiSiO5) é um mineral comum em rochas metamórficas ortoderivadas, cálcio-silicáticas e granitoides cálcio-alcalinos. A temperatura de fechamento para difusão de Pb em titanita varia entre 650-775ºC. Além disso, tende a ser mais reativa do que outros petrocronômetros como zircão e monazita, uma vez que é mais susceptível a reações metamórficas de médio a alto grau. Portanto, a titanita é um geocronômetro amplamente utilizado na datação U–Pb de eventos metamórficos, ígneos e hidrotermais. Este trabalho consistiu na implementação do protocolo experimental da metodologia U–Pb em titanita por espectrometria de massa de fonte plasma indutivamente acoplado e microssonda de ablação a laser (LA-ICP-MS) no Laboratório de Geologia Isotópica Pará-Iso da Universidade Federal do Pará. A rotina analítica foi otimizada com base em análises de quatro titanitas de referência (Tory Hill, Khan, Mud Tank e CHBK), para estimar a precisão, confiabilidade e reprodutibilidade dos dados. Este protocolo experimental foi implementado a partir de procedimentos previamente desenvolvidos no Laboratório Pará-Iso (U–Pb em zircão) e em outros laboratórios (U–Pb em titanita). Os cristais mais adequados para datação (aqueles mais escuros e sem inclusões/fraturas) foram selecionados e fixados em pastilhas de resina epóxi (mounts). Imagens de elétrons retro espalhados (ERE) foram obtidas para avaliar as feições internas dos cristais e identificar os domínios para as análises pontuais (spots). As análises U–Pb foram realizadas com espectrômetro de massa quadrupolo (Q-ICP-MS) modelo iCAP Q da marca Thermo Fischer Scientific, com microssonda de ablação a laser tipo sólido Nd:YAG 213 nm modelo LSX-213 G2 da marca CETAC. O processamento e redução dos dados analíticos brutos foram realizados em macro Excel, desenvolvida para as especificidades do iCAP Q e do sistema U–Pb em titanita, levando em conta o fato deste mineral poder incorporar quantidades consideráveis de Pb comum, o que requer uma avaliação cuidadosa e correção adequada do conteúdo desse Pb. O cálculo das idades e os diagramas Concordia foram gerados com auxílio do software Isoplot/Excel. Para validar o protocolo de análises U–Pb por LA-Q-ICP-MS, titanitas de dois materiais de referência (Khan e CKHB) e de três amostras (JAP-02A, STG-179B e B107) também foram analisadas por SHRIMP IIe no Centro de Pesquisas em Geocronologia e Geoquímica Isotópica da Universidade de São Paulo (CPGEO-USP). As análises por LA-Q-ICP-MS nas titanitas Tory Hill e Khan forneceram idades 206Pb*/238U de 1057,2 ± 2,5 Ma (n=79; MSWD=0,74) e 518,0 ± 4,9 Ma (n=26; MSDW=0,45), respectivamente, concordantes com a idade ID-TIMS da literatura de 1059,7 ± 1,2 Ma para a titanita Tory Hill e com a idade SHRIMP de 519,9 ±1,8 Ma (n=18; MSWD=0,65) da titanita Khan. A titanita Khan mostrou-se mais adequada para uso como MR primário, pois apresentou maior sinal analítico, menor variância nas razões isotópicas e menor conteúdo de Pb comum. As titanitas Mud Tank e CKHB, empregadas como MRs secundários, forneceram, respectivamente, idades 206Pb*/238U de 318,4 ± 2,1 Ma (n=44; MSWD=0,30) e 93,9 ± 2,9 Ma (n=40; MSWD=0,05), idênticas à idade ID-TIMS de 319,20 ± 0,36 Ma da literatura para Mud Tank e à idade SHRIMP de 93,8 ± 1,5 Ma (n=18; MSWD=0,10) da titanita CHKB. As idades SHRIMP demonstram a boa reprodutibilidade interlaboratorial, certificando o protocolo analítico implementado. Como aplicação geológica, foram datadas titanitas de três rochas metamórficas, uma arqueana e duas paleoproterozoicas do sudeste do Escudo das Guianas (SEG), sendo um ortognaisse granodiorítico (JAP-02A – 2,69 a 2,60 Ga), o paleossoma de um ortognaisse diorítico migmatizado (STG-179B – 2139 ± 1 Ma) e um tonalito (B107 – 2139 ± 12 Ma). As análises na amostra JAP-02A forneceram uma idade 207Pb*/206Pb* de 2051 ± 10 Ma, a qual registra o evento metamórfico tardi-riaciano que afetou este ortognaisse neoarqueano, da porção norte do Bloco Amapá. As amostras STG-179B e B107 afloram ao longo do Rio Oiapoque, na fronteira entre Amapá e Guiana Francesa. As titanitas dessas amostras forneceram idades 207Pb*/206Pb* de 2111 ± 17 Ma e 2098 ± 29 Ma para o paleossoma e o tonalito, respectivamente. Estas idades registram um evento de metamorfismo regional associado ao estágio colisional (2,11-2,09 Ga) do Ciclo Transamazônico (2.26-1.95 Ga), que retrabalhou as rochas do SEG. Foram também analisadas titanitas ígneas de um leucrogranito neoproterozoico (SOS-1257), inserido no Sistema Orogênico Sergipano (SOS), no setor sul da Província Borborema (PB). A idade 206Pb*/238U de 639,1 ± 5,8 Ma foi obtida e é considerada como a melhor estimativa da idade de cristalização deste leucrogranito, uma vez que análises U–Pb em zircões desta mesma amostra não forneceram resultados analíticos coerentes, devido ao elevado grau de metamitização dos cristais. A idade obtida neste leucogranito ilustra o potencial da titanita em fornecer idades de cristalização em granitoides cujos zircões metamíticos inviabilizaram a determinação de uma idade. Os resultados obtidos neste trabalho demostram a viabilidade da metodologia U–Pb em titanita por LA-Q-ICP-MS, que se encontra em rotina no Laboratório Pará-Iso.

  • DEBORA CRISTINA DE LIMA MIRANDA
  • DINÂMICA ESPAÇO-TEMPORAL DOS MANGUEZAIS DO DELTA DO RIO DOCE-ES DURANTE 2010-2020, LITORAL SUDESTE BRASILEIRO

  • Data: May 16, 2023
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  • Os manguezais são ecossistemas presentes em grande parte da zona costeira brasileira que abrigam uma ampla diversidade de organismos, bem como constituem verdadeiros berçários para vários indivíduos da fauna. O presente estudo realizou um mapeamento dos manguezais remanescentes do delta do rio Doce no intervalo completo de uma década, utilizando imagens compartimentadas em intervalos de 5 anos (2010, 2015 e 2020), ao longo das planícies de maré do rio Mariricu, região costeira do município de São Mateus–ES. Para isso, foi utilizada a metodologia de classificação orientada a objeto (GEOBIA), que permitiu a geração de dados de alta resolução, alcançando resultados excelentes, diagnosticados pelos números de acurácia global e índice Kappa, considerando uma média de 96,78% e 93,5%, respectivamente, além de baixos valores de desacordos com média de 3,22%. A análise de detecção de mudanças apontou alterações na paisagem no decorrer do tempo, com 9% das áreas de manguezal sendo extintas, 12% com áreas de expansão e 79% das áreas inalteradas, se mantendo preservadas. Portanto, nossos dados de mapeamento estão condizentes com dados publicados pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Espírito Santo (IEMA), assim como com os trabalhos científicos que registraram áreas de redução e expansão dos manguezais ao longo do litoral brasileiro, todavia em sua maioria com amplas áreas preservadas. Com isso, nossos resultados demonstram grandes aplicações das geotecnologias para análises ambientais costeiras com baixo custo e grande velocidade de respostas.

  • MURILO HENRIQUE SILVA DOS SANTOS
  • GEOCRONOLOGIA U-Pb-Hf DOS GRANITOS SINTRANSCORRENTES E RELAÇÕES ESTRUTURAIS AO LONGO DA ZONA DE CISALHAMENTO SOBRAL, NOROESTE DO CEARÁ

  • Data: Apr 25, 2023
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  • O Lineamento Transbrasiliano (LTB) é uma estrutura intercontinental que se consolidou no final do Neoproterozoico. Possui aproximadamente 4.000 km de comprimento, estendendo-se do Paraguai e Argentina, cortando o centro-oeste e nordeste do Brasil, prolongando-se para o continente africano. Na porção noroeste do Estado do Ceará, este lineamento é denominado de Zona de Cisalhamento Sobral (ZCS), apresentando, majoritariamente, feições de movimentação dextral e foliação milonítica na direção NE-SW, separando os domínios Noroeste do Ceará (DNC) e Ceará Central (DCC). Os estudos realizados na escala mesoscópica, permitiram identificar granitos sintranscorrentes ao longo da ZCS com intensidades de milonitização distintas; foliações primárias totalmente transpostas por processos dinâmicos relacionados a movimentação transcorrente da ZCS, que geraram foliações miloníticas com alto mergulho (vertical/subvertical) principalmente na direção NE-SW; além de lineação de estiramento mineral horizontal; bem como cinemática predominantemente dextral, raramente sinistral. Na escala microscópica, os granitos sintranscorrentes foram classificados petrograficamente e subdivididos em 2 grupos: G1 (sienogranitos e monzogranitos miloníticos) e G2 (granodioritos miloníticos); e por meio da análise microestrutural foi possível interpretar as condições de deformação que afetaram os componentes minerais destas rochas. As microestruturas são características de deformação dúctil que recristalizaram cristais de quartzo e plagioclásio por mecanismos SGR (Subgrain Rotation) e GBM (High-Temperature Grain Boundary Migration) de alta temperatura, gerando tramas S-C, migração no limite do cristal, subgrãos, estrutura window, núcleo-manto e feldspatos fish. Os minerais micáceos apresentam feições dúcteis tipo fish indicando deformação dextral, isoladamente sinistral. A semelhança das estruturas mesoscópicas, macroscópicas e microscópicas permitem afirmar que a milonitização imposta pela transcorrência da ZCS é registrada e coerente em todas as escalas. A partir dos dados geoquímicos é possível notar que esses granitos possuem caráter ácido (SiO2 > 67%) e peraluminoso; são predominantemente de ambientes sincolisionais; e que o G2 é pouco fracionado (Rb/Sr < 0,5) com razão Rb/Sr entre 0,1 e 0,3. De outro lado, o G1 apresenta característica de suíte fracionada moderada a alta (Rb/Sr > 0,5 e < 20,5) com razão Rb/Sr entre 1,0 e 2,4. Apenas uma amostra do G1 apresenta baixo grau de fracionamento (Rb/Sr = 0,2). Há enriquecimento de elementos litófilos (LILE) que incluem o Ba e Rb são relativamente mais enriquecidos em comparação com os ETRL como o La, Ce e o Nd, e em relação aos elementos com alto campo de força (HFS) como o Th, Ti, Zr, Nb e Ta. Há também enriquecimento em ETRL em relação aos ETRP, e isto é confirmado pela leve inclinação do diagrama de ETR. As amostras de dois granodioritos miloníticos (MH-19-05 e MH-19-09) foram analisadas por meio do método U-Pb-Hf em foram obtidas as idades concórdia de cristalização em 589±6 Ma (Ediacarana) com MSWD=1,5 e de intercepto superior herdada paleoproterozoica de 2171±21 Ma (Riaciano) com MSWD=0,81 na amostra 09. Na amostra 05 foi obtida idade de intercepto superior Paleoproterozoica de 2094±37 Ma (Riaciano tardio) com MSWD=1,6. As idades Hf-TDM C na amostra 09 foram calculadas em 0,59 Ga e variam de 2,21 a 2,33 Ga e os valores εHf (0,59 Ga) são fortemente negativos variando de –11,5 a –13,4 (fontes riacianas-siderianas oriundas de retrabalhemento crustal); e em 2,17 Ga e variam de 2,50 a 3,16 Ga e seus valores εHf (2,17 Ga) variam de –6,9 a +3,7 (mistura de fontes crustais e mantélicas neoarqueanas-mesoarqueanas). Na amostra 05 as idades Hf-TDM C foram calculadas em 2,09 Ga Ma e variam de 2,56 a 2,63 Ga com valores positivos de εHf (2,09 Ga) que variam de +0,7 a +1,8 (fonte mantélica neoarqueana).

  • ANTONIO FABRICIO FRANCO DOS SANTOS
  • VETORIZAÇÃO GEOQUÍMICA, CARACTERIZAÇÃO E MODELAMENTO 3D DE ALTERAÇÕES HIDROTERMAIS EM SISTEMAS CUPRO-AURÍFEROS: EXEMPLO DO COMPLEXO SOSSEGO (PA), PROVÍNCIA MINERAL DE CARAJÁS

  • Data: Apr 18, 2023
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  • O Complexo cupro-aurífero Sossego está localizado na porção sul da Província Mineral de Carajás, ao longo de uma zona de cisalhamento regional WNW-ESSE. O mesmo está dividido nos setores Pista, Sequeirinho/Baiano e Curral/Sossego. As principais litologias hospedeiras que ocorrem no complexo são granitoides, metavulcânicas félsicas, ultramáficas e intrusivas máficas. Esse trabalho envolveu a aplicação de técnicas estatísticas multivariadas para as definições de unidades geoquímicas e possíveis vetores químicos nos quais essas informações foram transformadas em modelos 3D com intuito de auxiliar nas interpretações geológicas, guias exploratórios e geometalurgia do complexo em relação às mineralizações. No geral, o uso das técnicas revelou boas correlações entre os dados químicos e as unidades geoquímicas propostas, que permitiram definir de forma coerente as unidades, principais elementos químicos e prováveis paragêneses minerais hidrotermais dos depósitos. Foram realizadas análises individualizadas e correlação de elementos selecionados em diagramas de probabilidade,  histogramas, binários, ternários e Bloxplot, objetivando a identificação de características geoquímicas e suas relações com as associações mineralógicas. No setor Pista ocorrem ao menos cinco unidades geoquímicas (sódica, sódico-sílica, potássico-clorítica, magnesiana e feldspática potássica), onde se destacam as unidades com elevados conteúdos de sódio e sílica para zonas mais proximais ao minério. Os vetores geoquímicos nesse setor que predominam e podem ser consideradas como farejadores ou contaminantes com relação às zonas mineralizadas são As, Al, Ag, Hf, Sr, Te, Zr, Mo, Na, Pb, S, La, W e U, associados diretamente às unidades geoquímicas sódica-sílica e sódica. Os diagramas ternários demonstraram um possível indicador da paragênese, que compreende um vetor de uma fase inicial sódica evoluindo para potássica. No setor Sequeirinho/Baiano ocorrem nove unidades geoquímicas (sódica, sódico-sílica, sódico-férrica, sódico-cálcica, cálcico-férrica, férrica, magnesiana, potássico-clorítica e feldspática potássica) e é possível observar claramente as paragêneses geoquímicas que vão das porções mais distais até as proximais a mineralização. Nas porções distais dominam elevados conteúdos de sódio, passando gradativamente para valores medianos de sódio e cálcio, chegando a elevados conteúdos de ferro, cálcio e magnésio nas zonas proximais à mineralização, mostrando que as principais unidades geoquímicas associadas às mineralizações cupríferas de alto teor são cálcico-férrica e férrica. Os elementos Ag, As, Bi, Ca, Cd, Co, Fe, Ga, Ge, In, Ni, P, Pb, S, Se, Te e V (Mg, Mn, Re, Sb, Sn, Th e U secundários) foram considerados como principais vetores e estão diretamente associadas às mineralizações e unidades cálcica-férrica e férrica. Os diagramas ternários do setor sugerem dois prováveis Trends de evoluções das alterações hidrotermais, ambos de estágios iniciais sódicos, porém um vetor indicando a evolução para um estágio sódico-férrico e outro vetor para um estágio sódicocálcico e, posteriormente, cálcico-férrico. No setor Sossego/Curral existem sete unidades geoquímicas (sódica, sódico-sílica, sódico-potássica, potássica, clorítica, férrica e cálcica). Esse setor revelou complexas correlações entre o zonamento hidrotermal e as unidades geoquímicas, em função de suas feições geológicas (brechas, veios, vênulas e disseminações posteriores). Os gráficos demonstraram que as unidades geoquímicas que mais apresentam afinidade com zonas mineralizadas são clorítica, cálcica e férrica (zonas de brechas e/ou vênulas). Na unidade clorítica os vetores químicos que se destacam são Ag, Be, Bi, Ca, Ce, Cu, La, Mn, Mo, Ni, P e S (K, Al, Mg e Fe secundários). A unidade geoquímica férrica ocorre principalmente associada às zonas clorítica e cálcica, porém se diferencia pelos elevados teores de ferro (>15 % Fe) e seus principais vetores geoquímicos são As, Cd, Ce, Co, Fe, Ga, Ge, In, La, Re, S, Sb, Se, Sn, Te, U e Y (Ag, Be, Ca, Cs, Li, Mg, Mn, Mo e V secundários). A unidade cálcica corresponde a intervalos ricos principalmente em calcita, actinolita e epídoto de brechas e vênulas que seccionam as rochas cloritizadas e suas principais vetores geoquímicos são Al, Ca, Cr, Mn, Sc, Sr, V e Zn (Ag, As, Cd, Co, Fe, Ga, In, S, Se e Sr secundários). O provável vetor paragenético aponta para um estágio inicialmente sódico, evoluindo gradualmente para um estágio potássico e seguindo para uma evolução para estágio clorítico. Os modelamentos 3D implícitos implicaram na materialização espacial das unidades e vetores geoquímicos obtidos por meio dos resultados estatísticos desenvolvidos, demonstrando visualmente melhores entendimentos geológicos dos fluxos hidrotermais, suas prováveis paragêneses químicas/mineralógicas e correlações com as mineralizações. Esse trabalho irá contribuir futuramente para os entendimentos litológico, estrutural e geoquímico aplicados operacionalmente no Complexo Sossego, além de aprovisionar dados para estudos geometalúrgicos. Esse trabalho pode beneficiar as operações das minas com a reduções direta e indireta dos custos, incremento de segurança, previsibilidade e melhores performances operacionais dos processos de beneficiamento do minério.

  • JULLY MYLLI LOPES AFONSO
  • ESTUDO GEOQUÍMICO E ISOTÓPICO (U-Pb/Lu-Hf) DE NOVAS OCORRÊNCIAS DE GRANITOS TIPO-A NO DOMÍNIO CARAJÁS

  • Data: Apr 18, 2023
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  • A Província Carajás foi palco de um evento magmático extensivo, marcado por intrusões graníticas anorogênicas e diques associados. O mapeamento geológico realizado na porção central do Domínio Canaã dos Carajás, permitiu a individualização de dois novos stocks graníticos anorogênicos. Esses granitos ocorrem como stocks de forma subcircular, isotrópicos, como intrusões em rochas graníticas arqueanas da Suíte Vila União e Granito Cruzadão. São classificados como monzogranitos e divididos em fácies biotita monzogranito equigranular (BMzGE) e biotita monzogranito porfirítico (BMzGP), apresentam aspecto de granitos evoluídos, onde a biotita é o principal mineral ferromagnesiano e estão frequentemente associadas à fluorita, além de allanita, zircão, apatita e epidoto. São metaluminosos a peraluminosos, com elevado conteúdo de HFSE ferroso com caráter reduzido a levemente oxidado. Quando comparados aos demais granitos tipo-A da Província Carajás, esses granitos demonstram contrastes significativos com as Suítes Jamon e Velho Guilherme e são similares ao observado para a Suíte Serra dos Carajás e, por consequência, ao Granito Gogó da Onça. Dados geocronológicos de U-Pb em zircão mostraram que a idade de cristalização desses granitos é de ~1893 ± 13 Ma, e associados aos dados isotópicos de Lu-Hf indicam fontes crustais para essas rochas, com valores ƐHf fortemente negativos variando entre -14 a -17 e TDM entre 3,38 Ga a 3,57 Ga, apontando alto tempo de residência crustal. Dados de modelagem geoquímica sugerem que tais granitos foram gerados a partir de fusão parcial de rochas tonalíticas de composição análoga ao do Tonalito Arco Verde e/ou Tonalito Caracol do Domínio Rio Maria. Tais resultados são compatíveis com a hipótese de que estes granitos foram gerados do retrabalhamento de granitoides mesoarqueanos e colocados em crosta rasa em 1,89 Ga.

  • IVSON ROBERTO VIANA DA CUNHA
  • DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E AVALIAÇÃO DE INDICADORES DE CONTAMINAÇÃO DE SEDIMENTOS POR METAIS EM UM ESTUÁRIO TROPICAL DE MACROMARÉ, BAÍA DE SÃO MARCOS, NORTE DO BRASIL

  • Data: Mar 30, 2023
  • Show resume
  • Os estuários são áreas de grande importância ecológica por terem o papel de berçário, alimentação e reprodução de diversas espécies aquáticas, além de abrigar grandes áreas metropolitanas e industriais. Porém, estão expostos a vários tipos de contaminantes, entre eles, os metais em consequência da ação antrópica. Neste contexto, destaca-se o estuário da Baía de São Marcos (BSM) no norte do Brasil, o qual possui uma área urbana com mais de um milhão de habitantes e a área portuária com maior transporte de carga do país (182 milhões de toneladas em 2021). O presente estudo avaliou a qualidade dos sedimentos de fundo da Baía de São Marcos, adjacente a Ilha de São Luís, empregando índices geoquímicos referentes a presença de metais Cr, Cu, Ni, Pb e Zn, sua relação com a granulometria e carbono orgânico total (COT). Os sedimentos superficiais foram coletados com auxílio da draga de Gibbs, em dois setores da BSM, um adjacente a área portuária e outro na região metropolitana de São Luís. Em laboratório, as amostras foram submetidas ao processo de análise granulométrica por difração a laser; determinação de metais por Inductively Coupled Plasma - Mass Spectrometry (ICPMS) e teor carbono orgânico total por meio do método de combustão catalítica em alta temperatura. Os resultados demonstram forte correlação entre os as concentrações de metais, a granulometria e COT. No setor A, a mediana foi de 16 μg/g (Cr), 4,6 μg/g (Cu), 6,5 μg/g (Ni), 4,6 μg/g (Pb) e 18 μg/g (Zn). Enquanto no setor B: 9 μg/g (Cr), 2,2 μg/g (Cu), 3,7 μg/g (Ni), 3 μg/g (Pb) e 7 μg/g (Zn). A avaliação da concentração de metais nos sedimentos da BSM mostrou que segundo os critérios adotados pelo CONAMA 454/12 e NOAA, os metais analisados apresentam concentrações abaixo daquelas que poderiam causar algum tipo de efeito adverso na biota, e por conseguinte, afetar o equilíbrio do ecossistema. O índice de geoacumulação (Igeo) apresenta variações de moderadamente à fortemente poluído para os metais analisados. Entretanto, estas classificações não são suportadas por outros métodos. Por exemplo, o fator de contaminação e o fator de enriquecimento mostraram que a área apresenta baixa contaminação e um baixo enriquecimento para metais. O uso de valores de background local, mostraram que a utilização de valores de referência para a crosta continental ou para folhelhos (PASS) tendem a superestimar os indicadores de contaminação.

  • DAVI DA COSTA BEZERRA GOBIRA ALCANTARA
  • GEOLOGIA, GEOQUÍMICA E ISÓTOPOS (U-Pb, Lu-Hf e Sm-Nd) DE GRANITOS OROSIRIANOS DO DOMÍNIO IRIRIXINGU SETENTRIONAL, PROVÍNCIA AMAZÔNIA CENTRAL

  • Data: Mar 29, 2023
  • Show resume
  • O Orosiriano do sudeste do Cráton Amazônico se caracteriza por associações ígneas dos tipos I, A e raro tipo S aflorantes nos domínios, de oeste para leste, Tapajós, Iriri-Xingu e Carajás. O Domínio Tapajós representa, pelo menos em parte, a porção mais proximal de uma borda continental ativa, enquanto o Domínio Carajás representaria a porção crustal mais antiga, estabilizada no Neoarqueano. Já o Domínio Iriri-Xingu (DIX), no centro, ainda tem seu significado tectônico incerto. Os episódios magmáticos que afetaram essa região no Orosiriano se dividem em três intervalos temporais. O primeiro intervalo, entre 2030 e 2000 Ma, é marcado por um vulcano-plutonismo juvenil, cálcio-alcalino do tipo I, presente no Domínio Tapajós. O segundo intervalo, entre 2000 a 1960 Ma, é composto por uma série de rochas vulcanoplutônicas cálcio-alcalinas de alto K a shoshoníticas do tipo I, que afloram no Domínio Tapajós e se expandem para leste, até o DIX. As associações ígneas ligadas ao terceiro intervalo (1900 a 1860 Ma) representam um magmatismo cálcio-alcalino do tipo I e um magmatismo do tipo A associado a rochas máficas. O magmatismo do tipo A - do sub-tipo A2 - possui um contexto geográfico mais amplo que a associação do tipo I e aflora em uma área extensiva ao longo do Cráton Amazônico (cerca de 1.500.000 km2). Essas rochas são atribuídas genericamente à Silicic LIP Uatumã. Nesta tese são apresentados novos dados geológicos, litoquímicos e isotópicos (U-Pb, Lu-Hf em zircão e Sm-Nd em rocha total) de diferentes corpos graníticos do segundo e terceiro episódios magmáticos que afloram na região centro-leste e noroeste do DIX. No centro-leste do domínio foram estudados os granitos São Pedro do Iriri, Vila Primavera, Caboclo e Jabá, todos alcalinos a subalcalinos, metaluminosos a ligeiramente peraluminosos, ferroanos a pouco magnesianos. Os três primeiros granitos possuem afinidade com os granitos tipo A reduzidos estaníferos da Suíte Velho Guilherme. Dados U-Pb e Lu-Hf permitiram estabelecer uma idade de 1897 ± 8 Ma para o Granito São Pedro do Iriri, com valores de εHf(t), entre -8,22 e -17,44, apontando para uma mistura de fontes crustais do Meso e Paleoarqueano. Já o Granito Jabá apresenta afinidade química com outros granitos tipo A oxidados dos domínios DIX e Carajás. Esse granito apresentou uma idade U-Pb em zircão de 1887 ± 14 Ma e valores de εHf(t) de -6,43 a -10,21, indicando uma fonte crustal mais radiogênica, homogênea e de idade predominantemente mesoarqueana. As rochas cálcio-alcalinas do tipo I típicas estudadas neste trabalho compreendem os granitos Rio Bala, Porto Estrela e amostras graníticas esparsas do Rio Iriri - que representam, entre outros plutons, os granitos Serra do Chavito e Pedra do O. Em comum, essas rochas apresentam caráter magnesiano, cálcio-alcalino de alto K a subordinadamente shoshonítico e são metaluminosas à anfibólio e biotita. O Granito Porto vi Estrela possui fácies de composição tonalítica a granítica e tem idade U-Pb em zircão de 1972 ± 6,6 Ma. As amostras de granitos cálcio-alcalinos do Rio Iriri são quartzo-monzoníticas a graníticas. Entre elas, amostras dos granitos Serra do Chavito e Pedra do O apresentaram, respectivamente, idades de 1987 ± 6,6 e 1988 ± 8 Ma. As idades aqui apresentadas para o Granito Porto Estrela e granitos do Rio Iriri permitem correlacioná-los à associação vulcanoplutônica de 2,00 a 1,96 Ga aflorante nos domínios DIX e Tapajós. O Granito Rio Bala apresentou fácies quartzo-monzoníticas a graníticas, trend químico típico das rochas subalcalinas e idade de 1877 ± 8,2 Ma. Esse granito corresponde ao primeiro registro do plutonismo cálcio-alcalino de alto K cronocorrelato às rochas vulcânicas do Grupo Iriri (riolitos e dacitos cálcio-alcalinos de 1,88-1,87 Ga) no DIX. Quimicamente, ele possui caráter mais evoluído e afinidade à fácies granítica da Suíte Parauari. As demais rochas estudadas da região noroeste do DIX constituem duas amostras atípicas de granitos tipos A e I, oriundas respectivamente dos plútons Cachoeira do Julião e Igarapé Limão. O granito tipo A é representado por um Cpx-hb-bt quartzo-sienito, cujos dados geocronológicos prévios (1889 ± 3 Ma) permitem uma correlação direta com o plutonismo alcalino associado à SLIP Uatumã. A outra rocha constitui um biotita monzogranito de caráter fracamente peraluminoso, magnesiano e cálcio alcalino de médio a alto potássio, com características químicas afins aos granitos tipo I e também às rochas adakíticas. O padrão concavo para cima de ETR e a razão relativamente baixa de Dy/Yb (1,04) sugerem anfibólio residual ou fracionamento desse mineral em relativamente alta P com granada. Os baixos teores de MgO, #Mg, Yb e Ni e alto FeOt/MgO indicam uma afinidade dessa amostra com os adakitos de fusão de crosta inferior espessada. As condições necessárias para a gênese dessa rocha são satisfeitas se considerarmos que a crosta desse domínio foi deformada e espessada no Ciclo Transamazônico e posteriormente estirada no Orosiriano. Uma compilação de dados relacionados ao magmatismo do tipo I com idades entre 2,00 e 1,96 Ga sugerem um evento extenso, com uma área mínima de 190.000 km2, mas relativamente breve, com duração de cerca de 40 Ma. Extrapolando-se condições geodinâmicas modernas para o Paleoproterozoico, conclui-se que esse padrão espacial-temporal não pode ser explicado unicamente pelo processo de subducção. Depreende-se, portanto, que pelo menos parte desse magmatismo seja gerado em ambiente de margem convergente por processo outro que não a subducção ou, alternativamente, um evento pós-orogênico. O mesmo encadeamento lógico pode ser adequadamente utilizado para as rochas cálcio-alcalinas 100 M.a. mais jovens. Os dados isotópicos de Nd para as amostras estudadas apresentaram valores de εNd(t) moderadamente a fortemente negativos e idades modelo Nd-TDM siderianas a mesoarqueanas. Esses dados, juntamente aos dados da literatura, evidenciam uma crosta heterogênea, pelo vii menos em parte composta por uma crosta similar à de Carajás. As assinaturas isotópicas neoarqueanas e siderianas poderiam representar, de modo não mutualmente excludente: a presença de segmentos crustais juvenis; mistura entre crosta antiga arqueana e material mantélico (provavelmente do Riaciano e/ou Orosiriano); ou ainda mistura de componentes crustais variados. Essa crosta poderia ser interpretada como núcleos preservados paleo a mesoarqueanos margeados por crosta retrabalhada e possivelmente afetada por inputs juvenis no Riaciano e/ou Eo-Orosiriano, além de apresentar blocos/segmentos isolados de rochas juvenis neoarqueanas e riacianas. No que concerne a litoestratigrafia do DIX, sugere-se que o Grupo Iriri seja composto das formações Santa Rosa, formada por vulcânicas ácidas do tipo A, e Confresa, formada por vulcânicas ácidas cálcio-alcalinas do tipo I, ambas com idades entre 1,90 e 1,86 Ga. Propomos que as rochas vulcânicas cálcio-alcalinas com idades entre 2,00 e 1,96 Ga, anteriormente relacionadas ao Grupo Iriri, sejam agrupadas na Formação Jarinã. Também recomendamos a adoção do termo Suíte Vila Rica para designar os granitos do tipo I cronocorrelatos à Formação Jarinã. Sugerimos o agrupamento dos granitos tipo A afins aos granitos oxidados de Carajás na Suíte Rio Dourado. Em respeito aos granitos tipo A reduzidos potencialmente estaníferos, recomendamos sua inclusão na unidade proposta Suíte São Pedro do Iriri.

  • RAFAELA DA SILVA FERREIRA
  • SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DA PIROAURITA A PARTIR DE RESÍDUO DE MINA DE COBRE E SUA APLICAÇÃO NA ADSORÇÃO DO CORANTE VERMELHO DO CONGO

  • Data: Mar 24, 2023
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  • Neste estudo o rejeito da flotação de cobre da cava Sequeirinho da mina do Sossego, localizada na região de Carajás, sudeste do Estado do Pará (Brasil), foi utilizado como material de partida para síntese de Piroaurita, com potencial de adsorção de corante orgânico. A caracterização do rejeito foi realizada por técnicas de Fluorescência de Raios X (FRX) e Difração de Raios X (DRX). Em seguida, o material foi lixiviado (HCl 1:1 H2O) e a solução resultante, filtrada e usada como material de partida da Piroaurita. A solução foi submetida ao método de coprecipitação com o pH constante (14) com razão molar Mg/Fe 6:1, com o tempo de gotejamento de 4 horas, banho hidrotérmico de 24h e agitação rigorosa. A Piroaurita foi então caracterizada por técnicas de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), Difração de Raios X (DRX), Fluorescência de Raios X (FRX), Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho por Transformada de Fourier (FT-IR), Análise Térmica Gravimétrica (ATG), Área de Superfície Específica (ASE) e Poros Totais (TPV). A Piroaurita foi testada na adsorção do corante Vermelho do Congo (VC). Foram testadas concentrações de VC de 5, 10, 20, 30, 40, 50 e 80 mg·L-1 na proporção de 10 mL para 0,025 mg de piroaurita. O modelo de adsorção que melhor ajustou os dados experimentais obedece ao modelo de Langmuir (R2 = 0,9614), enquanto que, a cinética indicou um modelo de pseudo-segunda ordem (R2 = 0,9977). Além disso, a temperatura de 40ºC mostrou-se a mais apropriada para a adsorção do corante VC. Por fim, os parâmetros termodinâmicos de entropia (ΔSº = 0,0886 kJ·mol-1·K-1) e entalpia (ΔHº = 8,2999 kJ·mol-1) demonstram que o processo de adsorção foi naturalmente espontâneo e endotérmico.

  • INGRID ROBERTA VIANA DA CUNHA
  • PETROLOGIA EXPERIMENTAL E QUÍMICA MINERAL DAS SUÍTES NEOARQUEANAS VILA JUSSARA E PLANALTO, PROVÍNCIA CARAJÁS, AMAZÔNIA, BRASIL

  • Data: Mar 20, 2023
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  • Na Província Carajás (PC), durante os estágios finais do Neoarqueano (2.75-2.73 Ga), foram formados no Domínio Sapucaia e Canaã dos Carajás, granitoides representados respectivamente pelas Suítes Vila Jussara e Planalto. Tais suítes apresentam caráter metaluminoso e afinidade geoquímica com granitos tipo-A e razão FeO/(FeO+MgO) em rocha total variáveis desde ferrosas até magnesianas. Estudos químico-mineralógicos realizados nos granitos neoarqueanos, envolvendo microscopia ótica, microscopia eletrônica de varredura, microssonda eletrônica e petrologia experimental, revelaram notáveis variações entre as principais fases minerais. Epidoto é uma fase comum nas variedades ferrosas reduzida, oxidada e magnesiana da Suíte Vila Jussara, exibindo conteúdo de pistacita entre 25 e 30 mol.%. Na Suíte Planalto e demais granitoides neoarqueanos da PC, epidoto é uma fase ausente. O estudo da cinética de dissolução dos epidotos da PC mostra que sua formação e estabilidade está diretamente relacionada às condições de pressão, temperatura e fugacidade de oxigênio, porém, sua estabilidade também é condicionada pelos mecanismos de ascensão, colocação e cristalização, que influenciam a intensidade de dissolução dos cristais. Estudos químicomineralógicos realizados em titanita das suítes Vila Jussara e Planalto e paleoproterozoicas da Suíte Jamon, revelaram notáveis variações texturais e composicionais neste mineral. As razões Fe/Al em titanita são bastante variáveis nos granitos estudados, tendo sido distinguidos com base nelas três grandes grupos de titanitas: 1) razão Fe/Al alta (Fe/Al >0.5); 2) moderada (0.5≤Fe/Al≥0.25); e 3) baixa (Fe/Al <0.25). Além disso, de forma geral, os dados obtidos corroboram a tendência de maior estabilidade da titanita em condições oxidantes, próximas do tampão Níquel-Níquel-Oxigênio (NNO), porém, a ocorrência de titanita magmática em variedades reduzidas das suítes Vila Jussara e Planalto mostra que é possível ocorrer sua cristalização em condições próximas ao tampão Faialita-Magnetita-Quartzo (FMQ). Ademais estudos de petrologia experimental realizados nas mesmas suítes neoarquenas, mostram que a amostra MDP-02E, com composição tonalítica, representando o magma magnesiano oxidado da Suíte Vila Jussara, exibe conteúdo de SiO2 em torno de 60% em rocha total e 61,05% no vidro experimental, enquanto a amostra de composição sienogranítica (AMR-116), pertencente a variedade fortemente reduzida da Suíte Planalto, apresenta teor de SiO2 em rocha total em 74,13% versus 73,17% no vidro, indicando que as condições experimentais inicialmente calibradas, se aproximaram das condições magmáticas naturais. As condições de cristalização do magma tonalítico e sienogranítico foram efetuados a partir de nove experimentos nas duas amostras, com calibrações preferenciais em pressão de ~4 kbar, ƒO2 em ~NNO-1.3 (1.3 unidade ix log abaixo do tampão NNO) e temperatura variando de 850°C a 668°C e conteúdo de H2O entre 9% e 6% em peso. Além disso, dois experimentos em ƒO2 ~NNO+2.4, com temperaturas variando de 800°C a 700°C, com mesma pressão e variação de H2O dos experimentos reduzidos. Subordinadamente, foram realizados experimentos em 8 kbar e 2 kbar, com condição redox variável. Tais experimentos mostram que o tonalito da Suíte Vila Jussara cristalizou em ~4 kbar, a partir de um magma com alta concentração de H2O (>5% em peso) e em ƒO2 oxidante, provavelmente entre NNO e NNO+1. Por outro lado, os experimentos realizados na composição sienogranítica da Suíte Planalto (AMR-116), mostram uma paragênese principal definida por Cpx+Fa, diferindo fortemente dos minerais naturais, sugerindo que os experimentos não atingiram condições próximas as naturais. 

  • ALINA CRIANE DE OLIVEIRA PIRES
  • CONCENTRAÇÃO DE MERCÚRIO E SELÊNIO NA PLATAFORMA COSTEIRA DO SUDESTE DO BRASIL

  • Data: Mar 3, 2023
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  • Recentes estudos têm abordado o aumento das concentrações de mercúrio (Hg) no Atlântico Sul, nos últimos 600 anos nas águas profundas desta bacia oceânica. Somado a essa crescente problemática, o Mercúrio possui alta toxicidade, além de sua capacidade de biomagnificação ao longo da teia trófica. Considerando a grande área do mar territorial brasileiro e pouca quantidade de informação a respeito deste elemento no Atlântico Sul, o presente estudo tem como objetivo apresentar dados da distribuição de Hg na plataforma do Sudeste do Brasil e sua relação com as principais massas de água da região. Dessa forma, este trabalho irá abordar dois tópicos: (i) Distribuição de Mercúrio e Selênio (Se) na Bomba biológica sob a influência da ressurgência na plataforma de Cabo Frio-RJ. Para isso, 79 amostras de plâncton (frações > 20μm, >64 μm , >150 μm e >300 μm), foram coletadas na Plataforma Continental de Cabo Frio durante 7 cruzeiro oceanográficos em 2012. O Hg foi determinado por absorção atômica por geração de vapor frio e o Se por ICP-MS; (ii) Distribuição de Mercúrio nas massas d’água no Oceano Atlântico Sul (24ºs A 20ºs), Zona Econômica Exclusiva Brasileira. Para isso, foi realizada coleta de água em dois cruzeiros, um de 5 a 6 de novembro de 2016 a bordo do navio Ocean Stalwart, e outro de 5 a 20 de dezembro de 2016, foi coletada água em17 pontos em perfis de profundidade. A determinação de HgT (não-filtrado) na água foi realizado de acordo com o método US EPA 1631. Estes dados compõe o o banco de dados do Projeto Ressurgência, da rede de Geoquímica da Petrobras, e foram interpretados para esta dissertação. Os resultados de Hg no plâncton marinho apresentam valores maiores na fração do zooplâncton ( 0,138 μg.g- 1) quando comparados a fração do fitoplâncton (0,064 μg.g-1), e demonstram um processo de biomagnificação e transferência trófica. Os valores de Se, no entanto, apresentam concentrações maiores no fitoplâncton e menores no zooplâncton. Estes resultados não foram sufucientes para demonstrar o antagonismo entre Se e Hg, mas são observadas altas concentrações do Se em relação ao Hg, o que pode estar relacionado ao papel do Se como inibidor de Hg, tal qual relatado em outros trabalhos para a região do Atlântico Sul. A relação Hg:Al vs P:Al no plâncton por tamanhos de malha em comparação com o valor da crosta (Hg:Al), obteve uma proporção média acima da média do sedimento e da crosta, o que indica fontes biogênica/antropogênica, e da própria ressurgência, além da remineralização deste elemento na coluna d’água, influenciado pelo próprio fenômeno. O processo de circulação de Hg respondeu às condições físicas e químicas impostas pela ACAS, onde os valores de HgT e Se foram maiores sob atuação desta massa na região de estudo. As massas d’água ainda, apresentam altos valores de Hg na região de estudo, com as maiores médias de 6,5pM, e indicam forte contribuição da circulaçao oceânica para as altas concentrações de Hg encontradas, além da descarga continental, e do tempo de residência deste metal em massas mais antigas. O carbono orgânico total (COT) parece ser importante proxy da concentração de Hg em águas marinhas. Ele pode ser responsável não só pela remineralizaçao do Hg, como pode se associar a este elemento e moderar sua especiação principalmente em ambientes de fundo. A bomba biológica parece influenciar, mesmo em pequena escala, a transferência destes metais para o sedimento, principalmente devido à neve marinha, que redistribui e recircula estes elementos na coluna de água.

  • LEONARDO NOGUEIRA DOS REIS
  • Digital Elevation Models (DEM) consist of the digital representation of elevation values at different points in a specific geographic area. The use of a DEM requires an explicit definition of the physical surface to be modeled, as the term is generic and represents any surface, whether a digital surface model (DSM), which describes the forest canopy and other artificial or natural objects above ground, or a digital terrain model (DTM), which represents altimetric values at ground level. The main products available globally and free of charge, such as the SRTM, are DSM, while many geoscientific studies require ground surface recognition, which is only possible from an DTM. In plains, this problem is accentuated, since the vegetation height, the canopy cover and the errors of the elevation measurement technique can be greater than the real altimetric amplitude of the topographic surface, creating false reliefs and compromising a correct geomorphological interpretation. As an area with extensive vegetation cover, seasonally flooded, difficult to access and extensive periods of precipitation and cloud cover, the Amazon Coastal Zone is challenging for field studies and even for remote sensing analyses. In this context, this study aimed to evaluate and compare the performance of eight DEMs, one DTM obtained from airborne P-band radar and seven DSMs (AW3D30, ASTER GDEM, Copernicus DEM, NASADEM, SRTM, Topodata and an MDS obtained from X-band airborne radar) in the morphological characterization of a floodplain on the Amazon coast. A floodplain on the outskirts of the municipality of Mazagão, in the southern portion of the coast of Amapá, Brazil, was selected as a test area. All DEMs were resampled to the same 30 m mesh size and compared by visual control and statistical analysis based on slope elevation. The behavior of automated extraction from the hydrographic network was also analyzed. The comparison showed that the DTM obtained from P-band radar images was the most consistent with respect to terrain shapes, as it is less sensitive to vegetation. It was also found that even the DTM was not able to detect drainage lines or features corresponding to very small elevation variations. Rather than requiring more refined techniques or better spatial resolutions, which can result in unaffordable operational costs, we suggest that using external 2D data such as satellite imagery or existing databases can provide implicit 3D mapping for watershed modeling. hydrographic surveys in areas where elevations are not accurate enough. The approach was also applied in the detection and characterization of paleodrainages in lowland regions. These features are typically marked by the presence of vegetation on the banks and/or in the center of the paleochannels and record the evolution of river courses throughout the Quaternary. Although DSM are more suitable for this type of analysis, it was possible to verify, with the selection of altimetric points of the DTM, x that they are likely to be recognized from the ground surface, although the product error is greater than the height variation. from the margins to the center of the paleochannels. 

  • Data: Feb 23, 2023
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  • Keywords: digital elevation models; digital terrain models; floodplain; alluvial plain; Amazon
    river.

2022
Description
  • ANGELA ESMERALDA CELY TORRES
  • VARIABILIDADE ESPACIAL E TEMPORAL DO MANGUEZAL EM UM ESTUÁRIO SUBTROPICAL, BAÍA DA BABITONGA, SUL DO BRASIL

  • Data: Dec 31, 2022
  • Show resume
  • Os manguezais são ecossistemas indicadores que respondem às mudanças globais nas regiões tropicais e subtropicais em todo o mundo. Mudanças climáticas e variações no nível do mar influenciaram significativamente os manguezais durante o Holoceno ao longo da costa brasileira. Aqui estudamos os manguezais estabelecidos próximo ao limite mais ao sul da América do Sul (28°S). Nosso estudo é baseado em um testemunho obtido na região do canal Palmital - Baia da Babitonga, Estado de Santa Catarina (SC), Brasil. Análises sedimentares, polínicas, análises geomorfológicas e de vegetação permitiram a reconstituição paleoambiental durante o Holoceno tardio. As três associações de fácies encontradas indicaram uma sucessão progradacional onde uma planície de maré foi desenvolvida na margem do estuário. Durante a primeira fase, desde pelo menos 1440 a ±1286 anos cal AP, havia uma planície de inframaré arenosa na área de estudo. Inicialmente sem nenhum registro de manguezal, mas grãos de pólen de Laguncularia foram identificados à partir de ±1390 anos cal AP, indicando que na região circundante ao ponto de coleta as condições tornaram-se favoráveis para o desenvolvimento do manguezal. Após ±1286 anos cal AP, a planície de mare desenvolveu-se atingindo a linha de costa atual, favorecido pela estabilização do nível relativo do mar. Árvores de Avicennia foram estabelecidas na planície de maré a partir de ±1273 anos cal AP. Finalmente, árvores de Rhizophora foram estabelecidas durante as últimas décadas. Provavelmente, a sucessão de manguezal encontrada, foi favorecida por condições climáticas relacionadas ao aumento da temperatura durante o Holoceno tardio que tem causado uma migração do limite austral do manguezal para o sul da zona subtropical. A análise espaço-temporal moderna, revelou uma diminuição recente na área de manguezal de ±107 ha entre 1986 (4115 ha) e 2021 (4008 ha). A maior perda localiza-se na zona costeira próximo da cidade de Joinville (SC), principalmente relacionada à expansão urbana. Observou-se uma leve expansão do manguezal à montante dos canais que pode estar relacionada com mudanças do nível relativo do mar moderno e com o aumento gradual das temperaturas mínimas na região sul do Brasil.

  • PABLLO HENRIQUE COSTA DOS SANTOS
  • EVOLUÇÃO SUPERGÊNICA DO DEPÓSITO CUPRÍFERO ALVO 118 - PROVÍNCIA MINERAL DE CARAJÁS

  • Data: Dec 15, 2022
  • Show resume
  • A Província Mineral de Carajás abriga um dos maiores cinturões cupríferos do mundo, em que as mineralizações hipogênicas sulfetadas foram parcialmente transformados em gossans e estes lateritizados e/ou truncados durante a evolução da paisagem. Estas coberturas representam fonte de informações para a explorção mineral e, em alguns casos, podem ser lavradas juntamente com as mineralizações hipogênicas parentais. Os platôs da Superfície Sulamericana hospedam gossans completos e lateritizados, enquanto as áreas denudadas no entorno, típicas da Superfície Velhas, exibem gossans incompletos ou imaturos, tendo como um exemplar deste último o depósito Alvo 118. Neste corpo, a mineralização hipogênica foi convertida em um gossan imaturo localizado em profundidade, enquanto as rochas hospedeiras foram intemperizados próximo à superfície, formando um saprólito mineralizado. O gossan é formado por uma zona de oxidação, que inclui goethita, malaquita, pseudomalaquita, cuprita, tenorita, cobre nativo, ramsbeckita, crisocola e libethenita; com relictos de uma zona de sulfeto secundário, representada por calcocita. Estes minerais estão distribuídos em zonas de domínio da goethita, malaquita, cuprita e libethenita, com evolução independente, em que suas sucessões minerais refletem a transição das soluções mineralizantes de condições ácidas para levemente alcalinas e aumento no potencial de oxirredução. Este ambiente foi estabelecido a partir da interação das soluções ácidas, derivadas da dissolução da calcopirita, com os minerais de ganga (calcita e apatita) e das rochas hospedeiras, granodioritos e, secundariamente, clorititos, que atuaram no tamponamento do sistema, favorecendo a formação de novos minerais carreadores do cobre. As fortes correlações do CuO com Ag, Te, Pb, Se, Bi, Au, In, Y, U e Sn na mineralização hipogênica refletem as inclusões de petzita, altaíta, galena, cassiterita e estannita na calcopirita. No gossan, Ag, Te, Pb, Se e Bi permaneceram associados e foram incorporados aos minerais de cobre neoformados. Por outro lado, Au, In, Y, U e Sn exibem maior afinidade com os oxi-hidróxidos de ferro, assim como, Zn, As, Be, Ga, Mo e Ni. Os valores de δ65Cu reforçam que o gossan investigado é imaturo e não foi intensamente afetado por processos de lixiviação. As principais fases minerais identificadas no saprólito são caulinita (dominante), associada com clorita, esmectita e vermiculita, além de quartzo e oxihidróxidos de ferro. No saprólito, os oxi-hidróxidos de ferro apresentam forte correlação com Ga, Sc, Sn, V, Mn, Co e Cr, em parte derivados do intemperismo das rochas parentais. Adicionalmente, dados de espectroscopia Mössbauer apontam importante papel da ferridrita e goethita como incorporadores de cobre no saprólito. Não há evidências da incorporação de sua pelos argilominerais. Os valores de δ56Fe indicam pouca contribuição da mineralização primária para viii os conteúdos de Fe do saprólito, que é mais influenciado pelo intemperismo da clorita. A associação Al2O3, Hf, Zr, Th, TiO2, Ce, La, Ba, Sr representa a assinatura geoquímica das rochas hospedeiras, que influenciam a composição química dos três tipos de mineralização. Por outro lado, os principais elementos rastreadores da mineralização hipogênica são a associação In, Y, Te, Pb, Bi, Se. O conhecimento detalhado do fracionamento mineral e geoquímico supergênico torna o depósito Alvo 118 um referencial para a investigação de gossans imaturos e saprólitos mineralizados em áreas denudadas da Província Mineral de Carajás ou em terrenos equivalentes.

  • GIORDANA LETICIA MONTEIRO MACIEL
  • DINÂMICA DA VEGETAÇÃO DURANTE O QUATERNÁRIO TARDIO NO LIMITE CONTINENTAL DA PENÍNSULA BRAGANTINA, LITORAL AMAZÔNICO

  • Data: Nov 25, 2022
  • Show resume
  • O setor leste amazônico é dominado e moldado por um regime de macromarés, abrigando ambientes como: planícies lamosas colonizadas por manguezais, estuários associados a canais de maré, planícies de inundação, praias de macromaré, entre outros. Visando compreender a reconstituição paleoambiental em uma planície de inundação e a dinâmica da vegetação em um setor da região amazônica, foram realizadas coletas e integração de dados palinológicos, sedimentares e datações C-14, a partir de um perfil sedimentar de subsuperfície coletado na região dos campos herbáceos do Taperaçu, no interior da península de Bragança (PA), no litoral amazônico. O presente estudo permitiu a identificação de três associações de fácies, e quatro zonas polínicas ocorridas durante o Pleistoceno superior e Holoceno. A primeira associação de fácies definida como depósito aluvial, apresentando fácies de pelito, acamamento heterolítico flaser, com tendência granocrescente ascendente. A vegetação era predominantemente típica de árvores e arbustos, marcadas pela presença de famílias Rubiaceae, Bromeliaceae, Annonaceae, além de baixa ocorrência de vegetação herbácea dominada pela família Araceae, que se estavam presentes naquela região em torno de 41.200-39.975 anos cal AP. A segunda associação de fácies identificada, apresentou características típicas de canal de maré, com superfície erosiva bem delimitada, que marca o início da transição dos processos atuantes neste ambiente, formado por fácies de conglomerados, pelito com marcas onduladas e fácies de areia maciça. Nas áreas adjacentes ao canal, ocorria uma vegetação tipicamente herbácea, representada por Cyperaceae e Ulmaceae, além da presença de árvores e arbustos, como: Arecaceae, Malphighiaceae e Rubiaceae. Durante o Holoceno inicial e médio (6.000-5.915 anos cal AP), os resultados obtidos revelaram a formação de uma planície de maré. O principal resultado polínico durante esta fase foi o estabelecimento do manguezal, colonizado por Rhizophora e Avicennia, além da presença da vegetação herbácea, que atualmente ocupa a região estudada, marcando o Holoceno tardio.

  • CAIO SILVA DOS SANTOS
  • DIAGÊNESE DA FORMAÇÃO GUIA, EDIACARANO DA BACIA ARARAS-ALTO PARAGUAI, SUL DO CRÁTON AMAZÔNICO

  • Data: Oct 31, 2022
  • Show resume
  • Rochas carbonáticas pertencentes à Formação Guia, unidade calcária do Grupo Araras, são expostas na Bacia Araras-Alto Paraguai, região central da América do Sul. Correspondem a depósitos de plataforma carbonática de idade ediacarana (622-614 Ma) desenvolvida em um mar epicontinental. Estes depósitos recobrem discordantemente dolomitos de capa carbonática na porção SW do Cráton Amazônico e diamictitos da Formação Puga relacionados à glaciação do Marinoano de 635 Ma, que estão distribuídos sobre o substrato metamórfico da bacia. A Formação Guia, objeto de estudo desta dissertação é composta por calcários intercalados com finas camadas de folhelhos calcíticos. Os dados foram obtidos da análise de um perfil estratigráfico de 350m, realizado em uma das melhores exposições da Formação Guia, a frente de lavra da Mina COPACEL, na cidade de Nobres, estado do Mato Grosso. Foram identificadas 6 microfácies representativas de mar epicontinental, agrupadas em uma única associação de fácies, plataforma profunda, constituída por: Lime-mudstone betuminoso, maciço e rico em grãos terrígenos, folhelhos negros, brechas carbonáticas e brechas deformadas. Estas rochas foram intensamente afetadas por processos diagenéticos como: aggrading neomorphism, maturação da matéria orgânica, compactação física, cimentação de calcita espática, dolomitização, compactação química e migração de hidrocarbonetos. O neomorfismo do tipo agradacional (aggrading neomorphism) afeta a matriz destas rochas, passando de micrita (<4 µm) para microespática e pseudoespática, exibindo um mosaico hipidiotópico. O micrito rico em matéria orgânica é parcialmente dissolvido por fluidos gerados pela maturação desta, gerando poros vugulares posteriormente cimentados por calcita espática. Este cimento é caracterizado por cristais subedrais grossos e clivagem romboédrica em duas direções. Sob catodoluminescência, apresenta duas luminescências: laranja avermelhado, quando substitui a matriz, e rosa zonado, quando preenche poros vugulares. Os estilólitos formam superfícies serrilhadas de baixa amplitude impregnadas por material insolúvel, composto por argilas, quartzo e matéria orgânica. A dolomitização, afeta as rochas em três momentos: o primeiro ocorre com a substituição do cimento de calcita espática nas fraturas por dolomitas subedrais com mosaico hipidiotópico, além de inclusões de minerais opacos, o segundo momento é a substituição da matriz por dolomitas anédricas, e o terceiro momento é a formação de cristais de saddle dolomite que ocorrem associados com hidrocarbonetos preenchendo porosidade vugular. A análise pontual com MEV/EDS identificou grandes quantidade de Ca e baixas de Mg, Si, S, Ca, Mn, Fe, Ni, Zn, Sr, Cd, Ba e Pb, reforçando que, apesar de terem feições de alteração, os carbonatos foram pouco afetados por fluidos diagenéticos/dolomitizadores. Estas ix rochas compõem o Sistema Petrolífero Araras, apresentando valores de COT entre 0,04 e 0,50%, portanto com potencial gerador baixo a médio, o que o classifica como do tipo nãoconvencional. A associação dos dados petrográficos e geoquímicos sugerem que a migração do betume ocorreu em 610 Ma, durante soerguimento térmico da Bacia Intracratônica Araras, antes da deposição do Grupo Alto Paraguai, o que levou exposição do Grupo Araras e oxidação do hidrocarboneto, permitindo a identificação de querogênio tipo IV. De acordo com dados de pirólise Rock Eval, Índice de Hidrogênio e Índice de Oxigênio, estas rochas não possuem potencial para a geração de óleo ou gás, e são constituídos por matéria orgânica oxidada, com evolução térmica imatura.

  • LARISSA ROBERTA OLIVEIRA CASTRO SANTOS
  • A EXPANSÃO DOS MANGUEZAIS NA FOZ DO RIO ITAPICURU (BA) DURANTE O ANTROPOCENO

  • Data: Sep 20, 2022
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  • O objetivo deste trabalho foi avaliar a dinâmica dos manguezais durante o Antropoceno, assim como a influência das mudanças climáticas sobre os manguezais e unidades de vegetação associadas na foz do rio Tapicuru no norte do Estado da Bahia, nordeste do Brasil. A construção deste trabalho foi realizada integrando dados sedimentológicos, palinológicos, isotópicos e de datações Pb-210 em um testemunho sedimentar. Os resultados isotópicos para δ13C revelaram um padrão relativamente estável com valores isotópicos empobrecidos (-27‰ a -23,3‰), típicos de matéria orgânica originada com aporte de vegetação do tipo C3. A palinologia indicou a presença de cinco grupos ecológicos: manguezais, ervas, árvores e arbustos, palmeiras e esporos. Os resultados polínicos do testemunho T1 apresentam duas zonas (zona 1: 85-34 cm e zona 2: 34-0 cm), conforme análise de agrupamento. A zona 1 é marcada pela tendência de diminuição da vegetação de manguezal, enquanto a zona 2 apresenta tendência de aumento da vegetação de manguezal caracterizada em maior parte pela presença de Rhizophora.

  • LUCIANO RIBEIRO DA SILVA
  • PETROGÊNESE E HISTÓRIA TECTÔNICA DOS GRANITOIDES MESOARQUEANOS DE OURILÂNDIA DO NORTE (PA) – PROVÍNCIA CARAJÁS

  • Data: Sep 16, 2022
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  • Dados isotópicos inéditos de U-Pb-Hf em zircão das principais unidades mesoarqueanas da área de Ourilândia do Norte, localizada na porção centro-oeste da Província Carajás, foram combinados a uma revisão dos principais aspectos geológico-estruturais, petrográficos e geoquímicos destas rochas, o que permitiu uma redefinição da estratigrafia local, bem como um aprofundamento sobre as naturezas das fontes, com base em modelagem geoquímica. Além disto, foi apresentado um quadro moderno das correlações tectonoestratigráficas e dos
    principais eventos que levaram à estabilização da província, bem como suas implicações para a origem da tectônica de placas. Os granitoides meosarqueanos de Ourilândia são compostos por batólitos de sanukitoide (SNK) e biotita granito (BG), com subordinado tonalitotrondhjemito- granodiorito (TTG). (1) Os TTG  representam o evento mais antigo da área (2,92 Ga) e são compostos por xenólitos tonalíticos (Suíte Mogno) e por um stock de trondhjemito porfirítico (Suíte Rio Verde). Os xenólitos são deformados e o trondhjemito apresenta pequenos enclaves máficos. O xenólito tonalítico forneceu εHf(2,92 Ga) = +2,0 a –0,2 e foi formado por 16% de fusão a partir de um metabasalto enriquecido, enquanto o trondhjemito apresentou valores de εHf mais amplos [εHf(2,92 Ga) = +2,3 a –3,5], sugerindo uma origem mais complexa envolvendo mistura entre melt tipo-TTG (70–80%) e um componente subcondrítico (20–30%), refletindo em seu maior tempo de residência crustal (Hf-TDM C = 3,2–3,5 Ga) em relação ao xenólito (Hf- TDM C = 3,2–3,3 Ga). (2) Os SNKs foram agrupados na Suíte Sanukitoide Ourilândia, que integra o Granodiorito Arraias (2,92 Ga) e o Complexo Tonalito-Granodiorito Ourilândia (2,88 Ga), que é composto por tonalitos e granodioritos, com subordinados quartzo monzodiorito, quartzo diorito e enclaves máficos. De modo geral, essas rochas mostram hornblenda, biotita e epidoto como principais fases máficas. O Granodiorito Arraias é a unidade SNK mais antiga da província e uma das mais antigas do mundo. Ele forneceu valores de εHf(2,92 Ga) variando de condrítico a subcondrítico (+1,9 a –4,4) e pode ser gerado por 29% de fusão do manto metassomatizado por 40% de melt tipo-TTG, em condições oxidantes, deixando um resíduo composto de ortopiroxênio, granada, clinopiroxênio e magnetita. Já o Complexo Ourilândia forneceu valores de εHf(2,88 Ga) = +3,4 a –2,0 e suas diferentes variedades de granitoides (incluindo o quartzo monzodiorito) foram formadas a partir de 18–33% de fusão do manto enriquecido por 20–40% de melt tipo-TTG, sob condições oxidantes, deixando um resíduo composto por ortopiroxênio, clinopiroxênio, granada, magnetita ±olivina. Os enclaves máficos e o quartzo diorito mostram histórias petrogenéticas distintas e foram admitidos como produto de fusão parcial do manto metassomatizado por fluidos em menores pressões, fora da zona de viii estabilidade da granada. (3) O monzogranito equigranular representa a unidade mais volumosa da área e foi correlacionado ao batólito Boa Sorte (Suíte Granítica Canaã dos Carajás). Seu magma parental pode ser formado por 18% de fusão a partir de um trondhjemito tipo-TTG
    (análogo àqueles da região de Água Azul do Norte) sob condições relativamente oxidantes, deixando um resíduo composto por plagioclásio, quartzo, biotita, magnetita e ilmenita. Os dados U-Pb permitiram distinguir quatro populações de zircão (3,04 Ga, 2,97 Ga, 2,93 Ga e 2,88 Ga). A população mais jovem foi interpretada como a idade de cristalização magmática (contemporânea ao Complexo Ourilândia) e forneceu valores subcondríticos de εHf(2,88 Ga) = – 0,8 a –4,1 (o que confirma sua origem crustal). A população de 2,93 Ga foi interpretada como
    cristais herdados da fonte tipo-TTG e forneceu εHf(2,93 Ga) condrítico = +2,8 a –0,7 (Hf-TDM C = 3,1–3,4 Ga), indicando um menor tempo de residência crustal em relação à população de 2,88 Ga (Hf-TDM
    C = 3,3–3,5 Ga). Já as populações com idades de 3,04 Ga e 2,97 Ga foram interpretadas como xenocristais com εHf(3,04 Ga) = –1,7 a –2,2 (Hf-TDM C = 3,5 Ga) e εHf(2,97 Ga) = +1,4 a –5,7 (Hf-TDM C = 3,3–3,7 Ga), respectivamente. (4) O granodiorito porfirítico alto-Ti e o monzogranito heterogranular associado são intimamente relacionados ao Granito Boa Sorte e foram agrupados na Suíte Granodiorito-Granito Tucumã, que apresenta afinidade com os granitos Closepet (Cráton Dharwar, Índia) e Matok (Bloco Pietersburg, África do Sul). O granodiorito alto-Ti pode ser formado por fusão de 30% do manto enriquecido com 40% de melt tipo-TTG em condições oxidantes, deixando um resíduo composto por ortopiroxênio, olivina, plagioclásio, clinopiroxênio e magnetita, com a participação de um componente enriquecido em HFSE, como sedimentos, fluidos e/ou materiais da astenosfera. A petrogênese do monzogranito desta suíte envolveu mistura entre 40% de magmas derivados da crosta (Granito Boa Sorte) e 60% de magmas derivados do manto enriquecido (granodiorito alto-Ti). Um modelo tectônico de três estágios é admitido para explicar a origem e a assinatura isotópica dos granitoides estudados. Os valores de Hf-TDM C variam entre 3,7–3,1 Ga, indicando extração
    de crosta a partir do manto no Paleoarqueano, que foi gerada em tectônica tipo domos-e-quilhas de longa duração (~600 Ma) e posteriormente reciclada de volta ao manto, permitindo seu enriquecimento por subducção de baixo ângulo no Mesoarqueano (2º estágio), onde os TTG (suítes Mogno e Rio Verde) e a primeira geração de SNK (Granodiorito Arraias) foram formados em 2,92 Ga. Então, uma colisão de curta duração (3º estágio) definida pelo pico de metamorfismo regional (2,89–2,84 Ga) e associada com espessamento crustal e slab breakoff permitiu a origem de grandes volumes de magmas derivados do manto e da crosta em ~2,88 Ga, com ascensão e colocação condicionada por zonas de cisalhamento. 

  • HARESSON ELIAS PAMPOLHA DE SIQUEIRA MENDES
  • METAIS NA COMUNIDADE PLANCTÔNICA DE UM SISTEMA DE RESSURGÊNCIA, CABO FRIO, SUDESTE DO BRASIL

  • Data: Sep 15, 2022
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  • Os metais e os organismos planctônicos possuem estreita relação. São componentes chave para o funcionamento da bomba biológica, visto que atuam como micronutrientes e como cofatores de enzimas responsáveis pelo metabolismo. Em sistemas de ressurgência costeira como em Cabo Frio (SRCF), o aporte de nutrientes de águas intermediárias permite um fortalecimento na bomba biológica com aumento da produtividade planctônica. Durante o estudo, foram realizadas 7 campanhas (Março a Dezembro 2012) na plataforma de SRCF, utilizando redes de zooplâncton (< 300 e < 150μm) e fitoplâncton (< 64 e < 20μm) coletadas através de arrastos subsuperficiais. Os principais grupos taxonômicos de cada amostra foram identificados. Além disso, foram analisados os metais (Al, Fe, Mn, Ni, Cr, Cu, Ti, Zn, Cd e As) na comunidade planctônica empregando ICP-MS. A analise fatorial dos metais demostrou fortes associações positivas (Cr, Mn e Fe) e negativas (Zn, As e Cd) dos elementos com os táxons mais abundantes do zooplâncton como: Penilla avirostris, Paracalnidae e o gênero Paracalanus, além das demais espécies classificadas neste trabalho como “Outros”. O fitoplâncton, apresentou associações positivas (Mn e Ti) e negativas (Ni, Cu e Zn) mais fortes quando houve predomínio da classe Bacillariohyta. A razão Al:Metal em comparação com os valores da crosta terrestre foi empregado para indicar as fontes dos metais. A origem Biogênica/Antropogênica ficou evidente nos metais: Cr (variando de 0,01-56,1 μg/g), Mn (0,12-35,5 μg/g), Zn (0,02-412,0 μg/g), Ni (0,004 – 25,9 μg/g), As (2,38 – 67 μg/g) e Cd (0,08 – 7,5 μg/g) com valores acima da crosta. Ferro (0,02 – 392 μg/g) e Ti (4,23 – 130,1 μg/g) apresentaram origem litogênica devido a razões próximas a crosta. Além disso, os metais (Cr, Zn, Fe, Ni, As e Ti) apresentaram linearidade R2>0.96 em relação a P:Al versus Metal: Al. Este resultado indica possível assimilação intracelular. Além do mais, a composição química das rochas ígneas e metamórficas de Cabo Frio atuou como um importante fontes de metais como o Ti. Os resultados indicam o potencial de transferência de metais da bomba biológica para sedimentos no SRCF.

  • BRENO MARCELO RIBEIRO PARAENSE
  • MINERALOGIA E GEOQUÍMICA DE U, TH, ETR E OUTROS ELEMENTOS-TRAÇO EM BAUXITAS DA REGIÃO DE PARAGOMINAS, NE DO PARÁ

  • Data: Aug 17, 2022
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  • O estado do Pará apresenta os maiores depósitos de bauxita metalúrgica do Brasil, com destaque para as regiões Oeste (municípios de Oriximiná e Juruti, com duas minas em operação) e Nordeste do estado (municípios de Paragominas – uma mina em operação – e Rondon do Pará). A cobertura laterítica/bauxítica da província bauxitífera de Paragominas é produto do intemperismo extremo de rochas sedimentares siliciclásticas e compõe-se de minerais resultantes do mais alto grau de alteração ou seja, de caulinita (Al2Si2O5 (OH)4), gibbsita (Al(OH)3) , goethita (FeOOH), hematita (Fe2O3) e anatásio (TiO2), aos quais acrescentam-se traços de quartzo reliquiar, mica fortemente degradada e minerais pesados de maior resistência nas condições tropicais úmidas tais como rutilo (TiO2), turmalina e zircão (ZrSiO4). Além da extração de bauxita, merece destaque a sua transformação mineral, que acontece no distrito industrial de Barcarena, próximo a Belém, com a refinaria de Alumina da Hydro-Alunorte, e a produção de alumínio metálico pela Albrás. Devido a acontecimentos recentes relacionados à disposição de resíduos em bacias de decantação (DRS) utilizadas pela mineradora, instaurouse um clima de desconfiança por parte da opinião pública quanto à segurança das populações que habitam nas adjacências da empresa, especialmente no que tange a questão de saúde humana, pois a constituição dos resíduos da transformação mineral do minério não é completamente conhecida. O objetivo desta pesquisa é determinar a presença e estudar o comportamento geoquímico de elementos-traço como U, Th e ETR, além de outros metais pesados, como Hg, Cd e Pb, em bauxitas e coberturas lateríticas da mina Miltônia, em Paragominas, e resíduos (lamas vermelhas) de Barcarena, a relação com a mineralogia acessória desses materiais e estabelecimento de valores de referência ou de background para avaliação ambiental. O presente trabalho foi realizado com amostras provenientes de 1 perfil bauxítico(seção HIJ-231), situados na mina Miltônia 3, coletadas por meio de furos de sondagem e/ou de frente de lavra, também foram coletadas amostras de  processo do moinho SAG da usina I, separadas em diferentes frações granulométricas, fornecidas pela empresa Norsk Hydro. Os processos analíticos de DRX e FRX foram realizados no Laboratório de Caracterização Mineral da UFPA (LCM/UFPA), enquanto a etapa de MEV foi efetuada no Laboratório de Microanálises da mesma Unidade/Instituição. Os resultados das análises químicas e mineralógicas das amostras provenientes da mina Miltônia 3, tanto da bauxita in natura, como das suas frações granulométricas, após moagem autógena, demonstraram existir relação entre os altos valores de ZrO2 e TiO2 verificados e os minerais acessórios – zircão, rutilo e anatásio. 

  • LAURA ESTEFANIA GARZÓN ROJAS
  • CORRELAÇÃO BIOESTRATIGRÁFICA E PALEOECOLÓGICA DE FORAMINÍFEROS CENOZOICOS DAS FORMAÇÕES MARAJÓ E PIRABAS, NORDESTE DO ESTADO DO PARÁ, BRASIL

  • Data: Jul 18, 2022
  • Show resume
  • Estudos prévios têm reavaliado aspectos estratigráficos e geofísicos nas sequências sedimentares da costa leste no nordeste do Estado do Pará, reinterpretando os limites geológicos da Bacia de Marajó e a Plataforma Bragantina, estruturas que são separadas pela Falha Vigia-Castanhal. Estes compartimentos geotectônicos, foram influenciados pelo aumento no influxo da drenagem cratônica transcontinental Andina do rio Amazonas e condicionados pelo maior evento transgressivo ocorrido a nível global no início do Neogeno, desenvolvendo na Plataforma Bragantina as sequências de carbonatos marinhos da Formação Pirabas (Oligo-Mioceno Médio) e a expressiva sedimentação siliciclástica carbonática da Formação Marajó desenvolvida na fase pós-rifte da Bacia de Marajó. Os dois testemunhos das localidades de estudo, Inhangapi (Formação Marajó) e Vigia (Formação Pirabas), encontram-se perto da Fossa Vigia-Castanhal e correspondem ao limite entre a Bacia de Marajó e a Plataforma Bragantina respectivamente. Este trabalho tem como objetivo correlacionar bioestratigraficamente as condições paleoambientais e paleoecológicas com base em análises multivariados qualitativos e quantitativos, correlação de associações de foraminíferos por meio do agrupamento cluster e medição de paleoprofundidade com a razão P/B; realizados segundo a classificação taxonômica dos foraminíferos bentônicos de acordo com contribuições específicas. O conteúdo fossilífero destas formações apresenta uma grande similaridade e diversidade nos microforaminíferos hialinos bentônicos que ocorrem tanto em ambientes deposicionais siliciclásticos quanto em carbonatos. Estes ambientes foram colonizados por uma diversa e abundante vida bentônica que indica águas rasas, quentes, de alta energia, boa circulação e oxigenação na zona marinha transicional. Confirmando que estas duas unidades sedimentares cenozoicas apresentam litologias e ambientes deposicionais diferentes, sendo a Formação Marajó gerada num ambiente marinho marginal restrito dinâmico, subóxico, salinidade variável e incursões marinhas confirmadas pela abundância das espécies como Cribroelphidium williamsoni, Ammonia tepida e A. beccarii; e a Formação Pirabas foi interpretada em um ambiente marinho marginal salobro, óxico, de plataforma nerítica com abundância das espécies Cibicides subhaidingerii e Cassidulina laevigata. Estas duas localidades mantêm similaridades micropaleontológicas, confirmada pela presença de espécies como Hanzawaia mantaensis, C. pachyderma, Uvigerina peregrina e Lobulata lobulata que as converte em unidades cronocorrelatas.

  • FERNANDO FERNANDES DA SILVA
  • ORIGEM E EVOLUÇÃO DO COMPLEXO GRANITOIDE NEOARQUEANO DE VILA JUSSARA: IMPLICAÇÕES PARA A EVOLUÇÃO CRUSTAL DA PROVÍNCIA CARAJÁS

  • Data: Jul 15, 2022
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  • Novas informações sobre a geologia, aliadas à obtenção de dados geoquímicos e isotópicos (U-Pb, Hf e Nd) da Suíte Vila Jussara, são apresentadas com objetivo de discutir um modelo petrogenético para os granitoides neoarqueanos da Província Carajás. Esta suíte surge como uma série de plútons com formas sigmoidais, coalescentes e alongados na direção E-W, os quais seguem a tendência regional. As áreas centrais dos plútons são levemente deformadas, enquanto que as porções marginais apresentam aspecto milonítico e são delimitadas por zonas de cisalhamento sinistral pertencentes ao sistema transcorrente da Cinturão de Cisalhamento Itacaiúnas. Esses granitoides apresentam um amplo espectro composicional, com quatro litotipos individualizados: (i) biotita-hornblenda monzogranito seriado, que é subdividido em tipos oxidados e reduzidos; (ii) biotita-hornblenda tonalito; (iii) biotita monzogranito; e (iv) granitoide porfirítico (hornblenda biotita monzogranito/granodiorito). Os dados geocronológicos U-Pb e Pb-Pb em zircão forneceram idade de cristalização de 2.74 Ga para a variedades graníticas e granitoides porfiríticos, e para a variedade biotita-hornblenda tonalito,
    idade de 2.76 Ga. Os dados isotópicos de Nd e Hf, sugerem que os magmas da suíte Vila Jussara não são juvenis [εNd (-3,5 a 1,5) e εHf (-1,2 a 3,5)] e foram derivados de rochas de idade mesoarqueana (TDM > 3.0 Ga). O modelo petrogenético adotado para gerar os magmas primários desta suíte admite como rocha geradora os granulitos mesoarqueanos da área Ouro Verde do subdomínio Canaã dos Carajás. Relações de campo, dados geoquímicos e isotópicos sugerem que os granitoides que compõem a Suíte Vila Jussara não são formados a partir de um único magma parental, mas por múltiplas injeções de magmas gerando extensa hibridização. Seus magmas foram colocados ao longo de estruturas pré-existentes sob regime tectônico transtensional dominado por cisalhamento puro em um contexto sintectônico póscolisional.

  • LUCIO CARDOSO DE MEDEIROS FILHO
  • HIDRODINÂMICA, TRANSPORTE E PROVENIÊNCIA SEDIMENTAR NO BAIXO RIO XINGU E SUA IMPORTÂNCIA COMO “TIDAL RIVER” AMAZÔNICO

  • Data: Jul 14, 2022
  • Show resume
  • Está pesquisa é fundamentada na investigação dos processos (geológicos e hidrodinâmicos) que
    regem a evolução recente de um grande tributário do baixo Amazonas, o rio Xingu. O intuito
    foi investigar a evolução sedimentar e fluxos hidrológicos, a partir de dados já consolidados
    sobre o preenchimento de sua ria e como tem se estabelecido seus padrões de transporte e
    aprisionamento de sedimentos, seus efeitos sazonais e de maré, além compreender o papel do
    rio Amazonas como regulador na dinâmica de seu afluente. Medições hidrodinâmicas de vazão,
    velocidade e nível d’água juntamente com amostras de sedimentos de fundo e MPS foram
    coletados em 3 períodos anuais (fevereiro, junho e novembro). Os resultados deram subsídios
    para investigação da interação Xingu-Amazonas e a evolução da morfologia de fundo do baixo
    Xingu. Os resultados sugerem um enchimento da ria tanto pelo próprio rio Xingu, formando
    um proeminente delta de cabeceira, quanto pelo rio Amazonas, onde as variações das marés
    transportam sedimentos a montante no rio Xingu. Por outro lado, grandes áreas na parte central
    da ria indicam uma sedimentação lamosa. A geoquímica elementar permitiu traçar parte da
    história dos sedimentos e rochas de origem, juntamente com a análise dos elementos imóveis
    (Al, Ti, Zr, Hf, Th) e dos elementos terras raras (ETR) por serem pouco fracionados durante os
    processos de intemperismo e concentram-se nos sedimentos de fundo em detrimento da fração
    dissolvida dos rios. Os depósitos preservados no baixo rio Xingu, além de drenar regiões
    cratônicas em zonas mais elevadas, ratificam que o material de fundo é derivado de fontes
    heterogêneas com composições predominantemente ígnea intermediaria e que foram
    submetidos a importante reciclagem durante o transporte fluvial. A modelagem hidrodinâmica
    permitiu apontar a descarga fluvial como forçante mais relevante para dinâmica de deposição
    lamosa na ria do Xingu. A partir de um modelo numérico foi possível extrapolar a dinâmica de
    fluxo e transporte para além das fronteiras abertas, ou seja, a porção central da ria, elucidando
    o mecanismo de interação entre a descarga fluvial e maré e a dinâmica sedimentar associada.
    A determinação das amplitudes e fases das componentes de maré, sejam as de origem
    puramente astronômico ou decorrentes de águas rasas, assim como do nível médio e a descarga
    horária mostraram-se fundamentais para o entendimento dos processos regentes.

  • DAVI FERREIRA DE CARVALHO
  • GEOCRONOLOGIA DA CAPA CARBONÁTICA E PROVENIÊNCIA DO INTERVALO EDIACARANO SUPERIOR-CAMBRIANO DA BACIA ARARAS-ALTO PARAGUAI, SUL DO CRATON AMAZÔNICO

  • Data: Jun 21, 2022
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  • A Bacia Araras-Alto Paraguai, no sul Cráton Amazônico, inclui depósitos do Criogeniano, Ediacarano e Cambriano relacionados aos eventos glaciais (ca. 635 Ma) e  pós-glaciais (635-600 Ma) Marinoanos e aos estágios iniciais de Gondwana Ocidental. Diamictitos glaciais da Formação Puga são diretamente recobertos pela capa carbonática Neoproterozoica da base do Grupo Araras, relacionada à rápida transição icehouse-greenhouse no contexto da teoria da Terra “Bola de Neve” (Snowball Earth). O Grupo Araras é recoberto discordantemente pelos depósitos siliciclásticos cambrianos da Formação Raizama, base do Grupo Alto Paraguai. A sucessão é balizada por idades máximas de deposição U-Pb em zircão detrítico de < 652 ± 5 Ma (embasamento - Grupo Cuiabá) e < 528±9 Ma (topo do Grupo Alto Paraguai). Idades Pb-Pb em carbonatos de 627±32 Ma e 622±33 Ma e excursões negativas de δ13C na capa carbonática são coerentes com essas estimativas de tempo. A correlação dos dados isotópicos da Bacia Araras-Alto Paraguai com curvas de δ13C e 87Sr/88Sr globais indica idade de ca. 614 Ma para o topo erodido do Grupo Araras. A presença de skolithos na base do Grupo Alto Paraguai confirma a idade cambriana (<530 Ma) conferindo um hiato entre esses grupos de ca. 80 x 106 anos. Os dados disponíveis ainda são escassos e apenas permitem estimativas de tempo muito amplas que dificultam o sequenciamento dos eventos geológicos. Novos dados isotópicos de δ13C com a típica assinatura negativa de capa carbonática, com valores oscilando entre -7 e -4 ‰ complementaram aqueles disponíveis para a sucessão, ampliando as correlações estratigráficas na plataforma interna do Grupo Araras. A geocronologia de U-Pb via LA-ICP-MS em leques de calcita, interpretados como pseudomorfos de aragonita, forneceu a primeira idade diagenética de 624 ± 6 Ma da capa carbonática. Relações texturais e sinal isotópico mais pesado nos leques (δ13C = -6,80 a -5,85, δ18O = -7,0 a -5,80) em relação ao micrito (δ13C = -7,25 a -5,85, δ18O = -8,9 a -7,5), indicam dissolução-reprecipitação sob influência de fluidos oxidantes no ambiente diagenético. Tal mudança na composição dos fluidos diagenéticos pode estar relacionada à queda do nível do mar durante a deposição do trato de sistema de mar alto da sequência de capa carbonática. A idade diagenética demonstra que os processos deposicionais e diagenéticos da capa calcárea, incluindo a precipitação da micrita e pirita, inversão da aragonita para calcita, neomorfismo de soterramento, compactação química e dissolução-reprecipitação de calcita dentro dos leques levou ca. 11±6 x 106 anos. Embora um similar espectro de idades dos zircões detríticos indique a mesma fonte cratônica para a sucessão estudada, há uma maior proporção geral de idades maiores que 1,25 Ga para o topo do Grupo Araras em relação a base do Grupo Alto Paraguai. Este resultado corrobora o hiato erosivo entre os grupos e indica um aumento relativo de fontes de SW-SE (<1,25 Ga, Faixa Sunsás) em detrimento de fontes a N-NW (>1,25 Ga, outros terrenos do cráton Amazônico) na transição do Ediacarano para o Cambriano. Por outro lado, no domínio cratônico, somente zircões com idades mais antigas que 1,38 Ga para a base do Grupo Alto Paraguai e paleocorrentes persistentemente para SE, sugere intensificação do influxo siliciclástico a partir de NNW. A integração de dados sedimentológicos, quimioestratigráficos, geocronológicos e tectônicos permitiram estabelecer cinco etapas para a o sucessão Ediacarana-Cambriana da Bacia Araras-Alto Paraguai: 1) Transgressão deglaciação e deposição da capa dolomítica (ca. 635-632 Ma); 2) Expansão termal do oceano e deposição da capa calcária e trato de sistemas de mar alto da sequência de capa carbonática (ca. 632-615 Ma); 3) Regressão com intensificação do influxo siliciclástico, transferência do espaço de acomodação para leste seguido de supressão da produtividade carbonática (ca. 615-600 Ma); 4)  exposição e erosão do cráton Amazônico meridional por dezenas de milhões de anos (ca. 600-530 Ma); 5) elevação do nível do mar com implantação da plataforma siliciclástica (ca. 530-520 Ma). A integração de dados e informações geológicas prévios e atuais permitiram uma melhor caracterização estratigráfica da sedimentação Araras-Alto Paraguai exposta no sul do Cráton Amazônico revelando uma parte importante da evolução geológica dos mares epicontinentais primordiais ligados a formação do Gondwana oeste.

  • DOMINIQUE DE PAULA AMARAL FERREIRA
  • IMPLANTAÇÃO DA METODOLOGIA U-Pb EM MONAZITA POR LA- ICPMS NO LABORATÓRIO DE GEOLOGIA ISOTÓPICA DA UFPA (PARÁ-ISO): APLICAÇÃO EM ROCHAS DE ALTO GRAU METAMÓRFICO DA REGIÃO CENTRAL DO AMAPÁ, SUDESTE DO ESCUDO DAS GUIANAS

  • Data: Jun 15, 2022
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  • Esta dissertação foi dedicada à implantação do protocolo experimental da metodologia U-Pb em monazita por espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado e sonda a laser (LA-ICP-MS) no Laboratório de Geologia Isotópica da Universidade Federal do Pará (Pará-Iso). A monazita é um ortofosfato de elementos terras raras leves que ocorre em diversos tipos de rochas ígneas e metamórficas. Sua resistência a metamictização e alta temperatura de fechamento para difusão de Pb (~750-900°C) fazem deste mineral uma importante ferramenta para datar eventos metamórficos de alto grau pelo método U–Pb. O protocolo de preparação da amostra para separação e concentração da monazita foi adaptado do procedimento já em rotina para o zircão, levando em conta as especificidades da monazita (principalmente a susceptibilidade magnética). Após a seleção dos cristais e confecção das pastilhas com resina epóxi, imagens por elétrons retro espalhados (ERE) foram obtidas em Miscroscópio Eletrônico de Varredura para avaliar as estruturas internas e selecionar os locais para as análises isotópicas no ICP-MS Thermo Finnigan Neptune equipado com uma sonda laser Nd:YAG 213nm CETAC LSX-213 G2. A redução dos dados analíticos brutos foi realizada em macro Microsoft Excel, adaptada para o processamento de dados da monazita. Os cálculos da idade foram efetuados com auxílio do programa Isoplot/EX. Inicialmente, duas monazitas já instituídas como materiais de referência internacional (Bananeira e Diamantina) foram analisadas para testar a confiabilidade, precisão e reprodutibilidade dos dados analíticos. Além destas, uma amostra de monazita de um pegmatito neoproterozoico da porção leste do Cinturão Araguaia, estado do Tocantins, foi avaliada como potencial material de referência (MR). As análises por LA-ICP-MS das monazitas Bananeira e Diamantina forneceram idades de 510 ± 5 Ma (médias ponderadas das idades 207Pb*/235U, n = 27, 95% conf., MSWD = 0,089) e 495 ± 2 Ma (médias ponderadas das idades 206Pb*/238U,   = 47, 95% conf., MSWD = 0,995) respectivamente, similares aos valores de 508 ± 1 Ma e 495 ± 1 Ma obtidos por ID-TIMS, LA-Q-ICP-MS e LA-SF-ICP-MS para esses respectivos MRs. A maior intensidade do sinal analítico da monazita Bananeira a elegeu como MR primário e a monazita Diamantina como MR secundário. Imagens ERE e mapas composicionais destacaram a homogeneidade da amostra de monazita Xambioá. A análise por LA-ICP-MS forneceu uma média ponderada das idades 206Pb*/238U de 514,8 ± 2,3 Ma (n = 27, 2σ, MSWD = 0,56), que é compatível com o quadro geológico regional. Esses dados precisam ser validados por comparação inter-laboratorial, porém essa monazita mostrou potencial como MR interno do laboratório tendo em vista o tamanho do cristal disponível (7 cm de comprimento, ~180 g). Uma primeira aplicação da metodologia U–Pb em monazitas por LAviii ICP-MS buscou fornecer uma idade confiável do metamorfismo de rochas  aleoproterozoicas
    do complexo granulítico Tartarugal Grande (CGTG), na região central do Amapá, sudeste do Escudo das Guianas. Para comparação interlaboratorial, uma das amostras foi também analisada no Laboratório de LA-ICP-MS da Unidade de Pesquisa Géosciences Montpellier da Universidade de Montpellier, França. Foram analisadas monazitas de dois granada-biotita gnaisses riacianos do CGTG (HP-17 e HP-04) e um neossoma derivado destes (HP-09C). Estudos estimaram que o metamorfismo destas rochas em condições de fácies granulito alcançou temperatura de 800° ± 20 °C e pressão de ~7 Kbar. As análises isotópicas U-Pb das monazitas da amostra HP-17 forneceram idades por intercepto superior de 2058 ± 19 Ma (n = 51, MSWD = 0,64; Pará-Iso) e 2037 ± 4 Ma (n = 15, MSWD = 0,098; Montpellier), portanto similares dentro do erro. A amostra HP-09C forneceu uma idade média das idades 207Pb/206Pb de pontos concordantes de 2058 ± 7 Ma (n = 30, 2σ, MSWD = 0,15).  Estas idades são interpretadas como sendo do pico de metamorfismo granulítico. As monazitas da amostra HP- 04 apresentaram um espalhamento dos pontos analíticos ao longo da Concórdia, com idades 207Pb/206Pb  variando de 2096 a 2056 Ma. Essas idades podem retratar um intervalo de crescimento prolongado da monazita durante o metamorfismo ou uma reabertura parcial a total do sistema U-Pb de monazitas magmáticas do protólito durante o evento metamórfico. A integração dos dados U-Pb das monazitas com os dados geocronológicos anteriores das rochas do CGTG e unidades magmáticas vizinhas indicam a ocorrência de um magmatismo granítico intenso entre ~2,10 e 2,08 Ga, seguido por um evento metamórfico de alta
    temperatura e pressão intermediaria. O pico de metamorfismo ocorreu em torno de 2,06-2,04 Ga, e o resfriamento metamórfico entre ~2,04 e 1,96 Ga quando alcançou temperatura abaixo de 300°C, indicados pelas idades 40Ar-39Ar em biotita. Estes dados confirmam que o evento metamórfico tardi-orogênico de alto grau evidenciado na região central do Amapá foi contemporâneo ao evento metamórfico de alto grau identificado no cinturão granulítico Bakhuis (Suriname). As idades obtidas com êxito demonstram a viabilidade de realizar a
    metodologia U-Pb em monazita por LA-ICP-MS no Laboratório Pará-Iso, sendo colocada em rotina à disposição dos usuários. 

  • JORGE HERNANDO AGUDELO MORALES
  • ESTERÓIS COMO MARCADORES GEOQUÍMICOS DA ORIGEM DA MATÉRIA ORGÂNICA EM SEDIMENTOS DO RIO AURÁ (REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM-PA)

  • Data: Jun 6, 2022
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  • O rio Aurá, localizado no nordeste da Amazônia brasileira, vem recebendo há muitos anos aportes de matéria orgânica (MO) antropogênica relacionada à efluentes domésticos de comunidades ribeirinhas e do Aterro Sanitário do Aurá. Neste trabalho, determinamos a ocorrência, as fontes e a distribuição de sete esteróis em sedimentos superficiais do rio Aurá para avaliar a contaminação orgânica neste corpo hídrico. A cromatografia gasosa-acoplada a espectrometria de massas (GC/MS) foi empregada para determinar os esteróis: coprostanol, colestanol, colesterol, estigmasterol, β-sitosterol e estigmastanol.. Os analitos de interesse identificados e as razões diagnósticas indicaram que os sedimentos do rio estudado apresentam compostos orgânicos provenientes de fontes tanto antropogênicas (esgotos domésticos e MO do aterro sanitário) quanto biogênicas autóctones (plantas superiores terrestres). A Análise de Componentes Principais (PCA) corrobora com esse resultado e possibilitou o agrupamento dos pontos de amostragem segundo essas fontes. A estação 1 (ponto mais próximo do aterro Aurá) apresentou o maior nível de contaminação observado e o coprostanol foi detectado em maior concentração 219,8 ng g-1 nesse local, o que indica contaminação fecal humana moderada. Este trabalho demonstrou que a poluição por esgoto doméstico e insumos de MO do aterro do Aurá podem ser ameaças potenciais ao ecossistema e à saúde humana da região estudada.

  • IGOR ALEXANDRE ROCHA BARRETO
  • APLICAÇÃO DE RESÍDUOS DA MINERAÇÃO DE BAUXITA NA SÍNTESE DE GEOPOLÍMEROS

  • Data: Apr 8, 2022
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  • O processo de extração e beneficiamento dos depósitos de bauxitas da província bauxitífera de Paragominas/Rondon do Pará pode gerar grandes quantidades de resíduos, principalmente em duas etapas do processo: lavra e beneficiamento. Na etapa de lavra dos depósitos o “resíduo” é oriundo da retirada de uma espessa camada de material argiloso (conhecido como Argila de Belterra). Por outro lado, o “resíduo” do processo de beneficiamento é gerado após as etapas de britagem, moagem e lavagem, que originam
    uma ampla quantidade de material argiloso disperso em uma grande quantidade de água. Para o presente estudo selecionou Argila de Belterra dos depósitos de bauxita de Rondondo Pará, amostra de Argila de Lavagem de bauxita da empresa Hydro, uma amostra de caulim beneficiado da Imerys, da região do rio Capim, também no estado do Pará, uma amostra de microssílica comercial (Ecopower) e reagentes P.A da sigma (NaOH e KOH).
    As amostras e os geopolímeros foram caracterizados por Difração de Raios-X (DRX), Fluorescência de Raios-X (FRX), Análise Térmica Gravimétrica (TG), Calorímetro Exploratória Diferencial (DSC), Espectrometria de Emissão Ótica com Plasma Acoplado (ICP-OES) e Analisador de Partícula a Laser (APL). Geopolímeros foram sintetizados a partir da Argila de Belterra, microssílica e NaOH de acordo com o planejamento Box- Benkhen. Realizou-se também síntese de geopolímeros a partir de Argila de Belterra e caulim beneficiado (um estudo comparativo) usando KOH e microssílica. E por fim, geopolímeros foram sintetizados a partir da Argila de lavagem de Bauxita com NaOH e microssílica de acordo com o planejamento Doehlert. No estudo somente com a Argila de Belterra, o maior resultado de resistência resultado foi 47,78MPa e o menor resultado foi 7,05MPa. No estudo comparativo entre Argila de Belterra e caulim beneficiado, os melhores resultados de resistência a compressão foram obtidos com o caulim beneficiado. Os resultados de resistência a compressão dos  eopolímeros sintetizados a partir da Argila de Lavagem variaram de 8.99 a 41.89MPa. Esses resultados  demonstram o potencial positivo de ambos materiais para síntese de geopolímeros que podem ser usados como
    possíveis substitutos “Eco-friendly” para materiais tradicionais, principalmente, cerâmica e cimento.

  • ALAN FELIPE DOS SANTOS QUEIROZ
  • MINERALOGIA E GEOQUÍMICA DOS DEPÓSITOS DE FOSFATOS ALUMINOSOS LATERÍTICOS DA REGIÃO BONITO-OURÉM, NO ESTADO DO PARÁ

  • Data: Mar 2, 2022
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  • Pesquisas recentes desenvolvidas na região de Bonito-Ourém proporcionaram a descoberta de 4 alvos, denominados de Serrotinho, Serrote, Tracuá e Caeté, cuja avaliação da composição química preliminar indicou uma potencialidade econômica para fósforo, semelhante ao depósito fosfático de Bonito. Todavia, novas observações e estudos químicos envolvendo cálculos estequiométricos foram realizados e apontaram para possíveis variações mineralógicas em dois dos quatro alvos em relação a mineralogia predominantemente
    crandallítica do depósito de Bonito. O presente estudo teve como principal objetivo investigar a geologia, mineralogia e geoquímica desses novos depósitos, visando identificar possíveis variações destes depósitos com os do depósito de Bonito e da região do Gurupi, além de investigar se estes depósitos se enquadrariam no modelo genético da grande maioria dos depósitos de fosfatos de alumínio da região Nordeste do Pará e Noroeste do Maranhão. A metodologia consistiu na visita técnica, descrição de testemunhos e coletas de amostras,
    seguidos pelas atividades analíticas/laboratoriais, como microscopia óptica, difração de raios x e análises químicas em rocha total. Em geral, os alvos Serrotinho, Serrote, Tracuá e Caeté constituem pequenos morros isolados, com altitudes variando entre 50 a 90 m, sustentados por formações lateríticas maturas, completos e/ou truncados e com pelo menos um horizonte enriquecido em fosfatos de alumínio. Os perfis não ultrapassam a espessura de 9 m e estão frequentemente estruturados em quatros horizontes, constituídos da base para o topo por um horizonte saprolítico, um horizonte argiloso, um horizonte aluminoso fosfático e um horizonte
    ferroaluminoso fosfático. A mineralogia e a distribuição dos minerais nos perfis sãohorizontes-dependentes e similares entre os perfis investigados. Em Serrotinho e Serrote os  fosfatos predominantes pertencem a série da crandallita-goyazita e da woodhouseítasvanbergita, além de wardita subordinada. Já em Tracuá há o predomínio da augelita e em Caeté predominam a augelita junto da variscita. Em Tracuá e Caeté, além dos fosfatos, há a
    presença de gibbsita que compõe a mineralogia principal da crosta aluminosa fosfática dos perfis. A partir dos resultados, pode-se constatar que os depósitos de Serrotinho, Serrote, Tracuá e Caeté guardam muitas semelhanças entre si e com os depósitos e ocorrências de fosfatos lateríticos da região do Gurupi, em especial com Sapucaia e Boa Vista. Entende-se que Serrotinho e Serrote derivaram da mesma sequência sedimentar aluminossilicatada dos depósitos de Sapucaia, Boa Vista, enquanto Tracuá e Caeté podem ter sido desenvolvidas
    sobre sequências metassedimentares enriquecidas em fosfatos, semelhante aos depósitos de Pirocaua e Cansa Perna na região do Cinturão Gurupi.

  • LUÍSA CARDOSO MARINHO
  • PROVENIÊNCIA DAS ROCHAS METASSEDIMENTARES DO SETOR NORTE DO CINTURÃO ARAGUAIA COM BASE EM GEOCRONOLOGIA U-Pb EM ZIRCÃO

  • Data: Feb 24, 2022
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  • O Cinturão Araguaia é um orógeno situado na porção centro-norte do Brasil, cuja formação está relacionada com a amalgamação do Gondwana Ocidental no final do Neoproterozoico. Os terrenos desta unidade geotectônica estão cobertos a norte e leste pelas rochas fanerozoicas da Bacia do Parnaíba, a oeste são limitados pelo Cráton Amazônico, e a sul e sudeste pelo Maciço Goiano. Este cinturão é constituído principalmente por rochas metassedimentares reunidas nos grupos Estrondo (quartzitos e xistos) e Tocantins (xistos, filitos e metarenitos). Datação de grãos detríticos de zircão de quartzitos da Formação do Morro do Campo (base do Grupo Estrondo), realizadas pelo método de evaporação de Pb, revelaram populações de idades distintas para as regiões norte (Xambioá) e sul (Paraíso do Tocantins) do cinturão (Pinheiro et al. 2011). A norte são encontradas idades entre 1,4 e 3,1 Ga, com a população principal situada entre 2,6 e 3,0 Ga. Por sua vez, a sul as idades variam entre 0,7 Ga e 2,8 Ga, mas predominam aquelas entre 1,0 e 1,2 Ga. Datação U-Pb em zircão por LA-MC-ICP-MS (Gorayeb et al., 2020) confirmou a expressiva contribuição de zircão detrítico do Mesoproterozoico, no quartzito do segmento sul do Cinturão Araguaia. Contudo, a baixa densidade de amostragem e às limitações analíticas da técnica de evaporação de Pb em zircão, não permitem definir com clareza a área-fonte dessas rochas. Assim, este trabalho ampliou a datação U-Pb por LA-MC-ICP-MS em zircão detrítico dos quartzitos do segmento norte do cinturão, para obter idades mais exatas e definir com maior segurança a possível área fonte desses sedimentos. Tais quartzitos desenham diversas estruturas dômicas, no interior das quais afloram ortognaisses do arqueano e paleoproterozoicos do embasamento. A amostragem dessas rochas metassedimentares foi realizada nas estruturas, de norte a sul, de Xambioá, Grota Rica, Cantão e Colmeia. No quartzito da estrutura de Xambioá foi identificada uma população principal de idade entre 1600 – 2000 Ma (62%) e três populações secundárias de idades: 2420 – 2760 Ma (21%), 1430 – 1580 Ma (12%) e 2140 – 2360 (5%). Na estrutura de Grota Rica os dados revelaram uma população principal de idade entre 1600 – 1880 Ma (42%) e três populações secundárias: 2640 – 2990 Ma (25%), 1240 – 1580 Ma (24%) e 1920 – 2080 Ma (9%). Na estrutura de Cantão foi possível reconhecer no quartzito uma população principal de idade entre 1300 – 1600 Ma (54%) e três populações secundárias de idade entre 1600 – 1900 Ma (29%),1030 – 1300 Ma (11%) e 800 – 950 Ma (5%). vii Finalmente, no quartzito da estrutura de Colméia foi definida uma população principal de idade entre 980 – 1280 Ma (81%) e duas populações secundárias com idades de 2840 – 3000 Ma (10%) e 1850 – 2080 Ma (9%). As idades obtidas evidenciaram ampla variação das populações de zircão detrítico. No entanto, os quartzitos das estruturas de Xambioá e Grota Rica registram contribuições expressivas de grãos de zircão do Paleoproterozoico (Sideriano-Riaciano-Orosiriano-Estateriano) e, secundariamente, do Meso-Neoarqueana. Nos quartzitos das estruturas de Cantão e Colméia, situadas mais a sul, predominam zircões detríticos do Mesoproterozoico (Ectasiano/Calimiano/Esteniano), sendo que nesta última a presença de zircões estenianos é relativamente mais expressiva. Por sua vez, a semelhança entre as populações de zircão detrítico dos quartzitos de Colmeia e Paraíso do Tocantins indica que o aporte de rochas formadas no Esteniano não está restrito à porção sul do Cinturão Araguaia. A comparação das idades U-Pb em zircão de rochas de terrenos do Maciço Goiano/Arco Magmático de Goiás e dos crátons Amazônico e São Francisco com as idades de zircão detrítico dos quartzitos do Cinturão Araguaia sugere os terrenos do Maciço Goiano/Arco Magmático de Goiás como a fonte mais provável dos sedimentos. Esses terrenos englobam rochas com idades correspondentes às populações de zircão detrítico encontradas, e constituem o segmento crustal mais próximo da bacia precursora do Orógeno Araguaia. Ademais, eles ocupam uma posição geográfica compatível com uma área-fonte situada a sudeste deste cinturão, como sugerido por trabalhos anteriores de proveniência sedimentar. Recomenda-se ainda complementar o estudo de proveniência dos quartzitos aplicando o método Lu-Hf em zircão para melhor caracterizar as áreas-fontes com base nos valores de ƐHf e as idades modelo Hf-TDMC. 

  • SERGIO MAURICIO MOLANO CARDENAS
  • ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DOS MANGUEZAIS DEGRADADOS DE BRAGANÇA, PA,
    BRASIL, COM BASE EM IMAGENS DE SATÉLITE E MODELOS DE ELEVAÇÃO DIGITAL

  • Data: Feb 22, 2022
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  • A Península de Bragança, localizada no litoral norte do Brasil-Pa, é parte da maior zona contínua de florestas de manguezal no mundo. A construção da rodovia PA-458 na década de 70, alterou as características hidrodinâmicas da península, provocando a degradação de uma porção considerável dos manguezais na região central da península. Nas últimas décadas as áreas degradadas têm sido recolonizadas por manguezais, principalmente pela espécie Avicennia germinans. Esse estudo pretende identificar mudanças dos manguezais degradados das planícies de maré de setores topograficamente mais elevados durante os últimos 35 anos, com base nas seguintes técnicas: a) mapeamento manual das áreas degradadas com imagens de satélite de resolução espacial moderada; b) classificação orientada a objetos das áreas degradadas e de manguezal, utilizando imagens de satélite de alta resolução espacial; c) fotogrametria de imagens de drone; d) modelos digitais de elevação; e e) validação topográfica com teodolito e “Antenna Catalyst”. Entre 1986 e 2019 houve uma redução da área degradada de 247,96 ha, conforme as quantificações dos dados de moderada resolução espacial. Os dados de alta resolução espacial mostraram também uma redução da área degradada de 211,65 ha entre os anos de 2003 e 2019. Existem flutuações na tendência de regeneração das florestas de manguezal na área degradada, as quais tem relação com grandes fenômenos climáticos como “El Niño” e “La Niña”, que vem acompanhados com épocas de estiagem e alta precipitação, respectivamente. Os valores de acurácia global e índice Kappa para os dados de alta resolução exibiram valores acima de 0,9. Os valores da acurácia do produtor, usuário e Kappa por classe evidenciaram dificuldades na separação de espécies de manguezal Avicennia germinans e Rhizophora mangle, devido à falta de resolução radiométrica das imagens analisadas. O modelo digital do terreno que representa a planície de maré, mostrou duas regiões topograficamente diferenciadas na área degradada, separadas pela rodovia PA-458, e influenciadas principalmente pelas características dos estuários Caeté e Taperaçú. Essa mesma diferença foi encontrada no modelo de altura da vegetação, onde as árvores, localizadas a SE da rodovia e sob influência do estuário do rio Caeté, alcançam até os 25 m, enquanto a NW da rodovia sob influência do Taperaçú, oscilaram entre 5 e 15 m. As taxas de regeneração estão controladas principalmente pelo aumento no nível médio do mar, o qual mobilizou a zona de intermaré para áreas topograficamente mais elevadas, favorecendo a lixiviação salina, essencial para o desenvolvimento de florestas de manguezal.

    Palavras-chave: manguezal; sensoriamento remoto; modelo digital de elevação; aumento do nível do mar; Península de Bragança.

  • AILTON DA SILVA BRITO
  • RECONHECIMENTO PALEOAMBIENTAL E POTENCIAL PETROLÍFERO DA SUCESSÃO SILICICLÁSTICA-CARBONÁTICA PERMIANA DA BACIA DO PARNAÍBA

  • Data: Feb 15, 2022
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  • The Permian age was marked by extreme paleogeographic and paleoclimatic changes with predominances of arid conditions across the globe as a consequence of the eustatic sea-level fall from the end of the Carboniferous glaciation to the beginning of the Permian. The final phases of continental agglutination of the Pangea supercontinent caused uplifts accompanied by successive regressions of the epicontinental seas, culminating with the installation of desert systems at the end of the Permian. During the marine regressive phase, Western Pangea was the depositional site of a 50m thick mixed siliciclastic-carbonatic succession under restricted and shallow paleoenvironmental conditions, widely distributed in the Paraná Basin, SE of South America. The studied succession includes the top of the Palermo, Irati, and the base of the Serra Alta Formation, comprising a total of 120 m-thick. The Irati succession is essentially composed of dolomite intercalated with organic matter gray to black shale rich, which is considered an important source rock for hydrocarbons. This unit covers the heterolithic deposits from the Palermo Formation and is overlaid by shales from the Serra Alta Formation. The high content and good quality of organic matter present in Irati shales aroused economic interest since the 19th century. Although many works have contributed to the knowledge of the depositional paleoenvironment and generating potential of this unit, mainly from organic geochemical data, gaps remain regarding the paleoenvironmental understanding, previously interpreted as restricted sea or lacustrine. This research was carried out from 125 drill cores distributed in the center-north, center-south, and extreme south of the basin, provided by the company Irati Petróleo LTDA. complemented by outcrops from the northern region. Twenty-three drill cores were selected for sedimentological and stratigraphic study from facies/microfacies analyses, aided by XRD, SEM-EDS, and cathodoluminescence images. Total organic carbon (TOC), Rock-Eval pyrolysis, and biomarker analysis were performed on 102 cores. The integration of data allowed: the lateral correlation of the Irati Formation for more than 2,000 km in the SSW-NNE direction of the basin; the paleoenvironmental reconstitution; and lateral and vertical characterization of the generating potential. Twenty-one facies/microfacies were identified and organized into about 300 siliciclastic-carbonate couplet that are grouped into 59 high-frequency cycles representative of mid-outer ramp and offshore environments dominated by distal turbidity systems. The succession consists of four third-order sequences (S1, S2, S3, and S4). Sequence boundaries are type 2, with no evidence of subaerial erosion, marked by overlapping transgressive offshore deposits. Transgressive Systems Tracts are succeeded by Highstand Systems Tracts defined by the appearance of dolomite levels with a thickening upwards tendency, which indicates high carbonate productivity under normal to hypersaline conditions, evidenced by the presence of gammaceran, halite crystals. and pseudomorphs of gypsum. The transgressive deposits of sequences S3 and S4 (Assistance Member) form the two intervals (oil-shale) with the greatest generating potential in the Paraná Basin. Oil-shale S3 has the highest values of organic carbon and generating potential. The highest TOC peaks were 19.40% for the extreme south region, 22.23% for the center north, and 27.12% for the center-south of the basin. Kerogen predominates types I and II, which also presents an increased contribution, mainly from type I converging to the center-south. Oil-shale S4 presents lower TOC values for the extreme south region (8.82%), south-central (21.7%), and north-central (14.61%). The kerogen type is similar to oil-shale S3, it predominates type II, with a high contribution of type I in the south-central region and smaller proportions of type III. The organic matter of the Irati Formation is predominantly immature, however, occurrences of maximum pyrolysis temperature (Tmax) equal to or greater than 440 ºC in samples close to diabase sills show that there was localized maturation of organic matter, which corroborates the occurrence of a non-conventional petroleum system for mixed deposits of black shales (generators) - carbonates (reservoirs) of the Irati Formation. Regarding the quantity and quality of the source rock present in the Irati Formation, the center-south portion presents the highest values of organic carbon as well as the potential for hydrocarbon generation. The analysis of the stacking patterns associated with the previous ages of SHRIMP U-Pb from volcanic ash allowed the correlation of the succession with the global sea-level curve, allowing to estimate an age of 8.0 Ma for the Irati Sea and of 2 .7 Ma for 3rd order depositional sequences. Likewise, ages of 26.6 ka were calculated for the carbonate-siliciclastic couplets, 135.5 ka and 400 ka for the high-frequency cycles, whose origin is here attributed to the climatic cyclicity induced by the terrestrial orbital oscillation, compatible with the Milankovitch cyclicity. The characterization of the cycles based on faciological and organic geochemical data also demonstrates a strong climate control in the generation of intervals rich in organic matter.

     

     

    Keywords: mixed carbonate-siliciclastic system, source rocks, organic geochemistry, paleoenvironment, epicontinental sea

  • MARCELA COSTA POMPEU
  • FORAMÍNIFEROS BENTÔNICOS RECENTES DA PLATAFORMA CONTINENTAL AMAZÔNICA ASSOCIADO AO GRANDE SISTEMA RECIFAL DA AMAZÔNIA (GARS)

  • Data: Feb 14, 2022
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  • Um extenso sistema de recife carbonático foi descoberto na região da Foz do Rio Amazonas. Leitos de rodolitos foram observados através de um percurso de quase 1000 km em profundidade variando de 30m à 120m de profundidade, condições que são desfavoráveis para a construção de um sistema de recife, devido à complexidade na dinâmica ambiental dessa região, como as altas cargas de sedimentos advindas do rio que propiciam ambientes com biomas pouco diversos, e devido à alta energia do meio. Neste trabalho, foram analisadas 16 amostras de sedimento provenientes da plataforma continental Amazônica do estado do Pará, 7 coletadas no Setor Central (transecto GAR) e 9 no Setor Sul (transecto LAG), em duas expedições nos anos de 2017 e 2018. Foram analisados o padrão de distribuição dos foraminíferos bentônicos recentes ao longo da plataforma até o recife da Foz do Amazonas visando relacionar a abundância desses organismos com variáveis ambientais (profundidade, matéria orgânica, carbonato de cálcio e granulometria do sedimento); analisar a tafonomia das testas e correlacioná-las à fauna da região caribenha. As amostras de sedimentos foram lavadas, peneiradas, quarteadas, pesadas e triadas para análise em lupa. Em 14 amostras de sedimentos foram encontrados 2711 foraminíferos nas amostras LAG e 17158 nas amostras GAR. Foram identificadas 23 Famílias, 41 gêneros e 62 espécies, sendo 354 espécies deixadas em aberto, distribuídas entre as subordens Milioliina, Rotaliina, Textulariina, Lagenina e Spirilina. As espécies mais frequentes foram Amphistegina lessonii, Globocassidulina subglobosa, Quinqueloculina lamarckiana, Q. bicostata, Q. sulcata, Q. bosciana, Cibicides refulgens, Hanzawaia concentrica, Miliolinella subrotunda, Triloculina bermudezi, Sigmavirgulina tortuosa, Cassidulina laevigata, Siphonina reticulata, Eponides repandus, Bigenerina nodosaria, Neoeponides antillarum e Textularia conica. Em relação à tafonomia das testas, observou-se que nas amostras mais rasas do transecto LAG predominam carapaças marrons e mosqueadas reliquiares e no transecto GAR predominam carapaças de cor branca, o que sugere deposição constante. A partir da distribuição de padrões de espécies foram separadas quatro associações de foraminíferos, duas em cada transecto. Essas associações relacionam as espécies com a energia hidrodinâmica do ambiente, a composição e granulometria do sedimento. A fauna de foraminíferos bentônica aqui descrita é altamente diversa e muitas espécies têm distribuição cosmopolita. Mais de 90% das espécies comuns são vistas nas faunas modernas do Mar do Caribe.

  • JENNY ALEXANDRA ORTEGA CARDOZO
  • GEOCRONOLOGIA U-Pb LA-ICP-MS EM ZIRCÃO DAS ROCHAS DO GRUPO JACAREACANGA, DOMÍNIO TAPAJÓS, CRÁTON AMAZÔNICO, BRASIL

  • Data: Feb 2, 2022
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  • The Jacareacanga Group is divided into the Sai Cinza and Cadiriri formations, which are composed of mica schists, chlorite schists, actnolite schists and talc schists, metacherts, quartzites with pelitic paragneisses and amphibolites. It comprises a volcanic-sedimentary sequence formed by siliciclastic and chemical sedimentation and mafic-ultramafic volcanism that correspond to a turbidite sedimentation with intercalated oceanic bottom basalts of a back-arc basin or trench basin related to the earliest magmatic arc (Cuiú-Cuiú Arc) of the Tapajós Domain of the Tapajós-Parima Province from the Amazon Craton. The field data of mapping programs of the Geological Survey of Brazil – CPRM and the petrography and scanning eletron microscope analysis of this study supported the selection of samples for a new geochronological analysis of the Jacareacanga Group. The U-Pb LA-ICP-MS in zircon crystals dated a mica schist, an amphibolite and two pelitic paragneisses of this unit and gave 207Pb/206Pb ages close to previously dating obtained for this unit. However, these previous dating applied few appropriate geochronological methods (U-Pb TIMS in zircon and Pb-evaporation in zircon) and analyzed not enough amounts of zircon crystals to constrain the age of formation of metasedimentary rocks. The present study gets robust geochronological data obtained by an in situ dating method appropriated to analyze large amounts of zircon and identify the ages of detrital sources and constrained ages for the sedimentation of metasedimentary rocks of the Jacareacanga Group, distinguishing them from the ages of later events. A cutoff of ages < 2000 Ma was applied in order to distinguish the later events are related to the granitic intrusions that cut this unit. The pelitic paragneisses have given 207Pb/206Pb ages between 2008 and 2042 Ma and the mica schist ages of ca. 2056 Ma for the sedimentation age of low and high metamorphic grade metasedimentary rocks of the Jacareacanga Group. Furthermore, these rocks have detrital zircon populations of Rhyacian ages and subordinated of Archean ages that indicate detrital sources original from adjacent cratonic areas. The amphibolite did not furnish good geochronological data to constrain the age of basaltic volcanism associated to the sediments of the Jacareacanga basin. The geochronological data of this study show that the Jacarecanga basin was formed during the early Orosirian, and the oldest detrital sources support that was a basin of a continental margin magmatic arc of a Rhyacian to Archean crust continent.

    Keywords: U-Pb geochronology in zircon by LA-ICP-MS; Tapajós Domain; Jacareacanga Group; Cuiú-Cuiú Arc.

2021
Description
  • ROBLEDO HIDEKI EBATA GUIMARÃES
  • AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR METAIS PESADOS EM SEDIMENTOS POR ATIVIDADES DE ESTALEIROS NA BAÍA DO GUAJARÁ E NO CANAL DO RIO MAGUARI

  • Data: Dec 17, 2021
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  • As tintas anti-incrustantes aplicadas em embarcações contêm altas concentrações de metais em sua composição, principalmente Cu e Zn, com concentrações superiores a 50% e 20%, respectivamente. Apesar de serem elementos essenciais para os seres vivos, em altas concentrações causam problemas no crescimento celular e na reprodução dos organismos. Na cidade de Belém, Estado do Pará, ocorre o lançamento de uma quantidade significativa de efluentes industriais e domésticos na Baía de Guajará, sendo uma delas relacionadas às atividades em estaleiros. Estudos anteriores mostraram indícios de contaminação por metais nos sedimentos da orla de Belém, entretanto, nenhum trabalho destacou a contaminação proveniente de estaleiros. Portanto, o objetivo desse trabalho é avaliar a contaminação de sedimentos por atividades em estaleiros e abandono de embarcações na orla de Belém. Foram realizadas 3 amostragens, em 5 estaleiros de Belém, sendo duas realizadas no período menos chuvoso (setembro de 2017 e novembro de 2019) e uma no período chuvoso em maio de 2018. O sedimento foi coletado até 10 cm de profundidade, sendo também coletadas amostras de fragmentos de tinta e fragmentos de cascos de embarcações abandonadas. Foi medido o pH in situ da água intersticial do sedimento. Em laboratório, as amostras de sedimento foram colocadas em estufa a 60°C para secar, foram desagregadas e em seguida peneiradas (< 63μm). As amostras de fragmentos de tinta e dos cascos de embarcações abandonadas foram lavadas com água deionizada e secas em estufa a 60°C, maceradas, misturadas a areia quartzosa maceradas e reservadas. Uma amostra da tinta comercial de maior utilização nos estaleiros foi comprada, e uma alíquota colocada em uma membrana de nitrato de celulose em uma capela, após, parte da amostra foi removida e macerada. Uma alíquota das amostras do sedimento de cada estaleiro foi utilizada para análise granulométrica, por meio de um analisador de partículas a laser. A composição mineralógica das amostras de sedimentos foi determinada por difração de raios X, método do pó. Para a determinação dos argilominerais foi por difração de raio x, seguindo a Lei de Stokes e de acordo com metodologia proposta por Moore & Reynolds Jr (2002). Para a determinação do carbono orgânico total foi usado um analisador de TOC - VCPH com detector de combustão. Para a determinação das concentrações de Cu, Zn, Pb, Ni, Cr, Ba, V, Li, Fe e Al contidos no sedimento, na tinta comercial, nos fragmentos de tinta e nos fragmentos de casco de embarcações abandonadas, as amostras passaram por extração química com água regia e determinadas através de Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES). Para tratamento estatístico dos dados foram aplicados à correlação de Spearman, para determinar a relação entre os parâmetros, e o teste Análise de Componentes Principais, para determinar a relação dos metais com os estaleiros, estação controle e estação de fonte antropogênica difusa. Foi também aplicado o teste Wilcoxon para averiguar se ocorreram diferenças significativas nas concentrações dos metais dos sedimentos coletados em frente ao estaleiro, com os sedimentos coletados em contato com a embarcação abandonada. Para avaliar o nível de contaminação por metais foi aplicado o índice de geoacumulação proposto por Muller (1969). A granulometria do sedimento da orla de Belem apresentam maior proporção de areia e silte. Os sedimentos são compostos por muscovita, ilita, caulinita, quartzo e plagioclásio. Já os argilominerais identificados foram: esmectita, caulinita, ilita e quartzo. Os valores do pH da água intersticial das amostras de sedimento da Baía do Guajará e Furo do Rio Maguari ficaram em torno 5,2 – 6,7. Já o carbono orgânico total do sedimento ficou em torno de 0,6 % a 2,2 %. A tinta comercial analisada apresentou as seguintes concentrações mais representativas: Fe (21,2 %), Cu (18.497 mg kg-1), Zn (16.589 mg kg-1) e Al (1,59 %). As maiores concentrações encontradas na composição dos fragmentos de tinta e nos fragmentos dos cascos das embarcações abandonadas foram: Fe (69,2 %), Ba (29.583 mg kg-1), Zn (9.350 mg kg-1) Pb (1.406 mg kg-1), Cu (697 mg kg-1) e Cr (548,7 mg kg-1). Esse resultado revelou que o abandono de embarcações é a maior fonte de contaminação nas áreas de estaleiro na cidade de Belém. De acordo com as Diretrizes de qualidade de sedimentos para metais em ecossistemas de água doce de Buchman (2008), apenas a concentração média do Cu, com 41,0 mg kg-1, no sedimento atingiu valores acima do Threshold Effects Level para o anfípode, Hyallela azteca (28,0 mg kg-1) no estaleiro ABSS. Os demais estaleiros apresentaram médias de Cu que variaram entre 13,3 – 28,3 mg kg-1. Os outros metais apresentaram concentrações médias sempre abaixo do valor de Threshold Effects Level, para o anfípode H. azteca. Espacialmente, os sedimentos que foram coletadas na frente do estaleiro ABSS para a maioria dos metais obtiveram concentrações mais altas em relação aos sedimentos que estavam em contato com o casco da embarcação abandonada, deste estaleiro. Contudo, os sedimentos que foram coletados na frente do estaleiro MS no geral obtiveram concentrações mais baixas em relação aos sedimentos que estavam em contato direto com a embarcação abandonada. Estes que apresentaram com concentrações de Cu (39,0 mg kg-1) e Zn (120,0 mg kg-1) que ultrapassaram o valor de Threshold Effects Level para o anfípode H. azteca. Contudo, o teste estatístico Wilcoxon Rank não atestou diferenças significativas nos sedimentos coletados em frente aos estaleiros com os sedimentos que estavam em contato com as embarcações abandonadas. Os principais elementos que compõem as tintas anti-incrustantes: Cu, Zn obtiveram correlação forte positiva (r = 0,80; p<0,05). A análise de componentes principais (PCA) confirmou a contaminação pelos metais Cu, Zn, Pb, Ni, Li, Fe e Al tem relação mais forte com as atividades em estaleiros e abandono de embarcações do que com as fontes geogênicas ou antropogênicas difusas. O índice de geoacumulação (IGeo) classificou os sedimentos próximos aos estaleiros IS e ABSS, como moderadamente poluídos para o cobre com índices de 2,0 e 2,5, respectivamente. Os demais metais Zn, Ba, Fe e Al nos estaleiros estudados mostram uma contribuição antropogênica por atividades em estaleiros e abandono de embarcações, classificando um ou mais estaleiros como já estando numa situação próxima de um ambiente poluído, para um ou mais metais estudados, com índice de geoacumulação próximo de 2. Os resultados podem apoiar estudos adicionais de contaminação por metais através de atividades em estaleiros e abandono de embarcações, ainda, pode auxiliar na aplicação da gestão de resíduos em estaleiros e cemitérios de navios em todo o mundo.

  • GILBERTO CARNEIRO DOS SANTOS JUNIOR
  • GRAVIMETRIA E ESTRATIGRAFIA CENOZOICA DA PORÇÃO ONSHORE DA BACIA DO MARAJÓ E PLATAFORMA BRAGANTINA, NORDESTE DO PARÁ

  • Data: Dec 12, 2021
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  • A costa norte brasileira foi um local de excepcional sedimentação siliciclástica e carbonática durante o Oligoceno ao Holoceno distribuído nas bacias da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Marajó e Bragança-Viseu adjacentes às plataformas Bragantina e de Ilha de Santana. Embora esses compartimentos geotectônicos sejam regionalmente bem conhecidos, seus limites tectônicos são geralmente inferidos em subsuperfície por dados geofísicos. Da mesma forma, esses limites em superfície são pouco definidos devido a cobertura indiscriminada das unidades siliciclásticas sedimentar cenozoica. As reinterpretações de dados estratigráficos e geofísicos combinados com a modelagem crustal foram realizadas na costa leste da Amazônia. Este estudo permitiu obter uma nova interpretação para o campo gravimétrico relacionado ao contraste de densidade intracrustal ou residual para a porção oriental da Bacia do Marajó. Este estudo confirmou a presença de um vale profundo no limite com a Plataforma de Bragantina, a Calha Vigia-Castanhal previamente documentada e atestada também por análises estratigráficas de subsuperfície e superfície. Além disso, a identificação de baixos gravimétricos inferiores a anomalia de -10 mGal com elevada espessura de sedimentos acumulados sugere forte subsidência não compatível com a interpretação prévia de uma plataforma entre a Bacia do Marajó e a Plataforma Bragantina. Este segmento denominado previamente de Plataforma do Pará é francamente subsidente com depressões abaixo de -30 mGal sendo incluído aqui como parte da borda leste da Bacia do Marajó. As plataformas são aqui interpretadas com anomalias acima de -10 mGal exemplificada pela Plataforma Bragantina. Seguindo esse critério, o preenchimento sedimentar da parte leste da Bacia do Marajó é representado pelos depósitos siliciclásticos das formações Marajó e Barreiras, respectivamente do Oligoceno-Mioceno e Mioceno Médio. Depósitos carbonáticos costeiros e marinhos da Formação Pirabas do Oligoceno-Mioceno Médio preenchem cerca de 120 m do espaço de acomodação da Plataforma Bragantina recoberta por ~ 40 m de depósitos fluvial-costeiros da Formação Barreiras. O Quaternário é representado pela unidade Pós-Barreiras do Pleistoceno-Holoceno e sedimentos recentes que formam os aluviões e cordões litorâneos. Os limites estruturais da Plataforma Bragantina são reavaliados e a porção mais interna no continente, ao sul com rochas aflorantes do embasamento cristalino e rochas sedimentares do Siluriano, foram uma barreira geográfica para a transgressão do Oligoceno-Mioceno. O uso de anomalia gravimétrica residual com base em modelagem crustal combinada com dados geológicos e estratigráficos se revelou uma ferramenta eficaz  para  avaliar os  limites dos  compartimentos  geotectônicos cobertos por sedimentação cenozoica abrindo um novo entendimento evolutivo desta parte da Amazônia

  • LOHAN BARBOSA BAIA
  • O NEÓGENO DA PLATAFORMA BRAGANTINA, NORTE DO BRASIL: PALEOAMBIENTE, PROVENIÊNCIA E CORRELAÇÃO COM A EVOLUÇÃO DO PROTO- AMAZONAS 

  • Data: Nov 16, 2021
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  • Durante o Mioceno inferior, a estabilidade tectônica na Plataforma Bragantina favoreceu a acumulação de depósitos de carbonatos, posteriormente suprimidos por um sistema siliciclástico associado a Formação Barreiras. Trabalhos anteriores sugerem que este foi oriundo da pluma sedimentar do proto-Amazonas, enquanto outros indicam uma evolução independente. Com base no exposto, este estudo aplicou técnicas de proveniência para indicar os compartimentos tectônicos que contribuíram como rochas- fonte da Formação Barreiras, discutir a influência do proto-Amazonas na supressão da plataforma carbonática e compreender o contexto paleogeográfico. A área de estudo abrange os municípios de Ourém (OU), Capanema (CA), Castanhal (CS), Santa Isabel do Pará (SI), Outeiro (OT), Ilha de Mosqueiro (IM), Salinópolis (SA), Aricuru (AR) e Mocooca (MO). Foram realizadas técnicas de análise de fácies com medidas de paleocorrente e coletadas 12 amostras, contendo em torno de 500 g de sedimento cada. Foi realizada a coleta de clastos para a caracterização morfológica em Ourém e Ilha de Mosqueiro. Para o sedimento inconsolidado, houve o peneiramento visando as frações 250 – 125 µm e 125 - 63 µm. Aplicou-se ácido oxálico (50 g.L-1) nestas frações e separamos por densidade em bromofórmio (2,8 g/ml) os minerais leves e pesados. Foram confeccionadas 24 lâminas petrográficas de minerais leves destinadas a catodoluminescência (CL) e 24 lâminas de minerais pesados para identificação da assembleia mineralógica, análise de forma e elaboração de gráficos. A partir dos resultados de minerais pesados, foi possível agrupar os valores com dados de estudos anteriores e aplicar o método Ponderação do Inverso das Distâncias. Os resultados indicam a presença de 10 fácies, das quais foram agrupadas em duas associações, abrangendo conglomerados, arenitos e pelitos. Os clastos apresentaram composição exclusivamente quartzosa, predominando formas subangulares a arredondadas. A CL indica predomínio de 45% de quartzo com luminescência azul escura, 28% com luminescência azul clara e 26% com luminescência violeta. Os resultados de minerais pesados indicam presença de estaurolita (54,45%), zircão (20,29%), turmalina (10,02%), cianita (7,19%), rutilo (5,37%) e sillimanita (2,67%). Os valores acima de 50% da somatória das porcentagens de zircão, turmalina e rutilo indicam elevação da maturidade em direção à porção costeira, enquanto os mapas de distribuição mostram predominância de estaurolita na Plataforma Bragantina e aumento dos valores de cianita acompanhando os de turmalina e zircão na Bacia do Marajó. A partir das interpretações faciológicas, pudemos aprimorar reconstrução paleoambiental constituída de leques aluviais, rios entrelaçados e meandrantes, planícies arenosas, planícies lamosas e manguezais. Os valores de CL e a grande concentração de estaurolita refletem fontes de rochas metamórficas para a Plataforma Bragantina que são provenientes do sudeste do Pará, possivelmente do Cinturão Gurupi e Cráton São Luís; enquanto os valores de CL para a Bacia do Marajó, atrelado aos valores de cianita, zircão e turmalina, indica uma forte influência de fontes plutônicas e metamórficas provenientes do sul do Pará, tais como o Cinturão do Tocantins-Araguaia, Bacia do Grajaú e Sub-Bacia de Cametá. De modo geral, o proto-Amazonas não teve influência na supressão carbonática, sendo o principal fenômeno responsável a progradação de sedimentos, principalmente provenientes de rochas metamórficas com menores contribuições de rochas plutônicas e vulcânicas, a partir da evolução da tectônica do sul e sudeste paraense.

  • ARGEL DE ASSIS NUNES SODRE
  • ICNOLOGIA, ESTRATIGRAFIA E PALEOAMBIENTE DA FORMAÇÃO PASTOS BONS, JURÁSSICO SUPERIOR - CRETÁCEO INFERIOR DA BACIA DO PARNAÍBA

  • Data: Nov 5, 2021
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  • Após a implantação de volumosas quantidades de magma, relacionadas à Província Magmática do Atlântico Central (CAMP), no Triássico-Jurássico (~ 200 Ma), uma grande área de subsidência foi formada no Gondwana Ocidental, possibilitando a instalação do sistema lacustre do Jurássico Superior-Cretáceo Inferior da Bacia do Parnaíba, representado pela Formação Pastos Bons. Apesar dos recentes avanços, esses depósitos ainda precisam ser investigados detalhadamente com base no conteúdo icnológico, combinado com a análise de fácies, e na estratigrafia de sequência lacustre, refinando a interpretação paleoambiental e contribuindo para o entendimento das condições pós-CAMP no Gondwana Ocidental. Nesse sentido, a análise de fácies baseada em afloramentos permitiu o reconhecimento de quatro paleoambientes: lago central, margem do lago, fluvial entrelaçado e frente deltaica. A margem do lago concentra a assembleia icnológica, que consiste em oito icnofósseis, organizados em três icnofácies: Mermia (Cochlichnus anguineus e Lockeia siliquaria); Scoyenia (Agrichnium isp., Gyrochorte comosa, Palaeophycus tubularis, Planolites berveleyensis e Rusophycus isp.), e Skolithos (Skolithos linearis). Essa sucessão lacustre é organizada em cinco ciclos deposicionais, caracterizados por ciclos de escala milimétrica a métrica, delimitados por superfícies erosivas ou superfícies de inundação. Quatro ciclos definem um padrão retrogradacional e agradacional que compõe o trato de sistema transgressivo; e um ciclo indica o padrão progradacional, constituindo o trato do sistema de máxima inundação. A estratigrafia de sequências sugere que a subsidência térmica pós-CAMP é responsável pela criação do espaço de acomodação, controle do suprimento sedimentar e da entrada e saída de água, bem como a relação proporcional entre eles. Na base, predomina o trato de sistema transgressivo, formando as bacias lacustres do tipo underfilled, caracterizada por lago central fossilífero e margens de lagos com icnofósseis; no topo, após a subsidência máxima, ocorre o trato do sistema de máxima inundação, configurando-se a bacia lacustre do tipo overfilled caracterizada pelo predomínio de arenito com estratificações cruzadas que compõem o sistema fluvio- deltaico.

  • VICTOR COUTINHO GONÇALVES SILVA
  • SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE HIDRÓXIDOS DUPLOS LAMELARES DE Mg/Fe COM ESFERAS DE CARBONO MAGNÉTICAS

  • Data: Oct 26, 2021
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  • Esta pesquisa tem como objetivo sintetizar de forma estável o compósito Hidróxido Duplo Lamelar (HDL) do sistema Mg/Fe-CO3 com Esferas de Carbono Magnéticas (ECM) e, a partir disso avaliar as propriedades do compósito. Os HDL são argilas aniônicas sintéticas ou naturais que possuem estruturas formadas pelo empilhamento de lamelas octaédricas positivamente carregadas contendo cátions di- e trivalentes em seu interior e hidroxilas nos vértices, com água e ânions ocupando o domínio interlamelar. Produtos de carbono de formato esférico são conhecidos há bastante tempo e a utilização de nanomateriais, de carbono é vantajosa devido sua vasta aplicação em diversas áreas. O processo de formação desse material é do tipo hidrotermal, que resulta em grandes cadeias interconectadas de Esferas de Carbono (EC) que se atraem devido a força de Van der Waals. Foram utilizados reagentes químicos de pureza analítica para a realização das sínteses. Os HDL de Mg/Fe-CO3 foram sintetizados pelo método de coprecipitação a pH variável e as Esferas de Carbono pelo método hidrotermal. A caracterização do HDL, EC, ECM e compósito HDL + ECM foram feitos por difratometria de raios X (DRX), microscopia eletrônica de varredura (MEV), análise termogravimétrica (DTA-TGA), espectroscopia vibracional na região do infravermelho (EIV) e Método Brunauer-Emmett-Teller (BET). A caracterização por difratometria de raio X permitiu determinar a ocorrência da estrutura da Piroaurita nos HDL e da Magnetita nas ECM. Os valores médios da célula unitária da Piroaurita de d003 = 7,792 Å; os valores dos parâmetros a = b de 3,107 Å; c de 23,375 Å; e espessura do espaçamento interlamelar 2,992 Å. As microfotografias foram realizadas somente nas amostras de Esferas de Carbono e Esferas de Carbono Magnéticas, nas quais observou a ocorrência de grandes aglomerados e cadeias destes materiais, além da variação de tamanho entre amostras e sínteses diferentes. A decomposição térmica da Piroaurita sintetizada e do compósito ocorrem de forma semelhante, sendo separadas em 5 etapas: na primeira e na segunda etapa (31-72 °C e 175-177 ºC) ocorre à perda da água adsorvida e a eliminação da água de intercalação, respectivamente. Posteriormente, há a descarbonatação seguida pela desidroxilação, ocorrem na faixa entre 284°C e 395 °C. Por fim, temos um evento na faixa de 746 -786 °C que atribuída a destruição da estrutura dos HDL. O ânion intercalado na estrutura dos HDL foi determinado por EIV e corresponde ao ânion carbonato (1365 cm-1), que juntamente com água preenche a região interlamelar dos HDL e HDL+ECM. Tanto os Hidróxido Duplo Lamelar quanto o compósito HDL + ECM apresentaram isotermas do IV e histereses do tipo H3, de acordo com a classificação da IUPAC. A área superficial teve aumento de 15 - 31%, enquanto o tamanho e volume dos poros apresentaram um decréscimo de 44 – 49% e 26 – 42%, respectivamente.

  • ANTONIO GONCALVES DA SILVA JUNIOR
  • O SISTEMA EÓLICO DAS BACIAS COSTEIRAS DE SÃO LUÍS E BARREIRINHAS, NE DO BRASIL: IMPLICAÇÕES CLIMÁTICAS E TECTÔNICAS DURANTE O QUATERNÁRIO

  • Data: Oct 25, 2021
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  • A região entre a Baía de São Marcos, estado do Maranhão e o delta do Rio Parnaíba, estado do Piauí, no litoral nordeste do Brasil é caracterizada por campos de dunas ativos e inativos, formados sob influência dos ventos alísios de NE em um sistema costeiro dominado por ondas e por marés. Neste contexto insere-se os Lençóis Maranhenses — o maior campo de dunas ativo da América do Sul com cerca de 1.026 km2, adjacente aos maiores depósitos eólicos inativos registrados no continente, com cerca de 19.000 km2. Estes depósitos preenchem principalmente a porção onshore da Bacia de Barreirinhas sendo o Lineamento Pirapemas a principal estrutura do embasamento, com direção NE-SW. Dados prévios de gravimetria e sísmica mostram que este lineamento com rejeito normal para NW, tem atuado como modelador do relevo até no Holoceno. Interpretações prévias indicam que variações na umidade, velocidade do vento, cobertura vegetal e nível relativo do mar foram os principais fatores para a origem e preservação dessa sedimentação desde o final do Pleistoceno. Além disso, nossos resultados indicam que eventos de neotectônica ligados ao lineamento controlaram em parte esta sedimentação. O mapeamento das morfologias ativas e inativas deste sistema eólico com base principalmente em produtos de sensoriamento remoto e dados geocronológicos prévios, permitiu inferir estágios evolutivos que culminaram na configuração geomorfológica atual daquela região. A interpretação de imagens de satélite óptico de média/alta resolução espacial (SENTINEL-2 e CBERS-4a) e modelo digital de elevação (ALOS) foram associados a compilação de dados geocronológicos (LOE, C14 e termoluminescência) para fornecer uma estimativa espaço-temporal que subsidiou a evolução geológica proposta. Os depósitos eólicos são típicos de campo de dunas transgressivo, compreendem uma área de cerca de 20.000 km2, onde 12% são morfologias ativas e 88% são morfologias inativas. Os depósitos ativos estão próximos à costa e consistem em barcanas, cordões barcanóides e transversais. Os depósitos inativos estendem-se continente adentro por até 150 km, e são formados por variações de dunas parabólicas, transversais inativas e planícies de deflação. As idades mais antigas sugerem que os campos de dunas possam ter se iniciado há 240 ka. Idades a partir do Pleistoceno superior confirmam sucessivos pulsos de migração e preservação influenciados pelas variações do nível relativo do mar resultante de ciclos glaciais e interglaciais globais do Quaternário. O sistema costeiro-eólico teve sua maior expansão para o sul durante o Último Máximo Glacial (~22 ka) sob condições mais áridas e sua maior preservação ocorreu entre 19 e 14 ka, sob clima úmido em reflexo ao evento Henrich (HS1). No Holoceno, a reativação do Lineamento Pirapemas em regime distensivo gerou um aumento do espaço de acomodação a NW com amplo desenvolvimento dos sistemas costeiros. A porção SE deste lineamento foi soerguida causando o progressivo abandono e deflação do campo de dunas. Estes dois compartimentos distintos formam a configuração atual dos depósitos eólicos costeiros da porção onshore da Bacia de Barreirinhas.

  • ÉRIKA DO SOCORRO FERREIRA RODRIGUES
  • EFEITOSDAS MUDANÇASCLIMÁTICAS NOS LIMITESAUSTRALE BOREAL DOSMANGUEZAIS AMERICANOSDURANTEO HOLOCENO E ANTROPOCENO

     

  • Data: Oct 8, 2021
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  • Durante o Holoceno a distribuiçãos dos manguezais foi controlada em grande parte pelo clima e flutuações do nível do mar. O clima limitou essas florestas às latitudes 30°N e 28°S. Portanto, em resposta ao aquecimento global no Antropoceno, espera-se que os manguezais migrem para latitudes mais temperadas invadindo áreas úmidas colonizadas por marismas (Spartina sp.). O objetivo geral desta Tese é avaliar os efeitos das mudanças climáticas e flutuações do NRM na distribuição dos manguezais americanos ao longo do Holoceno e Antropoceno, baseado em imagens de satélite e drone, fácies sedimentares, diatomáceas, pólen, geoquímica (LOI, XRF, COT, NT, ST, C: N, C: S, δ13C e δ15N) e datações por 210Pb e 14C. Para isto, foi escolhido um estuário do litoral sul do Espírito Santo como representante dos manguezais tropicais (20°41'S), além de regiões costeiras subtropicais situadas na costa norte (26° 6'S) e sul de Santa Catarina (28°29’ S) e litoral da Louisiana (29°09’N). Os resultados desta pesquisa estão apresentados em quatro artigos científicos. O primeiro, (ver, capítulo II) trata sobre os efeitos do aquecimento global no estabelecimento dos manguezais na região costeira da Louisiana (29° 09’ N) durante o Holoceno. O segundo artigo científico (ver, capítulo III) mostra a migração dos manguezais para o limite austral desse ecossistema no continente sul-americano, na região de Laguna, de acordo com o aumento nas temperaturas mínimas de inverno no Antropoceno (costa sul de Santa Catarina, 28°29’ S). O terceiro manuscrito (ver, capítulo IV) avalia os impactos do aumento do nível do mar nos manguezais tropicais do sudeste brasileiro (costa sul Espírito Santo, 20°41'S) durante o Holoceno e Antropoceno, usando uma abordagem multi-proxy. O quarto artigo científico (ver, capítulo V) aborda o estabelecimento dos manguezais na Baía de São Francisco do Sul (costa norte de Santa Catarina, 26°6'S), em resposta ao aquecimento global nos últimos 1000 anos. Os resultados indicaram uma transgressão marinha na costa sul de Santa Catarina (28°29’ S) e litoral da Louisiana (29° 09’ N) no Holoceno inicial. Este processo natural converteu ambientes lacustres em lagunas colonizadas por ervas adaptadas a ambiente estuarino. Na costa tropical brasileira o aumento do NRM no Holoceno médio (2-5 m acima do nível atual) foi determinante para o estabelecimento dos manguezais. Este comportamento foi observado em um estuário localizado na costa sul do Espírito Santo (20°41'S) onde uma planície herbácea foi gradualmente substituída por uma laguna cercada por manguezais entre ~6300 anos cal AP e ~4650 anos cal AP. No entanto, entre ~4650 anos cal AP e 2700 anos cal AP a laguna colonizada por manguezais em suas margens foi convertida em uma planície de maré ocupada por ervas, palmeiras e árvores/arbustos refletindo a redução da influência estuarina no Holoceno tardio, de acordo com a queda do NRM. A partir dos últimos mil anos ocorreu uma diminuição significativa na ocorrência de pólen de manguezal nos sedimentos das planícies de maré do sul do Espírito Santo (390 cal anos AP (1560 DC) e 77 cal anos AP (1873 DC), provavelmente causado por uma queda no NRM associada a Pequena Idade do Gelo (LIA). Estudos paleoclimáticos indicaram flutuações na temperatura durante LIA (380 a 50 anos cal AP) e MCA – Período Quente Medieval (950 a 750 anos cal AP) no Holoceno tardio e consequente mudança na vegetação no sul do Brasil. Estes eventos climáticos provavelmente influenciaram o aparecimento da sucessão de gêneros de manguezais na Baía de São Francisco do Sul (costa norte de Santa Catarina, 26°6' S). Os efeitos da queda e/ou estabilização do nível do mar no Holoceno tardio foram registrados na costa sul catarinense (Laguna, 28°29′S) através da mudança na geomorfologia costeira. Neste mesmo período no litoral de Louisiana (29°09′N), sedimentos arenosos (sedimentos overwash) foram depositados nesses estuários refletindo a migração gradual desses sedimentos em direção ao continente provavelmente resultado de eventos de tempestade. As tendências de NRM na costa sul brasileira (Laguna, 28°29′S) e norte americana (litoral da Louisiana, 29°09′N) a partir do Holoceno médio foram as mesmas apresentando condições físico-químicas apropriadas para o desenvolvimento de manguezais, como ocorreu no litoral do Espírito Santo (~6300 anos cal AP) e na Baía de São Francisco do sul (~1500 anos cal AP). Entretanto, não foram registrados grãos de pólen de manguezal nos sedimentos do atual limite austral (Laguna, 28°29′S) e boreal (litoral da Louisiana, 29°09′N) dos manguezais americanos durante o Holoceno. Neste intervalo de tempo ocorreu uma contribuição significativa de matéria orgânica de origem estuarina em planícies de maré ocupadas por Spartina sp. Em relação ao aquecimento global e aumento do NRM no Antropoceno um aumento de pólen de manguezal nos testemunhos sedimentares do Espírito Santo (20°40'S) refletiram a migração do mangue para planícies arenosas topograficamente mais elevadas anteriormente dominada por vegetação herbácea. Em relação aos manguezais de Laguna (atual limite austral dos manguezais americanos, 28°29′S), análises de pólen e datações de 14C e 210Pb indicaram que os manguezais foram estabelecidos sob influência estuarina entre ~ 1957 e 1986 DC, representados por árvores de Laguncularia sp. Análises espaço temporal com base em imagens de satélite e drone indicaram que os manguezais vêm se expandindo nas últimas décadas com introdução de novos gêneros de mangue. Em nossa área de estudo na Baía de São Francisco do Sul (costa norte de Santa Catarina, 26°6' S), análises palinológicas e datação 14C revelaram que os manguezais se estabeleceram em torno de ~ 1500 anos cal AP representados por Laguncularia sp. seguido por Avicennia sp. (~500 anos cal AP) e Rhizophora sp. apenas no último século. Provavelmente, essa sucessão de gêneros de manguezais foi causada por uma tendência de aquecimento na América do Sul durante o Holoceno tardio e as árvores de Rhizophora sp. pelo aquecimento durante o Antropoceno. Em relação aos manguezais localizados no litoral da Louisiana registros históricos indicaram a presença de pequenos arbustos de Avicennia sp. no início do século XX. Atualmente, estudos de sensoriamento remoto coordenado por Cohen (2021) indicam uma expansão latitudinal de Avicennia sp. colonizando áreas que eram anteriormente ocupadas por Spartina sp. após duas décadas de invernos quentes. Portanto, os manguezais migraram dos trópicos para zonas temperadas na medida que as temperaturas mínimas de inverno aumentaram durante o Holoceno. No entanto, os manguezais de Laguna e Louisiana (atual limite dos manguezais sul e norte americano) estabeleceram- se apenas no início e meado do século XXI, respectivamente. Tal dinâmica dos manguezais americanos estudados na presente tese foi causada provavelmente pelo aquecimento global natural do Holoceno e intensificado durante o Antropoceno. Esse processo também causou um aumento do nível do mar que resultou na migração dos manguezais de zonas baixas para novas planícies de maré mais elevadas.

  • HUGO PAIVA TAVARES DE SOUZA
  • PETROGRAFIA, ALTERAÇÕES HIDROTERMAIS E EVENTOS MINERALIZANTES DO BLOCO NORTE DO DEPÓSITO AURÍFERO VOLTA GRANDE, DOMÍNIO BACAJÁ (PA), CRÁTON AMAZÔNICO

  • Data: Sep 22, 2021
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  • A região sudeste do Cráton Amazônico tem sido alvo de vários programas de pesquisa mineral ao longo dos últimos anos, que recentemente levaram à identificação do depósito de ouro de classe mundial Volta Grande, com reservas de ~3,8 Moz a 1,02 g/t, o que propicia expectativa de 17 anos de operação. O depósito se localiza no município de Senador José Porfírio no Pará e está hospedado em granitoides riacianos (2,15 Ga) que ocorrem associados à sequência vulcano-sedimentar sideriana (2,45 Ga) do Grupo Três Palmeiras. Estas unidades se situam no Domínio Bacajá, formado por cinturões de rochas para- e ortoderivadas de alto grau e supracrustais tipo greenstone belt com protólitos arqueanos a siderianos, retrabalhados durante as orogêneses do Ciclo Transamazônico (2,26–2,06 Ga). Granitoides e charnockitos seccionaram esse pacote no Riaciano. Parte da mineralização em Volta Grande é hospedada em granitoides metamorfisados em condições de médio a alto grau. Os indicadores cinemáticos locais sugerem um cavalgamento do greenstone belt em relação às rochas intrusivas. Descrições petrográficas realizadas neste trabalho revelaram: 1) granodiorito milonítico de cor cinza a esverdeado, com intensa deformação dos principais minerais que os constituem, tais como quartzo, biotita e feldspatos. A textura nesse litotipo é predominantemente porfiroclástica. A foliação metamórfica principal (S1) é definida por biotita e anfibólio, bem como revela veios e vênulas de quartzo concordantes. Os maiores teores de ouro estão distribuídos em zonas de fácies anfibolito superior. Nessas, o minério ocorre principalmente como grãos isolados em vênulas e veios centimétricos de quartzo associados à alteração carbonática pervasiva que foi síncrona ao metamorfismo dinâmico, bem como em estilo fissural. Parte do ouro também está associada a baixo teor de sulfetos disseminados nos veios e rocha encaixante; 2) As rochas metamáficas compreendem anfibolito e andesito foliados de cor verde-cinza escuro, granulação fina a média, e textura nematoblástica. Clorita, calcita, sericita e minerais opacos são as principais fases secundárias. Essas relações são compatíveis com sistemas de ouro do tipo orogênico (lode-type), comumente desenvolvido na transição entre as fácies metamórficas xisto verde e anfibolito. Fluxos de lava e diques de riodacito, riolito e rochas plutônicas isotrópicas, como quartzo monzonito, granodiorito, monzodiorito e microgranito subordinado seccionam o evento mineralizante anteriormente descrito. As rochas plutônicas apresentam granulação média a grossa, cor cinza com porções avermelhadas e esverdeadas ao longo do perfil, textura inequigranular com quartzo, feldspatos, biotita e anfibólio. Apatita, zircão, calcita, epídoto e minerais opacos são acessórios primários. As vulcânicas tem cores cinza claro, preto ou vermelho escuro, textura porfirítica a afírica e matriz microlítica ou felsofírica. Revelam fenocristais de plagioclásio, anfibólio, feldspato potássico e quartzo. Esse sistema vulcano- plutonismo contêm alterações hidrotermais potássica, propilítica, argílica intermediária e/ou carbonática em estilos seletivo, pervasivo ou fissural. Em zonas hidrotermalizadas, o ouro ocorre como grãos isolados disseminados ou associados aos sulfetos, bem como em veios centimétricos de quartzo em arranjo stockwork. Essas características são semelhantes às dos sistemas rasos epitermais de sulfidação intermediária a baixa, já identificados no Cráton Amazônico. Os dados do Volta Grande sugerem um segundo evento mineralizante superposto, fato comum em depósitos de ouro de alta tonelagem produtivos na China, Finlândia e outras áreas do planeta e representa um novo guia de exploração para o Domínio Bacajá. Vários eventos mineralizantes são fundamentais para a viabilidade econômica e longevidade dos depósitos auríferos de classe mundial. Assim, serão obtidos novos dados geoquímicos, geocronológicos, microtermométricos e de isótopos estáveis para a melhor definição da modelagem genética do depósito Volta Grande.

  • JHOSEPH RICARDO COSTA E COSTA
  • CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA COM ESPECTROSCOPIA DE REFLECTÂNCIA POR INFRAVERMELHO (SWIR): EXEMPLO DO COMPLEXO MÁFICO-CARBONATÍTICO SANTANA, SUL DO CRÁTON AMAZÔNICO

  • Data: Sep 21, 2021
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  • No limite dos estados do Pará e Mato Grosso, contexto do Cráton Amazônico, município de Santana do Araguaia (PA), ocorre um vulcano-plutonismo denominado Complexo máfico-carbonatítico Santana. Esse conjunto hospeda o depósito de fosfato Serra da Capivara. É formado por um membro inferior máfico-ultramáfico com litofácies plutono- vulcânica com piroxenito, ijolito, apatitito e basalto alcalino. Litofácies autoclástica contém depósitos mal selecionados de brecha polimítica maciça, lapilli-tufo, tufo de cristais e tufo de cinzas. Rocha epiclásticas vulcanogênicas cobrem essas litofácies. O membro superior carbonatítico contém litofácies plutônica com calcita-carbonatito grosso (sövito). Esse litotipo é seccionado por veios de carbonatito com alterações carbonática e apatítica pervasivas. Ocorre associado a teste membro subordinado apatitito grosso que representa o protominério do depósito. Litofácies vulcânica efusiva revela calcita-carbonatito fino (alviquito) com texturas variando de porfirítica, equigranular a afanítica. Completa este membro uma litofácies mal selecionada de tufo de cristais, lapilli-tufo e brecha polimítica maciça. Stocks e diques sieníticos invadem o conjunto. O complexo é interpretado como uma caldeira vulcânica na qual ocorrem amplas zonas de alterações hidrotermais representadas por rochas carbonatíticas de colorações avermelhada, vermelho amarronzado e amarelado, com paragênese barita + fluorapatita + calcita + dolomita ± quartzo ± rutilo ± calcopirita ± pirita ± monazita ± magnetita ± hematita. A aplicação de espectroscopia por infravermelho de ondas curtas (SWIR) revelou as características químicas e sua importância na cristalinidade de grande parte desses minerais hidrotermais, tais como radicais (OH- e CO3), molécula de H2O e ligações cátion-OH como Al-OH, Mg-OH e Fe-OH. As principais fases minerais identificadas foram dolomita, calcita, serpentina, clorita, muscovita com baixo, médio e alto alumínio, montmorillonita (Ca e Na), illita, nontronita (Na0.3Fe2((Si,Al)4O10)(OH)2·nH2O) e epídoto. Os dados mostraram um controle por temperatura, composição do fluido e relação fluído/rocha durante a evolução do Complexo máfico-carbonatítico Santana. Essa técnica exploratória de baixo custo, que pode ser aplicada em amostras de mão ou furos de sondagem em larga escala, é promissora na caracterização de centros vulcano-plutônicos em regiões submetidas a condições de intemperismo severo, além de auxiliar a elaboração de modelos para a prospecção de depósitos minerais de Elementos Terras Raras (ex. Nd, La) associados a complexos alcalino-carbonatíticos. Esta ferramenta pode ainda ser combinada com algoritmos de inteligência artificial para resultados mais robustos e rápidos.

  • SANMYA KAROLYNE RODRIGUES DIAS
  • BIOESTRATIGRAFIA E PALEOECOLOGIA DOS DEPÓSITOS MARINHOS PENSILVANIANOS DA

    FORMAÇÃO PIAUÍ A PARTIR DE NOVAS OCORRÊNCIAS DE CONODONTES

  • Data: Aug 8, 2021
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  • Conodontes são vertebrados primitivos utilizados mundialmente para o refinamento de idade dos estratos marinhos e para correlacionar sequências sedimentares ao longo do Paleozoico e Triássico. Dentre as bacias intracratônicas brasileiras que apresentam o registro do desenvolvimento de mares epicontinentais no Gondwana Ocidental, a Bacia do Parnaíba apresenta evidências desta invasão marinha nas sequências carbonáticas do Membro Superior da Formação Piauí, em particular na sequência fossilífera do Carbonato Mocambo, de idade pensilvaniana. O estudo do conteúdo paleontológico dessas rochas carbonáticas fornece a oportunidade de entender a perspectiva paleoecológica e paleoambiental da sucessão, além de possibilitar o refinamento bioestratigráfico utilizando fósseis guias como os conodontes. A descrição das espécies de conodontes, seguida da classificação taxonômica, permite o refinamento biocronoestratigráfico e inferências das condições paleoecológicas da área de estudo, a partir da comparação dessas ocorrências com biozonas estabelecidas para o Pensilvaniano da Bacia do Amazonas e de áreas clássicas como América do Norte, Rússia e China. A fauna de conodontes aqui descrita inclui três espécies distintas - Diplognathodus orphanus, Idiognathodus incurvus e Adetognathus lautus - registradas nos afloramentos do Carbonato Mocambo, porção marinha da Formação Piauí, na região do município de José de Freitas (PI) e sugerem uma idade bashkiriana superior para a sequência. Dessas três espécies, registra-se aqui a ocorrência inédita de Diplognathodus orphanus, um excelente marcador bioestratigráfico do Atokano. A ocorrência desses táxons juntamente com megásporos, ostracodes, foraminíferos bentônicos e dentes de peixe, corrobora com um paleoambiente de plataforma marinha rasa. Estes dados possibilitam correlacionar o Carbonato Mocambo com a seção marinha da Bacia do Amazonas, permitindo a correlação da porção marinha da Formação Piauí, Bacia do Parnaíba, com o mar epicontinental transgressivo-regressivo Itaituba-Piauí no Noroeste da América do Sul, Gondwana Ocidental, durante o Paleozoico superior.

  • FELIPE OHADE LOPES BRANCO
  • HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS EM MICROPLÁSTICOS DE PRAIAS DO LITORAL BRASILEIRO

  • Data: Jul 30, 2021
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  • Quando introduzidos no ambiente, os materiais plásticos podem ter vários destinos, sendo um deles a fragmentação. A contínua degradação e fragmentação dos materiais plásticos origina os chamados microplásticos (MP), partículas com tamanhos que variam de 5 mm a 1 µm de grande potencial de dispersão. Quando em ambientes poluídos, os microplásticos tendem a se tornar superfícies de adsorção para poluentes hidrofóbicos de forma mais eficiente do que partículas sólidas naturais, como os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPA). Os HPA são poluentes orgânicos que podem ter sua origem tanto de forma natural quanto antrópica. Assim como os microplásticos, os HPA possuem uma alta persistência no meio ambiente, e por apresentarem propriedades mutagênicas e potencialmente carcinogênicas quando absorvidos pelo metabolismo humano e de organismos aquáticos são extremamente perigosos. Por sua característica tóxica e nociva à saúde ambiental e humana, dezesseis HPA são definidos como prioritários em estudos ambientais pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (US EPA). Diversos estudos avaliaram a ocorrência de microplásticos e HPA individualmente em matrizes ambientais, mas ainda são poucos os que investigaram a associação desses dois poluentes. Sendo assim, especialmente no Brasil, existe uma necessidade de expansão de trabalhos a respeito dessa temática. O presente trabalho tem por objetivo investigar a ocorrência e concentração de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos em microplásticos presentes em sedimentos praiais de oito estados costeiros brasileiros, verificar sua composição e possíveis fontes dos compostos para os MP nas áreas estudadas, relacionando o acumulo dos MP e presença dos HPA considerando os fatores de uso de terra e socioambientais de cada região, e por fim avaliar o potencial tóxico e de contaminação dos HPA através dos MP para organismos aquáticos. Amostras de sedimentos superficiais foram coletadas na linha de maré alta das faixas praiais de locais potencialmente poluídos nas praias do Ver-o-Rio e Farol (PA), Iracema (CE), Boa Viagem (PE), Porto da Barra (BA), Curva da Jurema (ES), Arpoador e Botafogo (RJ), Praia Grande, Santos e São Vicente (SP), e Praia Grande (RS). Em laboratório utilizando uma solução hipersalina e um sistema de filtração, os MP foram separados dos sedimentos. Os HPA foram extraídos utilizando três tipos de microplásticos, sendo estes 0,2-0,3 g de fragmentos e pellets, e 0,02 g de EPS (isopor) e analisados em Cromatógrafo a Gás acoplado a um Espectrômetro de Massas com Triplo Quadrupolo (GC/MS/MS). Foi possível detectar quatorze dos dezesseis HPA estudados, onde a concentração total de HPA (Σ-HPA) variou de 0,25 a 71,60 ng g-1 entre as amostras e os tipos de MP. Na região Norte e Nordeste, as baixas concentrações (0,31 a 71,60 ng g-1) dos HPA nos MP aparentam estar relacionadas aos intensos processos hidrodinâmicos atuantes. As concentrações do Naftaleno nas amostras de isopor estiveram acima do Threshold Effect Level (TEL > 35) nas amostras coletadas em Pernambuco e Bahia, e próxima no Ceará (70,15, 36,97 e 33,28 ng g-1, respectivamente); sendo assim, efeitos nos organismos podem ocorrer devido a esse composto. As regiões Sudeste e Sul são as únicas que apresentaram estudos anteriores de HPA em MP, foi então possível realizar uma melhor comparação e discussão dos dados obtidos no presente estudo. As fontes de HPA para o meio e consequentemente para os MP foram atribuídas à contribuição antropogênica (petrogênica e pirogênica). As maiores concentrações de HPA foram encontradas nas amostras de isopor, sugerindo que esse tipo de MP pode ter considerável contribuição na dispersão desses contaminantes especialmente em locais mais poluídos. Por fim, conclui-se que os HPA estão presentes em todos os estados brasileiros estudados e sua ocorrência foi evidenciada pela adsorção deles em MP coletados em ambientes praiais. Esses contaminantes orgânicos originam-se tanto petrogênica como pirogenicamente, sendo as principais fontes para os locais avaliados são as atividades industriais e portuárias, o descarte inadequado de efluentes, e o escoamento superficial urbano por águas pluviais.

  • ALAN RODRIGO LEAL DE ALBUQUERQUE
  • RESÍDUO MINERAL A PARTIR DE BIOMASSAS AMAZÔNICAS COMO UMA FONTE ALTERNATIVA DE

    NUTRIENTES PARA A AGRICULTURA

  • Data: Jun 25, 2021
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  • A deficiência de agrominerais e fertilizantes no Brasil tem atuado como entrave aos planos de consolidação do país como uma potência agrícola e tem representado um ônus à sua balança comercial. Quando tomamos como referência a região amazônica, para a qual está direcionada a expansão da fronteira agrícola nacional, esse cenário tem sido ainda mais desfavorável, uma vez que essa região, além de contar com recursos limitados, também apresenta tecnologias pouco desenvolvidas, o que tem agravado a situação dos desmatamentos de extensas áreas para uma produção agrícola de baixo rendimento. Somado a isso, com o objetivo de reduzir a dependência de combustíveis fósseis, o Brasil vem investindo no desenvolvimento tecnológico de conversão e produção de bioenergia a partir de resíduos lignocelulósicos e plantações de florestas energéticas em larga escala. Embora o emprego dessas fontes de bioenergia contribua para a redução da emissão de CO2 e amenize a competição por produtos agro alimentícios, o seu uso crescente, sobretudo sob a forma de lenha e carvão vegetal, tem provocado aumento na demanda por fertilizantes e tem produzido grandes quantidades de resíduos minerais, os quais se encontram como cinzas vegetais. Dessa forma, um dos grandes desafios para o manejo sustentável de resíduos de biomassas como fonte de energia renovável é a produção das grandes quantidades de cinzas, que, devido à ausência de um sistema de reaproveitamento, são destinadas frequentemente ao descarte. Do ponto de vista ambiental e socioeconômico, ao invés do descarte, o reaproveitamento das cinzas vegetais na agricultura ou silvicultura pode representar um papel importante frente à dificuldade de conciliar o uso de energia renovável, escassez de fertilizantes e manejo sustentável de resíduos vegetais e minerais. Dentre as principais vantagens da aplicação de cinza em solos agrícolas e florestais destacam-se sua capacidade de neutralização de acidez e habilidade em fornecer nutrientes importantes para as plantas, como Ca, Mg, P e K. Embora seja de conhecimento comum os efeitos agronômicos das cinzas vegetais, a sua aplicação no solo requer atenção, pois variações texturais e composicionais podem interferir diretamente na solubilidade, disponibilidade e absorção de nutrientes. Além disso, a resposta da capacidade fertilizante da cinza depende das propriedades do solo, especialmente do pH, textura e conteúdo de matéria orgânica. Dessa forma, a aplicabilidade de cinzas vegetais tornar-se mais propício após avaliações químicas, mineralógicas e testes agronômicos. Nesse contexto, tendo como uns dos grandes desafios da região amazônica o manejo sustentável de resíduos e a crescente demanda por fertilizante para atender à expansão da fronteira agrícola e à produção de florestas energéticas em larga escala, buscou-se, nessa pesquisa, avaliar o rendimento e a composição de cinza de biomassas amazônicas, bem como investigar os efeitos desses resíduos na fertilidade de solos ácidos, prestando-se especial atenção à dinâmica do P e à nutrição e produção vegetal. Para atender a esses objetivos o resíduo mineral, gerado pela combustão da mistura de caroços de açaí e cavacos de madeiras e coproduzido por uma indústria de fertilizante de fosfato calcinado, foi submetido às análises químicas e mineralógicas, e à testes de incubação com solos e planta. De acordo com os resultados obtidos na pesquisa, estima-se que a indústria de fertilizante fosfático coproduz ~ 4,7 a 9,9 toneladas/dia de resíduo mineral, o qual ocorre como cinza de fundo (botton ash) e apresenta uma variabilidade composicional relativamente baixa ao longo do ano. A cinza de biomassas amazônicas é constituída majoritariamente por fases amorfas e, de maneira subordinada, por silicatos e óxidos. Quimicamente é composta por SiO2, Al2O3, CaO, Fe2O3, P2O5, K2O e MgO. Os teores de SiO2 e Al2O3 resultaram, principalmente, da incorporação de componentes do solo à matéria-prima de biomassa, como grãos de quartzo e partículas de caulinita. O CaO e MgO tiveram como principal fonte os cavacos de madeiras, enquanto o K2O e P2O5 resultaram, predominantemente, da queima das sementes de açaí. Conforme os resultados das incubações com solos e do cultivo de Avena sativa, as aplicações da cinza de biomassas amazônicas promoveram efeitos moderados na correção da acidez dos solos, produziram aumentos na disponibilidade de macronutrientes (P, Ca, Mg e K) e micronutrientes (B, Cu, Fe e Mo), e favoreceram a produção e nutrição vegetal. Nos solos ricos em matéria orgânica, as aplicações da cinza vegetal também afetaram positivamente a transformação de P inorgânico em P orgânico. Mesmo em elevadas dosagens, o aporte de cinza vegetal não ofereceu riscos de salinidade, imobilização de nutrientes, toxidade por Al e Mn e contaminação por As, Cd, Cr, Hg e Pb dos solos e plantas. Portanto, a reaproveitamento do resíduo mineral coproduzido pela combustão de biomassas amazônicas em solos agrícolas ou florestais pode representar uma alternativa sustentável e estratégica para o manejo de resíduos industriais e para a manutenção da fertilidade dos solos distróficos da região amazônica. Além disso, a aplicação de cinzas vegetais pode ser uma grande aliada na redução das perdas por precipitação de P nos solos ácidos da região.

  • PAULO VICTOR CAMPOS SOUSA
  • FONTES FOSFÁTICAS: DIFERENCIAÇÃO POR ESPECTROSCOPIA IV E RECICLAGEM POR PRECIPITAÇÃO DE ESTRUVITA A PARTIR DE SOLUÇÃO AQUOSA

  • Data: Jun 4, 2021
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  • O fósforo é um elemento de múltiplas funções perante a manutenção da vida. Suas principais atribuições estão relacionadas ao seu papel de nutriente, em que atua nos organismos como componente estrutural de moléculas e na produção de energia. Por essas atribuições, o elemento é fundamentalmente requerido dentro da cadeia alimentar, sendo essencial no desenvolvimento dos vegetais, e por isso, altamente demandado no setor primário da economia. Por sua elevada reatividade com oxigênio, o fósforo encontra-se na crosta terrestre sob a forma iônica de 3- ortofosfato (PO4), distribuído como minerais fosfáticos que constituem as rochas, principais ontes para a produção de fertilizantes de fósforo. Por ser um recurso natural finito com crescente e acelerado consumo, suas reservas tendem a uma premente escassez. Devido a isso, busca-se cada vez mais por inovação e otimização de processos de produção secundária (reciclagem de fósforo), além de estratégias inteligentes de uso das fontes primárias. Nesse contexto, buscou-se nesse trabalho ampliar os estudos sobre fosfatos amazônicos no que concerne caracterização-diferenciação, e ainda, propor uma otimização na reciclagem de fósforo por precipitação de estruvita a partir de solução aquosa. Para alcançar o primeiro objetivo, fosfatos de três diferentes origens geológicas (ígnea, intempérica e biogenética), na região amazônica, foram diferenciados por espectroscopia de infravermelho com transformadas de Fourier (FTIR). As medidas foram realizadas nas regiões do infravermelho próximo e médio pelos métodos de: transmissão, reflectância difusa (DRIFT) e total atenuada (ATR). Além disso, análises complementares de difratometria de raios-X e fluorescência de raios-X também foram realizadas. Os resultados revelaram que os métodos por transmissão e DRIFT são os mais adequados e recomenda-se utilizá-los, quando possível, de maneira conjunta. As bandas características de PO4 foram observadas em todos os espectros nas faixas entre 1200 – 984 cm- 1 e 634 – 450 cm-1. A diferenciação dos materiais foi dada pela presença de bandas: (CO3)2- nos fosfatos ígneos, Al2OH nos fosfatos intempéricos e NH4 no de origem biogenética. Ao final, um banco de dados espectral para fosfatos foi estabelecido e as assinaturas espectrais catalogadas. Para alcançar o segundo objetivo, uma otimização do processo de recuperação de P de soluções aquosas por meio de síntese de estruvita foi realizada, e para tal, uma metodologia de planejamento experimental sequencial (DOE) foi aplicada. Um planejamento Plackett- Burman seguido de um Doehlert atuaram na definição dos fatores significativamente influentes no processo de precipitação de estruvita e para otimização empregou-se a metodologia de superfície de resposta em conjunto com a função desejabilidade. As respostas foram: recuperação de fósforo (medida química usual), padrão difratométrico e entalpia de decomposição da estruvita (medidas físicas não usuais nesse tipo de estudo, portanto uma inovação). Além disso, análises complementares de espectroscopia de fluorescência de raios-X, espectroscopia de infravermelho, granulometria a laser e microscopia eletrônica de varredura foram realizadas nos produtos. Os resultados permitiram definir as melhores condições de síntese: pH (10,2), razão N/P (≥4) e concentração inicial de fósforo (183,5 mg/L), com recuperação de fósforo superior à 70% e formação de estruvita e K-estruvita. Por fim, pode-se dizer que propostas avançadas relacionadas a caracterização química e estrutural, e otimização de processo concernentes a fosfatos foram estabelecidas com base em dois métodos: um analítico (espectroscopia IV) e outro físico-químico (precipitação). Ambas as metodologias de investigação explanadas neste estudo contribuem na busca de soluções alternativas de geração e uso dos recursos fosfáticos.

  • GABRIELLE CRISTINE SILVA DOS SANTOS
  • DESENVOLVIMENTO DE UMA METODOLOGIA PARA ANÁLISE QUÍMICA DE INCLUSÕES SILICÁTICAS EM CRISTAIS DE QUARTZO: ESTUDO DE CASO EM GRANITOS ESTANÍFEROS DA MINA PITINGA (AM)

  • Data: May 2, 2021
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  • Inclusões silicáticas (melt inclusions) são pequenas gotas de fusões silicáticas aprisionadas em diferentes minerais magmáticos durante seu crescimento, e podem ser encontradas tanto em rochas vulcânicas quanto plutônicas. Facilmente identificadas em rochas vulcânicas, uma das maiores dificuldades no estudo dessas inclusões em rochas plutônicas é a sua identificação, pois, após o seu aprisionamento, sua evolução resulta em cristalização total ou parcial. Com base na literatura internacional, elas fornecem importantes informações sobre a origem, natureza dos magmas e sua evolução petrológica. Além disso, a detecção de metais nas inclusões é uma evidência geológica direta da associação genética desses elementos com os líquidos magmáticos (fonte) e de importância vital no estudo de depósitos ortomagmáticos ou hidrotermais. As técnicas de estudo de inclusões silicáticas para fins petrológicos e metalogenéticos têm evoluído muito rapidamente nas últimas quatro décadas, mas é uma metodologia que ainda não foi implantada no Brasil, tanto pela ausência de laboratórios com equipamentos adequados, quanto pela inexistência de grupos de pesquisa engajados nessa linha de pesquisa. Recentemente, foram desenvolvidos estudos pioneiros no CDTN (Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear), em Belo Horizonte (MG), com amostras de granitos estaníferos da mina Pitinga (AM), por meio de ensaios microtermométricos de alta temperatura e análises químicas de elementos-traço por LA-ICP-MS, em inclusões silicáticas hospedadas em cristais de quartzo desses granitos. No entanto, os ensaios foram realizados em lâminas bipolidas das rochas, o que inviabilizou a análise química de elementos maiores por microssonda eletrônica, uma vez que as inclusões se encontravam muito profundas nos cristais de quartzo, e qualquer tentativa de polimento para expor as inclusões inutilizaria as amostras. Com base nessa experiência preliminar, e tendo como objetivo central, este trabalho desenvolveu uma técnica de preparação de concentrados de cristais de quartzo contendo inclusões silicáticas, utilizando as mesmas amostras de granitos estaníferos da mina Pitinga (AM), representantes das fácies mais tardias do plúton Madeira, denominadas feldspato alcalino-granito hipersolvus porfirítico e albita-granito de núcleo. Assim, os trabalhos desenvolvidos no Laboratório de Inclusões Fluidas, com o apoio imprescindível da Oficina de Laminação, do Laboratório de Análises Químicas e do Laboratório de Microanálises do Instituto de Geociências da UFPA, permitiram que a pesquisa estabelecesse uma rotina envolvendo as seguintes etapas: estudos petrográficos de detalhe; britagem e moagem de amostras; separação granulométrica; preparação de concentrados de cristais de quartzo; experimentos de aquecimento e resfriamento em forno mufla; seleção de cristais com inclusões adequadas; montagem dos cristais em moldes com resina epóxi e posterior polimento; monitoramento e imageamento das inclusões através de MEV; análises químicas por EDS e, finalmente, análises químicas de elementos maiores (WDS) por microssonda eletrônica. Os dados microanalíticos (elementos maiores) obtidos especialmente naquelas inclusões silicáticas contendo duas ou mais fases sólidas (vidro, glóbulos esféricos), demonstraram que a técnica de preparação proporcionou uma boa exposição das inclusões. Dessa forma, a metodologia desenvolvida neste trabalho é relevante para o estudo de inclusões silicáticas e pode ser aplicada para a preparação de concentrados de qualquer mineral magmático transparente (quartzo, olivina, piroxênio, plagioclásio, etc.), hospedeiro de inclusões silicáticas, e que podem ser analisadas por quaisquer das técnicas microanalíticas tradicionais (microssonda eletrônica, LA-ICP-MS, espectroscopia Raman, MEV, etc.).

  • GIOVANNI ALVARO TEIXEIRA DA MATA
  • FLORA E FAUNA DO NEÓGENO DAS ÁREAS DE MANGUEZAIS DE LAGOAS COSTEIRAS DA PLATAFORMA EQUATORIAL DO BRASIL: PROCESSO DE PIRITIZACÃO

  • Data: Apr 2, 2021
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  • As rochas carbonato-siliciclásticas do início e meio da Formação Pirabas do Mioceno na margem equatorial do Brasil apresentam ecofácies salobras de paleoambientes de manguezais e lagoas costeiras sob influência das marés. A seção estudada possui lamito escuro no topo, caracterizado por uma zona de metanogênese microbiana onde troncos piritizados, folhas, micro e macrofósseis, e vestígios de fósseis, foram investigados. A caracterização petrográfica e as análises cristalográficas distinguem principalmente o cristal de framboids para fragmentos de tronco aos cristais octaédricos e cúbicos de conchas de invertebrados. As análises geoquímicas revelaram que o Fe e o S estão concentrados tanto no conteúdo fossilífero dos constituintes dos invertebrados quanto na matriz que hospeda o tronco, enquanto os demais elementos estão principalmente ligados aos invertebrados. A distribuição preferencial desses elementos está de acordo com a presença de compostos FeS2 em substituição aos fósseis, refletindo as condições anóxicas e redutoras do meio ambiente. A seção litoestratigráfica rica em pirita foi depositada em um ambiente de águas rasas, onde a mineralização da pirita foi desenvolvida durante o estágio diagenético inicial sob condições anóxicas, abundância de matéria orgânica, água morna e mixohalina. A integração de dados faciológicos, estratigráficos e químicos dos depósitos carbonáticos da Formação Pirabas, além de reconstruir o comportamento estratigráfico destas unidades no período estudado, ainda auxiliariam no entendimento das mudanças paleoambientais e paleogeográficas da Plataforma Bragantina e a sua possível relação com os eventos globais.

  • CLOVIS WAGNER MAURITY
  • LATERITIZAÇÃO E SEDIMENTAÇÃO CENOZOICA NA EVOLUÇÃO DA PAISAGEM DA SERRA DOS CARAJÁS

  • Data: Apr 1, 2021
  • Show resume
  • A Serra dos Carajás localizada na porção sudoeste da Amazônia brasileira é um dos exemplos de terrenos lateríticos com couraças ferruginosas ou cangas sustentando platôs que formam altiplanos de até ~700 m. Dois conjuntos distintos de duricrostas são reconhecidos nesta região: 1) um mais antigo, desenvolvido durante o Paleógeno sobre formações ferríferas bandadas (BIF) e vulcânicas do Pré-cambriano; e 2) relacionados uma sucessão de até 30 m de espessura ferruginizada previamente considerada como supergênica e reinterpretada aqui como de origem sedimentar. As análises geomorfológica, sedimentológica, paleomagnética e geoquímica destes depósitos ferruginizados em afloramentos e testemunhos de sondagem formados por brecha e ironstone constataram que estes registram fases recorrentes de denudação e aplainamento a partir do desmantelamento de perfis lateríticos. As brechas são cimentadas por goethita e oxi-hidróxidos de ferro e alumínio são representativos de fluxos de detritos subaéreos e em lençol relacionados a leques coluviais adjacentes a sistema lacustres rasos compreendendo deposição química de goethita e hematita. As rochas ricas em goethita apresenta camadas centimétricas a métricas com laminação plana alternadas com níveis de pisólitos/oncoides indicam atividade microbiana. Dados petrográficos e de difração de raios-x indicaram principalmente hematita (50%), goetita (47%) e gibbsita+Al-goetita+magnetita (3%). A alta suscetibilidade magnética, campos alternados e desmagnetização térmica destes depósitos indicaram uma magnetização remanescente fornecida principalmente pela hematita e goethita. A alta concentração de carbono presente nestes minerais sugere que a forte magnetização detectada pode resultar de antigos incêndios florestais. O padrão gráfico oblato da anisotropia da suscetibilidade magnética e a dispersão dos polos da magnetização remanescente natural indicam variáveis sin e pós-deposicionais relacionada à magnetização herdada presente nos fragmentos de BIF. Análise geoquímica destes depósitos mostram que os elementos pouco móveis têm relação incipiente com as unidades do substrato formadas pelos BIF e basaltos e os valores altos de titânio também corroboram concentração durante a sedimentação não relacionada com a lateritização. A formação de leques coluviais progradantes em direção aos lagos rasos químicos implantados nos vales foram recorrentes na Serra dos Carajás e atestam variações climáticas que ocorrem desde o Pleistoceno. Esta nova visão das duricrostas da Serra dos Carajás inicia uma nova leitura geológica que permite um melhor entendimento dos processos intempéricos e sedimentares relacionados a evolução da paisagem amazônica durante o Cenozoico.

  • CESAR GUERREIRO DINIZ
  • TRÊS DÉCADAS DE MUDANÇAS NA PLANÍCIE COSTEIRA BRASILEIRA: O STATUS DOS MANGUEZAIS, DA AQUICULTURA E SALICULTURA A PARTIR DE SÉRIES TEMPORAIS LANDSAT E TÉCNICAS DE APRENDIZADO DE MÁQUINA

     

  • Data: Mar 31, 2021
  • Show resume
  • Desde a década de 80, o mapeamento de uso e cobertura da terra (LULC) tornou-se uma tarefa científica comum. No entanto, a identificação sistemática e contínua de qualquer uso ou cobertura terrestre, seja em escala global ou regional, exige grande capacidade de armazenamento e processamento. Esta tese apresenta dois fluxos de processamento de dados orbitais, gerenciados por computação em nuvem para avaliar: 1) a extensão anual dos manguezais brasileiros de 1985 a 2018, em conjunto com a criação e avaliação de um novo índice espectral, o Índice Modular de Reconhecimento de Manguezais (MMRI), que foi projetado especificamente para melhor discriminar as florestas de manguezal da vegetação circundante; e 2) a situação anual da aquicultura e da salicultura nas planícies costeiras do Brasil, de 1985 a 2019. No que se refere ao item 1, a cobertura do manguezal apresentou dois períodos de ocupação distintas, 1985-1998 e 1999-2018. O primeiro período mostra uma tendência ascendente, que parece estar mais relacionada à distribuição temporalmente desigual dos dados Landsat do que à regeneração dos manguezais brasileiros. No segundo período, foi registrada uma tendência de perda de área de manguezal, atingindo até 2% das florestas de manguezal. Em uma escala regional, ~ 80% da cobertura de manguezais do Brasil está localizada na Amazônia, nos estados do Maranhão, Pará e Amapá. Em termos de persistência, ~ 75% dos manguezais brasileiros permaneceram inalterados por duas décadas ou mais, em especial na Amazônia. Já no que tange o item 2, faz-se importante lembrar que a aquicultura e a produção de sal, são dois dos mais clássicos usos da terra costeiros em todo o mundo. No Brasil não é diferente, ambos os usos compõem atividade econômica relevante na Zona Costeira Brasileira (BCZ). No entanto, a discriminação automática de tais atividades, dissociando-as de coberturas ou usos outros, igualmente relacionados a presença de água em superfície, não é uma tarefa fácil. Espectralmente falando, água é água e, a menos que apresente uma alta concentração de compostos opticamente ativos, pouco se consegue fazer para dissociar uma variedade de alvos aquosos. Nesse sentido, Redes Neurais Convolucionais (CNN) têm a vantagem de prever o rótulo de determinado pixel, fornecendo como entrada uma região/local (patches ou chips) no entorno desse pixel. Juntas, a natureza convolucional das CNN, bem como a utilização de mecanismos de segmentação semântica, fornecem ao classificador U-Net, um tipo de CNN, a capacidade de acessar o “domínio do contexto” ao em vez de apenas valores de pixel isolados. Apoiados no domínio do contexto, em detrimento ao domínio puramente espectral, os resultados obtidos nesta tese mostram que as aquiculturas/salinas ocupavam ~356 km² em 1985 e ~544 km² em 2019, refletindo uma expansão de 52% (~188 km²), um aumento de 1,5x em 35 anos de ocupação da BCZ. De 1997 a 2015, a área aquícola cresceu por um fator de ~1.7x, saltando de 349 km² para 583 km², 67% de expansão. Regionalmente, em 2019, o setor Nordeste concentra 93% das superfícies aquícolas/salineiras da BCZ, 6% situa-se no Sudeste e 1% no Sul. Curiosamente, apesar de apresentar extensas zonas costeiras e condições adequadas para o desenvolvimento de diferentes produtos aquícolas, a Amazônia não apresenta sinais relevantes de infraestrutura aquícola/salineira ao longo das 3 décadas analisadas.

  • WALMIR DE JESUS SOUSA LIMA JÚNIOR
  • O NEÓGENO E PLEISTOCENO DA AMAZÔNIA CENTRAL: PALINOESTRATIGRAFIA, PALEOAMBIENTE E RELAÇÃO COM OS EVENTOS EVOLUTIVOS DO RIO AMAZONAS

  • Data: Mar 19, 2021
  • Show resume
  • A análise de fácies baseada em afloramentos de uma sucessão neógena com 25 m de espessura foi realizada na porção oriental da Bacia do Solimões, Amazônia Central. A Formação Solimões, Mioceno, inclui depósitos de lago / depósito de inundação, canal fluvial sinuoso de carga em suspensão com rompimento de diques marginais em subdeltas e depósitos de planície de inundação / rompimento de dique marginal, confirmando o sistema de mega- pântanos Pebas-Solimões anteriormente interpretado. A Formação Içá, Pleistoceno Superior, recobre de forma erosiva a Formação Solimões e compreende fluxo de carga mista a carga de fundo para o sistema fluvial meandrante e depósitos de planície de inundação. A palinoestratigrafia da Formação Solimões foi realizada nesta sucessão exposta e em testemunho de sondagem (196-291 m), geralmente, de lamitos ricos em matéria orgânica. A ocorrência de fósseis exclusivamente continentais associados a fitoclastos e algas de água doce, como os Ovoidites, confirmam um ambiente de mega-pântanos restrito à Amazônia Ocidental. Monoporopollenites annuulatus e outras gramíneas indicam uma oscilação entre as fases arbustiva e arbórea associada a flutuações nos intervalos seco e úmido. As idades do Mioceno-Plioceno superior para a Formação Solimões obtidas a partir de zonas de amplitudes identificadas principalmente Crassoretitriletes vanraadshovenii, Echiperiporites akanthos, Echiperiporites stelae, Fenestrites spinosus, Psilastephanoporites tesseroporus, Grimsdalea magnaclavata e Alnipollenites verus. A primeira aparição de Alnipollenites verus foi modificada para o Mioceno. Palinomorfos retrabalhados encontrados nesta sucessão indicam processos autocíclicos relacionados à dinâmica ambiental, enquanto acritarcas indicam erosão de áreas de origem paleozoica. A tectônica andina afetou dramaticamente a Amazônia Central, causando o soerguimento progressivo da Bacia do Solimões, que gerou um subsequente surgimento e obliteração da sucessão de mega-pântanos Pebas-Solimões. Este evento de progradação foi amplificado pela queda expressiva do nível do mar no Tortoniano médio (11-8 Ma), concomitando com o surgimento do Rio Amazonas Andino. A discordância gerada resultou num hiato deposicional com bypass de ~ 9,5 Ma. Apenas no Pleistoceno Superior, a Bacia do Solimões cedeu, ocasionando a implantação de um sistema de meandros de carga mista a carga fundo que representa o reinício da sedimentação do rio Amazonas na Amazônia Central.

  • ELAINE DE OLIVEIRA MENEZES
  • GEOCRONOLOGIA U-Pb-Hf EM ZIRCÃO EU-Pb EMMONAZITA DASROCHAS DE ALTOGRAUMETAMÓRFICO DO COMPLEXO PORTONACIONAL,NORTE DO MACIÇO DEGOIÁS

     

  • Data: Mar 13, 2021
  • Show resume
  • O Complexo Porto Nacional (CPN) está inserido na porção centro-norte da Província Tocantins, como parte da porção norte do Maciço de Goiás, o qual representa um microcontinente do Paleoproterozoico remanescente da tectônica do evento Brasiliano, responsável pela edificação dos orógenos Araguaia, Brasília incluindo o Arco Magmático de Goiás, e Paraguai. O CPN constitui uma faixa de rochas de alto grau metamórfico na direção NE-SW, afetado pela Zona de Cisalhamento Porto Nacional, integrante do Lineamento Transbrasiliano, e reúne, dominantemente, ortogranulitos de composição variada (granulitos máficos, enderbitos, charnoenderbitos e charnockitos) com menor ocorrência de paragnaisses aluminosos, ortognaisses tonalíticos mais ou menos migmatizados e granitoides tipo-S. Estudos petrográficos identificaram as seguintes paragêneses metamórficas: Opx + Cpx + Pl ± Hb (granulito máficos); Opx + Cpx + Pl + Qtz ± Mc ± Bt ± Hb (enderbitos); Pl ± Mc + Qtz + Bt + Grt ± Sil ± Ky ± Grf (cianita-sillimanita-granada gnaisses). Esses dados revelam atuação do metamorfismo de alto grau, em condições da fácies granulito com pico metamórfico alcançando temperatura e pressão acima de 850 ºC e 8 kbar, respectivamente. Para os estudos geocronológicos foram selecionadas duas amostras de enderbitos e duas de sillimanita-granada gnaisses onde foram aplicados os métodos U-Pb-Hf em zircão e U-Pb em monazita, respectivamente. As imagens de catodoluminescência dos cristais de zircão dos enderbitos revelam dois tipos: (I) cristais prismáticos longos com contornos irregulares, homogêneos e sem zoneamento evidente; (II) cristais prismáticos curtos com um núcleo interno bem definido, envolvido por uma zona externa com tonalidade mais clara, sugerindo sobrecrescimento metamórfico. As imagens de monazita dos paragnaisses obtidas por elétrons retroespalhados mostraram cristais homogêneos arredondados a subarredondados, sem estruturação interna. Os resultados geocronológicos U-Pb em zircão do núcleo dos cristais apontaram idade de 2,16 Ga, e das bordas valores mais baixos (2,09 Ga), interpretando-se como idade de cristalização de cristais ígneos dos protólitos tonalíticos, e idade do metamorfismo de alto grau, respectivamente. Em outro enderbito, a idade de cristais de zircão também apresentou valores mais baixos, da ordem de 2,09 Ga, reforçando a interpretação de serem zircões metamórficos. Os valores da razão  Th/U  dos  cristais  de  zircão  das  amostras  variam  de  0,04  –  0,95  e  0,01  –  1,15, respectivamente,  sugerindo  origem  metamórfica  e  magmática.  As  idades-modelo  Hf-TDMC obtidas nos mesmos cristais de zircão analisados sugerem dois episódios de formação de crosta que deu origem a essas rochas: uma fonte do Sideriano (2,40 a 2,48 Ga) e outra do Neo- Mesoarqueano (2,52 a 3,01 Ga). Os parâmetros petrogenéticos ƐHf(t) positivos (+3,9 a +5,2) evidenciam derivação a partir de fonte mantélica para o material do Sideriano, enquanto que os parâmetros petrogenéticos ƐHf(t) negativos e positivos (-4,6 a +3,3) evidenciam derivação a partir de mistura entre material crustal e juvenil para o material do Neo-Mesoarqueano. Os resultados geocronológicos U-Pb em monazita dos paragnaisses apontam valores de idades de 2,09 Ga e 2,10 Ga, levemente abaixo do valor obtido nos zircões metamórficos dos enderbitos e confirmam a idade do metamorfismo de alto grau que afetou o CPN no Paleoproterozoico. Isto vem demonstrar a atuação do metamorfismo em condições da fácies granulito quase contemporâneo à cristalização magmática dos protólitos. Essa cronologia tem representatividade em outros terrenos metamórficos de alto grau do Brasil e de outros países, a exemplo dos granulitos do Cráton Oeste Africano (Cinturão Limpopo); Cráton São Francisco, na Bahia, representado pelo cinturão granulítico do Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá e, em Minas Gerais no embasamento do Orógeno Araçuaí; pelas faixas granulíticas do Domínio Bacajá do Cráton Amazônico e do Bloco Amapá; e pelo Escudo das Guianas. A análise dos dados geocronológicos demonstra que as idades de cristalização e de metamorfismo obtidas são resultantes de processos ocorridos durante um período restrito no Riaciano.

2020
Description
  • BETTINA SILVA BOZI
  • IMPACTOS DAS MUDANÇAS DO NÍVEL DO MAR NOS MANGUEZAIS DO SUDESTE DO BRASIL DURANTE O HOLOCENO E ANTROPOCENO USANDO UMA ABORDAGEM MULTI-PROXY

     

  • Data: Dec 28, 2020
  • Show resume
  • Os manguezais são florestas intermarés, suscetíveis a mudanças na frequência de inundação das marés. Dessa forma, sua dinâmica ao longo dos gradientes topográficos de uma planície costeira pode ser usada como um indicador das mudanças no nível do mar. Este trabalho tem como objetivo identificar a dinâmica dos manguezais durante o Holoceno e Antropoceno e in- ferir mudanças relativas no nível do mar (NRM) com base em imagens de satélite/drones e pólen, dados de isótopos (δ13C, δ15N), elementares (C\N), fluorescência de raios-X (XRF), e dados sedimentares, bem como datação de C-14 ao longo de três testemunhos amostrados ao longo de um manguezal e uma zona de transição manguezal/zona herbácea seguindo um gra- diente topográfico de uma planície costeira na costa sudeste brasileira. Esses dados multi- proxy indicaram uma mudança de uma planície ocupada por ervas, palmeiras, árvo- res/arbustos para uma lagoa cercada por manguezais com um aumento de matéria orgânica sedimentar proveniente de águas estuarinas entre ~6300 e ~4650 cal ano AP. O aumento do NRM causou uma migração de manguezais em direção à terra durante o Holoceno médio- inicial, amplamente registrado ao longo da costa brasileira. A queda do NRM converteu aque- la lagoa com manguezais em uma planície ocupada por ervas, palmeiras e árvores/arbustos durante o Holoceno médio-tardio. Os últimos mil anos foram caracterizados por uma diminui- ção significativa na ocorrência de pólen de manguezal nas planícies de maré mais altas ocu- padas por manguezais modernos entre 390 anos cal AP (1560 DC) e 77 anos cal AP (1873 DC), provavelmente causado por uma queda no NRM associada a Pequena Idade do Gelo (LIA). O testemunho G-4, amostrado nas planícies de maré mais baixas e ocupada principal- mente por Rhizophora, revelou uma tendência de aumento na porcentagem de pólen de Rhi- zophora desde 77 anos cal AP (1873 DC). No entanto, os testemunhos amostrados de planí- cies de maré mais altas, no ecótono de manguezal/vegetação herbácea, indicaram um aumento das porcentagens de pólen de Rhizophora, Avicennia e Laguncularia, sugerindo uma migra- ção de manguezal para as planícies de maré mais altas anteriormente ocupadas por ervas, palmeiras e árvores/arbustos desde 1958 (testemunho G-3) e 1955 AD (testemunho RBN-2). Essas tendências devem estar relacionadas ao aumento da influência estuarina por um aumen- to do NRM desde o final da Pequena Idade do Gelo e intensificado nas últimas décadas.

  • ADRIANA NATALY MEDINA HIGUERA
  • ESTRATIGRAFIA E ANÁLISE PALEOAMBIENTAL DE ROCHAS NEOPROTEROZÓICAS DO CINTURÃO ARAGUAIA, REGIÃO DE REDENÇÃO–PA, BRASIL

  • Data: Dec 26, 2020
  • Show resume
  • O Neoproterozoico foi marcado por intensas mudanças climáticas que foram acompanhadas pela reorganização das massas continentais a nível global. Estes eventos climáticos estão representados pelas glaciações globais Sturtiana e Marinoana registradas nas rochas do período Criogeniano. O rearranjo das massas continentais esteve marcado pela ruptura do supercontinente Rodinia (870 – 750 Ma) e posterior colisões intracratônicas (600 Ma) que geraram a amalgamação de Gondwana, que por sua vez originou diversos orógenos como o Cinturão Araguaia. Esta unidade geotectônica neoproterozóica situada na porção norte da Província Tocantins, é composta pelas rochas sedimentares do Supergrupo Baixo Araguaia, que está subdividido nos grupos Estrondo e Tocantins. O Grupo Tocantins é constituído pelas formações Pequizeiro e Couto Magalhães. Na região de Redenção, a empresa WMC Resources Ltda furou vários testemunhos de sondagem, denominados de SMD, para desvendar a gênese do prospecto São Martim. Inicialmente, as rochas carbonáticas e siliciclásticas sem indícios de metamorfismo, nestes testemunhos (SMD 08 e SMD 15), foram posicionadas na Formação Couto Magalhães. Contudo, a definição original desta unidade envolve rochas com metamorfismo de baixo grau. Este fato motivou uma revisão litoestratigráfica da Formação Couto Magalhães que ocorre em subsuperfície na região de Redenção, além da reconstituição paleoambiental proposta no trabalho original. Assim, esta unidade foi redefinida, na região de estudo, exclusivamente com base em suas características litológicas e denominadas de Formação São Martim (rochas carbonáticas) e Formação Rio Arraias (rochas siliciclásticas). Devido aos poucos testemunhos que existem não é possível definir sua extensão lateral em subsuperfície. Para alcançar os objetivos propostos foram realizadas análises faciológicas, prográficas e geoquímicas isotópicas, assim como interpretações de microfácies sedimentares e microestruturas glaciais. A porção mais basal dos testemunhos é caracterizada pela ocorrência de formações ferríferas bandadas (Banded Iron Formation, BIF) que são interpretadas como o assoalho da bacia, estas formações tem idade e similitude composicional correlacionável com as BIF’s da Formação Carajás. Na sequência sobrejacente foram definidas dezenove fácies sedimentares que foram agrupadas em quatro associações de fácies correspondentes. Na Formação São Martim as rochas carbonáticas são interpretadas como o registro de um ambiente de plataforma carbonática (AF1) que se encontra em contato discordante com os BIF’s. A Formação Rio Arraias é caracterizada pelos depósitos de turbiditos de planície de talude ricos em lama-areia (AF2), glacial (AF3) e turbiditos de planície de talude ricos em areia (AF4). As idades destas rochas foram inferidas a partir do levantamento bibliográfico. Idades meso-arqueanas (2.952,3 ± 7,3 Ma e 2.994,0 ± 5,8 Ma) dos BIF´s foram determinadas com base em dados U-Pb (SHRIMP) de zircões detríticos. Não há idades disponíveis para os carbonatos da Formação São Martim. As idades obtidas para as rochas siliciclástica da Formação Rio Arraias estão baseadas na metodologia Pb/Pb em pirita clástica (716 a 670 Ma), piritas diagenéticas (668– 616 Ma) e pirita em veios (438 Ma – 394 Ma). Assim como idades Sm/Nd de proveniência sedimentar entre 1660 Ma, 1710 Ma e 1720 Ma em clastos de diamictitos da Formação Rio Arraias. Adicionalmente, foram datadas rochas piroclásticas riolíticas (idades U-Pb) de 634±21 e 624±11 Ma sobrepostas diretamente aos depósitos glaciais da Formação Rio Arraias. Conforme estas idades geocronológicas são inferidas neste trabalho uma idade criogeniana para a sequência sedimentar carbonática-siliciclástica. O primeiro evento de sedimentação após a formação das BIF’s foi à deposição de sedimentos carbonáticos que compõem a AF1, o contato entre estas duas associações é abrupto e caracterizado pela presença de uma fina camada de folhelho negro. A AF1 é constituída na porção basal por mudstone pseudonodular a pseudolaminar, as quais apresentam estruturas geradas por compactação química como dissolution seams e estilólitos, além de finos níveis de tufo vulcânico, na porção superior se encontram as fácies de brecha carbonática e siltito com laminação ondulada. O segundo evento de deposição foi possivelmente marcado pela subsidência da bacia gerada pelo fechamento pós-colisional dos crátons Amazônico com São Francisco/Congo, onde se depositou a AF2 que é composta por arenitos maciços e com laminação plano-paralela, truncada por onda e deformada, ritmitos com laminação plano-paralela e truncada por onda, pelitos maciços e com laminação plano-paralela. O terceiro evento de sedimentação ocorreu no máximo avanço glacial e subsequente rebaixamento do nível do mar, com a deposição dos materiais correspondentes à AF3. Esta associação está constituída por diamictitos foliados e maciços associados à deposição de sedimentos a partir de geleiras que avançam nos corpos de água. A transição entre a AF2 e AF3, apresenta camadas com deformações possivelmente produzidas por glaciotectônica. O quarto evento de sedimentação está marcado por um rápido degelo acompanhado de um aumento do nível do mar que aumentou o potencial de preservação dos depósitos subglaciais e possivelmente controlou a deposição dos materiais da AF4. Esta associação é composta por arenitos maciços e com laminação plano-paralela, ondulada, truncada por onda e deformada, em menor proporção ritmitos com laminação plano-paralela e truncada por onda e finas camadas de pelitos maciços, além de dois níveis de brecha siliciclástica. Em resumo, é proposta uma nova definição litoestratigráfica neoproterozoica para o Cinturão Araguaia que sugere pela primeira vez que a plataforma, em determinados  períodos,  esteve  submetida  a  processos  glaciais  possivelmente  dentro  do contexto de Snowball Earth, precisamente a glaciação Marinoana.

  • CHRISTIENE RAFAELA LUCAS DE MATOS
  • ACÚMULO E EXPORTAÇÃO DE CARBONO, NITROGÊNIO, FÓSFORO E METAIS EM CANAIS DE MARÉ DOS MANGUE- ZAIS DE MARAPANIM, COSTA NORTE BRASILEIRA

  • Data: Dec 18, 2020
  • Show resume
  • Neste estudo foi avaliado o potencial dos sedimentos de canais de maré de manguezais em acumular e exportar carbono, nutrientes (N e P), e metais (Fe e Mn), além de avaliar como a sazonalidade regional, chuva-estiagem, influenciam nos parâmetros físico-químicos, nos pro- cessos diagenéticos e nos fluxos de nutrientes e metais na interface água-sedimento (IAS). O estudo foi realizado no sistema estuarino do rio Marapanim (norte do Brasil), o qual é influen- ciado por extensas áreas de manguezais bem desenvolvidos, parte da maior floresta de mangue- zal contínua e mais bem preservada do mundo, situado aproximadamente a 200 km a oeste da foz do rio Amazonas. Os resultados desse trabalho estão apresentados em dois artigos. O pri- meiro trata sobre o potencial de estoques e acumulação de carbono orgânico total (COT), nitro- gênio total (NT) e fosforo total (PT), além de investigar as potenciais fontes de matéria orgânica (MO) nos sedimentos de canais de maré dos manguezais de Marapanim. O segundo avaliou a influência da sazonalidade nas condições físico-químicas, nos processos diagenéticos e nos flu- xos de nutrientes e metais ao longo da IAS dos canais de maré estudados. Durante a estação chuvosa, os valores de salinidade intersticial diminuíram como consequência do aumento da precipitação e da vazão do rio Marapanim, com uma zona de mistura-diluição intensa nos pri- meiros 15 cm de profundidade. O zoneamento redox dos sedimentos oscilou em resposta aos padrões de chuva, com as maiores concentrações de Fe2+ e Mn2+ em camadas mais profundas de sedimentos durante a estação seca. Em condições subóxicas, os sedimentos dos canais de maré atuam como uma fonte de Fe2+, Mn2+, NH +e PO 3-para a coluna de água e esses fluxos foram impulsionados pela chuva. Os resultados indicaram que os sedimentos dos canais de maré dos manguezais de Marapanim são bastante eficazes na retenção de carbono, nutrientes e ferro na fase sólida do sedimento do que na exportação para as águas costeiras, enquanto con- tribuem significativamente para o ciclo oceânico de Mn. O potencial desses canais de marés para esses elementos está diretamente relacionado à granulometria, às fontes e susceptibilidade de degradação da MO. A variabilidade temporal na formação da pirita revelou que os mecanis- mos de retenção da fase sólida também são suscetíveis a efeitos sazonais, com menores con- centrações de enxofre redutível ao cromo (CRS, principalmente fração pirita) na estação de estiagem. Portanto, mostramos que essas variabilidades sazonais implicam em mudanças subs- tanciais nas propriedades físico-químicas e nos processos diagenéticos, afetando a liberação de metais e nutrientes na IAS e seus acúmulo no sedimento.
  • FABRÍCIA SILVA DE SOUSA
  • ESTUDO TAXONÔMICO DO GÊNERO CYRIDEIS, FORMAÇÃO
    PEBAS, REGIÃO DE IQUITOS, PERU

  • Data: Dec 16, 2020
  • Show resume
  • O Gênero Cyprideis pertencente à Família Cytherideidae é reconhecido pela sua plasticidade ecofenotípica, influenciada por diversos parâmetros físico-químicos (e.g. salinidade, temperatura, hidroquímica, teor de oxigênio dissolvido e nível de energia) que influenciam consideravelmente em suas características morfológicas. Além disto, as várias radiações adaptativas do gênero são registradas principalmente em sistemas lacustres antigos, por exemplo, no lago Tanganyika, lago Pannon, PaleoMediterraneo, Caribe e ―lago Pebas" na Amazônia Ocidental. Pesquisas a respeito da ostracofauna do Neógeno da Amazônia Ocidental foram focadas principalmente em estudos taxonômicos que contribuíram para o reconhecimento de uma grande variedade de táxons, mas pricipalmente do Gênero Cyprideis. Entretanto a elevada variabilidade intraespecífica do gênero dificulta o reconhecimento e individualização de algumas espécies, uma vez que as caraterísticas morfológicas entre algumas espécies do gênero são muito similares, o que dificulta o reconhecimento do número real de espécies fósseis que ocorrem na Amazônia Ocidental. Deste modo, o presente trabalho visa o estudo taxonômico do Gênero Cyprideis da Formação Pebas, região de Iquitos (Peru), inserida entre a borda oeste da bacia de Marañon e o arco de Iquitos. As amostras analisadas são provenientes de nove afloramentos localizados as margens do rio Amazonas e rio Napo, o que proporcionou no reconhecimento taxonômico de oito gêneros (Cyprideis, Cypria, Penthesilenula, Heterocypris, Macrocypris, Pelocypris, Perissocytheridea e Skopaeocythere) e 22 espécies de ostracodes. Dentre os gêneros identificados Cyprideis corresponde a 92,5% da ostracofauna, com 15 espécies identificadas, sendo três espécies novas. Dentre estas têm-se o primeiro registro de Cyprideis anterospinosa, Cyprideis marginuspinosa, Cyprideis retrobispinosa e Cyprideis krsticae para a Formação Pebas, antes registradas somente na Formação Solimões. Adcionalmente as associações identificadas permitiu inferir um ambiente predominantemente lacustre, cujas taxas de salinidade, provavelmente, foram influenciadas pelas variações sazonais, sem evidências de influência marinha; além de inferir o intervalo de idade entre o Mesomioceno e Neomioceno.

  • ADRIANA OLIVEIRA BORDALO
  • INVESTIGAÇÃO DA APLICABILIDADE DA COMPOSIÇÃO ISOTÓPICA DE OXIGÊNIO, HIDROGÊNIO E ESTRÔNCIO NA AUTENTICAÇÃO DE ÁGUAS NATURAIS ENGARRAFADAS E/OU COMERCIALIZADAS NO ESTADO DO PARÁ- BRASIL

  • Data: Dec 15, 2020
  • Show resume
  • Águas envasadas obtidas diretamente de fontes naturais ou por extração de águas subterrâneas, em tese, são consideradas como águas de boa qualidade, naturalmente puras, captadas em ambientes isentos de poluição ou contaminação, portanto, consideradas um alimento seguro. Porém, além da vulnerabilidade a que os aquíferos podem estar sujeitos, o produto final pode ser manipulado ou até mesmo fraudado, quando consideramos o mercado cada vez mais competitivo e em expansão de águas envasadas. Diante disso, é recomendável que os fabricantes desse segmento procurem estratégias que destaquem, diferenciem ou que adicionem qualidades de águas envasadas. A garantia da procedência de sua fonte, determinada por métodos analíticos, pode assegurar a sua qualidade e agregar informações importantes ao consumidor e ao produtor. Análises isotópicas combinadas com análises químicas têm sido utilizadas em pesquisas de diversos produtos alimentícios como ferramentas para identificar e autenticar a origem geográfica, certificar e ainda controlar a qualidade, visando a segurança desses alimentos. Ademais, as análises isotópicas podem ser empregadas como excelentes traçadores auxiliando na ciência forense. As composições isotópicas de hidrogênio, oxigênio e estrôncio de águas engarrafadas refletem, em média, a composição isotópica da água da nascente indicando que preservam informações sobre a fonte de água da qual foram envasadas. Neste contexto, este trabalho propôs investigar a aplicabilidade da composição isotópica de estrôncio, oxigênio e hidrogênio como ferramenta para caracterizar, autenticar e certificar águas envasadas. Para isso, amostras de diversas marcas de águas engarrafadas comercializadas no estado do Pará foram obtidas entre os anos 2017 e 2019 nos supermercados da cidade de Belém- PA. Essas águas foram selecionadas observando-se as unidades litoestratigráficas da fonte da água, localizações geográficas, as datas de envase e a validade das mesmas. O trabalho foi realizado em duas vertentes. Na primeira, sete amostras foram adquiridas periodicamente considerando a data de envase correspondentes aos períodos, estiagem e chuvoso, completando dois ciclos das estações. A segunda buscou avaliar eventuais modificações químicas e isotópicas ao longo de um ano. Neste caso, amostras de quatro diferentes marcas foram adquiridas em um mesmo momento e analisadas trimestralmente, a partir da data de envase, incluindo uma amostra de água procedente da Itália (amostra IT). As águas amostradas neste estudo, envasadas no Brasil, em geral, têm mineralização considerada baixa (média de 87,2 mg L-1 de STD). Do ponto de vista hidrogeoquímico, a maioria das águas foi classificada como cloretada ou bicarbonatada. Os valores obtidos nas análises dos constituintes menores e traço foram significativamente inferiores aos limites recomendados pela legislação pertinente. A partir dos valores da razão 87Sr/86Sr e da concentração de estrôncio, foi possível caracterizar três grupos distintos de água. O grupo 1 é formado por águas envasadas no estado do Pará com valores de δ87Sr mais baixos (amostras PV = 4,74‰, PSI = 10,5‰ e PB = 5,87‰), e concentrações do Sr2+ também mais baixas (média de 2,76 μg L-1). Essas águas são provenientes do aquífero Barreiras, constituído por rochas sedimentares do Mioceno. Trata-se de um aquífero raso com influência direta da água da chuva. O grupo 2 se caracteriza por apresentar valores intermediários de δ87Sr e concentrações mais elevadas de íon estrôncio (média de 110,3 μg L-1). Ele é formado por águas envasadas nos estados do Ceará (amostra CH = 13,5‰), São Paulo (amostra SPL = 11,9‰) e Paraná (amostra PRCL = 18,8‰). A primeira (CH) é oriunda do aquífero Barreiras onde as rochas sedimentares da Formação Barreiras estão assentadas sobre o embasamento Cristalino predominantemente paleoproterozóico. Nas outras duas o aquífero está alojado em ortognaisses (SPL) e rochas metassedimentares (PRCL) do Proterozóico. O terceiro grupo é composto pela água envasada no estado da Bahia (amostra BA) cujo aquífero está alojado na Formação São Sebastião do Cretáceo Inferior. Este poço é o mais profundo entre as águas estudadas. Apresenta valores bem mais elevados de δ87Sr (média de 43,12‰) e valores intermediários da concentração Sr2+(média de 12,75 μg L-1). Os valores médios de δD e δ18O para estas águas foram os seguintes: PV (-15,4‰ e -3,26‰), PSI (16,6‰ e -3,42‰), PB (-15,4‰ e -3,23‰), CH (-13,6‰ e -2,95‰) BA (-2,07‰ e -1,79‰), SPL (-41,7‰ e -6,59‰) e PRCL (-32,4‰ e -5,66‰). Os valores de δD e δ18O se agruparam ao longo da reta de água meteórica global, e se apresentaram mais enriquecidos nos isótopos pesados nas regiões norte e nordeste do País. A amplitude de variação dos dados isotópicos bem como os parâmetros analíticos analisados dentro da mesma amostra foi pequena, não evidenciando uma dependência ou influência sazonal. Os dados geoquímicos obtidos foram consistentes com as informações contidas nos rótulos. O estudo referente a vida de prateleira das águas envasadas (amostras PB, SPL, SPCJ e IT) indicou que não há variações significativas na composição química e isotópica dos elementos analisados ao longo dos doze meses. Considerando esta informação, a composição isotópica das águas envasadas deve preservar aquela de suas fontes. Sendo assim, foi possível caracterizar algumas das fontes, individualmente, com os dados isotópicos obtidos. CH (δ87Sr = 13,5‰, δD = -13,6‰ e δ18O = -2,95‰); BA (δ87Sr = 43,1‰, δD = -2,07‰ e δ18O = -1,79‰); SPL (δ87Sr = 11,9‰, δD = -41,7‰ e δ18O = -6,59‰) e PRCL (δ87Sr = 18,8‰, δD = -32,4‰ e δ18O = -5,66‰). Porém, nas águas provenientes de aquíferos mais rasos situados em áreas com alto índice pluviométrico e com intensa recarga (por exemplo as fontes das águas PV, PSI e PB) essa caracterização pode se tornar mais difícil. Os dados isotópicos garantem a impressão digital e asseguram a aplicabilidade como uma ferramenta para autenticar a origem do produto "água engarrafada", porém são mais indicados para aquíferos onde essas águas têm maior e mais duradoura interação com as rochas.

  • ANDERSON MARTINS DE SOUZA BRAZ
  • ELEMENTOS TERRAS RARAS, U, Th E ELEMENTOS POTENCIALMENTE TÓXICOS EM AGROECOSSISTEMAS COM USO DE FERTILIZANTES NO NORDESTE DO PARÁ

  • Data: Nov 30, 2020
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  • A região amazônica é a última fronteira agrícola do Brasil e os aumentos da demanda por alimentos e fontes energéticas renováveis têm intensificado a pressão de uso do solo. O estado do Pará é um dos maiores produtores mundiais de dendê e pimenta do reino, sendo a mesorregião do Nordeste Paraense responsável pela produção anual de 1.634.476 toneladas de dendê, 39.577 toneladas de pimenta do reino e 286.768 toneladas de laranja, o que representa 97, 50 e 2% da produção nacional. Os solos da Amazônia, para expressarem o alto potencial agrícola, demandam altas taxas de aplicação de fertilizantes. Contudo, as matérias primas utilizadas na produção de insumos agrícolas também são fontes de contaminação do solo. Assim, estudos que facilitem o entendimento da dinâmica de elementos terras raras (ETRs) e outros metais/metaloides nos solos da região são relevantes. E, partindo da premissa que a ação antrópica, principalmente através das atividades agrícolas, tem provocado incrementos significativos nos teores destes elementos em solos, objetivou-se avaliar (i) as concentrações de ETRs e outros metais em agroecossistemas amazônicos de citricultura, dendeicultura e pipericultura, com 26, 10 e 5 anos de implantação, respectivamente; (ii) determinar os índices de contaminação como, o fator de enriquecimento e de bioacumulação e; (iii) estabelecer/discutir relações com as propriedades dos solos. Os resultados mostraram: (i) ETRs são extremamente correlacionados ao pH do solo; (ii) o európio (Eu) apresentou o maior fator de bioacumulação dentre os ETRs; (iii) as concentrações de atividade de 238U e 232Th no solo cultivado com pimenta do reino foram superiores à média mundial de 238U (35 Bq kg-1) e 232Th (30 Bq kg-1) conforme estabelecido pelo Comitê Científico das Nações Unidas sobre os Efeitos da Radiação Atômica (UNSCEAR); (iv) fatores de enriquecimento (FE) moderados de Ba, Pb e Zn (2 > FE < 5) e significativos para As e Cu (5 > FE < 20); (v) as seguintes ordens de bioacumulação: dendê - Cu > Zn > Hg > Ni > Ba > Co > As > Cr > Cd ≈ Pb; pimenta do reino - Zn > Hg > Cu > Ba > Ni > Co > Pb >> As > Cr > Cd; laranja - Hg > Ni > Ba > Zn > Co> Cu > As > Pb >> Cr > Cd. Nesse contexto, este é o primeiro estudo avaliando a absorção de ETRs por culturas amazônicas de grande importância para os mercados globais. Uma relevante contribuição para prever o acúmulo de contaminantes em solos resultante de atividades antrópicas, principalmente, em regiões de importância agrícola e de vulnerabilidade ambiental como o bioma Amazônia.

  • JORGE EDUARDO OLIVEIRA DE SOUZA
  • ESTUDO DE UMA OCORRÊNCIA DE ARGILA DO TIPO BALL CLAY NA REGIÃO DE MIRASSELVAS, NE-PARÁ, PARA A APLICAÇÃO NA INDÚSTRIA DE CERÂMICA BRANCA

  • Data: Nov 11, 2020
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  • A caracterização dos depósitos de argilas é de fundamental importância para estabelecer o seu melhor uso industrial. Este trabalho teve como objetivo a caracterização química, mineral e tecnológica de uma argila da região de Mirasselvas, distrito de Capanema, NE-PA. Foram realizadas análises por fluorescência de raios X, difração de raios X, além de teste de limite de plasticidade e liquidez. Posteriormente foram preparados os corpos de prova em matriz metálica de 10cmX5cm, com prensagem a 100KN, secos em estufa a 110°C e submetidos a queima em 950°C e 1200°C. Foram determinadas as propriedades tecnológicas pelos ensaios de retração linear de queima, absorção de água, perda ao fogo e módulo de ruptura e flexão. Os resultados comprovam que o quantitativo de Fe2O3 está abaixo do limite máximo estabelecido para a classificação de uma ball clay (1%) e tem o quartzo, a caulinita e a muscovita como os minerais essenciais. Mesmo tendo 75% do seu total de partículas com granulometria < 0,062 μm, o material não possui plasticidade. Entretanto, apresenta cor de queima branca e resultados de retração, absorção de água e perda ao fogo dentro do intervalo dos resultados das argilas de referência nacional e internacional, demonstrando potencial uso na formulação de massas cerâmicas e até mesmo na fabricação direta de cerâmica branca.

  • PAULO RONNY SOARES RODRIGUES
  • MINERALOGIA E GEOQUÍMICA DO PERFIL LATERITO BAUXÍTICO NA SERRA SUL, PROVÍNCIA MINERAL DE CARAJÁS

  • Data: Nov 3, 2020
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  • A Amazônia detém as maiores reservas de bauxitas do Brasil, localizadas em Trombetas, Juruti, Paragominas e Rondon do Pará. A região de Carajás, com grandes depósitos lateríticos, em especial de ferro, também se desponta com potencialidade para depósitos de bauxita, com destaque para os da Serra Norte. Nas Serras Sul foram identificadas ocorrências de menor porte, as quais foram investigadas neste trabalho. Após levantamento cartográfico, foram realizadas atividades de campo em uma estrada vicinal nas proximidades da Serra Sul, onde em quatro perfis de alteração, foram descritas, fotografadas e coletadas 23 amostras para análise mineralógica (difratometria de raios – X), textural (Microscopia óptica e eletrônica de varredura) e química (Espectrometria de massa e de emissão óptica, com plasma indutivamente acoplado). O perfil laterito bauxítico compreende da base para o topo de: 1) Horizonte Caulínico (HC); 2) Horizonte Argiloso Mosqueado (HAM); 3) Horizonte Bauxita Nodular (HBN); 4) Horizonte Bauxita Argilosa (HBA) e 5) Horizonte Ferruginoso (HF); e finalmente ao topo 6) Horizonte ferruginoso desmantelado (HFD. A composição química é dominada essencialmente por Al2O3, Fe2O3, SiO2 e TiO2, que constituem os principais minerais, caulinita, gibbsita, hematita, goethita e anatásio. Os elementos traços V, Cr, Cu, Ga, As, Zr, Cd, Hf, Bi e Th, cujas concentrações são em geral superiores às da Crosta Superior da Terra, encontram-se mais concentrados nos horizontes ferruginosos, relacionados aos oxi- hidróxidos de Fe (hematita e goethita) e ainda ao zircão. Por outro lado, os elementos Co, Zn, Se, Rb, Sr, (Nb), Ag, (Sn), Cs, Ba e Pb estão em níveis inferiores ao da Crosta Continental Superior da Terra, e suas concentrações são mais baixas nos horizontes ferruginosos, sugerindo afinidade com minerais de argila. Os ETR em níveis inferiores a UCC, se enriquecem em ETRP e apresentam fortes anomalia positiva e negativa de C e positiva de Eu, e sugerem distribuição em zircão, oxi-hidróxidos de Fe e outras fases minerais. Os cálculos de balanço de massa demonstram claramente uma evolução laterítica completa, apenas parcialmente modificada em sua porção superior. A zona bauxítica, no entanto, não apresenta localmente potencial para minério, devido o baixo teor de alumina aproveitável e elevado em sílica reativa. Porém a sua ocorrência abre oportunidade para novas pesquisas tendo em vista o potencial geológico e paleoambiental da Província Mineral de Carajás.

  • GABRIEL NEGREIROS SALOMAO
  • MAPEAMENTO GEOQUÍMICO DA BACIA DO RIO ITACAIÚNAS, PROVÍNCIA MINERAL DE CARAJÁS: ASSINATURA GEOQUÍMICA DOS BLOCOS CRUSTAIS E IMPLICAÇÕES PARA RECURSOS MINERAIS E MEIO AMBIENTE

  • Data: Oct 26, 2020
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  • Levantamentos geoquímicos multielementares (LGM) quando aliados a técnicas avançadas de processamento de dados e análises estatísticas robustas, constituem importantes ferramentas para o entendimento do meio físico. Sua aplicação na exploração mineral é consagrada e, nas últimas décadas, tem mostrado notável relevância para estudos ambientais ligados à gestão ter- ritorial sustentável, particularmente no estabelecimento de concentrações de background geo- químico. A definição de valores de background tem sido amplamente utilizada para contrapor argumentos a legislações e regulamentos, que estabelecem limites de concentração para ele- mentos potencialmente tóxicos no meio ambiente, muitas vezes sem levar em conta a comple- xidade e heterogeneidade espaço-temporal de cada região. No Brasil, grande parte dos LGM foram, e continuam sendo executados pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), em diferentes partes do território nacional, porém são ainda escassos na região ama- zônica. O presente estudo está associado a um grande projeto de mapeamento geoquímico de- nominado Background Geoquímico da Bacia do Rio Itacaiúnas (BGI) executado pelo Instituto Tecnológico Vale (ITV). A bacia hidrográfica do rio Itacaiúnas (BHRI) é particularmente rele- vante para estudos geoquímicos, pois ela está inserida na maior província mineral do Brasil, a Província Mineral de Carajás, e por não se saber como se dá a distribuição dos elementos nesta região e qual influência os grandes domínios geológicos exercem sobre ela. O objetivo desta pesquisa é investigar a assinatura geoquímica da BHRI e a influência dos seus grandes domínios geológicos na composição química dos sedimentos de corrente. Para atingir tal objetivo, foram construídos mapas geoquímicos, identificadas associações e processos geoquímicos em sedi- mentos de corrente, definidos a distribuição espacial e concentrações de background para os elementos analisados, levando em consideração as compartimentações geoquímicas e/ou geo- lógicas da área de estudo. Buscando alcançar os objetivos mencionados, foram utilizados os dados geoquímicos de sedimentos de corrente do projeto BGI-ITV na totalidade da BHRI ob- tidos no ano de 2017, e de dois projetos da CPRM na porção centro-sul da BHRI com amostra- gem nos anos de 2011-2012. Estes projetos foram concebidos em diferentes escalas e densidade amostral, porém, as técnicas de amostragem e procedimentos analíticos são similares. As cole- tas de amostras de sedimentos de corrente foram realizadas em cursos d’água de sedimentação ativa, nos níveis superficiais de 0 a 10 cm de profundidade, e de preferência no meio do canal. A preparação das amostras incluiu etapas de secagem, desagregação, quarteamento e peneira- mento. Aproximadamente 50 g da fração <0,177 mm foram enviadas um laboratório certificado para análises químicas. Em laboratório, as amostras foram submetidas à digestão com aqua regia sendo, em seguida, analisados 51 elementos (Ag, Al, As, Au, B, Ba, Be, Bi, Ca, Cd, Ce, Co, Cr, Cs, Cu, Fe, Ga, Ge, Hf, Hg, In, K, La, Li, Mg, Mn, Mo, Na, Nb, Ni, P, Pb, Rb, Re, S, Sb, Sc, Se, Sn, Sr, Ta, Te, Th, Ti, Tl, U, V, W, Y, Zn e Zr) via Espectrometria de Emissão Atômica por Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-OES) e Espectrometria de Massa por Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-MS). Os dados geoquímicos foram submetidos à análise estatística descritiva e a alguns testes estatísticos não-paramétricos. Foram gerados vários grá- ficos (boxplots, histogramas, probabilidade e dispersão) para os principais elementos químicos analisados. Utilizou-se técnicas estatísticas multivariadas (p. ex., matrizes de correlação, análise de agrupamento e análise fatorial) para investigar as principais associações multielementares existentes. Para determinação de valores de background geoquímico foram empregados méto- dos modernos amplamente utilizados na literatura especializada. As informações geoespaciais foram processadas e gerenciadas em um ambiente de sistemas de informações geográficas, onde diferentes técnicas cartográficas e de geoprocessamento foram utilizadas para gerar mapas de distribuição geoquímica. De modo geral, constatou-se que, na escala dos levantamentos geo- químicos conduzidos pelo ITV e pela CPRM, não há evidências conclusivas de contaminação relacionada à atividade humana, e sim fortíssimas evidências de uma marcante contribuição geológica na geoquímica dos sedimentos de corrente da BHRI. Utilizou-se metodologia con- sistente e replicável para identificar as principais associações multielementares e para a defini- ção de compartimentos geoquímicos de superfície da BHRI. As associações geoquímicas iden- tificadas são controladas pelos domínios geológicos, por litologias específicas em áreas restritas e/ou por fatores biogeoquímicos atuantes na área de estudo. A delimitação de compartimentos geoquímicos revelou forte similaridade com os domínios geológicos simplificados da bacia. Concentrações de background geoquímico foram determinadas para a totalidade da BHRI e para seus diferentes domínios geológicos. Dentre os métodos sugeridos para a determinação do background, a técnica mediana ± 2*Desvio Absoluto da Mediana mostrou os resultados mais consistentes e realistas. Além disso, considera-se indispensável definir valores de referência com base em compartimentos geoquímicos, ou, até mesmo, na configuração geológica local. Considerar valores de referência uniformes para uma vasta área é inadequado. Os valores de background determinados nesta pesquisa poderão auxiliar estudos de impactos ambientais, por meio do monitoramento de concentrações anômalas de elementos potencialmente tóxicos, que excedam as concentrações de background. Além de seu interesse científico, os resultados aqui apresentados podem ser úteis para auxiliar pesquisas locais de prospecção geoquímica e na formulação de políticas ambientais em território brasileiro.

  • ISABELE BARROS SOUZA
  • EFEITOS HIDROTERMAIS EM ROCHAS CARBONÁTICAS- SILICICLÁSTICAS DA FORMAÇÃO ITAITUBA, PENSILVANIANO DA BACIA DO AMAZONAS, REGIÃO DE URUARÁ (PA)

  • Data: Oct 26, 2020
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  • Rochas carbonáticas e siliciclásticas do período Neocarbonífero são amplamente registradas nas porções oeste e centro-oeste na região de Uruará, Estado do Pará, borda sul da Bacia do Amazonas. Estes depósitos são representados pela Formação Itaituba, da qual foi descrito um testemunho de sondagem de 35m e identificadas cinco microfácies carbonáticas (calcimudstone, dolomudstone, wackestone bioclástico, packstone bioclástico e grainstone bioclástico rico em terrígenos) e oito fácies siliciclásticas (argilito maciço, folhelho negro, siltito com laminação cruzada truncada, siltito com laminação cruzada de baixo ângulo, siltito com laminação plano paralela, arenito com estratificação cruzada truncada, arenito com estratificação plano-paralela e arenito maciço). A partir das análises petrográfica, de catodoluminescência, difração de raios-X, microscopia eletrônica de varredura e espectroscopia de energia dispersiva, foi possível identificar os principais processos diagenéticos e hidrotermais que afetaram estas rochas. Nas rochas carbonáticas foi observado micritização, dissolução, calcitização, compactação mecânica e química e cimentação. Nos arenitos ocorre sobrecrescimento de quartzo, cimentação carbonática e compactação química. Durante o Triássico-Jurássico ocorreu grande evento de vulcanismo na porção central do supercontinente Gondwana Oeste, conhecido como Central Atlantic Magmatic Province (CAMP), com colocação de diques e soleiras de basalto, representada na Bacia do Amazonas pelo Magmatismo Penatecaua. Houve a percolação de fluidos hidrotermais, originados na fase tardia deste magmatismo, que promoveu várias mudanças na mineralogia e texturas destas rochas, entre eles fraturamento hidráulico, formação de porosidade vugular, precipitação de assembleias minerais típicas de hidrotermalismo como - dolomita em sela, calcita, apatita, pirita, calcopirita, galena, esfalerita, óxidos de ferro e titânio, cloritas, talco, granada, saponita e corrensita – nas vênulas e a silicificação da matriz e grãos carbonáticos. Análises de geoquímica orgânica nas amostras de carbonato e folhelho obtiveram valores de carbono orgânico total muito baixos, com maturidade baixa, gerando querogênio tipo IV, sendo originada provavelmente a partir de matéria orgânica oxidada. Assim, o presente trabalho pretende ampliar o estudo das rochas que ocorrem em subsuperfície na região de Uruará, possibilitando a compreensão dos processos deposicionais e diagenéticos na sua formação e sua alteração devido aos processos hidrotermais.

  • SÉRGIO PATRICK DIAS QUEIROZ NUNES
  • A DINÂMICA DOS MANGUEZAIS DURANTE O HOLOCENO TARDIO NA FOZ DO RIO CEARÁ-MIRIM, RIO GRANDE DO NORTE

  • Data: Oct 15, 2020
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  • Este trabalho tem como objetivo debater os impactos das mudanças climáticas nos manguezais subtropicais durante Holoceno tardio, no litoral do estado do Rio Grande do Norte (RN) e discutir as condições ambientais para o estabelecimento, expansão e contração dos manguezais. Com base nas amostras coletadas dos testemunhos (NAT 3 E NAT 5) para estudar grupos palinológicos, dados do espaço óptico (Landsat), fácies sedimentares e de analise multi- proxy (δ13C, δ15N, COT, NT, relação C:N), sincronizados com três idades de datação de 14C. O principal resultado desta pesquisa foi a sucessão de manguezais, dividida em três fases palinológicas que sugerem o desenvolvimento de três associações de fácies: (1) canal maré, (2) planície vegetada - ervas/manguezal e (3) planície herbácea. A primeira fase entre pelo menos~4500 e ~2915 cal anos AP foi colonizado por ervas, palmeiras e árvores e arbustos na margem do estuário e por manguezal, do tipo Laguncularia, seguido por Avicennia e Rhizophora. Plantas terrestres C3 influenciam a matéria orgânica com valores de δ13C entre -29,7‰ e - 26,8‰, δ15N com valores x̅ = 3,8‰ e C:N em torno de 21,2. A segunda fase entre ~2915 e ~660 anos cal AP foi caracterizada pelo estabelecimento da planície de maré mista dominada porvegetação herbácea e pela expansão dos manguezais representados por Rhizophora entre ~2915 cal anos e 2814 ± 29 cal anos AP, com o aumento de plantas C3 e de matéria orgânica dissolvida (COD) em água doce/estuarina (δ13C x̅ = -26,9 e -29,4‰; δ15N x̅ = 3,86 e C:N em torno de 12,3). A terceira fase é marcada por uma retração do manguezal evidenciado pela diminuiçãode Laguncularia, seguido por Avicennia e Rhizophora. A matéria orgânica dissolvida teve maior influência de água doce/estuário e plantas terrestres (C3 plantas) durante os últimos 699± 35 cal anos AP. Perto da superfície (<15 cm) grãos de pólen de Rhizophora foram identificados, indicando o estabelecimento desse gênero nas últimas décadas, sob as condições ambientais modernas (δ13C x̅ = -29 e -28,8‰; δ15N x̅ = 2,55 e C:N em torno de 24,5). Os dados obtidos nas análises isotópicas e elementares indicam matéria orgânica sedimentar de origemterrestre, com presença de plantas de ciclo fotossintético C3, sofrendo uma possível influência aquática estuarina e de água doce. As sequências sedimentares são formadas por depósitos heterolíticos lenticulares nos dois testemunhos. Os dados da análise espaço-temporal indicaram uma expansão da área dos manguezais, portanto essa variação na dinâmica dos manguezais pode estar diretamente ligada às mudanças climáticas e do nível relativo do mar em níveis atuais e durante as últimas três décadas.

  • INGLEDIR SUELY SILVA BARRA
  • ASSINATURA ISOTÓPICA DE Pb EM SEDIMENTOS DA MARGEM LESTE DA BAÍA DO GUAJARÁ (ORLA DE BELÉM) E RIO MAGUARI

  • Data: Oct 5, 2020
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  • Sedimentos estuarinos fornecem um registro de longo prazo do acúmulo de metais traço de fontes ribeirinhas, atmosféricas e antropogênicas. A liberação de metais traços de fontes pontuais é amplamente controlada pelos processos naturais de intemperismo físico e químico das rochas, além de perturbações antropogênicas poderem ocorrer em grande escala. Além das fontes antropogênicas difusas, os metais podem enriquecer os sedimentos estuarinos por meio de tintas anti-incrustantes com teores elevados de metais (Cu, Zn, Pb), que são aplicadas em casco de navios e a muitas estruturas submersas para impedir o crescimento de organismos como bactérias, macroalgas, mexilhões, bivalves e invertebrados. As assinaturas isotópicas de Pb são ferramentas úteis para investigar as fontes e a mobilidade de metais traços em sistemas estuarinos e permitem distinguir entre fontes geogênicas e contribuições antropogênicas. Nos últimos anos, vários estudos isotópicos de Pb com essa finalidade foram conduzidos no sistema hidrográfico de Belém. O objetivo deste trabalho é a aplicação da geoquímica isotópica de Pb em sedimentos de fundo, material particulado em suspensão (MPS) e fragmentos de embarcações com tinta anti-incrustante de vários estaleiros da baía do Guajará e do rio Maguari, na região metropolitana de Belém, PA. Com o intuito de verificar se as tintas utilizadas nos estaleiros podem ser consideradas uma fonte pontual de contaminação por Pb. Foram coletadas amostras de sedimento de fundo em 9 estações ao longo dos setores norte e sul da orla de Belém, na margem direita da baía do Guajará e 3 no rio Maguari nas proximidades dos estaleiros, 6 amostras de material particulado em suspensão e 4 amostras de fragmentos de casco de embarcações. Amostras de sedimentos de fundo da desembocadura do Canal do Una (3 amostras) e do rio Paracui (1 amostra) também foram coletadas. Por fim, uma amostra de sedimento de fundo foi também amostrada na Ilha da Barra, no meio da Baía do Guajará, como referência do background geogênico. Foram realizadas análises químicas do Pb biodisponível nas amostras de sedimentos de fundo por espectrometria de emissão óptica em plasma indutivamente acoplado (ICP-OES) e análises isotópicas de Pb em todas as amostras por espectrometria de massa em plasma indutivamente acoplado com setor magnético e multicoletores (ICP-MS). Nas amostras de sedimentos de fundo dos estaleiros da orla de Belém e do rio Maguari, ocorrem variações importantes de concentrações de Pb da fração biodisponível, desde valor similar ao ponto de referência (11 mg kg-1) até teores de 25 mg kg-1.   Essas variações sugerem processos incipientes de ação antrópica. Ainda assim, os teores estão dentro do patamar das concentrações encontradas até agora e não mostram evidências de uma contribuição significativa de Pb ligada à proximidade dos estaleiros. Os intervalos similares de concentração de Pb biodisponível entre os diversos setores estudados (setores norte e sul da orla de Belém e rio Maguari) mostram que não há nenhum padrão claro de distribuição dos teores do Pb nos setores estudados. Essas concentrações, se mostraram sistematicamente inferiores aos valores de referência TEL (35 mg kg-1) e PEL (91,3 mg kg-1), dessa forma indicando que o Pb não está causando efeitos danosos a biota, nessas áreas do sistema guajarino. No setor norte da orla de Belém e ao longo do rio Maguari, as variações de razões isotópicas 206Pb/207Pb estão dentro do intervalo do ponto de referência da Ilha da Barra e dos valores considerados geogênicos em trabalhos anteriores (1,189 – 1,197). Apenas o ponto identificado como “cemitério de embarcações” apresentou uma menor razão (206Pb/207Pb = 1,183) e pode indicar um aumento de contribuição antropogênica de Pb pela deterioração das embarcações abandonadas e do estaleiro em atividade. No setor sul da orla de Belém, praticamente todos os sedimentos dos estaleiros e da desembocadura do canal do Una apresentaram razões isotópicas 206Pb/207Pb mais baixos (1,163 e 1,178), apontando contribuição antropogênica. Aparentemente essa contribuição antropogênica difusa está relacionada ao canal do Una e também à maior concentração de estaleiros e de outras possíveis fontes de metais. Em complemento, a comparação da composição isotópica de Pb dos sedimentos da desembocadura dos canais de drenagem dos setores norte e sul da orla de Belém sugere a existência de uma relação entre contribuição antropogênica e tamanho das bacias de drenagem, densidade populacional e atividades urbanas. Não foi encontrada nenhuma correlação entre as razões isotópicas 206Pb/207Pb dos sedimentos de fundo e MPS correspondente, entretanto todos os pontos mostraram uma linha de tendência, confirmando a mistura entre as diversas fontes de Pb tanto para os sedimentos quanto para o material em suspensão. As assinaturas isotópicas dos fragmentos de casco+tintas se posicionam na mesma linha de tendência estabelecida entre um polo geogênico e um polo antropogênico (aerossóis), para o sistema hidrográfico de Belém, impossibilitando evidenciar uma fonte antropogênica específica de Pb proveniente dos estaleiros. A comparação dessas assinaturas dos fragmentos com os sedimentos de fundo dos estaleiros indica que essa possível fonte antropogênica entra como apenas um dos componentes subordinados da contribuição antropogênica difusa da baía do Guajará. Por fim, com base nos dados deste estudo e nos trabalhos já desenvolvidos no sistema hidrográfico de Belém, propõe- se estender o intervalo de razão isotópica 206Pb/207Pb do Pb geogênico para 1,189 – 1,204 para o sistema hidrográfico de Belém como um todo.

  • NEUZA ARAUJO FONTES FREIRE
  • EVOLUÇÃO DOS MANGUEZAIS NOS LITORAIS NORDESTE E SUL BRASILEIROS DURANTE O HOLOCENO

  • Data: Sep 30, 2020
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  • A dinâmica dos manguezais durante o Holoceno pode ter sido em grande parte controlada pelas mudanças climáticas e flutuações do nível do mar (forças alogênicas). Entretanto, forças autogênicas podem ter significativamente afetado tais florestas. Distinguir a influência alogênica da autogênica nos manguezais é desafiador, pois os mecanismos relacionados à dinâmica natural dos ambientes sedimentatares (processos autogênicos) tem grande influência no estabelecimento e degradação dos manguezais. Então, impactos causados por processos autogênicos podem ser erroneamente atribuídos aos mecanismos alogênicos. Portanto, é fundamental identificar a chamada “impressão digital” das mudanças globais na dinâmica atual dos manguezais. Essa tese integra dados palinológicos, geoquímicos (δ15N, δ13C e C/N), sedimentológicos e datações por 14C da matéria orgânica sedimentar, juntamente com dados geomorfológicos e de vegetação no intuito de avaliar o grau de influência dos processos autogênicos e alogênicos na dinâmica dos manguezais brasileiros durante o Holoceno. Para tal, foram escolhidos estuários tropicais do Rio Grande do Norte e sul da Bahia, e subtropicais, norte e sul de Santa Catarina com diferentes características climáticas, geomorfológicas e oceanográficas. Na porção oriental do Rio Grande do Norte, próximo a cidade de Natal, o NRM atingiu valores modernos e estabilizou há ~7.000 anos cal. A.P. permitindo o estabelecimento de manguezais nas bordas do estuário do Rio Ceará-Mirim até os dias atuais. Entretanto, mudanças na distribuição espacial dos manguezais ocorreram desde então devido à dinâmica dos canais na região, portanto sendo controladas por processos autogênicos. Considerando os manguezais do Rio Jucuruçu no sul da Bahia, estes sofreram mudanças na sua distribuição horizontal e vertical em decorrência das interações das mudanças do NRM e descarga fluvial. Portanto, a dinâmica desses manguezais estuarinos durante o Holoceno foi principalmente controlada pelas variações do nível do mar e mudanças na precipitação que afetou a descarga fluvial. Esses mecanismos alogênicos foram os principais condutores da dinâmica desses manguezais. Entretanto, durante os últimos 600 anos na foz do Rio Jucuruçu, fatores intrínsecos ao sistema deposicional ganharam relevância controlando o estabelecimento e migração dos manguezais através da formação e erosão de planícies de maré lamosas, abandono e reativação de canais (processos autogênicos). No caso dos manguezais de Santa Catarina, o aumento do nível do mar até o Holoceno médio foi determinante para o estabelecimento de planícies de maré apropriadas para a ocupação de pântanos. Entretanto, os manguezais não toleraram as baixas temperaturas dessa época na região. Os dados indicam o surgimento de manguezais com Laguncularia por volta de 1.700 anos cal. A.P., seguido por Avicennia, e por último, árvores de Rhizophora, gênero menos tolerante ao frio, em torno de 650 anos cal. A.P. em São Francisco do Sul, norte de Santa Catarina. Os manguezais de Laguna, sul de Santa Catarina, composto por Laguncularia e Avicennia, foram estabelecidos no atual limite austral dos manguezais sul-americanos somente nas últimas décadas. Não foram encontradas evidências da presença de manguezal em Laguna durante o Holoceno. O estabelecimento desses manguezais na região, provavelmente, foi iniciado durante o Antropoceno, como consequência do aumento das temperaturas mínimas de inverno no sul do Brasil. Considerando as mudanças nas taxas de precipitação sobre as bacias de drenagem que alimentam estuários com manguezais, assim como as tendências de aumento do nível do mar e de temperatura até o final do século 21, provavelmente, os manguezais estuarinos tropicais migrarão para setores topograficamente mais elevados no interior dos vales fluviais, onde sua extensão dependerá do volume de descarga fluvial interagindo com o aumento do nível do mar. Os manguezais subtropicais devem expandir para zonas mais temperadas na medida que as temperaturas mínimas de inverno aumentem. Esse processo deve causar um aumento na diversidade de espécies de mangue, como a introdução do gênero Rhizophora no atual limite austral dos manguezais, posicionado em Laguna-SC. Entretanto, no caso de um forte aumento no nível do mar, os relativamente novos manguezais subtropicais também devem migrar para setores topograficamente mais elevados da costa.

  • CLAUDIA MARIA ARRAES COUTINHO
  • ARQUITETURA DEPOSICIONAL E DINÂMICA EVOLUTIVA DE CORDÕES LITORÂNEOS SOB INFLUÊNCIA DE DELTA, ESPÍRITO SANTO (ES), BRASIL

  • Data: Sep 30, 2020
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  • Cordões litorâneos são feições morfológicas recorrentes em regiões costeiras de caráter progradacional. Essas feições são comuns ao longo da planície deltaica do rio Doce (Espírito Santo), porém, não há estudos sobre a gênese e dinâmica evolutiva dos cordões. Uma vez que os estudos enfatizam a discussão do sistema deltaico do rio Doce e, portanto, os cordões são descritos de forma genérica por meio de imagens de satélite e dados sedimentológicos e cronológicos pontuais, os quais não permitem uma investigação lateral contínua da subsuperfície. A aplicação do GPR (Ground Penetrating Radar) em zonas costeiras a fim de investigar a sedimentação Quaternária tem sido amplamente explorada, haja vista a resolução vertical subcentimétrica deste método geofísico eletromagnético. Portanto, no contexto dessa lacuna de conhecimento é que a presente pesquisa está inserida. Neste estudo, a arquitetura estratigráfica do complexo de cordões litorâneos da planície deltaica do rio Doce foi investigada a partir da análise e interpretação de seções GPR, correlacionadas a dados geocronológicos e sedimentológicos inéditos adquiridos no contexto do projeto temático 2011/00995-7 financiado pela Fapesp e disponíveis na literatura. A partir disso, foram detalhados fatores e processos sedimentares relacionados à origem e dinâmica evolutiva do complexo de cordões de acordo com variações do nível relativo do mar (NRM) e mudanças climáticas.

  • RAPHAEL NETO ARAUJO
  • ESTRATIGRAFIA E EVENTOS DA TRANSIÇÃO NEOARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO DA BACIA DE CARAJÁS, SUDESTE DO CRATON AMAZÔNICO

     

  • Data: Sep 18, 2020
  • Show resume
  • A transição Neoarqueano-Paleoproterozoico é marcada por uma série de modificações paleoambientais, paleoclimáticas e tectônicas que resultaram em eventos dramáticos, que impuseram à Terra condições inéditas, algumas de caráter irreversível. Em termos paleoambientais, destaca-se o aumento dramático do oxigênio no sistema hidrosfera-atmosfera, a partir do Great Oxidation Event (GOE) por volta de 2.45 Ga. O aumento do oxigênio foi acompanhado da diminuição de greenhouse gases como CO2 e CH4, que promoveu o aparecimento de diferentes episódios glaciais por volta de ca. 2.45–2.22 Ga, genericamente denominados de Huronian Glacial Event (HGE). Embora diversos trabalhos sustentem a hipótese de que esses episódios glaciais correspondam ao primeiro evento glacial de escala global da história da Terra (Paleoproterozoic snowball Earth), contradições estratigráficas e geocronológicas impõem dúvidas quanto a sua extensão global. Estranhamente, ao passo que esse conjunto de eventos é amplamente reconhecido em diversas áreas cratônicas ao redor do globo, no Cráton Amazônico eles ainda permanecem pouco compreendidos e/ou ainda não reportados. Neste estudo, a investigação estratigráfica, sedimentológica e geocronológica da sucessão vulcano-sedimentar (ca. 5 km de espessura) da Bacia de Carajás localizada no sudeste do Cráton Amazônico, norte do Brasil, permitiu o reconhecimento e sequenciamento de alguns desses eventos registrados nessa bacia. Duas unidades litoestratigráficas estão sendo formalmente propostas para essa bacia: a Formação Serra Sul e a Formação Azul. Intervalos de diamictito glacial do Sideriano–Riaciano (ca. 2.58–2.06 Ga) ocorrem empilhados na Formação Serra Sul, e representam o primeiro registro de depósitos glaciais dessa idade na América do Sul. Em termos paleogeográficos, a ocorrência de depósitos glaciais Paleoproterozoicos nesta parte do globo, expande o alcance dessas glaciações para o Cráton Amazônico pela primeira vez, muito embora, o diamictito Serra Sul possa ser correlato a algumas das glaciações Paleoproterozoicas conhecidas, ou a nenhuma delas. Texturas glaciais bem preservadas como foliação glacial e dropstone features, indicam que a deposição da desses estratos ocorreu em um sistema subglacial costeiro, no qual sedimentos glaciogênicos foram ressedimentados em um sistema de leque submarino e através de processos de ice rafting em águas distais do sistema marinho. O sistema glacial Serra Sul foi desenvolvido imediatamente acima dos estratos pré- glaciais representados pelas unidades de formação ferrífera bandada e rochas vulcânicas do Neoarqueano, que não somente funcionaram como substrato principal, mas também como fonte principal de sedimentos. Adicionalmente, os dados estratigráficos indicam que imediatamente acima do diamictito Serra Sul, depósitos de ritmito da Formação Azul, localmente enriquecidos em  manganês,  foram  depositados  em  um  sistema  marinho  raso  (offshore  e  offshore transition/shoreface), como resultado do aumento do nível do mar durante a fase de deglaciação. Os estratos enriquecidos com manganês foram possivelmente depositados em associação com black shale—que levou a formação de rodocrosita durante a diagênese—nas porções mais profundas da bacia marinha. Evidências petrográficas e mineralógicas, sustentadas por observações de campo, sugerem que o manganês foi remobilizado como óxido através de falhas para zonas de baixa tensão e elevada permo-porosidade dentro de camadas de red beds da Formação Azul, de forma similar ao observado na migração de hidrocarbonetos. Em termos estratigráficos, a Formação Azul encerra os mesmos intervalos anteriormente inseridos no membro inferior da Formação Águas Claras. Essa formação foi redefinida para designar exclusivamente depósitos de arenito, conglomerado e conglomerado jaspilíticos depositados em um sistema tipo fluvial braided, que ocorrem em discordância acima da Formação Azul. Além disso, é sugerido que as formações Azul e Águas Claras representem o registro estratigráfico de uma sequência transgressiva-regressiva (T-R). Dados geocronológicos obtidos a partir da datação U-Pb de zircão detrítico separados das formações Azul e Águas Claras indicam que rochas do Mesoarqueano e Neoarqueano, possivelmente dos domínios Rio Maria e Carajás, foram as principais rochas-fonte de sedimentos. A distribuição das idades 207Pb/206Pb de 76 análises concordantes da Formação Azul indicam uma idade para população mais jovem em ca. 2.27 Ga, interpretada como a idade máxima de deposição dessa unidade. A ocorrência de grãos de zircão do Riaciano e Orosiriano nessa unidade sugere fortemente que o Domínio Bacajá pode ter sido fonte subordinada de sedimentos, e em termos paleogeográficos, sugere uma possível conexão entre esse domínio e o Domínio Carajás nesse período. A análise integrada dos resultados, apoiada em dados geológicos regionais anteriores, permitiu a proposição de um modelo tectono-sedimentar para a evolução da sucessão Paleoproterozoica da Bacia de Carajás. É sugerido que essa bacia provavelmente evoluiu, durante grande parte do Paleoproterozoico como uma bacia foreland, como resultado da colisão entre os domínios Bacajá e Carajás durante o ciclo orogenético Transamazônico por volta de ca. 2.2–2.0 Ga. O movimento convergente desses blocos ocasionou o soerguimento gradual do protocontinente Carajás; o fechamento do mar Azul, e a instalação de um amplo sistema fluvial-aluvial, no qual as formações Águas Claras e Gorotire foram depositadas. Esse cenário de profundas modificações esteve diretamente ligado a configuração do supercontinente Columbia, que promoveu a continentalização e amalgamação das massas de terra que posteriormente formaram o proto-Cráton Amazônico no final do Paleoproterozoico. 

  • MARCELO REIS SANTOS
  • PETROGRAFIA E GEOQUÍMICA DO GRANITO MANDA SAIA, PROVÍNCIA CARAJÁS

  • Data: Sep 8, 2020
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  • O Granito Manda Saia está localizado a sudeste da cidade de Xinguara e é representado por dois stocks semicirculares separados pelo embasamento mesoarqueano do Domínio Rio Maria. Esses corpos seccionam na porção norte, os granitoides mesoarqueanos do tipo TTG e o Granodiorito Rio Maria, e nas suas porções sul, leste e oeste os metabasaltos da sequência greenstone belt do Grupo Babaçu. É formado por rochas de aspecto isotrópico, de coloração rosa acinzentada e de monótona variação textural. São rochas hololeucocráticas de textura heterogranular média a grossa, e por vezes porfiríticas. Seus conteúdos médios de quartzo e das razões plagioclásio/microclina permitem que estas rochas sejam classificadas como monzo- e sienogranitos. A biotita é o principal mineral ferromagnesiano e o anfibólio é raro e intersticial. Os minerais secundários são argilominerais, sericita, muscovita, fluorita e clorita. O Granito Manda Saia é formado por rochas peraluminosas as quais apresentam um intervalo restrito e elevado de SiO2 (74,80 e 77,70 %), altas razões Fe/(Fe+Mg) e enriquecimento de ETR leves e pesados com anomalia negativa de Eu moderada. O plúton pode ser classificado como um granito tipo-A ferroso com certas afinidades com os tipos reduzidos e aqueles mais evoluídos dos granitos oxidados da Província Carajás. A ocorrência de anfibólio intersticial aproxima o Granito Manda Saia dos corpos da Suíte Velho Guilherme, e por outro lado, a ocorrência frequente de magnetita aliado aos aspectos composicionais de suas rochas, também mostra que o Granito Manda Saia (GMS) é a fim das fácies leucograníticas dos granitos oxidados da Suíte Jamon. A colocação do Granito Manda Saia está ligada a uma tectônica extensional e o transporte de magma que resultou na colocação dos plútons em níveis crustais rasos (~1,0 ± 0,5 kbar) é dada através de um sistema de alimentação por diques.

  • RAIZA RENNE LEITAO DOS SANTOS
  • PROVENIÊNCIA SEDIMENTAR DOS DEPÓSITOS CRETACEOS DA FORMAÇÃO ALTER DO CHÃO, BACIA DO AMAZONAS, REGIÃO DE PONTA DO CURUÁ, PRAINHA-PA

  • Data: Aug 3, 2020
  • Show resume
  • Depósitos da Formação Alter do Chão são encontrados ao longo da margem direita do rio Amazonas e estão bem registrados na localidade de Ponta do Curuá, município de Prainha, região oeste do Estado do Pará. Os afloramentos são caracterizados por espessas camadas de arenitos finos a grossos intercalados a siltitos e argilitos, além de conglomerados subordinados. A análise de fácies realizada nestes afloramentos permitiu a individualização de 8 fácies sedimentares, agrupadas em três associações de fácies (AF), configurando um sistema deposicional fluvial meandrante de alta sinuosidade e carga mista. A AF1 compreende as fácies com granulometria ligeiramente mais grossas da sucessão estudada e foi interpretada como o preenchimento do canal fluvial, sendo caracterizada por conglomerados maciços a estratificados, arenitos maciços, arenitos com estratificações cruzadas acanalada e tabular, arenitos com laminações convolutas e com laminações cruzadas cavalgantes. A AF2 foi interpretada como depósitos de preenchimento de canal abandonado, e corresponde a espessos pacotes de argilitos/siltitos laminados que esporadicamente estão associadas a delgadas camadas e lentes de arenitos muito finos formando acamamentos wavy-linsen. Restos de folhas e de troncos, bem preservados estão presentes nesta associação. A AF3 corresponde aos depósitos de inundação, composta por argilitos/siltitos maciços a laminados, arenitos maciços, e arenitos com estratificações cruzadas acanaladas, tabulares e sigmoidais com padrão de empilhamento granodecrescente ascendente. O estudo de minerais pesados nos arenitos desta formação mostrou uma assembleia com predominância de minerais ultra estáveis como zircão, turmalina, rutilo e anatásio, além de minerais menos frequentes como cianita, estaurolita, silimanita, andalusita e granada. Fontes metassedimentares são sugeridas devido a presença de minerais metamórficos ricos em alumínio. Ao passo que, rutilo e turmalina estão presentes tanto em rochas ígneas quanto metamórficas, sendo mais comuns nestas últimas. Minerais bem arredondados sugerem procedência a partir de depósitos sedimentares, da mesma forma que minerais subédricos e euédricos sugerem sedimentos de primeiro ciclo. A alta estabilidade desta assembleia é atestada pela elevada maturidade composicional exibida por estes arenitos, com valores do índice ZTR variando de 69% a 99%. Estes valores elevados indicam que os minerais quimicamente instáveis foram eliminados ao longo do tempo geológico, provavelmente devido a ação de fluidos intraestratais que circulam no espaço poroso durante processos intempéricos e diagenéticos. Todavia, a assembleia mineral analisada é mais compatível a condições de exposição a intenso intemperismo químico. Os efeitos da dissolução intraestratal na área é diretamente proporcional ao aumento do índice ZTR, sendo atestado pela presença de texturas de corrosão na superfície dos minerais que foram analisadas a partir de imagens de MEV. Sendo assim, a assembleia mineralógica refletiria os efeitos do intenso intemperismo químico, sob clima tropical úmido, imposto aos depósitos da Formação Alter do Chão que estaria associado ao evento de lateritização responsável pela gênese de depósitos de bauxita no Paleógeno. Recentemente, as características de luminescência (LC) de grãos de quartzo têm sido utilizadas como indicadores de proveniência, principalmente em rochas afetadas por intemperismo ou ricas em quartzo. Neste trabalho, sinais de luminescência foram adquiridos por catoluminescência policromática visando estabelecer a relação entre os sinais luminescentes e a gênese deste mineral. Os grãos estudados apresentam LC vermelha, azul, violeta e marrom, com diferentes intensidades: os tons em marrom avermelhado, geralmente são atribuídos a rochas metamórficas; a luminescência azul escuro é uma característica observada em quartzo de origem plutônica; grãos com LC intensa como azul, vermelho e violeta de alto brilho, são quartzos vulcânicos. Análises geocronológicas realizadas em zircões detríticos pelo método U- Pb permitiram determinar que as principais fontes para a Formação Alter do Chão exibem idades paleoproterozóicas, subdivididas em dois grupos: (1) 1771 a 1906 Ma; e (2) 1957 a 2037 Ma, além de pequena contribuição arqueana (neo- e meso-arqueano) com idades entre 2529 e 2977 Ma. Os dados do primeiro grupo, 1771 e 1906 Ma, foram correlacionados a idades de proveniência de rochas metassedimentares do Cinturão Araguaia, que ocorrem na borda oriental do Cráton Amazônico. Idades em torno de 1957 e 2037 Ma são condizentes com rochas da Província Maroni-Itacaiúnas, localizada na borda leste da bacia. Sendo possível citar rochas associadas ao magmatismo orogênico tardi a pós-colisional como as Suítes Intrusivas Igarapé Careta (2065 ± 33 Ma), Parintins (2030 ± 3 Ma) e granitoides indiferenciáveis paleoproterozoicos com ocorrência no Bloco Amapá e no Domínio Carecuru, além de rochas relacionadas ao magmatismo pós-orogênico como o Granodiorito Sant’Ana (1986 ± 5 Ma) do Domínio Bacajá. As contribuições arqueanas podem ser associadas a rochas da Província Amazônia Central ou ainda a núcleos arqueanos distribuídos na região.

  • ISABELLA DE FATIMA SANTOS DE MIRANDA
  • ESTRATIGRAFIA E PALEOAMBIENTE DA FORMAÇÃO POTI E RELAÇÕES DE CONTATO COM AS FORMAÇÕES LONGÁ E PIAUÍ, BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAÍBA

  • Data: Jul 27, 2020
  • Show resume
  • Depósitos siliciclásticos mississipianos ocorrem nas regiões leste a sudoeste da Bacia do Parnaíba, com área de afloramento alongada segundo orientação N-S acompanhando o contorno geológico desta bacia. A Formação Poti está inserida em um contexto de início de recuo dos mares interiores, com rebaixamento do nível do mar, que posteriormente durante a deposição da Formação Pedra de Fogo, interrompeu a conexão existente com a Bacia do Amazonas. Esta unidade está inserida ao topo da Sequência Mesodevoniana-Eocarbonífera, Grupo Canindé, sendo composta por arenitos cinzas, siltitos e folhelhos depositados em ambientes de deltas e planície de maré com influência de tempestade. Este trabalho definiu as sequências deposicionais e os paleoambientes da sucessão sedimentar correspondente à Formação Poti, na porção leste da Bacia do Parnaíba. A região de estudo situa-se entre os municípios de Barão do Grajaú (MA) e Nazaré do Piauí (PI), onde nove pontos foram descritos às margens das rodovias BR-230 e BR- 343, em cortes de estradas, exposições próximas a drenagens intermitentes e em barragem próxima a cidade de Nazaré do Piauí. Os métodos empregados consistiram principalmente em análise de fácies, elementos arquiteturais e estratigráfica, além de análise petrográfica e de DRX para melhor classificação e identificação mineral das rochas. Foram individualizadas quinze fácies sedimentares, reunidas em 3 associações de fácies (AF). A associação de fácies AF1 – Fluvial entrelaçado – é composta por lente de folhelho (Fl), camadas de arenitos médios a grossos com estratificação plano paralela (App) a estratificação cruzada planar (Acp) na base, sotoposta por arenitos maciços (Am) e com estratificações cruzadas acanalada (Aca), de baixo ângulo (Aba), planar (Acp), tabular (Atb) e tangencial (Atg), com orientação preferencial para NW, organizados em ciclos granodecrescentes ascendentes. A organização destas fácies individualizaram sete elementos arquiteturais: depósitos de barras de acreção lateral (AL) e frontal (AF), lençóis de areia laminados (LL), formas arenosas (FA) e canais (CHa, CHm, CHp). A AF2 – Frente deltaica – possui as fácies arenito com laminação cruzada (Alc) e com laminação ondulada (Alo), arenitos finos a médios com estratificação cruzada sigmoidal (As) e maciços (Am), compondo ciclos granocrescentes ascendentes, em camadas tabulares e lobadas, com paleocorrentes para NW. A associação de fácies AF3 – Plataforma de maré e onda – ocorre sotoposta aos depósitos AF2, com contato abrupto, composta por pelitos com laminação plano-paralela (Ap), arenitos finos com laminação cruzada cavalgante (Alc) com recobrimento argiloso, ondulada (Alo), bem como arenitos maciços (Am) e com estratificações cruzadas hummocky (Ah), swaley (Aes), sigmoidal (As) e plano paralela (App)Acamamentos heterolíticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da  associação,  com ritmitos de maré e wave generated tidal bundles. Localmente são observadas escape de fluidos, laminações convolutas e ball-and-pillow. As camadas são tabulares, lateralmente contínuas e com geometria de canal no topo desta sucessão. A análise petrográfica permitiu a classificação de quartzo-arenitos para os depósitos de AF1 e subarcósios para os referentes às associações AF2 e AF3. Para as exposições estudadas, foram identificadas 3 sequências estratigráficas, divididas por 4 superficies. A Seq. 1 corresponde ao intervalo com depósitos de tempestitos da Formação Longá representando um TSMA, limitada por limite de sequência tipo 1 (S1) do fluvial da Formação Poti (AF1). A Seq. 2 tem início pelo TSMB, representado por depósitos de fluvial entrelaçado (AF1) e de frente deltaica (AF2), estas separadas por um limite (S2). Após, rochas da unidade de plataforma de maré e onda (AF3) são separadas dos depósitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfície transgressiva (S3), representando um TST e final da Seq. 2 na Formação Poti. A Seq. 2 é separada dos depósitos de fluvial entrelaçado da Formação Piauí acima, por uma superfície de limite de sequência do tipo 1 (S4). A Seq. 3 é representada pelo fluvial entrelaçado do Piauí, sendo um TSMB. O empilhamento estratigráfico e as correlações dos perfis estudados revelaram a existência de uma transgressão na Formação Poti. O estabelecimento dos ambientes flúvio-costeiros com pontos de gelo da Formação Poti, corroboram a regressão inicial da Sequência 2, com posterior derretimento contribuindo para a transgressão que possivelmente deu origem aos depósitos plataformais dominados por onda e maré (AF3). Tal transgressão pode ser interpretada como de curta duração (short term transgression), visto que em escala regional a Formação Poti na Bacia do Parnaíba é regressiva.

  • RAYARA DO SOCORRO SOUZA DA SILVA
  • MINERALOGIA E GEOQUÍMICA DO PERFIL LATERÍTICO DO DEPÓSITO DE FERRO DA SERRA LESTE, CARAJÁS-PA

  • Data: Jul 17, 2020
  • Show resume
  • A Província Carajás hospeda um dos maiores depósitos de ferro de alto teor do mundo, distribuídos nos distritos Serra Norte, Serra Sul e Serra Leste. O processo de mineralização do Fe na região ainda é palco de discussão, parte é em decorrência à complexidade textural típica do minério, o que induz diferentes interpretações quanto ao seu modelo genético. Neste contexto, no intuito de auxiliar na compreensão sobre a sua origem, o presente trabalho buscou avaliar a contribuição do intemperismo laterítico para a formação do depósito de ferro da Serra Leste. Em campo foi descrito um perfil de alteração intempérica e seu substrato, por meio de dois furos de sondagens cedidos pela empresa VALE S.A, seguido de amostragem. Posteriormente cerca de 20 amostras foram descritas, fotografadas e preparadas para análises mineralógicas e químicas. As fases mineralógicas foram identificadas por Difração de Raios - X (DRX) e as imagens micromorfológicas obtidas por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), acompanhadas de análises semi-quantitativas por Espectrometria de Energia Dispersiva (EDS). Os aspectos texturais envolveram também microscopia ótica por luz refletida e transmitida. Análise por espectroscopia Mössbauer foi empregada no intuito de se identificar os estados de oxidação dos íons Fe presente nas amostras, complementando as informações obtidas pelas demais técnicas utilizadas. As análises químicas foram realizadas por Espectrômetro de Emissão Atômica por Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-AES), e Espectrômetro de Massa com Plasma indutivamente acoplado (ICP-MS). O perfil investigado compreende duas sucessões de alteração laterítica, uma derivada de jaspilitos e outra derivada de rochas de composição máfica. O perfil compreende na base jaspilitos e clorititos, seguidos dos horizontes saprolíticos (saprólito grosso e saprólito fino) e crostas ferroaluminosas. A composição química demonstra que as quantidades de SiO2 (chert/quartzo) diminuíram drasticamente durante a formação dos horizontes a partir da base do perfil, com aumento nos de teores Fe2O3 (principalmente hematita) e sua concentração substancial no horizonte saprolítico (zona mineralizada). A partir do topo do saprólito fino há um aumento nos conteúdos de Al2O3, TiO2 e P2O5, relacionados a presença da gibbsita, goethita aluminosa e anatásio, da mesma forma elementos traços (Ga, V, Cr, Ta, Nb, W, Zr, ETR e outros) presentes na estrutura dos minerais neoformados. Os dados obtidos no perfil investigado, portanto, evidenciam uma evolução laterítica, e são similares aos perfis lateríticos maturos da Amazônia.

  • ALINE COSTA DO NASCIMENTO
  • PETROLOGIA MAGNÉTICA E QUÍMICA MINERAL DOS GRANITOIDES MESOARQUEANOS DE OURILÂNDIA DO NORTE (PA) - PROVÍNCIA CARAJÁS

  • Data: Jun 29, 2020
  • Show resume
  • A área de Ourilândia do Norte está situada na porção centro-oeste da Província Carajás, no limite entre os domínios Rio Maria (DRM) e Carajás (DC), onde afloram três principais grupos de granitoides mesoarqueanos (2,92-2,88 Ga), assim distinguidos: (i) leucogranitos e granodiorito alto-Ti associado – compreendem monzogranitos equi- a heterogranular e granodiorito porfirítico enriquecido em titanita. Ambos apresentam biotita como principal fase máfica, ausência de anfibólio, além de xenólitos do embasamento TTG; (ii) sanukitoides – constituídos por granodioritos (equigranular, heterogranular e porfirítico), com tonalito, quartzo monzodiorito e quartzo diorito subordinados. Caracterizam-se pela presença de hornblenda como mineral varietal e inúmeros enclaves máficos; e (iii) trondhjemito - representado como um granitoide porfirítico com finos enclaves máficos. A partir do estudo de suscetibilidade magnética (SM) estes granitoides foram divididos em três populações magnéticas: (i) baixos valores de SM (A; SM varia de 0,05x10-3 a 0,57x10-3 SI) – caracteriza-se pela escassez de fases opacas, onde há predominância de sanukitoides e trondhjemitos; (ii) valores intermediários de SM (B; SM entre 0,59x10-3 a 2,35x10-3 SI) – o conteúdo modal de ilmenita prevalece sobre o de magnetita, e há variáveis proporções de sanukitoides e leucogranitos; e (iii) altos valores de SM (C; SM 2,35x10-3 a 17,0x10-3 SI) – é constituída essencialmente por magnetita, e a ilmenita ocorre subordinada como os tipos texturais em treliça e composta; e os leucogranitos e granodiorito alto-Ti predominam sob os sanukitoides. Os anfibólios foram classificados como magnesio-hornblenda, razão Mg/(Mg+Fe+2) ≥ 0,70, com subordinada ocorrência de ferropargasita e actinolita-hornblenda. No trondhjemito, o anfibólio ocorre como mineral acessório, e é classificado como magnesio-hornblenda e tschermakita. A biotita apresenta razão Fe+2/(Mg + Fe+2) < 0,6 nos leucogranitos e granodiorito alto-Ti, e ≤ 0,4 nos sanukitoides e trondhjemito. O plagioclásio foi classificado como oligoclásio, com menor ocorrência de albita, sem significante variação composicional entre fenocristais e matriz; comumente é encontrado com alteração para sericita. Epídoto e titanita ocorrem sob a forma de quatro tipos texturais, porém foram analisados dois principais tipos texturais, o primeiro associado aos minerais ferromagnesianos e atribuído a origem magmática e o segundo ocorre nos planos de clivagem de biotita, de origem tardi-magmática. Em termos do conteúdo de pistacita no epídoto {Ps = [Fe+3/(Fe+3 + Al)]*100}, valores entre Ps 25 a 36 %, 26 a 36 %, e 22 a 30 %, foram estimados para os leucogranitos, sanukitoides e trondhjemito, respectivamente, além de TiO2 ≤ 0,137 %. Tais valores indicam origem magmática. Estimativas de temperatura baseadas na saturação de zircão (TZr) e apatita (TAp) em rocha total variam de TZr 841-990 °C e TAp 884-979 °C (leucogranitos e granodiorito alto-Ti), TZr 826-972 °C e TAp 864-886 °C (sanukitoides) e TZr 853-977 °C e TAp 909 °C (trondhjemito), interpretadas como próximo ao liquidus. Geotermômetros e barômetros baseados no conteúdo de alumínio no anfibólio indicam temperaturas entre 738-811 °C (sanukitoides) e 779-892 °C (trondhjemitos), com pressão entre 100 a 280 MPa, representando condições de crosta superior. Entretanto, os valores abaixo de 800 °C denotam que recristalização dinâmica pode ter ocorrido a temperaturas próximas a do solidus, conforme a natureza sintectônica destas rochas. Admite-se que as temperaturas e pressões mais baixas estimadas correspondam a condições de abertura do sistema magmático relacionado à deformação. Apesar dos leucogranitos e granodiorito alto-Ti apresentarem relativo enriquecimento de #Fe (rocha total), os mesmos são rochas de afinidade cálcico-alcalina, superpondo-se aos granitos Cordilheiranos com SiO2 > 70 %, de baixo HFSE (high field strength elements), magnetita primária, e elevada SM. Isto é indicativo de que as mesmas foram formadas em condições oxidantes (provavelmente no domínio do tampão ∆NNO+2,8). Os sanukitoides apresentam FeOt/(FeOt + MgO) em rocha total, anfibólio e biotita inferior a 0,7, e moderada a baixa SM, com formação atribuída a condições menos oxidantes (no domínio do tampão ∆NNO+1,0). Admite-se que estas rochas se formaram em tais condições, porém para as variedades de sanukitoides equigranulares e o trondhjemito estimam-se condições próximo a do tampão ΔFMQ+0,5). A baixa SM e baixo conteúdo de magnetita reportada para os sanukitoides equigranulares e trondhjemito também pode ser atribuída à formação precoce do epídoto e processos tardi-magmáticos responsável pela desestabilização de magnetita. Conclui-se que o magma precursor dos sanukitoides era hidratado (H2O > 4-7 %), enquanto H2O < 4-7 % foi admitido para os magmas formadores dos leucogranitos e granodiorito alto-Ti; e trondhjemito, como indicado pela ausência ou escassez de anfibólio e minerais hidratados na paragênese. Tais resultados são comparados aqueles estimados para rochas cálcico-alcalinas da Suíte Rio Maria na Província Carajás e membros oxidados de outros terrenos Arqueanos a Paleoproterozoicos do Cinturão Báltico, orógeno Sarmatiano (Europa Ocidental), granitos tipo-Closepet e granodioritos alto-Mg do plúton Matok (Cinturão Limpopo – África do Sul).

  • AMANDA SUANY MARINHO DA SILVA
  • PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DE ROCHAS VULCANO-PLUTÔNICAS OROSIRIANAS DO SE DO CRÁTON AMAZÔNICO: UM ESTUDO DA FRONTEIRA DOS DOMÍNIOS TAPAJÓS E IRIRI-XINGU

  • Data: Jun 16, 2020
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  • A parte central do Cráton Amazônico é configurada pelos domínios tectônicos Tapajós (DTJ) e Iriri-Xingu (DIX), que registram eventos vulcano-plutônicos do período Orosiriano. O limite entre os dois domínios foi proposto a partir de isótopos de Nd e é marcado pelo predomínio de fontes paleoproterozoicas juvenis ou com pouca participação da crosta arqueana para o DTJ, enquanto as rochas do DIX apresentam fontes crustais arqueanas. Contudo, a delimitação da fronteira entre esses domínios ainda é alvo de discussão devido à falta de dados isotópicos, de mudanças nos litotipos presentes e ausência de estruturas tectônicas que possam delinear esse contato. A área de estudo localiza-se na região limítrofe entre os DTJ e DIX, no município de Trairão, sudoeste do Pará, onde há ocorrência de associ- ações vulcano-plutônicas de idade paleoproterozoica. O objetivo deste trabalho é aprimorar o entendimento do posicionamento tectônico e cronológico dessas rochas magmáticas, bem co- mo melhor definir o limite entre o DTJ e DIX. Foram realizadas análises petrográficas e geo- químicas, e aplicadas as metodologias U-Pb em zircão por espectrometria de massa ICP-MS a laser ablation e Sm-Nd em rocha total por TIMS. Na área de estudo, as sequências vulcânicas são representadas pelas formações Moraes Almeida, Salustiano e Aruri. As unidades plutôni- cas correspondem às suítes Creporizão, Parauari (unidade granodiorítica e granítica) e Malo- quinha. As rochas vulcânicas efusivas e vulcanoclásticas são riolitos, dacitos, andesitos, ig- nimbrito riolíticos e tufos. As rochas plutônicas são granodioritos, quartzomonzonitos, mon- zogranitos e sienogranitos. Os resultados geoquímicos apontaram que as rochas das suítes in- trusivas Creporizão e Parauari (unidades granodiorítica e granítica) apresentam assinatura cál- cio-alcalina de alto-K a shoshonítica, de caráter meta a peraluminoso, com enriquecimento em LILE (K, Rb, Ba e Sr), moderado fracionamento dos ETR pesados e fracas anomalias negati- vas de Eu*. Distintivamente, os granitoides da Suíte Intrusiva Maloquinha e as formações Sa- lustiano e Moraes Almeida apresentam assinatura cálcio-alcalina de alto-K, caráter peralumi- noso a peralcalino. Essas rochas apresentam enriquecimento em HFSE (Zr, Hf e Th), alto con- teúdo de ETR e pronunciadas anomalias negativas de Eu*. Em diagramas de classificação de ambiente tectônico, os granitoides das suítes intrusivas Creporizão e Parauari (unidades graní- tica e granodiorítica), e as formações Salustiano e Aruri evidenciaram afinidades geoquímicas com granitoides cálcio-alcalinos relacionados a arco magmático, enquanto as rochas da Suíte Intrusiva Maloquinha e da Formação Moraes Almeida estão relacionadas a ambiente intrapla- ca. A datação U-Pb em zircão permitiu o reconhecimento das rochas plutônicas e vulcânicas mais antigas, pertencentes respectivamente, à Suíte Intrusiva Creporizão, com idade de crista lização de 1980±6 Ma e à unidade mapeada como Formação Salustiano, com idade de 1975±11 Ma. As rochas da Suíte Intrusiva Maloquinha foram geradas em 1880±9 Ma, tendo como correspondente vulcânico a Formação Moraes Almeida de 1877±14 Ma, coevas com as rochas plutônicas da Suíte Intrusiva Parauari (unidade granodiorítica) com idade de 1876±9 Ma, Suíte Intrusiva Parauari (unidade granítica), de 1867±15 Ma, e as rochas vulcânicas da Formação Aruri, geradas em 1867±7 Ma. As características geoquímicas aliadas aos dados geocronológicos permitiram definir uma evolução geodinâmica envolvendo um contexto rela- cionado a um ambiente de arco magmático de 1,98 Ga, que favoreceu a formação das rochas da Suíte Intrusiva Creporizão e Formação Salustiano, seguido por um ambiente extensional intraplaca (1,88 Ga), marcado pela coexistência das rochas tipos A e I das suítes intrusivas Maloquinha e Parauari (unidades granodiorítica e granítica) e formações Moraes Almeida e Aruri. Idades modelo Nd-TDM (2,31-2,64 Ga), com valores levemente a fortemente negativos de εNd(t) (-1,39 a -7,11), indicam magmas derivados da fusão de fontes crustais do Paleopro- terozoico e Arqueano. Esses resultados permitiram delimitar um traçado NW-SE, que separa as rochas de idades modelo dominantemente paleoproterozoicas (<2,5 Ga) daquelas arquea- nas (>2,5 Ga), pertencentes, respectivamente, aos DTJ e DIX.

  • STELLA BIJOS GUIMARÃES
  • GEOLOGIA E METALOGÊNESE DO DEPÓSITO Au-Ag (Pb- Zn) DO CORINGA, SUDESTE PROVÍNCIA MINERAL TAPAJÓS, PARÁ

  • Data: Jun 16, 2020
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  • A Província Mineral Tapajós (PMT) está localizada na parte centro-sul do Cráton Amazônico e é considerada uma das principais províncias metalogenéticas do Brasil. Uma parte significativa da província compreende rochas vulcânicas e vulcanoclásticas félsicas e granitos, formados predominantemente em dois intervalos, 2,02 a 1,95 Ga e 1,91 a 1,87 Ga, pertencentes a várias unidades estratigráficas e litodêmicas. A partir de dados obtidos em trabalho de campo, petrografia e geofísica aérea de alta resolução nos permitiram produzir um novo mapa na escala de 1: 100.000 para a porção sudeste da PMT, onde localiza-se o depósito de ouro e prata (Cu-Pb-Zn) Coringa. Identificamos duas novas unidades geológicas: (1) as rochas vulcânicas e piroclásticas da Formação Vila Riozinho, anteriormente atribuídas ao Grupo Iriri, incluindo uma fácies aqui definida dessa formação, que compreende um grupo de rochas com o maior conteúdo magnético da região (Formação Vila Riozinho -fácies piroclástica magnética), e (2) o Feldspato Alcalino Granito Serra (FAGS), que é intrusivo na Formação Vila Riozinho (FVR). Essas unidades representam as rochas hospedeiras do depósito Coringa. As rochas da FVR representam um arco magmático cálcio-alcalino de alto K a shoshoníticas. Existem semelhanças nos padrões de LILE e HFSE e nos diagramas multielementares com as rochas graníticas da Suíte Intrusiva Creporizão (SIC). A contemporaneidade entre essas unidades reforça uma possível correlação petrogenética e converge para a hipótese de fontes semelhantes, de provável refusão de rochas de arco. Os dados isotópicos revelaram comportamento semelhante entre VRF, FAGS e a Suíte Intrusiva Maloquinha e apresentam valores negativos de εNd; no entanto, indica rochas derivadas de fontes enriquecidas (rochas da crosta antiga). Portanto, essas unidades tiveram a mesma fonte durante o ajuste tectônico e a evolução crustal da PMT. Desta forma, representa um estágio pós-colisão transcorrente que se seguiu à colisão do Arco Magmático de Cuiú-Cuiú relacionado ao evento vulcano-plutônico Orosiano (2033-2005 Ma). Com base nas informações geocronológicas disponíveis, essas unidades podem ser associadas a um evento vulcano-plutônico que ocorreu no período Orosiriano, a cerca de 1,98 Ga. O depósito de Au- Ag (Cu-Pb-Zn) Coringa ocorre essencialmente em veios que seguem a estruturação regional (NNW-SSE). Hospeda-se nas rochas vulcânicas e piroclásticas das fácies piroclástica magnética da Formação Vila Riozinho (ignimbritos, tufos e brechas) e o Feldspato Alcalino Granito Serra, com predominância das rochas supracrustais. Os processos hidrotermais afetaram   todos   os   litotipos   associados   à   mineralização,   produzindo   alteração   distal (carbonato-clorita-epidoto), alteração intermediária-proximal (sericita-pirita) e alteração proximal (clorita-hematita). Os veios mineralizados são geralmente compostos por quartzo + pirita + calcopirita + galena + esfalerita + electrum + clorita + sericita. Os grãos de ouro ocorrem como inclusões ou preenchendo fraturas na pirita. Os fluidos apresentam baixa salinidade, rico em H2O e pobre em CO2, com evidência de mistura (magmática-meteórica), e a presença de adulária e Mn-calcita são características diagnósticas desse depósito. Todas as características convergem para confirmar um depósito epitermal de intermediária sulfetação como modelo genético para o depósito Coringa.

  • LUIZ FELIPE AQUINO CORRÊA
  • TAXONOMIA DE BRACHIOPODA (FAMÍLIA DISCINIDAE GRAY, 1840) DA FORMAÇÃO MANACAPURU (SILURO- DEVONIANO), BACIA DO AMAZONAS, SUDOESTE DO PARÁ

  • Data: May 29, 2020
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  • Os discinídeos são braquiópodes inarticulados, formados por duas valvas de composição organofosfática, exclusivamente marinhos, que surgiram no Ordoviciano, e atualmente contam com quatro gêneros viventes. Na transição do Siluro-Devoniano ocorreram as grandes transgressões marinha no noroeste de Gondwana, o que colaboraram para que os discinídeos fossem tão abundantes durante o Devoniano na América do Sul. Apesar dessa grande radiação durante o Devoniano, os registros deste grupo são raros e pouco estudados nas bacias do Amazonas e Parnaíba, apenas ocorrências são citadas sem nenhum detalhamento taxonômico em estratos da Formação Manacapuru (Siluro-Devoniano da Bacia do Amazonas), Formação Ererê (Meso-Devoniano da Bacia do Amazonas) e Formação Pimenteiras (Eifeliano- Frasniano da Bacia do Parnaíba). Em contrapartida, na Bacia do Paraná estes são facilmente encontrados nos depósitos devonianos, principalmente nas formações Ponta Grossa e São Domingos, cujos estudos encontram-se bem avançados. Desta forma, este trabalho, visa o estudo taxonômico dos braquiópodes (família Discinidae) da Formação Manacapuru, borda Sul da Bacia do Amazonas, coletados durante o “Programa de Salvamento do Patrimônio Paleontológico” da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no município de Vitória do Xingu- Pará. As amostras analisadas são provenientes de quatro pontos de coletas (C3P1, C9P1, C13P1 e C14P1), que compõem o perfil estratigráfico da área de estudo, formado da base para o topo, por um embasamento cristalino seguido de uma camada de aproximadamente 0,5 metros de arenito maciço de granulometria fina, intercalado por lentes de argila, onde os discinídeos ocorrem somente nas porções de arenito; acima, uma camada de arenito de granulometria fina com uma laminação incipiente com discinídeos dispostos em quase toda a camada; por fim, um pacote de siltito laminado com aproximadamente 2,1 metros, onde os discinídeos estão concentrados na base, sempre associados a Rhynchonelliformeas; no topo da camada ocorrem os lingulídeos de forma isolada. Foram analisadas um total de 272 amostras de Braquiópodes, sendo 205 de Discinidae, 57 Rhynchonelliformea e 10 Lingulídeos. O foco da pesquisa foram os braquiópodes Linguliformeas, pertencentes à família Discinidae. Os estudos taxonômicos realizados nas 205 amostras de discinídeos proporcionaram o reconhecimento três espécies de Orbiculoidea d’Orbigny, 1847, sendo O. baini Sharpe, 1856, (10 espécimes), O. bodenbenderi Clarke, 1913 (5 espécimes) e O. excentrica Lange, 1943 (34 espécimes); além disto, O. sp. 1 (18 espécimes) e O. sp. 2 (19 espécimes) foram preliminarmente identificados como pertencentes ao gênero, sendo mantidos em nomenclatura aberta; outras   99 amostras de Orbiculoidea ficaram com classificação em aberto devido à má preservação das mesmas. Os espécimes referentes ao gênero Gigadiscina Mergl & Massa, 2005 (20 espécimes) também ficaram com nomenclatura em aberto. Apesar do gênero Orbiculoidea já ter sido mencionado na literatura em camadas da Formação Manacapuru, estes são os primeiros registros das espécies O. baini, O. bodenbenderi, O. excentrica e do gênero Gigadiscina para a referida unidade, sendo também as primeiras ocorrências para o Norte do Brasil. O fato da associação de discinídeos estudada no presente trabalho (Gigadiscina? sp., O. baini, O. bodenbenderi, O. excentrica, O. sp. 1 e O. sp. 2) ser mais antiga (Lochkoviano) que os demais registros na América do Sul (e.g. Bacia do Paraná / Praguiano-Givetiano; Sub-bacia Alto das Garças / Givetiano; Bacia de Parecis / Praguiano; Bacia Chacoparanense / Praguiano; Pré-Cordilheira argentina / Praguiano) pode ser explicado por dois principais motivos: os principais blocos continentais (Laurásia e Gondwana) estavam aparentemente próximos o suficiente para permitir que as larvas cosmopolitas de invertebrados (e.g. Orbiculoidea) cruzassem os oceanos mais facilmente, assim, durante o Eodevoniano a Bacia do Amazonas estava mais próxima de Laurásia, o que facilitaria que esses organismos se instalassem primeiramente na referida bacia; o outro fato, é que o nível global do mar eustático aumentou durante o Eodevoniano, levando as grandes transgressões, que alcançaram boa parte de Gondwana, desta forma, proporcionando o surgimento os mares rasos, no noroeste de Gondwana, condição ambiental favorável para a colonização dos braquiópodes inarticulados, os quais são representados pelos discinídeos aqui identificados nos sedimentos marinhos da porção superior da Formação Manacapuru na Bacia do Amazonas. O gênero Orbiculoidea tem como habitat dominante ambientes marinhos costeiros rasos; tal afirmativa é sustentada, dadas devidas proporções, por conta da distribuição de discinídeos atuais em quase sua totalidade ocorrerem em profundidades menores que 30 metros; 92,7% dos registros fossilíferos de Orbiculoidea estão atrelados a condições marinhas rasas. Portanto, a presença de O. baini, O. bodenbenderi, O. excentrica, e Gigadiscina? sp. em estratos da Formação Manacapuru sugerem um ambiente marinho raso, corroborando com o que já é proposto para a porção superior da referida formação.

  • JOAO PAULO NOBRE LOPES
  • DUAS DÉCADAS DE MUDANÇAS DOS MANGUEZAIS DE MESO E MICROMARÉS DO LITORAL BRASILEIRO A PARTIR DE IMAGENS MULTISENSORES

  • Data: May 25, 2020
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  • Os manguezais são ambientes costeiros que se estendem ao longo da faixa tropical e subtropical do globo. Seu monitoramento é dificultado por sua ampla distribuição ao longo do litoral brasileiro. Com o advento de novas tecnologias computacionais apoiadas no sensoriamento remoto (Google Earth Engine – GEE), esta problemática foi parcialmente resolvida. Porém, algumas limitações ainda perduram, por exemplo, a utilização de biblioteca de imagens somente de sensores ópticos, dificultando o mapeamento de florestas de mangue em áreas frequentemente cobertas por nuvens. Este trabalho tem o objetivo de avaliar a classificação e as mudanças nas áreas de mangues das regiões de meso e micromaré da zona costeira do Brasil nas últimas duas décadas através de dados multisensores (dados ópticos e de micro-ondas) a partir da utilização da análise de imagens baseada em objetos geográficos (GEOBIA). Foram utilizadas cenas multitemporais da série Landsat, Alos PalSar, JERS SAR e Modelo Digital de Elevação da missão SRTM. O conjunto de imagens foi processada segundo a abordagem de GEOBIA, que determina a redução de uma imagem em regiões homogêneas (objetos) através do agrupamento de conjuntos de pixels com características similares. Como resultados observou-se que em 1996 e 2016 a área em estudo continha 2625,38 km² e 2898,26 km² de áreas de manguezais, respectivamente. Isso demonstra um aumento líquido de 273 km² de áreas de mangues. A partir da análise da detecção de mudanças constatou-se que houve um acréscimo total de 684,55 km², uma perda total de 411,7 km² e permaneceu inalterada uma área de 2213,70 km² de manguezal. A validação da classificação ocorreu através de análises estatísticas de duas matrizes de confusão (1996 e 2016). A matriz de confusão para o ano de 1996 apresentou índices de exatidão global = 0,92; índice Kappa = 0,84; e índice Tau = 0,84. Para o ano de 2016 apresentaram índices de exatidão Global = 0,93; índice Kappa = 0,85; e índice Tau = 0,85. Já a matriz de confusão para a detecção de mudanças mostrou exatidão global de 78,43%, com desacordo por quantidade de 11,86% e desacordo de alocação de 9,71%. As quantificações de perda de manguezal são de 414 ± 43 km², os ganhos são de 590 ± 48 km² e 2305 ± 60,3 km² permaneceram inalteradas. Esses resultados demonstram a eficácia da utilização da classificação orientada a objetos para o mapeamento e análise da dinâmica dos manguezais em escala regional. Os produtos obtidos nesta pesquisa podem servir de base para trabalhos futuros acerca da dinâmica dos manguezais, contribuindo assim para o melhoramento da gestão e preservação desse importante ecossistema.

  • IVAN ALFREDO ROMERO BARRERA
  • PALEOAMBIENTE DO GRUPO SERRA GRANDE, BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAÍBA, LOCALIDADE DE IPUEIRAS, ESTADO DO CEARÁ

  • Data: Apr 25, 2020
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  • A transição entre os períodos Ordoviciano e Siluriano na porção oeste do supercontinente Gondwana foi marcada por um longo período glacial, que teve seu máximo no Hirnantiano (~445 Ma). Este evento ocorreu durante um longo período climático de greenhouse, no qual o conteúdo de CO2 na atmosfera era cinco vezes maior que o atual. A migração do supercontinente Gondwana em direção ao Polo Sul foi concomitante com fatores astronômicos tais como mudanças da rotação da terra e diminuição da radiação solar que favoreceu o crescimento dos lençóis de gelo. O final da glaciação foi marcado pelo maior aumento do nível eustático do mar registrado na história da terra, gerando expressivas transgressões marinhas, que iniciaram no Llandovery (~443 Ma) e finalizaram no Ludlow (~423 Ma). Um dos melhores registros destes eventos dentro do contexto de Gondwana Oeste é o Grupo Serra Grande que representa uma sucessão siliciclástica ordoviciana-devoniana presente na Bacia do Parnaíba, nordeste do Brasil. Esta sequência aflorante na borda leste da bacia é dividida em três formações: Ipu, Tianguá e Jaicós. A maioria dos trabalhos prévios sobre este Grupo tem caráter estritamente regional e litoestratigráfico o que não tem permitido determinar os ambientes e sistemas deposicionais calcados em um arcabouço estratigráfico preciso. Este trabalho apresenta novas interpretações dos sistemas deposicionais presentes no registro do Grupo Serra Grande, baseados em análises sedimentológicas e estratigráficas de afloramentos da região de Ipueiras, Estado do Ceará, nordeste do Brasil. A descrição faciologica detalhada desta sucessão siliciclástica teve como objetivo principal propor um modelo deposicional e evolutivo para estes depósitos. Foram definidas sete associações de fácies (AF) representativas de depósitos gerados em sistemas fluviais, glaciais e costeiros. Depósitos de planície fluvial sheet braided (AF1), consistem em arenitos grossos e conglomerados com estratificação cruzada tabular e acanalada. Depósitos glaciais (AF2 e AF3) que correspondem a conglomerado maciço, arenito grosso com estratificação cruzada e diamictitos maciços. Diamictito estratificado com clastos caídos foram depositados em ambiente glacio-marinho (AF4). Folhelhos laminados são interpretados como depositados em ambientes marinhos distais (offshore) (AF5) depositados durante estágios pós-glaciais. Depósitos deltaicos (AF6) são constituídos por siltito laminado e arenito com estratificação cruzada sigmoidal com ocorrências do icnogênero Arthrophycus. Esta sucessão flúvio-glacial- deltaica é sobreposta erosivamente por arenitos com estratificação cruzada acanalada, depositados dentro de uma planície fluvial channeled braided (AF7). Esta proposta confirma parcialmente  interpretações  paleoambientais  previas,  descartando  a  presença  depósitos gerados em leques aluviais e outwash plains. A interpretação das sequências estratigráficas presentes no Grupo Serra Grande foi refinada usando principalmente a interpretação coerente de superfícies chave e correlacionando os tratos de sistema com a curva global do nível do mar, fornecendo um modelo evolutivo sequencial de terceira ordem mais robusto que inclui três sequências deposicionais. O desenvolvimento de um amplo sistema fluvial (AF1, Formação Ipu) diretamente sobre o embasamento cristalino da bacia, com espessuras de centenas de metros sugere um rio perene provavelmente suprido por regiões montanhosas ao Oeste do Gondwana. Estes depósitos de idade Ordoviciano Médio foram gerados dentro de condições de mar baixo pertencentes à sequência 1, e são truncados por uma expressiva inconformidade que possivelmente removeu os estratos gerados em condições transgressivas e de mar alto. Essa inconformidade produzida pela dinâmica glacial retirou aproximadamente 25 Ma do registro sedimentar da bacia. A segunda sequência iniciou com o avanço das geleiras no Siluriano inferior, a partir da instalação de um ice-contact fan (AF2 e AF3, Formação Ipu), em condições de mar baixo. Durante o recuo das geleiras grandes quantidades de agua e detritos foram liberados permitindo a deposição de diamictitos estratificados com presença de clastos caídos (AF4, Formação Ipu). A fase de desgelo culminou no aumento do nível do mar e posterior deposição de folhelhos negros da AF5 (Formação Tianguá), durante o Siluriano médio a tardio. A fase de mar alto no Siluriano tardio é marcada instalação de um sistema deltaico (AF6, Formação Tianguá). No Devoniano inferior uma nova expressiva etapa de descida do nível do mar produziu uma discordância na plataforma concomitante com a progradação de sistemas fluviais entrelaçados (AF7, Formação Jaicós), em condições de mar baixo pertencentes à sequência 3. A reconstituição paleoambiental e paleoclimática do Grupo Serra Grande forneceu elementos sedimentológicos e estratigráficos importantes para o entendimento das fases transgressivas e regressivas pré e pós-glaciais, além de auxiliar na reconstrução paleogeografica dos lençóis de gelo do Gondwana Oeste durante os períodos Ordoviciano e Siluriano.

  • ANDREIA OLIVEIRA RODRIGUES
  • DIFERENCIAÇÃO CATIÔNICA DE BENTONITAS POR INFRAVERMELHO: UM ESTUDO DOS EFEITOS DA HIDRATAÇÃO DOS CÁTIONS TROCÁVEIS

  • Data: Apr 13, 2020
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  • Na indústria de bentonita, o procedimento mais usual no controle de qualidade do minério e do processo de ativação sódica é o método de inchamento. Porém, esta ferramenta restringe-se apenas à diferenciação do tipo sódica e não-sódica, não contemplando as demais variedades catiônicas. A análise de composição dos cátions trocáveis requer procedimentos laboriosos, com trocas catiônicas diárias (entre 3 a 6 dias) e análises químicas Via Úmida, o que seria inviável para este tipo de indústria. Apesar disso, o conhecimento do tipo catiônico é de suma importância, pois ajudaria na implementação de uma rota tecnológica de melhor qualidade e rendimento da ativação sódica. Nesse contexto, este trabalho buscou estabelecer parâmetros de diferenciação catiônica de bentonitas com base na espectroscopia de infravermelho próximo e médio para a investigação da hidratação dos cátions trocáveis. Empregaram-se também distribuição de tamanho de partícula (DTP) e isotermas de adsorção-dessorção N2. Foram estudadas onze esmectitas, incluindo uma Mg-montmorillonita e duas do repositório da Clay Minerals Society: SWy-2 (Na-montmorilonita) e SAz-1 (Ca-montmorilonita). A fração argila obtida pela separação granulométrica foi caracterizada por FRX, DRX, CTC e PCZ. Tratamento térmico prévio por secagem a 105 ºC por 24 h e desidratação a 400 ºC por 2h.   Os cátions trocáveis e a hidratação influenciaram as bandas de absorção das moléculas de água na região espectral de infravermelho próximo e médio mostrando que estas são fortemente influenciadas pelo tamanho e carga dos íons (monovalentes e divalentes). Foi observada a diferenciação catiônica pela intensidade destas bandas. Absorções próximas a 3620 cm-1 foram atribuídas à água ligada diretamente aos cátions, no entanto, a diferenciação só foi possível nas amostras secas a 105 ºC, pois nesta temperatura ainda permanecem hidratados. A redução na intensidade desta banda deve-se a diminuição do teor de água, devido a desidratação da intercamada após aquecimento a 400 ºC, o que não favorece a diferenciação. As absorções próximas de 3430 cm-1 foram atribuídas as moléculas de água adsorvida, assim como a banda complexa em 7072 cm-1, obtendo-se um espectro, em ordem descrescente, Ca, Mg e Na. A espectroscopia DRIFT na região próximo foi considerada uma técnica simples, rápida e de baixo custo de análise que permitiu distinguir diferentes tipos de bentonitas.

  • DAVID ENRIQUE VEGA PORRAS
  • QUANTIFICAÇÃO MINERALÓGICA DE BENTONITAS VIA DRX USANDO UM MÉTODO COMBINADO RIETVELD-LE BAIL-PADRÃO INTERNO

  • Data: Apr 9, 2020
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  • Tradicionalmente, na indústria da bentonita o principal parâmetro de qualidade do minério é o inchamento, denominando-se naturalmente sódicas as que incham e naturalmente não sódicas as que não incham. No entanto, suas propriedades podem variar significativamente por conta das proporções mineralógicas, teor e tipo catiônico de montmorillonita. O que nem sempre pode ser previsto, pois não se tem um método de quantificação mineralógica consolidado e prático. A opção de quantificar via difratometria de raios X-método do pó pelo método convencional de Rietveld só é confiável quando todas as estruturas cristalinas das fases minerais são conhecidas. Este não é o caso das bentonitas, uma vez que a desordem turbostrática da montmorillonita não é considerada nos modelos estruturais disponíveis, tornando a análise quantitativa um grande desafio. Assim, neste trabalho, aplicando o método combinado Rietveld-Le Bail-Padrão Interno (desenvolvido por Paz et al. 2018), foi gerado um modelo hkl calibrado para a denominada Mg-montmorillonita Formosa. A montmorillonita foi obtida pela separação da fração argila (< 2 µm) da bentonita Formosa via centrifugação segundo a lei de Stokes. O material foi caracterizado por DRX, FRX, EIV, MEV, EM e DTP, encontrando-se uma baixa concentração de outras fases minerais (impurezas). Segundo os resultados de FRX e EM, trata-se de uma montmorillonita beidellítica com mais do 50 % da carga localizada na folha octaédrica. Resultados quantitativos usando o modelo hkl calibrado para a Mg- montmorillonita foram satisfatórios para misturas binárias montmorillonita-fluorita com concentrações de montmorillonita > 50% (índices estatísticos χ2 e RBragg < 5). O método foi reprodutível para 3 replicatas da mistura binária montmorillonita-fluorita (80-20%). A baixa variância e reprodutibilidade dos resultados, indica que o modelo hkl calibrado pode ser utilizado satisfatoriamente para a quantificação mineralógica de bentonitas (conteúdo de 60- 80% de montmorillonita). A rapidez, praticidade e eficiência do método combinado o torna uma boa opção a ser utilizada na indústria, permitindo lidar com fases que dispõe de informações cristalográficas parciais e/ou efeitos difratométricos severos de desordem estrutural, tal como a turbostrática, típica de argilominerais.

  • JUAN SEBASTIAN GOMEZ NEITA
  • EVOLUÇÃO DA COSTA NORDESTE DO BRASIL NA REGIÃO DE PARNAÍBA DURANTE O PLEISTOCENO

    SUPERIOR E HOLOCENO

  • Data: Apr 9, 2020
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  • Estudos prévios na região de Parnaíba estiveram focados no lineamento Pirapemas, na estabilização de um campo de dunas, na evolução do Delta do Parnaíba e em mudanças da linha de costa. No entanto, estudos adicionais ainda são necessários para desenvolver um modelo evolutivo no Pleistoceno Superior e Holoceno. A área de estudo está localizada na Bacia do Ceará, os depósitos quaternários estão sobrepostos a rochas do embasamento. Esses depósitos correspondem a areias eólicas, depósitos fluviais e depósitos de maré. Este estudo tem como objetivo propor um modelo evolutivo, com base nas seguintes técnicas: a) descrição de fácies; b) datação por luminescência oticamente estimulada (LOE); e c) sensoriamento remoto. Amostras foram coletadas para LOE, análise granulométrica e textural, catodoluminescência de quartzo (CL) e minerais pesados. Os depósitos quaternários mais antigos estão relacionados a campos de dunas cortados por rios entrelaçados. O cenário atual apresenta uma nova fase de formação de dunas com direção do vento NE-SW, as áreas interdunas são desenvolvidas próximas ao lençol freático, enquanto os manguezais estão presentes no Noroeste. O Rio Parnaíba é uma das feições mais importantes devido ao suprimento de sedimentos. Foram descritas 17 fácies, organizadas em 9 associações de fácies auxiliadas pelas unidades morfoestratigráficas. A AF1- rios entrelaçados é caracterizada por material grosso com alto conteúdo de clastos de quartzo e cimentação por ferro; AF2 - campo de dunas - ocupa a área sul e está associada às formas estabilizadas pela vegetação e aos depósitos eólicos atuais no Norte. A AF3 - área de deflação interduna - está associada à AF2, formada em áreas de depressão e com subsequente crescimento da vegetação. AF4 - canais de maré, AF5 - manguezais e AF6 - planície de maré, estão nos principais canais de maré com direção preferencial NW-SE. AF7 - shoreline - corresponde aos depósitos relacionados à ação das ondas. O rio meandrante AF8 está cortando todos os depósitos e é caracterizado por uma grande planície de inundação, o lacustre AF9 está associado a depósitos de sedimentos finos formados em canais represados. As amostras coletadas contêm quartzo com alta sensibilidade à luminescência. A taxa de dose varia de 0,585 ± 0,06 a 1,55 ± 0,07 Gy / ka. As idades obtidas variam de 2,1 ± 0,41 a 86,1 ± 6,4 ka e representam a evolução de um sistema eólico. Os sedimentos apresentaram formas subangulosas a subarredondadas com esfericidade média; a catodoluminescência do quartzo indicou uma fonte associada com rochas metamórficas e ígneas intrusivas o que é concordante com a assembleia de minerais pesados onde predominam os minerais ZTR e a cianita. Foi feito um modelo evolutivo para os últimos 86 ka, começando com a coalescência de processos fluviais e eólicos (>86 ka), represamento dos principais canais pela sedimentação eólica (86-20 ka), a estabilização das dunas por mudanças climáticas associadas à migração da Zona de Convergência Intertropical (20 a 10 ka), e a implementação de extensas áreas de manguezais desde os 10 ka até o presente. Essa configuração revela um modelo completo para o desenvolvimento de dunas transgressivas.

  • ROSE CALDAS DE SOUZA MEIRA
  • OTIMIZAÇÃO DA SÍNTESE DE ESTRUVITA E SEUS ANÁLOGOS VISANDO A RECUPERAÇÃO DE FÓSFORO,

    MAGNÉSIO, NITROGÊNIO E POTÁSSIO DE ÁGUAS RESIDUAIS

  • Data: Mar 13, 2020
  • Show resume
  • Águas residuais domésticas e industriais, brutas ou minimamente tratadas, são ricas em macro nutrientes que podem causar eutrofização se forem lançadas sem tratamento no meio ambiente. Atualmente, os esgotos domésticos têm sido estudados como fontes de matéria prima para recuperação de nutrientes, a exemplo da precipitação de estruvita. A estruvita é um fosfato de amônio-magnésio hexahidratado (NH4MgPO4.6H2O) formado em proporções equimolares em meios aquosos e alcalinos. Dependendo das condições físico-químicas de formação (concentração dos íons, pH e temperatura) pode ocorrer a precipitação tanto de estruvita quanto das chamadas estruvitas análogas, com diversas possibilidades de substituições isomórficas. O presente trabalho teve como objetivo a síntese, a caracterização e a otimização da cristalização de estruvitas e seus análogos para recuperação de nutrientes de águas residuais provenientes de soluções contendo magnésio (MgCl2.6H2O), fósforo (K2HPO4) e nitrogênio (NH4Cl); e também realizar a quantificação mineralógica das fases da estruvita, o detalhamento dos aspectos cristaloquímicos, incluindo a determinação da fórmula química da melhor condição de síntese obtida usando o método de refinamento combinado Rietveld e Padrão Interno do programa Fullprof com a interface gráfica FULL. Foram realizados os planejamentos estatísticos: I – Diagrama de árvore e o II - Fatorial Completo 23 (DOE), duplicado com quatro pontos centrais usando metodologia de superfície resposta e função desejabilidade global para estabelecer as respostas mais significantes para o rendimento de estruvita. Os fatores estudados foram pH (10, 11 e 12), concentração de fósforo (100, 200 e 300 mg L-1) e razão molar Mg:P:N (1:1:1; 1:1:1,5; 1:1:2), com três variáveis resposta: (1) variação de entalpia (ΔH) dos picos de decomposição dos produtos de síntese por calorimetria exploratória diferencial (DSC); (2) percentural de transmitância do infravermelho (% T – IR) na posição 1073,17, referente a banda de estiramento assimétrico da ligação P–O do fosfato (PO43-) e (3) percentual de variação de perda de massa total (Δm %) por termogravimetria (TG). Os fatores mais significantes foram pH = 10, concentração de P = 300 mg L-1 e razão molar (Mg:P:N) = 1:1:2. A condição mais propicia para a precipitação de estruvita, denominada condição 01 e duplicada (A, B, C e D), foi mais detalhadamente investigada. Para esta condição, foi realizado o refinamento Rietveld. Essa técnica comprovou que as estruvitas geradas foram do tipo análogas com substituição de amônio (NH4+) pelo íon potássio (K+). Foi quantificado 20,34% de estruvita e 79,66% de estruvita análoga (K-estruvita). A quantificação mineralógica foi realizada pelo método de refinamento Rietveld combinado com método Padrão Interno, os dados obtidos foram: 74,3% de estruvita análoga, 16,6% de estruvita e 9,1% de material amorfo. Os resultados foram corroborados pelas técnicas analíticas XRF, SEM / EDS, DSC / TG, FTIR e SSABET que se mostraram eficientes para a confirmação das múltiplas fases identificadas em estruvitas análogas reveladas pelo refinamento Rietveld.

  • RENAN FERNANDES DOS SANTOS
  • PALEOAMBIENTE E EVOLUÇÃO DOS ESTROMATÓLITOS GIGANTES DA CAPA

    CARBONÁTICA MARINOANA DO CRÁTON AMAZÔNICO, TANGARÁ DA SERRA-MT

  • Data: Mar 10, 2020
  • Show resume
  • Estromatólitos dômicos gigantes, associados a estruturas tubulares, são registrados pela pri- meira vez na sequência de capa carbonática Puga, no sudeste do Cráton Amazônico, região de Tangará da Serra, Brasil. Os mounds gigantes bem preservados com cúpulas dômicas indivi- dualizadas, com expressivo relevo sinóptico, métrico a decamétrico atingem cerca de 12 m de diâmetro e até 10 m de altura, formando um biostroma lateralmente contínuo por aproxima- damente 200 m. Este trabalho teve como objetivo descrever e atestar sua biogenicidade a ocorrência de estromatólitos gigantes na sequência de capa Carbonática Puga, levando em consideração seus aspectos macro, meso e microscópicos e determinar a relação estratigráfica das fácies: biogênicas, formada por processos de organomineralização, sejam eles bioinduzi- dos ou bioinfluênciados com as demais fácies inorgânicas, originadas por precipitação e/ou processos sedimentares (mecânicos) e por fim propor um modelo evolutivo para os giant stromatolites com as demais fácies, fornecendo novas inferências para a hidrodinâmica do mar epicontinental, do SE do cráton amazônico. O começo do Ediacarano é marcado por ma- res epicontinentais, rasos e estratificados, formados por águas hipersalinas e densas, contras- tando com as águas de degelo, leves e ricas em nutrientes. A origem dos estromatólitos gigan- tes é produto de uma soma de fatores paleoambientais anômalos, ocorridos após a glaciação Marinoana (635Ma).O substrato de diamicton foi colonizado por comunidades microbianas extremorfilas, halofilas, em águas hipersalinas com pouca ou nenhuma influência direta de processos hidrodinâmicos, formando estromatólitos estratiformes com cimento de pseudo- morfos de gipsita. Com o avanço das condições de greenhouse, ocorre uma contínua geração do espaço de acomodação, ocasionada pela elevação do nível do mar, influenciada pela trans- gressão sin-deglacial e pelo ajuste glacioisotatíco (GIA) que ocasionou soerguimento da zona costeira e a mistura das águas. A mistura das águas foi essencial para os desenvolvimentos das esteiras microbianas, pois a água de degelo, rica em nutrientes, produto do intenso intem- perismo pós-glacial condicionando um aumento da alcalinidade e de elementos essenciais para a proliferação de comunidades microbianas. As comunidades microbianas desenvolve- ram-se incialmente em equilíbrio com a constante migração da zona fótica, ocasionada pelo gradual aumento do nível do mar. Com o fim da influência do GIA o espaço de acomodação passa a ser controlado apenas pela transgressão pós-glacial, acarretando uma maior influência nos processos hidrodinâmicos, registrado no expressivo relevo sinóptico. A soma destas con- dições teria propiciado o desenvolvimento de comunidades microbianas que viriam a se tornar mounds estromatolíticos gigantes, com relevo sinóptico métrico a decamétrico. O constante aumento de energia, acarretaria o retrabalhamentos das esteiras microbianas, gerando macro- peloides. O registro demonstra uma alternância de lâminas de macropeloides e estromatolíti- cas, o que sugere que em momentos de estabilização, havia uma tentativa de colonização das comunidades microbianas. O declínio dos estromatólitos gigantes, no sudeste do Cráton Amazônico, estaria relacionado ao auge das condições de greenhouse, com um aumento da influência da transgressão pós-glacial que condicionaria uma entrada maciça de siliciclásticos, promovendo o soterramento das comunidades microbianas e o súbito aumento do nível do mar. Assim, os estratos estromatolíticos foram sucedidos por uma fábrica calcária, induzidas principalmente por processos inorgânicos, em um mar saturado em CaCO3.

  • RENATO SOL PAIVA DE MEDEIROS
  • O PENSILVANIANO DA BACIA DO PARNAÍBA, NORTE DO BRASIL: IMPLICAÇÕES PALEOAMBIENTAIS, PALEOGEOGRÁFICAS E EVOLUTIVAS PARA O GONDWANA OCIDENTAL

  • Data: Feb 21, 2020
  • Show resume
  • O final da Era Paleozoica foi marcado por movimentações tectônicas das massas de terra que estavam reunidas formando o supercontinente Gondwana, que se estendia principalmente no hemisfério sul, circundado pelos oceanos Pantalassa a oeste e Tetis a leste. Durante o período Carbonífero ocorreram diversos ciclos de variações climáticas na história da terra, evidenciados em depósitos glaciogênicos de icehouse e carbonáticos de greenhouse, tanto no paleocontinente Gondwana quanto na Laurásia. Estes ciclos globais de variação eustática foram registrados nos mares epicontinentais, pois representam a fase de descongelamento e aumento do nível eustático, em um período de greenhouse, que juntamente com uma paleogeografia favorável formam extensas transgressões marinhas sobre os blocos continentais, com padrões de empilhamento cíclicos, denominados de ciclotemas (e.g. terrestre; misto terrestre-marinho; marinho e marinho restrito / padrão evaporítico). Os registros desses eventos no norte do Brasil são encontrados nas bacias intracratônicas, particularmente no Grupo Balsas da Bacia do Parnaíba, onde as exposições permitem avaliar a história sedimentar do Pensilvaniano. A sucessão sedimentar estudada pertence ao Membro Superior da Formação Piauí, descrita entre os Municípios de José de Freitas, União, Miguel Alves e Lagoa Alegre, e exibe depósitos carbonáticos ricamente fossilíferos sobrepostos por espessos pacotes pelíticos e clinoformas progradantes. Dezessete fácies sedimentares foram agrupadas em quatro associações de fácies (AF), representativas de um sistema de plataforma carbonatica rasa, adjacente a um campo de dunas costeiros, posteriormente substituídos por depósitos lacustre-deltaico. A AF1- campo de dunas costeiro/interdunas, compreende arenitos finos a médios, bem selecionados, intensamente bioturbados, com estratificações plano-paralela e cruzada tabular e laminação cruzada cavalgante subcrítica transladante. A AF2-depósitos de mar raso, consiste em uma sucessão de rochas carbonáticas peloidais, fossilíferas, lateralmente contínua por centenas de metros, intercalada com folhelho betuminoso. Estes carbonatos foram dolomitizados e apresentam valores negativos de δ13Ccarb covariáveis com os valores positivos de δ18Ocarb, sugerindo que o volume de fluido supersaturado foi suficiente para alterar não apenas δ18O, mas também o δ13C. A AF3-lobos de suspensão / barra de desembocadura e AF4-prodelta lacustre, consiste respectivamente, de arenitos com estratificação cruzada sigmoidal e plano-paralela e pelitos e arenitos finos intercalados. As espessas camadas pelíticas de prodelta em contato com a AF2, apresentam grãos de quartzo com morfologia textural de sedimentos de proveniência eólica, com texturas do tipo: bordas bulbosas e lisas, placas soerguidas/deslocadas (upturned plates), depressões irregulares e marcas de percussão em V. Superfícies de exposição subaérea nos carbonatos marcada por gretas de contração e feições de dissolução, indicam o final da sedimentação carbonática (e.g. Sequência marinha – Trato de Sistema de Mar Alto) com o recuo e confinamento do mar Pensilvaniano em um extenso sistema lacustre (e.g. Sequência continental – Trato de Sistema de Alta Acomodação) na porção central do Gondwana. A assembleia de argilo minerais da AF4 confirma o padrão climático de maior aridez para o topo da sucessão estudada, apresentando principalmente esmectitas e illita. Esta retração marinha foi concomitante com a orogenia Apalachiana (300 Ma) que causou o soerguimento no Gondwana ocidental e desconectou definitivamente o mar epicontinental Itaituba-Piauí com o oceano Pantalassa a oeste. Os mares restritos ou lagos foram progressivamente assoreados por fluxos hipopicnais progradantes com o estabelecimento das condições de aridez mais extremas deflagradas durante o Pensilvaniano.

  • JOÃO PAULO SILVA ALVES
  • A RELAÇÃO ENTRE O DOMÍNIO BACAJÁ E O DOMÍNIO CARAJÁS, SUDESTE DO CRATÓN AMAZÔNICO, COM BASE EM GEOLOGIA ISOTÓPICA E QUÍMICA MINERAL

  • Data: Jan 30, 2020
  • Show resume
  • O Cráton Amazônico representa uma grande placa continental, composta por várias províncias crustais de idades arqueana a mesoproterozoica, com limites entre as províncias delimitados com base em dados geológicos e, principalmente, geocronológicos. Apesar desses limites estarem mais ou menos bem estabelecidos, dúvidas de como poderia ter acontecido são levantadas, como por exemplo, o contato entre o Domínio Carajás (Província Amazônia Central) e o Domínio Bacajá (Província Maroni-Itacaiúnas), que ocorre no sudeste do cráton. A região de estudo encontra-se nessa fronteira e é marcada pela ocorrência de diversos litotipos, dentre eles anfibolitos, granulitos, granitos, gnaisses e charnockitos. As análises de química mineral no anfibólio dos anfibolitos mostraram composição magnésio-hornblenda e ferropargasita, com temperatura de metamorfismo da fácies anfibolito médio a alto entre 676 a 730º C, e pressão 3,7 a 8,8 kbar. Os anfibólios dos charnockitos foram classificados como magnésio-hornblenda e magnésio-hastingsita, a biotita como annita, plagioclásio com composição andesina e os piroxênios como augita e ferrosilita. A temperatura magmática para os charnockitos varia entre 853 a 910º C, com pressão de 3,3 a 6,6 kbar. O ambiente de geração poderia ser de arco magmático, já que apresentou uma composição metaluminosa e magnesiana. A biotita do granulito foi classificada como flogopita, o plagioclásio possui composição andesina e os piroxênios classificados como augita e ferrosilita. Sua temperatura de 650º C indica uma fácies de granulito baixo, marcando a temperatura mínima imposta à rocha. O metagranito relacionado com o Granito Igarapé Gelado apresentou uma idade de 2854 ± 11 Ma, enfraquecendo a ideia de relação entre ambos. Foram encontradas duas idades de cristalização para os protólitos dos ortognaisses monzograníticos, uma de 2848 ±8 Ma e outra de 2882 ± 25 Ma; e duas idades que marcam um evento metamórfico, 2763 ± 16 Ma e 2748 ± 47 Ma, relativamente próximas entre si. Para as idades-modelo foi determinado um intervalo entre 3,12 e 3,48 Ga, com εHf(t) de -3,68 e 2,12. O outro conjunto de idades-modelo varia de 3,00 a 3,16 Ga, com εHf(t) de 1,99 a 4,45. Três eventos distintos foram descritos para a área de estudo: (1) um evento magmático durante o mesoarqueano, em torno de 2,8 Ga, com possível contribuição de ambiente de arco magmático, gerando o metamonzogranito e os protólitos dos ortognaisses monzograníticos; (2) posteriormente um evento de caráter metamórfico dinâmico, registrado nos litotipos do Domínio Carajás; (3) a união entre o Domínio Bacajá e o Domínio Carajás, final do Ciclo Transamazônico.

2019
Description
  • FERNANDO ANDRADE DE OLIVEIRA
  • DEPÓSITOS COSTEIROS E MICROBIALITOS DA FORMAÇÃO ITAITUBA, O PENSILVANIANO DA BORDA SUL DA BACIA DO AMAZONAS, REGIÃO DE PLACAS, PARÁ

  • Data: Dec 29, 2019
  • Show resume
  • A Formação Itaituba, na Bacia do Amazonas, representa uma sucessão carbonática de idade bhaskiriana-moscoviana, composta essencialmente por calcários fossilíferos, dolomitos finos, arenitos finos a grossos, folhelhos cinzas e evaporitos. O trabalho teve como objetivo realizar a reconstituição paleoambiental dos corpos aflorantes da Formação Itaituba, na borda sul da bacia do Amazonas, região de Placas, Estado do Pará. Para isso foi realizado estudo em afloramento de corte de estrada, em uma sucessão de 14 m, utilizando análise de fácies e microfácies, além da descrição em escala macroscópica, mesoscópica e microcópica dos microbialitos, que permitiu individualizar 9 fácies e microfácies: a) folhelho laminado (Fl); b) arenito laminado (Al); c) siltito laminado (Sl); d) mudstone maciço (Mm); e) mudstone com gretas de contração (Mg); f) wackestone bioclástico (Wb); g) packstone bioclástico (Pb), h) floatstones oncolíticos (Fo) e i) boundstones. Estas fácies são agrupadas em duas associações de fácies: a) AF1, depósitos de laguna/planície de maré, composta pelas fácies Fl, Al, Sl, Mm, Mg, Wb, disposta em camadas planas e lateralmente contínuas com predomínio da fácies Fl, intercalados por camadas centimétricas das fácies Wb e Pb, organizada em ciclo de de raseamento ascendente e ; b) (AF2), baixio/ilha barreira, constituída pelas fácies Pb, além das fácies microbialíticas Fo e Bd, com Pb disposta em corpos planares e lateralmente contínuos e Fo e Bd, em biohermas na forma de lentes. A fácies Fo, constitui os microbilitos oncolíticos e microestromatólitos a eles associados, descritos como morfotipos M1 e M2a, e a fácies Bd, inclui as formas estromatolíticas colunares, descritas como morfotipos M2b e M2c. O modelo deposicional da Formação Itaituba na região de Placas-PA, consiste de um sistema costeiro com laguna, baixios/ilha barreira e planície de maré. Os microbialitos desenvolveram-se durante a transição do Bashkiriano-Moscoviano, representando uma passagem para condições ambientais mais restritivas em relação a fauna e flora, e mais propícias a proliferação das cianobactérias, com provável elevação da alcalinidade na água. Estas evidências de cianobactérias são pela primeira vez registradas em rochas do Carbonífero da Bacia do Amazonas ampliando o conhecimento da composição da fábrica carbonática durante a implantação do mar epicontinental Itaituba no Gondwana Oeste.

  • LUCAS BAIA MAGALHAES
  • EVOLUÇÃO DA PORÇÃO NORDESTE DO DOMÍNIO BACAJÁ A PARTIR DE DADOS U-Pb E Lu-Hf EM ZIRCÃO E Sm-Nd EM ROCHA TOTAL

  • Data: Dec 29, 2019
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  • A borda norte-nordeste do Cráton Amazônico é definida como uma extensa faixa paleoproterozoica cuja evolução (2,2 – 1,95 Ga) está relacionada principalmente ao Ciclo Transamazônico.  No  segmento  meridional  dessa  faixa,  no  Escudo  Brasil  Central,  está localizado o Domínio Bacajá, constituído por porções formadas no Arqueano e orógenos do Riaciano. Esse domínio é composto por granitoides e charnockitoides intrusivos, ortognaisses, granulitos, migmatitos e rochas supracrustais. Neste estudo, a partir da análise petrográfica, dados geocronológicos U-Pb e Lu-Hf em zircão e Sm-Nd em rocha total foi possível elaborar uma evolução da crosta continental dessa região do Neoarqueano ao Riaciano, destacando a relação dos terrenos arqueanos com os granitoides/charnockitóides correlacionados ao Ciclo Transamazônico. No norte da Folha Tucuruí (nordeste do Domínio Bacajá) foram descritos ortognaisses (Complexo Aruanã), que apresentam fortes feições de retrometamorfismo identificados em texturas típicas de alto grau metamórfico (texturas granoblástica/interlobada) pela associação a uma assembleia mineral hidratada de grau mais baixo com anfibólio (Anf) e biotita (Bt). Texturas coroníticas e pseudomorfos de ortopiroxênio (Opx) para Anf e Bt e a presença de antipertitas são também evidências que corroboram esse fenômeno. Os ortognaisses apresentam idade de 2630 ± 15 Ma, registro mais antigo obtido neste estudo, e representam fragmentos de uma crosta retrabalhada (ɛHf(t) apresenta valores subcondríticos =-0,3 a -1,7 e ɛNd(t)= -3,08 a -2,98), cujas idades modelo Hf-TDMC e Nd-TDM apontam que o material que deu origem a esse ortognaisse foi extraído do manto no Mesoarqueano (3,0-3,2 Ga). As suítes intrusivas riacianas são caracterizadas por uma associação de granitoides e charnockitoides maciços, textura granular hipidiomórfica bem definida, e rochas deformadas por efeitos de milonitização (zonas de cisalhamento), além de um enclave de ortogranulito riaciano, caracterizado por textura granoblástica poligonal. Essas rochas riacianas se colocaram no período de 2,12-2,09 Ga e 2,08-2,06 Ga e cristais do ortogranulito evidenciaram um evento metamórfico de alto grau ca. 2,09 Ga. Os zircões identificados do ortogranulito de 2,12 Ga são interpretados como relacionados a um arco magmático (estágio pré-colisional) na margem de um continente Neoarqueano. Além disso, os isótopos de Pb e Hf mostram que a rocha de 2,12 Ga se formou a partir de uma crosta acrescida no neoarqueano (ca. 2,6 Ga), que sofreu um evento metamórfico de 2,09 Ga de alto grau em um estágio descompressional. Por fim, as rochas ígneas de 2,08 a 2,06 do NE do Domínio Bacajá se formaram a partir da crosta continental acrescida durante o Neoarqueano (2,8-2,5 Ga) e que o evento magmático pós- colisional do DB se estendeu até 2,06 Ga.

  • DAYANE DO NASCIMENTO COELHO
  • GEOCRONOLOGIA U-Pb E GEOLOGIA ISOTÓPICA Sm-Nd DO GRANITO RIO VERDE, NEOPROTEROZOICO NO TERRENO GRANJEIRO – VÁRZEA ALEGRE (CE)

  • Data: Dec 20, 2019
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  • Os eventos magmáticos graníticos na Província Borborema são diversificados e reconhecidos do Arqueano ao início do Fanerozoico. A atividade plutônica do Ediacarano- Cambriano do Ciclo Brasiliano constitui uma das mais importantes feições geológicas dessa Província, com destaque à grande quantidade de corpos graníticos de natureza e idades diversas. Neste contexto encontram-se vários granitoides alojados nas rochas neoarqueanas do Terreno Granjeiro, do Domínio Rio Grande do Norte no sul do Ceará. Vários destes plutons foram cartografados durante o mapeamento geológico realizado pela Faculdade de Geologia da UFPA e pela CPRM. Entre as novas ocorrências de corpos graníticos encontra-se o plúton situado a sudoeste da cidade de Várzea Alegre–CE que foi objeto de investigação geocronológica nesta dissertação. Ele está sendo aqui denominado de Granito Rio Verde, e se caracteriza por apresentar textura porfirítica onde fenocristais de álcali feldspato de tamanho entre 1,0 e 5,0 cm encontram-se imersos em uma matriz de granulação média. Em geral as rochas apresentam-se deformadas em intensidade variada. Três litofácies foram reconhecidas no Granito Rio Verde. A titanita-biotita-hornblenda granodiorito (TnBtHbGdr), biotita monzogranito (BtMzg) e enclaves de composição quartzo diorítica e feições de mistura mecânica de magmas (mingling). Datação geocronológica pelo método U-Pb em zircão por LA-MC-ICP-MS do BtMzg e de enclaves de composição intermediária associados foi realizada para definir a idade do GRV e correlaciona-lo aos eventos de granitogênese reconhecidos na Província Borborema. Paralelamente, o estudo isotópico pelo método Sm-Nd foi realizado para caracterizar a fonte do magma granítico (retrabalhamento crustal ou magmatismo juvenil). A datação U-Pb em zircão forneceu idade concordante de intercepto superior de 592 ± 3,2 Ma (2δ, n=5) para o BtMzg. A datação U-Pb em zircão realizada em duas amostras do enclave quartzo diorítico não foi satisfatória, provavelmente devido à metamictização dos cristais de zircão que resultou na baixa preservação das feições ígneas primárias. Apesar disto, foi possível definir em uma das amostras idade concordante de 607 ± 4,8 Ma (2δ, n=3), que é interpretada como indicativa da idade dos enclaves de composição quartzo diorítica. Com isso, a contemporaneidade entre o magmatismo granítico e o magmatismo mais máfico fica sugerida, embora deve-se reconhecer que estudos geocronológicos adicionais são necessários para definir com exatidão, a idade do magmatismo mais máfico. O emprego do sistemática isotópica Sm-Nd em rocha total em duas amostras do GRV revelou valores de εNd(590Ma) negativos de –(18,3 e -19,4) indicando retrabalhamento de crosta antiga pré-existente para a formação do magma fonte do Granito Rio Verde. As idades Nd-TDM, calculadas em estágio duplo (2,48 e 2,56 Ga), evidenciam contribuição de crosta arqueana, provavelmente relacionada ao Complexo Granjeiro, para a formação do magma que originou o Granito Rio Verde. Todavia, não se pode descartar a mistura de crosta arqueana com material crustal mais jovem visto que as idades Nd-TDM situam- se no limite Arqueano-Paleoproterozoico. Considerando a características petrograficas e geocronológicas o Granito Rio Verde foi associado à granitogênese sin-transcorrente de 570 - 590Ma que atingiu a Província Borborema, e tem os granitoides da Suíte Intrusiva Itaporanga como um de seus representantes.

  • LUCAS MAURICIO CONDURU MELO
  • GRANITO SERRA DA QUEIMADA, SUÍTE INTRUSIVA VELHO GUILHERME, PROVÍNCIA CARAJÁS: TIPOLOGIA, ASPECTOS PETROLÓGICOS E AFINIDADES METALOGENÉTICAS

  • Data: Nov 18, 2019
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  • O Granito Serra da Queimada (GSQ) é um batólito anorogênico paleoproterozoico, de formato subcircular, com aproximadamente 20 km2 de área, situado ao norte da cidade de São Félix do Xingu, nos domínios da Província Carajás, sudeste do Cráton Amazônico. Secciona unidades arqueanas do Grupo São Félix e paleoproterozoicas do Grupo Iriri, Supergrupo Uatumã, É formado por três fácies petrográficas distintas: biotita sienogranito (BSG), biotita monzogranito (BMG) e sienogranito porfirítico (SGP), todas com conteúdos de máficos < 10%. A ocorrência frequente de intercrescimentos esferulítico e granofíricosugere que as rochas do GSQ cristalizaram em níveis crustaisrasos. Análises de microssonda eletrônica mostraram que as biotitas do GSQ são dominantemente magmáticas, ferrosas eenriquecidas em Al.Análises geoquímicas de rocha total mostraram que o GSQ possui natureza peraluminosa a fracamente metaluminosa, razões FeOt/(FeOt+MgO) entre 0,75 e 0,99 e K2O/Na2O entre 0,6 e 2,33; mostra afinidades geoquímicas com granitos intraplaca do tipo A, do subtipo A2, e granitos ferrosos, sugerindo uma fonte crustal para sua origem. Possui conteúdos de elementos terras raras leves mais elevados que os de elementos terras raras pesados, com padrão sub-horizontalizado para esses últimos, além de anomalias negativas de Eu crescentes no sentido dos BSG, fácies mais evoluída. Os dados geoquímicos mostram que os BSG apresentam conteúdos médios mais elevados de K2O, Y, Rb, W e Sn e mais baixos de TiO2, Fe2O3, MgO, CaO, Ba e Sr em relação às outras fácies, características típicas de granitos especializados.Temperaturas de cristalização baseadas no geotermômetro  de saturação em Zr indicaram intervalos entre 754 °C e 870 °C, similar a de outros granitos anorogênicos da Província Carajás. Os estudosgeológicos, petrográficos, de química mineral e geoquímicos comparativos entre o GSQ e outros granitos especializados pertencentes à Suíte Intrusiva Velho Guilherme, indicam que as rochas sienograníticas do GSQ mostram potencial para mineralização em W e Sn e que ele pode ser enquadrado no contexto geológico desta importante suíte granítica.

  • KATIANE SILVA DOS SANTOS
  • ANÁLISE TAFONÔMICA DA OSTRACOFAUNA DO TESTEMUNHO 1AS-5-AM: CONTRIBUIÇÃO PARA A INTERPRETAÇÃO PALEOAMBIENTAL DOS DEPÓSITOS NEÓGENOS DA FORMAÇÃO SOLIMÕES, AM, BRASI

  • Data: Nov 11, 2019
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  • A Formação Solimões corresponde a sucessão sedimentar miocênica da bacia do Solimões, e é constituída por argilitos, siltitos e arenitos finos, pouco consolidados, intercalados por níveis linhíticos e carbonáticos, cuja deposição se deu predominantemente em ambiente fluvial e fluvio-lacustre. Dentre os invertebrados da Formação Solimões, os ostracodes se destacam pela grande abundância e diversidade. Inicialmente, os estudos sobre esses microcrustáceos estiveram voltados principalmente à taxonomia. Posteriormente, contribuições no âmbito da bioestratigrafia, sugerem idade Mioceno Inferior - Mioceno Superior para essa unidade; enquanto que análises geoquímicas e paleontológicas apontam para condições ambientais predominantemente dulcícolas, embora com esporádicas incursões marinhas. Entretanto estudos tafonômicos com ênfase nos ostracodes da Formação Solimões ainda não foram realizados. A análise tafonômica das concentrações fossilíferas pode fornecer dados importantes sobre a hidrodinâmica paleoambiental, a geoquímica dos sedimentos, taxas de sedimentação e processos diagenéticos. Este trabalho aborda a biostratinomia e fossildiagênese de ostracodes da Formação Solimões, bem como a composição mineralógica e aspectos sedimentológicos. O material analisado é proveniente da sondagem 1AS-5-AM, perfurado no vilarejo Cachoeira, próximo ao rio Itacuaí, estado do Amazonas. De acordo com as características litológicas, tipos de preservação e ocorrência dos ostracodes foi possível individualizar três intervalos ao longo do testemunho analisado. O intervalo I (284,50-119,30 metros) corresponde a porção mais basal do testemunho. Neste, a ostracofauna é menos abundante e pobremente preservada, ocorrendo apenas poucos juvenis (estágios A-2, A-3) e adultos, com acentuado processo de dissolução. A litologia desse intervalo compreende argilitos maciços, cinza escuro esverdeado a preto, com rico conteúdo de matéria orgânica. O intervalo II (116,70-107,10 metros) apresenta maior abundância de ostracodes em excelente estado de preservação e vários estágios ontogenéticos, maior ocorrência de carapaças fechadas e baixo grau de dissolução (ocorre de forma parcial e pontual), sugerindo evento de soterramento rápido e pouca influência da metanogênese devido ao menor conteúdo de matéria orgânica das amostras. A litologia corresponde a mesma do intervalo I, porém o conteúdo de matéria orgânica é menor. O intervalo III (106,90-41,00 metros) apresenta estágio moderado de preservação, onde o maior índice de dissolução associa-se à oxidação de monossulfetos e sulfetos de ferro que ocorrem aderidos na superfície dos espécimes, os quais foram expostos por ação de organismos bioturbadores dos sedimentos. A predominância de ostracodes juvenis nesse intervalo indica alta mortalidade na ontogenia provavelmente por um estresse ambiental.

     

     

     

     

    A litologia desse intervalo é constituída por argilitos maciços cinza esverdeado claro a médio, localmente siltíticos e linhíticos. Bioturbações (Skolitos) foram registradas apenas neste intervalo. O conteúdo de matéria orgânica varia de baixo a moderado. Em relação a alteração de cor dos espécimes, valvas brancas opacas foram registradas no intervalo I com maior frequência, no II predominam exemplares de cor preta, cinza escura, branca e em menor quantidade, valvas de cor âmbar e hialinas; enquanto no III predominam espécimes de cor marrom avermelhados, seguida de cinza claro e branca opaca. A análise tafonômica dos ostracodes da Formação Solimões permitiu verificar carapaças/valvas com composição química original preservada, no entanto, contaminadas por elementos químicos provenientes dos sedimentos siliciclásticos e das películas minerais aderidas em sua superfície. Foram identificados os seguintes tipos de preservação: 1) valvas e carapaças de ostracodes recobertas por películas de monossulfetos, de fosfato de ferro e sulfetos de ferro e de tálio; 2) preservadas em óxidos de ferro, 3) recristalizadas e 4) moldes de carapaças piritizados. Os tipos de preservação identificados refletem condições predominantemente de diagênese precoce (mineralizações das películas e formação de moldes), e tardia (recristalização, formação de óxidos). As alterações fossildiagenéticas correspondem a preenchimento mineral das carapaças por pirita, dissolução, alteração de cor e recristalização. A primeira está relacionada com o fosfato de ferro presente nos sedimentos e à eventos de soterramento rápido. A dissolução decorreu da oxidação das películas de minerais aderentes nas valvas e do conteúdo de matéria orgânica; enquanto que carapaças/valvas de cor marrom avermelhado, cinza escura, pretas e âmbar refletem a deposição de delgadas películas de minerais na superfície dos espécimes, valvas brancas opacas decorrem da dissolução parcial. A recristalização pontual de poucas valvas reflete a estabilidade mineral da calcita baixa magnesiana, constituinte principal da carapaça dos ostracodes. As alterações bioestratinômicas identificadas equivalem a fragmentação, desarticulação (proveniente da morte, ecdise e transporte dos ostracodes), bioerosão (por ação de bactérias quitinolíticas) e transporte. No intervalo I os ostracodes alóctones juvenis sugerem transporte post-mortem. No intervalo II o predomínio da fauna autóctone evidencia ambiente de baixa energia. Ostracodes alóctones e autóctones (predominantes) do intervalo III refletem variação de energia em cenário próximo a zona litorânea de lago. Com base nos tipos de preservação e características litológicas, o ambiente foi interpretado como lacustre, de energia baixa a moderada. A ausência de minerais evaporíticos e pirita dispersa nos sedimentos atestam a baixa salinidade do ambiente.

  • DANILO JOSE DO NASCIMENTO CRUZ
  • GEOLOGIA E PETROLOGIA DOS ENXAMES DE DIQUES MÁFICOS DA REGIÃO DE SANTA MARIA DAS BARREIRAS- CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA: EVIDÊNCIAS DE EVENTOS DISTINTOS DE MAGMATISMO INTRACONTINENTAL NO CENTRO-NORTE DO BRASIL

  • Data: Oct 28, 2019
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  • Enxames de diques máficos subparalelos de direção N-S e NNW-SSE ocorrem intrudindo as rochas metassedimentares do Grupo Tocantins, Cinturão Araguaia, centro-norte do Brasil. Eles são pouco estudados, não havendo nenhuma informação acerca da natureza de sua fonte mantélica e dos processos petrológicos envolvidos em sua gênese, além de uma incerteza quanto à sua idade. Para discutir essas questões, foram estudados diques máficos representativos da região de Santa Maria das Barreiras-Conceição do Araguaia, na fronteira entre os estados do Pará e Tocantins. Foi possível separar os diques em dois grupos: um consistindo de diabásios afetados pelo metamorfismo regional neoproterozoico do Cinturão Araguaia com grau variado de transformações e deformação mineral; e outro contendo diabásios e leucodiabásios sem metamorfismo e deformação. Os diques estudados foram composicionalmente classificados como basaltos sub-alcalino de afinidade toleítica. No entanto, os metadiabásios apresentam uma assinatura arco-like caracterizada por uma anomalia negativa de Nb-Ta, enquanto que os leucodiabásios e diabásios não apresentam anomalia negativa de Nb-Ta e exibem padrões enriquecidos de LREE, que se assemelha às assinaturas de rochas basálticas geradas por plumas mantélicas. Ambos os grupos de diques foram interpretados como sendo originados em ambiente tectônico intracontinental com a ajuda de diagramas de discriminação Ti–V, Zr–Zr/Y e Zr–Ti. Há indícios de importante contribuição de componentes mantélicos enriquecidos (EN) na fonte dos metadiabásios e significante contribuição de componentes do manto primitivo (PM) na fonte dos leucodiabásios e diabásios. Sugeriu-se que os metadiabásios representam os condutos expostos de basaltos intracontinentais com assinatura arc-like que precedem o metamorfismo Neoprotezoico da área e que os leucodiabásios e diabásios representam os condutos expostos de basaltos intracontinentais cujo magmatismo é posterior ao evento metamórfico. As rochas do evento mais antigo compartilham similaridades com rochas máficas Neoproterozoicas do leste do Cinturão Araguaia, enquanto que as rochas do evento mais recente são bastante similares com basaltos e diques de diabásios da CAMP que se encontram próximos à área de estudo.

  • PAULO HIAGO DE SOUZA NERY
  • QUÍMICA MINERAL E CONDIÇÕES DE CRISTALIZAÇÃO DO GRANITO GRADAÚS, SUL DO PARÁ, PROVÍNCIA CARAJÁS

  • Data: Oct 4, 2019
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  • O Granito Gradaús (1882±9 Ma) é integrante do intenso magmatismo granítico anorogênico que ocorreu durante o paleoproterozóico na Província Carajás. Apresenta forma subarredondada, com cerca de 800 km² de área aflorante, e é intrusivo em metassedimentos do Grupo Rio Fresco. É composto por cinco fácies petrográficas, com conteúdos de máficos e granulação variados. Os anfibólios são cálcicos, dominantemente Fe-edenitas com razões Fe/(Fe+Mg) entre 0,77 e 0,9; hastingsitas e Fe-hornblendas ocorrem subordinadamente. A biotita é ferrosa, com composições próximas ao pólo da annita, apresentando razões Fe/(Fe+Mg) entre 0,81 e 0,96. Com base nos conteúdos de alumínio no anfibólio a pressão de colocação do plúton foi estimada em 2,4 e 3,6 kbar. Estimativas de temperatura obtidas a partir do geotermômetro de saturação em zircônio, interpretadas como próximas ao início da cristalização, variaram entre 780 e 870°C, enquanto aquelas próximas do solidus, obtidas por meio do geotermômetro do anfibólio, variaram de 700 a 750°C. As elevadas razões Fe/(Fe+Mg) do anfibólio, a presença de ilmenita>magnetita e a ausência de titanita magmática indicam que o plúton Gradaús cristalizou sob condições relativamente reduzidas, provavelmente entre os tampões NNO e FMQ. Suas biotitas mostram composições alcalinas- subalcalinas e plotam sempre nos campos de granitos tipo-A. Os dados comparativos de química mineral e de condições de cristalização com outros granitos anorogênicos da Província Carajás indicam, conforme estudos recentes, que o Granito Gradaús possui maiores semelhanças com os granitos da Suíte Serra dos Carajás.

  • WILLIAMY QUEIROZ FELIX
  • CHARNOQUITOS DE OURILÂNDIA DO NORTE (PA): GEOLOGIA, NATUREZA E IMPLICAÇÕES TECTÔNICAS PARA A PROVÍNCIA CARAJÁS

  • Data: Oct 2, 2019
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  • Estudos desenvolvidos nos granitoides com piroxênio e rochas máficas associadas que ocorrem na região de Ourilândia do Norte permitiram a individualização de 4 variedades petrográficas: (i) ortopiroxênio granodiorito, (ii) clinopiroxênio monzogranito e (iii) anfibólio monzogranito, e (iv) gabronorito. Este último ocorre espacialmente associado à variedade ortopiroxênio granodiorito. Tais rochas configuram cinco corpos alongados na direção NE- SW e E-W, onde o plúton principal atinge ~12 km de extensão. É formado pelas variedades clinopiroxênio monzogranito e ortopiroxênio granodiorito, enquanto a variedade anfibólio monzogranito forma três pequenos corpos lenticulares com cerca de 3 km de comprimento. Estes são alongados na direção E-W, mostram foliações na direção NE-SW e E-W e mergulhos subverticais (70-80º). Tais rochas exibem textura magmática bem preservada, são leucocráticas (M’=21,1 – 32,9), e de granulação média a grossa. Os minerais acessórios primários são allanita, epídoto, zircão, apatita, magnetita e ilmenita, sendo que a titanita ocorre somente nos monzogranitos e a olivina é restrita à variedade gabronorítica. São rochas metaluminosas de afinidade magnesiana, seguem o trend cálcio alcalino e cálcio alcalino de alto K. As razões Fe/(Fe+Mg) tanto nas biotitas quanto nos anfibólios, indicam condições intermediarias de fO2, que é corroborado pela razão Fe3+/(Fe3++Fe2+) nos anfibólios que indica moderadas condições de fO2 durante a cristalização (acima do tampão QFM). As temperaturas de cristalização para os piroxênios variam entre 855 a 1061 °C, 713 a 800 nos anfibólios, e a pressão de cristalização é de 1,9 a 3,1 kbar. A atividade de água no magma varia de 4,1 a 6,5. Textura em coroa formada por anfibólios bordejando piroxênios é comum em todas as variedades, o que pode ser explicado pela reação do melt anidro com água em estágio magmático, que resultaria na ausência de piroxênio na fácies anfibólio monzogranito. As microestruturas de recristalização em quartzo e feldspatos permitem inferir uma temperatura final de deformação cristal-plástica em torno de 400-450 ºC. Microfraturas submagmáticas preenchidas por quartzo e álcali feldspato também são encontradas, indicando que os charnoquitos de Ourilândia do Norte sofreram deformação na presença de melt. Isto está de acordo com a natureza sin-tectônica para colocação de seus magmas. O empobrecimento de HFSE em relação às rochas neoarqueanas de Carajás indica que a associação estudada possui uma fonte distinta e/ou sofreram diferentes processos de evolução. Modelamento geoquímico indica que tais granitoides evoluíram por cristalização fracionada a partir de um magma parental máfico, em contraponto à fusão parcial, admitida como principal processo responsável pela origem dos demais granitoides neoarqueanos de Carajás.

  • VITOR HUGO SANTANA MOURA
  • MINERALOGIA E GEOQUÍMICA DE BAUXITAS DE BARRO ALTO (GOIÁS): CONSIDERAÇÕES GENÉTICAS

  • Data: Oct 1, 2019
  • Show resume
  • O embasamento do Cinturão Araguaia (CA) é constituído predominantemente por rochas arqueanas e paleoproterozoicas. As primeiras prevalecem no segmento norte. Enquanto as rochas paleoproterozoicas dominam na porção sul. Ao norte, as rochas do embasamento afloram no núcleo de estruturas dômicas, e são representadas principalmente por ortognaisses arqueanos com afinidade TTG (Complexo Colmeia). Subordinadamente ocorrem gnaisses graníticos do Paleoproterozoico (Gnaisse Cantão). Ao sul, as rochas paleoproterozoicas, são representadas especialmente pelos orto- e paragnaisses do Complexo Rio dos Mangues (CRM) e pelo Granito Serrote (GS). Mais restritamente afloram unidades neoarquenas (Grupo Rio do Coco) e mesoproterozoicas (Suite Monte Santo). Datações pelo método de evaporação de Pb em monocristais de zircão (Pb-Pb em zircão) definiram idades em torno de 2,86 Ga para os ortognaisses do Complexo Colmeia. Para os gnaisses do CRM essas idades ficaram na faixa de 2,05-2,08 Ga. Por sua vez, a idade de 1,86 Ga foi obtida para o GS, intrusivo nos gnaisses do CRM. Datações recentes realizadas pelo método U-Pb em zircão por LA-MC-ICPMS revelaram idades distintas para os ortognaisses das estruturas de Lontra (2905 ± 5,1 Ma) e Cocalândia (2869 ± 11 Ma). Considerando as limitações analíticas do método Pb-Pb em zircão, neste trabalhoretomou-se a datação das rochas do embasamento do CA utilizando o método U-Pb em zircão por LA-MC-ICPMS. Essa investigação foi complementada com o uso do sistema Lu-Hf em zircão visando entender a evolução desse segmento crustal. As idadesde 2930 ± 15 Ma, 2898 ± 11 Ma e 2882 ± 9 Ma foram determinadas para os ortognaisses das estruturas de Xambioá, Grota Rica e Colmeia, respectivamente. Estas idades, juntamente com aquelas publicadas para os ortognaisses das estruturas de Lontrae Cocalândia, indicam que os protólitos ígneos dos ortognaisses do CC foram gerados por eventos magmáticos distintos, em um intervalo de 60 Ma. As idades Hf-TDMC  dos cristais de zircão destas rochas indicam uma origem a partir de crosta juvenil formada no Mesoarqueano, com maior contribuição de material crustal mais antigo para os protólitos dos gnaisses das estruturas de Grota Rica e Colmeia. Para um ortognaisse do CRM foi obtida a idade de 2059,7 ± 6,4 Ma. Para um Metasienogranito porfirítico do GS a idade de 1868 ± 16 Ma foi definida. Esses dados, em ambos os casos, corroboram as idades Pb-Pb em zircão previamente obtidas. As idades Hf-TDMC e os valores de ƐHf(t) em zircão dessas duas rochas ocorrem em intervalos muito semelhantes, o que indica que foram geradas a partir de uma mesma fonte neo-mesoarqueana. Alternativamente os ortognaisses do CRM poderiam resultar da mistura da fonte mesoarqueana com crosta juvenil do Paleoproterozoico. Neste caso, o GS poderia ser produto da fusão das rochas do CRM. Dois gnaisses coletados como pertencentes ao CRM apresentaram idades U-Pb em zircão do Neoproterozoico. O primeiro corresponde a um ortognaisse tonalítico cujo protólito cristalizou em 599 ± 15 Ma. Apresenta zircões herdados com idades variando entre 677 e 2990 Ma. As idades modelo Hf-TDMC dos cristais que definiram a idade de 599 Ma estão situadas entre 1,43 e 1,97 Ga, com valores de ƐHf(599 Ma) variando de -10,90 a -0,88. Estes valores sugerem que o magma tonalítico foi gerado por retrabalhamento de rochas crustais mais antigas, possivelmente com menores contribuições de material mantélico do Neoproterozoico. O outro gnaisse é uma rocha paraderivada, rica em sillimanita, com grãos detríticos de zircão com idades entre 594 e 2336 Ma. Portanto, a idade máxima do protólito sedimentar é inferior a 590 Ma. Os valores das idades modelo Hf-TDMC destes cristais indicam que as rochas fontes foram geradas, predominantemente, por retrabalhamento de material mais antigo. O evento de metamorfismo que formou esses gnaisses mais jovens, provavelmente, está associado com a colisão do Arco Magmático de Goiás com o segmento sul do embasamento do CA, no contexto da formação do Supercontinente Gondwana no Neoproterozoico.

     

  • ALEXANDRE MAXIMO SILVA LOUREIRO
  • ARGAMASSAS HISTÓRICAS DE BELÉM DO PARÁ

  • Data: Sep 16, 2019
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  • A cidade de Belém, ao norte do Brasil, conhecida como a metrópole da Amazônia, nasceu às margens da baía d Guajará em 12 de janeiro de 1616, com a denominação de Nossa Senhora de Belém do Grão-Pará, capital da província do Grão-Pará, hoje estado brasileiro do Pará. Hoje, Belém ainda estampa em seus edifícios dos períodos colonial e imperial, revestimentos em argamassa de cal que protegem as estruturas seculares e mantém vivo o testemunho de como este material era produzido no passado, início de sua história. Ao longo dos anos, inúmeras patologias podem atingir estas argamassas, o que prejudica tanto a sua estética quanto a sua funcionalidade. Tais patologias estão relacionadas a: umidade, eflorescência salina, colonização biológica e/ou ações antrópicas. Uma vez deterioradas, as argamassas necessitam de manutenção, consolidação ou substituição, procedimentos de difícil execução que podem levar à utilização de materiais inadequados. Por isso, é fundamental que sejam adotadas estratégias adequadas de coleta e caracterização do material antigo, visto que em estudos voltados para a ciência do restauro é necessário que a concepção da intervenção seja por meio da reconstituição dos materiais originais. Assim, o objetivo principal da tese consiste na determinação das principais características e propriedades das argamassas históricas de Belém do Pará dos séculos XVIII e XIX, bem como propor argamassas de restauro compatíveis com o material histórico, empregando resíduos da indústria do caulim para cobertura de papel. Para isto, a tese foi estruturada em três artigos independentes e de temáticas complementares, que abordam o caso das argamassas históricas de Belém do Pará, desde a sua caracterização até a proposta de argamassas de restauro: 1) Investigação de argamassa histórica de Belém do Pará, Norte do Brasil; 2) Como estimar a relação ligante:agregado das argamassas históricas à base da cal aérea para restauração?; e 3) O uso de resíduo industrial da região amazônica em argamassas de restauro de cal-metacaulim: avaliação de compatibilidade. Assim, foram determinadas as características físicas, químicas e mineralógicas, bem como as propriedades físicas e mecânicas do material histórico e do material de restauro. Os resultados possibilitaram a caracterização das argamassas históricas de Belém do Pará apontando seus principais componentes, suas funções e possíveis fontes de matéria-prima, além de indicar o uso de técnicas analíticas adequadas à quantificação da relação ligante:agregado, as quais obtiveram boa acurácia e precisão em seus resultados. Ainda, os resultados mostram uma vasta gama de características e propriedades obtidas por meio das argamassas de restauro, que podem servir como parâmetro de comparação com outros estudos ou mesmo para aplicações práticas em alvenarias históricas. Ao final foi possível identificar as argamassas de restauro mais compatíveis com as argamassas históricas de Belém do Pará, Norte do Brasil.

  • LUANA CAMILE SILVA SILVA
  • GEOLOGIA E GEOQUÍMICA DOS GRANITOIDES MESOARQUEANOS DA PORÇÃO NOROESTE DO DOMÍNIO RIO MARIA DA PROVÍNCIA CARAJÁS: INDIVIDUALIZAÇÃO E CONTEXTO TECTÔNICO DAS ROCHAS DA ÁREA DE TUCUMÃ (PA)

  • Data: Sep 16, 2019
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  • A Província Carajás (PC) representa o maior núcleo Arqueano preservado do Cráton Amazônico. A área de Tucumã está inserida na porção noroeste do Domínio Rio Maria (DRM), próximo ao limite tectônico com o Domínio Carajás, e é marcada pela ocorrência de diferentes tipos de granitoides de idade mesoarqueana. Este estudo trata da discriminação e individualização dos granitoides desta área, a qual segundo estudos anteriores (de escala regional) é dominada pela Suíte Rio Maria, por rochas do Complexo Xingu e metamáficas pertencentes às sequências greenstone belts. A partir de dados obtidos no mapeamento geológico em escala de detalhe (1:50.000), verificou-se que o quadro geológico da área de Tucumã é mais diversificado e complexo. Com isso, a unidade mais expressiva na área de Tucumã passa a ser representada pelas rochas leucomonzograníticas de alto-K que formam um batólito associado a pequenas intrusões granitoides de naturezas diversas. Tais intrusões ocorrem na forma de sigmoides, controladas por zonas de cisalhamentos anastomosadas de direção NE-SW e E-W. A discriminação geoquímica destes corpos levou ao reconhecimento de cinco grupos: i) Leucomonzogranito alto-K; ii) Granitos alto-HFSE, subdivididos em médio-Ba e alto-Ba; iii) Granodiorito Pórfiro médio-K; iv) Granodiorito alto-Mg; e v) Tonalito. Tais granitoides apresentam afinidade com a série cálcio-alcalina, excetuando-se a unidade tonalítica que seguem o trend trondhjemítico de afinidades TTG. Esta é composta por rochas magnesianas de baixa razão K2O/Na2O, que também se diferenciam das demais intrusões por conta de seu padrão estrutural N-S mais antigo, coincidente com aquele encontrado nas rochas metamáficas (sequência greenstone belt). O padrão ETR destas rochas é moderadamente fracionado (média razão La/Yb e Sr/Y) com ausência de anomalia negativa de Eu (típico de granitoides TTG). Tais características são afins daquelas atribuídas às rochas do Trondhjemito Mogno de média razão La/Yb. Dentre as unidades cálcio-alcalinas, o Granodiorito Pórfiro médio-K difere dos demais pelo caráter magnesiano e maior enriquecimento em Na2O (moderada razão K2O/Na2O), o que demonstra certa afinidade com as suítes TTG. No entanto, o Granodiorito Pórfiro médio-K possui maiores teores de Ba, K e Th em relação as rochas de composição TTG, indicando fortes semelhanças com as chamadas suítes TTGs Transicionais ou Enriquecidas do Cráton Yilgarn. Sua origem estaria relacionada à fusão de uma crosta heterogênea com intercalação de basaltos enriquecidos e  rochas félsicas, enquanto que a unidade tonalítica seria produto da fusão parcial de uma fonte máfica hidratada (metabasaltos). Os Granodioritos de alto-Mg ocorrem de maneira restrita, distinguem-se por serem mais enriquecidos em Sr e elementos mantélicos (Mg, Cr e Ni), e empobrecidos em ETRP em relação aos demais granitoides. Estas características assinalam fortes afinidades com as suítes sanukitoides (Granodiorito Rio Maria), ligados à fusão parcial do manto metassomatizado em altas profundidades. Os granitos alto-HFSE (médio- e alto-Ba) compartilham características geoquímicas com as Suítes Sanukitoide e Leucomonzogranito alto-K, semelhantes aos Granitos Híbridos do Cráton Dharwar (tipo-Closepet). Estas suítes podem representar a atuação de processos de interação em diferentes graus (mingling ou mixing) na crosta média, entre líquidos crustais (tonalitos/metassedimentos) e magmas diferenciados do manto enriquecido. Já o Leucomonzogranito alto-K representa o grupo de rochas mais evoluído da região, onde o enriquecimento em LILEs (Ba, K e Rb) e anomalia negativa de Eu indicam processos de retrabalhamento de uma crosta félsica (provavelmente tonalítica) antiga em níveis crustais intermediários (transição crosta rúptil-dúctil). Esta unidade apresenta fortes afinidades com o Granito Xinguara do DRM. A variedade tonalítica também se distingue das demais por apresentar maior grau de deformação, contrastando com o padrão estrutural dos granitoides cálcio-alcalinos que registram uma deformação incipiente a moderada, com desenvolvimento de uma foliação tectônica WNW-ESSE, tornando-se mais intensa nas porções afetadas pelas zonas de cisalhamento. As texturas observadas (manto- núcleo e microcracks) indicam a atuação de processos deformacionais durante a cristalização do magma sob altas temperaturas (>500ºC), típico de granitoides sintectônicos. Granitoides pouco deformados apresentam evidências de recristalização dinâmica em temperaturas abaixo de 400ºC. De acordo com o modelo adotado para a porção sul do DRM, os granitoides da área de Tucumã representam duas fases de magmatismo. A primeira fase (2,98 -2,92 Ga) está relacionada à formação de uma crosta TTG a partir de fusão de um platô oceânico ou crosta máfica espessada, com fusão em diferentes níveis crustais e metassomatização do manto por magmas TTG. A segunda fase de magmatismo (~2.87 Ga) se inicia a partir de eventos termais (slab breakoff, delaminação ou plumas) que fundem o manto metassomatizado com produção de magmas sanukitoide e granitos híbridos, que ao se alojarem na base da crosta servem como fonte de calor para a fusão das rochas sobrejacentes (geração de granitos alto-K).

  • MEIREANNY DE ALBUQUERQUE GONCALVES
  • TRAÇOS FÓSSEIS DE CRUSTÁCEOS DA FORMAÇÃO PIRABAS, MIOCENO DA PLATAFORMA BRAGANTINA, NE DO PARÁ

  • Data: Sep 16, 2019
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  • Os depósitos miocenos da Formação Pirabas apresentam em seu conteúdo fossilífero registros de crustáceos decápodes pertencentes à epifauna e infauna. Estes organismos também são assinalados pela presença de icnofósseis que permitem a discriminação das principais atividades realizadas durante a construção destas escavações. As descrições das microfácies em associação com as principais ocorrências de traços fósseis na Formação Pirabas permitiram maiores interpretações sobre a distribuição e comportamento dos crustáceos decápodes, assim como as principais condições de salinidade, batimetria e oxigenação do paleoambiente. As microfácies carbonáticas descritas são mudstone, wackstone maciço com equinodermas, packstone rico em foraminíferos e moluscos, grainstone com terrígenos e algas, bafflestone com briozoário e terrígenos, packstone/wackstone com laminação plano- paralela, packstone/grainstone com foraminíferos e rudstone com fragmentos de moluscos. Os principais icnogêneros descritos são Thalassinoides, Gyrolithes e Sinusichnus individualizados em seis icnoespécies tais como Thalassinoides suevicus, Thalassinoides paradoxicus, Thalassinoides isp., Gyrolithes dravexi, Gyrolithes krameri e Sinusichnus sinuosos. Esta icno-assembleia apresenta características típicas da icnofácies Cruziana composta principalmente por construções predominantemente horizontalizadas de habitação (domichnia) e alimentação (fodinichnia) produzidas sob condições de energia que variam de níveis moderados a baixos. A quantificação da bioturbação permitiu a distinção de três icnofábricas denominadas icnofábrica Gyrolithes, icnofábrica Sinusichnus e icnofábrica dominada por Thalassinoides cujos índices de bioturbação variam entre ii=2, com taxas de 10-15% até ii=4 cujas taxas são de 35-65%. Estes índices indicam o aumento progressivo da intensidade da bioturbação desde a associação de tidal flat, laguna até a associação de barreira bioclástica. As análises petrografica, MEV (Microscópio eletrônico de varredura), EDS (Espectroscopia de enegia dispersiva) e DR-X (Difração de raio-X) indicaram diferentes composições no preenchimento dos traços compatíveis com microambientes reduzidos comprovados também pela presença de concreções de pirita e siderita, interpretados como reflexos da interação de microorganismos com a matéria orgânica e a redução do sulfato disponível dentro e no entorno das escavações.

  • CLAUBER ROBERTO DA FONSECA ASSIS
  • EVOLUÇÃO DO EMBASAMENTO ARQUEANO E PALEOPROTEROZOICO DO CINTURÃO ARAGUAIA COM BASE EM DADOS ISOTÓPICOS U-Pb E Lu-Hf EM ZIRCÃO POR LA-MC-ICPMS

  • Data: Sep 10, 2019
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  • O embasamento do Cinturão Araguaia (CA) é constituído predominantemente por rochas arqueanas e paleoproterozoicas. As primeiras prevalecem no segmento norte. Enquanto as rochas paleoproterozoicas dominam na porção sul. Ao norte, as rochas do embasamento afloram no núcleo de estruturas dômicas, e são representadas principalmente por ortognaisses arqueanos com afinidade TTG (Complexo Colmeia). Subordinadamente ocorrem gnaisses graníticos do Paleoproterozoico (Gnaisse Cantão). Ao sul, as rochas paleoproterozoicas, são representadas especialmente pelos orto- e paragnaisses do Complexo Rio dos Mangues (CRM) e pelo Granito Serrote (GS). Mais restritamente afloram unidades neoarquenas (Grupo Rio do Coco) e mesoproterozoicas (Suite Monte Santo). Datações pelo método de evaporação de Pb em monocristais de zircão (Pb-Pb em zircão) definiram idades em torno de 2,86 Ga para os ortognaisses do Complexo Colmeia. Para os gnaisses do CRM essas idades ficaram na faixa de 2,05-2,08 Ga. Por sua vez, a idade de 1,86 Ga foi obtida para o GS, intrusivo nos gnaisses do CRM. Datações recentes realizadas pelo método U-Pb em zircão por LA-MC-ICPMS revelaram idades distintas para os ortognaisses das estruturas de Lontra (2905 ± 5,1 Ma) e Cocalândia (2869 ± 11 Ma). Considerando as limitações analíticas do método Pb-Pb em zircão, neste trabalhoretomou-se a datação das rochas do embasamento do CA utilizando o método U-Pb em zircão por LA-MC-ICPMS. Essa investigação foi complementada com o uso do sistema Lu-Hf em zircão visando entender a evolução desse segmento crustal. As idadesde 2930 ± 15 Ma, 2898 ± 11 Ma e 2882 ± 9 Ma foram determinadas para os ortognaisses das estruturas de Xambioá, Grota Rica e Colmeia, respectivamente. Estas idades, juntamente com aquelas publicadas para os ortognaisses das estruturas de Lontrae Cocalândia, indicam que os protólitos ígneos dos ortognaisses do CC foram gerados por eventos magmáticos distintos, em um intervalo de 60 Ma. As idades Hf-TDMC  dos cristais de zircão destas rochas indicam uma origem a partir de crosta juvenil formada no Mesoarqueano, com maior contribuição de material crustal mais antigo para os protólitos dos gnaisses das estruturas de Grota Rica e Colmeia. Para um ortognaisse do CRM foi obtida a idade de 2059,7 ± 6,4 Ma. Para um Metasienogranito porfirítico do GS a idade de 1868 ± 16 Ma foi definida. Esses dados, em ambos os casos, corroboram as idades Pb-Pb em zircão previamente obtidas. As idades Hf-TDMC e os valores de ƐHf(t) em zircão dessas duas rochas ocorrem em intervalos muito semelhantes, o que indica que foram geradas a partir de uma mesma fonte neo-mesoarqueana. Alternativamente os ortognaisses do CRM poderiam resultar da mistura da fonte mesoarqueana com crosta juvenil do Paleoproterozoico. Neste caso, o GS poderia ser produto da fusão das rochas do CRM. Dois gnaisses coletados como pertencentes ao CRM apresentaram idades U-Pb em zircão do Neoproterozoico. O primeiro corresponde a um ortognaisse tonalítico cujo protólito cristalizou em 599 ± 15 Ma. Apresenta zircões herdados com idades variando entre 677 e 2990 Ma. As idades modelo Hf-TDMC dos cristais que definiram a idade de 599 Ma estão situadas entre 1,43 e 1,97 Ga, com valores de ƐHf(599 Ma) variando de -10,90 a -0,88. Estes valores sugerem que o magma tonalítico foi gerado por retrabalhamento de rochas crustais mais antigas, possivelmente com menores contribuições de material mantélico do Neoproterozoico. O outro gnaisse é uma rocha paraderivada, rica em sillimanita, com grãos detríticos de zircão com idades entre 594 e 2336 Ma. Portanto, a idade máxima do protólito sedimentar é inferior a 590 Ma. Os valores das idades modelo Hf-TDMC destes cristais indicam que as rochas fontes foram geradas, predominantemente, por retrabalhamento de material mais antigo. O evento de metamorfismo que formou esses gnaisses mais jovens, provavelmente, está associado com a colisão do Arco Magmático de Goiás com o segmento sul do embasamento do CA, no contexto da formação do Supercontinente Gondwana no Neoproterozoico.

  • CLEBER EDUARDO NERI RABELO
  • A SUCESSÃO JURÁSSICA-EOCRETÁCEA DA BACIA DO PARNAÍBA, NE DO BRASIL: PALEOAMBIENTE, DIAGÊNESE E CORRELAÇÃO COM OS EVENTOS MAGMÁTICOS DO ATLÂNTICO CENTRAL (CAMP)

  • Data: Sep 6, 2019
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  • A história da transição do Jurássico ao Eocretáceo (~200 a 100 Ma) nas bacias do Norte do Brasil foi marcada por mudanças paleoambientais, paleoclimáticas e paleogeográficas expressivas relacionadas à fragmentação do Supercontinente Pangéia. Este evento foi concomitante com a abertura do Oceano Atlântico Central (ca. 190 Ma) e instalação de extensas províncias ígneas (LIPs) como a Província Magmática do Atlântico Central (CAMP). Esses eventos precederam a ruptura do West Gondwana e, no Brasil, estão registrados principalmente nas bacias intracratônicas do Solimões, Amazonas e Parnaíba. Os eventos extrusivos relacionados a CAMP ocorrem apenas na Bacia do Parnaíba e são registrados em basaltos da Formação do Mosquito de idade jurássica inferior (199, 7 ± 2,45 Ma). Estas rochas ocorrem intercaladas com arenitos e pelitos (depósitos intertrap) e são recobertas discordantemente pelas formações Corda e Pastos Bons do Cretáceo inferior. As análises de fácies e petrográficas realizadas em afloramentos e testemunhos de sondagem da sucessão Jurássica-Cretácea, exposta nas regiões centro-oeste e sudeste da Bacia do Parnaíba revelaram trinta e quatro fácies sedimentares agrupadas em 8 associações de fácies representativas de sistemas desérticos úmidos implantados sobre uma planície vulcânica basáltica (formações Mosquito e Corda) e de sistemas lacustres (depósitos intertrap e Formação Pastos Bons). Os arenitos intertrap são interpretados com depósitos fluvio- eólicos, são intensamente silicificados, com grãos arredondados a subangulosos de granulometria fina a grossa, além de grânulos e seixos de rocha vulcânica, quartzo e, subordinadamente, feldspato. Os canais fluviais com dunas subaquosas e lençóis arenosos foram incisos no substrato basáltico e enxurradas favoreceram a infiltração mecânica de argilas no sedimento e formando cutículas sobre os grãos. Lateralmente ao sistema fluvial coexistiam dunas eólicas indicadas pelo registro de arenitos finos a médios, com grãos arredondados e foscos, exibindo estratificações cruzadas de baixo ângulo e tabular de pequeno porte. As áreas topograficamente mais rebaixadas favoreceram a formação de depósitos interdunares e de lagos rasos registrados por ritmito arenito- lamito silicificado com acamamento ondulado e estruturas de adesão. O fluxo de calor e a atividade hidrotérmica relacionados a colocação dos derrames basálticos aceleraram a devitrificação dos clastos vulcânicos, liberando sílica e culminando na precipitação eodiagenética de calcedônia e, subordinadamente, megaquartzo, zeólita poiquilotópica e óxidos de Fe e Ti, reduzindo a porosidade e a permeabilidade dificultando os processos da diagênese de soterramento pós- jurássicos. No intervalo entre o Jurássico Superior ao Cretáceo Inferior, a diminuição das isotermas e da carga crustal induzida pelo peso dos corpos de basalto propiciou a implantação do sistema desértico húmido Corda. Este sistema desértico é composto por depósitos de campo de dunas, canais fluviais efêmeros e perenes com migração preferencial para o sudeste. Os depósitos de campo de dunas consistem em arenitos finos a médios com grãos arredondados e foscos, exibindo estratificações cruzadas tabulares e tangenciais de pequena a média escala, além de estratificação plano-paralela e laminação cruzada cavalgante subcrítica. Os depósitos de interdunas úmidas são constituídos por arenitos finos a médios formando ciclos centimétricos com topos marcados por paleossolos indicados por horizontes mosqueados ricos em óxido-hidróxido de ferro, bioturbações, laminação ondulada, estruturas de adesão e gretas de dissecação. O sistema fluvial Corda provavelmente alimentou o lago Pastos Bons implantado no depocentro da bacia durante o Cretáceo Inferior. Estes depósitos fluviais são constituídos predominantemente por conglomerados com grânulos e seixos angulosos de basalto, arenitos finos a grossos com estratificações cruzadas acanaladas e sigmoidais, laminação cruzada e acamamento maciço, e subordinadamente argilitos. Depósitos de lençol de areia são compostos de arenitos finos a grossos, com laminação plano-paralela, estratificação cruzada de baixo ângulo, laminação cruzada cavalgante subcrítica, estruturas de adesão, gutter casts e estruturas de sobrecarga. O cimento de zeólita poiquilotópica é representado pela laumontita e estilbita-Ca, ocorrendo principalmente nos depósitos de dunas. Esta cimentação foi produzida pela interação da percolação de fluído no substrato vulcânico intemperizado. A reativação desse sistema diagenético foi desencadeada pelo magmatismo cretáceo pós-CAMP (Formação Sardinha) que influenciou e acelerou as reações químicas em um sistema diagenético hidrológico aberto com pH alcalino, baixa PCO2, depleção de K+ e alta razão Si/Al. A fase eodiagenética do arenito Corda, em baixas temperaturas foi marcada pela precipitação de franjas de calcita, estilbita-Ca e compactação mecânica. Com o aumento da temperatura ocorreu a precipitação da laumontita. Em oposição a fase de laumontita foi precipitada em temperaturas mais elevadas. Esta pesquisa permitiu ampliar o conhecimento principalmente sobre: 1) os processos e produtos relacionados à interação entre a sedimentação continental e a erupção fissural do basalto ligada ao último evento magmático da CAMP; 2) os mecanismos de cimentação precoce anômala que dificultou a diagênese tardia desses depósitos; e 3) o papel do aquecimento pós-CAMP na reativação desse sistema diagenético do Cretáceo. Este novo entendimento é uma assinatura no reconhecimento dos depósitos Jurássico-Cretáceos da Bacia do Parnaíba, que pode ser usado para a correlação com outras bacias do Gondwana Oeste.

  • LUIZ SATURNINO DE ANDRADE
  • PALEOAMBIENTE E PALEOCLIMA DA FORMAÇÃO PEDRA DE FOGO DA BACIA DO PARNAÍBA E SUA CORRELAÇÃO COM OS EVENTOS GLOBAIS DE SILICIFICAÇÃO

  • Data: Sep 2, 2019
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  • A Formação Pedra de Fogo (Bacia do Parnaíba) constitui uma unidade sedimentar que possui um dos mais importantes registros sedimentares do início do Permiano (Cisuraliano), caracterizada principalmente por intensa silicificação ao longo de toda sua extensão. Embora muitos trabalhos tenham contribuído para o entendimento do paleoambiente desta unidade, importantes lacunas quanto às condições sedimentológicas e paleoclimáticas que favoreceram a grande concentração e preservação da sílica mediante as mudanças globais ocorridas no início e ao longo do Permiano, ainda permanecem inconclusivas. Problemas quanto quais as fontes de sílica tiveram maior contribuição para o expressivo conteúdo de chert, nunca foram satisfatoriamente explicados. Não se tem referências sobre as origens orgânica e/ou inorgânica, bem como, pouco se sabe a respeito das condições e processos que conduziram à preservação dos depósitos e concreções silicosas, bem como a gênese da conhecida ocorrência de carbonatos. No intuito de preencher estas lacunas, e/ou contribuir para o melhor entendimento dos processos deposicionais nesta unidade, este trabalho fez análise de fácies e estratigráfica, complementada por análises de DRX, FRX, MEV e Catodoluminescência dos depósitos da Formação Pedra de Fogo nas porções leste e sudeste da Bacia do Parnaíba. Foram confeccionadas seções colunares que permitiram definir dezesseis fácies sedimentares, que foram agrupadas em quatro associações de fácies referentes as formações Pedra de Fogo e Piauí. As associações AF1 - Wetland lacustre, AF2 - Nearshore lacustre dominado por ondas e AF3 - Fluvial efêmero/terminal splays, são associadas a Formação Pedra de Fogo; enquanto a associação AF4 - Fluvial entrelaçado, é associada a Formação Piauí. De uma forma geral, todos os elementos registrados são indicativos que a porção estudada da Formação Pedra de Fogo foi depositada em um sistema lacustre árido, endorréico, frequentemente afetado por regimes de tempestades e eventualmente alimentado por fluviais efêmeros. Embora caracteristicamente árido, esse sistema mantinha, pelo menos sazonalmente, teores relativamente elevados de umidade suficiente para manutenção e proliferação de sua pujante tafoflora, formada principalmente por gimnospermas. Essa flora habitava as porções periféricas desses lagos, tanto nos períodos relativamente úmidos, quanto nos períodos relativamente secos, como forma de compensar a reduzida umidade. O câmbio estratigráfico entre os registros de estruturas organossedimentares (microbialitos) e caules de gimnospermas em posição de vida, foi interpretado como migração das linhas de costa lacustres, em resposta as expansões e contrações desses lagos, desencadeadas por sazonalidades climáticas na porção ocidental sul do Pangeia. Certamente a flora Pedra de Fogo constituiu importante catalizador da expressiva silicificação tão característica desta unidade. Esta silicificação é predominantemente sindeposicional/eogenética, formada amplamente por microquartzo, sob condições de supersaturação em sílica suficientemente alta para preservar delicadas estruturas microbiais, bem como caules de gimnospermas em posição de vida. A oclusão de fraturas e vazios de dissolução (poros secundários), por mosaicos de megaquartzo, esferulitos de calcedônia e calcedônia em “franja” (chalcedonic overlay), além de grandes cristais (mm) em drusa de calcita espática, são indicativos de silicificação policíclica e circulação de fluidos carbonáticos até zonas mesogenéticas. Os carbonatos são secundários, com eventuais dolomitização. A presença da microtextura gridwork, indica que a gênese da silicificação é similar ao chert-tipo Magadi, porém de fontes distintas, dada a inexistência de registros de rochas vulcânicas nos depósitos Pedra de Fogo.

     

  • VICTOR ROCHA CARVALHO
  • A DINÂMICA DA VEGETAÇÃO NAS PLANÍCIES DE MARÉ DO DELTA DO RIO DOCE DURANTE O HOLOCENO TARDIO

  • Data: Aug 31, 2019
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  • Este trabalho tem como objetivo avaliar a dinâmica da vegetação nas planícies de maré do delta do rio Doce – sudeste do Brasil – sob a influência das mudanças climáticas e das flutuações do nível relativo do mar durante o Holoceno Tardio (2350 anos cal AP). Para isso, foram utilizadas datações 14C, descrição de características sedimentares e dados polínicos, obtidos a partir de dois testemunhos denominados URU1 e URU2, com profundidades de 0,5 m e 4 m, respectivamente, coletados com um Trado Russo. Os testemunhos apresentaram quatro fácies sedimentares, típicas de planícies de maré: i) acamamento heterolítico flaser (Hf), ii) acamamento heterolítico wavy, iii) acamamento heterolítico lenticular (Hl) e iv) lama com laminação paralela (Mp). A análise polínica do testemunho URU1 revelou o predomínio de ervas, árvores e arbustos em todas as profundidades, com aumento na frequência da vegetação aquática em direção à superfície. No testemunho URU2 foram registrados palinomorfos de manguezais e de foraminíferos na parte basal e mediana, sugerindo um domínio marinho/estuarino mais atuante até aproximadamente 2250 anos cal AP. Por outro lado, nas profundidades mais próximas ao topo do testemunho URU2 ocorreu a redução dos grãos de manguezal e de foraminíferos, seguido de um aumento da vegetação aquática de água doce, indicando diminuição da influência marinha. Essa tendência pode ser resultado de um clima relativamente mais úmido a partir de ~2250 anos cal AP, que proporcionou aumento dos índices pluviométricos e maior vazão dos rios na região, com aumento da influência fluvial. Foi possível perceber ainda, possíveis alterações antrópicas e /ou natural, corroborado pelo aumento na porcentagem de grãos de Cecropia e Typha angustifolia, e pela diminuição na cobertura de palmeiras nas planícies de maré, a partir de ~2250 anos cal AP. Assim, é razoável propor que o aumento da influência de água doce nos últimos 2000 anos, foi decisivo no aumento do transporte de sedimentos pelos rios para a planície deltaica, o qual pode ser o responsável pelo processo de substituição da planície de maré colonizada por manguezais por vegetação herbácea.

  • LAIS AGUIAR DA SILVEIRA MENDES
  • DINAMICA DA PAISAGEM NA PORÇÃO NORTE DA ILHA DO BANANAL-TO E ADJACENCIAS AO LONGO DO QUATERNARIO  TARDIO

  • Data: Aug 30, 2019
  • Show resume
  • Estudos paleoclimáticos e paleoambientais visam entender os processos de evolução de paisagens globais, contribuindo para reconstituição das paisagens quaternárias e das mudanças climáticas e ambientais a que foram submetidas ao longo deste período da história geológica da Terra. Alguns estudos na Amazônia, mas, principalmente aqueles realizados em regiões mais sensíveis, como os ecótonos e wetlands, mostram que estas áreas sofreram várias mudanças paleoecológicas durante o Pleistoceno e Holoceno. O presente estudo foi realizado na região da Ilha do Bananal situada em uma área de transição entre os biomas amazônicos e cerrado. A Ilha do Bananal considerada por diversos autores como a maior ilha fluvial do mundo, ocupa uma área de cerca de 20.000 km² e está situada entre o curso médio do rio Araguaia e o seu afluente pela margem direita, o rio Javaés, no Estado do Tocantins. A porção norte da ilha, se destaca por um complexo mosaico de feições geomorfológicas (diques marginais, meandros abandonados, paleocanais e lagos) e geobotânicas contrastantes (florestas e savanas), que refletem a intensa atividade hidrodinâmica nesta região. Sazonalmente ela é inundada pelas águas pluviais e pela elevação do lençol freático, por isso, é considerada uma seasonal wetland. O objetivo deste trabalho foi entender a dinâmica dessa paisagem, com base no estudo da composição mineralógica e química dos solos e sedimentos e na composição palinológica de sedimentos lacustres dessa região. Dessa forma, foram coletadas amostras de barrancos expostos nas margens dos rios Javaés e Araguaia, de barras arenosas e sedimentos lacustres. Os solos e sedimentos foram analisados quanto à sua mineralogia por Difração de Raios- X e química por ICP-MS. Os testemunhos de sedimentos coletados em 2 lagos distintos, um localizado no interior da porção norte da Ilha do Bananal (Lago Quatro Veados) e o outro situado nos arredores do Rio Javaés (Lago da Mata Verde) foram analisados quanto ao seu conteúdo palinológico e datados por AMS 14C. Os resultados desta pesquisa estão apresentados em 3 artigos: o primeiro trata sobre a mineralogia e geoquímica dos solos e sedimentos da Ilha do Bananal, das barras e barrancos ao longo do Rio Javaés. Discorre, portanto, sobre a natureza diversificada dos minerais e elementos químicos que compõem os estratos e horizontes dessas coberturas superficiais, apontando proveniência geológica, bem como os processos geoquímicos envolvidos na dinâmica atual e pretérita dessa paisagem. O segundo artigo apresenta a dinâmica da vegetação ao longo dos últimos 2000 anos AP no interior da Ilha do Bananal e discute sua relação com as condições climáticas e edáficas locais. O terceiro artigo, por sua vez, descreve a sucessão vegetal ocorrida nos últimos 400 anos AP, com base no registro polínico de sedimentos de um lago situado nos arredores da Ilha do Bananal, bem como, analisa o espectro polínico moderno na região. Os resultados obtidos através do presente trabalho apresentam uma paisagem altamente diversificada quanto as suas geoformas, coberturas sedimentares e pedogenéticas e aspectos geobotânicos resultante dos diversos momentos de sua história geológica e que mesmo atualmente se mostra dinâmica e intrigante. Os solos e sedimentos dessa paisagem são variados quanto as suas texturas (sequencias de materiais arenosos e argilosos) e composições mineralógicas e químicas onde minerais primários e derivados de variados graus de intemperismo químico coexistem em um mesmo perfil, evidenciando momentos de condições climáticas contrastantes. Mesmo, atualmente é possível observar in loco ambientes com dinâmicas variáveis (erosivas, sedimentares, pedogenéticas, etc.), bem como, processos geoquímicos diversos, tais como, aqueles de oxidação das barras e barrancos arenosos e também os processos redutivos dessas areias ferruginizadas (por vezes, confundidas equivocadamente com perfis lateríticos), devido o contato com os ácidos orgânicos produzidos pela cobertura florestada e condições hidromórficas as quais são submetidas. Com relação às mudanças na vegetação ao longo do Holoceno tardio, observou-se um controle climático, mas, sobretudo edáfico, uma vez que, essa área é sazonalmente alagada, fato este favorecido pela natureza argilosa dos horizontes superficiais dos solos, das altas taxas de pluviosidade como estação chuvosa prolongada (em média 6 meses) e da extensivamente planura do terreno. Assim, fatores como a duração das inundações e das condições de hidromorfismo decorrentes são responsáveis por controlar a instalação de florestas e/ou savanas que caracterizam a região. Dessa maneira, a regência de um clima mais seco com o encurtamento das estações chuvosas que causa a elevação do lençol freático pode representar condições favoráveis ao desenvolvimento e avanço da floresta. Por outro lado, um clima mais úmido com estações chuvosas mais prolongadas causaria inundações, abrangendo áreas maiores e os solos permaneceriam saturados por períodos mais longos, fato este que desfavorece o avanço da floresta e possibilita a manutenção ou mesmo expansão das savanas, especialmente aquelas dominadas por gramíneas sobre a região. No entanto, como já mencionado, as condições climáticas nessa região, controlam a expansão das formações florestais, porém, não são os únicos fatores protagonistas nesse processo, uma vez que, a presença da wetland decorrente da topografia baixa e plana, dos solos argilosos e da saturação dos solos e sedimentos se constitui um impedimento efetivo para instalação de florestas. Outro fator responsável pela substituição da floresta de galeria por savana arbórea, por exemplo, é o abandono de canais, fato observado atualmente na região, onde é possível trilhar por dentro desses antigos leitos dos rios, muitos desses locais já enriquecidos em espécies como a Curatella americana e Byrsonima sp entre outras. A Ilha do Bananal que se insere geologicamente no contexto da Bacia do Bananal e é banhada por umas das maiores bacias hidrográficas do território brasileiro (Araguaia-Tocantins), configura-se como uma paisagem extremamente importante para a compreensão do dinâmica das wetlands e também das áreas de ecótonos floresta-savana, durante o Quaternário, enquadrando-se nas duas situações. A parte norte da ilha onde foi desenvolvida esta pesquisa ainda carece de estudos. Entretanto, de um modo geral, esta pesquisa trouxe contribuições para entender a dinâmica funcional dessa paisagem frente as mudanças climáticas e ambientais ocorridas na região, bem como para ampliar o conhecimento sobre as paisagens de transição entre a floresta amazônica e as savanas, cujo conhecimento paleoambiental ainda é restrito.

  • REINALDO FONTOURA DE MELO JUNIOR
  • ESTUDOS DE INCLUSÕES FLUIDAS E ISOTÓPICOS (Sr, C, O, H) E IMPLICAÇÕES PARA A MINERALIZAÇÃO AURÍFERA NO ALVO ENCHE CONCHA, CINTURÃO GURUPI, PARÁ, PA

     

  • Data: Aug 19, 2019
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  • O Cinturão Gurupi é um orógeno Neoproterozoico de orientação NNW-SSE desenvolvido na borda sul-sudoeste do Fragmento Cratônico São Luis, de idade Paleoproterozoica. Este cinturão é composto por sequências metavulcanossedimentares, gnaisses e várias gerações de rochas plutônicas que representam fragmentos retrabalhados da borda cratônica e porções do embasamento sobre o qual se ergueu o Cinturão Gurupi no Neoproterozoico. A Formação Chega Tudo é uma sequência metavulcanossedimentar do Riaciano, que se caracteriza por ser uma faixa estreita e alongada segundo a direção NW-SE, que se confunde com a Zona de Cisalhamento Tentugal, principal controladora das mineralizações auríferas do cinturão. As rochas dessa unidade apresentam-se invariavelmente xistosas e/ou milonitizadas, localmente dobradas, sendo esta unidade composta por uma alternância de rochas metavulcânicas, metavulcanoclásticas e metassedimentares. O Alvo Enche Concha é um dos prospectos auríferos hospedados na Formação Chega Tudo e aquisão apresentados estudos para melhor definição de suas características geológicas e aspectos genéticos. Os resultados mostram que as rochas hospedeiras são filitos, dacitos e zonas de brechas. Os filitos são rochas de coloração preta esverdeadas, constituídas essencialmente por quartzo, micas e carbonato. Os dacitos são rochas de coloração cinza esbranquiçada constituídas basicamente  por plagioclásio e quartzo. As zonas brechadas são rochas fragmentárias, não coesas, sem trama tectônica evidente e constituídas por fragmentos de veios de quartzo e carbonato e por fragmentos de filito. Os tipos de alteração hidrotermal definidos são: (i) silicificação, (ii) sericitização, (iii) carbonatação e (iv) sulfetação, além da deposição do ouro. Foram identificados na associação de sulfetos pirita (predominante), esfalerita e calcopirita. O ouro ocorre como inclusões nos três sulfetos, com teores de até 6%, como identificado em análises por Microscopia Eletrônica de Varredura. As inclusões fluidas ocorrem em veios de quartzo e foram classificadas como do tipo 1 (aquocarbônicas bifásicas - H2Olíquido - CO2líquido ou H2Olíquido - CO2vapor), e do tipo 2 (aquosas monofásicas e bifásicas - H2Olíquido e H2Olíquido - H2Ovapor). As inclusões do tipo 1 forneceram valores de temperatura de fusão do CO2 (TfCO2) entre -56,6 e -57,3º C, o que permite inferir que o principal componente volátil da fase carbônica dessas inclusões é o CO2. Os valores de temperatura de homogeneização do CO2 (ThCO2) estão entre 12 e 25,6º C (densidade global entre 0,7 e 1 g/cm3, densidade do CO2 entre 0,2 e 1 g/cm3). Quanto a temperatura de fusão do clatrato (TfClat) foram obtidos resultados entre 6 e 8,4º C, o que define salinidades entre 4,4 e 5,3% em peso equivalente de NaCl. A temperatura de homogeneização total (Tht) dessas inclusões variou entre 251 e 369º C, com homogeneização para os estados líquido e vapor. As inclusões do tipo 2 apresentaram valores de temperatura de fusão do gelo (Tfg) entre -0,1 e -4,1º C, com temperaturas de homogeneização total (Tht) entre 167 e 342º C e homogeneização para a fase líquida. Estas inclusões apresentaram valores baixos de salinidade, entre 0,18 e 6,3% em peso equivalente de NaCl, e densidade global entre 0,7 e 0,9 g/cm3. A coexistência de inclusões aquosas e aquocarbônicas em um mesmo intervalo de Tht, além de inclusões que homogeneizaram para a fase líquida e para a fase vapor, sugerem processos de imiscibilidade de fluidos. A composição isotópica do oxigênio e carbono foi determinada em quartzo e calcita hidrotermais e do hidrogênio foi determinada em inclusões fluidas. O quartzo mostra valores de δ18O de +15,25 a +17,74‰. Os valores de δ18O e δ13C em calcita variam, respectivamente, entre +14,32 e +16,24‰ e -9,83 a -15,12‰. Valores de δ13C inferiores a - 10‰ sugerem contribuição de C orgânico das rochas encaixantes. Valores de δD obtidos dos fluidos de inclusões forneceram resultados de -25 e 28‰. O conjunto de valores (O-H) sugere composição metamórfica para os fluidos mineralizantes. A composição isotópica do estrôncio obtida em calcita hidrotermal mostra baixas razões 87Sr/86Sr, que variam de 0,702699 e 0,705141, sendo pouco radiogênicas. Estes resultados indicam origem de fontes profundas da crosta inferior ou manto e não devem ter contribuição das rochas regionais do Cinturão Gurupi. Os dados integrados indicam que a mineralização no Alvo Enche Concha possui características muito similares às dos demais depósitos de ouro orogênico do Cinturão Gurupi.

  • BEATRIZ PINHEIRO PANTOJA DE OLIVEIRA
  • HIDROQUÍMICA E CARACTERIZAÇÃO ISOTÓPICA (87Sr/86Sr) DOS SISTEMAS AQUÍFEROS BARREIRAS E PIRABAS NOS MUNICÍPIOS DE SÃO FRANCISCO DO PARÁ E IGARAPÉ AÇU, NORDESTE DO PARÁ

  • Data: Aug 16, 2019
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  • A região norte do Brasil é privilegiada em recursos hídricos, tanto superficial quanto subterrâneo. Recentemente o aproveitamento de água subterrânea aumentou, já que pode ser captado no local de consumo. Na mesorregião nordeste do Pará, o volume de dados hidrogeológicos se concentra na região metropolitana da capital Belém, que conta com um sistema de abastecimento misto, ou seja, com captação de água superficial (Rio Guamá) e subterrânea. Entretanto, são nos demais municípios, tais como os estudados neste trabalho, que o sistema de abastecimento é integralmente feito por água subterrânea. Assim, faz-se muito necessário, todo e qualquer levantamento que contribua para o melhor conhecimento dos mananciais subterrâneos que servem o nordeste do Pará. Os principais aquíferos neste contexto são: o Sistema Pirabas – SP (carbonático), Sistema Barreiras – SB (siliciclástico). Estudos anteriores mostraram por meio da hidrogeoquímica e da geoquímica isotópica (87Sr/86Sr) a interação entre estes dois importantes reservatórios subterrâneos, e que estes podem ter uma conexão hidráulica através de falhas e fraturas, resultantes da neotectônica presente no NE do Pará. Dessa forma, neste trabalho estuda-se a água subterrânea nos municípios São Francisco do Pará e Igarapé Açu, no período de quinze meses, acompanhando a sazonalidade desta região, a fim de averiguar interações que os aquíferos possam apresentar, nos períodos de recarga. A partir de uma triagem do Sistema de Águas Subterrâneas (SIAGAS), e de campanhas logísticas, foram selecionados 9 poços, sendo 5 rasos (~ 30 a 60 m) e 4 profundos (~ 80 a 135 m). As campanhas se deram de outubro de 2017 até janeiro de 2019, sendo três coletas no período seco, e três no período chuvoso. Medidas físico-químicas foram tomadas em campo, tais como temperatura, pH, condutividade elétrica. As análises hidroquímicas foram feitas no Laboratório de Hidroquímica do Instituto de Geociências, sendo determinados a alcalinidade total pelo método titulométrico, a sílica e o ferro total pelo método espectrofotométrico; as análises cromatográficas foram feitas no Laboratório de Análises da Eletronorte, e as concentrações medidas por cromatografia dos íons: Ca2+, Mg2+, Na2+, K+, Cl-, SO42-, NO3-, F-. As concentrações de Sr2+ foram obtidas no ICP-MS (ICap-Q) e a razão isotópica 87Sr/86Sr no MC- ICP-MS (Neptune) do laboratório de Geologia Isotópica da Universidade Federal do Pará (Pará- Iso). Os resultados foram submetidos a tratamentos estatísticos para mostrar correlações e agrupamento de elementos. Os parâmetros físico-químicos dos sistemas aquíferos não mostraram variações significativas ao longo do ciclo hidrológico. A temperatura média variou de 27,6 a 27,4°C, a condutividade de 28 a 154 µS/cm, e o pH entre 4,0 – 5,5 (SB) e 6,0 – 7,2 (SP). As concentrações de Fe(t) (mg/L) variaram de 0,0 a 2,2 (SB) e 0,0 a 3,3; a SiO2 (mg/L) 0,8 a 13,6 (SB) 5,4 a 21,0 (SP); HCO3-(mg/L) 0,0 a 9,0 (SB) e de 0,0 a 81,3 (SP). As concentrações dos íons tiveram resultados (em mg/L) como Na+ 1,78 a 22,15 (SB) e 2,34 a 7,29 (SP); K+ 0,14 a 1,81 (SB) e 1,05 a 1,58 (SP); Mg+2 0,34 a 0,99 (SB) e 1,49 a 3,81 (SP); Ca+20,07 a 3,22 (SB) e 12,26 a 26,93 (SP); Cl- 3,18 a 37,24 (SB) e 3,71 a 16,88 (SP); NO3- 0,10 a10,33 (SB) e 0,00 e 1,20 (SP); SO 2-0,94 a 12,17 (SB) e 1,84 a 6,62 (SP); F-0,00 a 0,02 (SB)e 0,05 a 0,11 (SP) e, o Sr2+ 0,006 a 0,018 (SB) e 0,045 a 0,146 (SP). A partir do diagrama Piper, verificou-se que no aquífero Barreiras predomina a fácies Na-Cl e pH ácido, em média 4,7, com contribuição de água meteórica e/ou antropogênica, fator que aumenta a vulnerabilidade do aquífero; já a água do Aquífero Pirabas, predomina uma fácies Ca-Mg-HCO3 e pH acima de 6,0 em média, sendo fortemente influenciada pela dissolução do carbonato, o aquífero tem regime confinado, fator que diminui a sua vulnerabilidade à contaminação. O diagrama Stiff indica que os substratos em interação com a água são de arenito, folhelho, calcário e dolomito. Os metais que podem apresentar caráter tóxico e cumulativo à saúde humana, não foram detectados em níveis significativos. A razão isotópica 87Sr/86Sr de cada amostra teve tendência linear ao longo do tempo, e as amostras individualmente apresentaram pouca variação nas suas razões isotópicas. De acordo com os valores de razão isotópica obtidos, são separados três aquíferos: o Pirabas Inferior que se mantém nos períodos seco e chuvoso entre 0,709138 e 0,709333, assim como o Pirabas Superior se manteve entre 0,710413 e 0,711013; já o Aquífero Barreiras demonstrou uma variação diferenciada no período chuvoso, evidenciando uma pequena interação com água da chuva, e os valores ficaram entre 0,710687 e 0,714903. O tratamento estatístico multivariado (PCA), juntamente com o diagrama 87Sr/86Sr vs. 1/Sr mostraram que os Aquíferos se comportam de maneira independente. Em relação aos poços, apesar de terem sido preparados para evitar contaminação, a manutenção destes é de certa forma insatisfatória, de modo que em alguns pontos de coleta há indícios contaminação por ação antrópica. No nordeste do Estado do Pará, o contato superior da Formação Pirabas com a Formação Barreiras é bastante discutido, e varia ao longo da Plataforma Bragantina. Há trabalhos que descrevem como contato discordante, ou como uma interdigitação faciológica e ainda, os que defendem variações locais. Neste caso em estudo, a complexidade lenticular desses aquíferos, que se intercalam com camadas impermeáveis impedem a comunicação hidráulica, o que explica, a diversificação geoquímica da água, e o comportamento de aquífero do tipo confinado.

  • EDUARDO FRANCISCO DA SILVA
  • TRANSIÇÃO SILURO-DEVONIANA NA BORDA SUL DA BACIA DO AMAZONAS, ENTRE URUARÁ-RURÓPOLIS, OESTE DO ESTADO DO PARÁ, NORTE DO BRASIL

  • Data: Aug 4, 2019
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  • A transição Siluro-Devoniana foi marcada pelas drásticas mudanças na configuração geográfica dos paleocontinentes. Na borda Sul da Bacia do Amazonas, o registro dessa passagem é observado pelo contato entre as formações Pitinga e Maecuru. Os depósitos destas unidades foram estudados entre os municípios de Rurópolis e Placas, Oeste do Pará, tendo por objetivo o reconhecimento e associação de fácies para a reconstituição paleoambiental e suas correlações com os eventos colisionais do supercontinente Gondwana, bem como a proveniência sedimentar. Foram identificadas oito fácies sedimentares agrupadas em duas associações de fácies: a) Plataforma rasa com influência de maré e onda (AF-1), correspondente a Formação Pitinga e; b) Planície braided proximal (AF-2), relativa a Formação Maecuru. Os arenitos da Formação Pitinga foram classificados como subarcósios e quartzarenitos, fino a médios, moderadamente selecionados. Os arenitos da Formação Maecuru variam de arcósio a quartzarenitos, de granulometria média a muito grossa, variando de moderadamente a mal selecionados. A análise petrográfica destes depósitos apontam para um enriquecimento de quartzo em função dos processos diagenéticos, que mostraram-se bastante efetivos na eliminação dos minerais menos estáveis, observado pelo grande volume de poros secundários. O imageamento dos grãos de quartzo por catodoluminescência (CL) evidenciou a predominância dos grãos de quartzo de natureza ígnea e metamórfica, que aliado com as medidas de paleocorrente, possibilitaram deduzir que a proveniência da Formação Maecuru são os litotipos do Domínio Bacajá e Iriri-Xingu. Mesmo havendo dados de CL bastante convincentes, a falta de medidas de paleocorrente impossibilitou interpretações mais acuradas acerca da proveniência da Formação Pitinga. O contato entre as formações Pitinga e Maecuru gera uma discordância erosiva de caráter regional, observada por mais de 300 Km por toda borda Sul da Bacia do Amazonas, relacionada aos estágios acrescionários do supercontinente Gondwana, promovida pela instalação de sistemas fluviais durante a orogenia Precordilheirana.

  • LUAN ALEXANDRE MARTINS DE SOUSA
  • PETROLOGIA MAGNÉTICA DOS GRANITOIDES NEOARQUEANOS DA SUÍTE VILA JUSSARA – PROVÍNCIA CARAJÁS, CRÁTON AMAZÔNICO

     

  • Data: Jul 30, 2019
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  • A Suíte Vila Jussara (SVJ) compreende diversos stocks graníticos de idade neoarqueana (~ 2,75-2,73 Ga), intrusivos em unidades mesoarqueanas e distribuídos nas porcões central e norte do Domínio Sapucaia na Província Carajás. Os granitoides da SVJ são constituídos por granitos ferrosos reduzidos e oxidados, bem como por granitos magnesianos. Petrograficamente, foram distinguidas quatro variedades de rochas na SVJ: (1) Biotita- hornblenda monzogranito (BHMzG); (2) Biotita-hornblenda tonalito (BHTnl); (3) Biotita monzogranito (BMzG); (4) Hornblenda-biotita granodiorito (HBGd). O estudo de suscetibilidade magnética (SM) nas rochas da SVJ mostrou valores bastante variáveis (SM;0,14  x10-3   a  30,13  x10-3),  distribuídos  em  três  populações  (A,  B  e  C).  Com  base  nocomportamento magnético e nos óxidos de Fe e Ti revelaram que os BHMzG se divide em dois subgrupos: o primeiro com SM muito baixa a baixa (SM 0,14 x10-3 e 0,81 x10-3; populações A e B1) marcado pela dominância de ilmenita com coroas de titanita, bem como a presença subordinada de magnetita e de cristais de pirita, estes últimos evidenciados somente na subpopulação B1; o segundo exibe valores moderados a altos de SM (1,91 x10-3 a 6,02 x10-3; subpopulações B3 e C1), sendo caracterizado pela dominância de magnetita sobre ilmenita. Os BHTnl apresentam valores moderados de SM (0,85 x10-3 a 1,36 x10-3; subpopulação B2, com exceção de uma única amostra com alto valor de SM pertencente asubpopulação C2) e apresentam dominância de pirita, secundada por magnetita que é mais abundante que ilmenita. Os BMzG e HBGd se caracterizam por valores de SM relativamente mais elevados (respectivamente, SM 2,14 x10-3 a 6,01 x10-3 e SM 6,02 x10-3 a 25,0 x10-3; subpopulações B3, C1 e C2) e ambos são caracterizados pela dominância de magnetita sobre pirita, com raras ocorrências de ilmenita. Em termos geoquímicos, o primeiro subgrupo dos BHMzG exibe sílica > 70 % e afinidade com os granitos ferrosos reduzidos; o segundo apresenta sílica variável entre 63 e 70% e é similar aos granitos ferrosos oxidados. Todos os demais grupos apresentam características de granitos magnesianos com a sílica crescendo dos BHTnl para os HBGd e BMzG. As composições de biotita variam na passagem dos BHMzG do subgrupo 1 para o subgrupo 2 e destes para os granitos magnesianos e são compatíveis com aquelas da série Ilmenita para transicionais entre séries Ilmenita e Magnetita e, finalmente, série Magnetita. Neste mesmo sentido, as composições de anfibólio indicam baixa, moderada e transição entre moderada e alta fugacidade de oxigênio. As quatro variedades da SVJ se formaram em diferentes graus de oxidação, sendo o primeiro subgrupo dos  BHMzG  formado  em  condições  reduzidas  (<FMQ)  ou  moderadamente  reduzidas (coincidente ou ligeiramente acima de FMQ); o segundo grupo dos BHMzG se formou em condições moderadamente oxidantes (entre NNO e NNO-0,5); finalmente os granitos magnesianos se formaram em condições oxidantes com fO2 comparativamente mais elevada (entre NNO e NNO+1). A magnetita se mostra em geral parcialmente martitizada e a pirita está intensamente alterada para goethita, podendo formar pseudomorfos. Além das quatro variedades descritas, ocorrem localmente biotita-hornblenda sienogranitos a monzogranitos equigranulares médios que exibem paradoxalmente alto valor de SM e conteúdo modal elevado de magnetita, ao lado de razões FeOt/(FeOt+MgO) em rocha total, biotita e anfibólio extremamente elevadas, indicativas de formação em condições redutoras. Admite-se que estes granitos se formaram em tais condições, porém não se conseguiu explicar os altos conteúdos modais de magnetita e a elevada SM. A comparação da SVJ com granitoides neoarqueanos afins da Província Carajás, revela que o primeiro subgrupo dos BHMzG exibe forte semelhança com os granitos da Suíte Planalto, do Complexo Granítico Estrela, e com os granitos de caráter reduzido dos granitoides da região de Vila União, enquanto que as demais variedades se aproximam mais dos granitos ferrosos oxidados e magnesianos de Vila União. Os granitoides da SVJ diferem daqueles do pluton neoarqueano Matok, do Cinturão Limpopo na África do Sul, por serem os últimos mais acentuadamente magnesianos e mais fortemente oxidados.

  • DANILO AMARAL STRAUSS VIEIRA
  • ALTERAÇÕES HIDROTERMAIS ASSOCIADAS ÀS ROCHAS MÁFICO-CARBONATÍTICAS DO DEPÓSITO DE FOSFATO SERRA DA CAPIVARA, REGIÃO DE VILA MANDI (PA), EXTREMO SUL DO CRÁTON AMAZÔNICO

  • Data: Jul 14, 2019
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  • Próximo ao limite dos estados do Pará e Mato Grosso, contexto do Cráton Amazônico, distante aproximadamente 90 km a oeste do distrito de Vila Mandi, município de Santana do Araguaia (PA), ocorre o inédito vulcano–plutonismo denominado Complexo máfico-carbonatítico Santana. É formado por um membro inferior máfico-ultramáfico com litofácies plutono– vulcânica e outra vulcanoclástica; bem como por um membro superior carbonatítico com litofácies plutônica, efusiva e outra vulcanoclástico originadas em ambiente de caldeira vulcânica com amplas zonas de alterações hidrotermais e estruturas circulares geneticamente relacionadas. Esse conjunto foi parcialmente afetado pelo severo intemperismo Amazônico, produzindo supergenicamente o depósito de fosfato Serra da Capivara. Apesar de especulativo, o Complexo máfico-carbonatítico Santana é do Paleoproterozoico, já que invade as sequências vulcano–plutônicas paleoproterozoicas formações Cinco Estrelas e Vila Mandi (1980–1880 Ma) e é capeado por rochas sedimentares também da mesma Era. O membro inferior máfico- ultramáfico contém litofácies com piroxenito e subordinados ijolito e apatitito que afloram em amplos lajedos. No geral o piroxenito possui granulação média com augita (~ 90% vol.), ceilonita (MgAl2O4), magnesio-riebeckita e olivina substituída por argilominerais (saponita). O ijolito é formado por fenocristais de clinopiroxênio e nefelina imersos em matriz fina com nefelina, calcita e magnetita intersticiais. Blocos de apatitito são compostos de apatita de granulação média (~ 98% vol.) e calcita. As rochas vulcânicas dessa litofácies são blocos isolados métricos de basalto alcalino e apatitito fino. Esse basalto apresenta granulação fina com mineralogia essencial composta por plagioclásio e augita. Além disso, ocorre uma intensa cimentação de calcita na forma de esférulos com calcita e quartzo, além de intersticiais pirita, óxidos de ferro, apatita, barita, rutilo, celestina e monazita. Essa textura mostra uma relação de imiscibilidade entre o magma silicático e o carbonatítico. Vulcanismo autoclástico a explosivo é materializado por litofácies com depósitos mal selecionados de brecha polimítica maciça, lapilli-tufo, tufo de cristais e tufo de cinzas. As rochas autoclásticas revelam textura vulcanoclástica formada por clastos angulosos originados da autofragmentação da litofácies plutono–vulcânica máfica-ultramáfica. Depósitos epiclásticos vulcanogênicos cobrem todas as litofácies anteriores. O membro superior carbonatítico contém litofácies com calcita- carbonatito grosso (sövito) amarelo-avermelhado com calcita (85–90%) subédrica a euédrica e variações para calcita magnesiana ferrífera e dolomita, além de acessórios como magnetita, hematita, feldspato potássico e pirita. Esse litotipo é seccionado por veios de carbonatito fino intensamente hidrotermalizado. Ocorre raro apatitito grosso que representa o protominério do depósito. Litofácies vulcânica efusiva revela calcita-carbonatito fino (alviquito) rico em calcita (80–85% vol.) com texturas variando de porfirítica equigranular fina, além de hematita, magnetita, feldspato potássico e pirita. Litofácies mal selecionada de vulcanismo explosivo carbonatítico contém tufo de cristais, lapilli-tufo e brecha polimítica maciça formados por clastos angulosos provenientes das encaixantes e do próprio complexo. Stocks e diques sieníticos invadem o conjunto. A principal alteração magmática hidrotermal do complexo é representada por rochas carbonatíticas hidrotermalizadas de colorações avermelhadas, vermelho amarronzado e amarelado. A paragênese mineral encontrada foi barita + fluorapatita + dolomita ± quartzo ± rutilo ± calcopirita ± pirita ± monazita ± magnetita ± hematita. Essa alteração ocorre de três maneiras distintas; 1) nas zonas mais profundas, onde os minerais encontrados foram barita, fluorapatita e dolomita em alterações pervasivas a fissurais associadas a carbonatitos finos profundos. 2) No sövito, de estilo intersticial fraco com mineralogia semelhante às alterações profundas. 3) no alviquito com alterações intersticiais intensas e formação de quartzo hidrotermal associado a barita, fluorapatita, dolomita, monazita, celestina e rutilo. A assembleia mineral das alterações mais profundas aponta para fluídos inicialmente ricos em sulfato, magnésio, fósforo e CO2 com origem na transição entre as fases tardi-magmática a hidrotermal. Ao passar para fases mais superficiais do vulcanismo, houve assimilação de SiO2 das rochas encaixantes evidenciados pela formação de quartzo intersticial no alviquito. O ambiente interpretado de caldeira vulcânica ocorre na interceptação de falhas regionais NE–SW e NW–SE com até 40 km de extensão e que serviram como conduto profundo do magma percursor do complexo. A raiz do sistema é representada por rochas máfico- ultramáficas e carbonatitos plutônicos. A fase pré-caldeira envolveu intensa degaseificação e atividades hidrotermais em função da evolução magmática, bem como ascensão por falhas lístricas e colocação em superfície de grande volume de lavas carbonatíticas (alviquitos) que construíram o extinto edifício vulcânico. O colapso dessa estrutura e o abatimento topográfico coincidiu com vulcanismo explosivo e formação dos litotipos vulcanoclásticos, representando a cobertura intra-caldeira. Os sienitos tardios podem representar a fase pós-caldeira e selagem das estruturas. A paragênese hidrotermal identificada no Complexo máfico-carbonatítico Santana mostra importante potencial metalogenético para elementos terras raras e fosfato e representa um guia prospectivo em terrenos proterozoicos do Cráton Amazônico, a exemplo de outras áreas do planeta.

  • LARISSA COSTA DE SOUZA
  • ESTUDO DOS HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS (HPA) EM AMOSTRAS DE ÁGUA E MATERIAL PARTICULADO EM SUSPENSÃO NO RIO AURÁ, BELÉM-PA

  • Data: Jul 12, 2019
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  • Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA) são contaminantes orgânicos ubíquos gerados por processos naturais e antropogênicos. Eles são formados principalmente durante a decomposição da matéria orgânica induzida por altas temperaturas. São compostos persistentes e que podem ser transportados por longas distâncias. Dezesseis desses HPA são considerados prioritários em estudos ambientais pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (US EPA), devido as suas propriedades tóxicas, mutagênicas e carcinogênicas. Este trabalho teve como objetivo avaliar a contaminação ambiental por HPA, no rio Aurá, através dos níveis estabelecidos pela legislação e suas possíveis fontes de origem em amostras de água e Material Particulado em Suspensão (MPS). Dez amostras de água e MPS foram coletadas em dois períodos distintos (Chuvoso e Menos Chuvoso). As técnicas de extração utilizadas foram o SPE automatizado para as amostras de água e extração assistida por micro-ondas para as amostras de MPS. As amostras foram analisadas em Cromatógrafo Gasoso acoplado a Espectrômetro de Massas com Triploquadropolo. Em água, as concentrações de HPA encontradas ficaram abaixo do limite de detecção do equipamento. No MPS, as concentrações totais de HPA variaram de 31,71 a 2.498,15 µg L-1, no período menos chuvoso e de 31,71 a 2.865,84 µg L-1, no período chuvoso. A discriminação das fontes de HPA e seu potencial de toxicidade é necessário para avaliar seus efeitos no meio ambiente. As fontes dos HPA tenderam para uma associação à origem petrogênica, porém foram classificadas como de origem mista, petrogênica e pirolítica, devido às respostas obtidas nas razões diagnósticas aplicadas. Estudos anteriores realizados no sedimento de fundo do rio Aurá, enquanto o aterro sanitário estava em funcionamento, mostraram uma predominância de HPA de origem pirogênicas, enquanto que os resultados obtidos neste estudo, após a desativação do aterro, mostraram uma maior concentração de fontes petrogênicas, indicando a influência que o aterro exercia sobre a área de estudo.

  • DANIELLA SOARES CAVALCANTI VIEIRA
  • GEOCRONOLOGIA U-Pb E GEOQUÍMICA ISOTÓPICA Hf- Nd DOS ORTOGNAISSES E GRANITOIDES DA REGIÃO DE GRANJEIRO-VÁRZEA ALEGRE (CE), DOMÍNIO RIO GRANDE DO NORTE

  • Data: Jul 8, 2019
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  • A Província Borborema se estende por aproximadamente 450.000 km2 no nordeste do Brasil e representa uma unidade geotectônica complexa, caracterizada por uma colagem de blocos crustais com diferentes idades, origens e evolução. Compreende domínios, como o Complexo Granjeiro, cujo embasamento gnáissico paleoproterozóico altamente deformado incluem localmente núcleos arqueanos que se alternam com remanescentes de rochas supracrustais paleoproterozóicas e neoproterozóicas, sendo todo conjunto intrudido por numerosos corpos graníticos de idade Brasiliana (ca. 0.60-0.50 Ga) colocados ao longo de zonas de cisalhamento. Na região de Granjeiro-Várzea Alegre (CE), a norte do Lineamento Patos, um conjunto variado de rochas forma um sistema imbricado, do tipo Duplex, cujas unidades apresentam diferentes idades. Estudos geocronológicos U-Pb e Lu- Hf em zircão por espectrometria de massa com laser ablation (LA-ICP-MS) foram realizados em 5 amostras e forneceram idades de cristalização para Hornblenda-Biotita Gnaisse tonalítico 2549 ± 16 Ma (OG-07) 2532 ± 10 Ma (OG-03) do Complexo Granjeiro; Hornblenda ortognaisse tonalítico 2354 ± 15 Ma (OG-05) do Complexo Arrojado; Hornblenda-Biotita Gnaisse monzogranítico 2224 ± 12 Ma (OG-09) da Suíte Várzea Alegre e para o Biotita Monzogranito 570 ± 6 Ma (G-2)       do Arco Magmático Pereiro. As assinaturas isotópicas de Hf (zircão) e Nd (rocha total) forneceram idades-modelo (Hf-TDM; Nd-TDM) para essas rochas, respectivamente: OG-07 (2,75 a 2,93 Ga; 2,54 Ga), OG-03 (2,70 a 2,96 Ga e 2,75 Ga), OG-05 (2,92 a 3,06 Ga; 2,96 Ga) e OG-09 (2,84 a 3,01 Ga; 2,90 Ga) e para o granitoide G-02 (2,94 a 3,27 Ga; 2,10 Ga). Os parâmetros ƐHf (t) e ƐNd (t) para essas rochas, respectivamente, foram OG-07 (ƐHf: +1,41 a +4,33; ƐNd: +2,81) e OG-03 (ƐHf: +3,16 a +4,79; ƐNd: –0,37) sugerem a contribuição de fontes juvenis nos protólitos dessas rochas; OG-05 (ƐHf: –0,28 a –4,11; ƐNd: –0,23) e OG-09 (ƐHf - 3,86 a -1,15; ƐNd: –5,31) sugere retrabalhamento de fonte crustal arqueana na gênese do protólito dessas rochas. Os valores do granitoide G-02 (ƐHf: –23,70 a –29,15; ƐNd: –20,10) são fortemente negativos sugerindo que o magma que originou essas rochas é produto de retrabalhamento de fontes paleoproterozoicas (riaciana-sideriana) a mesoarqueana. Os resultados isotópicos integrados (U-Pb e Hf-Nd) permitiram então a identificação de pelo menos 4 eventos tectono-magmáticos na região de Granjeiro-Várzea Alegre. O intervalo de idade (ca. 2,54-2,53 Ga) e assinaturas juvenis marcam um momento de crescimento crustal arqueano relacionado ao embasamento do Complexo Granjeiro. Também foi reconhecida uma formação de crosta paleoproterozoica (ca. 2,35 Ga), correlacionada ao Complexo Arrojado, cujos valores negativos de ƐHf e ƐNd sugerem uma gênese a partir de fontes derivadas de crosta arqueana retrabalhada. As rochas do Complexo Granjeiro teriam sido deformadas e assimiladas em um evento de crescimento crustal ca. 2,22 Ga, que teria gerado as rochas da Suíte Várzea Alegre. A idade de 570 Ma registra o último episódio magmático identificado e marca o desenvolvimento das zonas de cisalhamento da Província Borborema que afetaram e deformaram as rochas arqueanas e paleoproterozoicas desse domínio.

  • TAYNARA CRISTINA MATOS MARTINS
  • PALEOAMBIENTE E ICNOFÓSSEIS DO ARENITO GUAMÁ (SILURIANO), REGIÕES DE SÃO MIGUEL DO GUAMÁ E IRITUIA, ESTADO DO PARÁ

     

  • Data: Jul 8, 2019
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  • O Arenito Guamá é uma unidade sedimentar que ocorre de forma muito restrita na Plataforma Bragantina, principalmente nas regiões de São Miguel do Guamá e Irituia no nordeste do estado do Pará e que ainda carece de um melhor detalhamento geológico. É caracterizado por espessas camadas de quartzo-arenito com granulometria média, bem arredondados, bem selecionada e alto grau de maturidade textural e composicional. Devido suas características petrográficas, faciológicas e seu conteúdo icnológico serem semelhantes aos dos arenitos quartzosos da Formação Nhamundá (Bacia do Amazonas), tem-se sugerido uma idade siluriana para o Arenito Guamá. Em geral as camadas de quartzo-arenitos apresentam aspecto maciço e poucas estruturas sedimentares primárias preservadas (e.x. estratificação cruzada acanalada, estratificação plano-paralela e laminação ondulada e planar). A associação de fácies indica que os depósitos estudados se formaram em uma região costeira arenosa que abrangia as zonas de foreshore e shoreface. No Arenito Guamá foram identificados as icnoespécies Skolithos linearis, Psammichnites isp., cf. Schaubcylindrichnus coronus, tubo vertical simples indeterminado e Lingulichnus verticalis que comumente compõem uma mistura das icnofácies Cruziana e Skolithos. Mudanças periódicas de energia e na taxa de sedimentação no ambiente deposicional são sugeridas pela distribuição regular entre Skolithos e Psammichnites nas camadas de arenito. Skolithos ocorrem em camadas geralmente maciças e podem alcançar 1 metro de comprimento indicando condições de alta energia e/ou altas taxas de sedimentação. Enquanto que Psammichnites ocorrem no topo destas camadas e sugerem energia menor e/ou baixa taxa de sedimentação. Os Skolithos exibem índice de bioturbação (ii) que varia entre 2 e 3 (5-40%). Os Psammichnites exibem ii entre 4 e 5, que indicam um retrabalhamento do substrato por organismos escavadores entre 40-100%. A baixa icnodiversidade e alta abundância de icnofósseis sugerem condições estressantes durante o período deposicional. A mistura das icnofácies Skolithos-Cruziana é comumente associada a ambientes marinhos costeiros de águas salobras. A razão para condições de estresse ambiental relacionado à presença de águas salobras poderia ser o influxo de águas de degelo em ambientes periglaciais. A possível correlação do Arenito Guamá com os depósitos silurianos da Formação Nhamundá suporta esta ideia, pois esta unidade exibe depósitos glaciais, pós-glaciais e costeiros que registram a glaciação siluriana do Gondwana. Dessa forma, pode-se argumentar que o Arenito Guamá é o registro de depósitos costeiros arenosos influenciados pelas glaciações que afetaram a região Amazônica durante o Siluriano Inferior.

  • VANESSA DA CONCEICAO PINHEIRO
  • A DINÂMICA DOS MANGUEZAIS SUBTROPICAIS NO LITORAL NORTE DE SANTA CATARINA DURANTE O HOLOCENO TARDIO

  • Data: Jun 28, 2019
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  • Este trabalho objetivou identificar o estabelecimento e a expansão dos manguezais no litoral norte de Santa Catarina durante o Holoceno tardio. Para isso, foram integrados dados polínicos, datações 14C, indicadores geoquímicos orgânicos (δ13C, C:N, NT e COT) e resultados de análises sedimentares. Esses dados foram obtidos a partir das análises realizadas em dois testemunhos sedimentares, coletados com a utilização de um amostrador Russo, na Baía da Babitonga (SF7 e SF8), litoral norte de Santa Catarina. Os dados revelam depósitos típicos de canal de maré e planície de maré ao longo dos testemunhos. O depósito de canal de maré foi acumulado entre >1692 anos cal AP até ~ 667 anos cal AP, ocorrendo na base dos testemunhos. Esse depósito é formado por areia fina a média com estratificação plano-paralela (fácies Sp), estratificação cruzada (fácies Sc), laminação planar de baixo ângulo (fácies Sb) e areia maciça (fácies Sm). O depósito caracterizado como planície de maré apresentou idade a partir de ~1223 anos cal AP até o presente, constituído pelas fácies acamamento heterolítico flaser (Hf), acamamento heterolítico wavy (Hw), acamamento heterolítico lenticular (Hl) e lama com acamamento plano-paralelo (Mp). O conteúdo polínico preservado ao longo dos depósitos de canal de maré indica predomínio de árvores e arbustos, seguido de ervas e palmeiras oriundos das unidades de vegetação presentes tanto no entorno do canal como de regiões topograficamente mais elevadas. Apenas no testemunho SF8 foram encontrados grãos de pólen de manguezais, nessa associação de fácies. Os dados isotópicos de δ13C (-24,4 a - 21,47 ‰) e da razão C:N (4,77 a 20,81) revelaram uma forte contribuição de matéria orgânica marinha e de plantas terrestres C3. O canal de maré foi colmatado e permitiu o início da deposição da planície de maré. O depósito da planície de maré possui grande quantidade de fragmentos vegetais e o conteúdo polínico encontrado revela um predomínio de ervas, seguido de árvores, arbustos, palmeiras e manguezal. Os resultados de δ13C (-22,48 a -21,18‰) e da razão C:N (11,49 % a 19,89%) indicaram a contribuição de plantas terrestres C3 além da contribuição de matéria orgânica marinha. Assim, os dados do presente trabalho revelam que a implantação do manguezal começou a partir de aproximadamente 1692 anos cal AP, com o gênero Laguncularia, seguido de Avicennia, ainda na borda do canal de maré, e a partir de aproximadamente 586 anos cal AP observou-se a instalação e desenvolvimento do gênero Rhizophora. Os gêneros Laguncularia e Avicennia se estabeleceram inicialmente em substratos predominantemente arenosos e em seguida ocuparam também as intercalações de solo arenoso e siltoso. No ambiente de planície de maré, o gênero Rhizophora, se estabeleceu em substratos lamosos. Os manguezais dessa região se instalaram primeiramente nas regiões topograficamente mais elevadas e posteriormente se expandiram para as regiões mais baixas e mais próximas da baía, possivelmente devido à diminuição do nível relativo do mar registrado durante o Holoceno tardio, bem como à migração e preenchimento dos canais de maré. A ocorrência de grãos de pólen de Rhizophora nas profundidades mais próximas ao topo, possivelmente é resultado do aumento de temperatura registrado durante o Holoceno tardio. 

  • DENISE OLIVEIRA DE SOUZA ROCHA
  • INFLUÊNCIAS DAS FLUTUAÇÕES DO NÍVEL DO MAR E MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA DINÂMICA DOS MANGUEZAIS DO LITORAL SUL DE SANTA CATARINA DURANTE O HOLOCENO

  • Data: Jun 10, 2019
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  • O objetivo deste trabalho foi identificar os principais fatores reguladores da dinâmica dos manguezais no limite austral desse ecossistema no continente sul americano, na região de Laguna - Santa Catarina. Este estudo foi baseado na integração de análises de fácies sedimentares, isótopos (δ13C e δ15N), razões elementares da matéria orgânica sedimentar (C/N), dados polínicos e datações 14C obtidos das amostras do testemunho RP4 (S 28°29'18.41" e W 48°50'47.01) com 2 m de profundidade coletado em uma planície de maré próxima à Lagoa de Santo Antônio, 8 km distante da atual linha de costa, a oeste da cidade de Laguna. Foram individualizadas três associações de fácies: Planície Fluvial Herbácea, Canal de Fluvial e Planície de Maré com Spartina. A associação de fácies Planície Fluvial Herbácea é caracterizada pela presença de lama maciça com tubos bentônicos, fragmentos de conchas e raízes. A associação de fácies Canal de Fluvial apresenta areia com estratificação cruzada e areia maciça. No topo ocorre a associação de fácies Planície de Maré com Spartina representada pela predominância de lama siltosa contendo fragmentos de raízes. A integração dos dados sugere um aumento do nível relativo do mar durante o Holoceno, quando foram afogados os baixos cursos dos rios que favoreceu a formação dos sistemas lagunares que são bem representados em toda costa do estado de Santa Catarina, especialmente na área de estudo. Uma gradual transgressão marinha durante o Holoceno teria favorecido a expansão dos manguezais sobre as planícies de maré. Do ponto de vista físico-químico e hidrodinâmico as condições ambientais foram favoráveis para o estabelecimento e expansão dos manguezais nos últimos séculos, quando houve forte contribuição de matéria orgânica de origem estuarina no local de estudo e formação de amplas planícies de maré lamosas. O fato de não ter sido encontrado grãos de pólen de manguezal desde 9000 anos cal AP no testemunho RP4 indica que outras variáveis podem ter impedido a implantação do manguezal. Provavelmente, além do nível de mar mais baixo, as temperaturas durante os invernos holocênicos no limite austral dos modernos manguezais sul americanos, inviabilizaram a instalação dos manguezais durante o intervalo de tempo analisado no testemunho RP4. O aumento nas temperaturas mínimas de inverno nas últimas décadas tem permitido a expansão do limite austral dos manguezais através preliminarmente das árvores de Laguncularia para o interior da zona temperada.

  • CAMILA SANTOS DA FONSECA
  • ASSINATURA GEOQUÍMICA DE APATITA DE ROCHAS SANUKITOIDES DO SUDESTE DO CRÁTON AMAZÔNICO, PROVÍNCIA CARAJÁS

  • Data: May 26, 2019
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  • A Suíte Sanukitoide Rio Maria, inclusa no Domínio Rio Maria, porção sul da Província Carajás, é composta por granodioritos e rochas máficas e intermediárias associadas. Possui grandes exposições a norte da cidade de Redenção, a sul de Rio Maria, a leste da localidade de Bannach e nordeste de Xinguara, porção SE do Cráton Amazônico, sendo intrusiva em greenstones do Supergrupo Andorinhas, no Tonalito Arco Verde e no Complexo Tonalítico Caracol. Outras rochas granodioríticas correlacionáveis aos sanukitoides Rio Maria foram descritas nas regiões de Água Azul do Norte, Ourilândia do Norte, Serra do Inajá e região do Xingu, todas inseridas nos domínios da Província Carajás. Os sanukitoides Rio Maria são rochas metaluminosas, de afinidade cálcio-alcalina e enriquecidas em Mg, Cr e Ni em relação a outras rochas granodioríticas. Apresentam epidoto primário, zircão, allanita, titanita, apatita e magnetita como principais fases acessórias. Datações U-Pb e Pb-Pb em zircão definiram idades de cristalização de 2,87 Ga para essas rochas. A apatita é um mineral geralmente precoce na ordem de cristalização de rochas granitoides. Devido sua capacidade de incorporar em sua estrutura conteúdos variáveis de ETR e outros elementos-traço, como Na, K, Mn, F, Cl, Sr, Y, Pb, Ba, Th, U, V e As, tem sido utilizada como um bom indicador petrológico e metalogenético de sua rocha hospedeira. O principal objetivo desta dissertação foi o estudo morfológico e composicional, por microssonda eletrônica, de cristais de apatita de rochas granodioríticas da Suíte Sanukitoide Rio Maria, aflorantes nas regiões de Rio Maria, Ourilândia do Norte e Bannach, Domínio Rio Maria, Província Carajás. Para fins comparativos foram estudadas apatitas dos Leucogranodioritos ricos em Ba-Sr de Água Azul do Norte e do Trondhjemito Mogno da região de Bannach, ambos arqueanos. Foram comparadas, ainda, apatitas dos granitos paleoproterozoicos tipo A Seringa e Antônio Vicente, o primeiro fracamente oxidado e estéril, e o segundo, reduzido e mineralizado a Sn. As apatitas dos sanukitoides de Ourilândia do Norte possuem zoneamentos composicionais concêntricos a oscilatórios mais evidentes e complexos, com zonas claro-escuras bem definidas. Por outro lado, as apatitas dos sanukitoides de Rio Maria e Bannach formam cristais mais homogêneos, com zoneamento pouco evidente a inexistente. As apatitas do leucogranodiorito rico em Ba-Sr e do Trondhjemito Mogno são igualmente bem desenvolvidas (>150 µm), porém com raros zoneamentos restritos às bordas de alguns cristais. Inclusões de zircão são comuns apenas nas apatitas do Trondhjemito Mogno. No Granito Seringa, as apatitas são de granulação fina (<100 µm), subédricas a euédricas e com zoneamentos bem definidos, enquanto as do granito estanífero Antônio Vicente são pouco desenvolvidas (<30 µm), subarredondadas e isentas de zoneamentos composicionais. As principais variações composicionais entre as apatitas das rochas sanukitoides do Domínio Rio Maria estão, além de CaO, P2O5 e F, no conteúdo mais elevado de ETRL (La, Ce, Pr, Sm, Eu) encontradas nas apatitas de Ourilândia do Norte e Rio Maria em relação às de Bannach, as quais mostram concentrações mais baixas e trend sub-horizontal no diagrama (La+Ce+Pr+Sm) vs (Gd+Yb+Y). Este enriquecimento em ETR fica mais evidente no diagrama ƩETR+Y vs (La+Ce+Pr+Sm+Eu), onde as apatitas estudadas formam um trend de enriquecimento no sentido dos sanukitoides de Bannach – Rio Maria – Ourilândia do Norte. Com base nessa assinatura geoquímica são sugeridas fontes magmáticas similares e mais enriquecidas em ETRL para as apatitas de Ourilândia do Norte e Rio Maria. Por outro lado, as apatitas dos sanukitoides de Bannach apresentaram concentrações mais elevadas e variáveis de CaO, P2O5 e F e mais baixas de ETRL, sugerindo origem a partir de um magma composicionalmente diferente e mais empobrecido em ETRL. As apatitas do Trondhjemito Mogno e do leucogranodiorito rico em Ba-Sr são igualmente mais empobrecidas em ETRL e tendem a acompanhar nos diagramas as apatitas dos sanukitoides de Bannach, porém as apatitas dos leucogranodioritos mostram maior enriquecimento em Sr. O Granito Seringa possui apatitas mais enriquecidas em F e ETR+Y quando comparadas às apatitas das rochas arqueanas, e se destacam em todos os diagramas geoquímicos. Tal fato demonstra que composições de apatita podem ser utilizadas também para registrar processos petrogenéticos e diferenciar composições magmáticas que marcaram mudanças durante a evolução crustal de uma região, por exemplo, distinguindo entre granitoides arqueanos e paleoproterozoicos, sendo, desta forma, úteis em estudos de proveniência. Apatitas do granito paleoproterozoico Antônio Vicente, mineralizado em Sn, mostram concentrações elevadas de F, Mn, Fe, Y e ETR (exceto Eu), em relação aos demais granitoides, característica que pode ser utilizada como um bom indicador metalogenético

  • MATEUS FERNANDES DA SILVA XAVIER
  • PALEOGEOGRAFIA E PALEOAMBIENTE DE DEPÓSITOS SILICICLÁSTICOS DA TRANSIÇÃO MISSISSIPIANO- PENSILVANIANO DA BACIA DO PARNAÍBA

  • Data: May 17, 2019
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  • A formação do supercontinente Pangeia na passagem do período Pensilvaniano para o Mississipiano gerou profundas mudanças na sedimentação e no comportamento das bacias sedimentares paleozoicas do Gondwana. Orogenias ocasionaram soerguimentos expressivos. Uma das orogenias que afetou a porção norte do Gondwana está relacionada a colisão do Gondwana com a Laurásia que gerou o evento Eo-Herciniano em 320 Ma. Atualmente, relaciona-se esta orogenia como a principal responsável pela discordância presente em várias bacias paleozoicas ao longo do Gondwana. Para testar a influência desta orogenia na configuração paleogeográfica e paleoambiental, foram estudados 7 perfis nas bordas sul, oeste e leste da Bacia do Parnaíba, onde foram descritas 19 fácies divididas em 3 associações de fácies: frente deltaica e plataforma influenciada por ondas de tempestades da Formação Poti e fluvial entrelaçado da Formação Piauí. O estudo usou a análise de fácies, petrografia para classificação dos arenitos e proveniência do ambiente tectônico, catodoluminescência de quartzo e análise de paleocorrentes. Os depósitos da Formação Poti são constituídos de barras de frente deltaica com lobos dominados pela fácies arenito com estratificação cruzada sigmoidal e no topo, depósitos de abandono deltaico e retrabalhamento marinho com predomínio de fácies originadas a partir de tempestades. Os depósitos fluviais entrelaçados foram divididos em 3 elementos arquiteturais para melhor entendimento de sua evolução. Os elementos arquiteturais de preenchimento de canais lateral e verticalmente amalgamados ocorrem na parte mais proximal desse sistema, onde apresentam uma alta energia e transporte por carga de leito (bed load). Os elementos de preenchimento de canal não amalgamado e depósitos de overbanks ocorrem nas partes mais intermediárias do sistema Piauí, onde a energia é menor quando comparado com regiões proximais, e o transporte dos sedimentos é realizado por carga mista (mixed load). Nessas regiões mais intermediárias há a preservação dos depósitos de overbanks. Dados de paleocorrentes e de proveniência apontam para um sistema fluvial que migra para NE-NW, onde o vetor principal é para Norte. Durante o Pensilvaniano, o sistema fluvial da Formação Piauí dominava o nordeste do Gondwana migrando em direção aos mares epicontinentais deste período, com áreas fonte ao sul da bacia do Parnaíba. Admite-se então, que a discordância no Carbonífero estaria relacionada principalmente a movimentos glacio-eustáticos relacionada ao primeiro pico de acumulação de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA) e o desenvolvimento do sistema fluvial da Formação Piauí estaria sendo suprido por águas de degelo, explicando assim o desenvolvimento de um sistema fluvial perene em meio a um sistema desértico.

  • SAMIA QUEIROZ VIANNA
  • GEOCRONOLOGIA U-Pb E GEOQUÍMICA ISOTÓPICA Nd- Hf DOS GRANITOIDES TRANSAMAZÔNICOS DO DOMÍNIO PALEOPROTEROIZO LOURENÇO, SUDESTE DO ESCUDO DAS GUIANAS

  • Data: May 16, 2019
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  • A parte leste do Escudo das Guianas está inserida na porção norte do Cráton Amazônico, mais especificamente na Província Maroni-Itacaiúnas (PMI), definida como uma faixa móvel paleoproterozoica acrescida a um bloco arqueano durante o evento Transamazônico (2,26-1,95 Ga). No estado do Amapá, norte do Brasil, o Domínio Paleoproterozoico Lourenço é constituido principalmente por terrenos gnáissicos, granitoides e greenstone riacianos, com relíquias de rochas arqueanas na sua porção mais meridional. A sul, o Bloco Amapá é definido como uma massa continental formada por unidades neo-mesoarqueanas (2,85-2,60 Ga) fortemente retrabalhadas no Paleoproterozoico durante o ciclo orogênico Transamazônico, granitoides e sequências supracrustais riacianos. A região de Tartarugalzinho, centro-leste do estado do Amapá, está localizada na transição entre o Domínio Paleoproterozoico Lourenço e o Bloco arqueano Amapá. Diversas suítes de granitoides foram identificadas nessa região (granitoides da Suíte Intrusiva Flexal, Tonalito Papa-Vento e Granito Vila Bom Jesus). Foram utilizadas as metodologias U-Pb e Lu-Hf em zircão por espectrometria de massa ICP-MS e laser ablation, Sm-Nd em rocha total por espectrometria de massa TIMS, análises geoquímicas e dados petrográficos com objetivo de melhor estabelecer os estágios evolutivos da orogênese Transamazônica, nos quais estão inseridos esses granitoides, bem como contribuir para a integração desta região aos modelos geodinâmicos propostos para o sudeste do Escudo das Guianas e investigar os processos de crescimento crustal vs. retrabalhamento durante o Paleoproterozoico na porção sul do Domínio Lourenço. Os dados geocronológicos U-Pb em zircão obtidos para a Suíte Intrusive Flexal (2176 ± 9 Ma, 2176 ± 5 Ma e 2166 ± 15 Ma ), para o Tonalito Papa- Vento (2131 ± 11 Ma) e para o Granito Vila Bom Jesus (2085 ± 16 Ma e 2078 ± 8 Ma) consolidaram a identificação dos episódios paleoproterozoicos (~2,18-2,15 Ga e ~2,08 Ga) para este setor meridional do Domínio Lourenço. As idades modelo Nd-TDM de 2,87-2,63 Ga e Hf-TDMC de 3,63-2,79 Ga arqueanas e os valores negativos de εNd(t) (- 2,74 a -5,43) e de εHf(t) (-1,40 a -15,65) indicam a mistura de material juvenil Riaciano com contribuição de um componente crustal arqueano na fonte desses magmas. A combinação dos dados geocronológios e geoquímicos permite reconhecer dois eventos distintos, o primeiro com assinatura calcio-alcalino a calcio-alcalino de alto-K, carater peraluminoso com evolução envolvendo estágios de subducção em ambientes de arcos magmáticos, e o segundo com assinatura calcio-alcalino a calcio-alcalino de alto-K, carater per- a metaluminoso, e afinidade com granitos syn- a pós-colisionais que poderia representar um estágio de colisão arco magmático – continente. Ainda é possivel correlacionar esses eventos na região central do Amapá aos dois episódios magmáticos principais que marcaram a evolução Transamazônica em todo o sudeste do Escudo das Guianas, o primeiro (a) estágio Mesoriaciano (2,18-2,13 Ga) relacionado a estágios de subducção e o segundo (b) estágio Neoriaciano (2,08-2,02 Ga) relacionado a estágios pós-colisionais. O conjunto de dados obtidos consolida a existência de dois episódios magmáticos (~2,18-2,15 Ga e ~2,08 Ga) e a participação de componentes crustais na fonte dos magmas que geraram estas rochas. dados geocronológicos e geoquímicos sugerem que a evolução Transamazônica da área envolve um contexto de arcos vulcânicos com posterior colisão arco-continente na borda do bloco arqueano, entretanto não se pode descartar a existência de um arco magmático continental.

  • PRISCILA VALÉRIA TAVARES GOZZI
  • MINERALOGIA E GEOQUÍMICA DOS SEDIMENTOS DE FUNDO DO RIO-LAGO TAPAJÓS-PA

  • Data: May 15, 2019
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  • Com a subida do nível do mar a partir do Holoceno médio a zona de desembocadura do rio Tapajós passou por mudanças na distribuição da carga sedimentar, atualmente com baixa carga em suspensão, e principalmente desaceleração do fluxo devido a barreira física criada pela diferença de densidade da água com a do rio Amazonas, afogando a foz do rio Tapajós, o que levou ao estabelecimento de condições características de lago. Para avaliar essas novas condições, no baixo curso do rio Tapajós (Lago Tapajós), entre os Municípios de Aveiro a Santarém, foram coletadas e analisadas amostras de sedimentos de interface água-sedimento e dos sedimentos de fundos nos primeiros 90 cm (perfis) de profundidade. Essas amostras foram analisadas quanto às suas características sedimentológicas, mineralógicas e geoquímicas. Os resultados demonstram que as amostras de interface são predominantemente arenosas e os perfis são siltosos, constituídos por quartzo, caulinita, illita/muscovita, além de goethita, gibbsita, anatásio e esmectitas. Esses minerais em sua maioria são constituintes dos solos dos terrenos que circundam o lago. A presença de esmectita não se restringe o rio Amazonas como única fonte, podendo vir de rochas sedimentares do entorno da bacia e de rochas parcialmente intemperizadas na porção a montante do lago. A assembleia de minerais pesados formada por minerais predominantemente ultraestáveis, apontam reciclagem e tendo como fonte primária de rochas graníticas e metamórficas. A distribuição preferencial de sedimentos arenosos nas margens e sílticos e argilosos nas zonas centrais e a variação cíclica da composição química ao longo do perfil, preferencialmente na porção sul do lago, reforça a ambiência lacustre pelos menos nos últimos 90 cm de profundidade.

  • RAFAEL GUIMARAES CORREA LIMA
  • CARACTERIZAÇÃO DA ALTERAÇÃO HIDROTERMAL NO ALVO COELHO CENTRAL, DEPÓSITO AURÍFERO PEDRA BRANCA, SEQUÊNCIA DE SERRA DAS PIPOCAS, MACIÇO DE TROIA, COM BASE EM ESTUDOS ISOTÓPICOS (O, H, S e C) E INCLUSÕES FLUIDAS

  • Data: May 8, 2019
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  • O depósito aurífero Pedra Branca está hospedado em rochas metavulcânicas riacianas do Greenstone Belt Serra das Pipocas, Maciço de Troia, um dos principais embasamentos arqueano/paleoproterozoico da Província Borborema. O depósito é formado por quatro alvos principais, Mirador, Queimadas, Igrejinha e Coelho Central e foi, recentemente, incluído na classe dos depósitos de ouro orogênico hipozonais com base no contexto geológico, tipos de alterações hidrotermais e dados isotópicos obtidos para os alvos Mirador e Queimadas. No alvo Coelho Central, as principais rochas hospedeiras do ouro são ilmenita- e granada anfibolitos formados a partir de protólitos máficos. Ocorrências subordinadas de ouro foram reconhecidas também em lentes de metadacitos e metatonalitos hidrotermalizados encaixados nos anfibolitos. Zonas hidrotermalizadas com mineralização aurífera associada mostram associações minerais formadas em condições equivalentes à fácies anfibolito. Foram reconhecidas (i) Venulações cálcio-silicáticas (diopsídio, titanita, calcita, epidoto e sulfetos), (ii) Venulações com hornblenda, albita, biotita e granada, com pirrotita e ouro associado, (iii) Alteração potássica rica em biotita, com pirrotita, ouro e teluretos e (iv) Veios de quartzo com ouro livre. Registros hidrotermais pós-mineralização são evidenciados por (v) Bolsões com epidoto, titanita e calcita, (vi)   Cloritização e (vii) Carbonatação fissural rica em pirita, os quais marcam um estágio de deformação dúctil-rúptil, provavelmente já em condições de fácies xisto verde. O ouro ocorre principalmente como micropartículas inclusas em pirrotita, calcopirita, pentlandita e Co- pentlandita indicando sua associação com fases de enxofre, e subordinadamente com micropartículas livres em veios de quartzo. A associação metálica das zonas sulfetadas inclui ainda abundantes teluretos de Ag, Bi, Ni e Pb. A geotermometria por isótopos de O e H em silicatos hidrotermais estima um intervalo de temperatura entre 484 e 586 ºC para formação das alterações com ouro associado. A composição isotópica dos fluidos em equilíbrio com silicatos hidrotermais (quartzo, hornblenda, biotita, turmalina e titanita) mostra valores de δ18O (+6,8 a +10,7‰), δD (-58,4 a -35,5‰), tal como os valores de δ34S em sulfetos (-3,1 e +2,7‰) e de δ13C para calcita (-11,1 a -5,8‰), indicativos de fluidos oriundos de fonte magmático- hidrotermal profunda, com possível interação e mistura com fluidos da sequência Greenstone encaixante. Assembleias de inclusões fluidas reconhecidas em veios de quartzo revelam o predomínio de inclusões carbônicas, com densidade de até 1,15 g/cm3 e até 15 mol % de CH4, coexistentes com inclusões de nitrogênio, e também com variedades aquocarbônicas e aquosas de baixa salinidade (<9,7 % equiv. NaCl). Os critérios petrográficos e microtermométricos sugerem processo de imiscibilidade de um fluido CO2-H2O-NaCl-N2-CH4 como o responsável pela formação das inclusões observadas. Considerando este como o fluido mineralizador, desestabilização de complexos como Au(HS)-2 e precipitação de ouro e metais associados ocorreram por imiscibilidade e interação fluido-rocha, além de variações nas condições redox e pH do fluido entre 2,2 e 5,5 kbar (6,3 a 16,0 km). Tardiamente, um fluido com H2O-NaCl- CaCl2 circulou na área do alvo e contribuiu para a cristalização de calcita, com pirita e esfalerita associadas, em fraturas e falhas. As características acima apresentadas permitem ratificar o alvo Coelho Central e depósito associado como hospedeiros de uma mineralização aurífera hipozonal formada em condições de fácies anfibolito, a partir de fluidos magmáticos profundos ricos em CO2 que interagiram com a sequência metamórfica do Greenstone Belt Serra das Pipocas e precipitaram ouro e metais associados.

  • MICHELE FERREIRA COUGO
  • O POTENCIAL DO SENSORIAMENTO REMOTO SAR NO MAPEAMENTO, DISCRIMINAÇÃO DE GÊNEROS E

    ESTUDO DA DINÂMICA DE FLORESTA DE MANGUE NA REGIÃO AMAZÔNICA

  • Data: Apr 26, 2019
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  • Esta tese tem como objetivo geral abordar o potencial dos dados de sensores SAR para diferenciar gêneros de mangue através de dados polarimétricos, estimativa de  biomassa através da estrutura dos bosques e em produzir mapas temáticos as florestas de mangue através do uso de imagens SAR multifrequência. Dados SAR polarimétricos (Radarsat2), multifrequência (banda X, C e L) foram utilizados para cumprir este objetivo. A área de estudo é a península de Ajuruteua, localizada no setor leste da Zona Costeira Amazônica. Os manguezais desta região são considerados preservados e estão presentes as espécies: Rhizophora mangle, Avicennia germinans, Avicennia schaueriana e Laguncularia racemosa, sendo a espécie R. mangle a espécie dominante na região. Através de uma imagem polarimétrica Radarsat-2, banda C, foram avaliadas as respostas polarimétricas das parcelas com dominância dos dois principais gêneros ocorrentes na região (Rhizophora e Avicennia). Pela análise dos gráficos das respostas polarimétricas não foi possível definir um padrão por gênero que permitisse a diferenciação de gêneros através deste parâmetro. A análise do mecanismo de espalhamento foi realizada através das decomposições polarimétricas da matriz de coerência e covariância. No plano H-α todas as parcelas de vegetação foram classificadas na zona 5 de média entropia, zona atribuída ao espalhamento da vegetação e, na zona 6 de média entropia associada ao aumento da rugosidade superficial. Apenas a classe campos apresentou valor de H menor que as demais classes, o que à destacou das demais. As imagens dos mecanismos de espalhamento: double-bounce, volumétrico e superficial não permitiram a separação dos gêneros dominantes na região. Na série temporal anual de imagens Sentinel1-A o comportamento do σ° nas polarizações VV e VH foi similar e não apresentou diferenças com relação a valores de biomassa total. As variações dos valores de retroespalhamento ao longo do ano foram relacionados as condições ambientais (precipitação e regime das marés), alterações no dossel (fenologia) e ao ângulo de incidência. Os valores de σ° foram maiores no período do mês de maio ao fim de agosto e no mesmo período os valores da razão σ°VH/σ°VV foram menores, reflexo da dinâmica do dossel dos manguezais da região visto que este período é marcado pela maior produção de serrapilheira, apesar da modesta oscilação (1,5 dB). O uso das imagens SAR multifrequência para classificação no Random Forest dos ambientes da península baseada teve o melhor índice Kappa com valor de 0,53 para o modelo que incluiu imagens Sentinel1-A e ALOS-PALSAR, com Kappa da classe mangue de 0.90. A classe mangue anão apresentou discordância global (até 10%) mais alta que as demais, principalmente no tipo permuta com as classes mangue, planície hipersalina e outros, sendo que as duas últimas tiveram os menores índices Kappa por classe em todas as classificações. A classe mangue apresentou discordância global de no máximo 5% e índice Kappa maior que 0,90 em todas as classificações. Diante do exposto, concluímos que a abordagem por gênero de mangue, mesmo com elevado n amostral, não produz diferenças significativas para a distinção dos gêneros através de técnicas polarimétricas, quer seja resposta polarimétrica ou técnicas de decomposição. Dois avanços podem ser ressaltados no estudo dos manguezais através de séries temporais Sentinel-1A, a razão de polarização σ°VH/σ°VV está relacionada a dinâmica do dossel e o uso de imagens trimestrais de estações diferentes para a classificação das florestas de mangue. Além de ser reconhecido o potencial de uso das imagens SAR para o mapeamento das florestas de mangue principalmente quando utilizadas séries temporais de sensores nas bandas C e L através de técnicas de aprendizado de máquina.

  • DAIVESON SERRAO ABREU
  • MINERALOGIA E GEOQUÍMICA DE PERFIS LATERÍTICOS IMATUROS EM ABEL FIGUEIREDO-RONDON DO PARÁ, AMAZÔNIA ORIENTAL

  • Data: Mar 29, 2019
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  • Perfis lateríticos imaturos são muito frequentes na Amazônia, a exemplo da região sul do estado do Pará. Porém eles são pouco estudados, embora possam ser portadores de importantes mineralizações como Au, Pt, Ni e Mn e mineralizações associadas a minerais resistatos (Sn, Nb-Ta, Y). Na região de Paragominas-Rondon do Pará essas formações por vezes dominam a paisagem local, sejam como depósitos autóctones sejam alóctones. Entender o processo de formação desses perfis para contribuir no entendimento da evolução geológica durante o Cenozóico nas regiões de Abel Figueiredo e Rondon do Pará é o objetivo deste trabalho. Dois perfis autóctones localizados na região Abel Figueiredo, Sudeste do Pará, sendo um deles no km 137 da BR-222 e o outro no km 138 da mesma rodovia foram selecionados para estudo textural, mineralógico e químico, além de caracterizar o conteúdo de minerais pesados e anatásio para permitir exercer discussões sobre a rocha fonte e processos evolutivos. Trabalhos de campo, difração de raios-X, microscopia óptica, eletrônica e análises químicas multielementares totais foram desenvolvidas. Os perfis em geral são equivalentes em termos de sucessão de horizontes, compreendendo da base para o topo por: horizonte argiloso, que está presente apenas no perfil do km 138, é de coloração marrom avermelhado com manchas brancas e aspecto maciço; Crosta ferroaluminosa colunar parcialmente desmantelada, de coloração marrom avermelhado escuro, de estrutura colunar, paralelizada por canais preenchidos por material silto-argiloso; Crosta ferroaluminosa nodular parcialmente desmantelada de coloração marrom avermelhada escura, com tons ocres, de estrutura nodular, microporosa e cavernosa; Horizonte subesferolítico do perfil do km 138 é representado por subesferólitos de coloração marrom avermelhada, envolvidos por matriz argilosa de coloração marrom amarelada, enquanto o equivalente do perfil do km 137 é denominado de horizonte esferolítico a nodular representado por esferólitos e nódulos envolvidos por matriz de cor marrom; Topsoil, é de consistência terrosa e homogênea, correlacionável aos latossolos da Amazônia. Esta estruturação a partir crosta ferroaluminosa colunar mostra grau crescente de desagregação bioquímica e física marcada pelo desmantelamento e fragmentação da crosta, pela ocorrência de padrão colunar e nódulos, e a cominuição dos fragmentos nodulares no topo dando lugar aos esferólitos/subesferólitos. Este padrão estrutural expressa um típico processo granodecrescente, culminando com o topsoil, dominantemente silto-argiloso. A mineralogia dos perfis lateríticos e topsoils consistem em hematita, goethita, caulinita, quartzo e como acessórios anatásio e minerais pesados (zircão, rutilo, turmalina, cianita e estaurolita) que descrevem uma clássica sucessão laterítica. Hematita e goethita são os principais minerais portadores de ferro que captura elementos altamente móveis (V, Cr, As, Se, Mo, Ag, Sb, Hg e Bi) fixados nas crostas e em seus produtos de degradação (nódulos e esferólitos). Caulinita e Al-goethita desempenham menor importância na captura de elementos, porém sustentam que o perfil laterítico foi afetado pelo intemperismo tropical. O zircão, mineral de comportamento residual assim como o anatásio, mostra afinidade com Ta, Nb, Y e ETR e advém de uma única fonte de filiação granítica. A mineralogia e geoquímica indicam uma evolução contínua da crosta ferroaluminosa colunar parcialmente desmantelada para a crosta ferroaluminosa nodular e desta para o horizonte subesferolítico ou horizonte esferolítico a nodular e finalmente para o topsoil. A distribuição de SiO2, Al2O3, Fe2O3 e TiO2 mostra que as crostas, os nódulos e esferólitos/subesferólitos se assemelham quimicamente entre si. Essa semelhança é também demonstrada pelo mesmo padrão das curvas de distribuição dos elementos traço e ETR. Hematita e goethita se decompõem e formam-se caulinita, Al-goethita, com paralela concentração de quartzo e anatásio residuais, o que se manifesta pelo aumento de SiO2 e Al2O3 e TiO2, com consequente perda gradual de Fe2O3. A semelhança mineralógica e química entre a matriz argilosa e o topsoil atesta que esta matriz gerada na degradação das crostas é a provável fonte do topsoil. O desenvolvimento do perfil laterítico iniciou no Mioceno, quando foi exposto a intensa atividade radicular de floresta tropical que decompõe bioquimicamente as crostas pré- existentes dando origem aos nódulos e esferólitos com geração de matriz argilosa e paralela formação de caulinita e Al-goethita. O topsoil se formou no topo dos morros da superfície rebaixada sob clima quente e úmido da Amazônia durante o Pleistoceno.

  • GABRIEL LEAL REZENDE
  • EVIDÊNCIAS GEOFÍSICAS E GEOLÓGICAS DA CAMP NAS BACIAS SEDIMENTARES DO PRÉ-CAMBRIANO E FANEROZOICO DO SUL DO CRÁTON AMAZÔNICO

  • Data: Mar 16, 2019
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  • As bacias sedimentares do sudeste da Província Tocantins e Sul da Província Tapajós foram afetadas pela colocação de grandes volumes de rochas basálticas do Triássico-Jurássico incluídas na Província Magmática do Atlântico Central (CAMP), evento que precedeu o rifteamento do Pangea e abertura do Oceano Atlântico Central. Nesta região destacam-se a Bacia paleozoica dos Parecis e a Bacia Intracratônica pré-cambriana-paleozoica (Bacia Araras- Paraguai) invertida durante o Ordoviciano. Essas bacias estão sobrepostas as rochas metamórficas da Faixa Paraguaia do Toniano e cristalinas-metamórficas paleo- a mesoproterozóicas do Cráton Amazônico. As sucessões sedimentares neoproterozoicas a cambrianas dessas bacias são recortadas e recorbertas por basaltos do jurássico que afloram nas regiões de Tangará da Serra e Chupinguaia, estado de Mato Grosso e Rondônia, respectivamente. A ocorrência de menos de 5 % de basaltos aflorantes nesta área, não é compatível com a magnitude do evento relacionado ao CAMP, por isso suspeitava-se que o volume em subsuperfície poderia ser maior. Desta forma, a reinterpretação de métodos geofísicos e geológicos prévios em combinação com uma modelagem da crosta, permitiu a obtenção de uma nova interpretação para o campo gravitacional relacionado às variações de densidade intracrustais do Sudeste do Cráton Amazônico (campo gravimétrico residual). Este campo gravimétrico, permitiu presumir a presença de corpos densos dentro das bacias pré- cambrianas e paleozoicas, interpretados como derrames basálticos toleíticos continentais associáveis ao CAMP, provavelmente com um volume de 3 milhões de km3. Esta abordagem se mostra eficaz para o mapeamento de corpos de alta densidade em subsuperfície associáveis aos basaltos, ampliando a área de distribuição deste evento magmático e fornecendo um melhor entendimento da história geológica do Sudeste do Cráton Amazônico.

  • PEDRO AUGUSTO SANTOS DA SILVA
  • O MAR EPICONTINENTAL ITAITUBA NA REGIÃO CENTRAL DA BACIA DO AMAZONAS: PALEOAMBIENTE E CORRELAÇÃO COM OS EVENTOS PALEOCLIMÁTICOS E PALEOCEANOGRÁFICOS DO CARBONÍFERO

  • Data: Mar 14, 2019
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  • A paleogeografia do Carbonífero de Gondwana Ocidental foi dominada por mares epicontinentais ligados ao Oceano Panthalassa a Oeste. Uma sucessão transgressiva Pensilvaniana mista siliciclástica-carbonática, com 50m de espessura, foi estudada em afloramentos e testemunhos de sondagem utilizando uma combinação de análises faciológicas, estratigráficas com a estratigrafia isotópica de C e O. Trinta e quatro fácies representativas dos sistemas deposicionais costeiros a plataformais são agrupadas em três associações de fácies (AF): AF1 depósito desértico costeiro constituídos de arenitos finos a médios, pelitos e dolomitos finos a arenosos que correspondem a uma complexa associação de dunas arenosas eólicas, lençóis de areia, interduna, canais fluviais e depósitos lagunares bioturbados pelos traços fósseis Palaeophycus, Lockeia, Thalassinoides e Rosselia. AF2) planície de maré mista constituída por arenitos finos a médios, pelitos, folhelhos, siltitos e dolomitos finos, interpretados como depósitos de supramaré, de canais de maré, delta de marés e lagunas com fósseis de braquiópodes e equinodermas. AF3) depósitos carbonáticos de plataforma constituídos por lime mudstones, wackestones, packstones, grainstones com aloquímicos (oóides e pelóides), grãos terrígenos e abundantes e diversificados organismos bentônicos marinhos rasos como: restos de peixes, foraminíferos, braquiópodes, equinodermas, gastrópodes, briozoários, trilobitas, corais, ostracodes e conodontes, interpretados como barras bioclásticas e plataforma carbonática. As espécies de conodontes Neognathodus symmetricus, Streptognathodus sp. e Ellisonia sp. em AF3 indicam uma idade Baskiriana-Moscoviana para estes depósitos. A dolomitização afetou os calcários e arenitos de AF1 e AF2 substituindo a matriz micrítica e ocorrendo como dolomita em sela, indicando mistura de águas meteóricas e marinhas e soterramento respectivamente. O neomorfismo da matriz micrítica opaca e em conchas de bivalves são constatadas pelo crescimento de mosaico de cristais xenotópicos. Em contraste, o cimento calcítico secundário é equigranular, fibroso, bladed e espático. A micritização é encontrada nas conchas de bioclastos exibindo envelope micrítico. A autigênese de quartzo e pirita de origem biogênica é comumente encontrada em AF2 e AF3. A compactação mecânica e química nos calcários causou a redução da porosidade, cimentação, fraturas e o desenvolvimento de dissolution seams e estilólitos. Os arenitos foram cimentados por quartzo, calcita e óxidos e hidróxidos de ferro e mostram contatos de grãos côncavos- convexos e suturados. A predominância de feições eodiagenéticas e subordinadamente mesodiagenéticas na sucessão Monte Alegre-Itaituba indicou um arcabouço menos modificado pelos processos diagenéticos, que corrobora com a assinatura original dos valores de δ13C variando de ~-2‰ a +5, 28‰. Esta tendência enriquecida se coaduna com a alta produtividade orgânica, desencadeada pelo florescimento maciço de organismos bentônicos de controle eufótico, principalmente em AF3. Cinco tipos de ciclos de raseamento ascendente e assimétricos caracterizam a sucessão Monte Alegre-Itaituba. Ciclos de perimaré em deserto costeiro (ciclo I) foram formados pela alternância de dolomitos e arenitos com valores de δ13C variando de -1, 5‰ a +0, 3‰. Os ciclos II consistem em intercalações de arenito pelito e arenito floatstone e o ciclo III é composto por alternância de dolomitos e arenitos. Estes ciclos como depósitos de planície de maré e laguna com valores de δ13C alcançando de +3, 98‰ a +4, 62‰. O ciclo IV é um ritmito formado por pares de wackestone/lime mudstone, enquanto o ciclo V consiste na alternância de grainstones, wackestones e lime mudstones (ciclicidade ABC) passando para ciclos compostos por wackestones e lime mudstones (ciclicidade AB). Os ciclos IV e V são depósitos de plataforma com valores de δ13C variando de +3, 65‰ a 5, 28‰. O empilhamento de 53 ciclos com espessuras médias de 1,1 m, combinados com o diagrama de Fisher plot, indicou um padrão de empilhamento agradacional a retrogradacional inserido em um trato de sistema transgressivo inicial (ciclos I-III) e o trato de sistema transgressivo tardio (ciclos IV e V). A sucessão foi depositada em ~13 Ma e os ciclos individuais acumulados em aproximadamente 0, 25 Ma, típicos de ciclos de quarta ordem relacionados a flutuações do nível do mar de alta frequência. Estes dados foram correlacionados com as curvas globais de δ13C e nível do mar que posicionaram a sucessão Monte Alegre-Itaituba no Serpukhoviano Superior ao Moscoviano inferior. A influência da glaciação Mississispiana Superior foi insignificante nestes depósitos, mas a transgressão pós-glacial associada a lenta subsidência da Bacia do Amazonas gerou os ciclos I, IV e V. Os ciclos II e III foram formados por processos autóctones durante um período de equilíbrio entre o suprimento e a glacioeustasia. A sucessão Monte Alegre-Itaituba é o registro de um grande mar epicontinental amazônico que estava diretamente ligado ao Oceano Panthalassa durante o Pensilvaniano. 

  • ALEXANDRE RIBEIRO CARDOSO
  • ESTRATIGRAFIA E PALEOAMBIENTE DA FORMAÇÃO PASTOS BONS, JURÁSSICO-CRETÁCEO DA BACIA DO PARNAÍBA

  • Data: Mar 6, 2019
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  • A transição Jurássico-Cretáceo foi marcada pela fragmentação do supercontinente Gondwana Oeste e consequente abertura do Oceano Atlântico. Os estágios pré-ruptura foram caracterizados por soerguimentos epirogênicos associados a acumulações volumosas de magma na infracrosta. Adicionalmente, derrames vulcânicos expressivos ocorreram na porção central do Gondwana Oeste, compondo a Central Atlantic Magmatic Province (CAMP). Um estágio de subsidência térmica pós-CAMP permitiu a instalação de extensos lagos coincidentes com depocentros da Bacia do Parnaíba, registrado em camadas jurássico- cretáceas da Formação Pastos Bons (FPB). A FPB é constituída, predominantemente, por espessos folhelhos avermelhados intercalados a arenitos tabulares. A porção basal é constituída por folhelhos pretos fossilíferos, denominados de Folhelho Muzinho. Devido a exposições descontínuas e deslocamentos por falhas, a estratigrafia do Mesozoico da Bacia do Parnaíba permanece pouco compreendida e existe a necessidade de trabalhos faciológicos e estratigráficos de detalhe. Neste sentido, esta pesquisa realizou uma releitura destes depósitos para elucidar o paleoambiente e as implicações paleogeográficas da FPB no contexto do supercontinente Gondwana, com base na análise de fácies e cicloestratigrafia. A proveniência desta sucessão foi investigada a partir de diagramas de composição de arenitos, catodoluminescência de quartzo e análise de minerais pesados. As camadas intituladas Folhelho Muzinho foram avaliadas através de petrografia, DRX e MEV/EDS. A FPB é composta por cinco associações de fácies, interpretadas como lacustre central (AF1), sheet- like delta front (AF2), lacustre marginal (AF3) e canais fluviais efêmeros (AF4). A AF1 é composta por ciclos de ressecamento/raseamento ascendente, definidos por folhelhos pretos milimetricamente intercalados a carbonatos, que gradam para folhelhos avermelhados alternados a arenitos estratificados/laminados. Os folhelhos são compostos por quartzo, illita, esmectita e calcita. Os níveis fossilíferos incluem macroformas jovens e adultas no mesmo horizonte, encapsuladas por lâminas crenuladas de Fe-esmectitas, ricas em matéria orgânica. A AF1 indica sedimentação no centro de lagos estratificados, em condições eutróficas e anóxicas. Eventos de mortandade em massa foram induzidos, provavelmente, pela contaminação da coluna d’água devido à liberação de H2S por cianobactérias. A transição para pelitos e arenitos espessos reflete a evolução de lagos underfilled para overfilled, conforme houve o aumento no aporte de sedimentos e água. A AF2 é composta por arenitos tabulares em ciclos de espessamento ascendente, que registram desconfinamento do fluxo e preenchimento progressivo do lago, com consequente retrabalhamento do topo das camadas por ação de ondas. A AF3 é constituída por ciclos de raseamento ascendente, demarcados por marcas onduladas, estruturas de adesão ou gretas de contração. A AF4 é definida por ciclos granodecrescentes ascendentes desenvolvidos por canais fluviais efêmeros, com conglomerados e arenitos que gradam para pelitos. Esta sucessão define lagos abertos e estratificados, dominados por processos de decantação e fluxos desconfinados, em regime hiperpicnal. O arcabouço estratigráfico da FPB é composto por quatro ciclos deposicionais, constituídos por ciclos centimétricos a métricos, limitados por superfícies de inundação. Estes ciclos definem um padrão retrogradacional-progradacional-retrogradacional, com aumento ascendente do espaço de acomodação condicionado por pulsos da subsidência térmica pós- CAMP e variações no suprimento sedimentar. A sucessão mesozoica sugere migração do Gondwana Oeste para zonas equatoriais no Jurássico-Cretáceo, com atenuação da aridez em relação ao Permiano-Triássico. Os arenitos da FPB indicam proveniência de orógenos reciclados e interior cratônico, enquanto que dados de catodoluminescência indicam fonte vulcânica predominante. Para testar possíveis correlações com unidades adjacentes, verificou- se que a assembleia de minerais pesados da FPB é muito similar a de depósitos eólicos da Formação Corda, e ambas diferem dos depósitos fluviais da Formação Grajaú. Os índices ZTR, GZi e RZi são mais altos para os arenitos da FPB e da Formação Corda, e baixos para a Formação Grajaú. Os depósitos fluviais distinguem-se, sobretudo, por exibirem sillimanita e alto teor de hornblenda (>50%). Estes dados indicam minerais policíclicos e fontes mistas para os arenitos mesozoicos da Bacia do Parnaíba. O Grupo Mearim exibe contribuição vulcânica suprida por basaltos do CAMP e fonte metapelítica de baixo a médio grau metamórfico. Esta última, possivelmente, é representada por rochas neoproterozoicas do Domínio Médio Coreaú, Província Borborema. Diferentemente, a Formação Grajaú foi suprida por granitos brasilianos tipo-I. Esta evolução geológica indica mudança de proveniência ou exumação de áreas fontes em comum durante o Mesozoico da Bacia do Parnaíba.

  • ARIANE MARIA MARQUES DA SILVA
  • ANÁLISE INTEGRADA DA MORFOLOGIA E SEDIMENTOLOGIA DO BAIXO CURSO DO RIO XINGU

  • Data: Jan 28, 2019
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  • O rio Xingu é um importante afluente do rio Amazonas contribuindo com 5% de sua vazão líquida, embora não contribua significativamente com sedimentos. O baixo rio Xingu é definido como uma ria, em função do afogamento de seu vale como resultado da Última Grande Transgressão marinha. Em função de uma influência substancial de maré, com alturas de maré de mais de 1 m na confluência, este setor fluvial corresponde ainda a um tidal river. O presente estudo visa analisar a morfologia e sedimentologia de fundo do baixo rio Xingu, estabelecendo correlação com os dados hidrodinâmicos, visando o entendimento dos processos de preenchimento sedimentar da ria, ainda em andamento. A área amostrada vai desde a confluência com o Amazonas (proximidades da cidade de Porto de Mós) até o estreitamento do lago de ria a montante, nas proximidades da cidade de Vitória do Xingu. Foram efetuados levantamentos sedimentológicos durante períodos de alta (fev/2016) e baixa (nov/2016) descarga de sedimentos. Para o período de alta descarga foram coletadas 109 amostras de sedimentos de fundo. Durante o período de baixa descarga, a amostragem foi repetida em 11 destas estações. No período de máxima descarga liquida do rio Amazonas (jun/2018), foram também monitorados os níveis d’água em diversos pontos ao longo do rio Xingu, assim como ocorreu nos períodos de coleta anteriores. Os dados morfológicos referem-se aos levantamentos batimétricos realizados pela Marinha do Brasil (CLSAOR/DHN). Os resultados demonstram forte correlação da sedimentologia com a morfologia, revelando um preenchimento do lago de ria tanto a partir do próprio rio Xingu, formando um proeminente delta de cabeceira, como a partir do rio Amazonas, onde as variações de maré têm transportado sedimentos a montante no rio Xingu. Por outro lado, grandes áreas de seção transversal na parte central da ria demonstram que volumes relativamente pequenos de sedimento alcançam aquela área, com dinâmica reduzida e sedimentação lamosa. Transversalmente, as areias estão mais associadas às margens e sua erosão por ação de ondas. Longitudinalmente, as areias são substancialmente mais frequentes na região de delta de cabeceira, e na região da confluência com o Amazonas, onde as áreas de seção transversal são notadamente menores. Os resultados sugerem ainda que a sedimentação nas proximidades da confluência com o rio Amazonas tem se reduzido ao longo do tempo, onde a combinação de variação da área da seção transversal com a vazão do próprio rio Xingu reduz o fluxo a montante a partir do rio Amazonas.

2018
Description
  • THIAGO PEREIRA DE SOUZA
  • INFLUÊNCIA DO RIO AMAZONAS NOS SEDIMENTOS DE FUNDO DO RIO XINGU: EVIDÊNCIAS MINERALÓGICAS E GEOQUÍMICAS

  • Data: Dec 27, 2018
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  • O rio Xingu configura-se como um importante afluente do rio Amazonas em termos de descarga de água, destacando-se principalmente pela sua morfologia ímpar e dinâmica sedimentar diversificada. Estudos hidrodinâmicos registram o efeito da maré no baixo rio Amazonas e sua propagação em tributários como o rio Xingu e Tapajós, ambos classificados como tidal rivers. Esses estudos sustentam a hipótese de que o rio Amazonas é um agente regulador no transporte e deposição de sedimentos nesses ambientes, atuando ainda como fonte de sedimentos. Diante disso, este trabalho propôs determinar a possível área de influência do rio Amazonas no baixo rio Xingu através de análises granulométricas, mineralógicas e geoquímicas. Os pontos de coleta de sedimentos de fundo obedeceram a uma extensa malha amostral que abrangeu 109 pontos de coleta transversais e longitudinais de canais principais e secundários do rio Xingu. A determinação granulométrica foi realizada com um analisador de partículas a laser. As análises mineralógicas consistiram em dados de difração de raios-X (amostra total e fração argila) e descrição petrográfica de minerais pesados. As análises químicas totais foram realizadas em amostra total para quantificação dos elementos maiores, traços e terras raras, por espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS). Os resultados demonstraram que os sedimentos do rio Amazonas e Xingu possuem teores variáveis de areia, silte e argila e extrema variabilidade textural. A heterogeneidade da composição textural é atribuída essencialmente às condições hidrodinâmicas de deposição dos sedimentos. A análise mineralógica constatou a presença de trends composicionais relacionados aos argilominerais e minerais pesados, com a associação entre caulinita e minerais ultraestáveis para amostras à montante do rio Xingu e altos teores de esmectita e minerais instáveis para amostras da região de confluência entre rio Xingu e Amazonas, característica similar às amostras do rio Amazonas. Mais além, as análises sugerem que as margens do lago de ria do Xingu atuam como uma terceira possível fonte de sedimentos. Apesar da diversidade de composições texturais, os sedimentos dos dois rios não apresentaram variações significativas de elementos maiores, traços e terras raras ao longo das estações de amostragem, porém os índices de alteração química (CIA) indicaram condições diferenciadas de intemperismo na área fonte dos sedimentos do rio Amazonas e Xingu. O tratamento estatístico dos elementos maiores, traços e terras raras por PCoA e PERMANOVA, confirmou a diferenciação de dois grandes grupos de amostras do rio Amazonas, com relativa similaridade as amostras da região de confluência com o rio Xingu e amostras  à  montante  do  rio  Xingu,  corroborando  padrões  já  indicados  pela  distribuição granulométrica e mineralógica. De acordo com as análises realizadas, ficou evidente a influência do rio Amazonas na composição dos sedimentos de fundo do rio Xingu em toda a área de confluência com o rio Amazonas.

  • FELIPE GRANDJEAN DA COSTA
  • GEOLOGIA E METALOGÊNESE DO OURO DO GREENSTONE BELT DA SERRA DAS PIPOCAS, MACIÇO DE TROIA, PROVÍNCIA BORBOREMA, NE–BRASIL

     

  • Data: Dec 13, 2018
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  • O Maciço de Troia representa um dos principais domínios de embasamento arqueano/paleoproterozoico da Província Borborema, NE–Brasil, compondo–se principalmente de terrenos granito–greenstone riacianos e gnaisses TTGs de idades neoarqueanas. Os greenstone belts paleoproterozoicos do Maciço de Troia compartilham idades, características litoestratigráficas e mineralização aurífera, com aspectos similares de outros greenstone belts riacianos dos crátons adjacentes. Uma idade U–Pb em zircão de 2185 ± 4 Ma foi obtida para metatonalito pré–colisional (tonalitos Mirador) com afinidade geoquímica semelhante à adakitos. Para plutons potássicos colisionais (Suíte Bananeira) obteve–se as idades U–Pb em zircão de 2079 ± 4 Ma para um quartzo monzonito deformado e 2068 ± 5 Ma para um granito equigranular menos deformado. Ambos são cálcio–alcalinos de alto–K, derivados da fusão parcial de fonte crustal. As idades modelo Hf em zircão de todos os granitoides variam entre 2800 e 2535 Ma, evidenciando que componentes de crosta arqueana contribuíram para a gênese do magmatismo. No entanto, zircões herdados com c. 2.3 Ga mostraram valores de ƐHf(t) de c. +4,9, indicando que crosta paleoproterozoica menos radiogênica (juvenil) também participou como fonte de magma. A mineralização de ouro no greenstone belt da Serra das Pipocas está associada a zona de cisalhamento, e a principal área mineralizada (o depósito de Pedra Branca) se estabeleceu no limite estratigráfico da unidade metavulcânica máfica e metassedimentar da sequência greenstone. O estágio principal da mineralização aurífera é encontrado em associação com veios de quartzo, alteração cálcio– silicática (diopsídio, feldspato potássico, anfibólio, titanita, biotita, pirita, albita, magnetita ± carbonatos) e abitização (albititos). Ouro livre comumente se precipita em estreita associação espacial com magnetita e teluretos de ouro e prata. Duas assembleias de inclusões fluidas foram identificadas em veios de quartzo associados à alteração cálcio–silicática. A assembleia 1 é caracterizada por trilhas pseudo–secundárias que mostram a coexistência de três tipos de inclusões fluidas (aquosas, aquo–carbônicas e carbônicas), sugerindo formação durante a separação de fases (imiscibilidade de fluidos). A intersecção das isócoras médias para inclusões aquosas e carbônicas coexistentes sugere condições de PT de 495°C e 2.83 kbar (10.5 km de profundidade), semelhante a condições de PT de depósitos de ouro orogênico hipozonal. A assembleia 2 é representada por inclusões fluidas secundárias, aquosas e de baixa temperatura (Th < 200°C), provavelmente não relacionadas à mineralização aurífera. Os valores de δ18O, δD e δ13C dos minerais hidrotermais (quartzo, calcita, biotita, hornblenda e magnetita) evidenciam valores de δ18O do fluido variando de +8,3 a +11,0 ‰ (n=59), δD do fluido de -98 a -32‰ (n=24) e valores de δ13C de calcita de -6,35 a -9,40 ‰ (n=3). A geotermometria por isótopos de oxigênio em pares de quartzo–magnetita forneceu temperaturas de 467 a 526°C (n=7, média de 503°C), que provavelmente, representa a temperatura de deposição de ouro. A associação de ouro com magnetita e teluretos sugere um fluido formador de minério proveniente de magmas oxidados, semelhante àqueles interpretados como ―depósitos de ouro orogênico relacionado a intrusões oxidadas‖, comumente descrito em outros greenstone belts pré–cambrianos (ex., Abitibi e Eastern Goldfields). Quatro eventos de deformação (Dn, Dn+1, Dn+2 e Dn+3) são reconhecidos no greenstone belt da Serra das Pipocas. O evento Dn é responsável pela foliação Sn, paralela ao acamamento (So) da pilha metavulcanossedimentar. O evento Dn+1 é caracterizado pela foliação Sn+1, de mergulho principal para SE, sendo plano-axial a uma série de dobras assimétricas que evidenciam transporte tectônico para NW. O evento Dn+2 representa a fase de deformação transcorrente e o evento Dn+3 é caracterizado por deformação dúctil–rúptil. O estágio principal da mineralização de ouro é encontrado em veios de quartzo deformados, associados à alteração de alta temperatura (cálcio–silicática e albitização), no entanto, ocorrência de ouro (± Te, Ag) em estruturas Dn+3 (dúctil-rúptil) também foi observada. Uma idade U–Pb em titanita de 2029 ± 28 Ma foi obtida para a alteração de cálcio–silicática (e mineralização de ouro). No entanto, a forte perda de Pb dos grãos de titanita define uma idade de 574 ± 7 Ma no intercepto inferior da linha discórdia, evidenciando metamorfismo neoproterozoico. A idade U–Pb em zircão de 575 ± 3 Ma para diques sin–tectônicos à deformação Dn+3, sugere que a deformação progressiva (Dn+1, Dn+2 e Dn+3) é provavelmente de idade Neoproterozoica, com tensor de compressão máxima (ζ1) na direção WNW–ESE. No entanto, em escala local, registros de deformação paleoproterozoica (Dn) ainda estão preservados. Como modelo genético para o depósito de ouro de Pedra Branca, é sugerido aqui, uma mineralização de ouro orogênico controlada por dois estágios de exumação tectônica; (1) mineralização de ouro orogênico hipozonal ocorreu em c. 2029 Ma, após pico do metamorfismo de alto grau e durante primeira exumação tectônica da sequência greenstone, e, posteriormente, em c. 575 Ma, (2) mineralização aurífera tardia (remobilização?) ocorreu em nível crustal mais raso, durante o segundo estágio de exumação tectônica, associado à orogênese Brasiliana/Pan–Africana.

  • DARILENA MONTEIRO PORFIRIO
  • O INTEMPERISMO TROPICAL COMO AGENTE DE DEGRADAÇÃO DE CADEIAS DE ISOLADORES DE ALTA TENSÃO EM SUBESTAÇÕES NA AMAZÔNIA ORIENTAL: ESTUDO DE CASO EM BARCARENA-PA E SÃO LUÍS-MA

  • Data: Nov 13, 2018
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  • A deposição de particulados atmosféricos de Belém-PA, de Barcarena-PA e de São Luís-MA e a caracterizacao geoquímica das espécies presentes, pode auxiliar no entendimento do efeito do intemperismo tropical e como este atua na degradação de cadeias de isoladores de alta tensão em subestações elétricas na Amazônia. Na amostragem adotada, foi importante avaliar a sazonalidade (período seco e chuvoso) realizada por 24 coletas com periodicidade mensal entre janeiro-2012 e fevereiro-2016, para a coleta foi utilizado a norma ABNT NBR IEC 60815-1 (2015), o coletor direcional de depósito de poeiras (CDDP´s), as velas úmidas de cloreto (ABNT NBR 6211) e de óxido de chumbo (ABNT NBR 6921) na determinação das taxas de cloreto e sulfatação respectivamente. A caracterização das amostras de material solúvel foi feita por cromatocrafia iônica (CI); a análise elementar da fração insolúvel foi feita por espectrometria de emissão atômica por plasma induzido por Laser (LIBS) e a morfologia foi identificada por microscopia eletrônica de varredura (MEV) acoplada à fonte de   raios-X (EDS). Na água de chuva de Barcarena-PA   a ordem de ocorrência dos íons foi: Na+> Cl-> SO42->Ca2+> K+>F-> NH4+-N > Mg2-> NO3--N. Havendo uma contribuição marinha de Na+ e Cl- e antrópica de SO4-2 , F- e NO3--N. E as taxas de deposição de poeiras (Tipo A) média anual de São Luís-MA (7 a 11mg m-2 dia-1) são similares as de Barcarena-PA (7 a 14mg m-2 dia-1). Contudo, a classificação do grau de severidade de poluição local, de acordo com a ABNT NBR IEC 60815-1 (2015), é alta para Barcarena-PA e média para São Luís-MA em razão da deposição condutiva (Tipo B). As razões de deposição Cl-/ SO4-2, a presença de F-, SO4-2 e NO3--N demonstraram maior impacto antrópico na subestação de Barcarena-PA que na de São Luís-MA. Isto posto, há indícios que as condições de corrosividade atmosférica nas regiões de estudo e os efeitos de degradação nos isoladores elétricos seguirão esta lógica, da intensidade e do risco de falhas, relacionando à contribuição antrópica industrial mais intensa na SEVC. Uma vez que as fontes de sal marinho, antrópica e crustal aumentam o potencial risco aos componentes elétricos nas linhas de transmissão.

  • ISAAC SALEM ALVES AZEVEDO BEZERRA
  • O CENOZOICO SUPERIOR DO CENTRO-OESTE DA BACIA DO AMAZONAS: PALEOBOTÂNICA DO EMBASAMENTO CRETÁCEO E EVOLUÇÃO DO RIO AMAZONAS

  • Data: Nov 8, 2018
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  • No final do Neógeno e durante o Quaternário o desenvolvimento do Rio Amazonas promoveu expressivas mudanças paleoambientais e geomorfológicas que culminaram na paisagem atual da Amazônia. Diversos modelos têm sido elaborados em escala continental, baseados principalmente em dados obtidos de um testemunho de sondagem realizado na plataforma continental atlântica, distante cerca de 200 km da foz do Amazonas. Enquanto estes modelos sugerem o estabelecimento desta drenagem com proveniência Andina a partir do Mioceno Superior, estudos baseados em afloramentos da porção oeste e central da Amazônia têm indicado idades mais jovens para esse ecossistema, desde Plioceno ao Quaternário. O estudo sedimentológico e estratigráfico de terraços fluviais do Rio Amazonas, expostos na porção centro-oeste da Bacia do Amazonas, auxiliado por geocronologia de luminescência, permitiu sequenciar os eventos de sedimentação e as mudanças paleoambientais e paleogeográficas desde o final do Neógeno. Estes depósitos sobrepõem rochas do Cretáceo da Formação Alter do Chão, cujo estudo sedimentológico e paleobotânico revelou o registro inédito de angiospermas para a porção aflorante desta formação, em depósitos de planície de inundação e canal abandonado de rios meandrantes. A preservação de impressões e contra-impressões de laminas foliares e outros macro restos vegetais com características das famílias Moraceae, Fagaceae, Malvaceae, Sapindaceae e Anarcadiaceae com aparecimento a partir do Cretáceo Superior, e a família Euphorbiaceae com registro se iniciando no Cretáceo Médio, confirmam a idade cretácea para estas rochas. A sucessão neógena-quanternária foi subdividida informalmente em unidade inferior e superior constituídos de areia, cascalho e subordinadamente argila, organizados em ciclos granodecrescentes ascendentes de preenchimento de canal e de inundação. Estes depósitos registram que dinâmica da construção do vale do Rio Amazonas foi influenciada pela neotectônica (106 anos) e oscilações climáticas (104-105 anos). A unidade inferior foi interpretada como registro do proto-Amazonas, com migração para leste e posicionada através de datação utilizando o sinal de luminescência opticamente estimulada de transferência térmica por volta de 2 Ma. Esta unidade é correlata aos depósitos do Mioceno-Plioceno da Formação Novo Remanso, da Bacia do Amazonas e registra o desenvolvimento de um sistema fluvial com planície aluvionar restrita, seguindo preferencialmente as zonas de fraqueza do embasamento paleozoico e Cretáceo. A unidade superior foi interpretada como o registro do estabelecimento do Rio Amazonas moderno e posicionada através de datação utilizando o sinal de infravermelho em feldspatos por volta de 1 Ma a 140 ka, correlata aos depósitos da Formação Içá, da Bacia do Solimões. A partir do Quaternário as oscilações climáticas que marcam este período alterou o regime hidrológico através do aumento do volume de chuvas orográficas na região de cabeceira no flanco leste da cordilheira andina. A amplificação dos processos de erosão de escarpas na porção centro-leste da Amazônia promoveu a expansão da planície aluvionar em uma ampla área de 120 km. Nesta fase a porção leste da Bacia do Amazonas, topograficamente mais alta, restringia a sedimentação pleistocena em espaço mínimo de acomodação. A paisagem da porção centro-leste da Amazônia dominada durante o Neógeno por terra firme em áreas elevadas passou a ser regida durante o Quaternário pela dinâmica de expansão e contração da planície aluvionar. Ao final do Quaternário a várzea constituída por áreas alagadiças dentro da planície aluvionar se tornou cada vez mais restrita pelos contínuos processos de incisão fluvial durante o máximo glacial (18 a 22 ka). A migração lateral do canal meandrante levou ao confinamento da calha pelas escarpas fluviais esculpidas no embasamento cretáceo. Análise detalhada das propriedades dos protocolos utilizados na geocronologia por luminescência permitiu entender melhor as limitações e o uso dete método em estudos na Amazônia, método este em constante evolução e aperfeiçoamento A partir destes resultados foi possível questionar dados de trabalhos anteriores obtidos a partir do uso desta imporante ferramenta e indicar que algumas destas idades podem ser idades mínimas ao invés de idades de soterramento para depósitos pré-quaternários. A identificação da dinâmica mais antiga da drenagem foi inserida na interpretação dos estágios do proto-Amazonas até a passagem para a fase do Rio Amazonas moderno, que culminou na paisagem atual no centro-leste da Amazônia.

  • ALEXANDRE CASTELO BRANCO BEZERRA JUNIOR
  • ROCHAS GERADORAS DA FORMAÇÃO GUIA, NEOPROTEROZOICO DO SUL DO CRÁTON AMAZÔNICO, REGIÃO DE CÁCERES E NOBRES, ESTADO DO MATO GROSSO

  • Data: Oct 24, 2018
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  • Extensos mares epíricos instalados na porção oeste do Gondwana, no final do Neoproterozoico, foram influenciados pelo último evento glacial global Marinoano (635 Ma) ligado a hipótese de Snowball Earth. A rápida mudança nas condições de icehouse para greenhouse favoreceu o desenvolvimento de extensas plataformas carbonáticas na margem sudeste do Cráton Amazônico, num contexto de Bacia Intracratônica, invertida no início do Paleozoico. Nesta região, estão expostos os depósitos do Grupo Araras, que registram a evolução das plataformas carbonáticas pós-glaciais. O Grupo Araras é composto, da base para o topo, pelas formações Mirassol d’Oeste (capa dolomítica), Guia (capa calcária), Serra do Quilombo e Nobres. A Formação Guia, objeto deste estudo, tem a sua base interpretada como capa calcária com até 30 metros de espessura nas ocorrências sobre o Cráton e depósitos de plataforma com até 225 metros na Bacia Intracratônica. Esta unidade consiste em calcários micríticos e folhelhos transgressivos ricos em matéria orgânica apresentando excelentes exposições nas regiões de Cáceres e Nobres, Estado do Mato Grosso, consistindo nas seguintes fácies/microfácies: mudstone calcífero (Mc); wackestone com terrígenos (Wt); mudstone com instraclastos (Mi); e brecha calcária (Bc). Este monótono conjunto de fácies/microfácies foi interpretado como um paleoambiente de plataforma marinha rasa abaixo do nível de ondas de tempestades, na zona offshore, sob condições redutoras. Estilólitos e dissolution seams são frequentes nas microfácies Mc e Wt, assim como, a presença de betume e pirita preenchendo poros intercristalinos. A fácies Wt apresenta conteúdo de terrígenos acima de 10%, representados por grãos de quartzo e muscovita, ambos variando de silte a areia fina. A análise dos grãos de quartzo por catodoluminescência indicam proveniência de fontes ígneas e metamórficas de médio a alto grau. A quantidade anômala de terrígenos disseminados nas fácies micríticas, considerada uma inversão textural, sugere influxo siliciclástico de margens próximas da bacia condizentes com um contexto paleogeográfico de mares epíricos proposto para o núcleo do Gondwana Oeste. A análise de Conteúdo Orgânico Total (COT) indicou na sucessão aflorante na região de Cáceres valores de COT entre 0,06% a 0,23%, enquanto na região de Nobres, os depósitos apresentam valores entre 0,05 e 0,27%, condizentes com acumulações neoproterozoicas ao redor do mundo (geralmente inferiores a 1%). Esta acumulação de hidrocarboneto, apesar de inviável economicamente, compõe um sistema petrolífero não-convencional denominado de Araras. De tal forma que a sucessão estudada (Fm. Guia) constitui a rocha geradora e reservatório deste sistema e os dolomitos da Formação Serra do Quilombo representam a rocha selante. São registradas pelo menos duas fases de migração de hidrocarboneto, associados aos eventos tectônicos no Ediacarano superior e início do Paleozoico, com a abertura das bacias do Parecis e Paraná.

  • ANDERSON SERGIO BATISTA RODRIGUES
  • ESTUDO PETROGRÁFICO, GEOCRONOLÓGICO E TIPOLÓGICO DE ZIRCÃO DE ROCHAS ASSOCIADAS ÀS DO GRUPO GRÃO PARÁ, SERRA DOS CARAJÁS, PARÁ

  • Data: Oct 24, 2018
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  • Na bacia de Carajás, norte da Província Mineral de Carajás, sequências de rochas vulcano-sedimentares com idade entre 2,76 e 2,73 Ga compõem o Supergrupo Itacaiúnas. Esse supergrupo reúne os grupos Igarapé Salobo (2,76 Ga), Grão Pará (2,76 Ga), Igarapé Bahia (2,74 Ga) e Igarapé Pojuca (2,73 Ga). A proximidade de idades e a afinidade litológica dessas unidades indicam que possivelmente essas rochas se formaram sob um mesmo contexto geológico, podendo ser diferentes expressões de um mesmo evento. O Grupo Grão Pará é constituído de duas formações: uma espessa sequência de rochas vulcânicas (Formação Parauapebas; 2758 ± 2 Ma, U-Pb em zircão), e jaspilitos com minério de ferro (Formação Carajás). Em vista da grande dificuldade da compreensão dos limites geográficos e geocronológicos do Grupo Grão Pará, procurou-se desenvolver estudos petrográficos através da descrição de lâminas delgada, estudos geocronológicos utilizando o método evaporação de Pb em cristais zircão e estudo tipológico de zircão a partir de amostras associadas às formações Carajás e Parauapebas. Rochas do Grupo Grão Pará, assim como a maioria das rochas arqueanas da bacia Carajás, encontram-se alteradas hidrotermalmente e em diferentes graus de intensidade, independentemente de seu tipo litológico, contudo, um grande número de feições texturais primárias foram preservadas e estudos petrográficos permitiram a classificação das amostras estudadas em dois grupos distintos, basalto de coloração cinza escuro a esverdeado, granulação fina, com textura intergranular predominante e pertencente a Formação Parauapebas; e gabro apresentando textura intergranular, subofídica e de forma menos representativa, micrográfica, possuindo intensa alteração hidrotermal, principalmente serecitização, que constitui os diques que cortam toda a sequência. Para a Serra Sul da bacia Carajás, duas amostras de saprolito de rochas vulcânicas intercaladas com a formação ferrífera, coletadas em testemunhos de furos de sondagem, foram analisadas neste trabalho. Em função do avançado intemperismo que afetou as amostras selecionadas para geocronologia, apelou-se para um estudo tipológico de zircão na tentativa de identificar as rochas pretéritas, o qual permitiu classificar os litotipos como de filiação monzogranitos-granitos alcalinos. Datações pelo método de evaporação de Pb em cristais de zircão, em duas amostras de saprolito de rochas vulcânicas intercaladas com as formações ferríferas, pertencentes a Formação Carajás, indicaram idades de 2745 ± 2 Ma para a amostra FS11D-161 e 2746 ± 2 Ma para a amostra FS11D-122, entendidas como tempo de cristalização dos cristais analisados e de formação da rocha vulcânica que os contêm. Além da grande precisão desses dados, eles estão em perfeita concordância entre si e dentro do estabelecido para o para Supergrupo Itacaiúnas. Além do mais, como os grãos analisados provêm de rochas intercaladas com a formação ferrífera, sejam elas concomitantes (derrames) ou posterior (intrusivas), elas estabelecem um limite mínimo para a idade de deposição dessa formação. Por outro lado, a idade da Formação Parauapebas, base do Grupo Grão Pará, estabelece a idade máxima para a Formação Carajás, como sendo de 2759 ± 2 Ma. Portanto, a Formação Carajás se depositou em cerca de 15 milhões de anos, o que é coerente para uma espessura estimada de 400 m. Adicionalmente, o Grupo Grão Pará é sobreposto pelo Grupo Igarapé Bahia, cujas rochas vulcânicas da base indicam idades de 2745 ± 1 Ma, que coincide perfeitamente com as idades obtidas neste trabalho, o que vem corroborar o previamente proposto para a período de deposição da Formação Carajás, ou seja, máximo de 15 milhões de anos. Aliás, a insignificante diferença de idade aqui proposta para a Formação Carajás e para a base do Grupo Igarapé Bahia, faz suspeitar que todas essas rochas fazem parte de uma mesma sequência.

  • GUSTAVO SOUZA CRAVEIRO
  • GEOLOGIA, ALTERAÇÃO HIDROTERMAL E GÊNESE DO DEPÓSITO IOCG CRISTALINO, PROVÍNCIA MINERAL DE CARAJÁS, BRASIL

  • Data: Oct 22, 2018
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  • O depósito Arqueano de cobre-ouro Cristalino está localizado a 40 km oeste da mina do Sossego, na terminação oeste da Zona de Cisalhamento Regional Carajás, na região da Serra do Rabo. Suas rochas hospedeiras são principalmente as rochas vulcânicas máficas da Formação Parauapebas, e subordinadamente, as FFB da Formação Carajás. Trabalhos de campo, dados petrográficos apoiados por MEV-EDS, somados a análises de microssonda eletrônica e dados de inclusões fluidas e sistemática de isótopos estáveis (O, H, C e S), permitiram caracterizar um sistema hidrotermal que foi responsável pelo desenvolvimento de sucessivas zonas de alteração na rocha encaixante. O metassomatismo sódico (650°C ≥ T > 400°C, and P > 1.8 Kbar) formou albita quase pura, turmalina schorlítica, minerais ricos em ETRL (alanita-Ce, monazita) associados a menores quantidades de calcita e quartzo. Foi seguido por alteração cálcico-férrica penetrante, onde foram produzidas abundante actinolita ( XMg = 0.9-0.7, com até 0,6 % em peso de Cl), alanita-Ce (com até 0,6 % em peso de Cl) e magnetita, associados a disseminação de sulfeto e a corpos de substituição similares a brecha, compostos por calcopirita-pirita-magnetita-Au (associação mineral precoce). Localmente, em substituição à assembleia cálcico-férrica ocorre Fe-edenita (XMg=0.7 - 0.4, Cl com até 2.9 % em peso), produto de halos restritos de alteração sódico-cálcica. De 410°C para 220°C e 1.8 Kbar > P > 0.6 Kbar, assembleias de alterações anteriores foram superpostas por alterações potássica (K-feldspato, e subordinadamente biotita) e propilítica/carbonática (epidoto, clorita, calcita) nesta ordem. K-feldspato é praticamente estequiométrico, mas com elevados conteúdos de BaO (até 1,2 % em peso). Entre os minerais, clorita mostra maiores variações composicionais, parecendo ser controlada pelo tipo de rocha hospedeira, química do fluido hidrotermal e temperatura. Ambas chamosita e clinocloro (XFe=0.4-0.8) estão  presentes, sendo a primeira variedade mais abundante. Conteúdos de cloro são, em geral, < 0,02 % em peso, sendo um pouco mais significantes em cloritas que substituem albitas com textura tabuleiro de xadrez (com até 0,06 % em peso). A associação de minério tardia (calcopirita±Au±pirita±hematita) é contemporânea com as alterações potássica e propilítica, gerando evidencias de que o sistema Cristalino evoluiu para os estágios finais com o aumento da fugacidade de oxigênio. O fluido mineralizante foi quente (>550°C), hipersalino e quimicamente próximo ao sistema H2O-NaCl-CaCl2-CO2±MgCl2±FeCl2. Salinidades excederam 55.1% em peso equiv. de NaCl nos estágios precoces, mas diminuiu progressivamente para 7,9 % em peso equiv. de NaCl a partir de 250°C após a incursão de água superficial no sistema. Inicialmente enriquecido de 18O e depletado em D (δ18Ovsmow =+9,7 para  +6,5 ‰; δDvsmow= -30,8 para  -40,2 ‰) e  possivelmente derivado de fontes magmáticas, o fluido se tornou depletado em 18 O e enriquecido em D (δ18Ovsmow =+5.57 to - 0.28‰; δDvsmow= -19.15 to -22.24‰) como resultado de diluição causada pela mistura com água meteórica. Valores de δ13CVPDB para calcita de veios e brechas (-6.5 para -3.8‰) são consistentes com fontes profundas de CO2, provavelmente liberadas de câmaras magmáticas subjacentes. Valores de δ34SVCDT  para calcopirita mostram uma estreita variação (+1.6 para +3.5 ‰) e indicam reservatórios homogêneos para o enxofre, certamente de origem ígnea. Embora a maioria das amostras apontam  para uma filiação magmática, poucas revelam significante influência de rochas sedimentares em suas composições isotópicas. Principalmente transportados por complexos de cloro (>350°C), Cu e Au precipitaram em resposta a redução de temperatura e atividade de Cl- e aumento de pH. Um fluido aquoso e frio (200-150°C) e menos salino (21 – 3,1 % em peso equiv. de NaCl) parece ter circulado na área do depósito Cristalino, sendo aprisionadas em inclusões fluidas secundárias. Apesar de desconhecida, sua origem pode ter relação com intrusões graníticas Paleoproterozoicas próximas. Em comparação com outros depósitos IOCG Arqueanos de Carajás, particularmente aqueles que jazem no setor sul do Domínio Carajás, o depósito Cristalino mostra varia similaridades enquanto a composição dos fluidos e evolução, assim como assinaturas isotópicas de sulfetos e carbonatos.

  • JOSE DIOGO DE OLIVEIRA LIMA
  • MICROMORFOLOGIA, MINERALOGIA E GEOQUÍMICA DA BAUXITA NODULAR DE TROMBETAS – PA

  • Data: Oct 18, 2018
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  • Os principais depósitos de bauxita do Brasil estão concentrados na região Amazônica, especificamente no estado do Pará. As três principais minas estão localizadas em Trombetas, Paragominas e Juruti e respondem por 85% da produção de brasileira de bauxita. Mesmo com o cenário mineral favorável ao Brasil e principalmente ao estado do Pará, já existem empresas que para se manterem competitivas no mercado atual, estão buscando desenvolver estudos de caracterização e de aproveitamento da bauxita nodular nesse tipo de depósito, minério até o momento considerado como marginal, isto é, minério de baixo teor na indústria mineral. Neste contexto, este trabalho buscou avaliar a bauxita nodular dos depósitos de Trombetas, a partir de suas características texturais, mineralógicas e químicas como possível minério de alumínio. Em campo, foram descritos sete perfis litológicos expostos nas frentes de lavra das minas Bela Cruz e Monte Branco pertencentes à Mineração Rio do Norte. Em seguida foram coletadas 19 amostras, as quais foram descritas, fotografadas e preparadas para análises mineralógicas e químicas. As fases mineralógicas foram identificadas por Difração de Raios X (DRX) e Microscopia Eletrônica de Varredura acoplada a Sistema de Energia Dispersiva (MEV/EDS). Os aspectos texturais envolveram a microscopia ótica e Microscopia Eletrônica de Varredura acoplada a Sistema de Energia Dispersiva (MEV/EDS). As análises químicas foram realizadas por Espectrômetro de Emissão Óptica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES), Espectrômetro de Massa com Plasma indutivamente acoplado (ICP-MS), Fluorescência de Raios X (FRX), titulometria e gravimetria. Os perfis investigados compreendem da base para o topo o horizonte bauxítico (HBX) que é representado por concreções gibbsíticas envolvidas por matriz argilosa. O horizonte nodular bauxítico sobreposto subdividido em HBNB, HBNI e HBNT é formado por nódulos gibbsíticos, de textura fina, que imprime aspecto maciço e porcelanado e envolvidos por matriz argilosa. A cobertura argilosa (CAR) no topo é formada por uma argila amarela, correspondente à Argila de Belterra. Nos perfis observa-se que os fragmentos > 0,500 e ~0,500 mm dos HBX e HBNB, HBNI e HBNT são constituídos essencialmente por gibbsita associada a caulinita, hematita e anatásio. O domínio da gibbsita nos fragmentos > 0,500 e ~0,500 mm dos HBNB, HBNI e HBNT apresenta um potencial da bauxita nodular como possível minério de alumínio. Entretanto os fragmentos < 0,500 mm, matriz argilosa dos HBX e HBNB, HBNI, HBNT e a CAR são constituídos principalmente por caulinita associada a gibbsita, hematita, quartzo e anatásio. O domínio da caulinita nos fragmentos < 0,500 mm dos HBNB, HBNI, HBNT dificulta considerá-los como possível minério de alumínio. Quanto aos minerais pesados (zircão, rutilo e turmalina) não se encontrou contraste entre os horizontes e nem com a cobertura argilosa. A composição química é essencialmente constituída por SiO2, Al2O3, Fe2O3 e TiO2, que reforçam os principais minerais identificados e assim como estes os seus teores diferem, conforme os horizontes. As concentrações dos elementos-traço são variáveis, V, Cr, Ga, Se, Zr, Nb, Mo, Sn, Hf, Ta, W, Hg, Bi, Th e U se encontram acima da média crustal em todos os fragmentos, matriz argilosa dos HBX, HBNB, HBNT e CAR. Elementos-traço como V, Cr, Ga, Mo, Hg e Bi se correlacionam positivamente com o Fe2O3 (hematita e goethita). Enquanto que Nb, Sn, Hf, Ta, Th, U, se correlacionam positivamente com zircônio (zircão) e titânio (anatásio). Quando normalizados aos condritos as curvas de distribuição apresentam paralelismo entre os fragmentos, matriz argilosa dos HBX, HBNB, HBNT e CAR, com curvas que exibem anomalia de Eu, bem como um enriquecimento dos elementos terras raras pesados (ETRP) diante dos elementos terras raras leves (ETRL). Os dados obtidos nos perfis investigados das minas Bela Cruz e Monte Branco demonstram ampla similaridade com os perfis laterítico-bauxíticos nodulares com cobertura tipo Argila de Belterra encontrados na Amazônia, em que a matriz argilosa dos nódulos se assemelha textural, química (elementos maiores e traços) e mineralógica (incluindo os minerais pesados) com essa argila de cobertura.

  • RUBEM SANTA BRIGIDA BARROS NETO
  • EVOLUÇÃO MAGMÁTICO-HIDROTERMAL DO GRANITO MOCAMBO, PROVÍNCIA ESTANÍFERA DO SUL DO PARÁ: UM ESTUDO MORFOLÓGICO E COMPOSICIONAL DE QUARTZO E CASSITERITA

  • Data: Oct 2, 2018
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  • A presente pesquisa abordou os aspectos morfológicos, texturais e composicionais de cristais de quartzo e cassiterita do Granito Mocambo e de corpos de greisens associados, pertencentes à Suíte Intrusiva Velho Guilherme, Província Carajás, e sua relação com a mineralização estanífera. O estudo foi realizado com auxílio de um microscópio eletrônico de varredura, utilizando imagens de catodoluminescencia, análises semiquantitativas por espectroscopia por dispersão de energia e por microssonda eletrônica. Foram estudadas diferentes fácies e rochas greisenizadas do Granito Mocambo, onde foi possível identificar cinco tipos de quartzo, denominados de Qz1, Qz2, Qz3, Qz4 e Qz5. O Qz1 é considerado o tipo precoce, de origem magmática, presente em todas as fácies, sendo menos frequente nos greisens. Aparece como fenocristais anédricos a subarredondados luminescentes (cinza claro) com grau de fraturamento variável, bem como cristais finos a médios dispersos na matriz. Núcleos luminescentes com zonamentos claro-escuro alternados ou reabsorvidos são comuns. O Qz2 é posterior ao Qz1 e pouco luminescente (cinza escuro); está presente em todas as fácies, porém é pouco frequente no greisen. Ocorre geralmente como manchas irregulares descontínuas ou preenchendo fraturas e veios que seccionam o Qz1, sugerindo processo de intensa substituição. O Qz3 não apresenta luminescência. Ocorre praticamente em todas as fácies preenchendo fraturas que seccionam o Qz1 e Qz2. O Qz4 está presente nas rochas mais evoluídas e intensamente alteradas, no greisen e em veios ou cavidades intersticiais, geralmente associado a cristais de cassiterita. Forma cristais euédricos a subédricos médios, pouco fraturados, com zonamento claro-escuro bem definido e espessura variável. O Qz5 ocorre seccionando e formando manchas irregulares sobre o Qz4, associando-se geralmante com wolframita ou wolframita + cassiterita em veios de quartzo. São cristais anédricos, de granulação média a grossa, pouco fraturados e luminescentes. Análises de microssonda eletrônica mostraram que o Qz1 e Qz2 da fácies sienogranito a monzogranito porfirítico (SMGP), apresentaram maiores concentrações de Ti (9 - 104 ppm) e menores de Al (10 - 149 ppm). Cristais de Qz1, Qz2 e Qz3 da fácies aplito-álcali feldspato-granito (AAFG) apresentaram conteúdos menores de Ti (5 - 87 ppm), comparados aos valores dos quartzos do SMGP, e valores de Al que chegam a 2065 ppm. Nos Qz1, Qz2 e Qz3 das rochas greisenizadas, o Ti apresentou teores mais baixos (0 e 62 ppm) e o Al conteúdos variáveis (0 - 167 ppm). Nos cristais de Qz4 das rochas greisenizadas mineralizadas em cassiterita, o Ti não ultrapassou 20 ppm, enquanto o Al apresentou enriquecimento acentuado, ultrapassando 3000 ppm.  Nos  veios  de  quartzo  mineralizados  em  wolframita  ou  wolframita  +  cassiterita, constituído basicamente por Qz5, as concentrações de Ti e Al apresentaram, baixos valores, com conteúdos máximos de 7 e 77 ppm, respectivamente. A cassiterita é representada por cristais finos a grossos, anédricos a subédricos, associados à clorita, muscovita, fengita e siderofilita nas rochas greisenizadas ou comumente inclusas em cristais de wolframita em veios de quartzo. Apresenta coloração castanho clara a avermelhada e cores de interferência alta. Cristais mais desenvolvidos mostram zonamentos concêntricos. Análises realizadas por ME mostraram que além de Sn, as cassiteritas apresentam concentrações menores de Fe, Ti, W, Nb e traços de Mn. As concentrações de Fe, Nb, Ti e W são maiores nas manchas mais escuras, enquanto o Sn apresenta maior pureza nas partes mais claras dos cristais. Cassiteritas associadas ao Qz5 (hidrotermal), estão muitas vezes inclusas em cristais de wolframitas ou são parcialmente substituídas por estas. O presente estudo mostrou que o quartzo foi um excelente marcador da evolução magmática e das alterações decorrentes dos processos hidrotermais que atuaram no GM, no qual foi possível distinguir uma geração magmática e quatro tipos hidrotermais. As imagens de CL indicam que a mineralização estanífera está presente nas rochas mais evoluídas e alteradas hidrotermalmente, como nas rochas greisenizadas e veios de quartzo, onde a cassiterita está associada ao Qz4 ou Qz5 + wolframita. O Qz5 sugere um possível evento hidrotermal mineralizante de wolframita, posterior ao que originou a cassiterita associada ao Qz4.

  • ROBERTO COSTA ARAUJO FILHO
  • O GRUPO ÁGUAS CLARAS DA SERRA DOS CARAJÁS, PALEOPROTEROZOICO DO CRÁTON AMAZÔNICO: FÁCIES, LITOESTRATIGRAFIA E SEQUÊNCIAS DEPOSICIONAIS

  • Data: Sep 24, 2018
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  • A sucessão Águas Claras constitui uma unidade siliciclástica com aproximadamente 800 m de espessura pertencente à Bacia de Carajás. A avaliação do testemunho de sondagem ALV8- FD06 da Serra dos Carajás revelou um empilhamento complexo para esta sucessão, constituída por quatro unidades denominadas aqui de formações A, B, C e D. A análise de fácies permitiu a identificação de nove litofácies, agrupadas em três associações de fácies (AF), representativas de sistemas fluviais tipo braided, marinho e deltaico. A AF1 - planície fluvial braided - é constituída por conglomerados com acamamento maciço e estratificação cruzada incipiente, arenitos finos a grossos com acamamento maciço, laminação cruzada e estratificações cruzadas tabular e acanalada, organizados em ciclos métricos granodecrescentes ascendentes. A AF2 - foreshore/shoreface - compreende pacotes de arenitos finos a médios com laminação cruzada de baixo ângulo, laminação plano-paralela e acamamento maciço. A AF3 - frente deltaica - inclui arenitos finos a médios com estratificação cruzada sigmoidal, laminação cruzada e acamamento maciço, dispostos em ciclos com tendência granocrescente ascendente. A Formação A é constituída por depósitos fluviais braided da AF1 intercalados com tufos grossos, que indicam eventos de vulcanismo subaéreo adjacentes ao sistema fluvial durante trato de sistemas de mar baixo. A Formação B é composta exclusivamente por depósitos fluviais braided da AF1 desenvolvidos em trato de sistemas de mar baixo. A Formação C compreende depósitos de ambientes costeiros/marinhos de foreshore/shoreface da AF2 acumulados durante trato de sistemas transgressivo. Esta unidade inclui também estratos hospedeiros de mineralização de manganês primário. A Formação D é constituída dominantemente por depósitos fluviais braided da AF1 e subordinadamente por pacotes deltaicos da AF3, desenvolvidos em trato de sistemas de mar baixo. Os arenitos de ambas as formações foram classificados como quartzoarenitos parcialmente alterados por hidrotermalismo, que se expressa principalmente pela cloritização recorrente ao longo da sucessão. O empilhamento estratigráfico da unidade sugere uma sedimentação com tendência progradante-retrogradante- progradante. Esta sedimentação está relacionada com prováveis eventos de subsidência termal (inicial) e flexural, responsáveis por gerar o espaço de acomodação e desenvolver os sistemas deposicionais. As formações do Grupo Águas Claras estão inseridas em três sequências deposicionais de terceira ordem, compostas por diferentes tratos de sistemas que refletem flutuações do nível do mar Águas Claras durante o Paleoproterozoico da Bacia de Carajás.

  • BHRENNO MARANGOANHA
  • PETROLOGIA E EVOLUÇÃO CRUSTAL DA PORÇÃO CENTRAL DO DOMÍNIO  CANNÃ DOS CARAJÁS, PROVÍNCIA CARAJÁS

  • Data: Sep 14, 2018
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  • Mapeamento geológico realizado na porção central do Domínio Canaã dos Carajás, parte norte da Província Carajás, aliado a dados geoquímicos, geocronológicos (U-Pb) e isotópicos (Nd e Hf), permitiu a individualização de novas unidades anteriormente agrupadas no Complexo Xingu e na Suíte Plaquê, além da redefinição de limites de outras unidades. Com isso, foram identificados os seguintes eventos responsáveis pela atual configuração deste segmento de crosta: (1) no Mesoarqueano, entre 3,05 e 2,93 Ga, houve a formação de crosta TTG a partir de fusão parcial de platôs oceânicos (basalto enriquecidos) (previamente transformada em granada anfibolito) em ambiente de subducção; (2) ainda no Mesoarqueano, entre 2,89 e 2,84 Ga, já em ambiente colisional, é registrado grande retrabalhamento crustal e consequente formação de granitos anatéticos, os quais foram responsáveis pelo espessamento crustal nessa região. Isto induziu o metamorfismo regional de alta temperatura, de fácies granulito da crosta TTG, formando os ortogranulitos félsicos da área de Ouro Verde; e (3) já no Neoarqueano, entre 2,75 e 2,73 Ga, esse segmento de crosta sofreu processo de delaminação, provocado pelo “descolamento” da base da crosta, que induziu underplating máfico, promovendo a geração de magmas enderbíticos pela fusão parcial da crosta inferior (granulito máfico mesoarqueano). Esse evento também promoveu a fusão do manto superior, que gerou o magma percursor do Diopsídio-Norito Pium. A colocação desse magma máfico no embasamento mesoarqueano, de composição granulítica félsica, induziu sua fusão, gerando líquidos leucogranítico. Ambos os líquidos, de origem mantélica e crustal, sofreram processos de mistura e mingling, que originaram os granitoides híbridos de Vila União. A colocação de seus magmas máfico, além daquele formador dos enderbíticos, foi facilitada por estruturas pré-existentes de orientação E–W, formadas no Mesoarqueano, atribuídas ao desenvolvimento do Cinturão de Cisalhamento Itacaiúnas. A geração e a consolidação dos magmas neoarqueanos ocorreram sob regime tectônico transpressional dominado por cisalhamento puro, atribuindo uma natureza sin-tectônica a essas rochas. Esse regime tectônico foi o responsável pela exumação da crosta granulítica mesoarqueana da área de Ouro Verde por sistemas imbricados. Dados isotópicos de Lu-Hf dos núcleos magmáticos dos cristais de zircão dos ortogranulitos félsicos mesoarqueanos mostram valores Hf-TDM2 entre 3,44 e 3,15 Ga, e εHf(t) variando de -1,7 a 3,0, e sugere fonte juvenil para seu protólito. Os enderbitos neoarqueanos apresentam valores de Hf-TDM2 entre 3,46 e 3,29 Ga, e εHf(t) entre - 4,8 e -1,9, que indica a participação de uma fonte com maior tempo de residência crustal. O comportamento isotópico de Hf dos granitoides neoarqueanos híbridos de Vila União [Hf-TDM2 entre 3,46 e 3,29 Ga, e εHf(t) entre -4,6 e -1,8] é bastante semelhante ao dos enderbitos, sendo esses dados interpretados como representante somente do membro félsico (leucogranito) da mistura. Tal afirmação é corroborada pelos dados isotópicos de Nd, que confirmam a evolução desses granitoides híbridos pela mistura em diferentes proporções de componentes juvenis (membro máfico – magma do Diopsídio-Norito Pium) com componentes reciclados (membro félsico – magma leucogranítico).

  • ROMULO PINTO AMARAL
  • GEOCRONOLOGIA U-Pb E TIPOLOGIA DE ZIRCÃO DETRÍTICO APLICADAS A ESTUDOS DE PROVENIÊNCIA SEDIMENTAR DAS FORMAÇÕES PIRIÁ E IGARAPÉ DE AREIA, CRÁTON SÃO LUÍS/CINTURÃO GURUPI (NE- PARÁ/NW-MARANHÃO)

  • Data: Sep 8, 2018
  • Show resume
  • Equipamentos analíticos modernos como o espectrômetro de massa com plasma indutivamente acoplado e multicoletores, conectado a uma microssonda a laser (LA-MC-ICP- MS), tornaram as análises geocronológicas de zircão pelo método U-Pb mais acessíveis e permitiram a rápida obtenção de grandes quantidades de dados. Com isso, a datação de grãos detríticos de zircão tornou-se uma importante ferramenta nos estudos de proveniência sedimentar, fornecendo um link direto sobre a idade das rochas ígneas e/ou metamórficas dos terrenos-fonte que contribuíram para a formação dos depósitos de uma bacia sedimentar. Esta metodologia analítica, juntamente com análises morfológicas dos grãos detríticos de zircão datados, foi aplicada em rochas sedimentares das formações Igarapé de Areia e Piriá, aflorantes no nordeste do estado do Pará e noroeste do Maranhão. Estas sucessões sedimentares ocorrem associadas a rochas dos domínios geotectônicos Cráton São Luís (CSL), do Paleoproterozóico, e do Cinturão Gurupi (CG), que incorpora porções significativas do CSL fortemente retrabalhadas no Neoproterozóico. A Formação Igarapé de Areia é composta por arenitos arcoseanos de granulação média com estratificação cruzada acanalada, marcada por níveis de minerais opacos, que indica deposição em ambientes fluviais de média a alta energia. Esta unidade tem sua idade máxima de deposição em 1940 ± 55 Ma, e o aporte sedimentar é restrito a fontes do período Riaciano (2052 - 2269 Ma), concordante com a idade de crescimento crustal da Plataforma Sul-Americana. A Formação Piriá ocorre nos dois domínios geotectônicos. Para a porção presente no CG, aqui denominada Segmento Oeste, foram analisados dois arenitos da fácies arcóseos e grauvacas intercalados com pelitos laminados (ap), e um conglomerado da fácies conglomerática (cg). Os dados geocronológicos obtidos a partir dos arenitos apresentam, de forma subordinada, picos de idades neoproterozóicas (509 - 951 Ma) e mesoproterozóicas (1243 - 1630 Ma), e um pico principal de idade paleoproterozóica, principalmente do período Riaciano (2050 - 2266 Ma). A fácies conglomerática, é formada por orto- e paraconglomerados cujos constituintes indicam fontes ígneas e metamórficas. As idades dos grãos detríticos de zircão situam-se, essencialmente, entre 1950 e 2298 Ma, o que indica, do ponto de vista geocronológico, que os sedimentos são provenientes de uma área-fonte do Paleoproterozóico, diferentemente dos arenitos deste segmento. Por sua vez, a porção da Formação Piriá que ocorre sobre rochas do CSL, aqui designada Segmento Leste, corresponde a arcóseos com estratificação plano paralela intercalados com siltitos, provavelmente depositados em porções de mais baixa energia de canais fluviais. Os histogramas de distribuição de idades cumulativas destas rochas sugerem o predomínio de fontes mais jovens (525 - 824 Ma). A idade máxima de deposição para a Formação Piriá é estimada em 509 ± 17 Ma. A discrepância na distribuição das idades de zircão entre os arcóseos dos segmentos Leste e Oeste da Formação Piriá indica a proveniência de diferentes áreas-fontes, sugerindo que estes segmentos representariam sub- bacias, ou sucessões sedimentares depositadas em períodos distintos.

  • JOSEANNA DOS SANTOS SILVA
  • GRANITO PORQUINHO, DOMÍNIO TAPAJÓS: EXEMPLO DE MAGMATISMO ALCALINO-PERALCALINO E CONSIDERAÇÕES METALOGENÉTICAS PRELIMINARES

  • Data: Aug 27, 2018
  • Show resume
  • O Granito Porquinho (GP) é um batólito subcircular localizado no Domínio Tapajós, Cráton Amazônico, composto petrograficamente por álcali-feldspato granitos hypersolvus isotrópicos, agrupados em: biotita álcali-feldspato granito (BAFG), anfibólio álcali-feldspato granito (AAFG) e rochas greisenizadas. As biotitas são classificadas como annita, enquanto os anfibólios variam em composição, de cálcicos (hastingsita, ferro-edenita, ferro-actinolita e ferro-ferri-hornblenda) a sódico-cálcicos (ferro-ferri-winchita, ferro-ferri-katoforita, ferro-richterita, potássio-ferro-ferri-katoforita e ferro-katoforita) e sódicos (riebeckita). Geoquimicamente, o GP é metalunimoso a peraluminoso, localmente peralcalino, mostra razões K2O/ Na2O entre 1 e 2, razões FeOt/(FeOt + MgO) muito próximas de 1, o que o leva a ser classificado como um granito ferroso. É um granito reduzido, com características geoquímicas de granitos tipo-A, subtipo A2 e similar aos granitos Fanerozoicos intraplaca. As rochas da fácies AAFG são levemente mais enriquecidas em ETR que as rochas da BAFG, mas todas apresentam comportamento similar, com forte anomalia negativa de Eu, formando o típico padrão gaivota dos granitos tipo-A e de granitos mineralizados em Sn-Ta-Nb. Os BAFG também mostram comportamento similar com o Granito Europa (GE, Suíte Intrusiva Madeira, Pitinga) e a Suíte Intrusiva Velho Guilherme (SIVG, Xingu), ambas mineralizadas em Sn-Ta-Nb, enquanto os AAFG aproximam-se, geoquimicamente, mais da Suíte Intrusiva Maloquinha (SIM, Tapajós), não-mineralizada. Neste trabalho, o GP apresentou uma idade geocronológica de 1.889 ± 2 Ma, interpretada como sua idade de cristalização, e que é cerca de 100 Ma mais antiga que a idade anterior (1.786 ± 14 Ma). A idade geocronológica mais antiga encaixa-se melhor com o contexto geológico em que o Granito Porquinho está inserido, mas também significa que investigações mais detalhadas precisam ser feitas nesta área a fim de eliminar dúvidas quanto sua idade de cristalização e descobrir se o GP apresenta uma história de evolução mais complexa.

  • JEAN RICARDO MESQUITA MACHADO
  • GEOLOGIA E GEOQUÍMICA DOS GRANITOIDES ARQUEANOS DA ÁREA DE BANNACH (PA): UMA REAVALIAÇÃO DAS ÁREAS DE OCORRÊNCIA DO TRONDHJEMITO MOGNO E GRANODIORITO RIO MARIA

  • Data: Aug 21, 2018
  • Show resume
  • A área de Bannach localiza-se na porção centro-oeste do Domínio Rio Maria, Provincia Carajás, Cratón Amazônico. Com base em relações de campo, petrografia e comportamentos geoquímicos foi possível a individualização de seis de rochas variedades na área de trabalho, divididas em dois grupos: (i) grupo de alta sílica e baixo Mg, representado por rochas trondhjemíticas associadas ao Trondhjemito Mogno (TdhMg), leucogranodioritos e granitoide finos e (ii) grupo de baixa sílica e alto Mg, representado pelos biotita granodioritos, tonalitos com anfibólio e biotita tonalitos (enclaves). Os trondhjemitos, leucogranodioritos são os batólitos mais extensos da região, com aproximadamente 90% da área de trabalho, apresentando textura heterogranular média a grossa e feições de deformação dúctil E-W a NW-SE. Os biotita granodioritos ocorrem como um pequeno stock no nordeste da área de trabalho, sendo formado por rochas mais enriquecidas em minerais máficos do que a variedade granodiorítica predominante. Os tonalitos com anfibólio (± quartzo dioritos) ocorrem alojados ao longo de zonas de cisalhamento que intersectam a porção central área, sendo mais deformados que as demais rochas e os únicos granitoides portadores de anfibólio. Em menores proporções, os biotita tonalitos representam mega-enclaves das rochas trondhjemíticas, enquanto que os granitoides finos intersectam as demais rochas da região. Essas variedades são divididas em dois grupos. Geoquimicamente, o grupo de alta sílica (SiO2 > 70%) apresenta altos teores de Al2O3, CaO e Na2O (especialmente os leucogranodioritos) em detrimento de Fe2O3, MgO, Ni e Cr. Além disso, essas variedades apresentam altas razões La/Yb e Gd/Er, anomalias negativas de Eu discretas ou ausentes e padrão ETR fortemente fracionado. Os leucogranodioritos se destacam das demais rochas de alta sílica pelo seu enriquecimento em sódio, Ba e Sr. Por outro lado, os granitoides de baixa sílica apresentam alto conteúdo de Fe2O3, MgO, Ni e Y, com destaque para os elevados teores de K-Ba-Sr dos biotita granodioritos em relação aos demais granitoides da área, além de suas moderadas a altas razões La/Yb, enquanto os demais granitoides de baixa sílica apresentam baixas razões La/Yb devido ao elevado conteúdo de ETRP, o que proporciona um padrão ETR sub-horizontalizado. Tais diferenças remontam a processos distintos de formação para os granitoides de Bannach. Apesar da formação dos trondhjemitos e leucogranodioritos ocorrer na zona de estabilidade da granada, suas diferenças químicas remontam a sensíveis diferenças em seu magma formador. A origem dos trondhjemitos é associada a fusão parcial de granadas anfibolitos, sob condições de alta pressão em ambiente de subducção. Já os leucogranodioritos, dado seu maior enriquecimento em Na, Ba e Sr, têm seu controle composicional associado a diferentes graus de fusão de basalto sob diferentes níveis de pressão e por uma fonte mais enriquecida em sedimentos subductados da crosta oceânica para produzir magmas com composição similar ao leucogranodiorito. Sendo assim, supõe-se que essas rochas teriam se originado pela fusão de basaltos toleítos enriquecidos instalados abaixo de uma crosta TTG mais antiga que teria sido assimilada por esses fundidos. Os aspectos geoquímicos, como o alto LILE e presença elevada de elementos de afinidade mantélica (Mg, Ni e Cr) dos biotita granodioritos e tonalitos com anfibólio denunciam suas afinidades com as rochas da Suíte Sanukitoide Rio Maria. O caráter geoquímico ambíguo dos biotita granodioritos associados aos mais altos conteúdo de SiO2 quando comparados aos quartzo dioritos, assim omo seus teores mais elevados de Rb e Ba, Sr, Y e das razões La/Y e Sr/Y, indicam um caráter mais evoluído e condições de formação em mais alta pressão e que possui magmas parentais félsicos, bem como um componente máfico atuando em sua origem, se aproximando dos granitos tipo-Closepet. Desta maneira, essas afinidades composicionais indicam uma forte analogia petrogenética, com uma origem a partir de um manto enriquecido ou de uma fonte máfica de alto-K. Por sua vez, o caráter menos evoluído dos tonalitos com anfibólio, bem como as baixas razões La/Yb e Sr/Y indicam que estas possuem uma maior afinidade mantélica e que se formaram em baixas profundidades. Admite-se que a origem destas rochas teria sido a partir de um manto metassomatizado por fluidos da slab em um ambiente de subducção.

  • ALINE CRISTINA SOUSA DA SILVA
  • A CONTRIBUIÇÃO DA LATERITIZAÇÃO NA FORMAÇÃO DO MINÉRIO DE FERRO EM S11D - CARAJÁS

  • Data: Jul 24, 2018
  • Show resume
  • A origem do minério de ferro macio hospedado nos jaspilitos da Formação Carajás ainda é objeto de debate. A fim de contribuir para melhor compreensão de sua origem, o furo de sondagem SSDFD663 da mina de ferro S11D em Carajás foi investigado. Vinte amostras foram analisadas por DRX, microscopia óptica, química de rochas total e MEV/EDS. O perfil compreende quatro horizontes de intemperismo, definidos da base ao topo, como protominério, saprólito grosso, saprólito fino e crosta. O minério principal ocorre distribuído ao longo do horizonte saprolítico, é composto principalmente por hematita e subordinadamente por magnetita. A quantidade de quartzo aumenta com a profundidade, enquanto que ao topo aumenta a quantidade de minerais de Fe-Al(Ti-P). O ferro total é enriquecido relativamente no saprólito fino em comparação com o protominério (42,55 a 97,62% em peso de Fe2O3). Os elementos traços, como Zr, Cr, Y e ETR, mostram aumento relativo em direção ao topo, uma vez que eles geralmente ocorrem na presença de minerais residuais (como zircão e anatásio). Além disso, os ETR exibem a assinatura geoquímica dos jaspilitos, o que reafirma sua relação genética. Sugere-se um modelo genético laterítico-supergênico para a origem do minério macio no depósito de S11D.

     

  • LUCIANO CASTRO DA SILVA
  • MORFOLOGIA E QUÍMICA MINERAL DE ZIRCÃO E CASSITERITA, EM CONCENTRADOS DE BATEIA, COMO GUIA PROSPECTIVO PARA MINERALIZAÇÕES DE Sn NA PROVÍNCIA ESTANÍFERA DE RONDÔNIA

  • Data: Jul 23, 2018
  • Show resume
  • Os conteúdos de elementos-traço em determinados minerais podem ajudar a revelar processos tectônicos, petrológicos, hidrotermais ou intempéricos aos quais foram submetidos. O zircão, além de ser um mineral acessório comum, química e fisicamente resistente a transporte sedimentar e a processos intempéricos, metamórficos de alta temperatura e de anatexia, apresenta certos elementos-traço em sua estrutura que tem permitido associá-lo ao seu tipo de rocha-fonte, seu ambiente de cristalização e a determinados depósitos minerais. Teores elevados de Hf e baixas razões Zr/Hf em zircões são características de granitos mineralizados em Sn e metais associados (Nb, Ta, ETR, etc.). Concentrações de Y e Nb, elementos pouco móveis em meio aquoso, em granitos tipo A são utilizados como bons indicadores da natureza crustal ou juvenil dos magmas a partir dos quais essas rochas cristalizaram. Cristais de zircão tendem a incorporar Y e Nb em sua estrutura e podem apresentar razões Y/Nb próximas a razão inicial do seu magma gerador. A partir da morfologia e composição de cristais detríticos de zircão é possível estimar a distância de transporte da amostra à sua fonte. As composições químicas de cassiteritas também podem ser utilizadas para indicar fontes e processos geradores. O presente trabalho é baseado em imagens de MEV e em análises semiquantitativas por EDS (Energy Dispersive Spectrometry) de cristais detríticos de zircão e cassiterita provenientes de concentrados de bateia da Província Estanífera de Rondônia (PER). O objetivo principal é caracterizar as fontes desses minerais, confirmar a localização de depósitos em exploração e indicar áreas potenciais para a prospecção de Sn e metais associados. A utilização de morfologia e química mineral de grãos detríticos em escala regional podem funcionar como uma ferramenta rápida e eficiente para a prospecção de determinados bens minerais. A área de trabalho, localizada na PER, porção centro-norte do Estado de Rondônia, está contida nas folhas Alto Jamari SC-20-Y-B e Ariquemes SC-20-V-D, ambas mapeadas pela CPRM na escala 1:250.000. As amostras de concentrados de bateia, oriundas desses projetos, foram coletadas em drenagens ativas, a partir de um volume de 20 litros de sedimentos retidos em peneiras de 5 e 0,5 mm. A partir desses concentrados foram separados minerais pesados por microbateamento com água, utilizando líquidos pesados (bromofórmio), realizada separação magnética através de ímã de Nd de mão, e separados cristais de zircão (cem grãos) e cassiterita (todos os grãos triados em 5g de amostra de concentrado) utilizando uma lupa binocular, além de critérios como cor, granulometria e morfologia representativas das populações desses minerais. Posteriormente, foram confeccionados mounts de zircão e cassiterita para análises por MEV-EDS. Os cristais de zircão com teores de Hf >3% foram interpretados como provenientes de rochas com elevado potencial a mineralizações em Sn e metais associados. Esses cristais foram utilizados no tratamento geoestatístico e comparados com o posicionamento geográfico de minas e garimpos de Sn, conhecidos na área de estudo, para aferir a veracidade do método. O tratamento geoestatístico utilizou o método de krigagem ordinária e, a partir dos resultados, foram geradas curvas de isoteores. Os mapas de isoteores, utilizando razões Zr/Hf em zircões detríticos de concentrados de bateia se mostraram eficientes, pois coincidiram com depósitos de cassiterita conhecidos na região. Na área selecionada para este estudo identificou-se uma variedade morfológica e composicional significativa dos grãos detríticos de zircão. Mesmo nos cristais mais enriquecidos em Hf (Hf>3%), esses teores e suas razões Zr/Hf variam consideravelmente. Os cristais mais alterados tendem a ser mais enriquecidos em Hf e a apresentar razões Zr/Hf mais baixas, são mais fraturados e frágeis ao transporte, indicando fontes proximais. Por outro lado, os grãos menos alterados possuem baixos teores de Hf, altas razões Zr/Hf e se mostram pouco a moderadamente arredondados, indicando fontes proximais a intermediárias. Enquanto Zr e Hf são variáveis dentro do mesmo grão, os teores de Y e Nb são praticamente constantes. No diagrama ternário Hf-Nb-Y, percebe-se que os zircões aqui estudados são enriquecidos em Nb e empobrecidas em Y, enquanto na Província Estanífera do Sul do Pará (PESP) e Pitinga apresentam comportamento inverso. Os altos valores de Nb nos zircões deste trabalho e os de Y na PESP são aqui interpretados como uma resposta da fonte magmática onde foram formados. Enquanto os zircões da PER são oriundos de rochas com valores de εNd(t) positivos a próximos de zero, os valores de εNd(t) da PESP são fortemente negativos. Assim, pode-se admitir que zircões com altas razões Y/Nb seriam provenientes de fontes dominantemente crustais, enquanto zircões com baixas razões Y/Nb teriam como origem fontes mistas (crustais e mantélicas). Os cristais de cassiterita deste estudo são prismáticos ou granulares, com terminações piramidais, bordas embaiadas sugerindo transporte sedimentar ausente a moderado. Possuem alto teor de pureza (Sn entre 73 e 79%), com concentrações de cátions substituintes do Sn em torno de 1,5%. Os altos teores relativos de Nb e Ta indicam fontes magmáticas e os tores subordinados de Ti e Fe mostram o estágio hidrotermal em que estes minerais foram gerados.

    Zircão. Cassiterita. MEV. Província Estanífera de Rondônia.

  • BRUNA SERRAO GOMES
  • CONTROLE DE QUALIDADE DE BAUXITA: OTIMIZAÇÃO DO MÉTODO VIA ÚMIDA PARA RxSiO2 E MÉTODO ALTERNATIVO VIA WDXRF PARA AvAl2O3

  • Data: Jul 9, 2018
  • Show resume
  • Na indústria da bauxita metalúrgica o controle de qualidade do minério é realizado por dois parâmetros químicos, a saber: alumina aproveitável (AvAl2O3) e sílica reativa (RxSiO2), determinados segundo um procedimento que simula a digestão Bayer em escala laboratorial. São parâmetros de controle prospectivo, da lavra, do beneficiamento e da alimentação do minério no processo Bayer. Para bauxitas gibbsíticas, que são as de interesse nesse trabalho, AvAl2O3 está associada ao mineral-minério gibbsita e RxSiO2 ao mineral deletério caulinita, esse é indesejado e controlado no processo Bayer porque reage com NaOH (agente lixiviante) formando sodalita Bayer, causando perdas irreversíveis de NaOH - o que significa aumento considerável do custo de produção da alumina. A sodalita Bayer é um aluminossilicato de sódio, insolúvel nas condições de digestão Bayer e por isso descartada junto com os demais minerais de ganga insolúveis na lama vermelha (resíduo sólido insolúvel do processo Bayer). Nesse contexto, buscou-se nesse trabalho: (1) otimizar o método Alcan visando economia de ácido propondo novas condições de dissolução ácida variando tipo de ácido (HCl, H2SO4 e HNO3), volume do ácido (20, 25 e 30 mL) e quantidade de sodalita (1,52; 2,28 e 3,8 g), uma das etapas para a determinação de RxSiO2 e (2) propor um método alternativo para determinação de AvAl2O3 por WDXRF (Espectrometria de Fluorescência de Raios X por Comprimento de Onda Dispersivo) através de balanço de massas na digestão. Os padrões secundários de lama vermelha foram devidamente caracterizados (XRD, DTA e XRF) e as curvas analíticas de bauxita e lama vermelha calibradas com resposta ótima quanto a linearidade e reprodutibilidade. O estudo da dissolução ácida da sodalita Bayer mostrou potencial de economia quanto ao volume de ácido para 25 mL de HCl para minérios com até 45% RxSiO2 e 20 mL para minérios com até 9% de RxSiO2. Os HNO3 e H2SO4 apresentaram discrepâncias entre os teores dissolvidos em diferentes teores de RxSiO2, que teve como principal influência, o sal utilizado para o efeito do íon comum, uma vez que o NaCl é utilizado no método Alcan para o HCl. Portanto é necessário investigar o melhor sal para ensaios de dissolução com esses ácidos. O balanço de massas por estimativa mineralógica mostrou-se mais eficiente para o futuro desenvolvimento da proposta alternativa para determinação de AvAl2O3 estudada neste trabalho.

  • FERNANDO AUGUSTO BORGES DA SILVA
  • DINÂMICA DOS MANGUEZAIS NO LITORAL NORTE DO ESPÍRITO SANTO DURANTE O HOLOCENO TARDIO

  • Data: Jul 1, 2018
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  • O presente trabalho tem por finalidade identificar a dinâmica dos manguezais no litoral norte do Espírito Santo, próximo ao município de São Mateus (ES), durante o Holoceno tardio, a partir da identificação de paleoambientes deposicionais e paleoflora; caracterização das fontes de matéria orgânica sedimentar e determinação cronológica dos eventos na área estudada. Para isso foram coletados dois testemunhos de sedimento (MBN e LI-34), para realizar uma análise integrada dos dados palinológicos, sedimentológicos e geoquímicos (δ13C, δ15N, razão C:N e C:S), sincronizados com sete datações 14C. Os perfis sedimentares, foram extraídos de manguezais localizados às margens dos rios São Mateus e Barra Seca com a utilização de um trado russo. Os depósitos possuem a idade de ~2662 anos cal AP, e são marcados pela presença de laminações cruzadas (facies Sc), depósitos heterolíticos lenticulares (facies Hl), areia com laminação paralela (facies Sp), depósitos heterolíticos wavy (facies Hw), depósitos heterolíticos flaser (facies Hf e Sf), areia maciça (facies Sm), areia com laminações paralelas (facies Smh) e lama com laminações paralelas (facies Ml), além da presença de conchas e fragmentos vegetais. Os dados obtidos permitiram a identificação de três associações de fácies ao longo dos testemunhos: a primeira (A) consiste em uma barra em pontal estuarina (~2662 até ~2215 anos cal AP), a segunda (B) consiste em uma planície de maré lamosa colonizada por érvas e manguezais, desde pelo menos ~2215 anos cal AP até o período moderno, e por fim a terceira (C) é caracterizada como um canal estuarino distal – inlet, com idade de aproximadamente 1337 anos cal AP. Os resultados isotópicos e elementares de C e N indicaram mistura de plantas vasculares de ciclo fotossintético C3 e C4, próximo às porções mais basais, com subsequente predomínio de plantas C3 em direção ao topo dos testemunhos, além da presença de matéria orgânica de origem aquática marinha/estuarina. A razão C:N indicou oscilações entre a influência aquática e terrestre, corroborando os valores da razão C:S (0,02-5,18), os quais revelam também mistura de matéria orgânica com influência marinha (aquática) e terrestre. Os resultados polínicos revelaram que o manguezal nesta região está presente desde pelo menos ~2662 anos cal AP, no entanto, observou-se mudanças na sua biodiversidade, pois atualmente esse ecossistema é colonizado principalmente pelo gênero Laguncularia na região da foz do rio Barra Seca, diferente de períodos anteriores, onde houve o pleno desenvolvimento dos gêneros Rhizophora e Avicennia. Por outro lado, na foz do rio São Mateus, o manguezal iniciou sua colonização com o gêneno Rhizophora e, após com a presença de Avicennia. Assim, com o presente estudo, é possível inferir que não houve variações climáticas significativas na região, entretanto, a estabilização do nível relativo do mar durante o Holoceno tardio, bem como a dinâmica sedimentar pode estar controlando o processo de expansão/contração desses manguezais.

  • LILIANE NOGUEIRA DA SILVA
  • SÍNTESE CONJUNTA DE ZEÓLITA A-HIDRÓXIDOS DUPLOS LAMELARES A PARTIR DE REJEITOS DA INDUSTRIA MINERAL COMO ADSORVERDOR DE CORANTES

  • Data: Jun 29, 2018
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  • Para a síntese da mistura Zeólita A-HDL foram utilizados como materiais de partida dois rejeitos da indústria mineral: um proveniente da produção de concentrado de cobre oriundo da mina do Sossego região de Carajás, sudeste do Estado do Pará; o outro do beneficiamento de caulim oriundo da região do Rio Capim, nordeste do Estado do Pará. Os rejeitos foram primeiramente ativados por lixiviação ácida e calcinação. A síntese ocorreu em duas etapas: primeiro a síntese do HDL por coprecipitação e banho hidrotérmico, com posterior adição de metaculim para síntese da zeólita A. Os parâmetros avaliados foram: razão molar Mg/Fe, relação mássica Zeólita A-HDL e tempo de reação, dividido em três experimentos. As amostras sintetizadas foram caracterizadas por difração de raios X (DRX), microscopia eletrônica de varredura acoplado a espectroscopia de dispersão de energia de raios X (MEV/EDS), análise térmica (ATG), espectroscopia na região do infravermelho (EIV), distribuição de tamanho de partícula (DTP), fisissorção de N2 e ponto de carga zero (PCZ). Após a caracterização, a mistura foi aplicada na adsorção dos corantes violeta cristal (VC) e azul de metileno (AM). A melhor condição de síntese testada ocorreu com razão molar teórica Mg/Fe igual a 3, relação mássica zeólita A-HDL de 7:1 e tempo de reação de 6 horas. A difração de raios X detectou fases de elevada ordem estrutural que foram quantificadas pelo método Rietveld, em: 90,57 zeólita A, 9,21 piroaurita e 0,22 anatásio (% massa). Foram feitos testes de adsorção utilizando-se diversos corantes e a Zeólita A-HDL apresentou maior eficiência na remoção dos corantes VC e AM quando comparada a uma zeólita comercial utilizada com esta finalidade, o que ocorreu em multicamadas. A cinética de adsorção do AM obteve melhor correlação com o modelo de pseudosegunda ordem. O estudo termodinâmico mostrou que a 25 °C o processo de adsorção apresenta-se favorável e espontâneo. A entalpia indica uma reação exotérmica, com liberação de energia e classificada como fisissorção. A dessorção dos corantes, mostrou que a melhor proporção dos solventes é 50% H2O:50% Etanol, dessorvendo 100% do corante. A regeneração térmica da ZA-HDL mostrou-se eficaz, possibilitando sua reutilização após tratamento térmico.

  • HUDSON PEREIRA SANTOS
  • O CAMBRIANO NO SUDESTE DO CRÁTON AMAZÔNICO: PALEOAMBIENTE, PROVENIÊNCIA E IMPLICAÇÕES EVOLUTIVAS PARA O GONDWANA OESTE

  • Data: Jun 15, 2018
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  • Eventos transgressivos registrados em diversas regiões cratônicas marcaram o período Cambriano, hipoteticamente relacionado à glacioeustasia e/ou progressiva abertura do Oceano Iapetus (~600 Ma). Tais eventos influenciaram na paleoceanografia deste período, incluindo a progressiva evolução da biota - a ‘Revolução Cambriana’. Embora as margens do Supercontinente Gondwana, inteiramente amalgamado no Cambriano Inferior (540 Ma), estivessem inundadas, o interior desse supercontinente permanecia emergente provavelmente impulsionado soerguimento pós-colisionais epirogenéticos. Mares epíricos cobriam áreas subsidentes com projeções para o interior do Gondwana Oeste, desenvolvendo plataformas rasas que recobriram áreas de antigas suturas colisionais. No sudeste do Cráton Amazônico, a recorrência de ambientes plataformais vem desde o Criogeniano Superior (~635 Ma) até o Cambriano, com a instalação de depósitos glaciais, sobrepostos por sucessões carbonáticas e siliciclásticas. Apesar de previamente inseridos no contexto de uma bacia tipo foreland relacionada à evolução da Faixa Paraguai Norte (650-640 Ma), estes depósitos tem sido incluídos em uma bacia intracratônica invertida no Ordoviciano. Os depósitos da base das sequências cambrianas desta bacia, aqui estudados, são compreendidos dominantemente por rochas siliciclásticas. Estes consistem nos membros Superior e Inferior da Formação Raizama e na base do Membro Inferior da Formação Sepotuba, Grupo Alto Paraguai, expostos nas porções central e nordeste da bacia intracratônica invertida, estado do Mato Grosso. Duas sequências deposicionais (SD1 e SD2) caracterizam as sucessões cambrianas da base do Grupo Alto Paraguai. A SD1 apresenta como limite de sequência (LS1) um hiato erosional previamente interpretado no sudoeste da bacia, passando a uma conformidade correlativa nas porções central e nordeste onde recobrem os carbonatos Araras e os depósitos glaciais criogenianos Puga. O LS1 representa um período de erosão ou não-deposição de aproximadamente 80 Ma desenvolvido sobre os carbonatos do Ediacarano Inferior do Grupo Araras, relacionados a soerguimentos epirogênicos da bacia. Uma segunda fase de subsidência térmica teria levado a instalação da plataforma siliciclástica no Cambriano, caracterizada pela SD1 caracterizada por duas associações de fácies denominadas AF1 e AF2. A AF1 consiste em camadas de subarcóseos ou grauvacas quartzosas intercalados por camadas de pelitos dominados por processos de onda e tempestade, inseridos nas zonas de offshore-transition, lower-middle shoreface e upper shoreface. A presença de traços fósseis verticais infaunais pertencentes do à Icnofácies Skolithos (Skolithos linearis; Diplocraterion parallelum; e Arenicolites isp.) na base dos depósitos de lower-middle shoreface indicaram uma idade Cambriana Inferior, ou mais jovem, para a Formação Raizama, anteriormente considerada como ediacarana. A AF2 compreende camadas de subarcóseos, quartzo-arenitos, sublitoarenitos, grauvacas quartzosas, intercaladas por camadas de pelito e/ou arenitos muito fina/pelito interpretados como depósitos de planície de maré complexa, sobrepostos em discordância (LS2) pelos depósitos fluviais de canais entrelaçados (AF3) pertencentes a SD2. A SD1 teria sido depositada durante um trato de sistemas de mar baixo a transgressivo, organizados em parassequências com tendências progradacionais. Esse padrão de empilhamento não seria compatível com a estratigrafia de sequências tradicional para um TST, atribuído a uma lenta taxa de subsidência concomitante com uma alta taxa de sedimentação indicada pela Icnofácies Skolithos. Posteriormente, uma queda  menos expressiva do nível do mar promoveu a progradação dos depósitos fluviais entrelaçados distais (AF3) sobre a SD1, relacionados a um trato de sistemas de mar baixo (TSMB) caracterizado pela abrupta mudança dos depósitos heterolíticos de maré para os quartzo- arenitos médios a grossos dos depósitos fluviais. Direções de paleofluxo preferencialmente para NE e SE obtidas em formas de leito costeiras da AF2 e AF3 aliada a idades Paleo- a Mesoproterozoicas por U-Pb em zircão detrítico tem indicado proveniência exclusivamente de áreas fontes a SW e NW do Cráton Amazônico. Além disso, a análise de grãos de quartzo detríticos dos arenitos da base dos depósitos cambrianos indica que estas fontes seriam principalmente ígneas e metamórficas. Trabalhos prévios indicam que os depósitos fluviais da SD2 foram sucedidos por um trato de sistema transgressivo, marcando o último evento transgressivo que influenciaram os depósitos cambrianos da bacia intracratônica. Paulatinamente, a conexão oceânica foi interrompida em consequência do fechamento do Oceano Iapetus (~500 Ma) em consonância com soerguimentos da bacia. Dessa forma, os mares epíricos cambrianos foram confinados e consequentemente dando início de uma fase lacustre da bacia no Ordoviciano, representado pelos depósitos da Formação Diamantino. Posteriormente, a bacia intracratônica do sudeste do Cráton Amazônico teria sido invertida pela tectônica transtensional que propiciou a implantação das bacias intracontinentais pós- cambrianas do Oeste Gondwana.

  • DAVID RAMOS PEREIRA
  • ESTUDO GEOQUÍMICO E ISOTÓPICO DOS PROCESSOS METALOGENÉTICOS ASSOCIADOS AO DEPÓSITO DE Pb- Zn (Cu-Ag) SANTA MARIA, REGIÃO DE CAÇAPAVA DO SUL, RIO GRANDE DO SUL

  • Data: May 11, 2018
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  • Os depósitos Camaquã, de Cu (Au-Ag), e Santa Maria, de Pb-Zn (Cu-Ag), que constituem as Minas do Camaquã, correspondem aos maiores depósitos de metais base hospedados pelas sequências vulcano-sedimentares do Neoproterozoico da Bacia do Camaquã, situada no centro-sul do estado do Rio Grande do Sul. As rochas encaixantes desses depósitos compreendem arenitos e conglomerados das formações Seival e Rincão dos Mouras, pertencentes ao Grupo Santa Bárbara. O depósito Camaquã (minas São Luiz e Uruguai) é conhecido desde 1865, tendo suas atividades de lavra se desenvolvido principalmente entre os anos de 1950 e 1996. Corresponde essencialmente a sulfetos de Cu (calcopirita, bornita e calcocita), com Au e Ag como subprodutos mais importantes. As encaixantes são principalmente conglomerados grossos e o minério filoniano predomina relativamente ao disseminado. O depósito Santa Maria, localizado 3 km a SW do depósito Camaquã, foi descoberto em 1978 e encontra-se em fase avançada de avaliação econômica, conduzida pela empresa Nexa Resources, ex- Votorantim Metais. É composto dominantemente por sulfetos de Pb-Zn (esfalerita e galena), e de forma subordinada por sulfetos de Cu (calcopirita, bornita e calcocita) e Ag nativa. As encaixantes são arenitos, conglomerados finos e andesitos, e o minério ocorre de forma disseminada ou em veios. Em virtude de sua importância, já foram alvo de diversos pesquisadores, com a consequente proposição de variados modelos metalogenéticos. O estudo petrográfico, geoquímico e isotópico do depósito Santa Maria permitiu classificá-lo como epitermal de sulfetação intermediária. A identificação de feições indicativas de boiling em uma zona mineralizada, de uma associação mineralógica com estado de sulfetação dominantemente intermediário, de alterações hidrotermais tipicamente epitermais, de uma razão Ag/Au elevada (> 100), assim como a presença do mineral raro betekhtinite, dão suporte a essa hipótese e indicam a possibilidade de existência de um depósito porfirítico em profundidade na região das Minas do Camaquã ou em suas proximidades. A presença da Formação Acampamento Velho na região das Minas do Camaquã foi identificada, de forma inédita, através da datação de um sill andesítico, com idade de cristalização de 565 ± 5 Ma (U-Pb em zircão LA-MC-ICP-MS). Essa formação é hospedeira do minério do depósito Santa Maria e os dados de isótopos de Pb sugerem uma associação entre ambos. Essa relação já foi apontada em estudos anteriores, quando então o minério foi associado a um magmatismo alcalino de 545 ± 5 Ma (Rb-Sr). Portanto, a mineralização parece ter se desenvolvido entre 565 e 545 Ma, aproximadamente, a partir de eventos magmáticos de afinidade alcalina. Os dados isotópicos de Pb sugerem ainda uma fonte dominantemente crustal e antiga do embasamento para o Pb, e possivelmente para os outros metais, com proveniência orogênica ou mista e idade modelo de 1066 Ma, o que significa que fluidos magmáticos-hidrotermais lixiviaram os metais das rochas percoladas. O processo de precipitação do minério parece estar relacionado tanto a reações químicas com as rochas encaixantes (tamponamento) quanto à manifestação localizada de boiling. Em ambos os casos, sua precipitação teria sido ocasionada a partir da neutralização de uma solução hidrotermal inicialmente ácida. O ambiente tectônico de formação das Minas do Camaquã - rift pós-colisional com magmatismo alcalino associado – assemelha-se ao de depósitos epitermais (de baixa e intermediária sulfetação) vinculados a rochas magmáticas alcalinas, também desenvolvidos em ambientes de extensão intensa e fora dos arcos vulcânicos convencionais. Também é possível admitir a hipótese de um depósito epitermal de sulfetação intermediária para o depósito Camaquã. A diferença nas associações mineralógicas observadas nesses depósitos, ambas com um estado de sulfetação dominantemente intermediário, é atribuída a diferentes graus de interação dos fluidos mineralizantes com as rochas encaixantes do minério, ocasionando uma leve variação em seu estado de sulfetação.

  • LILIAN PAULA ALMEIDA DA SILVA
  • GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA U-Pb EM ZIRCÃO E Sm-Nd EM ROCHA TOTAL DO MAGMATISMO TARDI-TRANSAMAZÔNICO DA REGIÃO DE CALÇOENE, NORTE DO AMAPÁ, SUDESTE DO ESCUDO DAS GUIANAS

  • Data: May 3, 2018
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  • A região de Calçoene, porção norte do Amapá, (Domínio paleoproterozoico Lourenço) está inserida no contexto geológico da Província Maroni-Itacaíunas, sudeste do Escudo das Guianas que, representa uma extensa faixa orogênica desenvolvida durante o Ciclo Transamazônico (2,26–1,95 Ga). O Domínio Lourenço consiste principalmente em sequências de rochas metavulcanossedimentares, complexos gnáissicos, granitoides representando diversas suítes e corpos cálcio-alcalinos (2,26 a 2,09 Ga) com evolução relacionada a arcos magmáticos, e plútons dominantemente graníticos, incluindo charnoquitos (2,1 a 1,99 Ga) que representam estágios colisionais a tardi-orogenéticos. A unidade geológica alvo do presente estudo é o Granito Cunani (~2,10 Ga) e foi delimitada na porção centro-leste do Domínio Lourenço. Subordinadamente, a Suíte Cricou (2,11 a 2,09 Ga), adjacente ao Granito Cunani, foi estudada em nível de comparação. Apesar do recente avanço no conhecimento geológico dessa região alcançado por levantamentos conduzidos pela CPRM, os dados geoquímicos e geocronológicos ainda são escassos e dificultam o estabelecimento de cronologia confiável deste magmatismo, bem como a avaliação dos processos de acreção juvenil transamazônica e de retrabalhamento de crosta mais antiga. Com o objetivo de melhor caracterizar o magmatismo tardi-transamazônico assim como estimar a influência de material crustal arqueano no magmatismo riaciano no Domínio Lourenço, novos dados petrográficos, geoquímicos geocronológicos e isotópicos (Nd-Sr) forneceram importantes contribuições acerca da evolução geológica desta porção do Escudo das Guianas. O Granito Cunani é caracterizado como uma unidade constituída principalmente por biotita monzogranitos e biotita sienogranitos com hornblenda-biotita tonalitos e biotita granodioritos subordinados, o qual contém enclaves de quartzo-dioritos com ortopiroxênio (granulitos) e de hornblenda metatonalitos. Rochas com composição enderbítica também foram encontradas nesta unidade. A Suíte Cricou na área é constituída por biotita monzogranitos, e subordinadamente enderbitos também foram identificados. A litogeoquímica mostrou que as características das duas unidades são condizentes com assinaturas de ambiente de arco magmático ou de ambientes sin à pós-colisional. A tipologia dos granitos não foi conclusiva nos diagramas I, S e A. A maior parte das amostras mostraram enriquecimento em elementos incompatíveis de modo geral, com altos valores de elementos litófilos de raio grande (LILE) como Ba e K, enquanto alguns elementos com alto campo de força (HFSE) como Th, La, Ce e Nd, também mostram valores relativamente elevados. Significante anomalia negativa de Nb e P são observadas nas rochas do Granito Cunani e seus enclaves. Nas duas amostras analisadas da Suíte Cricou uma apresenta anomalia positiva e a outra, anomalia negativa para o Nb. O diagrama de Elementos Terras Raras mostrou enriquecimento dos elementos leves em relação aos pesados nas duas unidades. Apenas a Suite Cricou apresenta anomalia positiva de Eu acentuada. A integração dos dados permite uma interpretação de magmatismo pós-colisional e provavelmente o ambiente tectônico é de colisão de arco de ilha com massa continental. A datação U-Pb por LA-ICP-MS dos zircões do Granito Cunani forneceram idades de 2097±17 Ma (intercepto superior) para um biotitasienogranito (DAC-08-06), 2017±73 Ma (intercepto superior) e 1990±16 Ma (idade concordante) para outro biotita sienogranito (LKV-06-03) e 2019±53 Ma (intercepto superior) e 1995±37 Ma (idade concordante) para um biotita monzogranito (DAC-08-09a). Estas idades confirmam a idade tardi-transamazônica (neoriaciana) para esta unidade e sugerem que o Granito Cunani pode englobar diferentes pulsos magmáticos. Os enclaves de granulitos (DAC-08-07b) forneceram uma idade U-Pb de 2112±10 Ma e podem representar lascas de rochas de nível crustal mais profundos associados aos processos de migmatização que afetaram rochas de arcos magmáticos em torno de 2,11- 2,09 Ga. A idade por volta de 2,0 Ga obtida para o biotita monzogranito DAC-08-09a localizada no mesmo afloramento do hornblenda metatonalito (DAC-08-09b) anteriormente datado em 2151 ± 2 Ma (evaporação de Pb em zircão por TIMS) permite inferir que este último pode corresponder a enclaves provenientes de rochas de arcos magmáticos mesoriacianos. A datação U-Pb por LA-ICP-MS para a amostra da Suíte Cricou (DAC-08-11) forneceu uma idade de 1839±62 Ma (intercepto superior), sendo esta não confiável estatisticamente. Entretanto a hipótese de reabertura do sistema U-Pb de zircão em decorrência de eventos posteriores a sua formação não pode ser descartada. O conjunto de idades de cristalização paleoproterozoicas obtidas neste trabalho juntamente com as idades modelo Nd-TDM arqueanas entre 3,17 e 2,51 Ga e, os valores negativos de εNd[2,08Ga] entre - 8,67 e -0,72, além de zircões herdados com idades de 3056±63 Ma e 2654 ±43 Ma identificados em um biotita sienogranito (DAC-08-06), apontam o envolvimento de fontes meso-neoarqueanas na geração do Granito Cunani. As idades modelo Sr-TUR variaram entre 2,52 e 2,29 Ga, apontando também assinatura sideriana-neoarqueana para a fonte destes granitoides, compatível com acreção de arco magmático proterozoico na borda de um continente arqueano.

  • CHAFIC RACHID EL HUSNY NETO
  • ESTUDOS ISOTÓPICOS (Pb E Nd) E DE QUÍMICA MINERAL DO DEPÓSITO AURÍFERO CIPOEIRO, CINTURÃO GURUPI, ESTADO DO MARANHÃO

  • Data: Apr 27, 2018
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  • O depósito aurífero orogênico de Cipoeiro, localizado no Cinturão Gurupi, Estado do Maranhão, está hospedado em tonalito da Suíte Intrusiva Tromaí (2148 Ma) e possui a maior concentração de ouro conhecida até o momento (61,9 t Au). Visando contribuir com o conhecimento sobre a metalogenia do depósito, este trabalho buscou: definir a composição e sequencia temporal da mineralogia hidrotermal e/ou dos tipos de alteração hidrotermal; investigar a composição química do minério; identificar potenciais fontes do Pb e Nd na mineralização; e estimar a idade do evento mineralizador. Os estudos mostraram que  o tonalito hospedeiro está fortemente alterado pelo hidrotermalismo e localmente por deformação dúctil, obliterando suas estruturas primárias. A alteração hidrotermal possui variação distal e proximal e ocorre de forma pervasiva e fissural/venular. A alteração distal é pervasiva e gerou uma assembleia composta por clorita e sericita. A alteração proximal é pervasiva e fissural/venular e gerou assembleia que compreende quartzo, clorita, sericita, calcita, pirita e quantidades subordinadas de calcopirita, esfalerita e galena, além da mineralização aurífera associada a um conjunto de teluretos. O ouro ocorre de três formas: (1) partículas inclusas na pirita, (2) precipitado em fraturas de pirita, e (3) livre, junto aos veios de quartzo. Os teluretos são petzita (Ag-Au), hesita (Ag) e sylvanita (Au-Ag), e em menor quantidade coloradoita (Hg), kochkarita (Pb-Bi) e volynskita (Ag-Bi). As condições de mineralização são compatíveis com a fácies xisto verde (~300°C). A partir do equilíbrio clorita-pirita-esfalerita e da composição dos teluretos foi estimado log fO2 no intervalo de - 29,6 a -33,2 e log fS2 de -9,6 a -10,6, o que indica fluido relativamente reduzido e, em conjunto com os demais dados físico-químicos disponíveis na literatura, sugere transporte por complexo reduzido de enxofre. Estudos isotópicos, Pb em pirita e Nd em calcita, permitiram considerar que a fonte do fluido é provavelmente originária da mistura de fontes distintas, ocorrida pela interação fluido-rocha durante a ascensão do fluido por estruturas até o local de deposição do minério. A idade para o depósito não pôde ser definida de forma categórica, entretanto, isótopos de Pb e Nd indicam o Paleoproterozoico como idade mais provável da mineralização.

  • PATRICIA SILVA RODRIGUES
  • OS EFEITOS DAS OSCILAÇÕES CLIMÁTICAS E VARIAÇÕES DO NÍVEL DO MAR SOBRE O MANGUEZAL DE LAGUNA (SC) - LIMITE SUL AMERICANO

  • Data: Apr 19, 2018
  • Show resume
  • Um ecossistema de manguezal, situado na Laguna de Santo Antônio, Santa Catarina-Brasil, limite sul de ocorrência de manguezais na América do Sul foi escolhido como área de estudo para este trabalho. Tendo como principal objetivo estudar o comportamento desse ecossistema em relação às mudanças climáticas durante o Holoceno, foi realizada uma análise multi- elementar, compreendendo análises geoquímicas (COT, NT, C/N, C/S, δ13C e δ15N), sedimentológicas e palinológicas em um testemunho sedimentar com 4,75 m de profundidade, denominado RP-01 e coletado com um amostrador do tipo “Peat Sampler”. Esses resultados foram temporalmente sincronizados com seis datações C-14. Cinco fácies sedimentares foram individualizadas, as quais foram agrupadas em duas associações de fácies: i) laguna e ii) barra de desembocadura de distributário. Com base nos resultados, uma mudança de influência marinha para terrestre na proveniência da matéria orgânica foi proposta. Uma porção da laguna anteriormente sob influência de processos lagunares, deu lugar ao desenvolvimento de uma barra de desembocadura de distributário. O aumento de matéria orgânica de origem terrestre, ocorrido principalmente a partir do Holoceno tardio, bem como o maior aporte sedimentar dos rios Sambaquí e Tubarão em direção à laguna favoreceu a formação da barra de distributário. Mudanças no comportamento vegetacional também foram identificadas. Dados palinológicos indicam que durante o Holoceno médio a vegetação do tipo herbácea predominou na região, sugerindo condições climáticas menos úmidas quando comparadas com o Holoceno inferior. O aumento nos valores de grãos de pólen representantes de árvores e arbustos, palmeiras e a presença do manguezal nas profundidades mais próxima do topo do testemunho são indicativos da ocorrência de um clima sub-tropical na região. Isso está provavelmente relacionado à mudança de posição da ITCZ (Intertropical Convergence Zone) em direção à América do Sul e a intensificação do SAMS (South American Monsoon System), que provocou aumento na umidade e na taxa de precipitação na região sul do Brasil. Em especial, o desenvolvimento e expansão do manguezal principalmente durante os últimos séculos comprova mudanças na configuração climática na região de Laguna (SC), com o estabelecimento de um clima relativamente mais quente e úmido atualmente.

  • ARTHUR JERONIMO SANTANA ARAGAO
  • PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DO GRANITO CHAVAL, NOROESTE DA PROVÍNCIA BORBOREMA

  • Data: Apr 17, 2018
  • Show resume
  • A região noroeste da Província Borborema é representada por dois blocos crustais (Ceará
    Central e Médio Coreaú) articulados pelo Lineamento Transbrasiliano em contexto geológico
    complexo, que reune unidades geológicas de natureza, origem e idades do Arqueano ao
    Paleozoico. Neste quadro, destaca-se uma grande quantidade de corpos graníticos, com
    natureza e idades diversas, mas geralmente, resultante de granitogêneses com maior
    intensidade no Neoproterozoico e gerados em diferentes estágios da Orogenia Brasiliana.
    Nesse contexto, encontra-se o Granito Chaval no extremo noroeste da Província Boroborema,
    localizado próximo à costa Atlântica entre os estados do Ceará e Piauí. Ele está exposto em
    um batólito com relação intrusiva em ortognaisses paleoproterozoicos do Complexo Granja e
    rochas supracrustais do Neoproterozoico do Grupo Martinópole; está recoberto por rochas
    sedimentares da Bacia do Parnaíba do Paleozoico (Grupo Serra Grande) e depósitos
    sedimentares costeiros recentes. Os dados de campo e estudos petrográficos destacam em
    grande parte da porção oeste do corpo, feições magmáticas como a textura porfirítica com
    megacristais centímétricos de microclína euédricos imersos na matriz fanerítica grossa. No
    corpo predominam granodioritos, com variações tonalíticas e monzograníticas. Outra
    característica peculiar são as feições deformacionais relacionadas à instalação da Zona de
    Cisalhamento Transcorrente Santa Rosa (ZCTSR) no flanco leste do corpo, cujos efeitos do
    cisalhamento levaram à modificação das tramas magmáticas em grande parte da porção leste
    do corpo, gerando rochas miloníticas. Assim, as texturas tipicamente ígneas foram
    gradativamente, substituídas por uma trama tectônica, evoluindo inicialmente para
    protomilonitos, na porção central do corpo, e também mais a leste, e para granitos miloníticos,
    com forte deformação, cominuição e recristalização dinâmica dos minerais que compõem a
    matriz, formação de porfiroclastos de feldspatos e quartzo fitado. Os estudos geoquímicos
    revelam similaridades composicionais que são compatíveis com as classificações
    petrográficas, em que apresentam composição majoritariamente granodiorítica, seguida de
    monzogranitos e tonalítos. Os dados geoquímicos também indicam afinidade com granitos
    tipo I, peraluminosos a metaluminosos comparável à série cálcio-alcalina. As assinaturas
    geoquímicas indicam que o Granito Chaval é compatível a granitos de ambientes de arco
    magmático do tipo normal. As análises U-Pb em zircão indicam idade de cristalização de 632
    Ma, posicionando seu alojamento no Neoproterozoico, no final do período Cryogênico, sendo
    ele o dos granitoides mais antigos da região, compatível aos granitoides do Arco Magmático
    Santa Quitéria. Os estudos isotópico Sm-Nd em rocha total apontam idades modelos (TDM)
    entre 2,04 e 1,27 Ga, e valores de ɛNd negativos, indicando fontes Paleoproterozoicas e
    Mesoproterozoicas, com considerável tempo de residência crustal que implica em uma
    natureza mais evoluída.

  • LUIZ CARLOS FERREIRA DE CRISTO
  • ESTUDO PETROGRÁFICO E ISOTÓPICO (Pb-Pb, U-Pb e Sm-Nd) DE ROCHAS METAVULCÂNICAS, MINERALIZAÇÕES AURÍFERAS E ROCHAS GRANITÓIDES RELACIONADAS AO GREENSTONE BELT TRÊS PALMEIRAS, VOLTA GRANDE DO XINGU, DOMÍNIO BACAJÁ, PARÁ

  • Data: Apr 17, 2018
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  • O presente estudo foi baseado em estudos de petrografia, geoquímica isotópica e geocronologia, tendo como objetivo discutir a possível relação genética e temporal entre a formação das mineralizações auríferas, suas hospedeiras e as sequências metavulcânicas que formam o Greenstone Belt Três Palmeiras, noroeste do Domínio Bacajá, estado do Pará. Descrições de amostras de campo e de testemunhos de sondagem permitiram a classificação dos litotipos que ocorrem na área de estudo: (1) uma sequência de metabasaltos, xistos máficos e restritos corpos de metagabros (Anfibolito Itatá); (2) uma sequência de meta-andesitos porfiríticos e rochas metavulcanoclásticas (Micaxisto Bacajá). Essas rochas afloram às proximidades de rio Xingu e formam corpos alongados, com orientação WNW-ESE, que registram os efeitos da deformação predominante na área. Essas sequências são seccionadas por corpos de dioritos e granodioritos, que constituem a unidade Granodiorito Oca. Os depósitos são formados por veios de quartzo mineralizados em pirita, calcopirita e ouro, que se alojam nos granitoides intrusivos, sob a forma de microinclusões nesses sulfetos. Os dados isotópicos Pb-Pb por lixiviação obtidos em amostras de pirita de quartzo-diorito e meta-andesito, não associados aos depósitos de ouro, forneceram idades de 2146 ± 19 Ma e 2353 ± 43 Ma, respectivamente, enquanto o método de evaporação de Pb em zircão forneceu idades de 2417 ± 4 Ma (MSDW=0,64) para uma amostra de meta-andesito e 2410 ± 4 Ma (MSWD=4,3) para uma amostra de rocha metavulcanoclástica. Essas idades são similares àquela fornecida pela isócrona Sm-Nd (2465 ± 17 Ma) para metabasaltos e meta-andesitos. Finalmente, o método de evaporação de Pb em partículas de ouro, extraídas de corpos mineralizados, alojados em granodioritos e quartzo-dioritos, após diversas tentativas de gerar uma isócrona com baixo desvio, forneceu a idade de 2189 ± 11 Ma (MSWD=31). Essas idades indicam que a mineralização tenha se formado durante o Riaciano. Com base nas idades já determinadas para as rochas graniticas presentes na área, é provável que a mineralização tenha relação genética e temporal com essas rochas. Os dados isotópicos sugerem, até o momento, que as sequências metavulcânicas do Greenstone Belt Três Palmeiras não apresentam relação genética com as mieralizacoes auriferas. As idades-modelo NdTDM de 2,49 a 2,39 Ga, obtidas neste trabalho para amostras de meta-andesitos e metadacitos do GBTP e seus εNd(T) (+2,03 e +3,33) sugerem que essas rochas se originaram do manto no Paleoproterozoico, seguido de rápida residência crustal.

  • CAMILA CARNEIRO DOS SANTOS RODRIGUES
  • HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS EM SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DE SISTEMAS AQUÁTICOS AMAZÔNICOS (ESTADOS DO PARÁ E AMAPÁ)

  • Data: Apr 13, 2018
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  • Os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HPA) são contaminantes orgânicos ubíquos gerados por processos naturais (digenéticos ou biogênicos) e antropogênicos (pirogênicos ou petrogênicos). Eles são formados principalmente durante a decomposição da matéria orgânica induzida por altas temperaturas. Dezesseis desses HPA são considerados prioritários em estudos ambientais pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA) devido às suas propriedades tóxicas e carcinogênicas. A maioria dos poluentes, assim como os HPA, persiste nos sedimentos até sua degradação, portanto, os estudos de poluição sedimentar são considerados efetivos em pesquisas sobre contaminação. Os corpos aquáticos que constituem a bacia do Rio Amazonas são habitats de grande diversidade biológica, numerosas espécies de peixes e de moluscos são importantes fontes de alimento para a população ribeirinha e recursos para a indústria alimentar. A poluição desses sistemas aquáticos por HPA pode prejudicar a biota e consequentemente a população e a economia local. Mesmo assim, pouca informação está disponível sobre a poluição por HPA em sistemas aquáticos amazônicos. O objetivo deste estudo foi avaliar os níveis de contaminação por HPA dos sedimentos superficiais da Zona Costeira Amazônica (Belém-PA, Macapá-AP e Santana-AP) através da identificação e quantificação dos HPA, comparação dos níveis de HPA encontrados com áreas próximas e outras partes do mundo, identificação de fontes potenciais de HPA na área estudada, avaliação da qualidade dos sedimentos em relação a esses poluentes e discussão inicial sobre baselines para HPA em sedimentos de sistemas aquáticos amazônicos. Quatorze amostras de sedimentos superficiais foram coletadas ao longo da área urbanizada da Baía de Guajará e do Rio Guamá (Belém-PA); onze amostras ao longo dos canais sinuosos das ilhas do Combú e das Onças, localizadas ainda nos acima referidos corpos aquáticos; dez amostras dentro do rio Aurá que flui para o Rio Guamá; e dezesseis amostras ao longo do Estuário do Rio Amazonas (Macapá e Santana-AP) abrangendo a margem urbanizada e a Ilha de Santana. A concentração total de HPA (ΣHPA) variou de 18,1 a 9905,7 ng g-1 na Baía de Guajará e no Rio Guamá, 3824,2 a 15693,9 ng g-1 no Rio Aurá e 22,2 a 158 ng g-1 no Estuário do Rio Amazonas. De maneira geral, a área estudada pode ser classificada como moderada a altamente contaminada. No entanto, os níveis de HPA obtidos na zona insular estudada são relativamente baixos e podem ser considerados como baselines para esses poluentes em sedimentos de sistemas aquáticos amazônicos. A discriminação das fontes de HPA e seu potencial de toxicidade é necessário para avaliar seus efeitos no meio ambiente. Os HPA são sempre emitidos como uma mistura, e as proporções de concentração molecular relativa são consideradas características de uma dada fonte de emissão. As razões diagnósticas selecionadas e as análises estatísticas mostraram que a combustão de biomassa e de combustíveis fósseis são a principal origem dos HPA. Embora a origem pirogênica seja a principal fonte, não podemos ignorar que existe uma mistura de HPA de diferentes fontes, as atividades portuárias e petroquímicas são fontes menores desses contaminantes para a área de estudo. Os dados indicaram a existência de fontes pontuais e um transporte relativamente restrito dos HPA. As diretrizes de qualidade de sedimento (SQGs) baseadas em limiares de toxicidade foram utilizadas para classificar a toxicidade das amostras de sedimentos e, consequentemente, os potenciais efeitos biológicos adversos. A avaliação do risco ecológico indicou que os HPA nos sedimentos devem: na margem urbanizada da Baía de Guajará e do Rio Guamá, assim como no Rio Aurá, ocasionalmente causar efeitos à biota, como danos agudos; nas ilhas do Combú e da Onças, não oferecer estresse biológico ou danos potenciais; e no Estuário do Rio Amazonas, não ocasionar nenhum efeito adverso sobre os organismos, mas a presença de dibenzo[a,h]antraceno e benzo[a]pireno, considerados poderosos agentes cancerígenos, neste sistema aquático merece atenção.

  • JOAO MARINHO MILHOMEM NETO
  • U-Pb e Lu-Hf EM ZIRCÃO POR LA-MC-ICP-MS: METODOLOGIA E APLICAÇÃO NO ESTUDO DA EVOLUÇÃO CRUSTAL DA PORÇÃO SUDESTE DO ESCUDO DAS GUIANAS

  • Data: Apr 6, 2018
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  • Análises combinadas U-Pb e Lu-Hf in situ em uma mesma população de zircão de rochas magmáticas por LA-MC-ICP-MS permitem determinar a idade e assinatura isotópica dessas rochas, fornecendo valiosas informações para estudos de evolução crustal. A aplicação dessa sistemática, devido a sua relativa simplicidade, sensibilidade e rapidez das análises representa atualmente uma das ferramentas mais eficazes e amplamente utilizadas para estudos isotópicos e geocronológicos. O sudeste do Escudo das Guianas (EG) está em grande parte inserido na Província geotectônica/geocronológica Maroni-Itacaiúnas (PMI) do Cráton Amazônico (CA). A PMI representa uma expressiva faixa orogênica consolidada no Paleoproterozoico, durante o ciclo orogenético Transamazônico (2,26 - 1,95 Ga), que consiste em grandes extensões de crosta juvenil riaciana e alguns remanescentes arqueanos retrabalhados. É formada principalmente por complexos granulíticos-migmatíticos-gnáissicos, rochas metavulcânicas e metassedimentares deformadas e metamorfizadas na fácies xisto- verde a anfibolito (greenstone belts paleoproterozoicos) e granitoides riacianos (magmatismo TTG e granítico). Três domínios tectônicos são individualizados na PMI/EG em território brasileiro: o Bloco Amapá (BA), na região centro-sul do Amapá e noroeste do Pará, o Domínio Lourenço (DL), no centro-norte do Amapá, e o Domínio Carecuru (DC), no noroeste do Pará. O BA é um bloco continental neo-mesoarqueano intensamente retrabalhado no Paleoproterozoico durante o Ciclo Transamazônico, enquanto o DL e o DC representam terrenos dominantemente riacianos, com evolução envolvendo estágios de subducção de litosfera oceânica em ambientes de arcos de ilha e/ou arcos magmáticos continentais, e com relíquias retrabalhadas de crosta continental arqueana, seguida por acreção tectônica desses arcos magmáticos. O objetivo desta Tese foi implantar o protocolo experimental da metodologia combinada U-Pb e Lu-Hf em zircão por LA-MC-ICP-MS no laboratório Pará- Iso/UFPA e investigar, a luz dos novos dados U-Pb e Lu-Hf, os processos de acreção e retrabalhamento crustal durante o Arqueano e Paleoproterozoico no extremo sudeste do EG. Além do BA, alguns remanescentes esporádicos e zircões arqueanos herdados têm sido encontrados em granitoides paleoproterozoicos e levantam questionamentos quanto ao envolvimento e extensão da crosta continental arqueana nos domínios DL e DC. Dados Sm- Nd em rocha total têm confirmado o caráter juvenil de grande parte da PMI. Entretanto, para o DL e DC, recorrentes idades-modelo Nd-TDM arqueanas têm sido identificadas e também apontam participação e/ou mistura de material crustal neo-mesoarqueano na formação das rochas destes domínios. Embora inúmeros estudos isotópicos e geocronológicos já tenham sido realizados na região sudeste do EG, a aplicação de análises combinadas U-Pb e Lu-Hf em zircão ainda é inédita. A implantação das metodologias Lu-Hf e U-Pb in situ em zircão, foi realizada utilizando-se um MC-ICP-MS de alta resolução da marca Thermo Finnigan modelo Neptune, equipado com uma microssonda a laser Nd:YAG 213 nm modelo LSX-213 G2 da marca CETAC. Os parâmetros de instrumentação e operação do ICP-MS e do laser foram estabelecidos após várias seções analíticas de modo a se alcançar uma configuração de rotina satisfatória. Os resultados obtidos para os materiais internacionais de referência reproduziram os valores da literatura com a precisão, acurácia e reprodutibilidade necessárias ao estabelecimento em rotina da metodologia combinada U-Pb e Lu-Hf no Pará-Iso/UFPA para análises in situ de zircões por LA-MC-ICP-MS. A descrição do protocolo experimental e instrumentação utilizada para cada método, bem como os resultados das primeiras aplicações desenvolvidas em zircões de granitoides/metagranitoides distribuídos nos três domínios tectônicos supracitados foram publicados na forma de capítulos de livro. Na sequência, foram realizadas análises isotópicas em zircões de dezoito amostras de unidades do BA e do DL/DC. Os novos dados U-Pb consolidaram a identificação dos principais episódios magmáticos do extremo sudeste do EG. Destacam-se os eventos arqueanos identificados no BA, dois no Mesoarqueano (~3,2 e 2,85 Ga) e um no Neoarqueano (2,65-2,69 Ga), bem como aqueles riacianos no DL (~2,18, 2,14, e 2,12-2,09 Ga) e DC (2,15-2,14 Ga). Os dados Lu-Hf apontaram para o predomínio de processos de retrabalhamento crustal (ƐHf(t)  < 0) durante a cormação do BA e do DL/DC. As idades-modelo Hf-TDM variaram de 2,99 até 3,97 Ga para a BA e subsidiaram a identificação de dois períodos de formação de crosta continental, um no Eoarqueano (~4.0 Ga) e outro no Mesoarqueano (3,0-3,1 Ga). Este último reconhecido em escala global como um importante período de acresção crustal. O episódio Eoarqueano é inédito para o sudeste do EG e indica que o crescimento crustal no CA se iniciou pelo menos 500 Ma antes do que previamente sugerido (3,51 Ga, Nd-TDM em rocha total). Nos domínios riacianos (DL/DC), as idades-modelo Hf-TDM revelaram-se arqueanas (98,4%) e, junto com as assinaturas isotópicas Nd-Hf, apontaram a participação de material crustal do BA por incorporação de sedimentos em ambiente de arco de ilha (noroeste do DL), como igualmente registrado no noroeste do Suriname e nos terrenos Birimianos em Gana (Craton Oeste Africano), assim como por assimilação de crosta arqueana de diferentes idades e proporções em ambiente de arco magmático continental no sul/sudeste do DL e no DC.

  • MAYARA FRAEDA BARBOSA TEIXEIRA
  • ESTUDOS ISOTÓPICOS DE U-Pb, Lu–Hf E δ18O EM ZIRCÃO: IMPLICAÇÕES PARA A PETROGÊNESE DOS GRANITOS TIPO-A PALEOPROTEROZOICOS DA PROVÍNCIA CARAJÁS – CRÁTON AMAZÔNICO

  • Data: Apr 5, 2018
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  • Em 1880 Ma, um extenso evento magmático gerou granitos tipo-A com afinidade rapakivi no Cráton Amazônico, com destaque para a Província Carajás. Nesta província, esse magmatismo compreende batólitos e stocks anorogênicos agrupados em três suítes: (1) Suíte Jamon oxidada; (2) Suíte Velho Guilherme, ferrosa reduzida, com leucogranitos estaníferos associados; (3) Suíte Serra dos Carajás, constituída por plutons moderadamente reduzidos. Além dessas três suítes, também ocorrem nos diferentes domínios da província outros corpos graníticos tipo-A com características semelhantes aos das suítes mencionadas. Entre eles, dispõem-se de informações sobre os granitos Seringa, São João, Gogó da Onça, Rio Branco e Gradaús. O Granito Gogó da Onça Granite (GGO) compreende um stock localizado no sudeste de Canaã dos Carajás, composto por biotita-anfibólio granodiorios, biotita-anfibólio monzogranito e biotita-anfibólio sienogranito. Apresenta comportamento geoquímico similar aos granitos anorogênicos de Carajás. É um granito metaluminoso, ferroso do subtipo A2- com caráter reduzido. O comportamento dos elementos traços sugere que suas diferentes fácies são relacionadas por cristalização fracionada. Dados U-Pb SHRIMP em zircão e titanita mostraram que o GGO cristalizou entre ~ 1880 e 1870 Ma. Esse granito mostra contrastes significativos com as suítes Jamon e Velho Guilherme. O GGO é mais parecido com a Serra dos Carajás e com os granitos Seringa e São João, e aos granitos Sherman (mesoproterozóico) dos EUA e o Batólito Suomenniemi (paleoproterozóico) da Finlândia. Novos dados U-Pb SHRIMP para os granitos das suítes Jamon, Serra dos Carajás e Velho Guilherme, e para os granitos Seringa e São João mostraram que esses plutons cristalizaram entre 1880 Ma e 1857 Ma, situando-se o principal pico do magmatismo em cerca de 1880 Ma. As análises em zircão e titanita revelaram ainda idades de ~1900 Ma a ~1920 Ma nas suítes Velho Guilherme e Jamon e no Granito Seringa que representam possivelmente fases cristalizadas precocemente, incorporadas nos pulsos magmáticos dominantes, mais tardios. Também foram obtidas idades mais jovens (~1865 Ma a ~1857 Ma), comparadas aquelas obtidas para as fases menos evoluídas, para leucogranitos que formam stocks tardios nos corpos Bannach e Redenção. Esses dados sustentam a interpretação de que estes leucogranitos foram gerados por pulsos magmáticos independentes e tardios na evolução daqueles corpos, conforme já havia sido proposto por outros autores. Além das idades mencionadas, uma idade de 1732 ± 6 Ma foi obtida na facies de leucogranita do pluton Antônio Vicente da Suite Velho Guilherme, e poderia representar um evento magmático na região do Xingu ainda não relatado ou, eventualmente, poderia corresponder a um evento hidrotermal isolado que permitiu o crescimento de zircões. Além dos dados geocronológicos esses granitos foram analisados por isótopos de Hf, O e alguns plutons por isótopos de Nd. Em geral, os zircões analisados desses granitos têm composição inicial 176Hf/177Hf razoavelmente restrita, variando entre 0,281156 e 0,281384, com valores fortemente negativos εHf(t) variando de -9 a -18 e δ18O homogêneos variando de 5,50 ‰ a 7,00 ‰. Os valores obtidos para o ƐHf(t) nos diferentes granitos analisados são fortemente negativos e coerentes de modo geral com os dados isótopicos de Nd. Na Suíte Serra dos Carajás os valores de ƐHf(t) variam entre -14 a -15,5, na Suíte Jamon entre -9,5 a -15, e na Suíte Velho Guilherme entre -12 a -15, enquanto que os granitos São João, Seringa e Gogó da Onça tendem a apresentar valores mais acentuadamente negativos [ƐHf(t)= -12 a -18]. Apesar dos dados isotópicos serem homogêneos, pequenas variações foram observadas em diferentes plutons de uma mesma suíte e em diferentes fácies de um pluton. Com por exemplo na Suite Jamon, as composições isotópicas são mais variáveis, especialmente nos leucogranitos evoluídos dos plutons Bannach e Redenção, e fontes com contraste no grau de oxidação podem ser desenvolvidas na geração desses leucogranitos. Os dados isotópicos de Hf indicaram fontes crustais paleoarqueanas (3.3Ga 3.6 Ga) com menor contribuição mesoarquena (3,0 Ga a 3,2 Ga) como fontes desses granitos. Essas idades são mais antigas que as idades das rochas Arquenas encaixantes desses granitos, que estão expostas na Província Carajás, e é necessário investigar a presença de crosta arqueana mais antiga em Carajás. As composições de Nd, Hf e O dos granitos paleoprozozóicos  da Província de Carajás atestam claramente fonte crustais ígnea arqueanas na origem de seus magmas. As diferenças observadas podem resultar em contrastes nos domínios crustais da Província Carajás que foram a fonte dos granitos ou por processos de contaminação local.

  • BEATRIZ LUNA FIGUEIREDO
  • RESPOSTA DOS MANGUEZAIS DO SUL DA BAHIA ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E FLUTUAÇÕES DO NÍVEL DO MAR DURANTE O HOLOCENO: INTEGRAÇÃO DE DADOS POLÍNICOS E ISOTÓPICOS COM MODELOS DE ELEVAÇÃO DIGITAL

     

  • Data: Apr 5, 2018
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  • O objetivo deste trabalho foi avaliar a extensão do impacto do nível de mar alto do Holoceno médio e sua subsequente descida no Holoceno tardio, assim como a influência das mudanças climáticas sobre os manguezais e unidades de vegetação associadas ao longo do vale fluvial do Rio Jucuruçu no sul do estado da Bahia, nordeste do Brasil. Isto foi feito integrando dados topográficos, geomorfológicos, sedimentológicos, palinológicos e isotópicos de uma sequência de testemunhos de sedimentos ao longo deste vale fluvial. Foi dado destaque para o testemunho PR8 com 7,5 m de profundidade amostrado de uma planície de inundação, 37 km distante da atual linha de costa, à montante do Rio Jucuruçu. Os dados revelam três importantes associações de fácies caracterizadas pela: 1) presença de um canal fluvial-estuarino, onde, neste momento, os vales dos rios ficam incisos e preenchidos por depósitos fluviais, conforme registrado pela base do PR8 (760-700 cm) e PR7 (460 – 800 cm), que se caracterizam por sequências de sedimentos arenosos exibindo granodecrescência ascendente; 2) presença de um estuário com planícies de maré colonizadas por manguezais e ervas durante o Holoceno inicial e médio. 3) A terceira fase é caracterizada por uma planície de inundação fluvial com o desaparecimento de manguezais e expansão de ervas e palmeiras ao longo do vale fluvial estudado. O testemunho PR8, amostrado a partir de uma planície fluvial a cerca de 6.8 ± 0.8 m acima do atual nível relativo do mar (NRM), revela uma influência estuarina com a presença de pólen de mangue (5-40%,) entre 700 cm (~7400 anos cal AP) e 450 cm de profundidade (~5800 anos cal AP). O PR8 indicou ausência de pólen de mangue durante os últimos 5800 anos. Além disso, a influência dos padrões climáticos propostos para o Holoceno pode ser identificada ao longo do testemunho estudado. Provavelmente, as mudanças na vegetação e na matéria orgânica sedimentar identificadas no PR8 e demais testemunhos analisados foram causadas pelos efeitos combinados das flutuações do NRM, com um nível alto em cerca de 5350 anos cal AP e 3.25 ± 0.8 m, e mudanças na descarga fluvial. A evolução geomorfológica e da vegetação descrita para o PR8, assim como para outros testemunhos estudados ao longo do vale do Rio Jucuruçu e posicionados topograficamente mais baixos (PR7 - 5 m, PR10 – 1.5, PR11 – 0.5 m e PR12 – 0.5 m acima do NRM) está compatível com uma subida contínua do nível de mar acima do atual até o Holoceno médio, seguida de uma queda até os dias atuais.

  • FRANCISCO RIBEIRO DA COSTA
  • USODE LIDAR AEROTRANSPORTADO PARA MAPEAMENTOE ANÁLISE ESTRUTURAL DE DEPÓSITOS FERRÍFEROS NA SERRA SUL DE CARAJÁS, AMAZÔNIA

  • Data: Mar 29, 2018
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  • Esta pesquisa está centrada na definição de métodos para a utilização de dados de Light Detection And Range – LiDAR em mapeamento geológico estrutural. Na Região Amazônica, em particular nas formações ferríferas bandadas da Província Mineral de Carajás – PMC, a cobertura vegetal compromete a extração de informações estruturais a partir de dados de sensoriamento remoto ótico, pois ela mascara as feições geomorfológicas e estruturais que podem corresponder as estruturas geológicas. Esta tese abordou a aplicação de técnicas de processamento digital de imagens de dados LiDAR, a partir de i) modelo de relevo sombreado– MRS do, o qual foi utilizado uma configuração com oito modos de iluminação com visadas distintas variando de 45º entre elas, para geração de mapas de alinhamentos; e ii) filtragem laplaciana em modelo de relevo sombreado – FLMRS em visadas multidirecionais. Em ambos os mapas resultantes foram observados os mesmos trends estruturais, NE-SW, NW-SE e secundariamente N-S e E-W. No entanto, o mapa gerado a partir da FLMRS em visadas multidirecionais apresentou uma melhor geometria da distribuição espacial dos lineamentos. Os resultados obtidos a partir da análise dos dados LiDAR foram comparados com dados estruturais coletados e analisados a partir do estudo da deformação do minério de ferro e nas rochas vulcânicas associadas na mina da Serra Sul de Carajás - S11D. A análise estrutural mostrou um único episódio refletindo encurtamento na direção E-W, com a instalação de dois sistemas de falhas, uma de direção NE-SW e a mais nova de direção NW-SE. Esta deformação é responsável pela geometria das rochas do platô S11D, formando uma sequência sinformal/antiformal com caimento para NE e SE acompanhando o e desses sistemas de falhas e com planos axiais mergulhando em alto ângulo para NW e NE formando dobras com padrões de interferência complexos. A laminação no minério de ferro preserva ainda estruturas primárias e não há evidências de milonitização pervasiva nestas rochas. Propõe-se um modelo deformacional para as rochas do Platô S11D relacionado a transpressão controlada pela Falha Carajás durante movimentos sinistrais regionais. A análise comparativa de mapas estruturais gerados com dados LiDAR aerotransportados e métodos manuais tradicionais foram realizados a partir do comparativo dos dois mapas. O cálculo e quantificação da dispersão das linhas de contorno estrutural em cada área a partir dos diferentes métodos mostrou um coeficiente de correlação que variou entre 0,91 e 0,93, sugerindo um bom grau de similaridade entre as estruturas mapeadas, embora haja variações na orientação e abundância nas linhas de contorno estrutural. Em geral, os resultados demonstram a eficácia dos dados LiDAR aerotransportado para extrair informações estruturais detalhadas e precisas em terrenos tropicais, podendo ser utilizados para complementar o mapeamento estrutural baseado em dados de campo.

  • MANOELLA DA SILVA CAVALCANTE
  •  

    Theinteractiononananometricscaleofmolecularorpolymericspecieswithinorganicsubstratesconstitutethebasisforobtaininghybridmaterials.Thedevelopmentofthesematerialsrepresentsanemergingandinterdisciplinarytopicbetweenthefrontiersoflifesciences,materialsandnanotechnology.Thecombinationofthesetwomaterials,organic-inorganic,producesanewmaterialwithimprovedpropertiesandstructuresessentiallydifferentfromitsindividualcomponents.Constitutedbyacontinuousphase(matrix),beingplasticsorcellulose,andaninorganicphase,suchasclaymineralsoroxides.severalpapershavebeenpublishedobtainingthesematerialswithimprovedproperties:tractionmodules,gasbarrier,flameretardants,density,meltstrength,electricalconductivity,etc.Capableofmakingindustryflexibleandrigidproductsandinthemanufactureofelectronicmaterials(wireandcablecoatingsmanufactureofsensors/actuators),vaccineproduction,amongothers.Themostclaymineralsusedinthesynthesisofhybridmaterialsarethespeciesmontmorillonite,claybutotherscanalsobeused,suchasilliteandpalygorskita.InthestateofMaranhão,northeasternBrazil,thereareseveraloccurrencesofclayminerals,mostnotablysmectite,illiteandpalygorskite.AmongtheseclaymineralstwonewoccurrenceshavealreadybeenidentifiedandcharacterizedbytheUFPAGroupofAppliedMineralogy(GMA),suchasBentoniteFormosaandPalygorskite,whichareabundantintheregionanddonotyethaveanapplication.Inadditiontoanewoccurrenceofillitenotyetcharacterizedintheregion ofthemunicipalityofBarãodeGrajaú(MA).Anothermaterial with greatpotentialforobtainingnanomaterialsisthevanadiumpentoxide,havingintrinsicfeatures suchasalignment of the magneticfield,and redoxsystem suchasgel elasticity,enablingapplicationintheelectronicsindustryforthemanufactureofbatteriesandelectrochromicdisplaysforsensors/actuators.InBrazil,vanadiumpentoxidebegantobeproducedin2014byMaracásS/A.Currently,itsconsumptionisfocusedontheproductionofspecialsteelsforthemanufactureofaircraftstructuresandtheaerospaceindustry.Atthenationalleveltheproductionanddevelopmentofhybridmaterialsandplatformsforuseinhigh-techindustryissmall.Thus,thedevelopmentandimprovementofnanomaterialsisnecessaryusingasstartingmaterialandclaymineralsnationaloccurrenceoxides.Withinthiscontext,thisthesisaimedtodevelopastudyonapplicationofthreeclayminerals(Mg-montmorrillonite,illiteandPalygorskita)fromnortheasternBrazil,besidesvanadiumpentoxideintheprocessingofhybridmaterials


     

    usingaspolymatrix(methylmethacrylate)(PMMA)andcellulosenanofibers.Forthis,themethodologyofthisworkwasdividedintothreeparts:The firstoneconsistedofthecollectionorsynthesis,treatmentandcharacterizationoftheindividualmaterials(clayminerals,vanadiumpentoxide,methylpoly(methacrylate)andcellulose).Thesecondwastoobtainhybridmaterials claymineral-PMMA(AP)andvanadiumpentoxidecellulose(VC)andthethirdonewasmainlytoevaluatethethermalandmechanicalpropertiesoftheAPhybridsandtheelectrochromicpropertiesoftheVCfilms.ThecharacterizationofthesamplesconfirmedthepredominanceofMg-montmorillonite,IllitaandPalygorskita.Thenaturalclayandorganophilicfractionwereusedtoobtain12sampleswithcommonandelastomericPMMAtoperformthephysical-chemicaltestsfocusingmainlyonflammabilityandtraction.BymeansofXRDmeasurementsitwaspossibletoverifythattherewasinteractionbetweenthetwoorganic-inorganicphases,andthatintheelastomericPMMAtherewasabetterdispersionoftheclayminerals.Thetestscarriedoutonthesematerialsindicatedthatthehybridsexhibitintrinsicthermalandmechanicalbehaviorofeachmaterialpossiblyrelatedtothetypeofstructurepresentintheinorganicphase,contributingtotheincreaseordecreaseofTg,Tm, flammabilityandtraction.FourV2O5-cellulosefilmswereobtainedandcharacterized.Electrochromictestswereconductedinthefilmsthatpresentedbetterperformance.Itwaspossibletoverifythattherewasinteractionbetweenthenanofibersofvanadiumpentoxideandcellulosemaintainingtheelectrochromicpropertyoftheoxide.Potentiometricmeasureswerefoundthatafter30and100cycles thefilmsremainedflexibleandmaintainedtheirproperties.Inthisway,thisworkconcludedthatitispossibletoobtainhybridmaterialswithclay mineralscomingfromthenortheasternregionofBrazilandcanadapttheirthermalandmechanicalpropertiesaccordingtotheirapplication.ThesamewasobservedfortheVCfilmsthatpresentedsatisfactoryresults and that can beused in displays and / orflexible sensors.

  • Data: Mar 23, 2018
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  • A interação em escala nanométrica de um conjunto de espécies moleculares ou poliméricas com substratos inorgânicos constituem a base para obtenção de materiais híbridos. O desenvolvimento desses materiais representa um tópico emergente e interdisciplinar entre a fronteiras das ciências da vida, dos materiais e da nanotecnologia. A combinação desses dois materiais, orgânico-inorgânico, produz um novo material com propriedades aprimoradas e estruturas essencialmente diferentes dos seus componentes individuais. Eles são constituídos por uma fase contínua denominado de matriz, podendo ser plásticos ou celulose, e uma fase inorgânica, tais como argilominerais ou óxidos. Inúmeros trabalhos foram publicados obtendo estes materiais com propriedades aperfeiçoadas tais como: aumento da flexão e módulos de tração, barreira de gás, retardantes de chama, densidade, resistência a fusão, condutividade elétrica, etc. Tornando-os aptos para serem utilizados na indústria de produtos flexíveis e rígidos, bem como na fabricação de materiais para a eletrônica (revestimentos de fios e cabos a fabricação de sensores/atuadores), produção de vacinas, entre outros. O argilomineral mais utilizado em síntese de materiais híbridos é a espécie montmorillonita, mas outros argilominerais também podem ser utilizados, como: illita e palygorskita. No estado do Maranhão, nordeste do Brasil, há várias ocorrências de argilominerais, destacando-se principalmente esmectita, illita e palygorskita. Dentre esses argilominerais duas novas ocorrências já foram identificadas e caracterizadas pelo Grupo de Mineralogia Aplicada (GMA) da UFPA, como a Bentonita Formosa e a Palygorskita de Alcântara, que são abundantes na região e ainda não possuem uma aplicação. Além dessas duas argilas, há uma nova ocorrência de illita ainda não caracterizada na região do município de Barão de Grajaú (MA). Outro material com grande potencial para obtenção de nanomateriais é o pentóxido de vanádio, por apresentar características intrínseca como alinhamento do campo magnético, sistema redox e elasticidade como gel, possibilitando ser aplicado na indústria eletrônica para fabricação de baterias e displays eletrocrômicos para sensores/atuadores. No Brasil, o pentóxido de vanádio começou a ser produzido em 2014, no município Maracás estado da Bahia pela empresa Maracás S/A. Atualmente, o seu consumo interno está focado na produção de aços especiais para fabricação de estruturas de aviões e indústria aeroespacial. No âmbito nacional a produção e desenvolvimento de materiais híbridos e plataformas   para   serem   utilizados   na   indústria   de   alta   tecnologia   é   pequena. Dessa forma, faz necessário o desenvolvimento e aperfeiçoamento de nanomateriais utilizando como material de partida argilominerais e óxidos de ocorrência nacional. Dentro desse contexto, esta tese buscou desenvolver um estudo sobre a aplicação das três espécies de argilominerais (Mg-Montmorillonita, Illita e Palygorskita) provenientes do nordeste brasileiro, além do pentóxido de vanádio no processamento de materiais híbridos utilizando como matriz poli(metacrilato de metila) (PMMA) e nanofibras de celulose. Para isso a metodologia deste trabalho foi dividida em três partes: A primeira foi constituída pela coleta ou síntese, tratamento e caracterização dos materiais individuais (argilominerais, pentóxido de vanádio, poli(metacrilato) de metila e celulose). A segunda foi a obtenção dois materiais híbridos argilomineral-PMMA (AP) e pentóxido de vanádio-celulose (VC), e a terceira foi estudar principalmente as propriedades térmicas e mecânicas dos híbridos AP e as propriedades eletrocrômicas dos filmes VC. Através da caracterização das amostras coletadas foi confirmada a predominância dos argilominerais: Mg-montmorillonita, Illita e Palygorskita. A fração argila tal qual e organofilizada foram utilizadas para obter 12 amostras com PMMA comum e elastomérico para realizar os ensaios físico-químico focando principalmente na inflamabilidade e tração. Através de medidas de DRX foi possível aferir que houve interação entre as duas fases orgânica-inorgânica, e que em PMMA elastomérico houve melhor dispersão dos argilominerais. Os ensaios realizados nesses materiais indicaram que os híbridos apresentam comportamento térmico e mecânico intrínsecos de cada material possivelmente relacionados ao tipo de estrutura presente na fase inorgânica, contribuindo para o aumento ou diminuição do Tg, Tm, inflamabilidade e tração. Para os híbridos VC, quatro filmes de V2O5-Celulose foram obtidos e caracterizados. Testes eletrocrômicos foram conduzidos nos filmes que apresentaram melhor performance. Foi possível constatar que houve mescla das nanofibras de pentóxido de vanádio e celulose mantendo a propriedade eletrocrômica do óxido. Através de medidas potenciométricas constatou-se que após 30 e 100 ciclos os filmes continuam flexíveis e mantendo suas propriedades. Dessa forma este trabalho concluiu que é possível obter materiais híbridos com argilominerais provenientes da região nordeste do Brasil podendo adaptar suas propriedades térmicas e mecânicas de acordo com a sua aplicação. O mesmo foi observado para os filmes de VC que apresentaram bons resultados e que podem vir a ser utilizado em displays e/ou sensores flexíveis.

  • JAINE FREITAS SOARES
  • ESTABELECIMENTO E EXPANSÃO DOS MANGUEZAIS DE LAGUNA-SC: EFEITO DO AQUECIMENTO GLOBAL OU RESULTADO DE PROCESSOS SEDIMENTARES?

  • Data: Mar 19, 2018
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  • A integração de dados polínicos, isotópicos (δ13C, δ15N, C/N), feições sedimentares e datação
    por 14C e 210Pb a partir de quatro testemunhos (LAG3, LAG4, LAG5 e LAG6) coletados em
    uma barra arenosa na lagoa de Santo Antônio, município de Laguna, Santa Catarina, permitiu
    a reconstituição paleoambiental dos últimos 900 anos AP. Os dados revelam duas associações
    de fácies ao longo destes testemunhos: (A) Barra arenosa, representada por depósitos arenosos
    maciços (fácies Sm) e (B) Planície de maré, representada pelas fácies acamamento
    heterolítico lenticular (Hl) e acamamento heterolítico wavy (Hw). Os depósitos da barra
    arenosa foram acumulados entre >940 e ~431 cal anos AP, provavelmente sob influência de
    um Nível Relativo do Mar (NRM) estável ou subida do NRM durante os últimos 1000 anos.
    O conteúdo polínico preservado ao longo da fase da barra arenosa indica um predomínio de
    árvores, arbustos, ervas e algumas palmeiras oriundos das unidades de vegetação do entorno
    da laguna. A relação δ13C (-24‰ - 15‰) e C/N (6-30) desta associação de fácies revela uma
    forte contribuição de matéria orgânica de algas marinhas e plantas terrestres C3 e C4. Durante
    o acúmulo dos depósitos da planície de maré, ocorridos nos últimos 60 anos, houve a
    implantação principalmente de Spartina com alguns arbustos de Laguncularia espaçados. A
    relação δ13C (-24‰ - 16‰) e C/N (7-22) revela uma origem da matéria orgânica sedimentar
    similar ao período da barra arenosa. Com base nesses dados e nos gradientes de temperatura
    na distribuição da Spartina e nos gêneros de árvores de manguezais ao longo da costa de
    Santa Catarina é razoável propor que a recente colonização de Laguncularia na região de
    Laguna está sendo causada pelo aumento gradual das temperaturas mínimas de inverno
    observado nos últimos 50 anos. Caso de fato exista uma relação entre essa tendência climática
    e a expansão das árvores de Laguncularia para sul do Brasil, a superfície das barras arenosas
    e planícies de maré lamosas da margem das lagunas do sul do Brasil, hoje em grande parte
    ocupadas por Spartina, serão gradualmente colonizadas e/ou substituídas não apenas por
    Laguncularia, mas também por Avicennia e dentro de mais alguns anos por Rhizophora.

  • GABRIEL NEGREIROS SALOMAO
  • MAPEAMENTO GEOQUÍMICO E ESTIMATIVA DE BACKGROUND EM SOLOS NA REGIÃO DA PROVÍNCIA MINERAL DE CARAJÁS – LESTE DO CRÁTON AMAZÔNICO, BRASIL

  • Data: Mar 9, 2018
  • Show resume
  • A presente pesquisa está vinculada ao projeto ‘Background Geoquímico da Bacia do Rio Itacaiúnas’ em desenvolvimento pelo Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável (ITVDS). No Brasil, levantamentos geoquímicos têm sido realizados principalmente pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), a qual executou alguns projetos focados na região de Carajás, maior província mineral do Brasil e na qual se situa a bacia do Rio Itacaiúnas. Um destes projetos, intitulado ‘Avaliação do Potencial dos Recursos Minerais Estratégicos do Brasil’, realizado no ano de 2012, cobriu a região de Canaã dos Carajás e gerou um grande acervo de dados geoquímicos de solos. Como tais dados foram disponibilizados, o principal o objetivo desta dissertação é explorar ao máximo as informações existentes para elaborar mapas geoquímicos multi-elementares com base em técnicas de interpolação e estabelecer valores de background geoquímico dos elementos em solos da região alvo do levantamento da CPRM. Foram coletadas naquele projeto 225 amostras de solo, juntamente com 32 duplicatas, em uma área de aproximadamente 3.500 km2. A fração de 80 mesh (0,177 mm) dessas amostras foi submetida à digestão com aqua regia sendo em seguida analisados 53 elementos (Ag, Al, As, Au, B, Ba, Be, Bi, Ca, Cd, Ce, Co, Cr, Cs, Cu, Fe, Ga, Ge, Hf, Hg, In, K, La, Li, Mg, Mn, Mo, Na, Nb, Ni, P, Pb, Pd, Pt, Rb, Re, S, Sb, Sc, Se, Sn, Sr, Ta, Te, Th, Ti, Tl, U, V, W, Y, Zn, Zr) via Espectrometria de Emissão Atômica com Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-AES) para os elementos maiores e menores e Espectrometria de Massas com Plasma Acoplado Indutivamente (ICP- MS) para os elementos traço. Os dados analíticos disponibilizados pela CPRM foram inicialmente submetidos a um controle de qualidade via cálculo de Residual Standard Deviation (RSD) para cada duplicata. Em seguida, empregou-se o método de substituição simples para os valores além do limite de detecção, seguido de análises estatísticas uni- e multivariadas, incluindo tratamentos estatísticos descritivos, identificação de outliers via teste de Grubb, testes de normalidade (Lilliefors e Kolmogrov-Smirnov), análises de correlação e agrupamento. Todas as análises estatísticas destacadas previamente foram conduzidas via softwares STATISTICA® e SPSS®. Para determinação de valores de threshold e background geoquímico e representação gráfica foram empregados os métodos de representação boxplot e curva de frequência cumulativa (softwares Minitab® e Excel®) e as técnicas iterativa 2s e função de distribuição calculada (freeware Visual Basic macro denominada VB Background®). Para a construção dos mapas geoquímicos, adotou-se como padrão o sistema de coordenada World Geodetic System 1984 (WGS84). As representações espaciais seguiram técnicas de interpolação segundo os métodos de kriging ou inverse distance weighting (IDW). 43 elementos analisados foram submetidos aos testes estatísticos, tendo sido deixados de lado Au, B, Ge, Na, Pd, Pt, Re, Se, Ta e Te, porque apresentaram ≥90% dos dados analíticos abaixo do limite de detecção. Análises de correlação revelaram 14 correlações moderadas (0,650 > r ≥ 0,575) e 19 correlações elevadas (r ≥ 0,650), de modo geral condizentes com associações geoquímicas usuais em ambientes geológicos, tais como Cr-Ni, Cu-Ni e U-Th. A análise de agrupamentos discriminou sete clusters, a uma distância de ligação de 0,8, com evidente origem geogênica, como por exemplo o grupo composto por Cr, Ni e Mg, típico de rochas máfico-ultramáficas. Os mapas geoquímicos permitiram identificar ocorrências de diversas anomalias em solos, interpretadas como sendo de origem geogênica. Assim, constatou-se enriquecimento em U, Th, La e Ce em solos derivados de granitoides neoarqueanos subalcalinos, por exemplo os granitos Estrela, Serra do Rabo e Planalto, e de Cr e Ni em solos provenientes de rochas máfico-ultramáficas dos complexos Luanga e Vermelho e da Suíte Cateté. Elementos tipicamente associados a atividades antrópicas, tais como P, Zn, Mn, Ba e Pb, bem como elementos potencialmente tóxicos (EPT), como Al, As, Bi, Cd, Co, Hg, Mo e Sn, não exibiram, em geral, concentrações anômalas e, quando isto ocorreu, estas parecem ser devidas a condicionantes geológicas. Dentre os métodos utilizados para estimativa dos valores de background dos 43 elementos avaliados, a técnica iterativa 2s foi a que apresentou melhor resultado. Em casos onde este método não pôde ser utilizado, adotou- se como background os valores obtidos pelas técnicas função de distribuição calculada (As) e da representação boxplot (Hg e S). A curva de frequência cumulativa mostrou ser uma técnica gráfica útil na identificação de outliers e múltiplos thresholds. As 225 amostras foram agrupadas em cinco classes que revelam a íntima vinculação entre os valores de background e a geologia da região: 1) Granitos sub-alcalinos (39 amostras); 2) Rochas sedimentares e metasedimentares (28 amostras); 3) Gnaisses e granitoides associados (70 amostras); 4) Rochas metamáficas, intermediárias e formações ferríferas bandadas (BIF) (80 amostras); 5) rochas máficas-ultramáficas (8 amostras). Com os resultados obtidos, conclui-se que, na escala do levantamento efetuado, não há evidências conclusivas de contaminação relacionada à atividade humana e sim fortíssimas evidências de uma marcante contribuição geogênica nos solos da área de estudo.

  • HELDER THADEU DE OLIVEIRA
  • ESTUDO DE INCLUSÕES FLUIDAS E QUÍMICA MINERAL DO DEPÓSITO AURÍFERO DO ALVO JERIMUM DE BAIXO, CAMPO MINERALIZADO DO CUIÚ-CUIÚ, PROVÍNCIA AURÍFERA DO TAPAJÓS, PARÁ

  • Data: Mar 6, 2018
  • Show resume
  • O alvo Jerimum de Baixo está localizado no Campo Mineralizado do Cuiú-Cuiú, região central da Província Aurífera do Tapajós, Cráton Amazônico. O alvo abrange rochas monzograníticas, essencialmente isotrópicas, que foram fraca a fortemente hidrotermalizadas e portadoras de biotita rica em Fe. Cloritização, sericitização, sulfetação, silicificação e carbonatação são tipos de alteração mais importantes. A clorita produzida é enriquecida em Fe do tipo chamosita e foi formada principalmente entre 280 e 315°C, enquanto que a mica branca assume composições muscovíticas. A mineralização é representada por vênulas de quartzo com baixo teor de sulfetos (pirita + pirrotita ± calcopirita ± galena ± esfalerita) em que o ouro ocorre livre e em zonas mais fragilizadas e alteradas, geralmente associado à pirrotita. O estudo petrográfico e microtermométrico de inclusões fluidas hospedadas quartzo de vênulas definiu inclusões aquocarbônicas, carbônicas e aquosas. Os fluidos com CO2 representam o provável fluido mineralizador e foram gerados por processos de separação de fases entre 280 e 380°C, principalmente. Uma posterior infiltração e processos de mistura são indicados para os fluidos aquosos mais tardios. Temperaturas <400°C e o caráter redutor do meio (pirrotita compondo o minério) apontam para o H2S como o principal ligante no fluido mineralizador e o Au(HS)-2 como o complexo transportador primário do ouro. Separação de fases, modificações nas condições do pH e interação fluido/rocha foram os mecanismos importantes para a precipitação do Au, que se deu em nível rúptil a localmente rúptil-dúctil da crosta (entre 2 e 6 km). Em linhas gerais, Jerimum de Baixo guarda similaridades com os outros depósitos/alvos previamente estudados no Campo Mineralizado do Cuiú-Cuiú no que tange à alteração hidrotermal, tipos de fluidos e mineralização. As feições observadas em Jerimum de Baixo não permitem um enquadramento classificatório absolutamente adequado a nenhum dos modelos tipológicos metalogenéticos clássicos. Características como tipo e estilo da alteração hidrotermal, tipo e teor de sulfetos, tipos de fluidos envolvidos, profundidade estimada para a mineralização, associação metálica (p. ex., S, Bi, Te), juntamente com a boa correspondência entres os dados levantados em outros depósitos/alvos no Campo Mineralizado do Cuiú-Cuiú indicam para o alvo Jerimum de Baixo um jazimento aurífero com filiação magmático-hidrotermal, com maior similaridade com aqueles depósitos relacionados a intrusões reduzidas (reduced intrusion- related gold systems – RIRGS).

  • ALLANA QUEIROZ DE AZEVEDO
  • EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NOS MANGUEZAIS DE SANTA CATARINA DURANTE O HOLOCENO TARDIO

  • Data: Feb 27, 2018
  • Show resume
  • A presente pesquisa objetivou investigar a chegada do manguezal ao litoral Norte de Santa Catarina, na Baía de Babitonga. Para isso, foi coletado um testemunho sedimentar de 2 m de profundidade, com a utilização de um trado russo. Foi realizada a integração das análises polínicas, sedimentares, granulométricas, geoquímicas (δ13C, Ntotal e COT-carbono orgânico total) e datações 14C. A formação do depósito sedimentar analisado iniciou pelo menos entre o intervalo  de  1.678  e  1.285  anos  Cal  AP.  Nesse  testemunho  foi  possível  distinguir  três associações de fácies: i) canal de maré, sem manguezal (δ13C = -24,1 a -27,7‰ e C/N 0,59 a 2,24); ii) planície de maré (δ13C = -22,7 a -26,4‰ e C/N = 1,16 a 14,5) que revela o início do desenvolvimento do manguezal e, de aproximadamente 606 anos Cal AP até o presente, o iii) manguezal (δ13C = -22,4 a -25,1‰ e C/N = 13,2 a 47,7) com a aparente expansão deste ecossistema. Portanto, podemos inferir que a região Norte de Santa Catarina experimentou, durante  o Holoceno tardio, uma  variação  climática  local marcada  no  conjunto  de  dados polínico e geoquímicos em torno de pouco mais de 1.285 anos Cal AP. Essa oscilação climática é acompanhada da instalação do manguezal com a presença expressiva de Laguncularia. A partir de 606 anos Cal AP até o presente observou-se a expansão do manguezal com aumento da sua biodiversidade, devido à instalação e desenvolvimento dos gêneros Avicennia e Rhizophora. A instalação do gênero Rhizophora está relacionada ao aumento de temperatura da atmosfera e/ou da superfície do mar, pois essas árvores apresentam maior sensibilidade às temperaturas relativamente mais baixas. Nesse contexto, a compreensão da dinâmica dos manguezais durante o Holoceno tardio torna-se uma excelente ferramenta para a análise paleoambiental costeira, pois esse ecossistema é um indicador dessas mudanças.

  • RODRIGO FABIANO SILVA SANTOS
  • GEOCRONOLOGIA U-Pb, CLASSIFICAÇÃO E ASPECTOS EVOLUTIVOS DO GRANITO MARAJOARA – PROVÍNCIA CARAJÁS

  • Data: Jan 24, 2018
  • Show resume
  • O Granito Marajoara (GrMj) possui dimensões de stock (~50 Km2) e é intrusivo em granitoides mesoarqueanos do Domínio Rio Maria. Este é formado por rochas leucocráticas, representadas pelas fácies biotita monzogranito equigranular (BMzE) e heterogranular (BMzH). Textura rapakivi e a ocorrência de enclaves de granito porfirítco (EGp) e microgranulares (EMg) são restritas à fácies BMzH. Tais variedades possuem mineralogia similar: microclina, quartzo e plagioclásio ocorrem como minerais essenciais; biotita cloritizada em diferentes intensidades como a única fase varietal; zircão, titanita, opacos, apatita e allanita como acessórios primários; e clorita, sericita-muscovita, epidoto, fluorita e argilominerais  como  fases  secundárias.  Os  valores  de  susceptibilidade  magnética  (SM) elevados (2,3–6,5 x10-3) e a presença frequente de magnetita, aproximam a fácies BMzH dos granitos da série magnetita, enquanto que a variedade BMzE mostra afinidade com aqueles da série ilmenita por apresentar conteúdos modais de opacos ≤0,5%, baixos valores de SM (<0,15x10-3), e ilmenita como único óxido de Fe-Ti. Tais variedades são, em geral, peraluminosas e apresentam altos valores da razão FeOt/(FeOt+MgO), similares aos granitos ferroan. Mostram ainda, afinidades geoquímicas com os granitos intraplaca do tipo-A de origem crustal, sendo que a significativa variação da razão FeOt/(FeOt+MgO) encontradas para estas rochas [EGp (>0,82); BMzH (>0,86); BMzE (>0,97)], permitem classificá-las como granitos do tipo-A oxidado (BMzH e EGp) e reduzido (BMzE), e que as mesmas são afins dos plútons das suítes Jamon e Velho Guilherme, respectivamente. Diferentemente disto, as amostras que pertencem aos EMg mostram clara afinidade com os granitos magnesianos e da série cálcio-alcalina. As evidências de mistura de magma e os cálculos da modelagem geoquímica, demonstram que que os EGp são originados a partir da interação do líquido EMg (60%) e o líquido BMzH (40%). Os gaps composicionais existentes entre as diversas variedades que constituem o GrMj, assim como seus contrastes composicionais, sugerem que seus magmas não são cogenéticos. Os EMg são considerados como representantes de um magmatismo básico oriundo do manto litosférico enriquecido e que teriam sido injetados na câmara magmática durante o processo de underplating e em diferentes fases de cristalização do magma granítico. As análises isotópicas U-Pb em zircão (SHRIMP) forneceram idade de 1885 ±6Ma, interpretada como a idade de cristalização do GrMj. O GrMj foi colocado em níveis crustais rasos (epizona) em um ambiente de tectônica extensional com o esforço seguindo o trend NNE-SSW a ENE-WSW. A zonalidade concêntrica do GrMj e o comportamento reológico das rochas encaixantes e a influência reduzida ou nula dos esforços regionais durante a colocação do corpo indicam que o transporte do magma se deu através de diques. Sugere-se dessa forma que a edificação do GrMj é resultante de ascensão vertical de magmas através de fraturas e acomodação ao longo dos planos da foliação regional E-W, seguida de uma mudança do fluxo vertical por um espalhamento lateral do magma, em um modelo análogo ao admitido para a colocação dos batólitos tabulares da Suíte Jamon.

  • IGOR ALEXANDRE ROCHA BARRETO
  • ARGILA DE BELTERRA DAS COBERTURAS DE BAUXITAS DA AMAZÔNIA COMO MATÉRIA-PRIMA PARA A PRODUÇÃO DE CERÂMICA VERMELHA

  • Data: Jan 10, 2018
  • Show resume
  • A região Amazônica detém as maiores reservas de bauxitas do Brasil, cujos depósitos estão capeados por um espesso pacote de material argiloso, conhecido por Argila de Belterra (ABT). A larga distribuição, ocorrência superficial, portanto acessível, e natureza argilosa ABT suscitaram o interesse deste trabalho em avaliar sua viabilidade técnica para a produção de cerâmica vermelha. Para o presente estudo selecionou ABT dos grandes depósitos de bauxita de Rondon do Pará, amostras de solos amarelos de Mosqueiro, argila illítica, argilas gibbsíticas e uma amostra de siltito argiloso. Essas amostras foram caracterizadas por Difração de Raios-X (DRX), Fluorescência de Raios- X (FRX), Análise Térmica Gravimétrica (TG), Calorímetro Exploratória Diferencial (DSC), Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS), Espectrometria de Emissão Ótica com Plasma Acoplado (ICP-OES), Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Analisador de Partícula a Laser (APL).Para a determinação das propriedades físicas e mecânicas foram produzidas misturas distintas de corpos de prova com as amostras de Argila de Belterra e porcentagens de solo amarelo, siltito argila, argila gibbsíticas e argila illítica. Os corpos de prova foram calcinados em 5 momentos distintos de temperatura (800, 950, 1000, 1100 e 1200°C). Em seguida foram mensuradas: retração linear, absorção de água, porosidade aparente, densidade aparente e tensão de ruptura a flexão. A ABT é constituída essencialmente caulinita, tendo quartzo, goethita, anatásio e gibbsita como minerais acessórios. A ABT pura e simples não apresentou aspectos tecnológicos favoráveis para a produção de produtos cerâmicos, no entanto a mesma com adição de argila illítica, solo amarelo e siltito argiloso melhoraram significativamente as características tecnológicas das ABT.

2017
Description
  • WALDIRNEY MANFREDI CALADO
  • GÊNESE DAS BAUXITAS NODULARES DO PLATÔ MILTÔNIA-3, PARAGOMINAS - PA

  • Data: Dec 12, 2017
  • Show resume
  • Existem dois níveis de bauxitas distintos no platô Miltônia-3 localizado na Província Bauxitífera de Paragominas-PA. Estes  níveis estão separados por um horizonte de laterita ferruginosa (LF) pseudopsolítica a concrecionária que marca um hiato entre dois ciclos distintos de formação do perfil bauxítico atual. As bauxitas do nível superior (2° ciclo de formação) possuem características nodulares a concrecionárias e as do nível basal (1° ciclo de formação) composto por uma bauxita concrecionária (BC) mais íntegra fisicamente somado a outro nível de bauxita mais friável com porções argilosas para a sua base (BCBA). Percebeu- se tratar da Bauxita Nodular Concrecionária (BNC) localizada no nível superior, de horizonte enriquecido em gibbsita, com baixos teores de sílica reativa e ferro, teores esses muito semelhantes àqueles encontrados no horizonte do principal minério de bauxita (BC) do perfil. Em observações de campo, nas frentes de lavra e nos testemunhos de sondagem constatou-se que esta BNC é uma gradação do horizonte de Bauxita Nodular (BN) acima. Essa gradação é observada pelo aumento do tamanho dos nódulos bauxíticos, onde os seus pseudopisólitos Fe- gibbsíticos intercrescem por coalescência, diminuindo os teores de ferro e sílica disseminados marcados pela mudança de coloração, passando de amarelo-lilás, até atingir uma coloração vermelho-alaranjado a ocre, à medida que se avança na profundidade. Nota-se também marcante diminuição até o completo desaparecimento dos pseudopisólitos  Al-ferruginosos, além da diminuição do volume de argila gibsítica-caulinítica neste nível. Com  base  nos estudos como petrografia macroscópica e  microscópica,  MEV/EDS,  DRX  e  análises químicas, além de Análise de Componentes Principal (ACP) e estatística descritiva, foram desenvolvidas duas propostas de modelos de evolução sobre a gênese do nível superior de bauxitas nodulares deste depósito laterítico-bauxítico, considerando: Modelo (1) - Origem a partir da degradação das bauxitas originais (1º Ciclo), relacionadas a um 2º Ciclo de Lateritização que consiste na preexistência da bauxita matura (BC), sobreposto pela LF, que foi recoberto por “Argila de Belterra”. Este novo nível nodular imposto (BN), ocorre pelo processo de coalescência onde houve a junção da fase aluminosa residual, resultante da migração do Fe e Si em solução para fora deste nível e pela migração do Al dos  níveis vizinhos acima do capeamento (CAP) e abaixo deste de LF e BC, formando e concentrando em larga escala a gibbsita preferencialmente e secundariamente a caulinita. Com a contínua evolução deste nível de  BN, observa-se  um amadurecimento da porção basal deste nível, formando a BNC cujos nódulos estão intercrescidos, se conectando localmente, consumindo os níveis vizinhos acima da BN e os níveis abaixo de LF e BC, até o total consumo destes; Modelo (2) - Sua origem a partir de um 2º Ciclo de Lateritização, porém a partir de uma deposição sedimentar posterior sobre o perfil laterítico do 1º Ciclo. Com a exposição de uma rocha fonte como um plúton granitóide (Granito Cantão, Japiim, Jonasa, Ourém  e  Ney Peixoto do Neoproterozóico), gnaisse (embasamento cristalino arqueano) ou sedimentos siliciclásticos (Formações Itapecuru e Ipixuna do Cretáceo Superior), cuja degradação intempérica possibilitou a geração de sedimentos de natureza argilosa preferencialmente caulinítica durante o Paleógeno até o início do Oligoceno?. Houve a migração de Fe, Si, Ca, Na, etc. para fora deste nível, preservando e concentrando in situ o Al e O, além do Si residual. O processo de coalescência permitiu a junção da fase aluminosa  residual, concentrando preferencialmente gibbsita e secundariamente caulinita,  fechando  o  primeiro ciclo de formação de bauxita. Em seguida houve um soerguimento regional, seguido por processos erosivos que possibilitaram a exposição deste perfil bauxítico anteriormente formado, sob clima sazonal, com abundância de água meteórica e intensa insolação se intercalando, onde se desenvolveu a LF, de ocorrência regional marcando um hiato entre os ciclos de formação destas bauxitas. Nova movimentação regional de rebaixamento, que possibilitou a deposição de sedimentos de origem siliciclástica, que serviram de rocha fonte para um novo ciclo de formação de bauxita durante o Mioceno Superior.  Podem  ser  as mesmas rochas cuja degradação física e química forneceram os sedimentos para o 1° ciclo de formação de bauxitas. Repetindo o processo de coalescência da fase aluminosa residual, com o desenvolvimento em larga escala preferencialmente da gibbsita e secundariamente caulinita, fechando o segundo ciclo de formação de BN e BNC.

  • JUVENAL JUAREZ ANDRADE DA SILVA NETO
  • PETROLOGIA E GEOCRONOLOGIA DO MAGMATISMO GRANÍTICO DO CINTURÃO ARAGUAIA

  • Data: Nov 28, 2017
  • Show resume
  • Na porção leste do Cinturão Araguaia (CA), Estado do Tocantins, são identificados corpos graníticos de dimensões relativamente pequenas, merecendo destaque os plútons Ramal do Lontra (GRL), Presidente Kennedy (GPK), Barrolândia (GBR) e Santa Luzia (GSL), os quais são o registro de um importante evento de granitogênese relacionado à evolução do CA no fim do Neoproterozoico. As poucas ocorrências conhecidas e os dados geológicos existentes sobre esses corpos não estavam sistematizados e organizados de maneira que possibilitasse uma compreensão integral e correlativa das várias áreas onde esses granitos afloram. Vale ressaltar que, embora este magmatismo seja espacialmente pouco representativo, ele tem grande importância para o entendimento da evolução crustal do CA, pois, seu alojamento estaria relacionado à fase principal do metamorfismo regional, tendo em vista que os corpos ocorrem nos domínios de maior grau metamórfico desta unidade geotectônica. Este trabalho está voltado à interpretação petrológica e à geocronologia do magmatismo granítico do Cinturão Araguaia, tendo em vista o seu conhecimento não- articulado e seu importante significado geotectônico na evolução desse segmento crustal, a partir da caracterização petrográfica e litogeoquímica desses corpos; da definição da idade dos episódios magmáticos que formaram esses granitos através da datação U-Pb em zircão; e da investigação das possíveis fontes e tempos de residência crustal através de idades modelo TDM (Sm-Nd) e parâmetro eNd. Os granitos estudados constituem stocks em formas levemente ovaladas com dimensões variáveis entre 3 a 6 km no eixo maior por 2-4 km, encaixados em micaxistos e quartzitos do Grupo Estrondo. Em campo, notaram-se algumas feições importantes como a ausência de metamorfismo de contato e de xenólitos nas encaixantes, inexistência de margens de resfriamento no corpo, presença de pequenas massas graníticas nos xistos encaixantes e concordância estrutural entre as foliações das encaixantes e do corpo granítico. Esses corpos são caracterizados petrograficamente como metagranitos de  duas micas com pequenas variações mineralógicas, pobres em minerais máficos (<6%), hololeucocráticos, equigranulares de granulação média, apresentando texturas granoblásticas, predominantemente, com textura reliquiar granular hipidiomórfica. No diagrama QAP de Streckeisen os corpos GRL, GBR e GSL plotam dominantemente no campo do monzogranito, ou na fronteira dos campos monzogranito a granodiorito, enquanto o GPK no campo do granodiorito. O conteúdo mineralógico essencial é formado por oligoclásio, quartzo e microclina, seguido de biotita e muscovita, e os minerais acessórios reúnem apatita, zircão, alanita, granada, monazita e minerais opacos. Do ponto de vista geoquímico, os granitos desses quatro corpos são muito similares, mostrando riqueza em SiO2, variando entre 71 e 74% e em Al2O3, 13 a 15%. Os teores de Na2O e K2O são levemente maiores no GRL e no GPK, o que provavelmente reflete na relação A/CNK que os enquadra como os tipos mais peraluminosos. Os teores de MgO, TiO2, Fe2O3Total e CaO são, no geral, baixos, o que indica tratar-se de granitos pouco fracionados. O estudo dos elementos-traços mostrou que há pequenas variações composicionais entre as rochas dos diferentes corpos. O comportamento dos ETR demonstrou um fracionamento médio a acentuado dos leves em relação aos pesados com razão (La/Yb)N igual a 11,8-72,8 e pequenas anomalias negativas de Eu (Eu/Eu*= 0,5- 1,3). Nos diagramas de discriminação de ambiente tectônico os granitos situam-se dominantemente no campo sin-colisional. Os estudos geocronológicos realizados pelo método U-Pb em zircão via SHRIMP, forneceram idades médias de 542,7 ± 1,9 Ma (GPK), 541,5 ± 1,8 Ma (GBR) e 546,4 ± 2,3 Ma (GSL); interpretadas como as idades de cristalização do zircão, permitindo, assim, posicioná-los no final do Neoproterozoico. A idade obtida no GRL foi de 615,7 ± 26 Ma, o que destoa dos dados já conhecidos e merecerá reanálise dos dados. Os resultados isotópicos de Sm-Nd para os quatro corpos graníticos forneceram idades modelo (TDM) que variam de 1,69 a 1,84 Ga e valores de eNd negativos entre -12,18 e -6,21. No diagrama eNd vs. tempo, as amostras indicam uma fonte dominantemente crustal de idade estateriana para os magmas parentais. A análise integrada dos dados de campo, petrográficos, geoquímicos e geocronológicos, permite afirmar que, os plútons graníticos estudados são correlatos, tendo sua origem associada a um mesmo evento de granitogênese; as idades U-Pb em zircão de 541 a 546 Ma, interpretadas como idades de cristalização dos granitos GPK, GBR e GSL, estão relacionadas à fase principal do metamorfismo do CA; o alojamento desses corpos está associado à fase orogenética colisional do CA no fim do Neoproterozoico; os dados de Sm-Nd sugerem que a geração destes granitos pode estar relacionada a processos de anatexia de duas fontes crustais distintas, propiciando a agregação de líquidos graníticos, ascensão e o alojamento tardio desses magmas à tectônica principal do Cinturão Araguaia.

  • SEBASTIAN MOLINA CALDERON
  • GEOQUÍMICA ORGÂNICA DA FORMAÇÃO BARREIRINHA, DEVONIANO SUPERIOR DA BACIA DO AMAZONAS, MUNICÍPIO DE RURÓPOLIS, PA: IMPLICAÇÕES PALEOAMBIENTAIS E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL GERADOR DE HIDROCARBONETOS

  • Data: Nov 22, 2017
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  • Durante o Devoniano Superior a Plataforma Sul-Americana sofreu transgressões marinhas que determinaram a acumulação de folhelhos negros – cinza escuros com alto conteúdo de matéria orgânica, de origem marinha e em condições anóxicas, vinculados à Formação Barreirinha. O paleoambiente e potencial gerador foi determinado a partir de afloramentos no município de Rurópolis, identificando-se cinco fácies sedimentares agrupadas nas associações de fácies de Plataforma profunda (AF1) e Plataforma transicional-profunda (AF2). Estas associações indicam as consequências da Grande Transgressão Devoniana ocorrida na Bacia do Amazonas. AF1 apresenta teores de COT<3,23%, indicando um potencial gerador alto a muito alto, enquanto AF2 registra valores de COT<1%, correspondendo a um potencial para hidrocarbonetos baixo a médio. De acordo aos dados de pirólise Rock Eval, o Índice de Hidrogênio (IH) comparece tanto valores inferiores a 200 mg HC/g de COT, associados à geração somente de gás, atribuídos a AF2, como valores entre 200 e 300 mg HC/g de COT para AF1, correspondentes a um potencial para gás e condensado. Os valores de Tmax < 440°C indicam um estágio de evolução térmica imaturo, enquanto o querogênio é do tipo II e III, associados a uma origem marinha e de vegetais superiores respectivamente. Os biomarcadores apresentam uma distribuição bimodal dos n-alcanos (C11–C35), sugerindo matéria orgânica depositada num ambiente predominantemente marinho, porém com contribuição de material derivado de vegetais superiores, corroborado pelas razões TAR, C27/C29, Hopano/Esterano e MPI-1. Enquanto os valores de CPI, OEP, Pr/n-C17 e F/n-C18 indicam uma baixa evolução térmica durante um estágio imaturo. Este fato é corroborado pelas razões Ts /Tm, Ts/(Ts+Tm) e pelo índice de homohopanos, C35/C31. Por conseguinte, a matéria orgânica deriva de organismos plantônicos e/ou de algas marinhas, e em menor proporção, segundo a razão C27/C29 dos esteranos, de matéria orgânica derivada de vegetais superiores. A geração de hidrocarbonetos em AF1 é alta a muito alta, principalmente para gás e condensado, sendo o resultado da influência de soleiras de diabásio que modificaram as condições de pressão e temperatura para potencializar o craqueamento da matéria orgânica durante o Triássico-Jurássico.

  • FRANCO FELIPE OLIVEIRA DA COSTA
  • A SUCESSÃO SILICICLÁSTICA PALEOPROTEROZOICA ASSOCIADA AO DEPÓSITO DE MANGANÊS DO AZUL DA SERRA DOS CARAJÁS

  • Data: Nov 21, 2017
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  • Os depósitos de Manganês pré-cambrianos da Serra dos Carajás têm sido estudados sob enfoque da geoquímica e de recursos minerais na única exposição da Mina do Igarapé Azul. Do ponto de vista estratigráfico trabalhos prévios têm incluído esses depósitos no Grupo Grão Pará que encerra rochas vulcânicas e formações ferríferas bandadas arqueanas ou nos depósitos siliciclásticos finos paleoproterozoicos do Membro Inferior da Formação Águas Claras. A análise faciológica e estratigráfica desta sucessão pelítica incluiu exposições da Mina do Igarapé Azul e a sucessão de 11 testemunhos de sondagem com destaque para a seção do furo 706 do Projeto Manganês do Azul, datado em 2,1 Ga (datação em pirita diagenética), confirmou a Formação Águas Claras como hospedeira do minério de Manganês. A sucessão foi estudada numa seção SE-NW, que inclui testemunhos distribuídos desde a porção do platô N4 (Domínio N4), passando pela Mina do Igarapé Azul (Domínio Azul) até as ocorrências no Igarapé Águas Claras (Domínio Águas Claras), perfazendo 25 km de extensão. Em relação aos demais segmentos, o Domínio Azul encontra-se encaixado na Falha Carajás, interpretado previamente como um bloco alçado. Apesar das descontinuidades estruturais, hidrotermalismo e/ou baixo grau de metamorfismo (?), as fácies deposicionais não foram alteradas, permitindo avaliar os processos sedimentares, interpretar o paleoambiente. Foram identificadas duas sucessões deposicionais em contato discordante erosivo. A Sucessão inferior corresponde aos depósitos de plataforma marinha que consiste em duas associações (AF): 1) offshore (AF1), caracterizada por intercalações de arenitos finos com pelitos maciços e laminados com base escavada ou plana, formando ciclos granodecrescentes ascendentes de escala centimétrica, interpretados como turbiditos distais de baixa densidade ligados as fases finais de desaceleração de fluxos turbulentos; e 2) offshore-transition a shoreface (AF2), representados por arenitos finos e siltitos manganesíferos maciços e laminados; siltito com laminações cruzadas, onduladas, truncamento de baixo ângulo e laminação pinch-and-swell indicando fluxos oscilatório e combinado (tempestades). O conteúdo de carbono orgânico total (COT) de até 1% dos pelitos carbonosos indicam condições de deposição dominantemente anaeróbicas no offshore. Os arenitos médios a grossos maciços da Sucessão superior (AF3) exibem estratificação cruzada tabular e plano-paralela e representam a migração de formas de leito durante incisão de canais entrelaçados sobre os depósitos de plataforma marinha, evidenciado por vários seixos de pelito nos foresets e base dos sets das estratificações cruzadas. A precipitação primária de Mn está associada a forma de óxido-hidróxidos através da oxidação de Mn+2 acima da interface redox em condições favoráveis de oxigenação na zona de offshore-transition a shoreface, simultaneamente a deposição das fácies influenciadas por ondas. Ciclos granocrescentes ascendentes de escala métrica formados por siltito manganesíferos/lâmina de óxido de Mn e siltito/arenito com estruturas produzidas por ondas sugerem recorrência da precipitação de Mn durante a deposição da Formação Águas Claras. É possível que o modelo mais coerente para deposição primária de Mn da Mina do Azul esteja relacionado à precipitação dominante de óxidos-hidróxidos em plataforma marinha rasa na zona de offshore-transition a shoreface, e uma fase carbonática subordinada relacionada ao offshore. Isto fornece uma nova perspectiva para o entendimento evolutivo dos mares pré-cambrianos sem correlação com análogos modernos, no Cráton Amazônico.

  • QUEZIA DA SILVA ALENCAR
  • FÁCIES, PETROGRAFIA, GEOCRONOLOGIA Pb-Pb E GEOQUÍMICA ISOTÓPICA DE Sr, C e O DA FORMAÇÃO GUIA, NEOPROTEROZÓICO DA FAIXA PARAGUAI NORTE, REGIÃO DE PARANATINGA-MT.

  • Data: Oct 31, 2017
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  • A ocorrência de extensas plataformas carbonáticas (capas carbonáticas) na base do Ediacarano sobrepostas a diamictitos glaciais que atingiram baixas latitudes ao final do Criogeniano é explicada pelas hipóteses Snowballl e Slushball Earth. Estas plataformas carbonáticas ocorrem na base do Grupo Araras, Faixa Paraguai Norte, representada pelas formações Mirassol d’Oeste e Guia, de idade Ediacarana. A Formação Guia consiste em calcários finos e betuminosos, intercalados a folhelhos negros ricos em matéria orgânica e hidrocarbonetos. A Formação Guia, objeto de estudo, exibe excelentes exposições na área de extração do calcário para brita da Mina Emal, Paranatinga, Mato Grosso, na forma de morros dissecados na base da Serra Azul. Os principais litotipos inclui calcários finos, de coloração acinzentada intercalados por folhelhos de coloração cinza a negro, além de arenitos finos subordinados. São descritas também brechas calcárias, com clastos tabulares e/ou alongados. Nove fácies/microfácies sedimentares foram agrupadas em três associações de fácies (AF). Associação 1 (AF1) - planície de maré/inframaré: mudstone com laminação plano-paralela (Mp); mudstone com laminação ondulada (Mo) e mudstone maciço (Mm). Associação 2 (AF2) - depósitos transicionais de shoreface/offshore: Arenito com laminação cruzada hummocky (Ah); Folhelho com laminação de terrígenos (Fl); mudstone/wackstone com terrígenos (MWt). Associação 3 (AF3) - depósitos offshore: Brecha com clastos tabulares (Bt) - Rudstone e Brecha Calcária (Bc) - Floatstone. A sucessão Guia de Paranatinga foi datada pelo método Pb-Pb em 476 ± 93 Ma com 87Sr/86Sr de 0,70934 enquanto em Bom Jardim alcançou 0,707744. Estas razões 87Sr/86Sr, quando correlacionadas à curva de evolução do Sr oceânico no Neoproterozoico, posicionam a unidade na transição do Ediacarano para o Cambriano, o que corrobora a idade Pb-Pb obtida. A avaliação do sinal isotópico de C e O para a Formação Guia na Região de Bom Jardim revelou valores de d13C variando de -0,27 a - 1,33‰ e d18O entre -7,21 a -0,92 ‰, para a região de Paranatinga os valores de d13C variam de -3,01 a -5,29‰ e d18O -5,13 a -9,58‰. A predominância de fácies carbonáticas e ausências de fácies dolomíticas, siliciclasticas e evaporíticas, e apoiado aos dados de d13C, sugerem que os afloramentos presentes nas regiões de Paranatinga e Bom Jardim, são representativas das sucessões de base e topo, respectivamente, da Formação Guia. Os valores de d13C são similares aos descritos para as formações Nobres e Serra do Quilombo, entretanto suas características diagenéticas, que corresponde a uma unidade essencialmente calcária, diferentemente das demais, corrobora com as características da Formação Guia. Além disso, os valores de d13C obtidos estão mais relacionados à porção de topo da Formação Guia do que à base da Formação Serra do Quilombo, que por sua vez apresenta valores positivos de d13C, o que não é identificado para a Formação Guia neste ou em trabalhos anteriores. A Formação Guia foi alvo de estudo geocronológico Pb-Pb e isotópico de Sr na Região de Tangará da Serra-MT (Cráton Amazônico), onde se obteve idade 622 ± 33 Ma, bem como razão isotópica 87Sr/86Sr de 0,70709 a 0,70729 interpretada como a assinatura isotópica primária do ambiente de deposição dos carbonatos. Os dados geocronológicos Pb-Pb e isotópicos de Sr para a Formação Guia na região de Paranatinga e Bom Jardim são discrepantes em relação aos dados existentes para esta formação no contexto do Cráton Amazônico. Isto sugere que a diferença na idade obtida seja resultado de sistema aberto, não refletindo a idade de deposição destas rochas, relacionada à evolução da Faixa Paraguai Norte e instalação das bacias Paleozóicas do Paraná e Parecis.

  • THIAGO ANDRADE DE CARVALHO
  • PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E SUSCETIBILIDADE MAGNÉTICA DO GRANITO GRADAÚS, PROVÍNCIA CARAJÁS, SE DO PARÁ

  • Data: Oct 31, 2017
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  • O Granito Gradaús (1882±9 Ma), localizado no Estado do Pará, a oeste da cidade de Bannach e a norte de Cumaru do Norte, porção sudeste do Cráton Amazônico, é um batólito anorogênico com formato subcircular e cerca de 800 km² de área aflorante, integrante do intenso magmatismo granítico que ocorreu durante o Paleoproterozoico na Província Carajás. É intrusivo em metassedimentos do Grupo Rio Fresco, os quais recobrem unidades arqueanas pertencentes ao Domínio Rio Maria. É constituído por dois conjuntos petrográficos distintas: rochas monzograníticas, compostas basicamente por biotita-monzogranitos e biotita- monzogranitos-porfiríticos, e por rochas sienograníticas formadas por biotita-anfibólio- sienogranitos, biotita-sienogranitos e biotita-sienogranitos-porfiríticos. Os dados de suscetibilidade magnética (SM) permitiram identificar três populações com diferentes características magnéticas; seus valores de SM moderados a baixos (< 3,53 x10-3 SIv) permitem classificá-lo como um granito moderadamente reduzido. O Granito Gradaús apresenta conteúdos de SiO2 >75%, MgO <0,2%, CaO <1%, FeOt entre 1-2% e Al2O3 entre 11,3 e 12,9%, caráter metaluminoso a peraluminoso, razões FeOt/(FeOt+MgO) entre 0,94 e 0,97, K2O/Na2O entre 1 e 2 e conteúdos de ETRL mais elevados que os ETRP. Os ETRL mostram padrão de fracionamento moderado ((La/Sm)n=4,61) e os ETRP sub-horizontalizado ((Gd/Yb)n=1,40). As anomalias negativas de Eu são moderadas a acentuadas nas rochas monzograníticas e sienograníticas (Eu/Eu* 0,43-0,02) e levemente mais pronunciadas nas rochas porfiríticas (Eu/Eu* 0,25-0,03). Mostra afinidades geoquímicas com granitos do tipo A intraplaca, do subtipo A2 e granitos ferrosos. Apresenta semelhanças petrográficas, geoquímicas, geocronológicas e de SM com os granitos São João e Seringa, ainda não enquadrados em nenhuma das três suítes graníticas da Província Carajás. O estudo comparativo entre esses granitos com aqueles que compõem as suítes Jamon, Velho Guilherme e Serra dos Carajás mostra que eles apresentam maiores semelhanças com os granitos que integram a Suíte Serra dos Carajás.

  • VINÍCIUS EDUARDO SILVA DE OLIVEIRA
  • GEOLOGIA, MINERALOGIA E AFINIDADES PETROLÓGICAS DOS GRANITÓIDES NEOARQUEANOS DA PORÇÃO OESTE DO DOMÍNIO CANAÃ DOS CARAJÁS

  • Data: Oct 28, 2017
  • Show resume
  • A porção central do Domínio Canaã dos Carajás, localizada na parte norte da Província Carajás, era originalmente marcada pela ocorrência de rochas indiferenciadas pertencentes ao Complexo Xingu e Suíte Plaquê, além de greenstone belts, rochas máficas do Diopsídio-Norito Pium e corpos leucograníticos cálcico-alcalinos de alto K (granitos Boa Sorte e Cruzadão). A partir de trabalhos de mapeamento geológico em escala de semi-detalhe (1:100.0000) realizados na área em torno da Vila União, foram identificados diversos corpos graníticos deformados, os quais são intrusivos nas unidades mesoarqueanas e correspondem à unidade mais expressiva da área. Estes são predominantemente monzogranitos, portadores de anfibólio e biotita, e apresentam afinidade químico-mineralógica com os granitos neoarqueanos do tipo-A das suítes Planalto e Vila Jussara. Os conteúdos variáveis de minerais félsicos e ferromagnesianos, bem como as diferentes proporções entre os mesmos, permitiu a individualização de quatro variedades de granitoides: (i) biotita-hornblenda monzogranitos (BtHblMzG);(ii) biotita granitos e leucogranitos (BtLG); (iii) biotita-hornblenda tonalitos (BtHblTn); e (iv) quartzo-dioritos (QD). A foliação descrita nestas rochas segue o trend regional E- W e exibe altos ângulos de mergulho (70-85°), podendo passar para foliação milonítica em direção às zonas de alto strain. Estruturas manto-núcleo bem desenvolvidas nos cristais de quartzo e feldspatos, assim como a presença de contatos lobados e irregulares entre esses cristais sugerem que a recristalização dinâmica ocorreu sob temperaturas relativamente altas (>500°C). Essas rochas exibem uma ampla variação no conteúdo de sílica (61,7 – 75,91%), são metaluminosas a fracamente peraluminosas, e mostram afinidade com granitos alcalinos (alto HFSE) e do tipo ferroan. Estudos de petrologia magnética permitiram a distinção de dois grupos de rochas: (1) granitos contendo somente ilmenita e baixos valores de suscetibilidade magnética (SM; <0,570 × 10-3 SI), e (2) granitos nos quais a magnetita é o principal óxido de ferro e titânio e os valores de SM são mais elevados (> 1,437 × 10-3 SI). Evidências texturais e composicionais indicam que magnetita e ilmenita são fases minerais de cristalização precoce e que a titanita tem origem magmática. Os dados de química mineral permitiram caracterizar o anfibólio destas rochas como cálcicos, do tipo hastingsita, enquanto que as biotitas mostram composições ricas na molécula de annita. As razões Fe/(Fe+Mg) relativamente elevadas encontradas nos anfibólios das variedades BtHblMzG e BtHblTn indicam que esses granitoides formaram-se sob condições de fO2  baixas a moderadas, enquanto que na variedade BtLG os baixos valores dessa razão sugerem que essas rochas teriam cristalizado em condições comparativamente mais oxidantes. Geotermômetros apontam para temperaturas de cristalização entre 830 – 930°C nas diferentes fácies. Os elevados conteúdos de Alt nos cristais de anfibólio sugerem cristalização a pressões entre 400 e 800 MPa, indicando que estes granitoides foram colocados em diferentes níveis crustais.

  • LEILIANE CRISTINA CARDOSO ARAÚJO
  • POTENCIALIDADE ADSORVENTE DA ZEÓLITA A DERIVADA DE REJEITO DE CAULIM NA REMOÇÃO DE CORANTES

  • Data: Oct 18, 2017
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  • Nos Estados do Pará e Amapá encontram-se as maiores reservas brasileiras de caulim. O processo de beneficiamento desse material gera um volume significativo de rejeito, esse é caulim que se apresenta fora das especificações para cobertura de papel e acaba se tornando um passivo ambiental, uma vez que são necessárias grandes áreas para que sejam depositados. Esse rejeito é constituído principalmente pelo argilomineral caulinita que apresenta Si e Al na proporção 1:1, ideal para ser utilizado como matéria-prima na síntese de zeólitas. A zeólita A é um aluminossilicato sintético microporoso, facilmente sintetizada a partir de rejeito de caulim, tornando-se um material de baixo custo e eficaz para remover contaminantes presentes nos efluentes, como por exemplo os corantes, além de apresentar grau elevado de seletividade e outras características que a tornam excelentes adsorventes. Dentre os processos mais usados na remoção de corantes está a adsorção, pois possui diversas vantagens como: baixo custo, elevadas taxas de remoção e a possibilidade de recuperação do adsorvente. A metodologia do trabalho foi realizada em quatro etapas: 1) Síntese da zeólita A: utilizou-se como material de partida o caulim Tube Press, da empresa localizada no Rio Capim-PA, que posteriormente foi calcinado a 700°C por 2h, solução de NaOH (5 mols L-1) e água destilada. Foram mantidos em um reator por 2h a 95 °C sob agitação. Após a síntese o material foi lavado até pH~7 e seco. Tanto o material de partida como os produtos foram identificados e caracterizados por DRX, MEV, DTA-TGA e análise granulométrica. 2) O estudo 26mg L-1. Foram obtidos o equilíbrio, a cinética de adsorção e a termodinâmica. Os testes foram feitos em sistema de batelada e as soluções após adsorção foram analisadas em espectrofotômetro UV-Visível, utilizando-se λ= 585nm para AM e λ= 665nm para VC. 3) Regeneração da zeólita A: foi realizada com 50 ml da solução de corante na concentração 10 mg L-1 e 150 mg de zeólita A. Após 24h a suspensão foi centrifugada, o sobrenadante analisado e o sólido seco e posteriormente calcinado a 650 °C por 2h perfazendo um ciclo de cinco vezes.4) Estudo de dessorção: foi realizado com 50 ml de solução de corantes AM e VC na concentração de 10 mg L-1 e 150 mg de zeólita A, após a adsorção de 24h o sólido foi separado por centrifugação e posteriormente adicionado os solventes água e metanol em cinco proporções de adsorção: foi realizado com solução de corante AM e VC nas concentrações 2- obtendo o volume inicial de 50 ml e mantidos sob agitação por 24h e após analisado o sobrenadante em espectrofotômetro UV-Visível. Nos resultados do equilíbrio de adsorção percebe-se que a percentagem de adsorção diminui com o aumento da concentração, pois mais moléculas do corante são incorporadas ao adsorvente, diminuindo a área e os sítios ativos disponíveis. A capacidade máxima de adsorção no equilíbrio para o AM foi de 5,1 mg g-1 e para o VC de 14,09 mg g-1, dessa forma a capacidade de adsorção no equilíbrio foi maior para o VC comparado ao AM. O modelo matemático que melhor se ajustou aos dados experimentais de equilíbrio do AM foi a isoterma de Sips que reúne características das isotermas de Langmuir e Freudlich, enquanto que para o corante VC o melhor modelo é o de Freudlich sugerindo que adsorção ocorre em multicamadas. A cinética de adsorção do AM e do VC ajustaram-se ao modelo de pseudo segunda-ordem. A termodinâmica de adsorção do AM nas temperaturas de 30°C a 70°C é um processo espontâneo, favorecida em temperaturas mais elevadas. A regeneração térmica da zeólita A após 5 ciclos de regeneração teve uma perda na eficiência da adsorção de AM em 7% e 3% para o VC, indicando a possibilidade de reutilização do adsorvente. A dessorção com a mistura de 50% de cada solvente apresentou os melhores resultados.

  • CARLOS ALEX ALVES LIMA
  • MINERALOGIA, GEOQUÍMICA E PRODUTOS DO INTEMPERISMO DAS ROCHAS POTÁSSICAS E ULTRAPOTÁSSICAS DE SANTA CRUZ DAS LAGES, REGIÃO SW DA PROVÍNCIA ALCALINA DE GOIÁS

  • Data: Oct 11, 2017
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  • O solo do Cerrado brasileiro é pobre em macro e micronutrientes. Apesar de o Brasil ser um dos países mais importantes no agronegócio, há apenas uma mina de potássio em produção, sendo que mais de 90% tem que ser importado. Esta dependência também tem impacto significativo na balança comercial do país. Devido aos relativos altos preços do potássio no mercado é improvável que qualquer nova capacidade de produção significativa seja desenvolvida no Brasil a partir dos depósitos de sal de potássio locais. A necessidade por fontes alternativas levou a Terrativa Minerais a uma série de pesquisas geológicas na busca de rochas ultrapotássicas diferentes regiões do Brasil, buscando locais próximos a zonas agrícolas como no Cerrado e com geologia e logística favoráveis. Devido a isso, em 2013, pesquisas de campo na área de Santa Cruz das Lajes, na Província Alcalina de Goiás, SW do Estado de Goiás mapearam rochas ultrapotássicas e com afinidades kamafugíticas. Essas rochas são marcadas por uma série de manifestações magmáticas vulcânicas instaladas durante o Cretácio Superior, representando uma das maiores ocorrências de rochas ultrapotássicas e de natureza Kamafugítica do Brasil. A partir daí essas rochas mereceram atenção especial sendo alvo deste trabalho onde se caracterizou petrograficamente e geoquimicamente as suas ocorrências na região de Santa Cruz das Lajes, avaliou-se o comportamento do potássio, K+, no perfil de intemperismo, suas transformações mineralógicas ao longo do perfil intempérico e a relação da liberação deste elemento com o solo, além disso, o grau de fertilidade do solo para o desenvolvimento da agricultura foi determinado para verificar a eficiência agronômica deste tipo de rocha e de seus produtos intempéricos. Visando alcançar os objetivos citados, foi realizado, ao longo de um ano, campanhas de campo visando o mapeamento e amostragem da área de pesquisa. As amostras de rocha e canaletas coletadas foram analisadas por Fluorescência de Raios X pelo laboratório da SGS GEOSOL em Goiânia. As amostras de canaleta, também foram analisadas pelo laboratório Esalq da USP para posterior identificação da fertilidade do solo gerado pelo intemperismo das rochas ultrapotássicas. A análise mineralógica, petrografia aliada à difração de raios X, caracterizaram as rochas ultrapotássicas em três tipos como Mafuritos, Uganditos e tefrifonolitos. Os Mafuritos têm coloração escura, são afanítico com fenocristais de olivina e piroxênio e matriz policristalina fina, composta por piroxênios, analcima, sanidina, nefelina e esmectita. Os uganditos tem coloração cinza claro, fanerítico com matriz afanítica, quando alterados mostram coloração castanho claro a amarelado, frequentemente apresentam amídala preenchidas com calcita e zeólitas. Sua mineralogia é marcada pela presença de raros cristais de olivina, piroxênios, geralmente euédricos, prismáticos, zonados e por vezes fraturados, que ocorrem de forma aleatória e, por vezes, descrevendo uma foliação de fluxo magmático. Os tefrifonolitos são afaníticos, de coloração cinza clara, com raras amídalas preenchidas por material carbonático e/ou zeólitas. A amostragem do perfil de intemperismo sobre essas rochas foi realizada em diferentes pontos. Os perfis são rasos e, geralmente, com cerca de um metro de profundidade já se chega à rocha mãe. É interessante observar a distribuição dos valores de K2O em um perfil sobre o ugandito, onde o solo de topo é marrom escuro argiloso, e na DRX ainda apresenta sanidina e piroxênio, além de hematita e grande quantidade de esmectita e zeólitas, em padrão difratométrico de baixíssima cristalinidade. Isso revela que os minerais primários portadores de K ainda estão presentes, e que juntamente com a esmectita, zeólitas, são responsáveis pelos altos teores de K disponível nos solos, aumentando a sua fertilidade.

  • RAQUEL FERREIRA DOS SANTOS
  • ESTUDO DO VULCANO-PLUTONISMO PALEOPROTEROZOICO OCORRENTE NA REGIÃO DE VILA MANDI (PA), CRÁTON AMAZÔNICO

  • Data: Oct 1, 2017
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  • O Cráton Amazônico encontra-se inserido na Plataforma Sul-americana e representa um dos mais expressivos terrenos pré-cambrianos do mundo. Esta mega-unidade tectônica é recoberta por sequências vulcânicas efusivas e explosivas do Paleoproterozoico que recobrem aproximadamente 1.500.000 km2. Próximo ao distrito de Vila Mandi, extremo sul do município de São Félix do Xingu (PA), este evento encontra-se representado por sequências vulcano-plutônicas predominantemente félsicas, com subordinados tipos intermediários e sedimentos associados, pouco estudadas, mas que podem ser correlacionáveis a sequências de outras porções do Cráton Amazônico. Desta forma o objetivo do trabalho é contribuir com a caracterização do sistema vulcano-plutônico que ocorre na região, no que diz respeito aos seus aspectos petrográficos, geoquímicos e geocronológicos. Foram individualizados na área de estudo duas unidades vulcano-plutônicas efusivas e explosivas, denominadas formações Cinco Estrelas e Vila Mandi. A unidade basal Formação Cinco Estrelas é composta por rochas vulcânicas básicas a intermediárias efusivas e subordinadamente explosivas, de composição subalcalina e revela ao menos duas fácies distintas: 1) fácies de fluxo de lava maciça subaérea, representada por rochas intermediárias com foliação de fluxo magmático horizontal; e 2) fácies vulcanoclástica com tufo de cinzas laminado. A unidade superior, Formação Vila Mandi, de composição subalcalina é composta por cinco fácies: 1) fácies de fluxo de lava de riolitos maciços; 2) fácies de stocks de granitoides equigranulares; 3) fácies de ignimbrito de composição félsica associado a tufos de cinza soldados e não-soldados; 4) fácies de brecha polimítica maciça e subordinados lapilli-tufo e tufo de cristais; 5) fácies de diques com pórfiros graníticos. Os dados geoquímicos dessas rochas mostram que as rochas da Formação Cinco Estrelas apresentam conteúdo de SiO2 entre 55,49 e 73,31 % e razões K2O/Na2O entre 0,56 e 1,64. Já as vulcânicas da Formação Vila Mandi compreendem uma suíte mais evoluída, com conteúdos de SiO2 entre 69,10 e 78,31 % e muito altas razões K2O/Na2O (0,24 – 111,66). A unidade basal exibe caráter dominantemente cálcio-alcalino, levemente transicional entre cálcio-alcalino a shoshonítico, composição exclusivamente metaluminosa, razões A/NK entre 1 e 2, bem como afinidade geoquímica com granitoides de arcos vulcânicos. Já a Formação Vila Mandi apresenta características transicionais entre metaluminosa e peraluminosa com razão A/NK entre 1 e 1,5 e afinidade tectônica semelhante a Formação Cinco Estrelas. Apesar de algumas diferenças entre as rochas das duas formações, assinaladas pelos conteúdos de Elementos Terras Raras (ETR), existem também muitas similaridades. As rochas das duas formações exibem um enriquecimento dos Elementos Terras Raras leves (ETRL) em relação aos Elementos Terras Raras pesados (ETRP). As fácies de fluxo de lava e vulcanoclástica da Formação Cinco Estrelas exibem conteúdos totais de ETR de baixo a moderado (177,6 – 475,9 ppm), com anomalia de Eu média a inexistente (Eu/Eu* = 0,69 – 0,93) para as duas fácies, caracterizando assim um comportamento compatível com as séries cálcio-alcalinas. Por sua vez, os litotipos da Formação Vila Mandi possuem padrões mais diversificados, provavelmente vinculado à sua evolução polifásica, com significativas anomalias negativas de Eu (Eu/Eu* = 0,35 – 0,71), apontando para o fracionamento expressivo de feldspatos. Nos diagramas de multi-elementos normalizados para o MORB as rochas da Formação Cinco Estrelas mostram expressivo enriquecimento dos elementos Sr, K, Rb, Ba e Th; expressivo empobrecimento em Ta e Nb em relação a Th e Ce; empobrecimento do P em relação Ce e Zr; e forte empobrecimento em Ti, Y e Yb. Os litotipos da Formação Vila Mandi possuem anomalias negativas de Ta e Nb, apesar de revelarem conteúdos mais elevados desses elementos, em relação a Formação Vila Mandi. Exibem ainda marcantes anomalias negativas de Sr, Ba, P, Ti e Yb, que podem refletir o fracionamento de feldspatos, apatita e óxidos de Fe e Ti nessas unidades. A evolução geológica da Formação Cinco Estrelas é vinculada a fases de vulcanismo efusivo de composição básica a intermediária e outro explosivo. Por sua vez, a Formação Vila Mandi tem evolução polifásica gerada por fissuras crustais que formam pares conjugados orientados nas direções NE–SW e NW–SE. A fase final envolveu vulcanismo efusivo que permitiu a acumulação de riolitos com foliação de fluxo vertical e subordinados diques de pórfiros graníticos e stocks de sienogranitos equigranulares que selaram as fissuras. Foram obtidas as idades U-Pb zircão em riolitos da Formação Vila Mandi de 1889 ± 4 Ma e 1983 ± 18 Ma, sugerindo que o magmatismo na área é polifásico, formado por pelo menos dois eventos vulcano-plutônicos distintos separados por aproximadamente 100 Ma.

  • MARCOS JOSÉ RAMALHO TEÓDULO
  • GEOQUÍMICA ELEMENTAL, MINERALOGIA E ISÓTOPOS DE Sr, Nd E Pb EM SEDIMENTOS DE FUNDO NO BAIXO CURSO DO RIO AMAZONAS E TRIBUTÁRIOS: CONSIDERAÇÕES SOBRE PROVENIÊNCIA E MISTURA DE SEDIMENTOS

  • Data: Sep 22, 2017
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  • Este estudo examina as texturas e composições mineralógicas, os teores de elementos maiores, traços e as assinaturas isotópicas de Sr (87Sr/86Sr), Nd (143Nd/144Nd) e Pb (206,207,208Pb/204Pb) em 37 amostras de sedimentos de fundo em rios da bacia amazônica, incluido o baixo curso do rio Amazonas e alguns de seus afluentes (e.g. rios Tapajós, Xingu, Jari, Paru) além do rio Pará e a desembocadura do rio Tocantins. O objetivo é investigar as variações composicionais, avaliar a influência do rio Amazonas nos sedimentos de fundo depositados no baixo curso dos tributários estudados e identificar as potenciais áreas fontes dos sedimentos. As amostras foram coletadas com draga de Petersen. As características granulométricas e mineralógicas foram determinadas por difração a laser e por difração de raios X, respectivamente. As análises geoquímicas de elementos maiores e traços foram efetuadas em laboratórios comerciais por ICP-OES e ICP-MS. As assinaturas isotópicas de Sr, Pb e Nd foram determinadas com espectrômetro de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) Thermo-Finnigam, modelo Neptune e espectrômetros de massa por termo-ionização (TIMS) Finnigan, modelo MAT-262 e Thermo-Finnigan,  modelo  Triton Plus. As amostras de sedimentos de fundo dos rios estudados exibem percentuais muito variáveis de areia, silte e argila. Essa heterogeneidade da composição textural retrata condições hidrodinâmicas de alta e muito alta energia, características de sedimentos inconsolidados de canais ativos, transportados em fluxo turbulento. Apesar dessa diversidade de composições texturais, os sedimentos de fundo do rio Amazonas, não apresentam variações significativas nas concentrações dos elementos maiores e traços. Ao contrário, as significativas variações químicas nos sedimentos de fundo dos tributários estudados (rios Tapajós, Xingu e Paru) revelam que as características texturais exercem um papel importante no controle das composições químicas destes sedimentos. Os sedimentos de fundo dos rios Amazonas e Pará e dos sedimentos da zona de confluência dos rios Xingu e Paru com o rio Amazonas revelam imaturidade mineralógica, com assembleia de argilo minerais dominada por esmectita e ilita, e conteúdo menor de caulinita. Os sedimentos de fundo dos tributários como os rios Tapajós, Xingu e Jari e do rio Tocantins mostram grande maturidade mineralógica, dominada por quartzo e caulinita. Os índices de alterações químicas (CIAs) indicam condições diferenciadas de intemperismo nas fontes dos sedimentos de fundo. Evidências, mineralógicas, geoquímicas e isotópicas permitiram identificar a influência do rio Amazonas nos sedimentos de fundo do baixo curso do rio Xingu. Essa influência foi quantificada no diagrama isotópico 143Nd/144Nd vs. 87Sr/86Sr com curva de mistura entre dois componentes (Rio Amazonas – rio Xingu). Foi estimado um percentual da ordem de 30% de participação dos sedimentos do rio Amazonas nos sedimentos do rio Xingu até uma distância de cerca de 35 km rio adentro. Os dados mineralógicos e geoquímicos, as baixas razões 87Sr/86Sr e os valores de εNd(0) pouco negativos confirmam a dominância de sedimentos de fundo do rio Amazonas no trecho do baixo curso do rio Paru investigado neste trabalho. A similaridade das composições isotópicas Sr-Nd-Pb das amostras do rio Amazonas, da zona de confluência do rio Xingu e das amostras do rio Pará (0,7129 < 87Sr/86Sr < 0,7203; -11,58 < εNd(0) < -7,39; 18,86 < 206Pb/204Pb < 19,29; 15,68 < 207Pb/204Pb < 15,74; 38,75 < 208Pb/204Pb < 39,31) com os sedimentos em suspensão dos rios Solimões e Amazonas e os sedimentos de fundo do estuário do rio Amazonas, indica que não houve contribuições significativas dos tributários cratônicos ao longo do baixo curso do rio Amazonas, como apontado em estudos prévios. As assinaturas geoquímicas dos sedimentos de fundo do baixo curso do rio Amazonas e do rio Pará confirmam que, como no caso dos sedimentos em suspensão, os sedimentos de fundo também são essencialmente originados dos Andes. Por outro lado, os dados geoquímicos dos tributários cratônicos (rios Tapajós, Xingu e Jari) indicam que os sedimentos de fundo foram derivados de fontes heterogêneas com composições dominantemente félsicas e que foram submetidos a importante reciclagem durante o transporte. As composições isotópicas de Sr-Nd-Pb dos sedimentos de fundo dos rios tributários indicam que estes sedimentos foram derivados essencialmente da erosão de rochas das respectivas províncias e domínios geocronológicos/geotectônicos da porção oriental do Cráton Amazônico atravessados por estes rios: Domínios Iriri-Xingu e Bacajá e Província Carajás (rio Xingu); Províncias Tapajós e Juruena (rio Tapajós); Bloco Amapá e Domínio Carecuru (rio Jari). Para os sedimentos de fundo do rio Tocantins as fontes principais apontadas pelos dados isotópicos são as unidades metassedimentares da Faixa Araguaia. O estudo mostrou o potencial das assinaturas isotópicas de Pb, Sr e, sobretudo Nd em sedimentos de fundo, junto com caraterísticas mineralógicas e geoquímicas, para mensurar a influência do rio Amazonas nos tributários do seu baixo curso bem como para evidenciar processos de mistura entre diferentes sistemas fluviais e identificar as possíveis fontes de sedimentos.

  • ANA PAULA LINHARES PEREIRA
  • OSTRACOFAUNA DA FORMAÇÃO SOLIMÕES (ATALAIA DO NORTE, AMAZONAS, BRASIL): TAXONOMIA, IMPLICAÇÕES PALEOAMBIENTAIS E BIOESTRATIGRÁFICAS

  • Data: Sep 12, 2017
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  • O estudo de ostracodes provenientes dos testemunhos 1AS-7D-AM, 1AS-8-AM e 1AS-31-AM, perfurados no município de Atalaia do Norte, Amazonas, Brasil, permitiu reconhecer 9 gêneros e 30 espécies; o gênero eurihalino Cyprideis é o mais abundante e diverso, com 19 espécies já identificadas e duas novas espécies descritas nesse trabalho: C. atalaiensis sp. nov. e C. dictyon sp. nov. Outros gêneros marinhos e/ou transicionais (Paracypris, Perissocytheridea, Rhadinocytherura, Pellucistoma e Skopaeocythere) e não- marinhos (Cypria, Cytheridella e Penthesilenula) foram encontrados, além de outros microfósseis (foraminíferos, peixes, moluscos e palinomorfos) que foram utilizados como elementos auxiliares nas interpretações paleoambientais e bioestratigráficas da Formação Solimões. A análise integrada da distribuição estratigráfica de ostracodes e palinomorfos nos testemunhos 1AS-8-AM e 1AS-7D-AM, permitiu datar a sequência do Eomioceno ao Neomioceno. Foram observadas, através dos fósseis- index, cinco zonas palinológicas já propostas para a Formação Solimões: Verrutricolporites, Mioceno Inferior; Psiladiporites– Crototricolpites, final do Mioceno Inferior ao início do Mioceno Médio; Crassoretitriletes, Mioceno Médio; Grimsdalea, final do Mioceno Médio ao início do Mioceno Superior; e Asteraceae, Mioceno Superior. A distribuição das espécies de Cyprideis permitiu reconhecer cinco zonas equivalentes às zonas palinológicas, das quais quatro já estabelecidas anteriormente, embora seus limites temporais tenham sido alterados nesse estudo: C. aulakos, renomeada para C. sulcosigmoidalis, final do Mioceno Inferior a início do Mioceno Médio; C. caraionae, Mioceno Médio a início do Mioceno Superior; C. minipunctata, início do Mioceno Superior; e C. cyrtoma, início do Mioceno Superior. Além dessas, é proposta aqui uma nova zona de ostracode: C. paralela, do Mioceno Superior. A análise bioestratigráfica integrada (palinologia e ostracodes), bem como o registro da microfauna associada revela uma sequência que inicia no Mioceno Inferior, com influência de ambientes costeiros, atestada pela presença de palinomorfos e foraminíferos tipicamente de manguezal. No Mioceno Médio as condições paleoambientais passam a ser de um ambiente flúvio-lacustre, com influência marinha. Finalmente, no Mioceno Superior, apesar de ainda apresentar intervalos de influência marinha, premomina um ambiente flúvio-lacustre em direção ao topo da sequência estudada.

  • EDSON JOSE LOUZADA BATISTA
  • DETECÇÃODEMUDANÇASPALEOAMBIENTAISNOLITORALDORIOGRANDEDONORTE(RN)DURANTE OHOLOCENOMEDIOESUPERIOR

     

  • Data: Aug 16, 2017
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  • Durante o Holoceno a dinâmica da vegetação nativa no litoral nordeste do estado do Rio Grande do Norte (RN) foi caracterizada por fases de estabelecimento, expansão e contração de manguezais. A dinâmica dessa vegetação está relacionada principalmente com a dinâmica sedimentar e com as variações no nível relativo do mar (NRM) registradas para esse período. Durante o último milênio processos inerentes principalmente à dinâmica sedimentar dessa planície costeira controlou a dinâmica da vegetação ao longo de perfis estratigráficos formados por sequências de canais ativos, seguidos    pelo    seu    respectivo    abandono.    Portanto,    com    base    em    análises

    granulométricas,  estruturas  sedimentares,  dados  polínicos,  dados  isotópicos  (δ13C  e

    δ15N), razão C/N e datação 14C da matéria orgânica sedimentar de dois testemunhos (NAT 6 e NAT 8) coletados em uma planície de maré, propõe-se um modelo para a evolução paleoambiental desde o Holoceno médio ao superior (~7 mil anos AP ao moderno), descrito em quatro associações de fácies sedimentares: (A) estuário/canal ativo, representada por depósitos arenosos maciços (fácies Sm) e deposições de lama;

    (B) canal abandonado, representada pelas fácies de acamamento heterolítico wavy (fácies Hw), acamamento heterolítico lenticular (fácies Hl) e pequenos intervalos com areia maciça (fácies Sm); (C) canal ativo, correspondentes a depósitos  arenosos maciços (fácies Sm); e (D) planície de maré vegetada (manguezais/campos herbáceos e palmeiras), representada pelos depósitos de argila com acamamento heterolítico lenticular (fácies Hl). Neste contexto, variações de curta escala de tempo (milênio/século) na relação entre manguezais e demais vegetações associadas nessa região não necessariamente estão ligadas às variações no NRM ou mesmo às mudanças climáticas (processos alocíclicos), pois os processos inerentes à dinâmica sedimentar do ambiente deposicional (processos autocíclicos) devem ter controlado principalmente a assembleia polínica ao longo dos perfis estratigráficos estudados.

  • SAMUEL RODRIGUES RIBEIRO
  • DINÂMICA DOS MANGUEZAIS DO LITORAL DE NATAL-RN DE ACORDO COM AS MUDANÇAS NO CLIMA E NÍVEL DO MAR DESDE O HOLOCENO MÉDIO

  • Data: Aug 5, 2017
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  • O debate sobre os fatores por trás da dinâmica holocênica dos manguezais tem sido tema de grande interesse de pesquisadores voltados para a reconstituição paleoambiental. Entre as hipóteses sobre os mecanismos que controlam o estabelecimento, expansão e contração das florestas de mangue ao longo dos litorais, as variações do nível relativo do mar e das mudanças climáticas são propostas como as principais forçantes. Contudo, fatores inerentes aos sistemas deposicionais e temporalmente limitados e de atuação espacial mais restritas podem influenciar substancialmente a ecologia dessas florestas. No Rio Ceará Mirim, próximo à cidade de Natal, litoral oriental do estado do Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil, a integração de dados geomorfológicos, sedimentológicos e palinológicos, datação por radiocarbono e análises isotópicas com δ13C, δ15N e C/N de matéria orgânica sedimentar de quatro testemunhos de sedimentos revelam um estuário colonizado por manguezal desde 6950 anos cal. AP. O nível do mar, que subiu significativamente depois do último máximo glacial, tornou-se estável durante o Holoceno médio e tardio resultando na implantação e expansão do mangue sobre as planícies fluviomarinhas por aproximandamente 2,93 km à montante da foz. Quanto à distribuição espaço temporal desse ecossistema durante os últimos 7 mil anos, os dados integrados mostram que a dinâmica dos manguezais foi controlada principalmente por processos autogênicos, relacionados com avulsão, migração lateral e abandono de canais estuarinos. Provavelmente, a influência do nível do mar e das flutuações climáticas sobre a dinâmica desses manguezais foi enfraquecida devido a intensa atividade dos canais de maré desde o Holoceno médio.

  • RODRIGO CÉSAR TEIXEIRA DE GOUVEA
  • GEOCRONOLOGIA E PETROGÊNESE DO EMBASAMENTO ÍGNEO-METAMÓRFICO ARQUEANO DA VILA TANCREDO NEVES, NE DE SÃO FÉLIX DO XINGU (PA), PROVÍNCIA MINERAL DE CARAJÁS

  • Data: Aug 3, 2017
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  • Na região de Vila Tancredo Neves, nordeste da cidade de São Félix do Xingu, no Cráton Amazônico, na Província Mineral de Carajás (Brasil), o embasamento Arqueano é deformado regionalmente de fácies Xisto-Verde a Anfibolito, assim como afetado por zonas de cisalhamento dúcteis. Essas rochas são ortognaisses, migmatitos, e granitoides foliados (composicionalmente biotita monzogranitos, biotita granodioritos, leucogranitos potássicos, hornblenda-biotita monzogranitos e biotita trondhjemitos). O metamorfismo regional está relacionado com uma microtectônica que evolui de um comportamento rúptil das fases mais resistentes, associado com fácies xisto-verde, até a segregação de minerais máficos e formação de bandeamento gnáissico, assim como comportamento mais dúctil das fases minerias, associados ao pico da força elástica dos minerais em condições de fácies anfibolito de médio a alto. Localmente essas rochas gradam de protomilonitos a milonitos. Dados geoquímicos mostraram 4 grupos: (G1) trondhjemito, peraluminoso, afinidade tholeítica, magnesiano, pouco fracionado e enriquecido em ETRP, com idades U-Pb de 2841 ± 19 [±20] Ma (MSWD = 0.6). (G2) granitos, metaluminosos, afinidade alkaline a fracamente tholeítica, férrico, com alto Zr, Y, Nd e ETRP, fracionamento intermediário com afinidade com granitos o tipo A. Idade U-Pb de 2745 ± 8 Ma (MSWD=0,62), TDM 3.25 Ga e εNd(t) -4,11. (G3) alto La/Yb (N); (G4) baixo La/Yb (N). G3 e G4: granitos, peraluminosos, cálcio-alcalinos a alcali- cálcicos, ferricos, mais fracionados (grande variação de La/Yb e Sr/Y) e assinatura tectônica intermediárias entre anorogenic e fracionado, idade U-Pb de 2854 ± 32 Ma (MSWD=0,074), TDM 3.10-3.37 Ga e εNd(t) negativo entre -0,75 e -5,69. Estes dados sugerem grande conformidade com a assinatura de granitos de Subdomínio Canaã dos Carajás, indicando extração de manto de pelo menos 3,2 Ga, com isótopos Nd sugerindo contribuição de crosta antiga e formação de granitoide intensa em 2,96-2,83 Ga e retrabalhamento em 2,75-2,70 Ga. No entanto, os dados de idade do modelo mostram uma extração mais antiga do manto e um parâmetro negativo εNd(t), sugerindo que esta região está relacionada com os primeiros estágios de evolução deste domínio.

  • LUCIANO RIBEIRO DA SILVA
  • GRANITOIDES COLISIONAIS MESOARQUEANOS DE OURILÂNDIA DO NORTE (PA): GEOLOGIA, MICROESTRUTURAL, AFINIDADES PETROLÓGICAS E IMPLICAÇÕES TECTÔNICAS PARA A PROVÍNCIA CARAJÁS

  • Data: Jun 17, 2017
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  • Este estudo investiga a diversidade, origem e significado tectônico dos granitoides mesoarqueanos de Ourilândia do Norte, que ocorrem próximo ao limite entre os domínios Rio Maria e Carajás, no sudeste do Craton Amazônico. Trabalhos anteriores, realizados nesta região, identificaram sanukitoides (~2,87 Ga), (quartzo) dioritos de afinidade BADR (basalto- andesito-dacito-riolito) e leucogranitos indiferenciados. Monzogranitos de afinidade charnokítica seccionam tais unidades. Os novos dados de mapeamento geológico obtidos neste trabalho permitiram definir a natureza e aspectos estruturais dos leucogranitos até então indiferenciados. Assim, foi possível diferenciar três novos grupos de granitoides: (i) biotita monzogranitos (BMzG); (ii) epidoto-biotita granodioritos (EBGd); e (iii) granitoides porfiríticos (Grtp). Com base nestas informações, esta dissertação visa definir a classificação, natureza, processos de formação e aspectos de deformação dessas rochas, e discutir, a partir da integração desses dados com aqueles gerados em trabalhos anteriores, as relações entre plutonismo e deformação para formação e colocação dos granitoides mesoarqueanos de Ourilândia do Norte. Para tanto, foi utilizada uma abordagem integrada de dados de campo, petrografia, microestrutural e geoquímica. Os dados de petrografia mostram que todos os grupos identificados são subdividos em duas fácies. Aquele de composição BMzG é diferenciado em uma fácies equigranular (BMzGe) e outra heterogranular (BMzGh) e o EBGd em epidoto-biotita granodiorito heterogranular (EBGdh) e titanita-epidoto-biotita granodiorito esparsamente porfirítico (TEBGdep). Esses granitoides compõem dois batólitos separados por uma faixa de sanukitoide e rochas de afinidade BADR. O batólito situado na porção central da área tem forma elipsoidal, com maior eixo orientado na direção ENE-WSW, e o outro, localizado na porção sudeste, é arciforme. Ambos são amplamente dominados por BMzG, com menor ocorrência de lentes de EBGd. O Grtp é individualizado em biotita- hornblenda granodiorito porfirítico (BHGdp) e epidoto-biotita trondhjemito  porfirítico (EBTdp), e ocorre como corpos menores, espacialmente associados com as rochas de afinidade sanukitoide e BADR, respectivamente. As relações de mingling estabeleceram a contemporaneidade entre todos os granitoides de Ourilândia do Norte, incluindo os de assinatura sanukitoide e BADR. Em termos de geologia estrutural, esses plútons foram afetados por deformação heterogênea. Suas porções centrais representam domínios de menor strain, onde mostram foliação magmática de direção principal ENE-WSW e mergulho subvertical, com fraca superimposição de deformação em estado sólido. Por outro lado, as bordas desses plútons são marcadas por zonas de cisalhamento de grande escala, onde foliações  miloníticas  são  tipicamente  desenvolvidas,  com  trend  subparalelo  às  bordas  e mergulho subvertical. Os dados meso- e microestruturais indicam que as rochas estudadas são sin- a tardi-tectônicas e foram afetadas por deformação de alta temperatura (> 500 ºC) e baixo esforço diferencial, em regime de transpressão sinistral, controlado predominantemente por cisalhamento puro, indicando que as tramas magmáticas e de estado sólido estão relacionadas a um mesmo evento deformacional. Geoquimicamente, com exceção do EBTdp que tem afinidade Mg-Na, os granitoides de Ourilândia do Norte podem ser agrupados em duas suítes: (i) suíte Fe-K que integra o grupo BMzG e a fácies TEBGdep; e (ii) suíte Mg-K composta por granitoides de afinidade sanukitoide (incluindo EBGdh e BHGdp) e (quartzo) dioritos de afinidade BADR. Ambos os grupos são cálcico-alcalinos a alcalino-cálcicos e diferem entre si com base em suas relações FeOt/MgO, Al2O3, K2O e alguns elementos traços (Sr, Ba, Rb). A origem do BMzGe é atribuída à anatexia de uma crosta TTG (2,92-2,98 Ga). O EBGdh tem afinidade   sanukitoide   e   foi   produzido   por   intenso   fracionamento   de   hornblenda ±clinopiroxênio. Os granitoides de fácies TEBGdep, BMzGh, BHGdp e EBTdp mostram evidências de mingling entre magmas contrastantes, indicando que suas origens requerem interação entre magmas derivados do manto metassomatizado e da crosta. Dados geoquímicos e modelagem foram utilizados para identificar os diferentes processos relacionados à origem e formação destes granitoides: (i) o TEBGdep é enriquecido em HFSE (Ti, Zr e Y) e LILE (Ba e Sr) e foi admitido como produto da fusão parcial de uma fonte mantélica enriquecida, provavelmente em um ambiente de pós-subducção, com participação de magmas crustais; (i) o BMzGh é gerado pela interação entre magmas de composição TEBGdep (60%) e eBMzG (40%); (iii) o BHGdp é formado pela hibridização entre magmas sanukitoide (80%) e leucomonzogranítico (20%); e (iv) o EBTdp é originado por uma mistura incompleta entre líquido trondhjemítico de assinatura TTG (70-80%) e magma de afinidade BADR (20-30%). Portanto, podemos concluir que em ~2,87 Ga ocorreu um significativo crescimento e retrabalhamento crustal, nas fases finais de estabilização do primeiro ciclo geotectônico registrado na Província Carajás. Isto nos leva a sugerir que todos os granitoides mesoarqueanos de Ourilândia do Norte foram alojados durante a segunda etapa de um modelo tectono-magmático de dois estágios (subducção-colisão): (i) primeiro estágio (2.98-2.92 Ga) - subducção de baixo ângulo com colocação de slab-melt e consequente metassomatismo da cunha mantélica; (ii) segundo estágio (~2,87 Ga) – ambiente colisional, onde zonas de cisalhamento condicionaram a ascensão e colocação dos magmas, atuando como condutos pré-existentes para o transporte e interação entre magmas mantélicos e crustais.

  • SIMONE PEREIRA DE OLIVEIRA
  • APLICAÇÃO DA COMPOSIÇÃO ISOTÓPICA DE MULTIELEMENTOS NO MONITORAMENTO AMBIENTAL DE ÁREA CIRCUNVIZINHA À BARRAGEM DE REJEITO: O CASO DA MINA DE COBRE DA SERRA DO SOSSEGO, CANAÃ DOS CARAJÁS-PA

  • Data: Jun 9, 2017
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  • Barragem de rejeito de atividades de beneficiamento de minérios representa um compartimento de relevância no monitoramento ambiental, devido à barragem poder apresentar formas indesejáveis de saídas de água, como a infiltração. Nesse sentido, o presente trabalho propôs avaliar o uso da composição isotópica de oxigênio, hidrogênio, estrôncio e chumbo como ferramenta para o monitoramento ambiental de água subterrânea vulnerável à barragem de rejeito. Essa pesquisa foi conduzida na área da mina de cobre da Serra do Sossego e, além do estudo isotópico multielementar, realizou a caracterização hidroquímica das águas subterrânea e superficial. Paralelamente, neste trabalho foi aplicado, pela primeira vez no laboratório Pará-Iso, o método de leitura direta da composição isotópica do chumbo (sem tratamento químico da amostra), utilizando espectrometria de massa com fonte de plasma. A caracterização hidroquímica da água subterrânea da área da mina Serra do Sossego mostrou que ela é moderadamente ácida (pH ~ 6). Apenas os poços AP15 e PS32, sob influência da drenagem das pilhas de misto (rejeito + estéril), apresentam elevada condutividade elétrica (599 μS/cm2 e 694 μS/cm2) e teores mais elevados de sulfato (1,82 a 6,57 meq/L). De forma geral, o ferro (29,7 mg/L), o manganês (69,7 mg/L) e o cobre (24,9 mg/L) apresentaram os teores mais elevados de metais na água subterrânea. Em termos dos estudos isotópicos, a água subterrânea dos poços PS17, PS04, AP15, PS32 e da Barragem possuem uma assinatura isotópica do chumbo menos radiogênica. As águas dos poços AP15 e PS32 seriam representativas da composição isotópica do chumbo da água subterrânea da área da mina (206Pb/207Pb = 1,1481 a 1,1663), possivelmente refletindo, em grande parte, a assinatura isotópica do chumbo na água meteórica. A composição isotópica do chumbo da água subterrânea dos poços PS04 (206Pb/207Pb =1,1784 – 1,1850) e PS17 (206Pb/207Pb = 1,2100 a 1,2160) pode indicar uma contribuição, embora pequena, das rochas da região (206Pb/207Pb > 1,6807).  Por sua vez, a composição isotópica do chumbo na água da Barragem (207Pb/206Pb de 1,2279), representaria, como esperado, uma contribuição um pouco mais acentuada do minério e da rocha. Por outro lado, a assinatura isotópica do chumbo na água subterrânea dos poços MNA23 e PS06 é bem mais radiogênica (206Pb/207Pb = 1,6741 a 1,9196), sendo similar à assinatura da calcopirita e do diabásio da cava Sequeirinho, o que revela uma significativa contribuição da rocha e do minério sulfetado. Considerando que a composição isotópica do chumbo na água da barragem é diferente daquelas da água subterrânea, ela pode ser usada no monitoramento ambiental da influência da água da barragem de rejeito na água subterrânea na área da mina Serra do Sossego. Por sua vez, a aplicação dos isótopos de enxofre no monitoramento ambiental apresenta uma certa limitação na área de estudo, devido não haver contraste na composição isotópica desse elemento entre os sulfetos do deposito Sossego (ẟ34S 2 - 7 ‰), a barragem de rejeito (ẟ34S ~2 ‰), e a água oriunda da drenagem das pilhas de misto (ẟ34S ~2 ‰). Os modelos de mistura utilizando os valores da razão 87Sr/86Sr em função da concentração de estrôncio e em função dos valores de ẟ18O, também apresentam limitações, por não existir contraste entre os valores da razão 87Sr/86Sr da água da barragem de rejeito (0,7458 a 0,7539) e as rochas da área da mina (granito = 0,7474). Tal similaridade, a princípio, não permitiria individualizar a eventual contribuição da barragem de rejeito. No entanto, como a água subterrânea apresenta valores menos radiogênicos da razão 87Sr/86Sr (0,7161 a 0,7283) e bem abaixo dos valores da barragem, a composição isotópica do estrôncio pode ser usada no monitoramento ambiental da água subterrânea. Os dados isotópicos de hidrogênio e oxigênio revelaram que no período chuvoso, os valores ẟ18O e ẟD para a água subterrânea variaram de -2,74 a -7,17 ‰ e de -15,6 a -46,0 ‰, respectivamente. Por sua vez, os períodos de estiagem mostraram um enriquecimento de 18O e D, com valores de ẟ18O entre -1,67 e -7,29 ‰ e de ẟD entre -0,23 e –46,1 ‰. A água da barragem exibe valores de ẟ18O de 1,24 a 2,79 ‰ e de ẟD de 1,40 a 7,0 ‰, que contrastam com os valores desses parâmetros para a água subterrânea e da drenagem da pilha. O modelo de mistura com os isótopos de oxigênio e hidrogênio mostrou que estes elementos são os que melhor respondem como indicadores da contribuição da água da barragem de rejeito para a água subterrânea. A aplicação desse modelo de mistura não mostrou influencia da água da barragem de rejeito sobre a água subterrânea, durante o  período deste estudo. Os resultados obtidos no estudo isotópico de multielementos sugerem que o monitoramento ambiental da água subterrânea da mina Serra do Sossego visando investigar uma eventual contribuição da água barragem de rejeito, pode ser feito mais eficientemente com os isótopos de oxigênio e hidrogênio. As composições isotópicas de chumbo e estrôncio podem igualmente ser utilizadas neste desde ele seja feito de modo sistemático em função do pequeno contraste entre a composição isotópica destes elementos na água da barragem e da água subterrânea.

  • NEDRA NUNES OLIVEIRA
  • A RESPOSTA DOS MANGUEZAIS DE UM ESTUÁRIO DO SUL DA BAHIA SOB INFLUÊNCIA DAS MUDANÇAS DO CLIMA, FLUTUAÇÕES DO NÍVEL DO MAR E DINÂMICA DOS CANAIS DURANTE O HOLOCENO

  • Data: Jun 9, 2017
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  • O presente trabalho integra dados palinológicos, sedimentológicos, geomorfológicos e datações por Carbono-14, bem como valores de δ13C, δ15N e C/N da matéria orgânica sedimentar obtidos a partir de um testemunho amostrado ~8 km da atual linha de costa, no vale do Rio Jucuruçu, próximo a cidade de Prado, litoral sul da Bahia. Com base nesses dados e outros preliminarmente publicados foi possível detalhar os efeitos das mudanças climáticas e Nível Relativo do Mar (NRM) nos manguezais desse rio durante o Holoceno. Duas fases foram identificadas ao longo do testemunho estudado e correlacionadas com outros dois testemunhos: A primeira fase, compreendida no Holoceno médio (7200 -<6950 anos cal AP), se desenvolveu em uma planície de maré, colonizada por manguezais com uma transição de matéria orgânica de origem de plantas terrestre C3 na base para matéria orgânica marinha no topo desta fase. A segunda fase é marcada pelo desenvolvimento de uma planície fluvial, com expansão da vegetação herbácea e samambaias em detrimento dos manguezais. A matéria orgânica sedimentar nessa fase tende para uma origem fluvial. A integração dos dados paleoambientais revela uma significativa subida no NRM que causou uma incursão marinha no interior do vale desse rio e permitiu o estabelecimento de manguezais sob uma forte influência estuarina até aproximadamente 23 km a montante do Rio Jucuruçu durante o Holoceno médio. A descida do NRM no Holoceno médio e tardio causou uma gradual substituição dos manguezais por vegetação amplamente dominada por ervas e samambaias, assim como uma predominância de plâncton de água doce à montante do rio, enquanto os manguezais e as algas adaptadas às condições marinhas se refugiaram na foz do Rio Jucuruçu. Tal padrão de migração dos manguezais foi provavelmente favorecido por uma diminuição da descarga fluvial durante o Holoceno inicial e médio e pelo seu aumento no Holoceno tardio. Deve ser destacado que durante os últimos mil anos a distribuição dos manguezais no local de estudo foi controlada pela dinâmica natural dos canais de maré. Portanto, nesse estudo foi possível identificar e descrever os efeitos de processos alogênicos (causados por mudanças no clima e nível do mar) e autogênicos (regulados por exemplo pela dinâmica dos canais).

  • AILTON DA SILVA BRITO
  • ESTRATIGRAFIA E GEOQUÍMICA ORGÂNICA DA FORMAÇÃO LONGÁ, NEODEVONIANO/EOCARBONÍFERO DA BACIA DO PARNAÍBA, REGIÃO DE PEDRO AFONSO-TO

     

  • Data: May 30, 2017
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  • O final do Devoniano é marcado por consideráveis mudanças paleoclimáticas e paleogeográficas relacionadas a ampla colonização do continente por plantas vasculares, aumento exponencial da produção de matéria orgânica e desenvolvimento de anoxia de fundo nos mares epíricos, típicos desse período. Além disso, o continente Gondwana encontrava-se em altas latitudes onde ocorreu pulsos glaciações na América do Sul. O estabelecimento de uma fase pós-glacial no Fameniano Superior levou a ocorrência de uma transgressão marinha e início da sedimentação fina da Formação Longá que perdurou até o Tournaisiano. O limite Devoniano-Carbonífero é marcado pela deposição de folhelhos negros em várias partes do mundo. O objetivo desse trabalho é a reconstituição paleoambiental e a caracterização geoquímica da matéria orgânica dos depósitos pós-glaciais pertencentes à Formação Longá que afloram na porção sudoeste da Bacia do Parnaíba. Para caracterização dos depósitos foi realizada uma análise litofaciológica da formação com auxílio da petrografia e difração de raios X. A análise geoquímica da matéria orgânica foi realizada através da determinação do Carbono Orgânico Total (COT), pirólise Rock-Eval e biomarcadores. A análise faciológica desses depósitos possibilitou a individualização de cinco litofácies: lag conglomerático (Gmm), folhelho laminado (Fl), Arenito grosso com megaripple (Sm), Arenito fino a médio com estratificação cruzada hummocky (Sh) e Folhelho intercalado com arenito fino com acamamento wavy-linsen (Fwl). As litofácies foram identificadas como pertencente a uma única associação de fácies que representam depósitos de plataforma, de offshore a shoreface. A base da Formação Longá é bem delimitada por um lag transgressivo produzido por ondas que a separa os depósitos não marinho da Formação Cabeças. A formação é caracterizada pela predominância de espessas camadas das fácies Fl e Fwl com eventos episódicos de tempestades e ocorrência de chuva de detritos oriundo do degelo de icebergs remanescentes. Na fácies Fwl ocorrem elementos típicos da Icnofácies Cruziana, caracterizada pela predominância de traços horizontais. Estas características sugerem um ambiente estressante ocasionado pela mudança de salinidade durante o input de águas de degelo na plataforma. As análises de geoquímica orgânica mostraram que os folhelhos Longá apresentaram baixo teor de COT, inferiores a 1%, valores para hidrocarbonetos livres (S1) abaixo do limite  de detecção do equipamento Rock-Eval 6, e potencial gerador (S2) muito baixo (0,06 a 0,23). A temperatura máxima de pirólise (Tmax), assim como os parâmetros de maturação térmica calculados sobre os biomarcadores mostram que os folhelhos Longá são imaturos. Os valores de pristano/n-C17, Fitano/n-C18, índice de hidrogênio (IH) e índice de oxigênio (IO), sugerem querogênio tipo III e IV, formados a partir de plantas vasculares continentais como galhos, folhas e ceras vegetais, corroborado por teor de enxofre (TS) < 0.2 wt%, razão Terrígenos/aquáticos (TAR), C29-sterol, hopano/sterano e Metilfenantrenos (MPs). Essa matéria orgânica foi depositada em um mar epírico onde predominava águas rasas, condições oxidantes, salinidade normal, e baixas temperaturas.

  • CAIO JOSE SOARES MESQUITA
  • QUÍMICA MINERAL E PARÂMETROS DE CRISTALIZAÇÃO DO GRANITO TIPO A PALEOPROTEROZOICO BANNACH, PROVÍNCIA CARAJÁS, PARÁ

  • Data: May 30, 2017
  • Show resume
  • O Granito paleoproterozoico tipo A Bannach pertence a Suíte Jamon, intrusiva nas unidades arqueanas do Domínio Rio Maria, sul da Província Carajás, Sudeste do Cráton Amazônico. Compreende oito fácies com conteúdo de máficos e granulação variados. Os anfibólios dominantes são ferro-hornblenda nas fácies menos evoluídas e ferroedenita ou hastingsita nas mais evoluídas e suas razões Fe/(Fe+Mg) variam de 0,53 a 0,81. Nas fácies mais ricas em máficos ocorrem cummingtonita e grunerita, oriundas da desestabilização de clinopiroxênio, com razão Fe/(Fe+Mg) em torno de 0,50. A biotita é ferrosa e apresenta na maioria das fácies razões Fe/(Fe+Mg) entre 0,62 e 0,80, porém na fácies leucomonzogranito médio tardio exibe razões entre 0,89 e 0,91 e sua composição se aproxima da annita. O plagioclásio apresenta zoneamento normal com núcleos de andesina sódica ou oligoclásio cálcico e bordas de oligoclásio sódico nas fácies mais ricas em máficos e composição de oligoclásio cálcico a sódico com bordas albíticas nas fácies mais félsicas. A titanita possui razões Fe/Al compatíveis com aquelas de rochas magmáticas plutônicas com quartzo. Magnetita e ilmenita estão presentes nas diferentes fácies. A ilmenita se apresenta nas variedades texturais em treliça, em manchas (patches), composta e individual, enquanto que a magnetita ocorre intercrescida com lamelas de ilmenita em treliça, associada à ilmenita composta ou em cristais homogêneos. Não há contrastes composicionais expressivos entre as variedades texturais de ilmenita, mas se constatou enriquecimento em MnO nas ilmenitas das fácies mais félsicas. A magnetita é sempre pobre em Ti, sendo que os cristais homogêneos associam-se com anfibólio ferromagnesiano e são praticamente desprovidos de Ti. Estimativas de temperaturas obtidas com o geotermômetro do zircão, interpretadas como próximas ao liquidus, variam entre 943 e 795 °C, ao passo que aquelas próximas do solidus, deduzidas a partir do geotermômetro de anfibólio e plagioclásio, variam de 807 a 732 °C, decrescendo em ambos os casos das fácies mais ricas em máficos para as mais félsicas. A pressão de colocação, estimada com o geobarômetro de Al em anfibólio, foi de 300±100 MPa (11,1±1,9 km). As razões Fe/(Fe+Mg) de anfibólio e a presença de magnetita e titanita magmáticas sugerem cristalização sob condições moderadamente oxidantes, porém, as composições de biotita apontam para condições um pouco mais redutoras às do magma Jamon e às dos granitos anorogênicos da série magnetita de Laurentia. Com base nisso, foi inferido que a cristalização das fácies dominantes no corpo Bannach se deu em condições de fugacidade de oxigênio correspondentes às de NNO a NNO -0,5. A fácies fácies leucomonzogranito médio tardio é exceção, pois exibe razões Fe/(Fe+Mg) em biotita muito elevadas e similares às dos granitos reduzidos da Província Carajás, bem como às dos granitos da série ilmenita de Laurentia e Fennoscandia. Isto reforça a hipótese de sua geração em pulso magmático tardio, a partir de líquido derivado de fonte mais reduzida do que a das demais fácies do Granito Bannach.

  • SORAIA DA SILVA ABREU
  • PETROGRAFIA E GEOQUÍMICA DE FORMAÇÕES FERRÍFERAS BANDADAS E A GÊNESE DE CAVERNAS DA SERRA NORTE, CARAJÁS, PARÁ

  • Data: May 22, 2017
  • Show resume
  • Atualmente, o número de cavernas em formações ferríferas conhecidas no Brasil ultrapassa quatro mil. No entanto, o número de trabalhos de pesquisas sobre o assunto ainda está reduzido, principalmente com relação à gênese dessas cavernas, logo, o conhecimento ainda está pouco avançado. Este trabalho objetiva entender os processos responsáveis pela formação das cavernas desenvolvidas em jaspilitos e minério de ferro da Formação Carajás, no platô N4, na Unidade Espeleológica de Carajás, além de posicionar a formação  das cavernas na evolução do relevo e do minério. O estudo se baseou em análises petrográficas e geoquímicas do jaspilito apresentando variados graus de alteração intempérica, com o objetivo de entender a evolução mineralógica, textural e geoquímica dessas rochas divididas em quatro subgrupos: A) Jaspilito Fresco (JF); B) Jaspilito Pouco Alterado (JPA); C) Jaspilito Muito Alterado (JMA) e D) Minério de Ferro (MN). Essas análises foram fundamentais para o entendimento dos processos de remoção da sílica, bem como do enriquecimento em ferro no perfil de alteração. A principal característica petrográfica do JF é a presença de minerais opacos como a hematita-1, magnetita e rara maghemita, além dos minerais silicosos como o jaspe e o chert. O JF não apresenta sinais de dissolução de sílica e o bandamento encontra-se preservado. O JPA é caracterizado pelo aparecimento de minerais secundários como a goethita e hematita-2, há sinais de dissolução da sílica evidenciados pela presença de microcavidades de dissolução. No JMA os cristais de magnetita encontram-se totalmente substituídos pela hematita-2, e há hematita-3 em poucas ocorrências; cavidades de dissolução são mais abundantes nesse litotipo. O MN é a categoria com maiores sinais de alteração intempérica, caracterizado pela presença marcante de hematita-3 e quase nenhuma sílica, logo, o acamamento é praticamente ausente. As análises químicas concordam com a petrografia. Fe e Si no JF somam mais de 98% do total, com teor de SiO2 variando de 42,61 a 62,51 % e o de Fe2O3t de 35,92 a 56,48 %. Por outro lado, no MN verificou-se grande perda de SiO2 cujo teor varia de 2,75 a 0,51 % e de Fe2O3t com teor significativamente maior, variando de 94,35 a 97,71%. Os elementos-traço demonstram leve diminuição de teor do JF ao MN, indicando uma mobilidade notável desses elementos no perfil de alteração, com exceção de Zn e Pb, que apresentam pequeno aumento de teor. No JF, a média de ∑ETR é de 6,7 ppm, passando para 15,2 ppm no MN, demonstrando maior concentração desses elementos no topo do perfil de alteração. A gênese das cavernas estudadas esteve inicialmente relacionada aos processos químicos de dissolução e lixiviação da sílica. Essa dissolução foi ocasiona   pela   infiltração   de   fluidos   de   origem   meteórica,   as   quais   percolaram preferencialmente nos planos de acamamento silicosos do jaspilito por serem mais vulneráveis à dissolução. Posteriormente, processos de erosão em sub-superfície aceleraram a redução de volume, com abatimentos do material residual e consequente formação das cavernas. Os fenômenos que atuaram na formação das cavernas são os mesmos que condicionaram a formação do minério friável, pois à medida que a sílica era lixiviada formando as microcavidades de dissolução, o ferro (Fe2O3t) era relativamente concentrado, chegando a um teor de até 97%. Os dados químicos, mineralógicas e texturais indicam que os fluidos que transformaram o JF em MN e, paralelamente geraram as cavernas, são de origem meteórica. A dissolução não foi o único fenômeno que atuou no processo, outros fatores também tiveram um papel importante no processo, em particular no controle da percolação e da migração das águas meteóricas para canais preferenciais de dissolução e erosão, a saber, fatores estruturais, hidrológicos, litoestratigráficos, abatimento e rocha selante. 

  • GLAYCE JHOLY SOUZA DA SILVA
  • ORIGEM BIOMOLECULAR DE RESÍDUOS ORGÂNICOS EM FRAGMENTOS DE CERÂMICAS ARQUEOLÓGICAS DA AMAZÔNIA E SUA RELAÇÃO COM O FÓSFORO CONTIDO

  • Data: Apr 4, 2017
  • Show resume
  • A elevada e perene fertilidade dos solos Terra Preta Arqueológica (TPA) na Amazônia, é alvo de investigações desde seu reconhecimento e divulgação e gera interesse até os dias atuais. Interligados a estes solos estão fragmentos de antigos objetos cerâmicos correspondentes a registros da cultura material de sociedades pretéritas, e que aí se encontram fruto do descarte e consequente incorporação aos processos de formação de solos tropicais. Investigações químicas, mineralógicas e de fertilidade apontaram os fragmentos como potenciais colaboradores à resiliente fertilidade dos solos TPA. E mais, recentemente comprovou-se que o fósforo, se apresenta como uma assinatura geoquímica dos fragmentos cerâmicos contidos em sítios com TPA e também os responsáveis pela assinatura química em fósforo desses solos. Essas pesquisas também demonstraram que o fósforo se incorpora aos vasos cerâmicos não vitrificados através do contato da matriz argilosa calcinada com soluções aquosas ricas em nutrientes, como no ato de cozinhar de alimentos. O uso ou função primária de um objeto arqueológico vem sendo determinada há pelo menos meio século na Europa e Ásia a níveis moleculares por meio de extração com solventes e emprego de espectrômetro de massas acoplado à cromatógrafos. Ainda não explorado em fragmentos da Amazônia e admitindo-se que fósforo e matéria orgânica sejam provenientes da mesma fonte, produtos processados durante a vida útil nos antigos utilitários domésticos, o presente trabalho visa caracterizar os possíveis compostos orgânicos preservados confrontando estes dados à classificação técnico- morfológicas dos fragmentos e às informações químico-mineralógicas, especialmente aos conteúdos de fósforo. Para tal, fragmentos cerâmicos de quatro sítios arqueológicos situados próximos a calha do grande rio Amazonas, portanto na direção leste-oeste na região amazônica foram selecionados: Quebrada Tacana (Letícia-Colômbia) a oeste, Juruti (Juruti - PA), Boa Vista (Porto Trombetas - PA) e Raimundo (Caxiuanã - PA) a leste. Inicialmente, os fragmentos foram descritos mesoscopicamente e selecionados para análises de fertilidade, ensaios de dessorção, DRX, MEV-SED, IV-FT, microscopia óptica e GC-MS. Com a obtenção destes dados objetivou-se avaliar a capacidade de fragmentos arqueológicos inseridos no contexto amazônico em preservar compostos orgânicos relacionados à atividades pretéritas de populações antigas confrontando-os à morfologia, composição química, mineralógica e fertilidade aventando sobre o ciclo da peça cerâmica representada por seus fragmentos e sua potencial contribuição à fertilidade dos solos TPA. Os fragmentos cerâmicos demonstraram caráter fértil em nutrientes e micronutrientes, cujas fontes são provenientes da matéria-prima, à exceção do fósforo, nutriente de maior destaque em termos de concentração

    e com capacidade dessortiva. A temperatura de queima estimada foi divergente em relação aos sítios, baseada nas identificações de caulinita e metacaulinita por IV. Nos sítios Quebrada Tacana e Juruti os fragmentos demonstraram temperatura superior a 600 ºC e inferior a 800

    ºC, ao passo que os fragmentos do sítio Boa Vista não ultrapassaram 600 ºC. Os extratos de todos os fragmentos foram dominados por séries de ácidos n-alcanóicos de cadeia curta e média (C12-C20), outro componente dominante foi o C18:1 (ácido oleico), e em apenas um fragmento pertencente ao sítio Quebrada Tacana foram os sesquiterpenos. O padrão de distribuição entre todos os fragmentos mostrou que o mais abundante foi o C16:0, seguido por C18:0 e C18:1 e pequenas quantidades de n-alcanos e n-alcanóis de cadeias curtas. A predominância de ácidos graxos livres indica que os lipídios são altamente degradados, uma característica típica de resíduos orgânicos antigos. O extrato lipídico da amostra QT-07 (sítio Quebrada Tacana) composto totalmente por sesquiterpenos, evidencia a presença de resina de plantas. De igual maneira o registro ainda que pouco expressivo de séries de n-alcanos e n- alcanóis cuja média não ultrapassa 1,3% também são indicativos de contribuição vegetal, para este caso determinados em fragmentos do sítio Raimundo. Os dados mineralógicos asseguram que os lipídios preservados nos fragmentos cerâmicos guardam informações sobre atividades pretéritas, desde que a temperatura de queima indicada é superior a 550 ºC, suficiente para eliminar compostos oxigenados oriundos da matéria-prima, argila e antiplásticos. A presença de biomarcadores diagnósticos de organismos aquáticos foi identificado em apenas dois fragmentos do sítio Quebrada Tacana, o 4,8,12-trimetildecanóico (TMTD) e ademais a identificação de ácidos de cadeias ímpares, C15:0 e C17:0 juntamente com seus respectivos ácidos ramificados C15:1 e C17:1 constituem fortes indícios de contribuição de origem animal. Portanto eles podem sugerir que esses fragmentos representem utensílios empregados na preparação prolongada de alimentos, e, conseguintemente por terem tido contato com fontes primárias de nutrientes, no estágio de uso do ciclo cerâmico (adsorção de nutrientes), o estágio de descarte (estágio atual) representaria uma fonte potencial de nutrientes propiciada pela própria degradação principalmente aos fragmentos mais expostos, da superfície e sub- superfície.

  • ROSEANE DA CONCEICAO COSTA NORAT
  • MATERIAIS CONSTRUTIVOS E SUA BIODETERIORAÇÃO EM FORTIFICAÇÕES DA AMAZÔNIA

  • Data: Mar 29, 2017
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  • As fortificações da Amazônia, reconhecidos como monumentos históricos do patrimônio cultural brasileiro, testemunham a consolidação dos limites territoriais do país. Esses monumentos foram severamente alterados diante das condições climáticas tropicais a que foram e estão expostos. Considerando tais estruturas, a presente pesquisa tem por objetivo reconhecer os materiais construtivos das fortificações portuguesas da Amazônia, observando possíveis procedências e sua susceptibilidade ao intemperismo tropical reinante, principalmente, o bioquímico. Para tanto, foram selecionados três monumentos representativos: a Fortaleza de São José de Macapá (Amapá) (FSJM), o Forte do Castelo do Santo Cristo do Presépio de Belém (Pará) (FCPB), o Real Forte Príncipe da Beira (RFPB) e, ainda, as ruínas da Fortaleza de N. Sra. da Conceição ou Bragança (FCB), em Costa Marques (Rondônia), sendo a primeira, o objeto principal de análise. Os métodos contemplaram pesquisa documental e bibliográfica sobre aspectos históricos e tipológicos das fortificações e sobre materiais e técnicas de caracterização; levantamento de campo com produção da cartografia arquitetônica da FSJM; levantamento fotográfico digital e de imagens termográficas por infravermelho (IRT), temperatura superficial das muralhas; coleta de micro-organismos e vegetação na FSJM e no FCPB; coleta de materiais construtivos, análises laboratoriais, tratamento e interpretação dos dados obtidos. Os materiais estudados foram rochas, argamassas, tijoleiras e biológicos para os quais foram realizadas análises de acordo com as especificidades das amostras. Empregaram-se as técnicas de microscopia ótica, difratometria de raios-X (DRX) para a caracterização mineralógica; fluorescência de raios-X (FRX) portátil, espectrometria de absorção atômica com plasma indutivamente acoplado (ICP-OES), espectrofotometria, microscopia eletrônica de varredura com sistema de energia dispersiva (MEV/EDS) para análises químicas diversas; além de granulometria a laser, ensaios de resistência à compressão, absorção em água, porosidade, densidade aparente em água e em mercúrio, bem como procedimentos específicos para a identificação de micro-organismos e espécimes vegetais. Os resultados e discussões estão organizados em quatro artigos. O primeiro versa sobre a FSJM com a análise do sítio de implantação, caracterização das rochas e de possíveis fontes de matéria-prima e sua aplicação no monumento. As rochas empregadas foram os arenitos ferruginizados (FSS), crostas lateríticas ferro-aluminosas (FLC) e pedras de ferro (IST) predominantemente constituídas de goethita, hematita, quartzo e caulinita. Por suas características composicionais, texturais e físicas foi possível correlacionar seus usos e funções na fortificação, bem como sua procedência a partir do próprio sítio de implantação e do rio Pedreira e arredores. O segundo artigo trata da biodeterioração das fortificações correlacionando-a à natureza mineralógica, química e nutrição potencial dos materiais construtivos. Os locais mais suscetíveis à biodeterioração associados aos aspectos arquitetônicos e insolação foram mapeados. O estudo micológico resultou no isolamento de 121 colônias de fungos, destacando-se os taxa Penicilium, Aspergillus, Curvularia, Acremonium. Da flora foram identificadas 37 espécies distribuídas em 23 famílias, os quais foram classificados de acordo com seu potencial de biodeterioração em alto, médio e baixo impacto e correlacionados aos locais e materiais por sua bioreceptividade. O terceiro artigo apesenta as tijoleiras cerâmicas da FSJM, FCPB, RFPB e FCB, classificadas como históricas (HCB) e de recomposição (RCB). Na FSJM, o uso de tijoleiras é mais abrangente tanto em aplicação quanto em quantidade. As tijoleiras, por sua constituição mineral a base de quartzo e hematita, certamente metacaulinita, contém, por vezes, mulita e muscovita, sugerindo o uso de matéria-prima próxima para o seu fabrico, reforçada pela documentação histórica e indícios no entorno da FSJM e RFPB. Foi possível identificar as características das diferentes tijoleiras e sua aplicação nas fortificações. O quarto artigo descreve o RFPB e as estruturas externas compostas pelo forno, paiol, labirinto e as ruínas da FCB, em correlação à geologia e materiais construtivos (rochas, tijoleiras, argamassas) a partir das observações mesoscópicas, associadas aos documentos históricos que demonstram a importância da preservação desse sítio histórico. Esta pesquisa em seu conjunto de abordagens demonstrou o uso e correlação funcional das rochas provenientes do contexto geológico amazônico na construção das fortificações da Amazônia, sendo os arenitos ferruginizados e crostas ferro-aluminosas as mais utilizadas, porém há contribuições externas especialmente de rochas procedentes possivelmente da Europa, em particular, no FCPB. Argamassas e tijoleiras cerâmicas são importantes materiais cuja produção contou com matéria-prima local. A logística de produção pôde ser observada com o auxílio da documentação histórica associada às análises físicas, químicas e mineralógicas. Dos aspectos de biodeterioração, as argamassas são o substrato mais favorável à nutrição vegetal, contudo, os materiais que apresentam superfícies rugosas, típicas de crostas lateríticas ou faces intemperizadas das tijoleiras também são bioreceptivos por sucessão. Aspectos de tipologia arquitetônica associadas à orientação solar e exposição à grande massa d’agua fluvial e ventos, em especial, na FSJM e FCPB também tem papel importante na suscetibilidade à colonização biológica. O conjunto de informações desta pesquisa atendem aos objetivos de auxiliar a gestão, otimizar recursos na manutenção preventiva e subsidiar processos de restauração mais abrangentes desses monumentos.

  • PABLLO HENRIQUE COSTA DOS SANTOS
  • GEOLOGIA, MINERALOGIA E GEOQUÍMICA DO PERFIL LATERITO-BAUXÍTICO DA LAVRA PILOTO DÉCIO (RONDON DO PARÁ)

  • Data: Mar 24, 2017
  • Show resume
  • Durante o Eoceno-Oligoceno, formaram-se na Amazônia extensas coberturas lateríticas. Nesse contexto, sequências sedimentares das Bacias do Parnaíba e do Amazonas foram lateritizadas e geraram quatro depósitos de bauxita de classe mundial: Juruti, Trombetas, Paragominas e Rondon do Pará. Este último é a nova fronteira de exploração de bauxita da Amazônia e nela foi desenvolvida a lavra-piloto Décio, que expõe um perfil laterito-bauxítico de 3 m de espessura, o qual se estende lateralmente por vastos platôs com cerca de 350 m de altitude. Este trabalho buscou aprofundar o estudo das bauxitas e suas relações com a paisagem laterítica na região amazônica. Em campo, foram descritos cinco perfis litológicos expostos na lavra-piloto Décio. Em seguida, 42 amostras foram coletadas para análises laboratoriais que envolveram caracterização mineralógica (Difratometria de Raios X); textural (Microscopia Óptica e Eletrônica de Varredura); e química (Espectrometria de Massa e de Emissão Óptica, com Plasma Indutivamente Acoplado). As rochas precursoras mais prováveis são as fácies argilosas da Formação Itapecuru. Estas teriam evoluído para um horizonte argiloso bauxítico e em seguida para bauxita maciça microcristalina e microporosa, de cor vermelha. A bauxita, por sua vez, converge para crosta ferroaluminosa esferolítica, rica em óxi-hidróxido de ferro e parcialmente desmantelada. Este conjunto é recoberto por um horizonte de esferólitos ferroaluminosos e outro bauxítico nodular. Todo o conjunto é capeado por argila inconsolidada amarela a vermelha, equivalente à Argila de Belterra.  Os minerais que resistiram ao intemperismo laterítico foram zircão, turmalina, rutilo, cianita e quartzo. Os neoformados foram hematita, goethita, gibbsita, parte da caulinita, além do anatásio. Os constituintes químicos principais são Al2O3, Fe2O3, SiO2 e TiO2, que juntos compõem mais de 99,5 % do perfil. Sua distribuição sugere que a evolução laterítica desenvolvida in situ se deu até a formação do horizonte esferolítico. Os teores de TiO2 são muito mais elevados no horizonte argiloso bauxítico que nos horizontes sobrejacentes, o que não é comum em uma evolução laterítica a partir de um protólito rochoso único e homogêneo. Além disso, Zr e ETR diminuem em direção ao topo do perfil, o que também não seria esperado. Portanto, embora as rochas precursoras de todo o perfil tenham sido sedimentares, havia um contraste composicional entre aquelas que geraram o HAB e as que geraram os demais horizontes. Além disso, o padrão de distribuição dos elementos-traço demonstra que mesmo partindo de protólitos ligeiramente diferenciados quase todo o perfil seguiu um padrão similar de evolução, com exceção do horizonte bauxítico nodular que se comporta como uma unidade a parte. Estas características diferenciam o perfil laterítico da lavra piloto Décio de outro perfil localizado na já estudada lavra piloto Ciríaco, também localizada em Rondon do Pará, pois este último foi formado a partir de protólito mais homogêneo que o primeiro.

  • DOUGLAS FERREIRA PEREIRA
  • PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E QUÍMICA MINERAL DAS ROCHAS ENCAIXANTES DO DEPÓSITO SÃO CHICO, DOMÍNIO TAPAJÓS, SUDOESTE DO PARÁ

     

  • Data: Mar 23, 2017
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  • O depósito de ouro São Chico está localizado na Vila homônima, no sudoeste do Estado do Pará, distando cerca de 220 km ao sul da cidade de Itaituba. Suas encaixantes foram inicialmente mapeadas como pertencentes à Suíte Intrusiva Parauarí (SIP) e às rochas do entorno, como Complexo Cuiú-Cuiú (CC) e Suíte Intrusiva Creporizão (SIC). No entanto, os estudos petrográficos, geoquímicos e de química mineral realizados neste trabalho revelaram que as rochas da SIC são as encaixantes do depósito propriamente dito. Além disso, este estudo permitiu a individualização de seis fácies para as rochas do CC: anfibólio-biotita- granodiorito (ABGRN), piroxênio-quartzo-monzonito (PQMZN), anfibólio-biotita- monzogranito (ABMZG), biotita-leucogranodiorito (BLGRN), biotita-leucomonzogranito (BLMZG) e biotita-leucosienogranito (BLSG). As três primeiras fácies estão localizadas na porção noroeste da área, enquanto que as três últimas se concentram na porção sudeste. Na SIC foram distinguidos biotita-anfibólio-monzogranitos (BAMZG), dominantes e hospedeiras da mineralização e, de forma subordinada, os biotita-anfibólio-granodioritos (BAGRN). Na SIP foram reconhecidos anfibólio-granodiorito (AGRN), anfibólio-monzogranito (AMZG) e anfibólio-sienogranito (ASG). As rochas da SIC, SIP e as da porção noroeste do CC são isotrópicas, enquanto as da porção sudeste apresentam leve deformação. De modo geral, são rochas de granulação média a grossa e de texturas granular hipidiomórfica, granofírica e microporfirítica. A separação das unidades foi reforçada por meio da composição das principais fases máficas: biotita e anfibólio. Os anfibólios da fácies ABGRN do CC são Mg- hornblenda, enquanto os das rochas da SIC e SIP apresentam composição de Fe-hornblenda, dominante e subordinada Fe-tschermakita. As biotitas do ABGRN do CC e dos BAGRN e BAMZG da SIC foram caracterizadas como primárias, enquanto as do BLSG do CC como reequilibradas. As biotitas dessas unidades (CC e SIC) se assemelham em composição a biotitas de granitos cálcico-alcalinos. O estudo geoquímico permitiu definir assinatura cálcio- alcalina de alto-K, caráter metaluminoso a peraluminoso, padrão multielementar relativamente similar, assim como enriquecimento dos elementos terras raras leves (ETRL) em relação aos pesados (ETRP). As características geoquímicas e os estudos de correlação indicam uma evolução geodinâmica envolvendo um contexto orogênico relacionado a um ambiente de subducção, onde foram gerados as rochas do CC, seguido por um ambiente transicional entre um contexto convergente e um contexto extensional intracontinental, marcado pela geração das rochas da SIC e SIP. Estudos geoquímicos comparativos foram realizados com unidades já estudadas e que ocorrem nas proximidades do depósito São Chico. Dentre elas, o Granito Palito, o Granodiorito Parauarí e as rochas representantes do Complexo Cuiú-Cuiú, Suíte Intrusiva Creporizão e Suíte Intrusiva Parauarí descritas pela CPRM apresentam boa correlação com as unidades estudadas neste trabalho. Por outro lado,  o Granito São Jorge Antigo, o Granodiorito Fofoquinha e o Granito Jardim do Ouro apresentaram um padrão geoquímico distinto das rochas aqui estudadas.

  • KELLY SILVA OLIVEIRA
  • ANÁLISE MINERALÓGICA POR DIFRATOMETRIA DE RAIOS-X E MÉTODO DE ANÁLISE DE AGRUPAMENTO (CLUSTER ANALYSIS) COMO CRITÉRIO PARA INDIVIDUALIZAÇÃO DE HORIZONTES BAUXÍTICOS

  • Data: Mar 8, 2017
  • Show resume
  • A formação de amplos perfis de alteração tal como os depósitos bauxitíferos, durante o período cenozoico na Amazônia é resultante de um intenso intemperismo causado por um clima sazonal, quente e úmido característicos desta região. A Província Bauxitífera de Paragominas, localizada na porção leste do Estado do Pará e oeste do Maranhão, ocupa uma área de aproximadamente 50.000 km2 e configura-se como o maior agrupamento de bauxitas do Brasil. Neste trabalho foi utilizado a Difratometria de Raiox-X, uma técnica que requer pouco tempo de análises, etapas mínimas de pré-tratamento e quantidades pequenas de amostra, associada à Análise Estatística por Agrupamento (Cluster Analysis) na individualização  dos  horizontes  bauxíticos  da  mina  Miltônia  3,  Paragominas-PA.  Os resultados obtidos foram correlacionados com as análises químicas tradicionais que são utilizadas no controle de qualidade e processamento das bauxitas. As amostras utilizadas neste trabalho e os resultados de análises químicas (teores de Alumina Aproveitável e Sílica Reativa) foram disponibilizadas pela empresa Norsk Hydro. Inicialmente, foram definidos os tipos mineralógicos do minério através do uso da análise por agrupamento com os dados da Difratometria de Raios-X em um conjunto de amostras de duas seções (HIJ-229 e HIJ-231) da malha de sondagem, cada seção compreendendo 23 furos, totalizando 375 amostras analisadas. Com base na posição e intensidade dos picos nos difratogramas, foi possível fazer a distinção dos horizontes bauxíticos. Devido à semelhança no conteúdo mineralógico desses horizontes, as diferenças encontradas nesses grupos referem-se as proporções dos principais minerais constituintes: gibbsita, caulinita, goethita, hematita e, mais raramente, quartzo e anatásio. Através da análise por agrupamento foi possível realizar uma separação das amostras por grupos cujos difratogramas eram similares. Além de facilitar a análise de um grande número de amostras de forma rápida e com resultados eficientes. Foi possível ainda, observar uma boa correlação dos agrupamentos com os litotipos identificados pela empresa Norsk Hydro através dos resultados da análise química. Desta forma, a análise de clusters em difratogramas de amostras de minério de alumínio pode vir a ser uma ferramenta eficiente auxiliando nos protocolos de beneficiamento desse material.

  • CLÁUDIA DANIELE DE LIMA DA SILVA
  • ESTUDO ISOTÓPICO DE ROCHAS E MINÉRIO DO DEPÓSITO CUPRO-AURÍFERO DO SOSSEGO (CARAJÁS-PA)

  • Data: Mar 7, 2017
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  • O depósito de Cu-Au Sossego está localizado na Província Mineral de Carajás (PMC), estado do Pará. Encontra-se em uma zona de cisalhamento de direção WNW- ESE, que marca o contato da Bacia Carajás com seu embasamento. Nessa zona ocorrem outros depósitos cupro-auríferos com características similares de origem hidrotermal, que compõem o Cinturão Sul do Cobre. Eles têm sido enquadrados na classe IOCG (Iron Oxide-Copper-Gold), embora muitas dúvidas ainda existam quanto a sua gênese, principalmente no que diz respeito à idade da mineralização e das suas rochas hospedeiras. No caso do depósito Sossego, as rochas hospedeiras estão representadas principalmente pelo Granito Sequeirinho (GSQ), Milonito rico em biotita (MB), Gabro- diorito (GD) e Diabásio (DB), todas variavelmente alteradas. Os corpos de minério são representados por veios e zonas de stockwork, que localmente formam corpos brechoides com matriz de sulfetos. O estudo minerográfico no depósito permitiu identificar calcopirita, magnetita e pirita, e quantidades subordinadas de siegenita, millerita e rutilo. A idade obtida pelo método U-Pb por LA-ICP-MS em cristais de zircão do GSQ (2989 ± 11 Ma) foi interpretada como datando o magmatismo mais antigo registrado na PMC. Análises Pb-Pb em rocha total em GD e DB, e em lixiviados do Corpo Sequeirinho indicaram amostras altamente radiogênicas que, em função do relativamente baixo erro analítico, produziram retas com altos MSWD e desvios sobre as “idades”, o que foi interpretado como resultado de uma abertura do sistema isotópico, já que os valores são  intermediários entre a idade admitida para as rochas hospedeiras e a das intrusões proterozoicas do depósito, que devem ter afetado os sistemas geoquímicos. A idade obtida a partir dos lixiviados de calcopirita do Corpo Sequeirinho (2666 ± 580 Ma), apesar do grande desvio, permitiu relacionar a mineralização ao magmatismo neoarqueano e à inversão da Bacia Carajás. Os eventos que ocorreram nesse período (2,74 e 2,68 Ga) teriam facilitado a percolação de fluidos hidrotermais responsáveis pela precipitação do minério de cobre. As retas com os menores desvios correspondem a lixiviados de calcopirita do Corpo Sossego que indicaram idades de 1887 ± 70 e 1884 ± 210 Ma, interpretadas como datando o mais jovem evento de formação da mineralização IOCG, associado à intensa granitogênese paleoproterozoica do tipo-A, representada pela Suíte Intrusiva Serra dos Carajás (1,88 Ga) da PMC.

  • ALAN RODRIGO LEAL DE ALBUQUERQUE
  • ESPELEOTEMAS FOSFÁTICOS EM CAVERNAS FERRÍFERAS DE CARAJÁS E UMA NOVA OCORRÊNCIA DE ESFENISCIDITA

  • Data: Feb 26, 2017
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  • A mineração de ferro no Brasil tem um importante papel na balança comercial favorável do país. O minério de ferro está entre os principais produtos de exportação e, por conta de sua intensa atividade de extração, novas políticas de controle ambiental estão sendo implementadas. Visando balancear a atividade econômica com a preservação do patrimônio ambiental, a partir de 2008, a catalogação e a classificação do grau de relevância de cavernas passaram a ser critérios de licenciamento ambiental para implantação de empreendimentos ligados a atividades minerárias. Isso motivou o desenvolvimento do presente trabalho de investigação acerca dos espeleotemas fosfáticos das cavernas ferríferas de Carajás, em que objetivou-se detalhar os minerais fosfáticos e sua gênese mediante dados geoquímicos, petrográficos, em conjunto com dados de difratometria de raios-X, análise térmica, infravermelho e microscopia eletrônica. A pesquisa consistiu no estudo de oito cavernas ao longo das encostas dos platôs de N4 e N5 da Serra Norte, Carajás. As curvas DSC-TG ajudaram na diferenciação de dois grupos de fosfatos, pois a leucofosfita-esfeniscidita apresentou dois eventos endotérmicos em 323,4 e 400°C atribuídos, respectivamente, à remoção de OH e NH4, enquanto a strengita-fosfosiderita não apresentou. O espectro no infravermelho permitiu a identificação do grupo funcional NH4, reconhecido pelas bandas de absorção centralizadas em 1430 e 3040 cm-1 que, associado a outros dados da pesquisa, puderam confirmar a presença da esfeniscidita. Os valores dos parâmetros de cela unitária da esfeniscidita, calculados pelo refinamento Rietveld em dados de DRX, revelaram dimensões e angulações ligeiramente menores ao descrito na literatura (a = 9,803 Å, b = 9,722 Å, c = 9,858 Å, β =102,78°); isso deve-se a uma maior substituição de K por NH4 e Al por Fe. Baseado nos dados geoquímicos dos espeleotemas fosfáticos e da laterita fosfatizada, observou-se um enriquecimento considerável de P2O5, Zn, Ni e Rb quando comparados aos teores encontrados no saprólito de jaspilito e na crosta laterítica. Os dados geoquímicos e petrográficos, associados à presença do guano no interior das cavernas, apontaram forte relação genética entre os minerais fosfáticos e os excrementos de morcegos. O guano, ao sofrer decomposição, liberou ácido fosfórico que, ao percolar o substrato laterítico, reagiu e substituiu hidróxidos de ferro por minerais fosfáticos, com concomitante assimilação dos elementos metálicos, que por sua vez foram bioacumulados ao longo da cadeia alimentar dos morcegos, com uma alimentação de plantas ou insetos.

  • LEONARDO BOIADEIRO AYRES NEGRAO
  • QUÍMICA, MICROMORFOLOGIA E REFINAMENTO POR RIETVELD DAS FASES MINERAIS DA ARGILA DE BELTERRA EM RONDON DO PARÁ

  • Data: Feb 20, 2017
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  • Depósitos de bauxitas na região amazônica são comumente cobertos por argilas de coloração amarelada ou avermelhada que podem chegar a 25 m de espessura, denominadas de Argila de Belterra (ABT), termo atribuído a esse material após Sombroek em 1966 descrever argilas similares, porém sem relação com as bauxitas, na região de Belterra, Baixo Amazonas. Em Rondon do Pará, as ABTs possuem entre 10 e 13 m de espessura e cobrem reservas de bauxita de classe mundial. Amostras representativas da ABT de três lavras piloto de bauxita (Branco, Décio e Ciríaco), foram estudadas. A ABT sotopõe perfis laterítico-bauxíticos que consistem em horizontes bem definidos, da base para o topo compostos por: argila bauxítica, seguida por bauxita maciça, crosta ferroaluminosa maciça, crosta ferroaluminosa desmantelada, esferólitos ferruginosos e um horizonte com nódulos bauxíticos tipo popcorn envoltos por matriz argilosa. Em contato discordante e ondulado com o perfil laterítico sotoposto, a ABT é marrom avermelhada na base indo a tons amarelados em direção ao topo, apresenta aspecto homogêneo sem estruturas sedimentares visíveis, silte-argilosa e com fragmentos de bauxita porcelanada (tipo popcorn) em sua base. A composição mineral do material é dominada por caulinita, com Al-goethita, gibbsita, hematita, anatásio e quartzo residual. A razão SiO2/Al2O3 em torno de 1,05 é menor que a teórica de caulinita (1,178), confirmando a existência de gibbsita e ainda Al-goethita. Conforme observado por DRX a caulinita é de baixa ordem estrutural, evidenciado pela baixa distinção do triple localizado na região 19-22° 2ϴ (ânodo de Cu) e por esse mineral não ter correlação satisfatória com nenhum modelo estrutural ICSD de caulinita, o que foi considerado a principal dificuldade de aplicação do método de Rietveld. A Al-goethita possui cerca de 32% mol de Al e é responsável pela tonalidade ocre/amarelada da ABT. Esse mineral associado à hematita e a hidróxido de Fe amorfo (até 0,5% de Fe) é responsável por teores de Fe2O3 de até 13%. Quartzo raramente excede 1% e consiste em fragmentos em meio a matriz argilosa. Anatásio se apresenta em teores entre 2,4 e 2,8%. Conforme observado sob MEV, excetuando-se o quartzo, os minerais constituem cristais pseudo-hexagonais medindo entre 150 e 700 nm. O comportamento térmico do material confirma sua composição mineralógica e, a quantificação mineral a partir de análises termogravimétricas, está de acordo com as obtidas pelo método de Rietveld e por estequiometria (FRX), embora uma correlação precisa entre os métodos seja ainda inviável.

2016
Description
  • ELMA COSTA OLIVEIRA
  • GEOQUÍMICA ELEMENTAL E ISOTÓPICA Pb-Sr-Nd DOS SEDIMENTOS DE FUNDO DO SISTEMA ESTUARINO DE BELÉM E DO LITORAL PARAENSE

  • Data: Dec 19, 2016
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  • O crescimento urbano, desordenado na região metropolitana de Belém - estado do Pará, nos últimos anos, tem refletido diretamente na qualidade das águas e sedimentos da baía do Guajará, elemento hidrológico de maior extensão do sistema estuarino de Belém. Este trabalho teve como objetivo principal realizar uma investigação de geoquímica elemental e isotópica dos sedimentos de fundo da margem oeste da baía do Guajará e do rio Carnapijó para entender as possíveis variações geográficas e temporais recentes dos teores dos metais pesados (Cu, Cr, Ni, Pb e Zn) e da assinatura isotópica de Pb, e avaliar a degradação ambiental gradativa no sistema hidrográfico de Belém. Em complemento, foi desenvolvido um estudo visando identificar variações geoquímicas e isotópicas, utilizando os elementos Sr, Nd e Pb para contribuir no estudo da proveniência dos sedimentos de fundo em locais selecionados do litoral paraense. Os sedimentos de fundo da margem oeste da baía do Guajará e do rio Carnapijó apresentam homogeneidade mineralógica. A composição textural varia de areia a areia síltica e reflete condições hidrodinâmicas muito altas. Uma datação pelo método 210Pb indica uma taxa de sedimentação em torno de 0,7 cm.ano-1 para a margem oeste da baía do Guajará. Os teores de metais traço na fração fina dos sedimentos da margem oeste da baía do Guajará e do rio Carnapijó indicam que ainda não há contribuição antropogênica expressiva nas concentrações de Cu, Cr, Ni e Zn para esses setores do sistema hidrográfico de Belém, porém sugerem um processo incipiente de ação antrópica no caso do Pb. As concentrações trocáveis de Cu, Cr, Ni, Pb e Zn abaixo do valor de referência TEL indicam que os metais não causam efeitos danosos a biota. A comparação com os teores dos mesmos metais nos sedimentos da orla de Belém aponta para uma contribuição maior, nesses últimos, dos efluentes domésticos e rejeitos industriais para Pb e Ni, seguido pelo Cr e praticamente inexistente para o Cu e Zn. As assinaturas isotópicas dos sedimentos da margem oeste da baía do Guajará confirmam uma contribuição antropogênica para o Pb na escala de toda a baía. O processo de acumulação de Pb se tornou mais eficiente nos últimos 10 anos e deve estar ligado ao crescimento populacional acelerado da cidade de Belém. Os sedimentos do rio Carnapijó ainda não foram afetados pela ação antrópica e os valores médios de concentração (Pb = 19,6±3,7 mg kg-1) e assinatura isotópica (206Pb/207Pb = 1,196±0,004) confirmam os valores de background de Pb anteriormente propostos para o sistema hidrográfico da região de Belém, podendo ser utilizados como referência em estudos futuros de geoquímica ambiental no sistema estuarino de Belém. As assinaturas isotópicas do material em suspensão nas margens oriental (206Pb/207Pb =1,188) e ocidental (206Pb/207Pb =1,174) da baía do Guajará mostram que o material em suspensão é um meio eficiente de transporte do chumbo proveniente dos efluentes domésticos e industriais da cidade de Belém para a margem oeste da baía, em razão dos efeitos de maré na confluência com o rio Guamá. As composições isotópicas de Pb ao longo dos testemunhos mostram uma diminuição da razão 206Pb/207Pb para valor de até 1,180 nos 20cm mais superficiais dos testemunhos da margem oeste da baia do Guajará, não observada nos testemunhos do rio Carnapijó. Essa diminuição indica uma provável contribuição antropogênica nos últimos 15 anos na margem oeste da baia do Guajará. A proveniência dos sedimentos de fundo em três setores da Zona Costeira Amazônica no litoral paraense (Foz do rio Amazonas, Golfão Marajoara e setor norte das Reentrâncias Paraenses) foi investigada através da geoquímica elementar e isotópica Sr-Nd- Pb. Para os sedimentos de fundo dos três setores, as assinaturas geoquímicas apontam para uma proveniência a partir de unidades geológicas félsicas da crosta continental superior. Os sedimentos do Canal Sul do rio Amazonas, a norte da ilha do Marajó (Foz do rio Amazonas) apresentaram teores menores de Na2O e K2O e CIA maior, indicando um maior grau de intemperismo. As assinaturas isotópicas distintas de Sr, Pb e, principalmente, Nd dos sedimentos dos três setores estudados indicam fontes distintas em natureza e idade. Os sedimentos da Foz do rio Amazonas são provenientes predominantemente dos Andes  e regiões sub-andinas, como já demonstrado em trabalhos anteriores. As assinaturas de Sr mais radiogênicas e valores mais negativos de ƐNd  dos sedimentos da baía do Guajará e rios Carnapijó  e Guamá,  no  setor  de  Belém,  Golfão  Marajoara  (0,7267<87Sr/86Sr  <0,7316;-17,97<ƐNd<-13,58) e dos estuários dos rios Caeté e Maracanã, setor norte das Reentrâncias Paraenses (0,7220<87Sr/86Sr <0,7264; -24,05<ƐNd<-17,58) indicam uma contribuição maior de rochas pré-cambrianas nas suas fontes. As idades modelo Nd-TDM (1,62-1,99 Ga) dos sedimentos do Golfão Marajoara sugerem uma participação predominante das unidades metassedimentares da Faixa Araguaia e subordinada das unidades magmáticas e metamórficas do embasamento da Província Tocantins. As idades modelo Nd-TDM (1,70-2,83 Ga) dos sedimentos dos estuários dos rios Caeté e Maracanã retratam uma forte contribuição das rochas do embasamento pré-cambriano (Fragmentos do Cráton de São Luís e Cinturão Gurupi) que afloram na região costeira do nordeste Paraense.

  • PAULA ELISSA ANTONIO DE LIMA
  • CAULIM CALCINADO: ESTUDO CINÉTICO DA DISSOLUÇÃO DO ALUMÍNIO EM MEIO ÁCIDO E APLICAÇÃO COMO PRECURSOR NA PRODUÇÃO DE SÍLICA POROSA

  • Data: Dec 19, 2016
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  • O estudo cinético da dissolução do metacaulim (caulim calcinado) foi desenvolvido para o caulim de cobertura de papel oriundo da região do Rio Capim (Estado do Pará, norte do Brasil). O caulim foi calcinado a 700ºC por 2 horas para obtenção do metacaulim e, em seguida, lixiviado com ácido sulfúrico, clorídrico e nítrico nas temperaturas de 95ºC, 80ºC e 70ºC ± 3°C. Nas lixiviações foram usados excessos ácidos correspondentes a 5%. Foram coletadas amostras, com intervalos pré-determinados a cada 15 minutos até tempo total de 3 horas, as quais foram submetidas à análise de alumínio através do método titrimétrico com EDTA. Foram obtidas extrações finais de alumínio de 97,42%, 97,99% e 95,9% para o ácido sulfúrico, clorídrico e nítrico, respectivamente. O ácido clorídrico foi o mais rápido e o ácido nítrico apresentou um comportamento semelhante ao do ácido sulfúrico. Foram utilizados modelos cinéticos de reação homogênea (Método Integral, Método das Meias-Vidas e Método das Velocidades Iniciais) e heterogênea (Shrinking Core Model). O modelo cinético que melhor se ajustou aos dados obtidos foi o Shrinking Core Model considerando partículas esféricas com tamanho constante. Trata-se de um processo quimicamente controlado, com reação de primeira ordem em relação ao alumínio do metacaulim, de primeira ordem em relação à concentração do ácido sulfúrico, clorídrico ou nítrico e energias de ativação equivalentes a 87,78 kJ/mol, 90,60 kJ/mol e 91,58 kJ/mol, respectivamente. Pesquisas realizadas anteriormente, utilizando excesso de um dos reagentes acima de 50%, estão em consonância com os dados encontrados neste trabalho desenvolvido com excesso ácido de apenas 5%. O estudo da utilização do caulim calcinado como precursor na produção de sílica porosa foi desenvolvido a partir do sólido obtido no processo de lixiviação com ácido sulfúrico. O material lixiviado era um sólido microporoso, com teor de sílica de 86,7%, elevada área específica (297,13 m²/g) e capacidade de adsorção de umidade compatível com sílica gel comercial.

  • BRUNO LUIS SILVA PINHEIRO
  • PETROLOGIA E GEOTERMOBAROMETRIA DAS ROCHAS METAMÓRFICAS DO CINTURÃO ARAGUAIA: REGIÃO DE XAMBIOÁ-ARAGUANÃ (TO)

  • Data: Dec 16, 2016
  • Show resume
  • Visando contribuir para o entendimento dos processos metamórficos das rochas do Cinturão Araguaia (CA), esta tese apresenta dados de campo e modelagem metamórfica, utilizados como ferramentas para a obtenção das condições máximas de P-T alcançadas pelas unidades situadas na região de Xambioá e Araguanã, no noroeste do estado do Tocantins. As rochas estudadas são cinco amostras de Estaurolita-granada-biotita-muscovita xisto com cianita e uma amostra de Granada anfibolito, pertencentes à Formação Xambioá e Suíte Gabroica Xambica, respectivamente. O estudo do metamorfismo se deu por meio de análises petrográficas, químicas de rochas e minerais das principais associações de rochas pelíticas, semipelíticas e máficas que compreendem a zona de maior grau metamórfico do Cinturão Araguaia, para posterior análise por modelamento metamórfico no sistema NCKFMASH e geotermobarometria otimizada, no modo avPT, no programa THERMOCALC, bem como pelo software Hb-Pl, o que possibilitou identificar as condições P-T de pico metamórfico. Além de definir a idade aproximada do metamorfismo utilizando o método Ar-Ar em biotita e anfibólio. O estudo petrográfico-mineralógico identificou as principais paragêneses minerais nos micaxistos estudados como St + Grt +Bt + Ms + Qtz ± Pl (An12-31) +Ky, e nos anfibolitos Hb + Grt + Bt + Pl (An12-25). Os resultados de química mineral mostraram que a composição da granada das seis amostras é dominada pela molécula da almandida, a qual é seguida por piropo, espessartita, grossulária e andradita, ocorrendo aumento de Fe2+  e Mg dos núcleos para as bordas, com concomitante diminuição de Mn e Ca. Os teores mais elevados de Fe e Mg em direção as bordas indicam aumento nas condições de temperatura durante o desenvolvimento do mineral. A composição das biotitas apresenta-se na transição dos campos da biotita - flogopita, se tornando uma mica ferromagnesiana. A estaurolita do núcleo para a borda se enriquece em Fe2+ e se empobrece em Mg, o que pode sugerir reações no contato com a matriz e/ou com as micas ou granada. O modelamento metamórfico no sistema NCKFMASH resultou em pseudosseções com topologias semelhantes para as amostras BP002, BP149 e BP299, sugerindo que as condições metamórficas máximas que elas foram submetidas são semelhantes, situando-se dentro de uma janela P-T com pressão de aproximadamente 7 - 9 kbar e temperatura de 630 - 665 °C. Os modelos de isopletas composicionais dos minerais calculados nas pseudosseções indicam uma maior participação do Mg e uma menor participação de Ca na composição dos principais minerais conforme o aumento das condições P-T metamórficas na região, compatível com os resultados de química mineral das rochas estudadas. O plagioclásio e granada da amostra BP002 apresentam-se como bons indicadores das condições de metamorfismo, com valores de 8 kbar e 660 °C, na qual a variação núcleo-borda de Ca e Na em cristais de plagioclásio e a variação núcleo-borda nos teores de ferro nas granadas mostram trajetória metamórfica progressiva tipo bárica, representada por uma curva de pequena inclinação, vindo do campo trivariante Chl+Grt+Bt+Ms. As estimativas P-T obtidas no modo avPT do THERMOCALC em todas as amostras selecionadas (BP002, BP005, BP009, BP149, BP299 e BP006), assim como no software Hb-Plag nos anfibolitos (BP006), apresentaram-se bastantes coerentes e consistentes com os cálculos das condições de pico metamórfico via THERMOCALC para as rochas da região de Xambioá-Araguanã, embora haja discrepâncias dos resultados calculados. Todos os resultados P-T calculados são compatíveis com o campo da fácies anfibolito da série média P- T, típico de ambiente de cinturões orogênicos continentais e, portanto, característicos de colisões continentais. Condições metamórficas estas são reforçadas com os resultados de química mineral dos anfibólios cálcicos que sugerem as mesmas condições de média pressão do terreno de Dalradian da Escócia. As idades Ar-Ar em minerais obtidas nos metapelitos e anfibolitos situam-se em torno de 504 Ma, que são mais jovens que as idades K-Ar (520-560 Ma) e são interpretadas como relacionadas ao arrefecimento termal na evolução metamórfica do Cinturão Araguaia na interface Neoproterozóico-Paleozoico, no final do Ciclo Brasiliano. Isto demonstra que o auge do metamorfismo atingiu a fácies anfibolito médio e sugere que sua idade tenha sido próxima, por estar dentro do erro da idade química U-Th-Pb em monazitas de biotita xisto feldspático (513 ±14 Ma) da região de Presidente Kennedy (TO), interpretada como uma idade mais jovem do que a média das idades avaliadas para o metamorfismo do Cinturão Araguaia (550 – 530 Ma).

  • WILSON DA ROCHA NASCIMENTO JUNIOR
  • ANÁLISE DA DINÂMICA DAS ÁREAS DE MANGUEZAL NO LITORAL NORTE DO BRASIL A PARTIR DE DADOS MULTISENSORES E HIDROSSEDIMENTOLÓGICOS

  • Data: Dec 16, 2016
  • Show resume
  • O objetivo desta pesquisa é analisar a dinâmica das áreas de manguezal no litoral norte do Brasil a partir de imagens de sensores remotos orbitais e dados hidrossedimentológicos (vazão e concentração de sedimentos em suspensão). Buscamos compreender a existência de causalidade entre a expansão ou retração dos manguezais com a descarga sólida em suspensão calculada a partir de dados de vazão e concentração de sedimentos em suspensão. Os manguezais foram mapeados, utilizando a técnica de classificação orientada ao objeto, nos anos de 1975, 1996 e 2008 tendo como base dados de sensores imageadores na faixa das microondas (RADAM/GEMS; JERS-1; ALOS/PALSAR). Foram utilizados os dados de estações fluviométricas e sedimentos da Agência Nacional de Águas para calcular a descarga sólida em suspensão nos rios Araguari, Gurupi, Pindaré, Grajaú e Mearim buscando relacionar a acresção e erosão nas áreas de manguezal com a carga sedimentar dos rios que deságuam no litoral. As variações de vazão refletem a precipitação nas sub-bacias dos rios analisados e apresentaram correlação forte e moderada com as anomalias de temperatura na superfície do oceano Pacífico evidenciando uma relação dos fenômenos El Niño e La Niña com os regimes de precipitação na Amazônia. As variações de concentração de sedimentos em suspensão não apresentaram relação com a variação fluviométrica sugerindo que as oscilações médias anuais são reflexos de outros fenômenos (cobertura e uso do solo). Os resultados mostram que as áreas drenadas das sub-bacias mais impactadas pela ação antrópica contribuem com uma carga sedimentar superior a rios  que possuem maior concentração de floresta nativa. A vegetação nativa contribui para a contenção da erosão do solo e as áreas de solo exposto e pastagem são mais vulneráveis a erosão dos solos. Os rios Gurupi, Pindaré, Grajaú e Mearim apresentaram carga sólida em suspensão superior ou igual ao rio Araguari. Analisando os manguezais nos estuários percebemos a acresção dos manguezais nas margens nos estuários dos rios Gurupi e Mearim (Baia de São Marcos) e a diminuição das áreas de manguezal no estuário do rio Araguari. A zona costeira amazônica está sujeita a processos naturais de grande magnitude, porém as atividades atrópicas influenciam na dinâmica natural da região  ao implementar práticas econômicas ambientalmente insustentáveis.

  • MARCELA DA SILVA SANTOS
  • GRANITOIDES TTG DE ÁGUA AZUL DO NORTE: IMPLICAÇÕES TECTÔNICAS PARA A PROVÍNCIA CARAJÁS

     

  • Data: Dec 15, 2016
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  • As rochas que constituem a crosta TTG da área de Água Azul do Norte são dominantemente trondhjemíticas e mostram fortes afinidades geoquímicas com as demais ocorrências TTG do Domínio Carajás (trondhjemitos Rio Verde, Colorado e de Nova Canadá) e diferem daquelas do Domínio Rio Maria (tonalitos Caracol, Arco Verde, Mariazinha, trondhjemitos Mogno e Água Fria) por apresentarem termos mais evoluídos, conteúdos menos expressivos de minerais acessórios primários e serem essencialmente peraluminosas, com ausência de plagioclásio intensamente descalcificado. Apresentam médias e altas razões La/Yb e Sr/Y, e baixas de Nb/Ta, indicando que tais rochas foram formadas a partir da fusão parcial de metabasaltos, previamente transformados em granada-anfibolito, em condições de altas á intermediárias pressões (~1,0-1,5 GPa). Os megas enclaves tonalíticos identificados possuem características mineralógicas e geoquímicas particulares, que não permitem associá-los às típicas associações TTG. Exibem anfibólio modal em quantidades expressivas (> 5%), elevados conteúdos de Fe2O3, MgO, CaO, Ni e Cr, e ainda, um padrão ETR horizontalizado (baixos valores das razões La/Yb), o que reflete seu caráter menos evoluído quando comparados aos granitoides TTG. Os baixos valores das razões La/Yb e Sr/Y indicam que estas rochas foram geradas fora do campo de estabilidade da granada, em condições de pressão inferiores àquelas dos granitoides TTG (≤ 1,0 GPa). Estes representariam magmas de comportamento transicional entre os típicos TTGs e rochas afins de sanukitoides. O caráter menos evoluídos dos enclaves em relação às rochas do Tonalito São Carlos, que até então representaria o fragmento mais antigos da crosta mesoarqueana no Domínio Carajás, juntamente com seu padrão estrutural caótico, sugerem que estes possam representar partes preservadas de uma crosta ainda mais antiga. Os dados estruturais sugerem que a crosta TTG registra pelo menos dois importantes momentos de deformação atuantes na área com eixos de encurtamento principal coincidentes (N10-20ºE). O primeiro momento (D1 ~2,93 Ga) é evidenciado pelo bandamento composicional (E-W) gerado por um forte componente de cisalhamento puro durante a colocação dos granitoides TTG. A fase tardia de deformação dúctil (D2 ~2,87 Ga), dada sob condições de metamorfismo de fácies anfibolito médio (550ºC), é marcada pela transposição de cisalhamento simples e puro das estruturas pretéritas, e que deram origem aos padrões de foliação NW-SE, N-S, NE-SW e E-W. Esse momento de deformação está diretamente ligado às intrusões tardias de leucogranitos sin a pós-tectônicos de idade mesoarqueana. A deformação transpressiva identificada na área sugere que as convergências de placa foram atuantes durante o período de 2,93 e 2,87 Ga, sendo que durante a última fase da transpressão, o strain foi particionado, com a tensão total de cisalhamento simples acomodado em zonas e bandas de cisalhamento. Uma consequência disso seria a preservação de regiões de baixa deformação entre zonas de cisalhamento, controladas por cisalhamento puro. A existência de uma crosta TTG na região de Àgua Azul do Norte composicionalmente distinta daquela do Domínio Rio Maria, aliado a um complexo padrão deformacional que quase sempre está associado a processos de migmatização, sugerem que esta porção do Domínio Carajás não representa uma extensão do Domínio Rio Maria, e sim, um fragmento de crosta mesoarqueano independente sem registros da atuação de eventos neoarqueanos, o que também não estaria em conformidade com a definição atribuída ao Subdomínio Sapucaia.

  • PALOMA MARIA PINTO CAMARGO
  • EVOLUÇÃO DOS PÂNTANOS DA REGIÃO CENTRAL DA PENÍNSULA DE BRAGANÇA-PA DE ACORDO COM AS MUDANÇAS DO NÍVEL RELATIVO DO MAR DURANTE O HOLOCENO

  • Data: Dec 7, 2016
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  • Esta pesquisa integra dados de geomorfologia, feições sedimentares, pólen, diatomáceas, isótopos, mineralogia, análises químicas e datações C-14 obtidos de testemunhos da Península de Bragança, litoral do Pará. Os dados polínicos indicam que a zona central e topograficamente mais elevada da Península de Bragança foi uma área dominada por manguezais, com ampla expansão de árvores de Avicennia, presença de diatomáceas marinhas, uma tendência de aumento de matéria orgânica sedimentar de origem estuarina e uma assembleia mineralógica formada principalmente por pirita e hematita típica de sedimentos redutores de manguezais entre >6300 e ~4900 cal anos AP. Entre 4900 e 4300 cal anos AP houve uma zona estéril, sem pólen que pode ser interpretada como um brusco desaparecimento da vegetação costeira (manguezal e pântanos salgados). Nesse intervalo ocorrem ainda espécies de diatomáceas marinhas e estuarinas, assim como um aumento na contribuição de matéria orgânica sedimentar de origem marinha e um desaparecimento de minerias tipicamente formados em ambientes redutoes. No Holoceno tardio (<4300 cal anos AP), o local de estudo foi recolonizado por ervas com árvores de Avicennia restritas às bordas da planície herbácea e uma significativa tendência de aumento da contribuição de matéria orgânica de origem terrestre (plantas C4), além da presença de resíduos de diatomáceas de água doce. A composição mineralógica é formada principalmente por minerais típicos de ambientes expostos a intensa evaporação. Nas últimas décadas existe uma tendência de migração dos manguezais por sobre superfícies mais elevadas ocupadas por ervas de metabolismos C3 e C4, assim como um aumento na contribuição de matéria orgânica de origem estuarina e uma tendência de incremento nas concentrações de Sr na superfície (últimos 10 cm). Tais dados sugerem fortemente uma dinâmica dos manguezais e pântanos salgados controlados principalmente pela variação do nível relativo do mar. Provavelmente, o aumento do nível relativo do mar pós-glacial contribuiu significativamente para a implantação e expansão dos manguezais na Península de Bragança com grande impacto na expansão de árvores de Avicennia, diatomáceas marinhas/estuarinas, aumento na contribuição de matéria orgânica de origem estuarina e favorecimento de ambientes adequados para a precipitação por exemplo de pirita. Entre 4900 e 4300 cal anos AP, provavelmente o nível relativo do mar continuou aumentando. Isso causou um aumento na contribuição de espécies de diatomáceas marinhas/estuarinas e matéria orgânica de origem marinha, porém o contínuo aumento do nível relativo do mar na área de estudo afogou os manguezais e vegetações associadas, causando o desaparecimento desses pântanos do local de estudo, e, consequentemente, desfavorecimento das condições de anoxia do substrato que inviabilizou a precipitação de minerais formados por S e Fe. Após 4300 anos, houve um aumento na contribuição de matéria orgânica de origem de plantas C4 terrestre, assim como a presença de fragmentos de diatomáceas de água doce. A composição mineralógica sugere um ambiente árido tipo sabkha. Tais dados sugerem uma diminuição no nível relativo do mar que causou a recolonização por ervas de metabolismos principalmente C4 com presença de árvores de Avicennia apenas nos setores topograficamente mais baixos da planície herbácea. Considerando as últimas décadas, a migração das árvores de Avicennia em direção aos campos herbáceos, assim como a tendência de aumento de matéria orgânica de origem estuarina e nas concentrações de Sr para o topo do testemunho analisado sugerem um aumento no nível relativo do mar.

  • HÉVILA DE NAZARÉ SILVA DA COSTA
  • MORFOLOGIA E ASSINATURA GEOQUÍMICA DE ZIRCÃO DA SUÍTE SANUKITOIDE RIO MARIA, PROVÍNCIA CARAJÁS: IMPLICAÇÕES PETROLÓGICAS

     

  • Data: Nov 29, 2016
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    O presente trabalho envolveu o estudo morfológico e composicional de zircão de rochas granodioríticas da Suíte Sanukitoide Rio Maria, Província Carajás. Para este estudo foram escolhidas cinco regiões inseridas nos domínios desta província, sendo elas: Rio Maria e Bannach, áreas-tipo do Sanukitoide Rio Maria, Ourilândia do Norte, contendo rochas granodioríticas correlacionáveis aos sanukitoides Rio Maria, São Félix do Xingu, onde ocorrem granodioritos tipo sanukitoides ainda pouco estudados, além do Granodiorito Trairão, região de Pau D’Arco, pertencente à Suíte Guarantã e geoquimicamente distinto dos sanukitoides. Os cristais de zircão foram estudados com o auxílio de imagens por elétrons secundários (ES), catodoluminescência (CL), análises semiquantitativas por espectroscopia de raios-X por dispersão de energia (EDS) através de um microscópio eletrônico de varredura (MEV), objetivando definir feições morfológicas e assinaturas geoquímicas características para os zircões de cada grupo de rocha, comparar os aspectos tipológicos entre eles e reafirmar a importância do zircão em estudos petrológicos e a metodologia MEV-CL-EDS como ferramenta de apoio para esses fins. O estudo morfológico foi realizado em zircões de dois grupos de rochas. No primeiro, formado por zircões da Suíte Sanukitoide Rio Maria, foram selecionados cento e dez cristais de zircão e no segundo, representado por zircões do Granodiorito Trairão, vinte e nove cristais. Os zircões do primeiro grupo apresentaram formas euédricas, subordinadamente subédricas, padrão de zoneamento bem definido, núcleos bem desenvolvidos e preservados de alteração, estreitas bordas luminescentes, sugerindo mudança composicional no final de sua cristalização, e rara a moderada presença de inclusões de F- apatita. Os zircões do Granodiorito Trairão mostraram formas euédricas a subédricas e zoneamento oscilatório bem definido. A presença de inclusões de F-apatita é recorrente nesta amostra, tanto no núcleo quanto nas bordas dos cristais, ora truncando, ora ocorrendo paralelamente às zonas de crescimento, sugerindo cristalização simultânea de ambos minerais. Realizou-se também o estudo tipológico nesses dois grupos de zircões. Os zircões dos sanukitoides Rio Maria são principalmente do tipo S18, com raras ocorrências do tipo P4. O segundo, representado por zircões do Granodiorito Guarantã, se correlacionam aos tipos S3 e S8. Análises semiquantitativas por ESD realizadas em zircões das cinco regiões estudadas foram comparadas e interpretadas em diagramas geoquímicos específicos. Os zircões dos sanukitoides de Rio Maria e Ourilândia do Norte apresentaram os menores conteúdos de Nb (1,0-1,8%), seguidos dos zircões das regiões de Bannach e Xingu (1,8-2,5%) e do Granodiorito Trairão (dominantemente entre 2,2-3,3%). Os zircões das rochas sanukitoides deRio Maria e Ourilândia do Norte apresentaram razões Zr/Nb mais elevadas, entre 30 e 50, e os do Granodiorito Trairão mais baixas, dominantemente entre 17 e 23. Os zircões dos sanukitoides de Bannach e Xingu apresentaram razões Zr/Nb intermediárias, entre 23 e 32. O diagrama Sr versus Zr/Nb mostra um trend negativo bem definido, com os zircões do Granodiorito Trairão mais enriquecidos em Sr (1,5 a 2,4%) e os dos sanukitoides de Rio Maria e Ourilândia do Norte mais empobrecidos (0,6 a 1,6%), com superposição parcial entre eles. Zircões dos sanukitoides de Bannach e Xingu apresentaram conteúdos intermediários de Sr (1,2 e 1,7%) e Zr/Nb (23 e 32), e plotaram entre os anteriores no diagrama. O estudo mostrou diferenças morfológicas, tipológicas e composicionais entre os zircões das rochas sanukitoides do sudeste do Pará, e entre esses e os do Granodiorito Trairão. De acordo com a tipologia proposta por Pupin (1980), essas diferentes características permitiram enquadrar os zircões das rochas sanukitoides e os do Granodiorito Trairão em dois grupos distintos, sugerindo que sua cristalização ocorreu em diferentes ambientes e temperaturas.

  • PATRICIA MAGALHAES PEREIRA SILVA
  • SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DO MATERIAL HIDROTALCITA-HIDROXIAPATITA E SUA APLICAÇÃO NA REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO DO ÓLEO DE SOJA

  • Data: Nov 28, 2016
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  • O desenvolvimento de novos materiais com propriedades distintas (ácido-base, compósitos, híbridos, entre outros) aliado em um único produto podem apresentar um desempenho relevante quanto à aplicação em processos de catálise. A hidrotalcita caracterizada por possuir alta área superficial e caráter básico, e a hidroxiapatita por possuir capacidade de troca iônica e caráter anfótero, podem ser sintetizadas como único material com potencial catalítico para a reação de transesterificação do óleo de soja, esta coexistência de fases em um único material representa uma nova forma de síntese com a vantagem de utilizar uma rota eficiente, de baixo custo e com diminuição no processo energético. Neste contexto, o objetivo geral deste trabalho é a síntese do material HT-HAp utilizando o método de co-precipitação e homogeneização em banho ultrassônico (2h/40°C), pH =10, envelhecimento (24h), filtragem e secagem (24h/80°C). Os materiais foram sintetizados variando a razão molar Mg/Al = 3, 1 e 0,33 e mantendo a razão Ca/P = 1,67. Para efeito de comparação foram sintetizados os materiais HT e HAp e calcinado o material com razão Mg/Al = 3 à temperaturas de 500 °C e 900 °C. Os ensaios catalíticos foram realizados nas seguintes condições reacionais: Tempo (4h), Temperatura (180°C), razão óleo: álcool (1:12) e 2,5% p/p do material. A caracterização físico química foi realizada por diferentes técnicas analíticas: Difração de Raios X (DRX), Espectroscopia na Região do Infravermelho (FTIR), Microscopia eletrônica de varredura (MEV), análise química por EDS, Análise Térmica (TGA/DTA), Análise Superficial (BEHT/BHJ). A atividade catalítica foi analisa pela aplicação dos testes de Hammett (Qualitativa e Quantitativo) e Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN 1H). O espectro de DRX apresentou os planos basais típicos da fase HT (003) (006) (009) (110) (113) e da fase HAp (002) (211) (300) (202) (213) (222), na razão Mg/Al = 1 e 0,33 houve o aparecimento da manasseita, polítipo da hidrotalcita. Os parâmetros de rede e o Volume da cela unitária calculados foram característicos das fases identificadas. A HT e HAp apresentaram morfologia lamelar e granular, e nos materiais HTHAp há presença de ambas as formas. As fases HT e HAp presentes nos materiais HTHAp apresentaram razões catiônicas de Mg/Al ~ 2 e Ca/P ~ 1,5, respectivamente. O espectro FTIR registrou as bandas características da HT e da HAp (OH-, CO32-, PO43- e a H2O). Os materiais apresentaram eventos de perda de massa endotérmico, com aparecimento de picos exotérmicos no material 0,33HTHAp, foram registados os eventos de desidratação, desidroxilação e descarbonatação. Os materiais apresentaram caráter básico na faixa de pKBH entre 6,8 e 9,8. Todos os materiais apresentaram a conversão do óleo de soja em mono ésteres (biodiesel) e no material 1HTHAp foi registrada a melhor taxa de conversão (70%).

  • LIDIANE CRISTINA LIMA DE ARAUJO
  • RECONHECIMENTO  DOS ELEMENTOS DEPOSICIONAIS  DA LAGOA DO VIOLÃO NA SERRA SUL DE CARAJÁS: UM ESTUDO A PARTIR DE REGISTROSSISMOESTRA TIGRÁFICOS

     

  • Data: Nov 21, 2016
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  • A sismoestratigrafia é uma das principais ferramentas utilizadas para a caracterização de sequências e fácies sísmicas, cuja interpretação é baseada nos conceitos de estratigrafia de sequências. O presente estudo objetiva o reconhecimento e mapeamento dos elementos sismo- deposicionais da Lagoa do Violão – Serra Sul de Carajás – visando compreender o seu preenchimento sedimentar, diante da importância de ambientes lacustres sob os aspectos paleoambientais, principalmente em regiões tropicais. A Lagoa do Violão está inserida no platô S11D, desenvolvida sobre crostas lateríticas ferruginosas a uma altitude ~720 m acima do nível do mar. É uma bacia hidrográfica de 1.836 km2, alongada na orientação NW-SE, morfologicamente, semelhante a um violão. As etapas da pesquisa incluíram aquisição, tratamento e interpretação dos dados sísmicos rasos. Para a aquisição foi utilizado o sistema Bathy 2010PC™ da marca SyQwest de frequências 12 kHz e 3,5 kHz operando simultaneamente com o auxílio de DGPS. Foram coletados 22 perfis entre os dias 08/09 e 12/09/2014, tratados nos softwares sísmicos Reflex Win e Kingdom® Suite. Os perfis de 12 kHz garantiram maior qualidade de informações em relação aos de 3,5 kHz, sendo escolhidos os seis mais representativos quanto aos elementos sismo-deposicionais e padrões de ecocaráter. Foram reconhecidas três unidades sismoestratigráficas (USI, USII, USIII), classificadas em ordem cronológica da base para o topo. As US’s repousam sobre o embasamento rochoso/acústico que afloram nas extremidades da lagoa, estendendo-se até 25 m em subsuperfície. Sua morfologia pode ser comparada a uma bacia de lavar roupa (“washing basin”) de margens íngremes e fundo relativamente plano. Seus refletores internos, por vezes descontínuos, compõem-se de baixa a média amplitude do sinal, ao contrário das suas superfícies limítrofes. A USI é caracterizada por uma sucessão progradacional, depositada a partir de fluxos gravitacionais que formam frentes deltaicas em condições de lagoa alta. A USII e USIII representam fácies plano-paralelas, concordantes entre si com refletores relativamente suaves. O reconhecimento de 7 ecofácies permitiu a relação entre as assinaturas acústicas presentes e dados de distribuição de sedimentos superficiais de fundo realizados em trabalhos anteriores, o qual possibilitou uma visão geral da deposição superficial da Lagoa do Violão, sendo os ecos de maior reflexão relacionados, predominantemente, a sedimentos lamosos com presença de turfas e, em alguns momentos, à lama orgânica ou oxidada, que favorecem a ocorrência de gases nos interstícios sedimentares oriundos da decomposição de matéria orgânica. Em contrapartida, reflexões de médio a baixo contraste de impedância se remetem a areia muito fina com teor de lama considerável e boa propagação. O reconhecimento e interpretação dos padrões sismoestratigráficos identificou diferentes processos de preenchimento sedimentar da Lagoa do Violão. A USI é caracterizada por uma sucessão progradacional dos estratos e, a medida que se aproxima do depocentro, os estratos das USII e USIII, se dispõem mais uniformes, em forma de drapes, sobre uma superfície parcialmente irregular sob condições de baixa energia influenciada por fluxos superficial e intermediário, cuja deposição se dá por suspensão.

  • IARA MARIA DOS SANTOS
  • ESTRATIGRAFIA E TECTÔNICA DA FAIXA PARAGUAI: IMPLICAÇÕES EVOLUTIVAS NEOPROTEROZÓICAS NO SUDESTE DO CRÁTON AMAZÔNICO

  • Data: Nov 11, 2016
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  • A Faixa Paraguai Norte, localizada a SE do Cráton Amazônico foi estabelecida durante os estágios finais do Ciclo Brasiliano (940-620 Ma.) marcado por colisões entre os crátons Amazônico, São Francisco e Rio de La Plata para compor o Supercontinente Gondwana Oeste. Este segmento tectônico é formado por rochas metassedimentares do Grupo Cuiabá (720 Ma.), provenientes de bacias marinhas profundas em margens passivas no contexto extensional da fragmentação do Supercontinente Rodínia (1,0 Ga.). Estas bacias foram afetadas por inversão tectônica, devido aos esforços advindos da Orogenia Brasiliana, promovendo metamorfismo regional e deformação cujo nível crustal dúctil está hoje aflorante. Subsequentemente, este orógeno foi soerguido, exposto à erosão e submetido a eventos extensionais, embasando bacias intracratônicas que compreende as rochas sedimentares da Formação Puga (635 Ma.), Grupo Araras (627±32), Formação Raizama (645±15 Ma.) e Formação Diamantino (541±7 Ma.) de ambiente plataformal moderadamente profundo a raso, com influência de tempestades, ambiente transicional com influência de marés e lacustre com migração de lobos deltaicos, respectivamente. Estas rochas têm sido atribuídas classicamente a uma Bacia Foreland, entretanto, em zonas de sutura antigas onde apenas as raízes dos orógenos estão expostas, estas bacias muito raramente são preservadas. Estas coberturas sedimentares exibem espessuras consideráveis e se destacam hoje no relevo em serras alinhadas e orientadas nas direções NE-SW e ENE-WSW. Na área investigada, neste setor da Faixa Paraguai Norte o Granito São Vicente (518 Ma.) e basaltos da Formação Tapirapuã (197 Ma.), expostos a SE e NW, representam as rochas intrusivas. As relações de contato entre as rochas metassedimentares do Grupo Cuiabá com as rochas sedimentares da Formação Puga, Grupo Araras e Grupo Alto Paraguai, são interpretadas como discordância erosiva e tectônica, levando em consideração os seus estilos de deformação. As rochas do Grupo Cuiabá (~720 Ma.) são compostas predominantemente por quartzo, plagioclásio, muscovita, fengita e biotita, indicativo de protólito pelítico de à fácies xisto verde de grau baixo. Estas rochas estão deformadas por zonas de cisalhamento dúcteis particionadas de direção NE-SW, quilométricas, descritas no Domínio Estrutural Transpressivo D1, subdividido em duas fácies de deformação, chamadas (1) D1-A e (2) D1-B: (1) D1-A é marcada pela presença de foliação contínua fina e lineações de estiramento mineral com rake médio de 40º, além de dobras dúcteis a dúcteis-rúpteis flexurais moderadamente inclinadas a recumbentes, assimétricas em “S” com movimentação sinistral, além de cavalgamentos dúcteis-rúpteis e bandas de cisalhamentos dúcteis-rúpteis transcorrentes destrais tardias; (2) D1-B é marcada pela presença de foliação milonítica suave a grossa, com lineação de estiramento mineral, com rake médio de 15º. Estas fácies de deformação são caracterizadas por fluxo transpressivo sinistral particionado dominado por cisalhamento simples, onde todas as estruturas indicam vergência tectônica de NW para SE, compatíveis com o quadro colisional existente ao final do Ciclo Brasiliano (620 Ma.). As rochas sedimentares sobrepostas em discordância estão deformadas por estruturas rúpteis agrupadas no Domínio Estrutural Transtensivo D2, tais como dobras de arrasto inclinadas a subverticais, assimétricas em “Z” indicando movimentação destral, além de falhas normais, e foliação cataclástica. As dobras nas rochas sedimentares indicam vergência de NW para SE e de NE para SW, e não foram geradas sob esforço tectônico dirigido. As falhas normais que deslocam as rochas sedimentares são relacionadas a eventos de reativações transtensivas de estruturas antigas, e estão relacionadas à geração de dobras de arrasto e grábens pós-paleozóicos afetando as bacias sedimentares dos Parecis e do Paraná. Veios de quartzo tardios ocorrem encaixados somente em rochas do Grupo Cuiabá. Os dados apresentados indicam que as rochas da Faixa Paraguai Norte foram afetadas por no mínimo dois episódios tectônicos: o primeiro relacionado ao estabelecimento do Orógeno Brasiliano composto somente por rochas do Grupo Cuiabá metamorfizadas e deformadas; e o segundo ligado a reativações transtensivas, responsáveis pelo estabelecimento de bacias sedimentares fanerozóicas e deformação rúptil por dobras e falhas normais nas rochas sedimentares da Formação Puga, Grupo Araras, Formação Raizama e Formação Diamantino.

  • DIWHEMERSON BARBOSA DE SOUZA
  • GEOLOGIA, GEOQUÍMICA E MINERALOGIA DOS CORPOS ANFIBOLÍTICOS DE ÁGUA AZUL DO NORTE: CONDIÇÕES METAMÓRFICAS E IMPLICAÇÕES TECTÔNICAS PARA O DOMÍNIO SAPUCAIA - PROVÍNCIA CARAJÁS

  • Data: Nov 9, 2016
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  • Os distintos corpos metamáficos identificados na área de Água Azul do Norte, porção centro- sul do Domínio Carajás, são intrusivos em um conjunto de granitoides TTG e compreendem duas variedades: (i) actinolita anfibolito, que ocorre como um corpo alongado de orientação N-S e inflexão para NE, com ~17 km de extensão, constituído essencialmente por plagioclásio e anfibólio, com relíquias de cristais de piroxênio e plagioclásio ígneos caracterizando textura blasto-subofítica; e (ii) diopsídio anfibolito, de ocorrência restrita, que aflora como pequenos corpos lenticulares, anastomosados e de orientação NW-SE, que apresenta textura nematoblástica e porfiroblástica, foliação milonítica e pares S-C. As paragêneses minerais reconhecidas nessa unidade incluem: Plg+Amph+Di+Ilm, que representa o pico metamórfico, e Plg+Amph+ Ep+Clz+Tit+Ap+Qtz+Ser, relacioanda ao retrometamorfismo. O plagioclásio do actinolita anfibolito varia de oligoclásio cálcico a labradorita cálcica (An28-65), sendo que as composições mais cálcicas destes cristais representam heranças ígneas. O plagioclásio do diopsídio anfibolito possui composição química mais homogênea e é classificado como andesina sódica (An31-35). O anfibólio do actinolita anfibolito apresenta-se zonado, com razão Mg/Fe mais elevada em relação ao anfibólio do diopsídio anfibolito, sendo classificado como Mg-hornblenda,  tschermakita,  actinolita  e  edenita.  No  diopsídio  anfibolito,  o  anfibólio

    apresenta razão Mg/Fe levemente menor, além de conteúdos de AlVI de ~0,4 e de Fe3+ entre 0,7 e 0,8, o que permite classificá-lo como Mg-hastingsita. Considerando os dados químicos, o protólito dessas rochas apresenta composição compatível com a de basaltos toleíticos, padrão multielementar de toleítos continentais (diopsídio anfibolito) e toleítos de baixo K (actinolita anfibolito), as razões de elementos incompatíveis (HFSE) sugerem fonte derivada do manto primitivo, com mudanças significativas na composição do magma devido à interação com a crosta continental e/ou a litosfera subcontinental. As evidências químico- mineralógicas e texturais indicam que o protólito do actinolita anfibolito sofreu deformação em estágio submagmático e, posteriormente, deformação no estado sólido em profundidades rasas. Em contrapartida, o diopsídio anfibolito foi submetido a regime de deformação dúctil em maior profundidade. A trajetória metamórfica do actinolita anfibolito revela descompressão isotermal (com pico metamórfico em 2,7 kbar e 430 °C e equilíbrio retrometamórfico a 1,2 kbar e 425 °C), associada à sua exumação e/ou à colocação de corpos de leucogranito, enquanto o diopsídio anfibolito foi submetido a metamorfismo sob fácies anfibolito em nível crustal intermediário e ambiente de crosta relativamente fria (5 kbar; 540 oC). Esses dados denunciam a exposição de uma crosta arqueana relativamente profunda,entre 9 e 16 Km, na região de Água Azul do Norte.

  • HANNA PAULA SALES PAIVA
  • CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLÓGICA U-Pb DAS ROCHAS DE ALTO GRAU METAMÓRFICO DO COMPLEXO TARTARUGAL GRANDE, SUDESTE DO ESCUDO DAS GUIANAS, AMAPÁ

  • Data: Oct 26, 2016
  • Show resume
  • O Complexo Tartarugal Grande é representado por uma associação de rochas de alto grau metamórfico do Paleoproterozoico com relíquias arqueanas, que ocorre na borda norte do Bloco Amapá, no contexto da Província Maroni-Itacaiúnas, sudeste do Escudo das Guianas. Nesta região, o Complexo Tartarugal Grande reúne gnaisses e rochas granulíticas, onde predominam tipos enderbíticos e charnockíticos constituindo corpos alongados e balizados por lineamentos de direção NW-SE caracterizados como zonas de cisalhamento transcorrentes ou de cavalgamento. Como esta unidade é formada por uma intrincada associação de rochas de alto grau metamórfico, o presente trabalho objetivou caracterizar essas rochas petrograficamente, geoquimicamente e geocronologicamente, bem como discutir os processos neste terreno metamórfico. Análises petrográficas identificaram cinco tipos de rochas classificadas como Granulito charnockítico, Granulito charnoenderbítico, Granulito enderbítico, Granulito máfico e Leucognaisses. Feições de migmatização, como neossomas, também estão presentes nos granulitos félsicos (charnockíticos, enderbíticos e charnoenderbíticos) e gnaisses. Os granulitos félsicos são as rochas dominantes na área, enquanto que os granulitos máficos ocorrem como corpos menores, de dimensões métricas, encaixados nos outros granulitos e gnaisses. Os leucognaisses estão comumente associados aos granulitos enderbíticos/charnockíticos, exibindo contatos bruscos com estes litotipos. Os estudos litogeoquímicos realizados nessas rochas indicaram que no Complexo Tartarugal Grande há predominância de rochas ácidas, com teores de sílica entre 61 e 75%, e peraluminosas, em razão da presença de minerais como biotita, granada e cordierita. Os granulitos máficos são tipos dominantemente básicos (SiO2 entre 48 e 55%) com teores elevados de Fe2O3 (12 a 26%), MgO (5 a 19%) e CaO (2 a 12%). Nos diagramas de classificação geoquímica os granulitos félsicos e leucognaisses situam-se no campo do granito, enquanto que os granulitos máficos plotam no campo do gabro. Em diagrama AFM, os granulitos félsicos possuem características de suíte colisional cálcio-alcalina e, os granulitos máficos são tipos basálticos da suíte toleítica. Nos diagramas de multielementos os granulitos félsicos destacam anomalias mais expressivas de Ti e P, além da forte anomalia negativa de Nb, característica de ambientes de subducção. Os granulitos máficos mostram, em sua maioria, assinaturas com padrão sub-horizontal. Para os elementos terras raras (ETR) os granulitos félsicos apresentam moderado enriquecimento de ETR leves, em relação aos ETR pesados, com baixas anomalias de Eu (razão Eu/Eu* de 0,19 a 5,51). Os granulitos máficos apresentaram menor grau de fracionamento e registraram anomalias insignificantes de Eu (razão Eu/Eu* de 0,44 a 1,07). Os leucognaisses mostram assinatura muito parecida com a dos granulitos félsicos, porém possuem gênese distinta. Nos diagramas de discriminação de ambientes tectônicos, foi estabelecido ambiente de arco magmático relacionado à zona de subducção. As análises geocronológicas U-Pb in situ em cristais de zircão por LA-ICP-MS realizadas em granulito charnoenderbítico, granulito enderbítico, granada-biotita leucognaisse e granulito charnockítico, forneceram idades médias de 2045 ± 14 Ma, 2084 ± 7,9 Ma, 2617 ± 25 Ma e 2671 ± 10 Ma respectivamente. Esses resultados representam as idades de formação dos protólitos dessas rochas. Idades obtidas por outros trabalhos por Sm-Nd em rocha total- granada entre 2,02 e 1,98 Ga apontam para um evento de alto grau metamórfico próximo à idade de colocação dos plútons. As paragêneses características das rochas encontradas na área de pesquisa são representadas por: Mc mesopertítica + Qtz + Pl + Opx + Bt (granulito charnockítico); Pl + Qtz + Mc mesopertítica + Opx ± Bt (granulito charnoenderbítico); Pl + Qtz + Mc mesopertítica + Opx + Bt ± Cpx ± Hbl (granulito enderbítico); Pl (An60) + Opx + Cpx + Hbl (granulito máfico) e; Qtz+ Mc + Pl ± Bt ± Grt ± Crd (leucognaisses) e essas associações indicam que as rochas foram submetidas a condições de metamorfismo regional na fácies granulito em condições de temperatura entre 780 e 850 ºC e pressão entre 5 e 7 kbar. Fusões não extensivas (anatexia) também são comuns na área, onde foram originadas massas de composições sienograníticas sob altas condições de temperatura a partir dos granulitos e gnaisses. Além disso, características indicativas do arrefecimento foram encontradas nessas rochas, como a substituição parcial ou total dos piroxênios por biotita e/ou hornblenda, granada pela biotita e cordierita por pinita. Desta forma, em concordância com resultados de trabalhos já desenvolvidos na área e indicados pelas datações realizadas nesse  presente estudo, se concluiu que o Complexo Tartarugal Grande engloba rochas que foram envolvidas durante eventos magmáticos no Neoarqueano e Riaciano, logo seguido por metamorfismo de alto grau no final do Paleoproterozoico e relacionado ao evento termo-tectônico Transamazônico. Este evento deformou tipos pré-existentes, bem como reequilibrou os minerais nas rochas, tendo como resultado uma complexa associação composta por granulitos e gnaisses com diferentes idades, origens e intensidades de deformação.

  • FELIPE S'THIAGO FREITAS LEITE
  • ESTUDO DOS GÊNEROS DYRIS E TRYONIA (MOLLUSCA:GASTROPODA) DA FORMAÇÃO SOLIMÕES: INFERÊNCIAS PALEOAMBIENTAIS E BIOESTRATIGRÁFICAS

  • Data: Oct 20, 2016
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  • A Formação Solimões compreende os estratos neógenos da Bacia do Solimões, os quais tem um amplo registro fossilífero. Os estudos realizados sobre a fauna fossilífera desta unidade fornecem importantes informações sobre a evolução dos paleoambientes e do sistema hidrográfico da Amazônia Ocidental durante o Neógeno. Os moluscos fósseis da Amazônia Ocidental vêm sendo estudados desde o século XIX e têm se mostrado uma importante ferramenta bioestratigráfica e para interpretações paleoambientais. Porém, grande parte desses estudos foram realizados com amostras provenientes de afloramentos, restringindo o intervalo de tempo estudado à uma porção limitada da unidade como um todo. A partir da década de 70, a exploração de carvão e gás natural na Amazônia Ocidental permitiu estudos em intervalos estratigráficos mais abrangentes através de testemunhos de sondagem. No presente estudo foi feita a análise de 93 amostras do testemunho 1AS-31-AM, com 302,05 metros de profundidade, localizado às margens do Rio Ituí, no Estado do Amazonas. Sete das amostras estudadas apresentaram gastrópodes em grande quantidade e diversidade  de gêneros, estando Dyris e Tryonia entre os mais abundantes, sendo estes, foco do presente estudo. Eventos evolutivos como radiações e extinções foram observados nestes gêneros. Espécies do gênero Dyris nunca antes registradas na Amazônia brasileira, embora já registradas para a Amazônica Ocidental no Peru e Colômbia, tiveram sua distribuição paleobiogeográfica ampliada. A presença de espécies guias tais como Dyris megacarinatus, Dyris romeroi, Dyris renemai, Dyris ariei, Dyris microbispiralis e Tryonia scalarioides scalarioides permitiu datar o intervalo entre 170,80 m e 175,00 m, onde ocorre a maior concentração dos gastrópodes, em Mioceno Médio a Superior (Serravaliano ao Tortoniano) e correlacioná-lo com as biozonas de moluscos (MZ7 a MZ12), palinomorfos (Crassoretitriletes e Grimsdalea) e ostracodes (Cyprideis caraione, Cyprideis minipunctata, Cyprideis obliquosulcata e Cyprideis cyrtoma) estabelecidas em trabalhos anteriores. Com base na associação de gêneros de água doce e água salobra a salgada interpreta-se a área de estudo como um ambiente compatível com um sistema de lagos próximos a lagunas.

  • LARISSA SILVA E SILVA
  • CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DAS FORMAÇÕES BARREIRAS E PIRABAS UTILIZANDO-SE FERRAMENTAS
    DA ANÁLISE ESTRUTURAL COM VISTAS À APLICAÇÃO EM HIDROGEOLOGIA

  • Data: Oct 17, 2016
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  • A existência de conexão hidráulica entre os sistemas aquíferos Barreiras e Pirabas na área Nordeste do Estado do Pará e mais especificamente na Região Metropolitana de Belém – RMB vem sendo levantada, há alguns anos, por diferentes autores a partir da aplicação de técnicas analíticas variadas. Este trabalho apresenta mais uma contribuição à essa temática, dessa feita agregando-se dados e informações obtidos a partir da utilização das ferramentas da análise estrutural, no sentido de procurar entender o mecanismo de fluxo subterrâneo e as condições de recarga, que tem lugar na área em consideração. O trabalho foi realizado a partir dos bancos de dados sobre poços existentes em órgãos públicos e privados. A análise estrutural realizada teve em conta os elementos geométrico-cinemáticos presentes nos sistemas aquíferos mencionados e avançou na consideração dos processos geotectônicos que teriam levado à conformação do arranjo geométrico presente na área, tido como essencialmente neotectônico. Verificou-se que o desenvolvimento das estruturas tectônicas rúpteis, principalmente de falhas, impressas sobre as rochas regionais que encerram os sistemas aquíferos, levaram à composição espacial de blocos morfoestruturais em arranjos de horsts e grábens, limitados preferencialmente por descontinuidades NE e SW resultantes da interação das falhas normais com falhas transcorrentes. As fronteiras desses blocos, sempre marcados por falhas permitem interconectar a circulação de águas dos sistemas aquíferos de diferentes posições espaciais, sustentada pelo princípio de vasos comunicantes, do que decorre a mistura das águas contidas, em cada um deles individualmente. Assim é impossível manter o modelo defendido por vários autores na literatura regional do confinamento de aquíferos. Por outro lado, a elaboração de mapas potenciométricos e de fluxo em regiões de rochas sedimentares, aonde se tem os chamados meios homogêneos, como é o caso da RMB não pode ser realizada sem considerar a análise estrutural, geométrica e cinemática, sob pena de serem cometidos erros na elaboração dos mesmos e assim de se chegar à interpretações hidrogeológicas equivocadas. Desse modo, é necessário rever as metodologias para a elaboração desses importantes instrumentos, com o intuito de se obter resultados mais precisos em relação aos mecanismos de circulação, recarga e descarga de sistemas aquíferos, no que esse trabalho também avança.

  • JAQUELINE ALCÂNTARA DOS SANTOS

  • TEXTURAL ANALYSIS OF PRODUCTS DERIVED FROM LiDAR FOR THE DISCRIMINATION OF LYMPHIC CANGAS, SERRA SUL DE CARAJÁS (PA)

  • Data: Sep 30, 2016
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  • The characterization of geological features through products derived from remote sensing in humid tropical regions suffers severe restrictions due to the influence of vegetation on the radiometric measurements. This is the motivation to investigate new methodological approaches aimed at extracting remote sensing information data applied to geologicalmapping. This research aimed to develop a methodological approach to discriminate types of lateritic surfaces from textural parameters of the Haralick extracted shaded relief image generated Digital Model Land of high spatial resolution (1 m) derived from the last return signal (ground) of LiDAR data. The study area is located in body S11CD in Serra Sul of Carajás Mineral Province, including the city of Canãa dos Carajás (Pará State - Brazil). The body S11CD is characterized by a residual relief supported by ferruginous crust thick developed on Archean banded iron formations (Carajás Formation / Grão Pará Group) and is covered by savannah (campus rupestres) that contrast with the surroundings tropical rain forest. The lateritic crust in the study area is classified into (1) structural duricrust and (2) detrital duricrust. The difference between the types of lateritic crust was analyzed by microtopography relief metrics (Hrms), measured in the field and textural parameters of the Haralick extracted from the shaded relief image. Statistical tests of averages Hrms comparison (Student t test) showed that it is possible to identify the terrain microrugosidade kinds of lateritic duricrust present in S11CD. The object-oriented classification (GEOBIA) was used dissimilarity textural parameter of the Haralick to discriminate the types of lateritic duricrust. For this, it was used the standard deviation of the average dissimilarity threshold for separating the detrital duricrust (26.1 ↔ 33.234) and structure duricrust (20.573 ↔ 28.515). The result of this classification overlaid around 89.35% the study area, remaining ~ 11% of the image not classified, possibly as a result of noise in the LiDAR data. The validation of this classification attested that the overall accuracy of field data and the classification was 78.8%. Note also, that the structural duricrust occurs in the area as small "windows" through the detrital duricrust, which made it difficult to carry out field sampling at this site, so the errors of commission and of omission become high.

     

  • WALMIR DE JESUS SOUSA LIMA JÚNIOR
  • IMPACTO DO ÚLTIMO MÁXIMO GLACIAL PLEISTOCÊNICO NA VEGETAÇÃO DE HUMAITÁ, AMAZONAS

  • Data: Sep 27, 2016
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  • A busca por novos indícios que contribuam para solucionar as incógnitas relacionadas às variações climáticas e da vegetação que ocorreram durante o Último Máximo Glacial (UMG) na Floresta Amazônica brasileira tem estimulado muitas pesquisas (Hoorn & Wessilingh, 2011; Maslin et al., 2012; Cheng, 2013; Rull, 2013; Cohen et al., 2014; Guimarães et al., 2016). Essa temática vem sendo abordada pela comunidade científica há algumas décadas (Irion, 1982; Salati & Vose, 1984; Salo, 1987), porém muitas lacunas sobre a evolução dessa floresta para este intervalo de tempo necessitam de mais detalhamento.

     

    Durante o UMG ocorreram significativas mudanças climáticas globais (Zhang, 2014; Wang et al., 2014; Jasechko et al., 2015; Tallavaara et al., 2015; Eaves et al., 2016; Werner et al.,, 2016), sendo que os impactos registrados para região ocorreram através das bruscas reduções nas taxas pluviométricas, as quais alcançaram valores até 55% menores que os atuais, variando entre 500 e 1500 mm (van der Hammen & Absy, 1994; van der Hammnen & Hooghiemstra, 2000). Essa diminuição no volume de chuvas, combinada com decréscimos na temperatura e o estresse hídrico nas vegetações típicas de floresta equatorial úmida, devido às baixas concentrações de CO2 atmosféricos (Mayle et al., 2004), pode ter favorecido a expansão das savanas (Haffer & Prance, 2001; Beerling & Mayle, 2006), reduzindo assim a área dessa floresta em até 14 % (Mayle et al. 2009). Essas teorias são confrontadas por Wilson et al. (2011), que após analisarem isótopos de oxigênio, identificaram um considerável aumento nas taxas pluviométricas sobre a Bacia Amazônia.

     

    Ainda existem muitas controvérsias sobre os padrões de temperatura e umidade para o UMG (Conlivaux et al., 2000; Conlivaux et al., 2001; Salo, 1987), mas alguns modelos climáticos sugerem um acentuado decréscimo em termos de temperatura para as regiões tropicais durante esse período (Webb et al., 1997; Ganopolski et al., 1998; Gasse e Van Campo, 1998; Stute & Talma, 1998). Entretanto, Cruz et al. (2005) indicam que houve oscilações da temperatura para esse intervalo de tempo, e não uma queda contínua. Os valores propostos, de um modo geral, não apresentam um denominador comum. Os resultados do projeto CLIMAP (1976) indicam uma diminuição da temperatura cerca 2°C, enquanto para Van der Hammen & Hooghiemstra (2000), D'Apolito et al. (2013) e Cohen et al. (2014) a queda foi de 4-6°C. Em outra perspectiva, Thompson et al. (1995) propõe até 12°C abaixo dos padrões atuais.

     

     

     

    O mesmo debate pode ser estendido para a umidade, cujos questionamentos são se houve um clima mais frio e úmido ou mais frio e árido, onde Van der Hammen & Hooghiemstra (2000), Mayle et al. (2004), Maslin et al. (2011) argumentaram sobre condições mais áridas durante o UMG que o presente. Posteriormente D'Apolito et al. (2013) afirmou que a conclusão de Colinvaux et al. (1996), Colinvaux & De Oliveira (2001) e Bush et al. (2004) a respeito de um clima frio e úmido foi baseada em interpretações imprecisas de registros sedimentares datados de aproximadamente 21.000 anos AP da Colina de Seis Lagos no noroeste do Brasil, sugerindo que na realidade o clima teria sido frio e árido. Entretanto, Mosblech et al.(2012) afirmam que no decorrer dos últimos 94.000 anos a Amazônia não passou por períodos áridos prolongados, confirmando o exposto por Bush et al. (2002) que sugeriram a predominância de umidades elevadas, até maiores que atual (Baker, 2001). Para Cheng et al. (2013) que analisaram isótopos de oxigênio em espeleotemas, as alterações foram mais sutis, com aumento da umidade no oeste da Amazônia, enquanto as condições mais áridas prevaleceram na Amazônia oriental, em comparação com o final do Holoceno. Guimarães et al. (2014) resume que a confiabilidade e precisão da inferência sobre esse debate ainda permanece em grande parte limitado.

     

    Registros palinológicos do Lago Calado, referentes ao UMG, indicam uma área influenciada por flutuações do nível de água do sistema de drenagem amazônica, incluindo um intervalo de tempo onde o gênero Mauritia foi mais abundante (Behling et al., 2001), o que reflete um período de umidade elevada. A identificação de Podocarpus nos sedimentos quaternários de aproximadamente 15.000 anos AP da Lagoa de Caco (Ledru et al. 2001) conduziu estes autores a interpretarem condições mais frias e úmidas na floresta amazônica.

     

    Os dados aqui apresentados tem por finalidade expandir o conhecimento a respeito da dinâmica da vegetação ocorrida ao longo do UMG na região de Humaitá-Am, situada nas terras baixas da Amazônia Ocidental, de onde foram retirados dois testemunhos sedimentares das margens do Rio Madeira, maior afluente do Rio Amazonas e um dos maiores em extensão do mundo, utilizando para isso ferramentas multidisciplinares, tais como a análise polínica, fácies sedimentares e datação por Carbono-14. Portanto, esse trabalho pretende disponibilizar novos dados para as discussões sobre os padrões climáticos que preponderaram principalmente durante o Pleistoceno tardio.

  • VITOR FELIPE HAGE SERRA
  • GEOLOGIA, CONTROLE ESTRUTURAL E GEOCRONOLOGIA DAS ROCHAS HOSPEDEIRAS E DO MINÉRIO: IMPLICAÇÕES PARA O MODELO GENÉTICO DO DEPÓSITO AURÍFERO DO PALITO, PROVÍNCIA TAPAJÓS, ITAITUBA-PA

  • Data: Sep 24, 2016
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  • O depósito aurífero do Palito está localizado na porção leste da Província Aurífera do Tapajós, município de Itaituba, SW do Estado do Pará. O depósito do Palito compreende um sistema de filões subverticais de quartzo aurífero, hospedado nos granitos paleoproterozoicos Palito e Rio Novo e controlados estruturalmente por uma zona de cisalhamento transcorrente sinistral, rúptil-dúctil, de direção NW-SE, que faz de uma estrutura regional denominada Lineamento Tocantinzinho. Os granitos Palito e Rio Novo são dois stocks monzograníticos oxidados cálcio-alcalinos, de idade orosiriana, típicos de arcos magmáticos e correlacionáveis à Suítes Intrusiva Parauari. Os veios mais espessos do sistema filoneano são alojados pelas falhas principais do cisalhamento, ao longo da direção N40°-50°W, enquanto que os filões menores são alojados por falhas e fraturas de segunda ordem e inclinadas em relação à direção principal do cisalhamento, com ângulos baixo (em torno de 20°), médio (por volta de 50°) e alto (em torno de 80°). Tal situação estrutural é compatível com o sistema de Riedel, com os filões mais expressivos paralelos à direção principal de cisalhamento (filões D), associados com filões de baixo ângulo (em falhas R e P), de médio ângulo (veios gash em fraturas de extensão T) e de alto ângulo (em falhas R’ e X). Conjuntos de filões do tipo stockwork também ocorrem localmente como um tipo subordinado de minério. Os veios mineralizados estão sempre envolvidos por um halo de alteração hidrotermal bem desenvolvido e normalmente brechado. Alteração fílica (quartzo + fengita + pirita) e cloritização são os tipos dominantes, acompanhados por alteração potássica (K-feldspato), carbonatação (calcita + sericita + quartzo) e sulfetação (pirita + calcopirita + esfalerita) de ocorrência mais restrita. Três gerações hidrotermais de quartzo filoniano são bem caracterizadas no depósito aurífero do Palito. Os veios mais precoces são os de baixo ângulo (R e P), constituídos principalmente por quartzo1, enquanto que os filões principais (D) são mais tardios e expressivos e constituídos por quartzo1 e 2. Veios gash de quartzo, em fraturas de extensão, podem ocorrer em qualquer momento da evolução do sistema hidrotermal e são constituídos tanto por quarzto1 (veios gash precoces), como por quartzo2 e 3 (veios gash tardios). Vênulas gash de quartzo3 representam os estágios finais do processo hidrotermal no depósito Palito. O minério aurífero, hospedado principalmente nos veios de quartzo1 e 2, ocorre sempre associado com sulfetos de ferro e cobre (pirita e calcopirita), além de esfalerita. Pirrotita, bismutinita, galena, bismuto nativo e ouro, ocorrem como fases metálicas subordinadas. Três gerações de pirita e de calcopirita e uma geração de esfalerita foram reconhecidas. A calcopirita1 substitui a pirita1 e é substituída por esfalerita, a qual é substituída por calcopirita2. Pirita de segunda geração, contemporânea à esfalerita, ocorre nos filões mineralizados como massas anédricas substituindo grãos reliquiares (ilhas) de calcopirita1 que exibem bordas côncavas ou corroídas. O ouro está sempre associado a, ou incluso em calcopirita1 e 2, pirita2, bismutinita e bismuto nativo. A geração sulfetada mais tardia é representada por vênulas de pirita3 e calcopirita3 que cortam as massas de sulfetos em zonas de transtensão condicionadas por diminutas falhas sinistrais sinuosas. Duas gerações de fengita e de clorita foram identificadas na ganga do minério, sendo a última em vênulas de fengita2 e clorita2 que contêm também carbonatos. Fluorita, rutilo, zircão e ilmenita ocorrem ainda como fases subordinadas da ganga. A idade Pb-Pb de 1794±17 Ma, obtida para o minério do Palito, foi interpretada como rejuvenescimento do sistema Pb-Pb causado pelo magmatismo granítico alcalino (Suíte Intrusiva Porquinho), relacionado à terceira fase de deformação, de natureza extensional. As características geológicas do depósito Palito, como estilo filoniano, estruturalmente controlado, dos corpos mineralizados e da alteração hidrotermal, formando halos em torno dos filões, predominando a sericitização e cloritização, com alteração potássica restrita, e associação metálica (Au-Cu-Bi-Zn), favorecem a classificação do depósito como filões relacionado a intrusões (intrusion-related vein gold deposits), um tipo não porfirítico, possivelmente relacionado aos granitos alcalinos da Suíte Intrusiva Maloquinha que ocorre em volta do depósito Palito. O magma granítico deve ter fornecido os fluidos mineralizantes e os metais, enquanto que o cisalhamento deve ter controlado a circulação dos fluidos e a deposição do minério do Palito.

  • KAMILLA BORGES AMORIM
  • PALEOAMBIENTE, PALEOGEOGRAFIA E ISÓTOPOS DE CARBONO E OXIGÊNIO DE DEPÓSITOS CARBONÁTICOS MIOCENOS DA PLATAFORMA BRAGANTINA, NORDESTE DO ESTADO DO PARÁ, BRASIL

  • Data: Sep 16, 2016
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  • The onset of the Neogene is market by the Oligocene-Miocene transition characterized by sea level global variations that triggered one of the major marine transgressions in the Earth. In Brazil, deposits related to this event are recorded in north equatorial coast with meaningful exposures in eastern Bragantina Platform, north of Pará State. These are composed by carbonate and siliciclastic deposits of the Pirabas Formation corresponding to onshore portion of a shallow carbonate platform. Stratigraphic studies allowed the Pirabas Platform division in inner platform and inner/middle platform. The inner platform is composed by tidal flats and lagoon (shallow and deep) deposits. The tidal flats are characterized by terrigenous dolomudstone, peloidal dolomudstone, boundstone with microbial mats, bioturbated rhythmites, and massive argillite. Shallow lagoon deposits are composed by laminated wackestone/packstone and bioturbated calcimudstone and the deep lagoon are constituted by dolowackstone, massive floatstone with bryozoan and massive wackestone with equinoderms. The inner/middle platform is composed by tidal inlets and bioclastic/front shoal barriers. Tidal flats deposits are constituted by wackestone/packstone with bryozoan, packstone with bryozoan and grainstone with foraminifers and red algae that display low-angle cross stratification. Bioclastic/front shoal barriers are constituted by bafflestone with bryozoan, wackestone/ packstone with Marginopora sp. and terrigenous, packstone/grainstone with foraminifers, and rudstone with bivalves. The platform displays a rich fossiliferous content composed by bryozoan, equinoderms, bivalves, gastropods, benthic and planktonic foraminifers, green and red algae, ostracods, coral fragments fossils; Gyrolithes, Thalassinoids, Sinusichnus trace fossils, this last one made by decapods crustaceous. In the inner platform the faunistic diversity is smaller dominated by bryozoan, planktonic foraminifers, ostracods, and trace fossils, while in the inner/middle platform zone this diversity is higher widely constituted by benthonic foraminifers fossils, bryozoans, bivalves and gastropods. The platform shows variations in the mineralogical content, where the calcite amount is directly related to exposition periods of the inner/middle platform with great carbonate precipitation. On the other hand, the dolomite, quartz, gypsum and pirite are related to progadation periods in the inner platform, with higher evaporation rates and continental influx. Faciological, fossiliferous and mineralogical variations displays that the Pirabas Formation was closely related to sea level variations leading to changes in shoreline recorded in high frequency shallow-upward cycles, with the cycles in the base of succession predominantly retrograditional while in the top are progradational. The chemostratigraphic framework from Pirabas Formation was made by carbon (δ13Ccarb) and oxygen (δ18Ocarb) isotopes, rare earth elements (ETR) and traces. Carbon isotopic ratios reflect a primary isotopic signature with variations of values related to each depositional environment. Oxygen isotopic ratios demonstrate a dispersive pattern related to diagenetic influence. The ETR’s show a homogeneous pattern with enriched concentrations in light ETR’s and heavy ETR’s depletion. Trace elements concentration (Fe, Sr and Mn) is within expected values to carbonate rocks with little influence of diagenesis in the geochemical content. The trend and δ13Ccarb excursion curve coincide with the variations observed in shallow-upward depositional cycles from Pirabas Formation. Intervals related to the sea level rise are marked by the δ13Ccarb ratios close to 0‰ while the intervals of the cycles with negative δ13Ccarb anomalies are linked to sea level falls. Correlations among δ13Ccarb  curves from Pirabas Formation and global do not show close covariance, however we suggested that the δ13C purchased reflect, even minimally, the global isotopic excursions that marks the Eomiocene-Mesomiocene interglacial period. The sea level curve variation of Pirabas Formation display intervals similar to the short-term global eustatic curve. However, the bigger frequency of this sea level variations observed in Pirabas Formation probably indicates local tectonic factors interference in the sedimentation. Previous works suggested that the carbonate platform collapse in the Bragantina Platform region was influenced by the siliciclastic influx from Proto-cone of Amazonas River during the Mesomiocene. The comparative analysis of stratigraphic dates from basins and platforms along the coastal eastern portion in Amazon coastal zone suggests that the progressive increase of siliciclastic sedimentation, noted in the upper Pirabas Formation is related to the Barreira Formation progradation, as an answer to the transpressive/transtensive tectonic in Eo/ Mesomiocene due faults reactivations generated in the last thermal subsidence event in the Brazilian coast during the south Atlantic ocean formation.

     

    Keywords: Carbonate platform. Pirabas Formation. Chemostratigraphic framework. Bragantina Platform. Oligocene-Miocene.

  • IGOR CHARLES CASTOR ALVES
  • RESPOSTA DOS MANGUEZAIS DO AMAPÁ, RIO GRANDE DO NORTE, SUL DA BAHIA E ESPÍRITO SANTO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E FLUTUAÇÕES DO NÍVEL DO MAR DURANTE O HOLOCENO

  • Data: Sep 15, 2016
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  • The present work integrates geomorphological, sedimentological, and palynological data with radiocarbon dating, as well as δ13C, δ15N, and C/N from sedimentary organic matter from Amapá, Rio Grande do Norte, Sul da Bahia e Espírito Santo. Along the northern littoral, the area occupied by mangroves and marine influenced were larger than today, between >8750 and ~2250 cal yr BP., forming a continuous mangrove belt. However, mangroves were replaced by freshwater vegetation in areas influenced by the Amazon River discharge during the late Holocene. The elevated tidal flats occupied by herbs indicate a transition from marine influence with mangroves to a phase dominated by herbs and terrestrial organic matter at about 400 cal yrs BP. During the last decades have occurred a mangrove migration trend to more elevated surfaces. The mangroves from the Ceará-Mirim River, Rio Grande do Norte, have occurred within the modern tidal range since ~7000 cal yrs BP, and was not found indications of marine influence above the modern tidal range. However, studies developed 34 km upriver on Jucuruçu River, Prado-Bahia, indicate mangroves and estuarine organic matter between ~7400 and ~5300 cal yrs BP. During the late Holocene, the mangroves migrated to the mouth of this river. Similar dynamic was identified along the Linhares littoral, Espírito Santo, where the upper limits of tidal flats were dominated by mangroves during the middle Holocene, followed by beach ridges progradation over mangrove muddy layers during the late Holocene. During the last centuries the mangroves have established over herbaceous plains with an increase trend of estuarine organic matter. Regarding the mangrove dynamic from Northern Brazil, the sea level rise and the lower Amazon fluvial discharge during the early and middle Holocene caused the development of a continuous mangrove line. It was fragmentated during the late Holocene due to the increase of river freshwater discharge that caused a significant decrease of tidal water salinity in areas near the mouth of Amazon River. The mangrove migration to lower zones since ~400 cal yrs BP was followed by an inverse displacement during the last decades. It was caused by a relative sea level fall in a century time scale and a relative sea level rise in a decadal time scale. In the Rio Grande do Norte littoral, the mangrove establishment was basically controlled by the post-glacial sea level rise up ~7000 cal yrs BP, when it reached its modern level. However, in Prado, southern Bahia littoral, and Linhares, Espírito Santo, mangroves migrated to higher surface according to sea level rise until 2.7 m above the modern Relative Sea Level-RSL, together with a decrease of fluvial discharge at about 5300 cal yrs BP. Later, the RSL decreased to its modern level and occurred an increase of fluvial discharge during the late Holocene. During the last centuries, the mangroves from Linhares may have reacted to a relative sea level rise. Based on these data, is possible to anticipate the mangrove dynamic until the end of century XXI. Considering RSL rises, probably, the mangrove areas along the Brazilian littoral will shrink by its drowning. Regarding the north, northeast and southeastern littoral, even with a RSL rise tolerable by mangroves, the consequences of the RSL rise to mangroves will depend on topographic surface available to its migration and climatic conditions. The geomorphologic and climatic setting more damaging to mangrove is one with a limited coastal plain suitable for mangrove migration under a RSL rise associated to an increase of fluvial discharge. In this situation, besides the mangroves are being drowned by a sharp topographic transition between the coastal plateau and the coastal plain, there would be no possibility of mangrove displacement within the estuarine valleys and deltaic plains, because the increase of fluvial discharge would hamper the development of tidal plains with appropriate pore water salinities to establishment and survival of mangroves.

  • GABRIELLE APARECIDA DE LIMA
  • SOLEIRAS E ENXAMES DE DIQUES MÁFICOS DO SUL- SUDOESTE DO CRÁTON AMAZÔNICO

  • Data: Aug 19, 2016
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  • Sills and mafic dyke swarms are an important tool for understanding geodynamic processes once they mark the beginning of large extensional tectonic events, but also they are fundamental indicators of nature and evolution of mantle sources through geological time. In the S-SW Amazon Craton, Proterozoic sills and dyke swarms are reported in Eastern Bolivia, and in the Brazilian states of Mato Grosso and Mato Grosso do Sul. There are examples, such as the dyke swarms of the Huanchaca, Rancho de Prata, and Rio Perdido intrusive suites as well as mafic sills of the Huanchaca, and Salto do Céu suites, and Rincón del Tigre Complex. This work aims to characterize the nature, petrological evolution and tectonics of the mafic magmatic event related to tafrogenetic events that are responsible for the break-up or attempted break-up of continental crust. Several tools were used in order to clarify this issue, such as geological mapping, petrographic, lithogeochemical and geochronological (U-Pb ID- TIMS and Ar-Ar) analysis. The studied units are sited in the municipalities of Vila Bela da Santíssima Trindade, Nova Lacerda, Conquista D‟Oeste, and Salto do Céu in Mato Grosso, and in Porto Murtinho and Caracol in Mato Grosso do Sul. Rocks of the Salto do Céu suite occur in the municipalities of Salto do Céu and Rio Branco (MT), and outcrop as sills and lava flows. Sills are emplaced into pelitic rocks of the Aguapeí Group usually with shallow dips towards WSW. Lava flows overly the same sedimentary unit and show internal vertical structures and flow-top structures that are typical of thin basaltic flows. Vesicles and amygdales are commonly observed along with flow-folds and breccias. Petrographically, these rocks are mesocratic to melanocratic, greenish-gray to black, and equigranular varying from very fine- to medium-grained. Sills consist of diabases and massif gabbros that under the microscope show ophitic, sub-ophitic, intergranular, and coronitic textures. They are essentially composed of plagioclase and pyroxene having its accessory assemblage represented by opaques, acicular apatite and subhedral sphene. Lava flows, in turn, consist of basalts and diabases that commonly displays ophitic, sub-ophitic, hyalophitic, porphyritic or amygdaloidal textures in a pseudo-trachytic groundmass; some samples exhibit vitrophyric texture. The main components are plagioclase, pyroxene, and relict glass. Amygdales are rounded to ellipsoidal filled with fibrous to fibro-radiated material which is composed of zeolites, chlorite, fluorite, and opaques. Sills and lava flows have tholeiitic affinity, and are classified as intraplate basalts. This suite shows a U-Pb (ID-TIMS) baddeleyite age of 1439 ± 4 Ma. 40Ar-39Ar analysis of plagioclase and amphibole provided a plateau age of 1021 ± 5 Ma, and an integrated age of 1385 ± 9 Ma, respectively. Numerous mafic dykes of the Rancho de Prata Intrusive Suite occur in the surroundings of Nova Lacerda and Conquista D‟Oeste (MT) along an array about 30 km-wide and 150 km-long trending NNW. They occurs as parallel dyke swarms striking N30°–40°W with steep dips. There are no records of deformation or metamorphism on these rocks which occur in intrusive contact with gneissic, granitic and metavulcanossedimentary rocks of the basement. These mafic dykes consist of gabbros, diabases, and basalts, very fine to medium-grained, which exhibits phaneritic, aphanitic to porphyritic textures. They are melanocratic dark-gray to black, with massif structure, in places with discrete foliation parallel to the dyke walls. Microscopically, these rocks are holo- to hypocrystalline, and show porphyritic, intergranular, and subophitic to ophitic textures, and are essentially composed of plagioclase, clinopyroxene and orthopyroxene, olivine and amphibole. Dark-brown intergranular glass is seldom observed in basalts. Lithogeochemical studies allow us to classify these rocks as basalts and andesitic- basalts. The magmatism is sub-alkaline to tholeiitic whose chemical affinity is compatible with continental basalts. Two groups are observed in rare earth elements distribution patterns: one strongly fractionated and enriched in light ETR, and another one weakly fractionated with medium La/Yb ratios, respectively, 3.22 and 1.26. A U-Pb (ID-TIMS) baddeleyite age of 1387 ± 17 Ma was obtained for the dyke swarms. 40Ar-39Ar analysis of plagioclase provided plateau ages of 967 ± 5 Ma and 980 ± 7 Ma. However, 40Ar-39Ar age-spectrum data for amphibole is heterogeneous, therefore provide integrated ages of 1495 ± 8 Ma and 1509 ± 7 Ma. Sills and mafic dykes of the Huanchaca Intrusive Suite are sited in the portion of the Paraguá Terrane which is not affected by the Sunsás Orogeny (1.1 to 0.9). Dykes occur emplaced into the basement rocks underlying the Aguapeí Group that are represented by the Mesoproterozoic granites Guaporeí and Passagem that form part of the Pensamiento Granitoid Complex, as well as by the Paleoproterozoic orthogneisses Shangri-lá and Turvo that occur within the Chiquitania Metamorphic Complex; sills, in turn, are emplaced into the pelites and sandstones of the Vale da Promissão Formation (Aguapeí Group). Sills outcrop as blocks and low-lying outcrops in abrupt and parallel contacts to the layering of sedimentary rocks. On the other hand, dykes outcrop as small and discontinuous trending-ENE crests, or as single, rounded and angular blocks in the granitic-gnaissic terrane whose main orientation varies between N70°-90°E. Sills consist of gabbros and diabases, are greenish-gray to black in colour, and fine- to medium-grained. Optically, these are holocrystalline with sub-ophitic tophitic texture, and rare intergranular texture. Cumulate rocks of restricted occurrence were identified with paragenesis and textures similar to each other whose difference is the presence of olivine and high content of mafic minerals. These rocks are essentially composed of plagioclase, pyroxene, amphibole, opaques, and in a few of them, alkali-feldspar and quartz displaying graphic intergrowth are also observed. Dykes are dark-gray to greenish-gray with grain size decreasing from the rock wall towards the center of the body from very fine-grained or glassy to medium-grained, respectively. They are classified as diabases and basalts, respectively, holo to hypocrystalline, and have an essential composition of plagioclase, pyroxene and olivine. Under the microscope, diabases show inequigranular, sub-ophitic, and subordinate ophitic textures, and are fine- to medium-grained, while basalts display porphyritic, glomeroporphyritic, and textures vitrophyric, and rarely intersertal to hyalophitic textures. Chemically, dykes and sills are classified into sub-alkaline andesitic basalts (tholeiitic) formed in intraplate settings. REE patterns show that sills are richer in total REE relative to the dykes, as well as show significant vertical variation with respect to the REE pattern envelope, yet parallel to it. Ar-Ar plateau ages were obtained for the sills both from plagioclase (948 ± 5 Ma), and amphibole (1113 ± 11 Ma). A U-Pb (ID-TIMS) baddeleyite age of 1111.5 ± 1.9 Ma was also obtained for sills. The dyke swarms that form part of the Rio Perdido Intrusive Suite occur emplaced into Paleoproterozoic rocks sited in the Rio Apa Terrane (SW of Mato Grosso do Sul), and Paraguay. Dykes are tabular to lenticular, 1 to 30 m thick, generally striking N70°-90°E and N70º-90ºW. They exhibit abrupt and discordant contact with respect to the general NS trend. Dykes consist of very fine- to fine-grained diabases, and fine- to medium-grained microgabbros, both with no evidence of ductile deformation and metamorphism. Under the microscope, they are holocrystalline with ophitic to sub-ophitic, intergranular, and, in places, porphyritic textures, as well as quench textures in which they display swallow-tail shape. They contain essential plagioclase, pyroxenes and olivine, and show a tholeiitic trend with FeOt enrichment relative to MgO for relatively constant alkali contents. They are classified as basalts and andesitic basalts that are similar to Phanerozoic intraplate basalts. REE patterns show strong fractionation of light REE relative to the heavy, with La/Yb ratios varying between 2.8 and 6.2 and Eu anomalies subtly negative or absent. Recent U-Pb (ID-TIMS) data on baddeleyite provided an age of 1110 Ma. The Rincón del Tigre Igneous Complex is a thick layered intrusion that intrudes into the Sunsás Group (below), and into the Vibosi Group (above). Its name is due to the region of Rincón del Tigre in Bolivia, and is characterized as an igneous event related to the Sunsás Orogeny. It is divided into three units: Ultramafic (basal), Mafic (intermediate), and Felsic (superior). The Ultramafic Unit is composed of serpentinized dunite, harzburgite, olivine bronzite, bronzite picrite, and melanorite, while the Mafic Unit is composed of norite and gabbro. The Felsic Unit is represented by granophyres. A U-Pb (ID-TIMS) baddeleyite age of 1110.4 ± 1.8 Ma was obtained from the Felsic Unit, and show chronological similarity to the syn- and post- orogenic granitic suites that occur in the Sunsás-Aguapeí province sited in Bolivia, and Brazil. Based on K-Ar ages varying between 1006 and 875 Ma, the units above were attributed to a single magmatic event and interpreted as a LIP that formed during an attempted breakup of Rodinia. Now, based on new precise geochronologic data (U-Pb TIMS on baddeleyite, and Ar-Ar on amphibole and plagioclase), and field and petrological data, this hypothesis is not supported anymore. There were two fissural magmatic events prior to the agglutination of this supercontinent: the older one with ages of 1439 and 1387 Ma, and the younger one around 1110 Ma old. By taking into account the evolution of the Amazon Craton, the older episode is marked by dyke swarms of the Rancho de Prata suite as well as lava flows and sills of the Salto do Céu suite, likely associated with post-orogenic stages of the Santa Helena Magmatic Arc in the Jauru Terrane; the younger event, which have occurrence restricted to the Paraguá and Rio Apa Terranes, is represented by the Huanchaca, and Rio Perdido suites and Rincón del Tigre Complex, and form part of a Stenian LIP sited in the south-southwestern Amazon Craton. This LIP evolved from an attempted break-up of continental crust that resulted in the formation of the Aguapeí Aulacogen. The Sunsás and Aguapeí Belts mark the period of agglutination of Rodinia, and are responsible for the metamorphism and deformation observed in part of this Stenian LIP.

    Keywords: Mafic magmatism. Distensive tectonics. Ar-Ar and U-Pb Geochronology. Petrology.

  • ERICA DA SOLIDADE CABRAL
  • PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E ASSINATURA ISOTÓPICA DE Pb DE FORMAÇÕES FERRÍFERAS ASSOCIADAS À GÊNESE DAS CAVERNAS DA SERRA SUL, CARAJÁS - PA

     

  • Data: Jun 17, 2016
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  • Os estudos geológicos realizados em cavernas hospedadas em formações ferríferas bandadas (banded iron formation – BIF’s), do tipo jaspilito, que é o protominério de ferro do Corpo S11D, Serra Sul, demonstraram que essas rochas encontram-se em diferentes estágios de alteração intempérica, permitindo classifica-las em três grupos: 1) Jaspilito Não Alterado,

    2) Jaspilito Alterado e 3) Minério de Ferro. As amostras de Jaspilito Não Alterado foram coletadas em afloramentos correlacionáveis as cavernas, as de Jaspilito Alterado foram coletadas dentro das cavernas e em furos de sonda correlacionáveis estratigraficamente à caverna S11D-0035, assim como as amostras de minério de ferro. Essa correlação estratigráfica foi estabelecida a partir da construção de seção geológica, que permitiu determinar a provável configuração litológica inicial da caverna e seu nível estratigráfico. Foi concluído que a caverna encontra-se na porção inferior da Formação Carajás, próximo ao contato com a Formação Parauapebas. O trabalho tem por objetivo compreender a origem e evolução das cavernas e relacionar temporalmente sua gênese com a formação do minério de ferro e do relevo. Além de identificar os diferentes litotipos presentes e analisar petrograficamente os minerais primários e neoformado. Com a análise geoquímica das rochas foi possível quantificar a remoção da sílica e o enriquecimento do ferro  nos  diferentes estágios de alteração do perfil intempérico, desde a rocha fresca até o minério de ferro. Já as análises isotópicas permitiram observar o comportamento dos isótopos de Pb. As observações petrográficas demonstraram que o Jaspilito Não Alterado é caracterizado pela alternância de bandas centimétricas de minerais opacos, compostas por hematita-1, magnetita e subordinadamente maghemita e bandas silicosas formadas por chert e quartzo granular. Enquanto o Jaspilito Alterado é composto predominantemente por hematita-2 e subordinadamente por hematita-1 e magnetita, o bandamento está ausente, pois a banda de minerais silicosos, que é a mais solúvel, foi quase que em sua totalidade lixiviada, o que acarretou a geração de cavidades de dissolução. Além disso, também foram observadas fases minerais neo-formadas, goethita e hematita-3. As análises químicas das rochas dos diferentes grupos corroboraram as evidências petrográficas. Nas amostras de Jaspilito Não Alterado o teor de SiO2 varia de 40,0 a 44,5% e o teor de Fe2O3T de 53,9 a 58,3%, sendo que os demais óxidos presentes, Al2O3, MnO, P2O5, TiO2, CaO, MgO, Na2O, K2O, possuem teores muito baixos, bem como nos demais tipos. Diferentemente, as rochas classificadas como Jaspilito Alterado possuem maior concentração de ferro (de 87,9 a 97,1%) e menor teor de SiO2 (de 0,3 a 1,1%). O Minério de Ferro, classificado como representando o estágio mais avançado de alteração, possui teor elevado de Fe2O3T, variando de 96,2 a 98,3% e baixas quantidades de

     

     

     

     

    SiO2, de 0,4 a 1,0%. Nos três grupos de rocha foi observado um baixo conteúdo de ETR, sendo que da base para o topo do perfil intempérico é observado um aumento na quantidade desses elementos, de 6 para 18 ppm. A razão La/Eu varia de 1,3 a 2,2 ppm no Jaspilito Não Alterado, de 0,2 a 1,6 ppm no Jaspilito Alterado e de 0,1 a 0,8 ppm no Minério de Ferro. Essa diminuição no minério de ferro pode ocorrer devido ao comportamento menos móvel dos ETRP em relação aos ETRL nos estágios mais avançados de intemperismo. A anomalia positiva de Eu (Eu/Eu* > 1), típica das BIF’s foi observada em todas as amostras dos diferentes grupos de alteração. As análises isotópicas de Pb no Jaspilito Não Alterado indicam razões 206Pb/204Pb, 207Pb/204Pb, 208Pb/204Pb variando de 15,247 a 26,111, de 15,292 a 16,300 e de 34,596 a 37,614 respectivamente. Os valores sugerem que essas rochas são pouco radiogênicas e possuem assinatura isotópica semelhante às rochas da crosta superior. No Jaspilito Alterado as razões isotópicas 206Pb/204Pb variam de 16,827 a 23,244, a 207Pb/204Pb de

    15,635 a 16,279, e 208Pb/204Pb de 34,715 a 38,811. No Minério de Ferro as razões 206Pb/204Pb

    variam de 15,702 a 22,845, 207Pb/204Pb de 15,369 a 16,221, e 208Pb/204Pb de 35,169 a 38,467.

    Portanto, não foram observadas mudanças na assinatura isotópica ao longo do perfil de alteração, que indicassem eventos metamórficos, reativações tectônicas ou percolação de fluidos hidrotermais que perturbassem o geocronômetro Pb-Pb e acrescentassem material (Pb) oriundo de outras fontes, entretanto os processos intempéricos podem ter ocasionado remobilização de Pb nas amostras, mostrado pela sua grande dispersão no diagrama toriogênico. Na gênese e evolução das cavernas, além dos processos químicos, o relevo tem papel fundamental, atuando em dois momentos distintos. Primeiramente, facilitando a infiltração e percolação de águas meteóricas, canalizando-as para porções subterrâneas do platô, ocasionando a dissolução da camada silicosa e a formação do minério de ferro, perda de volume da rocha, abatimento das camadas e concomitante formação de cavernas. Em um segundo momento estas cavernas são expostas pelos processos de denudação do relevo que propiciam o recuo das encostas. Portanto, a análise dos processos químicos com o auxílio da petrografia e geoquímica, mostraram que os processos de dissolução e lixiviação são os processos primários na formação das cavernas que atrelados aos processos erosivos propiciam sua evolução. A análise dos processos químicos indica origem comum (intempérica) tanto para as cavernas quanto para o minério de ferro, provavelmente contemporâneos.

     

  • ÉRIKA DO SOCORRO FERREIRA RODRIGUES
  • CARACTERIZAÇÃO HIDROQUÍMICA DOS AQUÍFEROS FREÁTICOS COSTEIROS NA CIDADE DE SALINÓPOLIS-PA

     

  • Data: Jun 8, 2016
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  • A cidade de Salinópolis está localizada no nordeste paraense, região Bragantina do Estado do Pará. A geologia da área é caracterizada por uma cobertura sedimentar terciário representada pela Formação Pirabas, Grupo Barreiras e recobrindo essas rochas podem ocorrer sedimentos areno-argilosos a argilo-arenosos do Quaternário atual denominados sedimentos Pós- Barreiras. Os principais sistemas hidrogeológicos de Salinópolis, de forma geral, são: a) sistema aquífero superior desenvolvido no Pós-Barreiras, aquíferos livres; b) sistema aquífero Barreiras, aquíferos livres e semi-confinados; c) sistema aquífero Pirabas, mais profundo, aquíferos confinados, sendo este um aquífero aflorante na região. Para o estudo foram cadastrados 22 poços sendo 17 poços tubulares rasos com profundidade de até 30 m (PT), 2 poços amazonas (AM) e 3 fontes (FT). A coleta das amostras foi realizada em intervalos de 2 meses durante um ciclo hidrológico completo de maio de 2014 a março de 2015. Os principais parâmetros de qualidade da água investigados foram: temperatura, pH, condutividade elétrica, alcalinidade, sólidos totais dissolvidos e os íons principais: cátions (Na+, K+, NH4+, Ca2+, Mg2+) e ânions (F-, Cl-, NO3- e SO42-). Foram identificados quatro grupos hidroquímicos no diagrama de Piper: grupo 1 (SO4 -, Cl- e Na+) que assemelha-se ao aquífero Barreiras, grupo 3 ricas em (HCO3- e Ca2+) cálcio e bicarbonato identifica-se com as águas do aquífero Pirabas e grupos 2 e 4 apresentaram características dos grupos 1 e 3. A partir dos diagramas de Piper, observou-se que com o aumento da recarga hídrica as águas do grupo 2 e 4 tiveram um comportamento de conexão hídrica, migrando para outro grupo hidroquímico. No diagrama de Schöller mesmo identificando os íons dominantes foi possível visualizar que há misturas em águas de um mesmo grupo hidroquímico, visualizado pela disposição em leque. No Diagrama de Van Wirdum foi identificado a ação do clima e das rochas na hidroquímica dos aquíferos. Na variação temporal de cada íon, observou-se que com início do déficit hídrico os poços localizados em lava-jatos e próximos a postos de combustíveis assim como próximos a praia e a rios estuarinos apresentaram o aumento de íons dissolvidos nas águas; bem como nas fontes naturais ou nascentes houve um grande aumento de vários íons, principalmente do sulfato. A Influência do clima, rocha, águas oceânicas, rios estuarinos, como também a contribuição do aquífero Barreiras e Pirabas mostraram uma composição hidroquímica bastante peculiar nas águas dos aquíferos costeiros rasos na cidade de Salinópolis.

     

  • LORENA AMARAL BITTENCOURT
  • MORFODINÂMICA DA PRAIA ESTUARINA DO CAJUÚNA, SOURE, MARAJÓ – PARÁ

  • Data: Jun 8, 2016
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  • A praia do Cajuúna está localizada no município de Soure (0°37' 41.971" S – 48° 28' 56.980"
    W e 0° 38' 54.888" S – 48° 29' 6.867" W), na margem leste da ilha do Marajó no estado do Pará. Esta
    praia é recortada por canais de marés (um no meio e os dois nas extremidades), e é influenciada por
    parâmetros meteorológicos (ventos, chuvas, tempestades), hidrológicos (descarga hídrica e sólida do
    estuário do rio Pará) e hidrodinâmicos (ondas, correntes de maré). O objetivo desta dissertação é de
    identificar a morfodinâmica da praia estuarina do Cajuúna através de análises sazonais, podendo
    esclarecer questionamentos sobre quais feições morfológicas são características durante os períodos
    chuvoso e menos chuvoso; quais as variações texturais dos sedimentos; qual a maior forçante desta
    variação no transporte e distribuição dos sedimentos e com que intensidade e direção preferencial estes
    são transportados. Foram realizadas duas campanhas de campo: durante os períodos chuvoso de maré
    equinocial (01/04/2014) e menos chuvoso (23/11/2014). A praia se estende por 4 km, sua largura varia
    de 100 a 489 m, onde foram aplicados 7 perfis topográficos com equidistância de 300 m. A praia foi
    dividida em 3 setores: perfis A e B - setor 1, perfis C, D e E - setor 2, perfis F e G - setor 3. As
    amostras de sedimentos foram coletadas a partir de: (1) medição pontual do transporte longitudinal na
    zona de surfe (armadilhas) e (2) ao longo de perfís topográficos, adotando a zonação morfológica
    (Souza Filho et al., 2003). Ainda, dados de ondas e correntes adquiridos na zona de surfe. As amostras
    de sedimentos foram submetidas ás análises e classificadas de acordo com o método de Folk e Ward
    (1957), Diagramas de Shepard (1954) e de Pejrup (1988). Além destes foram produzidos os
    parâmetros morfométricos: Variação de volume sedimentar (Vv), Declividade da face praial (β),
    Largura da praia (Yb), Coeficiente de variação da linha de costa (CVYb), Velocidade de decantação
    das partículas sedimentares (Ws), Estado morfodinâmico praial (Ω) de Dean (1973) e a variação
    relativa da maré (RTR - Relative Tide Range) de Davies e Hayes (1984), sugerido por Masselink e
    Short (1993). Os resultados mostram que a praia do Cajuúna é composta por sedimentos que variam
    de areia fina (< 2 a 3 Φ) a muito fina (< 3 a 4 Φ), com bom grau de selecionamento (0,35 a 0,50 Φ) de
    muito bem selecionado (< 0,35 Φ) a moderadamente selecionado (0,50 a 1,00 Φ) no período menos
    chuvoso. A assimetria se manteve aproximadamente simétrica tendendo a valores positivos (0,10 a
    0,30 Φ), muito positivos (0,30 a 1,00 Φ) e negativos (-0,30 a -0,10 Φ) e a curtose predominante nos
    dois períodos foi a leptocúrtica (1,11 a 1,50 Φ), variando para muito leptocúrtica (1,50 a 3,00 Φ),
    mesocúrtica (0,90 a 1,11 Φ) e platicúrtica (0,67 a 0,90 Φ). Esta praia apresentou balanço positivo no
    volume sedimentar do período chuvoso (menor volume 134 m³/m e maior volume 955 m³/m) para o
    menos chuvoso (menor volume 74 m³/m e maior volume 1.567 m³/m), sendo crescente, havendo
    exceção no setor 2 onde ocorre o decréscimo no volume sedimentar (de 136 m³/m no período chuvoso
    para 74 m³/m no menos chuvoso). A praia do Cajuúna se mantém mais larga no período chuvoso; o
    coeficiente de variação da linha de costa também foi maior neste período; entretanto os setores 1 e 3
    foram mais largos no período menos chuvoso (áreas abrigadas). Esta praia teve baixa declividade (<
    2,0°) nos dois períodos, relacionada com a presença de sedimentos finos. Prevaleceu o estado
    morfodinâmico (Ω) intermediário nos dois períodos; Terraço de Baixa Mar (TBM) no período
    chuvoso e variação entre Terraço de Baixa Mar e Banco de Praia de Cúspide (BPC) no período menos
    chuvoso. O RTR classificou a praia como intermediária nos períodos menos chuvoso e chuvoso, com
    interação onda-maré (RTR < 7), ocorrendo variação no período menos chuvoso, uma classificação
    refletiva, dominada por onda, com RTR < 3. Na zona de surfe, a fração de areia fina (< 3 a 4 Ф) foi
    dominante nos períodos chuvoso (máximo de 74,27 g) e menos chuvoso (máximo de 562,61) durante
    as marés vazantes no setor 2; a fração silte se manteve alta (100g), chegando a ultrapassar a fração
    dominante no período menos chuvoso; e a argila teve a menor quantidade nos dois períodos (mínimo
    de 0,27g e máximo de 23,48g). O ângulo de incidência das ondas variou de NW (período chuvoso)
    para NE (período menos chuvoso). A maior altura de ondas foi registrada durante a maré vazante nos
    dois períodos (1,074 m no período chuvoso e 2,94 m no menos chuvoso). A velocidade dos ventos foi
    mais intensa durante a enchente no período chuvoso (8,4 m/s), e na vazante no menos chuvoso (10,3
    m/s). A intensidade das correntes de maré foi maior durante a enchente nos períodos chuvoso (0,73
    m/s) e menos chuvoso (0,35 m/s). Várias feições como cristas e calhas, paleomangue, dunas, esporão
    arenoso e canais ocorrem na praia do Cajuúna, são formadas e/ou modificadas sazonalmente pelas
    forçantes meteorológicas, hidrológicas e hidrodinâmicas. A compreensão da morfodinâmica da praia
    do Cajuúna é importante, tendo em vista a sua localização estratégica, acima das praias da região leste
    da ilha do Marajó, sofre influencia direta da foz do rio Pará e faz parte de uma Área de Proteção
    Ambiental (APA). Apesar da implementação de um Plano de Gerenciamento Costeiro (GERCO / PA),
    em alguns trechos da região Nordeste do Pará; até hoje, a Ilha do Marajó não apresenta uma
    metodologia bem definida para o prognóstico e monitoramento da erosão costeira. Diante disto, é
    necessário determinar como o aumento do nível do mar está afetando a margem Leste da Ilha do
    Marajó. Este estudo faz contribuição a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA),
    no projeto “Adaptation to Sea Level Rise in the Amazon Delta” que objetiva a avaliação das
    consequências do aumento do nível do mar causados pela mudança climática global sobre os entornos
    da ilha do Marajó (margens Leste e Norte).
    Palavras–chave: Morfodinâmica. Transporte de sedimentos. Ilha do Marajó. Praia de Cajuúna.

  • CAIO ALVES DE MORAES
  • PROCESSOS AUTOCÍCLICOS E ALOCÍCLICOS AFETANDO OS REGISTROS DA PALEOFLORA DA FOZ DO RIO JUCURUÇU, LITORAL SUL DA BAHIA, DURANTE OS ÚLTIMOS 1000 ANOS

     

     

  • Data: Jun 7, 2016
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  • Durante o Holoceno a história da vegetação no litoral sul da Bahia é caracterizada por fases de estabelecimento, expansão e contração de manguezais. Essa dinâmica da vegetação está relacionada principalmente às mudanças climáticas e às variações no nível relativo do mar. Entretanto, pontualmente e em escalas de tempo menores, por exemplo, durante os últimos 1000 anos, outros processos inerentes à dinâmica sedimentar do ambiente deposicional em questão, chamados processos autocíclicos, estão controlando a assembleia polínica ao longo de perfis estratigráficos formados por sequências de canais ativos seguidos pelo seu abandono.  Com  base  na  análise  do  tamanho  das  partículas  de  sedimentos,  estruturas sedimentares, grãos de pólen, isótopos (δ13C, δ15N, C/N) e datação 14C de matéria orgânica sedimentar de dois testemunhos (PR-11 e PR-12) amostrados de um meandro abandonado e de uma planície de maré inseridos na foz de um vale fluvial próximo do litoral da cidade de Prado, no estado da Bahia, propõe-se um modelo para a evolução do canal de maré estudado juntamente com a vegetação de seu entorno. O testemunho de sedimento PR-11, com 1,48 metros de profundidade foi amostrado dentro de uma zona de manguezal, com idade máxima de 678 cal anos AP. O PR-12 foi coletado em uma zona de várzea distante aproximadamente 2,7 km da linha de costa atual com 1,92 metros de profundidade e idade máxima de 680 cal anos AP. Os dados revelam duas associações de fácies ao longo desses testemunhos: (A) Canal de maré, representada por depósitos arenosos maciços (fácies Sm), areia com estratificação cruzada (Scs) e acamamento heterolítico flaser (Hf); e (B) Planície de maré, representada pelas fácies acamamento heterolítico wavy (Hw), acamamento heterolítico lenticular (Hl) e um pequeno intervalo (5 cm) com areia maciça (Sm) e lama maciça (Mm). Os dados polínicos dos dois testemunhos sedimentares mostram que na associação de fácies (A), referentes à base dos perfis estratigráficos, há ausência de grãos de pólen de manguezais que pode ser consequência da intensa atividade do canal retrabalhando sedimentos de sua margem e depositando os sedimentos juntamente com os grãos de pólen oriundos de unidades de vegetação não necessariamente das proximidades do local de estudo. Já para o topo da sucessão, na associação de fácies (B), é possível identificar a implantação e expansão dos manguezais na recém formada planície de maré (PR-11) ou lago (PR-12). No caso do PR-12 este momento pode ser marcado pelo abandono do canal que resultou na formação de um lago com intenso acúmulo de lama, onde a interação descarga fluvial/maré diminuiu e propiciou o preenchimento com material sedimentar mais fino e de mais alto potencial de preservação orgânica que  forneceu  condições para o  desenvolvimento  dos manguezais  e preservação polínica. No caso do PR-11, a migração natural do canal de maré causou o desenvolvimento de uma planície de maré que favoreceu a expansão do manguezal nesse local. Esses ambientes deposicionais, favoráveis à formação dos manguezais, podem ser parciais ou completamente modificados pela dinâmica natural dos canais de maré e canais estuarinos que estão sob influência das variações do aporte fluvial sedimentar na costa e dos processos de deriva litorânea ao longo da costa associados à ação das marés, ondas e correntes. Esses resultados foram comparados com os dados de um testemunho amostrado 23 km a montante do Rio Jucuruçu que também indicou a presença de manguezais sobre planície de maré com matéria orgânica estuarina durante o Holoceno inicial e médio, seguido de vegetação herbácea sobre uma planície fluvial com matéria orgânica oriunda de água doce durante o Holoceno tardio (Fontes, 2015). Nesse caso as flutuações do nível do mar e mudanças climáticas foram as principais forças controladoras da dinâmica dos pântanos na foz desse rio durante o Holoceno, assim caracterizando um processo halocíclico. Entretanto, considerando as sequências estratigráficas dos testemunhos analisados nesse trabalho de mestrado (PR-11 e PR-12), tais sucessões sedimentares associadas às mudanças na vegetação e fonte da matéria orgânica estão relacionadas aos processos naturais de preenchimento das depressões costeiras, marcados principalmente por fácies de canais ativos, canais abandonados e planícies de maré. Portanto, variações de curta escala de tempo na relação entre manguezais e demais vegetações associadas aos litorais não necessariamente estão diretamente ligadas às variações de nível do mar ou mesmo às mudanças climáticas (processos halocíclicos). Por outro lado, processos inerentes à dinâmica sedimentar do ambiente deposicional (processos autocíclicos) devem ter controlado principalmente a assembleia polínica ao longo dos perfis estratigráficos estudados.

     

  • FRANCISCO ROMERIO ABRANTES JUNIOR
  • O PERMO-TRIÁSSICO DA BACIA DO PARNAÍBA, NORTE DO BRASIL: IMPLICAÇÕESPALEOAMBIENTAIS, PALEOCLIMÁTICAS E PALEOGEOGRÁFICAS PARA O PANGEA OCIDENTAL

  • Data: Jun 3, 2016
  • Show resume
  • O Permo-Triássico foi marcado pelo maior evento de extinção em massa da história
    geológica da Terra, com a perda de 90-95% das espécies marinhas e terrestres, estando
    relacionado a mudanças paleogeográficas e paleoclimáticas, em parte atribuídas a eventos
    catastróficos. No final do Permiano, condições áridas prevaleceram em todo o globo como
    consequência da queda eustática do nível do mar, do desaparecimento das áreas glaciais e da
    multiplicação de bacias fechadas. Estas condições somadas à intensa continentalização do
    Pangea propiciaram a desertificação do supercontinente com o desenvolvimento de extensos
    desertos e complexos de sabkha. Os registros desses eventos no norte do Brasil são
    encontrados nas bacias intracratônicas, particularmente na Bacia do Parnaíba, representados
    pela sucessão siliciclástica-evaporítica do Grupo Balsas, que inclui as formações Pedra de
    Fogo, Motuca e Sambaíba. Sete associações de fácies foram reconhecidas: (1) Lacustre
    dominado por planícies de lama, representado pela intercalação de pelitos cinza
    esverdeados/avermelhados e arenitos finos com expressivo conteúdo de sílex; (2) Campo de
    dunas marginal constituído por estratos cruzados de arenitos finos a médios; (3) Lagos de
    playa perenes, consistindo dominantemente de pelitos vermelhos laminados com descontínuas
    camadas de arenitos sigmoidais; (4) Planície de lama salina / Panela salina, representadas por
    camadas de pelitos intercaladas a lentes de gipsita, calcário e marga; (5) Lençol de areia,
    constituído por estratos planos lateralmente contínuos de arenitos finos a médios com
    laminação convoluta, falhas/microfalhas sinsedimentares e estruturas de adesão; (6) Campo
    de dunas, formado por arenitos finos a médios com estratificações cruzadas de grande porte; e
    (7) Planície vulcânica, consistindo de basaltos e arenitos intercalados. Durante o Permiano
    Médio, amplas planícies marcadas pela alternância de fases lacustres rasas a profundas e
    planícies de lama em sabkhas continentais (AF1) se estendiam na zona tropical das porções
    oeste e central do Pangea. Esta ciclicidade refletia a sazonalidade de fases úmidas e secas,
    condicionadas por variações no nível freático, baixa taxa de subsidência e limitado espaço de
    acomodação. As fases secas mais prolongadas eram caracterizadas pelo avanço dos campos
    de dunas marginais (AF2) e o estabelecimento de amplas planícies de lama secas. O contínuo
    processo de amalgamação do Pangea durante o Permiano Superior propiciou o soerguimento
    das regiões equatoriais e centrais do supercontinente, ocasionando a retração dos mares
    epicontinentais, o surgimento de extensas bacias fechadas (AF3) e a formação de lagos
    salinos efêmeros extremamente ácidos, planícies de lama salinas e panelas salinas (AF4).
    Petrograficamente, os evaporitos das panelas salinas exibem feições de precipitação primária
    ix
    a eodiagenética de gipsita e anidrita, posteriormente afetados por processos telodiagenéticos.
    A extrema aridez favoreceu a retração destes grandes lagos e a implantação definitiva de um
    Erg triássico. Lençóis de areia ocorriam na porção marginal do Erg, contendo lagoas efêmeras
    e abundantes regiões úmidas (AF5). Extensos campos de dunas avançavam conforme
    aumentava a disponibilidade de sedimentos, enquanto superfícies de deflação eram formadas
    pela supressão parcial do suprimento sedimentar (AF6). A supressão total de sedimentos para
    o Erg no Triássico Superior proporcionou uma deflação extrema e regional que ocasionou na
    formação de uma superfície extremamente plana que assentou rochas vulcânicas eojurássicas
    (AF7). A análise deformacional da sucessão estudada identificou pelo menos três diferentes
    níveis de deformação sinsedimentar: (I) feições híbridas rúptil-dúuctil na zona de contato
    entre as formações Motuca e Sambaíba; (II) dobras e convoluções de médio porte na porção
    intermediária dos estratos eólicos da Formação Sambaíba; (III) injetitos nos arenitos
    intertraps da Formação Mosquito. Estes três níveis de camadas deformadas são separados por
    intervalos de estratos não deformados ou ligeiramente deformados, podendo mostrar
    lateralmente um aumento gradual da intensidade da deformação. O nível de deformação I
    ocorre na zona de contato entre as formações Motuca e Sambaíba e é representado por um
    conjunto de feições híbridas (rúptil-dúctil). A continuidade lateral deste intervalo por centenas
    de quilômetros, somada ao aumento do grau de deformação na região de Riachão e a
    concentração anômala de elementos traços (Cr, Co, Cu, Mn, Au, Pd e Pt), são compatíveis
    com abalos sísmicos de alta magnitude, provavelmente induzidos por impacto meteorítico
    (astroblema de Riachão). O nível de deformação II é formado por um conjunto de dobras
    desarmônicas na parte intermediária da Formação Sambaíba. Originou-se por processos
    autocíclicos relacionados a deformação hidroplástica de sedimentos pela migração e
    sobrepeso de dunas/draas. O terceiro intervalo consiste em diques de arenito nas rochas
    vulcânicas eojurássicas da Formação Mosquito. Estes diques foram formados pela injeção
    hidráulica de areia durante o aumento de gradiente térmico induzido pelo magmatismo básico
    durante a fase pré-rifte do Pangea Ocidental.
    Palavras-chave: Sistema desértico. Evaporitos. Permo-Triássico. Bacia do Parnaíba. Pangea
    Ocidental.

  • JHON WILLY LOPES AFONSO
  • A TRANSIÇÃO NEOPROTEROZOICO-EOPALEOZOICO NO GRABEN PIMENTA BUENO, NW DA BACIA DOS PARECIS, ESTADO DE RONDÔNIA

  • Data: May 30, 2016
  • Show resume
  • O Graben Pimenta Bueno (GPB) representa uma sub-bacia da porção noroeste da Bacia Parecis, implantada sobre o sudoeste do Cráton Amazônico, preenchido por uma sucessão de rochas siliciclásticas e, subordinadamente carbonáticas de aproximadamente 1000 m de espessura em subsuperfície. Parte da sucessão siliciclástica de idade paleozoica exposta no GPB recobre rochas do embasamento cristalino e depósitos carbonáticos e siliciclásticos que foram previamente considerados como de idade paleozoica. A análise faciológica e estratigráfica da sucessão aflorante nos arredores dos municípios de Cacoal, Pimenta Bueno e Espigão d’Oeste, Estado de Rondônia, permitiram redescrever e redefinir as unidades basais do GPB, incluídas previamente nas formações Cacoal e Pimenta Bueno da Bacia dos Parecis. A Formação Cacoal que sobrepõe rochas cristalinas Pré-cambrianas, foi redefinida em duas unidades: uma homônima caracterizada por diamictitos e arenitos com dropstones, e a outra denominada de Formação Espigão d’Oeste que inclui dolomitos rosados, ritmito dolomito- siltito, e uma espessa sucessão de siltitos. Ambas as unidades foram inseridas na base do Ediacarano, e correlatas, respectivamente, aos depósitos glaciais e pós-glaciais ligados ao evento global Marinoano (635 Ma) relacionado à hipótese de Snowball-Slushball Earth. Estas unidades fazem parte da cobertura do embasamento do GPB, sem nenhuma relação com a sucessão paleozoica da Bacia dos Parecis. Os dolomitos rosados são interpretados como capa carbonática neoproterozoica, recoberta em discordância pela Formação Pimenta Bueno considerada de idade ordoviciana-siluriana. Vinte fácies sedimentares agrupadas em oito associações de fácies (AF) foram interpretadas como depósitos glácio-marinho, de plataforma carbonática e siliciclástica e depósitos costeiros influenciados por tempestades e maré. Os depósitos glácio-marinhos (AF1) da Formação Cacoal consistem em diamictito com clastos facetados e estriados (blocos e seixos de granito, gnaisse, rocha vulcânica, filitos, arenitos, pelitos e chert) intercalados com arenitos finos a médios com laminação cruzada cavalgante e raros dropstones. A capa carbonática da Formação Espigão d’Oeste é formada pela AF2 e AF3. A AF2 abrange doloboundstones e dolomudstones/dolopackstones rosados, peloidais e finamente laminados, depositados em plataforma carbonática marinha rasa com influência de onda, que passam em direção ao topo para uma sucessão de ritmitos dolomito/siltito lagunares (AF3). Valores de δ13C de –3,66 a -3,03 ‰ encontrados na AF2 e AF3, são típicos de capas carbonáticas marinoanas. A Formação Pimenta Bueno consiste em diamictitos maciços contendo clastos centimétricos até métricos, estriados e de composição variada e pelitos com dropstones intercalados por arenitos com estratificação cruzada sigmoidal, por vezes com estrutura tipo dump. Sucessões granocrescentes ascendentes foram interpretadas como ciclos de avanço e recuo de geleiras costeiras, com desenvolvimento de deltas de degelo (AF4). A consequente subida do nível do mar permitiu a instalação de zonas litorâneas dominadas por tempestades representadas por arenito com estratificação cruzada hummocky e pelito laminado (AF5), além de depósitos de shoreface (AF6) indicados por arenitos finos a médios com estratificação cruzada swaley. Arenitos com estratificação cruzada e mud drapes nos foresets e ritmitos arenito/pelito sugerem deposição em zona de submaré (AF7) e provável conexão oceânica do mar siluriano sem influência dos fenômenos glaciais. Pelitos laminados e maciços com arenitos lobados e laminação cruzada, localmente com Skolithos, em sucessões granocrescentes indicam progradação de lobos de suspensão em lagos ou mar restrito (AF8). A recorrência de eventos glaciais na sucessão estudada indica condições climáticas extremas de Snowball-Slushball Earth estenderam-se até a porção mais sudoeste do Cráton Amazônico durante o Neoproterozoico. As glaciações só retornaram a esta parte da Amazônia no final do Ordoviciano com registros importantes nas bacias intracratônicas do Brasil.

     

  • CAIO CÉSAR AMORIM DE MELO
  • CRISTALOQUÍMICA DA SODALITA BAYER DERIVADA DE BAUXITAS COM ALTA SÍLICA REATIVA DE
    PARAGOMINAS-PA

  • Data: May 24, 2016
  • Show resume
  • Na região de Paragominas, bem como, em toda região norte do Brasil os depósitos de bauxita
    gibbsíticas comumente apresentam quantidade elevada de caulinita. O processamento destas
    bauxitas (conhecidas como bauxitas com alta sílica reativa - BASR) tornou-se um desafio,
    pois, nas condições convencionais do processo Bayer, a caulinita é lixiviada,
    indesejavelmente, pela solução de NaOH e em seguida precipita-se na forma de sodalita. A
    formação dessa fase acarreta um aumento significativo nos custos do processo, tanto pelo
    aumento do tempo de processamento quanto pela perda irreversível de NaOH que é roubado
    do sistema na formação da sodalita a qual é descartada na lama vermelha. Diante desse
    problema minero-metalúrgico, este trabalho teve como objetivo investigar a cristaloquímica
    da sodalita formada em condições convencionais do processo Bayer para que a partir desses
    resultados, estudos no sentido de reduzir estas perdas do processo e viabilizar o
    processamento das BARS possam ser desenvolvidos futuramente. Os materiais de estudo
    desse trabalho foram gangas cauliníticas de 4 litologias de um poço de pesquisa na mina
    Miltônia 3 (BN, BNC, BC e BCBA), bem como um caulim produto da IMERYS S.A.. As
    digestões foram realizadas em autoclaves de aço inoxidável revestidas internamente com
    Teflon, utilizando em 1 g de material sólido, 25 mL de NaOH e temperatura de 150ºC em
    estufa. A concentração da solução NaOH e o tempo de reação variaram de 2,5 à 5,0 M e 60 à
    420 min, respectivamente. Os materiais foram caracterizados por DRX, ATD/TG, FTIR,
    MEV e ICP-OES. Os resultados dos materiais de partida revelaram que a amostra de caulim é
    constituída essencialmente por caulinita, e a mesma apresenta alto grau de ordenamento
    estrutural. Todas as gangas cauliníticas apresentaram os mesmos minerais: gibbsita, caulinita,
    hematita, goethita e anatásio. A partir da observação dos difratogramas e das curvas de ATD
    pode-se observar que as amostras BN e BNC são mais reativas que as demais, possivelmente
    devido a um menor grau de ordenamento estrutural e tamanho das partículas. A partir dos
    resultados dos experimentos com o caulim foi possível observar que são formadas não só uma
    sodalita, mas duas que coexistem praticamente ao longo de todo o processo tendendo a um
    equilíbrio. Estas duas fases se diferenciam pela quantidade e pelo comportamento das
    moléculas de NaOH e H2O que ocupam a cavidade da estrutura. Os resultados dos
    refinamentos mostraram que estas eram: sodalita básica com parâmetro de cela unitária (ao)
    ~8,96 Å, predominante nos estágios iniciais da transformação e hidrosodalita com ao ~8,85 Å,
    dominante nos estágios secundários (principalmente no tempo de 180 min). Os resultados de
    DRX do material obtido nos experimentos a partir das gangas cauliníticas mostraram que em
    60 min não há conversão completa da caulinita em sodalita, e que o padrão difratométrico da
    sodalita formada a partir das amostras BNC e BN apresentam picos mais intensos e bem
    definidos que os de BC e BCBA, confirmando a hipótese de que as caulinitas presente em BN
    e BNC são mais reativas. O aumento do tempo de reação e concentração de NaOH
    possibilitou um sutil aumento do ordenamento estrutural da sodalita. Observou-se que em
    praticamente todos os experimentos a única fase formada foi a sodalita básica. As únicas
    amostras onde houve a formação da hidrosodalita foram as amostras de BCBA e BC em
    maior tempo de reação e concentração de NaOH, mostrando assim que essa fase está
    diretamente associada a um maior tempo de reação, bem como a concentração e
    “cristalinidade” de caulinita disponível no meio reacional. Assim, durante a reação em tempos
    e concentrações menores não é possível alcançar um equilíbrio e consequentemente há uma
    constante alternância da fase predominante. Em tempos e concentrações maiores um
    equilíbrio é virtualmente alcançado, de modo que não se observa mais picos de difração
    separados. No entanto, não há significativo aumento do ordenamento estrutural inclusive para
    tempos extremos de 3 dias de digestão. Os experimentos com cloreto de amônio mostraram
    que este meio permite a formação de fases mais cristalinas que todas as outras obtidas neste
    trabalho. No entanto, não resultaram em uma diminuição do consumo de sódio.

    Palavras-chave: Sodalita. Caulinita. Bauxita. Processo Bayer.

  • CARLA BATISTA DA SILVA
  • PALINOLOGIA DA FORMAÇÃO PIRABAS, NOS MUNICÍPIOS DE PRIMAVERA E SALINÓPOLIS, NORDESTE DO ESTADO DO PARÁ, BRASIL

  • Data: Apr 30, 2016
  • Show resume
  • Durante a transição Paleogeno - Neógeno, a costa amazônica (Brasil) apresentava taxas muito
    baixas de sedimentação e influxo de sedimentos siliciclásticos supridos por uma antiga bacia
    hidrográfica, que permitiu formação de extenso e espesso depósito carbonático. Com o
    desenvolvimento do leque do Rio Amazonas no Mioceno superior, estes depósitos podem ter
    representado o último estágio de sedimentação carbonática em ambientes transicionais do
    litoral amazônico. A integração de dados de fácies e análise palinológica de um furo de
    sondagem de Primavera/PA (FPPR-160) juntamente com a reavaliação da sistemática
    palinológica de Cunha (2013) de um afloramento da praia do Atalaia em Salinópolis/PA,
    permitiu a identificação de uma laguna conectada à uma plataforma marinha rasa depositada
    entre o Oligoceno superior e Mioceno inferior. A ocorrência de Retibrevitricolporites grandis
    no testemunho FPR – 160, em amostras retiradas da base do testemunho, logo acima de
    rochas cristalinas do embasamento, atribuiu uma idade máxima de Oligoceno superior para
    então a base da Formação Pirabas. A presença das espécies Retitrescolpites irregularis,
    Psilatricolporites crassoexinatus e Retibrevitricolporites grandis somado à ausência da
    espécie Zonocostites ramonae e Deltoidospora adriennis, pode indicar que houve
    considerável influência continental sobre os depósitos ou ocorrência de um ambiente marinho
    com áreas de mangue restritas. A ocorrência de Mauritiidites franciscoi, P. crassoexinatus, R.
    irregularis, Malvacipolloides maristellae e Z. ramonae no perfil estratigráfico feito na praia
    do Atalaia (Salinopólis/PA), sugere idade de Mioceno inferior para o topo desta unidade,
    interpretado como um paleoambiente lagunar bordejado por vegetação de manguezal.
    Palavras-chave: Palinologia. Formação Pirabas. Oligoceno superior. Mioceno inferior.
    Salinópolis-PA. Primavera-PA. Pará.

2015
Description
  • LUCAS NORONHA CUNHA
  • PALEOAMBIENTE E ICNOFÓSSEIS DA FORMAÇÃO PIMENTEIRAS, DEVONIANO DA BACIA DO PARNAÍBA, REGIÕES DE VALENÇA DO PIAUÍ E PIMENTEIRAS, PIAUÍ

  • Data: Dec 8, 2015
  • Show resume
  • Um dos mais expressivos registros dos mares devonianos do Oeste do Gondwana é
    representado pelos folhelhos e arenitos da Formação Pimenteiras, exposta na Bacia do
    Parnaíba, Região Nordeste do Brasil. Esta formação tem sido interpretada como depósitos de
    plataforma influenciada por tempestades representativos da fase transgressiva ocorrida entre o
    Mesodevoniano e o Neodevoniano. A análise de fácies e estratigráfica da Formação
    Pimenteiras, em excelentes exposições nas regiões de Valença do Piauí e Pimenteiras, Estado
    do Piauí, corroborou a interpretação prévia desta unidade, bem como proporcionou a
    identificação de sua diversidade e abundância icnofossilífera para a determinação de
    parâmetros paleoambientais, tais como taxa de sedimentação, oxigenação e batimetria. Duas
    associações de fácies foram individualizadas para a Formação Pimenteiras: 1)
    offshore/shoreface, caracterizada por arenitos com estratificação cruzada hummocky,
    intercalado com arenitos com laminação ondulada, acamamento maciço e folhelhos
    configurando um padrão tipo pinch-and-swell; e 2) offshore superior, caracterizada por
    camadas de espessuras métricas e lateralmente contínuas por dezenas de metros de folhelhos,
    com intercalação de arenitos com estratificação cruzada hummocky. A icnologia sistemática
    da Formação Pimenteiras permitiu a identificação de 15 icnogêneros tais como, Agrichnium,
    Bergaueria, Bifungites, Circulichnis, Cruziana, Diplichnites, Helminthopsis, Lockeia,
    Lophoctenium, Palaeophycus, Phycosiphon, Planolites, Protopaleodictyon, Rusophycus e
    Zoophycos. Os icnogêneros Agrichnium e Circulichnis são descritos pela primeira vez na
    Formação Pimenteiras. Níveis de bioturbação distintos ocorrem restritos aos arenitos, com
    índices de icnofábrica (ii) 3, variando entre 15% e 25%. Estes valores médios de ii sugerem
    níveis de oxigenação típicos de ambientes aeróbicos, ou a zona de interface água-sedimento
    com razoáveis níveis de oxigenação. Estes níveis de bioturbação são geralmente limitados por
    folhelhos com pouca (ii = 2) ou nenhuma bioturbação (ii = 1), o que sugere um ambiente
    anaeróbico próximo ao substrato. A Formação Pimenteiras inclui as seguintes icnofácies
    representativas da transição offshore/shoreface: Skolithos, representativa de ambiente de alta
    energia dominado por ondas; e Cruziana, relacionado a zona litorânea e ambiente marinho
    raso a profundo. A predominância de espécimes da icnofácie Cruziana e com subordinada
    ocorrência de espécimes da icnofácies Skolithos nos depósitos estudados sugerem uma relação
    entre uma ocupação do substrato permanente pontuada pela exploração episódica de
    indivíduos colonizadores, após eventos de tempestades. Os estudos de fácies em combinação
    com a análise icnológica da Formação Pimenteiras forneceram importantes parâmetros para o
    vii
    entendimento da dinâmica sedimentar e a ocupação do substrato por organismos bentônicos
    durante o estabelecimento dos mares epicontinentais devonianos no oeste Gondwana.

  • EDSON ADJAIR DE SOUZA PEREIRA
  • A DINÂMICA DOS MANGUEZAIS NO NORDESTE DO BRASIL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DE DADOS DE SENSORES REMOTOS E SIG

  • Data: Nov 27, 2015
  • Show resume
  • O presente estudo avalia a dinâmica dos manguezais do nordeste do Brasil nas últimas quatro décadas a partir de uma metodologia de classificação de imagens de sensores remotos orientada a objetos geográficos (GEOBIA). Esta metodologia combina informações espectrais, temporais e espaciais de imagens multitemporais para criar objetos (áreas de manguezais) consistentes para uma análise estatística a partir de imagens classificadas. O  objetivo deste trabalho foi avaliar as mudanças na cobertura florestal dos manguezais em todos os estados do nordeste brasileiro entre os anos de 1975 e 2008 no que diz respeito ao aumento ou diminuição em suas áreas em resposta as variações naturais (erosão e acresção) e antrópicas (aquacultura/salinicultura). Para isto, foram processadas e analisadas imagens de sensores remotos (RADAMBRASIL, ALOS PALSAR, LANDSAT TM e SRTM) a partir da abordagem de GEOBIA. Durante o período estudado, observou-se uma redução da área de floresta de mangue de ~1.545 km2 em 1975 para ~1.480 km2 em 2008. Isto representa um perda líquida de ~65 km2, o que equivale a uma diminuição de 13% na área de floresta de mangue. Dos nove estados estudados apenas o Ceará e Pernambuco apresentaram um ganho na cobertura dos manguezais, enquanto todos os demais sofreram redução. Dentre o total de área de floresta de mangue perdida no período estudado (~953 km2), os tanques de aquacultura/salinicultura representam ~10%. É importante ressaltar que nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará a conversão de áreas de manguezal em tanque de aquacultura/salinicultura já representam ~41% e 32% da área total de mangue perdida, respectivamente. Portanto, é possível concluir que a metodologia utilizada para avaliar a dinâmica dos manguezais no nordeste do Brasil a partir de diferentes fontes de dados de sensoriamento remoto foi extremamente eficaz. Novas estratégias de recuperação e de uso sustentável das áreas de manguezal devem ser estabelecidas com vistas a conservar este ecossistema para gerações futuras.

     

    Palavras-chave: Sensoriamento Remoto. Mangues Florestais. Zona Costeira. Nordeste Brasileiro.

     

  • BRUNA KARINE CORREA NOGUEIRA
  • PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DA SUÍTE ROSÁRIO, FRAGMENTO CRATÔNICO SÃO LUÍS, MA

  • Data: Oct 20, 2015
  • Show resume
  • A região compreendida entre os rios Gurupi e Itapirucu compreende uma área
    relativamente grande no nordeste do Pará e noroeste do Maranhão que expõe suítes granitoides
    e sequências metavulcanossedimentares do Paleoproterozoico que fazem parte do Fragmento
    Cratônico São Luís que é bordejado pelo Cinturão Gurupi, do Neoproterozoico, constituído por
    gnaisses, granitoides e rochas metassedimentares. Nas exposições mais a leste dessa unidade
    geotectônica, distando cerca de 70 km ao sul da cidade de São Luís, aflora outra porção do
    núcleo cratônico representado pela Suíte Intrusiva Rosário (SIR), alvo deste trabalho, que
    envolveu estudos petrográficos, litoquímicos e geocronológicos com o objetivo de compreender
    a evolução crustal das rochas dessa suíte granitoide. A SIR constitui um conjunto de múltiplos
    plútons de composição tonalítica, granodiorítica e granítica, que apresentam transformações
    texturais, estruturais e mineralógicas parciais relacionadas à deformação ao longo de zonas de
    cisalhamento transcorrentes. Expostos em janelas tectônicas e erosivas; os granitoides
    estudados ocorrem em forma de plútons com excelente exposição em pedreiras de brita ou nos
    vales e margens de rios, e três principais litotipos da suíte foram mapeados neste trabalho:
    metaquartzo dioritos, metatonalitos com variações melatonalíticas e metagranodioritos, em que
    se acham preservadas textura ígnea do tipo granular hipidiomórfica, apresentando leves efeitos
    deformacionais com superposição de feições miloníticas. Os granitoides são constituídos
    essencialmente por plagioclásio, quartzo, microclínio, hornblenda, titanita, em menor
    quantidade biotita, e acessoriamente zircão, apatita, e minerais opacos. As fases mineralógicas
    secundárias são evidenciadas pela alteração do plagioclásio para sericita, epidoto e carbonato;
    hornblenda e biotita para clorita, e tremolita-actinolita como produto da alteração da
    hornblenda. As rochas são classificadas como metaplutônicas por apresentarem transformações
    metamórficas por influência da deformação e neoformação de minerais em zonas de
    cisalhamento com metamorfismo atingindo condições da fácies xisto verde (metamorfismo de
    cisalhamento). As características geoquímicas dos granitoides, em geral apresentam teores de
    SiO2 que variam entre 49 e 78%, K2O entre 0,16 e 3%, MgO de 0,13 a 8%, CaO de 1 a 8%,
    TiO2 de 0,3 a 0,7%, e Na2O de 1 a 6%. Razões K2O/N2O são geralmente inferiores a 1, ou
    apresentam valores iguais ou próximos de 1. O índice de Shand de saturação em caracteriza
    esses granitoides como rochas metaluminosas. Nos diagramas de classificação geoquímica as
    rochas situam-se principalmente nos campos de diorito, tonalito, granodiorito e granito,
    coincidindo com os dados petrográficos, permitindo enquadrá-los na série cálcico-alcalina. Os
    elementos traços apresentam anomalias negativas de Rb e Nb, com padrão de distribuição dos
    ix
    elementos terras raras (ETR) enriquecido nos ETR leves em relação aos pesados com razão
    [(La/Yb)N = 3 a 25], indicando um acentuado fracionamento, além de incipientes anomalias
    negativas ou positivas de Eu (Eu/Eu* = 0,82 a 1,1). As análises dos dados geoquímicos
    permitem interpretar o conjunto de granitoides como de afinidade cálcio-alcalina do tipo-I
    relacionados a ambiente de arco magmático com. Datações pelo método U-Pb em zircão,
    forneceram valores de 2170,6±4 Ma, 2173,8±7,7 Ma, 2178,6±7,4 Ma, 2145±13 Ma e
    2158,2±7,8 Ma que representam a idade de colocação desses granitoides da Suíte Intrusiva
    Rosário no Paleoproterozoico (Riaciano). Os dados isotópicos Sm-Nd forneceram idades
    modelo (TDM) de 2,24 a 2,37 Ga com valores de eNd +1,0 a +2,5 (t = 2,17Ga). No diagrama eNd
    vs. tempo, todas as amostras se posicionam no campo correspondente à Crosta
    paleoproterozoica do Fragmento Cratônico São Luís, indicando fonte dominantemente crustal
    de idade Riaciano para os magmas parentais. Comparativamente, são rochas que se assemelham
    geoquímica e geocronologicamente com outros corpos granitoides reconhecidos no Fragmento
    Cratônico São Luís, a exemplo da Suíte Intrusiva Tromaí. Apesar das rochas da SIR apresentar
    peculiaridades petrográficas distintas, os granitoides da Suíte Tromaí situam-se nos mesmos
    campos e características geoquímicas de afinidade cálcio-alcalina, metaluminosas, granitoides
    do tipo-I, de arco magmático correspondentes com zonas de subducção. Relacionando os dados
    obtidos neste estudo com as informações geológicas e geocronológicas disponíveis na literatura
    e analisando suas distribuições cartográficas, pode-se afirmar que a extensão desse
    magmatismo ultrapassaria de 1.000 km, caracterizando extensos batólitos tonalíticogranodioríticos
    de idade paleoproterozoica, indicando assim, um importante evento de
    formação de crosta continental nesse domínio, através de intenso plutonismo ligado ao evento
    Transamazônico/Eburneano. No Cráton Oeste Africano, um quadro geológico similar é
    interpretado como o resultado da colisão e amalgamação de vários arcos magmáticos a terrenos
    arqueanos, durante o evento Eburneano (Transamazônico), reafirmando a ligação do Fragmento
    Cratônico São Luís e Oeste Africano no Gondwana Ocidental, e assim fazendo parte de uma
    mesma unidade pré-deriva continental. Os fenômenos geológicos acontecidos nessa região
    brasileira podem então ser comparados àqueles que levaram à formação dos terrenos
    Birrimianos na África Ocidental.

  • CARLA BRAGA PEREIRA
  • MINERALOGIA E GEOQUÍMICA DOS PERFIS BAUXÍTICOS DA MINA MILTÔNIA 3, REGIÃO DE PARAGOMINAS/PA 

  • Data: Oct 16, 2015
  • Show resume
  • A Província Bauxitífera de Paragominas situa-se na porção leste do estado do Pará e oeste do estado do Maranhão, ocupando a porção NW da Bacia do Grajaú e a parte meridional da plataforma Bragantina, com área em torno de 50.000 km2. Os importantes depósitos de bauxita dessa região foram originados a partir de intenso intemperismo químico sobre rochas siliciclásticas do Cretáceo. Este trabalho tem como foco o estudo mineralógico e geoquímico de perfis bauxíticos na área da mina de Bauxita pertencente à empresa Norsk Hydro, na mina Miltônia 3, município de Paragominas-PA. Visa contribuir para o entendimento da origem e desenvolvimento dos perfis. Foram amostrados dois perfis lateríticos representativos da mina Miltônia 3, atentando-se para as diferenças químicas, mineralógica e textural dos horizontes que estruturam os perfis em questão. Assim utilizou-se os seguintes procedimentos metodológicos e/ou técnicas instrumentais: Difração de Raios-X (DRX), Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), Petrologia e Análise Química. Os perfis lateríticos estudados neste trabalho foram descritos segundo a sua estruturação em horizontes, nomeados da base para o topo de: Bauxita Amorfa (BA), Bauxita Cristalizada-Bauxita Amorfa (BCBA), Bauxita Cristalizada (BC), Laterita Ferruginosa (LF), no perfil 1 o horizonte sobrejacente a LF é descrito como Bauxita Nodular (BN), entretanto no perfil 2, trata-se do Horizonte Bauxita Cristalizada Nodular (BNC). Ambos os perfis são cobertos por horizonte areno-argiloso inconsolidado, de coloração vermelho alaranjado, denominada por muitos autores de Argila de Belterra. Petrograficamente os horizontes apresentam os seguintes minerais típicos de um perfil bauxítico/lateríticos: gibbsita, caulinita, goethita, hematita e anatásio. Esta paragênese foi confirmada por meio da análise por DRX, cujo conteúdo varia para cada horizonte. Assim aliada a análise via MEV pode-se perceber o aspecto morfológico dos cristais de gibbsita e caulinita. Nota-se a presença de três gerações de gibbsita, a fase precoce faz parte da matriz, por vezes, associada com oxi-hidróxido de Fe, apresentando caráter criptocristalino. A segunda geração compreende cristais microcristalinos que preenchem parcialmente ou totalmente os poros. A geração mais tardia são cristais criptocristalinos que encontram-se preenchendo totalmente e/ou revestindo as paredes dos cutans. O comportamento geoquímico das fases residuais Al2O3, Fe2O3, SiO2 e TiO2 apresentam similaridade em ambos os perfis, assim como, os presentes teores de Al2O3_aproveitável e SiO2_reativa. Ao longo do perfil o teor de SiO2 e SiO2_reativa são mais expressivos nas camadas mais argilosas, e refletem o conteúdo de caulinita. O teor de Al2O3_aproveitável segue o mesmo comportamento de Al2O3: pois a primeira está relacionada à gibbsita, e os teores mais elevados estão no topo da BA, BCBA e BC, o último representa a nível economicamente explorável. Ao avaliar o grau de ordem e desordem da caulinita presente nos perfis estudados verificou-se um aumento dos resultados de FWHM (aumento do alargamento dos picos) da base em direção ao topo, mostrando a possibilidade de: 1) degradação das caulinitas com o processo de desenvolvimento do perfil laterítico; e/ou neoformação de novas gerações de caulinita de baixa cristalinidade. Os dados levantados durante as análises deram suporte para entendimento dos processos que favoreceram as diferenças e semelhanças mineralógicas, químicas e texturais existentes entre os horizontes bauxíticos, assim como a retomada do processo de bauxitização (Duas fases de bauxitização) que resultou na formação do horizonte Bauxita Nodular e Bauxita Nodular Cristalizada, levantando a hipótese da evolução complexa e polifásica dos perfis estudados, culminando na origem dos depósitos bauxíticos/lateríticos.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

  • CAMILA VILAR DE OLIVEIRA
  • GEOCRONOLOGIA U-Pb EM ZIRCÃO DETRÍTICO APLICADA AO ESTUDO DE PROVENIÊNCIA DOS ARENITOS DO GRUPO CANINDÉ, BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAÍBA

     

  • Data: Oct 13, 2015
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  • A datação U-Pb via LA-ICPMS de zircão detrítico do Grupo Canindé permitiu estabelecer uma relação direta entre as idades destes minerais nos arenitos da borda leste da Bacia do Parnaíba e as diversificadas rochas remanescentes em terrenos-fonte longínquos e/ou proximais, revelando-se uma ferramenta investigativa indispensável em proveniência sedimentar. As rochas estudadas representam uma sucessão siliciclástica composta por diamictitos, brechas intraformacionais, arenitos finos a grossos e arenitos finos a muito finos, interdigitando-se com pelitos e argilitos. Sete associações de fácies foram definidas: a) A unidade basal corresponde aos depósitos de offshore-shoreface inferior (Af1) da Formação Pimenteiras; b) gradativamente em direção a oeste, afloram rochas da Formação Cabeças, com depósitos subglaciais (Af2) intercalados, e em caráter erosivo, ao depósito de frente deltaica distal (Af3). A norte exibem características mais proximais destacada pelas amplas espessuras dos lobos sigmoidais (Af4); c) A faixa de exposição da Formação Longá é mais restrita, caracterizado por depósitos de shoreface inferior (Af5); e d) A unidade de topo, representada pela Formação Poti, apresenta a noroeste depósitos com características marinhas shoreface-offshore (Af6) e mais continentais a sudoeste, com depósitos de barras de canais (Af7). A identificação dos parâmetros internos por imageamento CL de 318 (n) grãos desta sequência revelaram quatro populações principais: a) grãos com zoneamento concêntrico (Zr1); b) grãos homogêneos (Zr2); c) grãos com zoneamento convoluto ou com bordas recristalizadas (Zr3); e d) grãos metamíticos, fraturados ou com bordas exsolvidas (Zr4). Sendo estes, agrupados em 3 tipologias: a) Grupo 1- grãos magmáticos; b) Grupo 2- grãos metamórficos; e c) Grupo 3- grãos metamíticos. As idades U-Pb foram reproduzidas em diagramas de distribuição de densidade (probabilidade relativa e cumulativa) e as porcentagens discriminadas em gráficos de setores, demonstraram clara distribuição heterogênea, com fontes Paleoproterozóicas (sobretudo Orosirianas), predominantes sobre as fontes Mesoarqueanas e Mesoproterozóicas, diferenciando-se quanto aos contingentes Neoproterozóicos (principalmente Tonianos) e Cambrianos. A partir do teste K-S obteve-se uma pronunciada similaridade entre fontes das Formações Cabeças e Longá (p=0.385) e total diferenciação (p=0) dos padrões específicos de proveniência das formações Pimenteiras e Poti. As medidas de paleocorrentes identificadas sob a área pesquisada, tanto em arenitos fluvias quanto em sigmoides unimodais deltaicos, demonstram que durante a deposição do Grupo Canindé, as áreas-fontes situavam-se na borda sul-sudeste, referentes tanto a Província Borborema (PB) quanto ao Cráton São Francisco (CSF) e suas faixas brasilianas circunvizinhas (Brasília e Rio Preto), destacando-se a atuação como aporte sedimentar da porção leste da Bacia do Parnaíba, principalmente provindos da porção Norte do CSF, respectivo ao bloco Sobradinho, e as subprovíncias Central e Sul da PB, relativos ao terreno Alto Pajeú (Cariris Velhos stritu sensu) e a faixa Riacho do Pontal, com a oferta de suprimento inerente as essas regiões totalmente controlada pelas incursões marinhas (transgressões e regressões) do mesodevoniano ao eocarbonifero.

     

    Palavras-chave: U-Pb geocronologia. Proveniência. Zircões detríticos. Bacia do Parnaíba. Grupo Canindé.

     

     

     

     

  • PAULO ROBERTO SOARES RODRIGUES
  • PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DE DIQUES MÁFICOS A FÉLSICOS DA REGIÃO DE ÁGUA AZUL DO NORTE, PROVÍNCIA CARAJÁS, SUDESTE DO PARÁ.

  • Data: Oct 8, 2015
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  • Na região de Água Azul do Norte, sudeste do Pará, diques máficos a félsicos afloram em área peneplanizada sob a forma de cristas descontínuas seccionando granitos anorogênicos e rochas encaixantes arqueanas. Eles ocorrem preferencialmente segundo a direção NW-SE formando corpos tabulares subverticais com espessuras de até 30m. Quatro grupos de diques foram individualizados: diabásios, andesitos, riolitos e feldspato-alcalino riolitos. Geoquimicamente são basaltos, andesitos basálticos, andesitos e riolitos metaluminosos a fracamente peraluminosos de afinidade toleítica. Nos diagramas de Harker, os diabásios apresentam os menores conteúdos de SiO2 e TiO2 e os mais elevados de FeOt, MgO e CaO, refletindo a composição mineralógica dessas rochas formadas predominantemente por plagioclásio e clinopiroxênio. Os andesitos mostram valores intermediários de TiO2,FeOt, MgO, CaO, Na2O e K2O quando comparados aos diabásios e riolitos, similares a outros diques de andesito já estudados no Domínio Rio Maria (DRM). Os diques de feldspato-alcalino riolito e riolito possuem as mais elevadas e variadas concentrações de SiO2. Al2O3 FeOt, MgO e CaO exibem correlação negativa, enquanto K2O apresenta correlação positiva com a sílica. Na2O, TiO2 e P2O5 não apresentam correlação clara. Os diques de diabásios mostram padrão subhorizontal com leve fracionamento dos elementos terras raras (ETR), enriquecimento dos ETR leves (ETRL) em relação aos ETR pesados (ETRP) e anomalias de Eu pouco acentuadas a levemente negativas. Comparativamente, os diques de andesito apresentam fracionamento mais acentuado dos ETR, maior enriquecimento dos ETRL frente aos ETRP e anomalia negativa de Eu mais acentuada. O dique de riolito exibe fracionamento de ETR e anomalia negativa de Eu moderados, enquanto os de feldspato-alcalino riolito mostram maior fracionamento de ETR, um enriquecimento maior dos ETRL em relação aos ETRP e anomalias negativas de Eu fortemente pronunciadas. A presença de lacunas composionais entre os grupos de diques de Água Azul do Norte descarta a existência de uma série magmática continua; o magmatismo máfico, representado pelos diques de diabásio, não evoluiu para formar os de andesito. Por outro lado, os diques de riolito e feldspato-alcalino riolito estariam ligados ao magmatismo granítico anorogênico tipo-A de aproximadamente 1,88 Ga atuante no DRM. O estudo comparativo mostra similaridades entre os diques de Água Azul do Norte e os de outras áreas do DRM, sugerindo origem comum.

  • FLÁVIO ROBSON DIAS SEMBLANO
  • ESTUDO PETROGRÁFICO, GEOQUÍMICO E ISOTÓPICO DE GRANITOS DA PORÇÃO LESTE DO DOMÍNIO TAPAJÓS, NAS FOLHAS SÃO DOMINGOS E JARDIM DO OURO, PARÁ

  • Data: Oct 7, 2015
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  • O Domínio Tapajós, localizado no escudo Brasil Central (porção sul do Cráton Amazônico), faz parte da Província Tapajós-Parima (ou Ventuari-Tapajós) que corresponde a um cinturão orogênico paleoproterozoico de orientação NW-SE que se estende do sudoeste do Pará até o sul da Venezuela. Alguns autores descrevem essa Província como tendo sido formada pelo desenvolvimento de duas orogenias distintas que incorporaram quatro arcos magmáticos seguidos de um magmatismo alcalino pós-orogênico. Esse magmatismo pós-orogênico Orosiriano, ocorrido por volta de 1880 Ma, é representado pela Suíte Intrusiva Maloquinha (SIM) e pelo Grupo Iriri que ocorreu pós-datando a Orogenia Tropas que deu origem às rochas da Suíte Intrusiva Parauari (SIP). A SIM é composta por granitos alcalinos gerados em ambientes anorogênicos pós-colisionais e associam-se espacialmente às vulcânicas do Grupo Iriri. Essa Suíte é composta por corpos de feldspato alcalino granito, sienogranito e monzogranito leucocráticos com predomínio de ortoclásio pertítico e raro microclínio, e afloram como stocks e batólitos elípticos a circulares ao longo de lineamentos regionais de direção NW-SE no Domínio Tapajós. Vários corpos pertencentes a SIM já foram datados tanto pelo método de evaporação de Pb quanto por U-Pb em zircão e as idades obtidas ficaram entre 1882±4 e 1864±18 Ma. Na porção leste do Domínio Tapajós foi identificada uma assinatura de isótopos de Nd para os granitos dessa suíte que sugerem fontes paleoproterozoicas (TDM Nd de 2,28 a 2,23 Ga e εNd(t) de -0,72 a -2,45). Vários plútons da SIP foram datados pelo método de evaporação de Pb em zircão, e as idades encontradas ficaram entre 1891±3 e 1879±11 Ma, e sua assinatura isotópica de Nd são de εNd(t) -5,21 a -1,82 e TDM Nd de 2,43 a 2,32 Ga. Este trabalho foi realizado na porção leO Domínio Tapajós, localizado no escudo Brasil Central (porção sul do Cráton Amazônico), faz parte da Província Tapajós-Parima (ou Ventuari-Tapajós) que corresponde a um cinturão orogênico paleoproterozoico de orientação NW-SE que se estende do sudoeste do Pará até o sul da Venezuela. Alguns autores descrevem essa Província como tendo sido formada pelo desenvolvimento de duas orogenias distintas que incorporaram quatro arcos magmáticos seguidos de um magmatismo alcalino pós-orogênico. Esse magmatismo pós-orogênico Orosiriano, ocorrido por volta de 1880 Ma, é representado pela Suíte Intrusiva Maloquinha (SIM) e pelo Grupo Iriri que ocorreu pós-datando a Orogenia Tropas que deu origem às rochas da Suíte Intrusiva Parauari (SIP). A SIM é composta por granitos alcalinos gerados em ambientes anorogênicos pós-colisionais e associam-se espacialmente às vulcânicas do Grupo Iriri. Essa Suíte é composta por corpos de feldspato alcalino granito, sienogranito e monzogranito leucocráticos com predomínio de ortoclásio pertítico e raro microclínio, e afloram como stocks e batólitos elípticos a circulares ao longo de lineamentos regionais de direção NW-SE no Domínio Tapajós. Vários corpos pertencentes a SIM já foram datados tanto pelo método de evaporação de Pb quanto por U-Pb em zircão e as idades obtidas ficaram entre 1882±4 e 1864±18 Ma. Na porção leste do Domínio Tapajós foi identificada uma assinatura de isótopos de Nd para os granitos dessa suíte que sugerem fontes paleoproterozoicas (TDM Nd de 2,28 a 2,23 Ga e εNd(t) de -0,72 a -2,45). Vários plútons da SIP foram datados pelo método de evaporação de Pb em zircão, e as idades encontradas ficaram entre 1891±3 e 1879±11 Ma, e sua assinatura isotópica de Nd são de εNd(t) -5,21 a -1,82 e TDM Nd de 2,43 a 2,32 Ga. Este trabalho foi realizado na porção leste do Domínio Tapajós, nas folhas 1:100.000 SB.21-Z-A-II (São Domingos) e SB.21-Z-A-III (Jardim do Ouro), onde foram estudados cinco corpos graníticos (Igarapé Tabuleiro, Dalpaiz, Mamoal, Serra Alta e Igarapé Salustiano). O corpo Igarapé Salustiano apresentou uma afinidade calcioalcalina e natureza meta a peraluminosa de granitos tipo I sincolisionais, mostrando estreita relação com as rochas da Suíte Intrusiva Parauari desse Domínio. Os demais corpos puderam ser correlacionados a SIM que são basicamente representados por feldspato alcalino granitos, sienogranitos e monzogranitos hololeucocráticos. Essas rochas apresentam altos teores de SiO2 (>70 %), FeOt/(FeOt+MgO) (>0,80) e K2O/Na2O, baixos de CaO, Al2O3, MgO e Sr, e afinidade com granitos pós-colisionais, caráter álcali-cálcico a álcali e alto conteudos de ETR com anomalias negativas de Eu, próprias de granitos tipo A. Este trabalho, assim como outros realizados nas províncias Tapajós-Parima e Amazônia Central, identificou idade TDM Sm-Nd vii contraditória às idades atribuídas a essa província para compartimentação geocronológica entre elas.ste do Domínio Tapajós, nas folhas 1:100.000 SB.21-Z-A-II (São Domingos) e SB.21-Z-A-III (Jardim do Ouro), onde foram estudados cinco corpos graníticos (Igarapé Tabuleiro, Dalpaiz, Mamoal, Serra Alta e Igarapé Salustiano). O corpo Igarapé Salustiano apresentou uma afinidade calcioalcalina e natureza meta a peraluminosa de granitos tipo I sincolisionais, mostrando estreita relação com as rochas da Suíte Intrusiva Parauari desse Domínio. Os demais corpos puderam ser correlacionados a SIM que são basicamente representados por feldspato alcalino granitos, sienogranitos e monzogranitos hololeucocráticos. Essas rochas apresentam altos teores de SiO2 (>70 %), FeOt/(FeOt+MgO) (>0,80) e K2O/Na2O, baixos de CaO, Al2O3, MgO e Sr, e afinidade com granitos pós-colisionais, caráter álcali-cálcico a álcali e alto conteudos de ETR com anomalias negativas de Eu, próprias de granitos tipo A. Este trabalho, assim como outros realizados nas províncias Tapajós-Parima e Amazônia Central, identificou idade TDM Sm-Nd vii contraditória às idades atribuídas a essa província para compartimentação geocronológica entre elas.

  • IGOR RAFAEL FURTADO DA SILVA
  • CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOQUÍMICA E ISOTÓPICA (87Sr/86Sr) DOS SISTEMAS AQUÍFEROS BARREIRAS E PIRABAS SUPERIOR NOS MUNICÍPIOS DE CASTANHAL E SANTA MARIA DO PARÁ, ESTADO DO PARÁ

  • Data: Sep 30, 2015
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  • A partir da década de 70 estudos geológicos e de sensoriamento remoto realizados no nordeste do Estado do Pará identificaram feições e estruturas tectônicas que caracterizaram o processo neotectônico nesta região. Investigações hidrogeológicas na Região Metropolitana de Belém e suas adjacências também foram realizadas objetivando a caracterização das águas dos sistemas aquíferos Barreiras e Pirabas (Pirabas Superior e Inferior), além de avaliar a possibilidade de mistura entre estes aquíferos por meio de sistemas de falhas e fraturas juntamente com o grau de vulnerabilidade a que estes estão sujeitos em relação à ação antropogênica. Paralelamente às investigações hidrogeoquímicas, estudos utilizando a assinatura isotópica de estrôncio (87Sr/86Sr) em águas subterrâneas têm sido realizados objetivando caracterizar as fontes de Sr para cada sistema aquífero, suas histórias geoquímicas e o potencial de mistura de águas entre eles. Dessa forma, foram realizados estudos da composição isotópica de estrôncio, bem como análises hidrogeoquímicas nas subáreas de Castanhal e Santa Maria do Pará, visando à caracterização desses sistemas aquíferos, além da detecção de eventuais misturas caso nelas ocorram. Os resultados hidrogeoquímicos revelaram características distintas entre os sistemas aquíferos estudados, destacando-se os parâmetros pH (3,52 a 5,97 no Sistema Barreiras; 6,17 a 6,60 no Sistema Pirabas Superior), Condutividade Elétrica (45,50 a 193,90 μS/cm no Barreiras;133,80 a 194,70 μS/cm no Pirabas Superior), HCO3 (até 32,88 mg/L no Sistema Barreiras; 89,10 a 117,15 mg/L no Sistema Pirabas Superior), Cl (3,87 a 40,50 mg/L no Barreiras; 3,33 a 6,32 mg/L no Pirabas Superior), Na+ (1,00 a 18,55 mg/L no Sistema Barreiras; 1,35 a 2,55 mg/L no Sistema Pirabas Superior), Mg2+ (até 1,26 mg/L no Barreiras; 2,03 a 2,81 mg/L no Pirabas Superior), Ca2+ (até 5,14 mg/L no Barreiras; 21,30 a 27,38 mg/L no Pirabas Superior) e Sr2+ (0,0065 a 0,0874 mg/L no Barreiras; 0,2129 a 0,2679 mg/L no Pirabas Superior). Estudos estatísticos mostraram boas correlações entre os sistemas aquíferos (≥ 0,7), principalmente durante o período chuvoso. A partir da análise dos diagramas de Piper verificou-se que o Aquífero Barreiras possui predominantemente águas Cl-Na+, sendo estas influenciadas pela contribuição das águas meteóricas e pela ação antropogênica, apresentando valores de pH ácidos, em torno de 4,7 e alta vulnerabilidade. As águas do Sistema Aquífero Pirabas Superior são majoritariamente HCO3-Ca2+, sendo esta fácies hidroquímica fortemente influenciada pela dissolução do carbonato, tendo um pH com valores acima de 6,0 e com menor vulnerabilidade em relação a ação antrópica. Durante o período seco os resultados isotópicos 87Sr/86Sr mostraram que as amostras do Sistema Aquífero Barreiras são mais radiogênicas (0,712716 a 0,723881) que a amostra do Sistema Aquífero Pirabas Superior (0,706080  a 0,709063). No período chuvoso ocorreu o processo de homogeneização das razões isotópicas dos sistemas aquíferos em estudo. Nas amostras do Sistema Aquífero Barreiras houve uma significativa diminuição das razões isotópicas 87Sr/86Sr de 0,712716 a 0,723881 para uma faixa de 0,704239 a 0,709957, ficando estes valores semelhantes aos encontrados nas águas do Sistema Aquífero Pirabas Superior. Nos diagramas de composição dos principais íons (Na+, K+, Mg2+, HCO3, NO3, SO42–) contra o cloreto (Cl) estes apresentaram grande variação indicando possivelmente a presença de mais de dois membros finais no processo de mistura destas águas. O tratamento estatístico multivariado (PCA), juntamente com o diagrama 87Sr/86Sr vs. 1/Sr mostraram uma tendência de mistura entre estes aquíferos e as águas meteóricas durante o período chuvoso. O modelamento hidrogeoquímico (diagrama de Schoeller) indicou que o grau de mistura das águas do Aquífero Pirabas Superior no Barreiras está em torno de 10% durante o período chuvoso. Em concordância com os estudos isotópicos e hidroquímicos e tomando como base a estruturação neotectônica existente na Região Metropolitana de Belém e suas adjacências, sugerem-se processos de mistura entre os sistemas aquíferos Barreiras e Pirabas Superior principalmente no período chuvoso. A falta de um sistema de planejamento e gerenciamento do uso dos mananciais subterrâneos nos municípios de Castanhal e Santa Maria do Pará, assim como em toda a Região Metropolitana de Belém, alertam para o perigo de contaminação do Sistema Aquífero Pirabas Superior por ação antropogênica, o qual representaria a melhor alternativa para o abastecimento público da população de Belém e suas adjacências com águas de excelente qualidade em relação à potabilidade para o consumo humano.

  • LUIZ CLÁUDIO GONÇALVES DA COSTA
  • MINERAIS DE MANGANÊS COMO CONTAMINANTES DO MINÉRIO DE FERRO NA MINA N5W EM CARAJÁS, PARÁ

  • Data: Sep 29, 2015
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    Atualmente a caracterização mineralógica e controle do manganês e da sílica nas minas de minério de ferro de Carajás tornam-se indispensáveis. Pois concentrações elevadas de seus minerais foram encontradas, os quais são vistos como impurezas indesejáveis no minério, em especial da mina de N5W, com teores superiores a 65 % de Fe. O presente trabalho objetiva identificar esses minerais, o seu modo de ocorrência e relação com o minério de ferro na mina N5W, na tentativa de contribuir para minimização do seu impacto durante a operação de lavra do minério de ferro.

    Os principais minerais de manganês identificados foram pirolusita, bixbyita, criptomelana, hollandita, ramsdellita e calcofanita, todos oxi-hidróxidos de Mn, exceto a braunita também identificada nesta mina, que é um silicato. Estes minerais geralmente estão alojados em veios e vênulas hidrotermais que interceptam o minério de ferro. Mas ocorrências, em menor proporção, entre as camadas de jaspilitos também são observadas, como aparente ligação com pequenas lentes. Aparentemente pelo menos dois modos de ocorrências foram individualizados na mina de N5W, cada um com mineralogia de Mn específica: zonas de falhas, brechas e veios com pirolusita, calcofanita, braunita e bixbyita, além de possíveis lentes com criptomelana e hollandita, provável ainda que tenha havido a formação intempérica desses minerais, representados por pirolusita e criptomelana. Quartzo, oxi-hidróxidos de Fe e de Mn são os principais constituintes dos veios preenchendo falhas e fraturas em N5W, com MnO atingindo teores de até 61,74 % nesses veios.

    Sendo assim os minerais de Mn associado ao minério de ferro indicam ambiência sedimentar, hidrotermal e restritamente intempérica, quando esses minerais em parte foram alterados, as soluções mobilizadas e então como novas fases foram reprecipitados ao lado dos oxi-hidróxidos de Fe.

    A associação geoquímica típica quando da presença de minerais de manganês é Mn-As-Cu-Zn-Ag-ETR com teores anômalos positivos, enquanto para a formação ferrífera Zr-Hf-Nb-Ta-Sc-Th como valores negativos. Os elementos terras raras encontram-se em concentrações elevadas na zona enriquecida em Mn, mas principalmente quando se trata de hollandita, quando se observa forte anomalia positiva de Ce. O minério de Fe apresenta como característica anomalia positiva de Eu.

    A contaminação por SiO2 está representada por boulders métricos de jaspilitos circundados por hematitas friáveis, em muitos casos, quando a lavra atinge a zona saprolítica grossa.

    Portanto os contaminantes de Mn são de origem diversa, porém predominam por enquanto as ocorrências hidrotermais, intimamente associadas com o proto-minério de ferro. Os teores elevados de SiO2 mostram que a lavra atingiu a base do perfil de alteração, incorporando parte dos proto-minérios.

     

    Palavras-chave: Oxi-hidróxidos e silicato de manganês; sílica; contaminantes, Formação Carajás.

     

  • LUCIANA FREITAS DE SENA
  • INDICADORES DE ESTABILIDADE DA MATÉRIA ORGÂNICA DAS TERRAS PRETAS DOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS JABUTI E JACAREQUARA (PARÁ)

  • Data: Sep 2, 2015
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  • As condições ambientais da região amazônica favorecem o intemperismo e a decomposição do material orgânico do solo, tornando-o empobrecido em nutrientes e dificultando o uso agrícola. Porém, na mesma região, áreas que foram modificadas pela ação antrópica pretérita, conhecidas como Terra Preta Arqueológica (TPA), apresentam propriedades diferenciadas, dentre as quais, destaca-se a elevada estabilidade da matéria orgânica do solo (MOS) que em algumas pesquisas é atribuída às interações entre a MOS e demais constituintes do solo, tais como carbono pirogênico e minerais do solo. Neste estudo foram selecionados dois sítios arqueológicos no Estado do Pará, o Jabuti, tipo cemitério habitação, localizado no município de Bragança, e o Jacarequara, tipo sambaqui, situado no município de Barcarena, a fim de avaliar a estabilidade da matéria orgânica em TPA, a partir de soluções extraídas dos solos (profundidades de 30 e 80 cm) e dos próprios solos (coletados durante a implantação dos extratores no mês de dezembro de 2013) em áreas de TPA e adjacências. A caracterização das soluções dos solos foi realizada no período compreendido entre os meses de março e junho de 2013, com base nas propriedades macroscópicas e nos indicadores químicos: concentrações de carbono dissolvido (orgânico, inorgânico e total), determinados pelo método de combustão; pH, Eh e condutividade. As avaliações da estabilidade de MOS nas fases sólidas da TPA e áreas adjacentes (ADJ) foram feitas com base na verificação textural dos solos, indicadores químicos (pH, concentrações de carbono orgânico e dos nutrientes Ca, K, P, Na, e Mg) e biológico, representado pela biomassa microbiana, determinada pelo método de irradiação/extração e expressa em termos de carbono (Cbm) e nitrogênio (Nbm). Os resultados obtidos das soluções de solos indicaram que nos dois sítios os valores de pH são mais elevados em profundidade (80 cm), sendo que, no sítio Jacarequara foram determinados valores de até 7,2 para esse parâmetro, enquanto que, no sítio Jabuti os resultados de pH não ultrapassam o valor 6. Os valores máximos de Eh (mV), condutividade (ms) e carbono orgânico dissolvido (mg L-1) no sítio Jacarequara, a 30 cm de profundidade foram respectivamente +201 mV, 427 ms e 13 mg L-1 e, na área adjacente a este sítio, na mesma profundidade os maiores valores foram +128 mV, 72 ms e 23 mg L-1 para os mesmos parâmetros. No sítio Jabuti e sua ADJ, a 30 cm de profundidade, os valores máximos respectivos das áreas foram Eh igual a +108 mV e +96 mV; condutividade 138,87 ms e 59,85 ms e carbono orgânico dissolvido 12 mg L-1 e 21,08 mg L-1. Comparando-se as áreas de TPA e suas respectivas ADJ, os dados de Eh e carbono orgânico dissolvido remetem a componentes mais estáveis nas soluções de solo das áreas de TPA, devido aos valores mais oxidantes e as menores concentrações de carbono orgânico dissolvido, os resultados de condutividade, que é um indicador da concentração de íons, são mais elevados nas TPA reportando a maior disponibilidade de nutrientes. Em ambos os sítios, os solos apresentaram textura arenosa, tanto nas áreas de TPA quanto nas ADJ, sendo esta última mais arenosa. Nos solos do sítio Jacarequara e sua ADJ, no intervalo de 20 a 30 cm de profundidade, foram obtidos os seguintes valores, respectivamente: 119,82 g kg-1 e 20,34 g kg-1 para MOS; pHH2O igual a 6,8 e 4,9; 183 mg/dm3 e 5 mg/dm3 de P (disponível); 39 mg/dm3 e 29 mg/dm3 de K (trocável); 14,8 cmolc/dm3 e 0,7 cmolc/dm3 de Ca (trocável); 0,1 cmolc/dm3 e 1,7 cmolc/dm3 de Al (trocável), 181,26 mg g-1 e 88,74 mg g-1 de Cbm e 3,27 mg kg-1 e 1,91 mg kg-1 de Nbm. No solo do sítio Jabuti, os valores determinados foram: 83,66 g kg-1 de MOS, pHH2O igual a 4,4; 55 mg/dm3 de P (disponível); 59 mg/dm3 de K (trocável); 0,3 cmolc/dm3 de Ca (trocável); 4 cmolc/dm3 de Al (trocável); 92,56 mg g-1 de Cbm e 1,41 mg kg-1 de Nbm; na área adjacente a este sítio, os valores foram: 13,13 g kg-1 de MOS, pHH2O igual a 4,6; 4 mg/dm3 de P (disponível); 29 mg/dm3 de K (trocável); 0,3 cmolc/dm3 de Ca (trocável); 1 cmolc/dm3 de Al (trocável), 27,54mg g-1 de Cbm e 0,96 mg kg-1 de Nbm. Assim como em outros sítios arqueológicos com TPA, o Jacarequara e o Jabuti apresentaram valores significativamente mais elevados de nutrientes quando comparados às áreas circunvizinhas, com exceção do elemento Ca no Jabuti. Nos sítios, partículas carbonáceas foram investigadas, não apresentando resultados intrínsecos a carbono pirogênico. Nas áreas de TPA, os resultados obtidos a partir das análises dos solos, indicaram relação positiva entre biomassa microbiana, matéria orgânica e nutrientes, o que pode ser associado a melhor qualidade do solo nessas áreas quando comparadas as suas ADJ, condizendo com os dados evidenciados nas soluções de solo. Comparando-se os dois sítios, os resultados indicam que a MOS do sítio Jacarequara apresenta constituintes mais estáveis.

    vii

     

     

    Palavras chave: Terra Preta. Solução de Solo. Matéria Orgânica Dissolvida. Estabilidade da Matéria Orgânica.

  • HELIANA MENDES PANTOJA
  • MINERALOGIA, GEOQUÍMICA E MINERAIS PESADOS DO PERFIL LATERITO-BAUXÍTICO COM COBERTURA E SUA RELAÇÃO COM O GRUPO ITAPECURU: LAVRA PILOTO CIRÍACO (RONDON DO PARÁ)

  • Data: Aug 27, 2015
  • Show resume
  • O perfil laterito-bauxítico de Rondon do Pará estudado faz parte da Província Bauxitífera de Paragominas, a mais importante do Brasil, que hospeda depósitos de classe mundial e de considerável valor econômico. Este consiste de uma sequência de seis horizontes (da base para o topo): argila bauxítica, bauxita maciça, crosta ferro-aluminosa maciça, crosta ferro-aluminosa desmantelada, esferolitos ferruginosos e ao topo a cobertura argilosa equivalente a argila de Belterra. As rochas do Grupo Itapecuru, cujos sedimentos são as prováveis fontes do perfil laterito-bauxítico consistem de siltito e argilitos intemperizados. A composição mineralógica das três unidades estudadas (rochas do Grupo Itapecuru, perfil laterito-bauxítico e cobertura argilosa) é similar, sendo constituídas por caulinita, quartzo, hematita, gibbsita e goethita. Como minerais acessórios anatásio e minerais pesados (zircão, turmalina, rutilo, estaurolita e opacos). As três unidades diferem principalmente pela variação de teores e pela ausência de gibbsita e goethita nas rochas do Grupo Itapecuru. A composição química das três unidades mostra que, Al2O3, SiO2, Fe2O3, TiO2 e PF, são os constituintes mais abundantes, relacionados com os principais minerais. Os conteúdos de elementos traços nas três unidades apresentam uma considerável heterogeneidade e somente V, Cr, Ga, Zr, Hf e Th estão acima da média crustal, todos estes se correlacionam bem com óxi-hidróxidos de ferro. Quando normalizadas aos condritos as três unidades divergem pela anomalia positiva de Ce nas rochas do Grupo Itapecuru, mas são similares na anomalia negativa de Eu, no empobrecimento dos ETRL e no enriquecimento dos ETRP. Os dados obtidos claramente apontam afinidades entre as três unidades, sugerindo que os sedimentos das rochas do Grupo Itapecuru são semelhantes aqueles da rocha mãe do perfil laterito-bauxítico, enquanto sua respectiva cobertura demonstra forte relação com as crostas e esferolitos. A estruturação do perfil laterito-bauxítico junto com os resultados mineralógicos e químicos permitem correlaciona-lo com os depósitos de Paragominas e Juruti.

  • RAQUEL SOUZA DA CRUZ
  • Alteração hidrotermal e potencial metalogenético do vulcano–plutonismo paleoproterozoico da região de São Félix do Xingu (PA), Província Mineral de Carajás

     

     

  • Data: Aug 27, 2015
  • Show resume
  • A região de São Félix do Xingu, centro-sul do Estado do Pará, expõe um sistema vulcano–plutônico excepcionalmente bem preservado e agrupado nas formações Sobreiro e Santa Rosa, nas quais foram reconhecidas alterações hidrotermais e mineralizações associadas. A Formação Sobreiro é constituída por fácies de fluxo de lava de composições andesítica, andesito basáltica e dacítica, conforme as proporções ou ausência de fenocristais de clinopiroxênio e/ou anfibólio. Fácies de rochas vulcanoclásticas ocorre geneticamente associada e é representada por tufos de cinza, cristais de tufo máfico, lapilli-tufo e brecha polimítica maciça. A Formação Santa Rosa é controlada por fissuras, formada por riolitos que compreendem fácies de fluxo de lava e fácies vulcanoclástica associada de tufos de cristais felsico, ignimbritos (tufo de cinza), lápilli-tufo, e brechas polimíticas maciças. Parte desse sistema é interpretado como ash-flow caldera parcialmente erodida e desenvolvida em vários estágios. Dados de petrografia, difração de raios X (DRX), microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia de infravermelho mostram as paragêneses de alterações hidrotermais que ocorrem nessas rochas. Em geral, os minerais de alteração desenvolvem cristais subeuédricos a anédricos e substituem minerais magmáticos. Os tipos de alterações hidrotermais identificados mostram-se incipientes a pervasivos, sendo distinguidas as alterações propilítica, sericítica, argílica e potássica, as quais se sobrepõem, além de fases fissurais de silicificação com hematita e carbonato associados. A alteração propilítica, predominante na Formação Sobreiro, apresenta ambos os estilos pervasivo e fissural. A paragênese resultante consiste de epidoto + clorita + carbonato + clinozoisita + sericita + quartzo ± albita ± hematita ± pirita, que é sobreposta por alteração potássica pervasiva ou controlado por fratura, representada principalmente por feldspato potássico + biotita ± hematita. Localmente, ocorre fratura com associação prehnita-pumpellyita precipitada que poderia estar relacionado com metamorfismo de baixo grau. A alteração sericítica é marcada pela ocorrência principalmente de sericita + quartzo + carbonato ± epidoto ± clorita ± muscovita. Manifesta-se principalmente nos tufos de cristais máficos. Entretanto, a sobreposição desses tipos de alteração fica evidenciada pelas relíquias de clorita da alteração propilítica e texturas das rochas, parcialmente obliteradas, em que restaram apenas pseudomorfos de plagioclásio sericitizado. Já na Formação Santa Rosa é pervasiva e caracterizada pela ocorrência de sericita + quartzo + carbonato. Apresenta-se também em estilo fissural, que é marcado pela presença de sericita + quartzo. É o principal tipo de alteração identificado nessa unidade, atribuindo às rochas coloração esbranquiçada. Dados de MEV mostram que, associados à alteração sericítica, ocorrem fosfatos de chumbo e terras raras além de ouro, bem como rutilo e barita. A alteração potássica ocorre mais subordinadamente, em geral associada aos pórfiros graníticos e, localmente, aos riolitos. A paragênese característica é conferida por microclínio + biotita + clorita + carbonato + sericita ± albita ± magnetita. A alteração argílica intermediária foi reconhecida nos riolitos e possivelmente corresponde aos estágios finais da alteração hidrotermal. É caracterizada pela presença de montmorillonita + illita + caolinita + clorita ± sericita ± caolinita ± haloisita ± quartzo ± hematita, os quais foram identificados por DRX e espectroscopia de infravermelho. A argilização confere às rochas coloração esbranquiçada a rosa esbranquiçada. Os tipos de alteração foram controlados principalmente pela temperatura, composição do fluido e pela relação fluido/rocha. São compatíveis com anomalias térmicas relacionadas com o magma envolvendo uma diminuição da temperatura e neutralização devido à mistura com água meteórica, semelhante ao que foi descrito em mineralizações baixo e intermediário-sulfidação. A identificação de ouro e fases de acessórios compatíveis fornecem importantes subsídios para pesquisas prospectivas na região, sobretudo para potenciais depósitos epitermais low-sulfidation de metais preciosos (ouro e prata) em sistemas vulcano-plutônicos com ash-flow calderas associadas, assim como depósitos do tipo pórfiro de Cu, Au e Mo.

     

     

     

     

     

     

  • CARLOS ALBERTO DOS SANTOS SILVA JUNIOR
  • ESTUDOS DE INCLUSÕES FLUIDAS E ISÓTOPOS ESTÁVEIS NOS ALVOS JERIMUNS DE CIMA E BABI, CAMPO MINERALIZADO DO CUIÚ-CUIÚ, PROVÍNCIA AURÍFERA DOS TAPAJÓS, CRATÓN AMAZÔNICO: IMPLICAÇÕES PARA OS PROCESSOS GENÉTICOS

  • Data: Aug 18, 2015
  • Show resume
  • O campo mineralizado do Cuiú-Cuiú está inserido próximo à porção central da Província
    Aurífera do Tapajós, na porção centro-sul do Cráton Amazônico. Este campo é uma das áreas
    garimpeiras mais antigas da província e possui várias ocorrências, alvos em exploração e
    depósitos auríferos (Central, Raimundinha, Pau da Merenda, Guarim, Jerimum de Cima,
    Jerimum de Baixo, Nhô, Moreira Gomes, Babi, e outros menos conhecidos). Como forma de
    contribuir com o entendimento metalogenético do campo mineralizado do Cuiú-Cuiú em
    geral, este trabalho enfocou os alvos Jerimum de Cima (mineralizado) e Babi (fracamente
    mineralizado) e buscou: (1) definir a mineralogia sulfetada associada com a mineralização
    aurífera e suas relações texturais com as rochas hospedeiras; (2) definir as características
    físico-químicas dos fluidoshidrotermais/mineralizadores por meio de estudos petrofgráficos,
    de inclusões fluidas e de isótopos estáveis (C, O, S), buscando identificar o que provocou a
    alteração hidrotermal nesses alvos e que permitiram mineralização mais expressiva em
    Jerimum de Cima (e outros alvos/depósitos do campo), o que ocorreu fracamente (não
    econômica) no alvo Babi. O estudo petrográfico revelou rochas hospedeiras fortemente
    alteradas por hidrotermalismo, muitas vezes obliterando as características primárias destas
    rochas. Essa alteração é fissural e pervasiva seletiva (disseminada). No alvo Jerimum de Cima
    foram identificados biotita-hornblenda tonalito, monzogranito e granodiorito, todos
    hidrotermalizados, como rochas hospedeiras. No alvo Babi foram reconhecidos titanita
    monzogranito, biotita monzogranito, biotita hornblenda tonalito hidrotermalizados, além de
    monzogranito brechado. Sericitização, silicificação e sulfetação ocorrem intensamente no alvo
    Jerimum de Cima, enquanto que cloritização e carbonatação ocorrem normalmente nos dois
    alvos. Pirita, esfalerita, calcopirita e galena, em ordem decrescente de abundância, são os
    sulfetos, com larga predominância de pirita. Inclusões fluidas (IF) aprisionadas em cristais de
    quartzo ocorrem em pequenos grupos, isoladamente e em trilhas. Na ordem decrescente de
    abundância, ocorrem três tipos: aquosas bifásicas (Tipo 1), aquocarbônicas (Tipo 2) e
    carbônicas (Tipo 3). Os resultados das análises microtermométricas indicam para as IF
    aquosas do alvo Jerimum de Cima Tht (Temperatura de Homogeneização Total) entre 105 a
    387°C, e salinidade entre 0,0 a 18% em peso equivalente de NaCl; e nas aquocarbônicas o
    valor do Tht está entre 144 e 448°C, a salinidade entre 1,0 e 7,8% em peso equivalente de
    NaCl e a densidade global varia entre 0,6 e 1,0 g/cm3. No alvo Babi as IF aquosas foram os
    únicos tipos detectados. A Tht dessas IF ocorreu entre 136 e 410°C e a salinidade está entre
    0,7 e 13,2% em peso equivalente de NaCl. As IF aquocarbônicas são interpretadas como
    viii
    produto de imiscibilidade de fluidos (separação de fases). A ausência de CO2 no alvo Babi
    pode ser explicada pelo aprisionamento do fluido em momento mais tardio da evolução do
    sistema hidrotermal, após o consumo do CO2, e apenas a fase aquosa foi aprisionada. Estudos
    de isótopos estáveis em minerais hidrotermais de veios e de zonas de alteração indicam
    temperaturas de precipitação dos minerais entre 305 e 330°C e entre 108 e 205°C, o que está
    de acordo com as Tht obtidas em inclusões fluidas e indicam mais de um estágio de
    precipitação. Também sugerem fontes magmáticas e meteóricas para os fluidos, com possível
    mistura. Os dados obtidos são compatíveis com depósito magmático-hidrotermal (relacionado
    à intrusão), com mistura de fluido magmático e meteórico. A ausência de CO2 no alvo Babi
    pode explicar a fraca mineralização nesse alvo.

  • RAFAEL ESTUMANO LEAL
  • GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA U-Pb, Sm-Nd e Rb-Sr DOS GRANITOIDES OROSIRIANOS DO DOMÍNIO EREPECURU- TROMBETAS, PROVÍNCIA AMAZÔNIA CENTRAL, NOROESTE DO PARÁ

     

     

  • Data: Aug 10, 2015
  • Show resume
  • As rochas graníticas do noroeste do Estado do Pará fazem parte de duas extensas associações vulcano-plutônicas que marcaram a região central do Cráton Amazônico durante o Orosiriano. A área desse estudo está localizada na porção sudoeste do Domínio Erepecuru- Trombetas, sul do Escudo das Guianas. A associação mais antiga recentemente cartografada e datada a aproximadamente 2,0-1,95 Ga, é formada pelas rochas vulcânicas da Formação Igarapé Paboca e pelos granitoides da Suíte Intrusiva Caxipacoré. A associação mais jovem (1,90-1,86 Ga) é constituída pelos granitoides das suítes intrusivas Água Branca e Mapuera e pelas rochas efusivas e piroclásticas do Grupo Iricoumé. Estudos petrográficos direcionados as suítes Caxipacoré, Água Branca e Mapuera permitiram distinguir cinco grandes variedades de granitoides (quartzo-monzonitos, monzonitos, monzogranitos, sienogranitos e ácali- feldspato granitos) com conteúdos variados de hornblenda e biotita, as principais fases máficas. De modo geral, são rochas isotrópicas, leucocráticas, inequigranulares, de granulação média a grossa e texturas granular hipidiomórfica, rapakivi, granofírica e microporfirítica. A caracterização geoquímica permitiu definir dois grupos de rochas com assinaturas distintas. O primeiro grupo, formado pelas suítes Caxipacoré e Água Branca, possui rochas de natureza cálcio-alcalina de alto-K a shoshonítica, caráter metaluminoso a peraluminoso e afinidade com granitoides magnesianos. Enriquecimento em elementos litófilos de grande raio iônico (LILE; K, Rb, Ba e Sr, por exemplo), fortes anomalias negativas de Nb, moderado fracionamento dos ETR pesados e fracas anomalias de Eu são características comuns desses granitoides. O segundo conjunto litológico, formado pelas rochas da Suíte Intrusiva Mapuera, compreende rochas de composição ácida (71,29<SiO2<78,03%), de natureza alcalina de alto- K, peraluminosa com tendência metaluminosa e afinidade com granitoides ferrosos. Essas rochas apresentam enriquecimento em elementos de alto campo de força (HFSE; Zr, Hf e Th, por exemplo), alto conteúdo de ETR e pronunciadas anomalias negativas de Eu. Em diagramas de classificação de ambiente tectônico, os granitoides das suítes intrusivas Caxipacoré e Água demonstraram afinidades geoquímicas com granitoides cálcio-alcalinos de arco vulcânico (VAG), relacionados a zonas de subducção, enquanto as rochas da Suíte Intrusiva Mapuera assemelham-se a granitoides pós-colosionais tipo-A2, relacionados a ambientes anarogênicos intraplaca. Datações radiométricas U-Pb em zircão por ICP-MS-LA forneceram idades de 1991±5,9 e 2005±7,2 Ma para os granitoides da Suíte Intrusiva Caxipacoré e 1886,5±4,8 Ma em um hornblenda-biotita monzogranito da Suíte Intrusiva Água Branca. Para a Suíte Intrusiva Mapuera, a idade de 1870±14 Ma foi obtida em um biotita álcali-feldspato granito. Essas idades foram interpretadas como idades de cristalização desses granitoides. Um intervalo de aproximadamente 100 Ma de anos foi observado entre a Suíte Intrusiva Caxipacoré e as suítes Água Branca e Mapuera. As características geoquímicas aliadas aos dados geocronológicos permitiram definir uma evolução geodinâmica envolvendo um contexto orogênico relacionado a um ambiente de subducção a 2,0-1,95 Ga, que favoreceram a formação das rochas da Formação Igarapé Paboca e Suíte Intrusiva Caxipacoré, seguido por um ambiente transicional (1,90-1,86 Ga) entre um contexto convergente para um contexto extensional intracontinental, marcado pela coexistência das rochas cálcio-alcalinas e alcalinas das suítes Água Branca e Mapuera, respectivamente. Idades modelo Nd-TDM entre 1,95 e 2,30 Ga e Sr-TUR entre 1,84 e 2,02 Ga e valores de eNd positivos e ligeiramente negativos (+2,29 a -1,96) para os granitoides das suítes intrusivas Caxipacoré, Água Branca e Mapuera, indicam que os magmas parentais foram originados a partir de fusão de uma crosta siálica paleoproterozoica mais antiga e com pequena contribuição de fontes mantélicas. Além disso, a ausência de idades arqueanas permite descartar a existência de um embasamento arqueano na porção oeste do Domínio Erepecuru- Trombetas, diferentemente do que vem sendo proposto nos modelos de evolução tectônica do Cráton Amazônico.

  • FERNANDO FERNANDES DA SILVA
  • MAGMATISMO BIMODAL DA ÁREA DE TUCUMÃ, PROVÍNCIA CARAJÁS: GEOCRONOLOGIA U-Pb, CLASSIFICAÇÃO E PROCESSOS

  • Data: Aug 6, 2015
  • Show resume
  • No contexto geológico da Província Carajás, diques constituem um mecanismo importante para
    o transporte de magma e representam o início de um rifteamento, ou, no mínimo, manifestações
    de extensão crustal que permitiram colocar através da crosta quantidades expressivas de magma
    granítico. Na área do município de Tucumã, sudeste do Estado Pará, são identificadas através
    de imagens de sensores remotos, diversas estruturas retilíneas que podem atingir até 60 km de
    extensão. O mapeamento geológico realizado nesta área revelou que tais estruturas
    correspondem às diversas ocorrências de um conjunto de rochas hipoabissais (diques), que
    seccionam o embasamento arqueano de orientação coincidente com a estruturação regional
    NW-SE pré-existente. Foi possível a partir de dados petrográficos e geoquímicos, individualizar
    tais rochas em três grupos: (i) tipos félsicos (SiO2 entre 69,1% e 78,5%), que são classificados
    neste trabalho como riolitos pórfiros e são amplamente predominantes (70% dos corpos
    identificados), sendo estes marcados pela presença de fenocristais de quartzo, k-feldspato e
    plagioclásio imersos em uma matriz felsítica e afírica, e por vezes, pela ocorrência de textura
    rapakivi; (ii) tipos intermediários (SiO2 entre 56,7% e 66,6%), que possuem ocorrência restrita,
    representando cerca de 10% dos corpos estudados, e são classificados como dacitos e andesitos;
    e (iii) tipos máficos (SiO2 entre 49,1% e 53,7%) são igualmente restritos e são formados por
    basaltos e basalto andesitos, contendo plagioclásio, clino- e ortopiroxênios e mais restritamente
    olivina, onde geralmente configuram uma textura ofítica. As relações de campo evidenciam
    através de intensidades variáveis de enclaves máficos presentes nos riolitos, diversos níveis de
    interação entre os magmas félsico e máfico. Neste sentido, a coexistência destes magmas é dada
    pelas frequentes relações de magma mingling, onde fenocristais de quartzo e feldspatos são
    frequentemente encontrados no interior destes enclaves. Tais processos resultariam em rochas
    de composição híbrida e que estariam representadas neste trabalho por aquelas classificadas
    como dacito (mistura heterogênea) e, em um estágio mais avançado de
    contaminação/assimilação, o produto seria composições mais primitivas que a anterior, e
    corresponderia aos andesitos descritos na área (mistura homogênea ou magma mixing). É
    comum nestas variedades, frequentes texturas decorrentes de mistura de magma (desequilíbrio),
    como aquelas provenientes da corrosão de fenocristais de quartzo (embaiamento). A datação
    pelo método U-Pb em zircão em SHRIMP para os diques félsicos forneceu a idade de
    1888±3.3Ma que é interpretada como idade de cristalização dos mesmos, e por extensão,
    também considerada como a de formação daqueles de caráter máfico a intermediário. Os diques
    félsicos são peraluminosos a levemente metaluminosos, devido principal-mente ao
    viii
    fracionamento de K-Feldspato e plagioclásio com uma contribuição menor de anfibólio.
    Apresentam afinidades geoquímicas com os magmas formadores dos granitos do tipo A2,
    ferrosos e reduzidos. Já os tipos máficos pertencem à série toleítica e apresentam um acentuado
    fracionamento de piroxênio e plagioclásio. É possível notar um decréscimo nos teores de CaO,
    FeOt, MgO, TiO2, Sr, Cr e P nas rochas máficas em direção aquelas de composição riolítica,
    que são mais enriquecidas em sílica, ao passo que K2O/Na2O, Al2O3 e Na2O, Rb, Ba e Y
    aumentam neste mesmo sentido. Nos riolitos, os padrões de ETR são caracterizados pelo
    enriquecimento de ETRL em relação aos ERTP (altas razões La/Yb), e pela significativa
    anomalia negativa de Eu. O mesmo comportamento é observado nas rochas intermediárias
    (andesitos e dacitos), todavia, de uma maneira mais discreta. Já as rochas máficas apresentam
    padrões de ETR mais horizontalizados (baixa razão La/Yb) com pouca ou nenhuma anomalia
    de Eu. As diferenças significativas observadas nestas rochas, principalmente no que se refere
    aos seus padrões de ETR e ao comportamento de Rb, Ba e Sr, sugerem que as mesmas não
    estejam ligadas por um único processo evolutivo. Dados obtidos a partir da modelagem
    geoquímica e de vetores de cristalização sugerem que a evolução dos diques máficos se deu
    pelo fracionamento de piroxênio e plagioclásio, ao passo que o K-feldspato e biotita são as fases
    fracionantes no magma félsico. Para a discussão dos processos de geração das rochas
    intermediárias foi gerado um modelo de mistura binária simples onde os componentes
    primários seriam os basaltos andesitos (iniciais) e riolitos (finais), onde ficou evidenciado que
    através da mistura de 60% de magma riolítico com contaminação de 40% de líquidos basálticos,
    originou-se o líquido dacítico. Já para a origem dos andesitos, seria necessária uma contribuição
    maior de magma basáltico na mistura (em torno de 60%). Desta forma, estima-se que os diques
    de composição andesítica são provavelmente gerados por uma mistura homogênea em baixas
    profundidades da crosta continental (mixing), ao contrário dos dacitos que, provavelmente, são
    geradas na crosta superior, a uma temperatura mais baixa, proporcionando assim um processo
    de mistura menos eficiente (mingling). As afinidades observadas entre os diques félsicos
    estudados e os granitos do tipo-A das regiões de Rio Maria e São Felix do Xingu, demonstram
    que o magmatismo bimodal da área de Tucumã seja uma clara evidência de que o magmatismo
    paleoproterozóico da Província Carajás teria sido formado a partir de processos envolvendo a
    fusão do manto superior e underplating, associado à transtensão da crosta.

  • ALDEMIR DE MELO SOTERO
  • QUARTZO MAGMÁTICO E HIDROTERMAL DO DEPÓSITO DE

    OURO SÃO JORGE, PROVÍNCIA AURÍFERA DO TAPAJÓS-PA:

    PETROGRAFIA, MEV-CL E IMPLICAÇÕES METALOGENÉTICAS

     

  • Data: Aug 5, 2015
  • Show resume
  • O Depósito São Jorge, localizado no município de Vila Riozinho, Província Aurífera do Tapajós, sudoeste do estado do Pará, está hospedado em rochas monzograníticas com 1,89 Ga, hidrotermalizadas em diferentes intensidades, pertencentes ao Granito São Jorge Jovem (GSJJ). Quatro tipos morfológico-texturais de quartzo (Qz1, Qz2, Qz3 e Qz4) foram identificados através de imagens de microscopia eletrônica de varredura-catodoluminescência (MEV-CL) nas associações minerais propostas por Borges et al. (2009) para a área do depósito de ouro São Jorge. Nas rochas mais preservadas (associação 1 e 2), ricas em anfibólio e biotita, ocorrem cristais anédricos de quartzo magmático, de luminescência moderada a alta (Qz1). Nas rochas alteradas (associações 2 e 3), fluidos pós-magmáticos a hidrotermais que afetaram o granito percolaram fraturas do Qz1 e cristalizaram Qz2 não luminescente (escuro). Nas rochas mais intensamente alteradas (associação 4), sucessivos processos de alteração, dissolução e recristalização deram origem a cristais de quartzo zonados, subédricos (Qz3) e euédricos (Qz4) tipicamente hidrotermais, sendo este último hospedeiro da mineralização aurífera. A evolução textural do quartzo está diretamente relacionada às atividades hidrotermais que afetaram as rochas do GSJJ. Imagens de elétrons retroespalhados (ERE) e análises semiquantitativas por espectroscopia por dispersão de energia (EDS), identificaram duas gerações de ouro: Au1, enriquecido em Ag (4,3 a 23,7%) e incluso ou associado a cristais de Py; Au2, enriquecido em Te (1,1 a 17,2%) e incluso no Qz4. O estudo de cristais de quartzo através de MEV-CL forneceu informações morfológico-texturais importantes para o entendimento dos processos hidrotermais que atuaram na área mineralizada do depósito de ouro São Jorge, podendo esta metodologia ser aplicada em estudos de quartzo de outros depósitos hidrotermais.

     

  • INGRID ROBERTA VIANA DA CUNHA
  • PETROGRAFIA, QUÍMICA MINERAL E PARÂMETROS DE CRISTALIZAÇÃO DA SUÍTE PLANALTO, PROVÍNCIA CARAJÁS

     

     

  • Data: Jul 28, 2015
  • Show resume
  • A Suíte Planalto está localizada no Domínio Canaã dos Carajás da Província Carajás. A suíte tem idade neoarqueana (2,73 Ga), e os granitos que a constituem possuem caráter ferroso e afinidade com granitos tipo-A e são intrusivos em unidades mesoarqueanas e no Supergrupo Itacaiúnas. Associa-se espacialmente com rochas charnoquíticas do Diopsídio-Norito Pium e com a Suíte Pedra Branca. As rochas da Suíte Planalto são hololeucocráticas a leucocráticas com dominância de monzogranitos e sienogranitos e presença de raros álcali-feldspato- granitos. Ao microscópio, apresentam feições texturais magmáticas parcialmente preservadas, porém a textura granular hipidiomórfica média a grossa original tende a ser substituída por texturas protomiloníticas a miloníticas, com formação de porfiroblastos ovalados de granulação média a grossa de microclina envoltos por matriz fina a base de quartzo e feldspatos intensamente recristalizados. A Suíte Planalto apresenta valores de suscetibilidade magnética (SM) variáveis, os quais, associados com as características petrológica s, permitiram distinguir dois grupos: (1) Grupo formado em condições reduzidas, que engloba as amostras contendo ilmenita e desprovidas de magnetita, com baixos valores de SM; (2) Grupo moderadamente oxidado, que se distingue do anterior por apresentar os mais altos valores de SM, justificados pela presença de magnetita associada à ilmenita. A ilmenita ocorre como cristais anédricos a subédricos dos tipos texturais ilmenita individual ou ilmenita composta, sendo esta última menos comum e restrita às rochas do grupo 2. A magnetita, por sua vez, ocorre como cristais subédricos a anédricos ou, mais raramente, euédricos com evidência de martitização, localmente com bordas e núcleos corroídos. Ilmenita e magnetita exibem composições próximas de seus membros extremos ideais, embora a ilmenita mostre proporções variáveis de pyrophanita (MnTiO3). Os cristais de titanita ocorrem nos grupos 1 e 2 circundando os cristais de ilmenita, ou então, como finos grãos anédricos inclusos em anfibólio e biotita, que formam agregados máficos. Os conteúdos modais de titanita são muito variáveis em ambos os grupos e não há correlação entre titanita e opacos modais. Além disso, as composições químicas de titanita, em particular suas baixas razões Fe/Al, sugerem que este mineral foi reequilibrado por processos subsolidus. Os anfibólios da  Suíte Planalto são cálcicos com composição variando entre potássio-hastingsita (dominante) e cloro-potássio- hastingsita (subordinada) e razões Fe/(Fe+Mg) > 0,8. A biotita também apresenta altas razões Fe/Mg (> 0,7) e é classificada como annita. Os porfiroclastos de plagioclásios são oligoclásio (An25-10) e os grãos da matriz recristalizada mostram composição variando entre oligoclásio ou albita (An259-2).Os dados obtidos, mostram que os granitos do grupo 1 da Suíte Planalto foram formados em condições reduzidas, abaixo do tampão FMQ. Os granitos do grupo 2 cristalizaram em condições mais oxidantes, coincidentes com às do tampão FMQ ou ligeiramente acima, ou alternativamente, também foram formados em fO2 abaixo de FMQ, submetidos a condições ligeiramente mais oxidantes no subsolidus. Pressões de 900 MPa a 700 MPa e de 500 e 300 MPa foram estimadas, respectivamente, para a origem dos magmas da Suíte Planalto e para a colocação e cristalização final dos seus plutons. Geotermômetros sugerem temperaturas iniciais de cristalização variando de 900°C e 830°C, sendo que a temperatura do solidus foi provavelmente próxima de 700 °C. O conteúdo de água do magma foi estimado em 4 % em peso, podendo atingir possivelmente até 4% em peso. A comparação mineralógica entre a Suíte Planalto e granitos neoarqueanos similares da Província Carajás mostram que a Suíte Planalto e o Complexo Granítico Estrela foram formados em condições muito similares. As composições de anfibólio e biotita dos granitos Planalto e Estrela são enriquecidas em alumínio e assemelham-se neste aspecto aqueles do pluton Matok do Limpopo Belt. Diferem, usando este mesmo critério dos granitos rapakivi  tipo-A proterozoicos. Em termos das condições de fugacidade de oxigênio, a Suíte Planalto e o Complexo Granítico Estrela se aproximam dos granitos rapakivi mesoproterozoicos e dos granitos paleoproterozóicos reduzidos a moderadamente oxidados da Província Carajás e diferem dos granitos oxidados daquela província e também dos granitoides do pluton Matok. Conclui-se que a Suíte Planalto é similar aos granitos neoarqueanos ferrosos ou do tipo-A da Província Carajás e, exceto por seu caráter reduzido, diferem em suas características mineralógicas e nos parâmetros de cristalização de alguns exemplos clássicos de granitos tipo-A e exceto por seu caráter reduzido, são semelhantes aos granitoides neoarqueanos Fe-K e Mg-K. O fato de se ter um ambiente colisional em Carajás e também no Limpopo Belt durante o neoarqueano sugere que as similaridades observadas entre os granitos de ambas províncias pode refletir um condicionamento geológico e tectônico.

     

  • MARIA NATTÂNIA SAMPAIO DOS SANTOS
  • GRANODIORITO RIO MARIA E ROCHAS ASSOCIADAS DE OURILÂNDIA DO NORTE – PROVÍNCIA CARAJÁS: GEOLOGIA E AFINIDADES PETROLÓGICAS

  • Data: Jul 22, 2015
  • Show resume
  • Os granitoides de afinidade sanukitoide da área de Ourilândia do Norte são correlacionados à Suíte mesoarqueana de Rio Maria e ocorrem no extremo norte do Domínio Rio Maria, próximo ao limite com o Domínio meso- a neoarqueno de Carajás. Estes são formados por três grupos principais de rochas: (quartzo) dioritos, quartzo-monzodioritos e granodioritos, com ocorrências subordinadas de tonalitos e monzogranitos. Nestes, a hornblenda e a biotita são as principais fases ferromagnesianas, tendo ainda epidoto como importante fase varietal. Tais granitoides exibem frequentemente enclaves máficos com feições de mingling com a rocha hospedeira. Ocorrem ainda, pequenos corpos intrusivos de composição monzogranítica contendo clinopiroxênio e que não apresentam afinidades geoquímicas com os granitoides de alto-Mg. Ao contrário do que se observam nas rochas do Granodiorito Rio Maria de sua área tipo, aquelas de Ourilândia do Norte apresentam-se afetadas por processos deformacionais, ligados à instalação das extensas zonas de cisalhamento do Cinturão Itacaiúnas. A atuação destas zonas resulta no desenvolvimento de uma foliação penetrativa e microestruturas sob três regimes de recristalização dinâmica: (i) recristalização por bulging (300-400˚C, baixas temperaturas) caracterizada pelo desenvolvimento de bulges e grãos recristalizados nos limites entre grãos ou subordinadamente em microfissuras; (ii) recristalização por rotação de subgrãos (<500˚C, temperaturas intermediárias) observadas a partir da extinção ondulante irregular, germinações afinadas, deformação lamelar, dobramentos, kinks e estruturas núcleomanto; (iii) recristalização por migração de limite de grão (<600˚C, alta temperatura) que ocorre apenas nas rochas cisalhadas e mostram altas proporções de grãos recristalizados com limites de grão, formas e tamanhos irregulares. A maioria destes granitoides pertence à série cálcio-alcalina de médio a alto potássio, são magnesianos e metaluminosos, similar àqueles identificados nas típicas séries sanukitoides. Apresentam trends não colineares a partir das rochas (quartzo) dioríticas em direção aquelas de composição granodiorítica que mostram claramente o fracionamento de anfibólio, clinopiroxênio e subordinadamente biotita e plagioclásio. Nota-se a partir disto, uma correlação negativa nos conteúdos de elementos compatíveis (CaO, Fe2O3 t , MgO, TiO2, Zr, Ni, Cr e #Mg) e um comportamento inverso para os elementos incompatíveis (Ba, Sr) e as razões Rb/Sr e Sr/Ba. O padrão ETR dos granodioritos exibe uma discreta ou ausente anomalia negativa de Eu (Eu/Eu*=0,76-0,97) e moderadas razões (La/Yb)N caracterizadas pelo enriquecimento de ETRL em relação aos ETRP. O padrão côncavo destes últimos sugere para a formação dessas rochas, a participação de um líquido onde a granada e/ou piroxênio foram fases fracionantes para sua geração. Dife- vii rentemente destes, os tonalitos não são empobrecidos em ETRP, e não possuem anomalia de Eu (Eu/Eu*=~0,95), configurando padrões mais horizontalizados. Os enclaves, as rochas (quartzo) dioríticas e os quartzo-monzodioríticas apresentam anomalias negativas à positivas de Eu (Eu/Eu*=0,56-1,71) e baixa razão (La/Yb)N, com padrão horizontalizado, similar ao observado nas rochas intermediárias da Suíte Rio Maria (área tipo). Os monzogranitos contendo clinopiroxênio, por sua vez, mostram caráter ferroso e afinidades com a série toleítica. Seguem trends levemente distintos dos demais granitoides, possuem anomalia negativa de Eu (Eu/Eu*=0,63-0,98) e razões (La/Yb)N levemente fracionadas. As anomalias positivas de Sr, presentes somente nos enclaves e (quartzo) dioritos, são ocasionadas provavelmente através da contaminação do manto, ao passo que as moderadas anomalias negativas de Nb-Ta-Ti estão relacionadas ao fracionamento de anfibólio ou óxido de Fe e Ti. A existência destas anomalias associadas às altas razões (La/Yb)N e Y/Nb sugerem que estas rochas foram geradas em uma zona de subducção a partir de uma fonte mantélica empobrecida e contaminada por fluidos (voláteis) ou melt (magma). A análise da natureza do agente metassomático demonstra que as rochas menos evoluídas teriam sido contaminadas por fluidos, enquanto os granodioritos e afins seriam por melt de composição similar aos TTGs. A atuação diferenciada desses agentes implica em diferentes condições de pressão e temperatura ou até mesmo fontes distintas para geração dessas rochas. Com base nos diferentes conteúdos e razões de ETR dessas rochas, e considerando os dados petrológicos experimentais obtidos para as rochas da Suíte Rio Maria de sua área tipo, estima-se que os enclaves, (quartzo) dioritos e os monzogranitos contendo clinopiroxênio teriam sido gerados em baixas pressões (La/Yb<1,0 GPa) e profundidades (<33,6 Km), com pouca ou nenhuma granada residual, ao passo que os demais granitoide seriam gerados em condições geotérmica maiores (La/Yb=1,0-1,5 GPa; 33,6-50,5 Km) e, portanto, apresentaria proporções variadas de granada residual. Além disso, estes granitoides teriam iniciado sua cristalização em profundidades entre 30,3-20,2 Km e finalizado entre 10,1-6,7 Km. Apesar dos sanukitoides de Ourilândia do Norte mostrar afinidades com os adakitos de alta-sílica e os sanukitoides de baixo-TiO2, sugerindo uma origem através do processo de um único estágio - hibridização direta do manto com o melt de composição TTG -, o modelo fornecido para os sanukitoides de Rio Maria e Karelian demostraram que eles teriam sido produzidos pelo processo de dois estágios - fusão de um manto peridotítico metassomatizado.

  • RENATO SOL PAIVA DE MEDEIROS
  • DEPÓSITOS CARBONÁTICOS-SILICICLÁSTICOS DA PORÇÃO SUPERIOR DA FORMAÇÃO PIAUÍ, CARBONÍFERO DA BACIA DO PARNAÍBA, REGIÃO DE JOSÉ DE FREITAS-PI

     

     

  • Data: Jul 22, 2015
  • Show resume
  • A borda noroeste do Gondwana, no período Neocarbonífero, foi influenciada por um grande evento transgressivo-regressivo, depositando sequências carbonáticas delgadas, desde Bacias Andinas até porções centro meridionais do paleocontinente, como os limites estratigráficos da Bacia do Parnaíba. O Membro Superior da Formação Piauí na Bacia do Parnaíba, estudado na região de José de Freitas, exibe depósitos carbonáticos ricamente fossilíferos sobrepostos por clinoformas progradantes, definindo a transição de um trato de sistema transgressivo para um trato de sistema de mar alto. A análise de fácies e estratigráfica desta sucessão permitiu a individualização de 17 fácies e microfácies sedimentares agrupadas em 4 associações de fácies (AF): A AF1 – Campo de Dunas / Interdunas - é sotopostas as demais AF e composta por arenitos finos à médios, com grãos bem selecionados e bem arredondados, apresentando estratificações plano-paralelas com alto grau de bioturbação, estratificações cruzadas tabulares e laminação cruzada cavalgante subcrítica transladante. A AF2 – Depósitos de mar raso - é composta por uma planície carbonática com camadas tabulares e contínuas de carbonatos maciços e peloidais fossilíferos intercalados com delgadas lentes de folhelho betuminoso. A AF3 – Frente Deltaica e AF4 – Prodelta, consistem em camadas pelíticas e arenitos finos a médios, arcosianos e quartzo-arenito, marcados por superfícies de exposição subaérea, com gretas de contração, cimentado por carbonatos, dispostos em camadas tabulares contínuas ou na forma de lobos sigmoidais, assim como estruturas de liquefação do tipo load cast e flame, e fluidificação do tipo rompimento de camadas, que deformam os estratos. Os dados faciológicos corroboram com a ideia de que o mar no Pensilvaniano retrogradou até a borda da Bacia do Parnaíba e posteriormente com a Orogenia Apalachiana (300 Ma) o alto do Rio Parnaíba arqueou e retrocedeu a incursão marinha, seguidos de um evento progradacional sobre os depósitos marinhos.

     

    Palavras-chave: Bacia do Parnaíba; Formação Piauí; Carbonato; Pensilvaniano; análise de fácies.

     

  • ANNA ANDRESSA EVANGELISTA NOGUEIRA
  • TAXONOMIA, PALEOECOLOGIA E BIOESTRATIGRAFIA (OSTRACODA) DO OLIGO-MIOCENO DA FORMAÇÃO PIRABAS (ESTADO DO PARÁ, BRASIL)

  • Data: Jul 14, 2015
  • Show resume
  • O limite Oligo-Mioceno é marcado por uma das maiores transgressões marinhas do planeta
    registrados na Formação Pirabas, uma unidade predominantemente carbonática exposta no litoral
    Norte do Brasil. A identificação dos ostracodes provenientes de 35 amostras de afloramentos e 22
    do testemunho de sondagem FPR-160 Primavera, desta unidade, por meio do estudo comparativo
    do material tipo das coleções de Bold e Howe, bem como da literatura consultada, permitiu o
    registro de 36 novas espécies, 12 espécies deixadas em “aff.” e três em “cf.”; 27 espécies comuns
    ao Neógeno do Caribe; duas espécies reconhecidas para outras áreas e uma já descrita para a
    unidade em estudo previamente, além de 38 deixadas em nomenclatura aberta, completando um
    total de 119 espécies. Este extensivo estudo taxonômico proveu de um banco de dados robusto
    para o refinamento dos estudos paleoambientais, bioestratigráficos e paleogeográficos, além de
    contribuir com o incremento do registro da paleobiodiversidade dos ostracodes do Neógeno do
    Norte do Atlântico Sudoeste. A classificação taxonômica dos ostracodes rendeu
    aproximadamente 23 famílias, 64 gêneros e 119 espécies. A associação de fácies indicam
    ambientes desde marinho raso plataformal a lagunar, e a variação de salinidade inerente destes
    ambientes foi indicado por ostracodes dos gêneros Haplocytheridea, Cytheridea, e,
    principalmente, Perissocytheridea e Cyprideis associados à foraminíferos bentônicos dos gêneros
    Ammonia e Elphidium. As 27 espécies comuns às unidades do Caribe, mostraram estreita
    similaridade em comparação com o significativo número de espécies novas registrados para a
    Formação Pirabas. A irradiação, restrição e extinção da ostracofauna, devido à processos
    tectônicos e eustáticos nestas regiões, durante o Oligo-Mioceno, proporcionaram um novo arranjo
    na sua distribuição e, consequentemente das províncias paleobiogeográficas. Desta forma, a
    ostracofauna da Formação Pirabas insere-se em uma nova subprovíncia que correlaciona-se com
    as subprovíncias Caribeanas. Ainda, o registro de cinco espécies-guias Glyptobairdia crumena,
    (N5/N6) e Neocaudites macertus (N4 e N5) inseridos na Zona Globigerinatella insueta e,
    Porkonyella deformis (N6 a N16), Cytherella stainforthi (N2 a N5) e Quadracythere
    brachypygaia (N3 a N6) nas Zonas Globigerinoides trilobus, Catapsydrax dissimilis e
    Catapsydrax stainforthi permitiram estabelecer o intervalo Neooligoceno – Eomioceno para a
    unidade em apreço. As mais de 100 espécies registradas dentro deste intervalo proporcionaram o
    reconhecimento de uma Zona Cytherella stainforthi, qual é subdividida em quatro subzonas:
    Jugosocythereis pannosa, Quadracythere brachypygaia, Glyptobairdia crumena e Pokornyella
    viii
    deformis com limites marcados pela primeira e última ocorrência ao longo das sequências
    estudadas. Este novo biozoneamento, preliminarmente calibrado com as zonas de foraminíferos
    planctônicos, correspondentes às zonas N3 à N7 de Blow, permitiu estabelecer as idades
    Chatiano ao Burdigaliano para a Formação Pirabas, e estender as biozonas propostas para a
    região caribeana através da bioestratigrafia dos ostracodes do Neógeno da região norte do Brasil.
    Assim, a aplicação do zoneamento com ostracodes deste intervalo é de grande importância para a
    correlação local, intrabacinal e regional, particularmente onde o controle de foraminíferos,
    nanofósseis ou palinomorfos é pobre, principalmente devido à característica litorânea dos
    depósitos da Formação Pirabas.

  • ANDRÉ HERON CARVALHO DOS REIS
  • FERTILIDADE, CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA,MINERALOGIA E MORFOLOGIA DE CERÂMICAS E SOLOS DE TERRA PRETA ARQUEOLÓGICA DO SAMBAQUI JACAREQUARA (BARCARENA-PA)

  • Data: Jul 8, 2015
  • Show resume
  • Terra Preta de Índio (TPI) ou Terra Preta Arqueológica (TPA) são solos comumente
    encontrados nos sítios arqueológicos da Amazônia, sua coloração escura e fertilidade
    contrasta dos solos adjacentes, geralmente pobres em nutrientes. Sua formação é relacionada
    ao descarte de matéria orgânica oriunda dos antigos aldeamentos indígenas, além da
    ocorrência de artefatos líticos, carvões e diversos fragmentos cerâmicos de diferentes estilos e
    tradições. Pesquisas realizadas no intuito de se avaliar a morfologia do conjunto cerâmico,
    caracterizações químicas, mineralógicas e a avaliação da fertilidade dos sambaquis ainda são
    escassas. Tais pesquisas podem contribuir para avançar no conhecimento sobre a formação da
    TPA, sua fertilidade e ainda elucidar aspectos do modo de vida dos grupos humanos
    pretéritos. Este trabalho objetivou avançar nesta problemática, ao analisar os fragmentos
    cerâmicos e solos das camadas arqueoestratigráficas (definidos por atributos culturais e
    naturais) de TPA provenientes do sambaqui Jacarequara, município de Barcarena, Estado do
    Pará. As amostras foram submetidas a análises químicas e mineralógicas por ICP-MS, ICPOES,
    DRX, MEV/EDS, microscopia óptica, avaliação dos parâmetros de fertilidade e análise
    morfológica (aspectos técnico-estilísticos) da coleção cerâmica do sambaqui. Quanto aos
    solos, os dados obtidos denunciam elevada fertilidade (V > 87 e SB >10), pH de leve a
    fortemente básico (6,02-8,25), elevada concentração de P disponível (46,5-818,1 mg/dm3) e
    soma de bases composta predominantemente por Ca e Mg, retratando a composição química
    do material carbonático adicionado. Estes valores destacam-se nas camadas intermediárias 2,
    3B e 3A com maior disponibilidade P e Ca, enquanto que estes valores diminuem
    consideravelmente na base do perfil (camada 6). Os solos também são formados
    predominantemente por SiO2, Al2O3, CaO, Fe2O3, K2O e MgO (85,37 %), refletindo a
    mineralogia composta por quartzo, calcita, aragonita e caulinita. A concentração de P2O5 é
    considerada alta (0,99%) porém menor quando comparadas com outros solos de TPA da
    Amazônia, presente possivelmente em fase amorfa. Quando confrontados com a média
    crustal, nota-se valores ligeiramente altos de SiO2, CaO, TiO2, P2O5 e MnO. Por sua vez, as
    cerâmicas mostraram pH básico (7,04-8,00), altos valores de soma e saturação de bases (SB
    >29,42; V > 94,7) atestando a alta fertilidade destas. O P disponível mostrou menores valores
    na cerâmica que no solo (12-389,9 mg/dm3) revelando a contribuição dos FCs para a
    fertilização do solo.
    8
    A composição química destas é formada predominantemente por SiO2, Al2O3, CaO, Fe2O3,
    K2O, TiO2 P2O5 (75,33 %). Nos fragmentos cerâmicos a concentração total de P e Ca são
    maiores que no solo (P 0,75 %; Ca 9 % médias) porém com concentrações de P menores
    quando comparadas com outras cerâmicas da Amazônia, como do Baixo Amazonas.
    Mineralogicamente as cerâmicas não diferem do solo, denotando uma origem local para a
    fonte de matéria-prima. Estas são formadas por fases de quartzo, muscovita, calcita, aragonita,
    anatásio, além de uma fase amorfa de metacaulinita, o que sugere uma queima superior a
    550ºC. Não foram encontradas fases cristalinas relacionadas ao fósforo. Quando confrontados
    os dados químicos com a morfologia cerâmica, nota-se que fragmentos com maior capacidade
    volumétrica, granulometria fina e menor concentrações de conchas moídas na argila possuem
    maior concentração de P (> 0,70 %), indicando uma possível relação entre os materiais usados
    na confecção da cerâmica, formas de utilização do recipiente e a assinatura química
    resultante. Morfologicamente, os resultados enquadram a cerâmica na Tradição Regional
    Mina, contudo variações no padrão decorativo foram encontradas entre os níveis
    estratigráficos: a base do perfil apresenta uma ocupação em que as cerâmicas têm formas
    introvertidas, granulometria fina, engobo vermelho e maior diversidade no uso de
    antiplásticos, enquanto que a partir da camada 3 uma cerâmica caracterizada por conchas de
    maior granulometria, pratos com decorações plásticas (incisas, entalhados) e fragmentos
    muito mais fragilizados com ausência de engobo. Assim, conclui-se que os FCs são
    fundamentais para a manutenção da fertilidade das TPAs e também, que as dissimilaridades
    entre química, mineralogia, textura e tecnologia da cerâmica de cada camada delimita três
    fases de ocupação para o sambaqui: na primeira teriam ocupado um promontório de praia
    próximo ao rio, com uso dos recursos aquáticos em assentamentos temporários; no segundo
    um uso permanente da área, intensificação da pesca e do descarte de resíduos orgânicos no
    solo, resultando na TPA, e por último uma ocupação pós-sambaquiera, com menor
    dependência de recursos aquáticos.

  • ANDERSON CONCEICAO MENDES
  • FÁCIES E PROVENIÊNCIA DE DEPÓSITOS SILICICLÁSTICOS CRETÁCEOS E NEÓGENOS DA BACIA DO AMAZONAS: IMPLICAÇÕES PARA A HISTÓRIA EVOLUTIVA DO PROTO-AMAZONAS

  • Data: Jun 23, 2015
  • Show resume
  • Depósitos siliciclásticos expostos principalmente próximo à calha do rio Amazonas e
    sobrepostos por unidades do Neógeno têm sido atribuídos à idade cretácea e denominados de
    Formação Alter do Chão. Estudos integrados de sedimentologia, estratigrafia, icnofósseis,
    petrografia de arenitos e minerais pesados, além de datação por U-Pb de grãos de zircão,
    permitiram reconstituir o paleoambiente deposicional e inferir as prováveis áreas-fonte destes
    depósitos cretáceos na Bacia do Amazonas. Estes depósitos registram a evolução de um
    amplo sistema fluvial ou “Big River” com padrão meandrante na porção centro-oriental da
    bacia, que variou lateralmente em direção ao oeste, para um estilo anastomosado onde
    predominava grandes áreas de inundação com proliferação de animais e plantas registrados
    por uma rica ichnofauna representada por traços de Taenidium, Planolites, Diplocraterion,
    Beaconites, Thalassinoides, escavações meniscadas de adesão, de insetos e de vertebrados,
    além de marcas de raízes. A sucessão fluvial consiste em conglomerados, arenitos e pelitos,
    caolinizados e localmente silicificados, agrupados em oito elementos arquiteturais, Gravel
    Bar, Sand bedforms, Lateral Accretion Bar, Levee, Channels, Crevasse Splay Lobes,
    Abandoned Channel Fills e Overbank Fines. O aporte significante de terrígenos foi fornecido
    por áreas soerguidas adjacentes ao Arco de Gurupá, limite leste da bacia, e idades dos grãos
    de zircão entre 1.8 a 2.9 Ga, indicam as províncias Maroni-Itacaíunas e Amazônia Central
    como principais fontes cratonicas de sedimentos. O aporte maciço de sedimentos, refletido na
    espessura de centenas de metros dos depósitos cretáceos, extensos por milhares de
    quilômetros, sugere expressivas drenagens provenientes do cráton, alimentando esse “Big
    River” de direção aproximada leste-oeste. Provavelmente, a configuração do Neocretáceo
    teria sido similar à encontrada no atual rio Amazonas, porém com migração inversa, em
    direção ao Oceano Pacífico. A discordância entre a Formação Alter do Chão e os depósitos
    neógenos atesta um longo período de exposição subaérea na Bacia do Amazonas durante o
    Paleógeno, coincidente com o desenvolvimento dos perfis laterítico-bauxíticos. As medidas
    de paleocorrentes mostram uma reversão do fluxo para leste durante o Neógeno. Além disso,
    idades de grãos de zircão entre 0.5 até 2.7 Ga, comparável àquelas obtidas para os depósitos
    do Quaternário, indicam fontes cratônicas e principalmente andinas, registrando o início do
    rio Amazonas. Os resultados obtidos nesta pesquisa, permitiram, pela primeira vez, propor um
    modelo transcontinental de drenagem para o Neocretáceo, bem como registrar o início de
    sedimentação do proto-Amazonas durante o Neógeno.

  • ISAAC DANIEL RUDNITZKI
  • PALEOAMBIENTE E QUIMIOESTRATIGRAFIA DA PORÇÃO SUPERIOR DO GRUPO ARARAS, NEOPROTEROZOICO DA FAIXA PARAGUAI NORTE, ESTADO DO MATO GROSSO

  • Data: Jun 22, 2015
  • Show resume
  • Na porção central da Plataforma Sul-Americana, ocorre a sucessão sedimentar do Grupo
    Araras, registro de extensas plataformas carbonáticas do Neoproterozoico, desenvolvida ao
    longo de uma margem passiva na porção S-SW do Cráton Amazônico. Estas bacias
    sedimentares foram deformadas na transição do Ediacarano-Cambriano, como resultado de
    um fechamento oceânico, gerando o cinturão de deformação, a Faixa Paraguai. Enquanto a
    porção basal do Grupo Araras é reconhecida pelos registros pós-glaciais ligados ao evento
    Marinoano (~635 Ma), os eventos paleoceanográficos e sedimentares finais que levaram ao
    desaparecimento da deposição carbonática são, pela primeira vez, discutidos neste trabalho. A
    porção superior do Grupo Araras, representada pelas formações Serra do Quilombo e Nobres,
    é considerado o registro da última fase de sedimentação da plataforma carbonática Araras.
    Estas unidades são recobertas por depósitos siliciclásticos do Grupo Alto Paraguai do
    Ediacarano Médio, cuja porção basal tem sido supostamente influenciada por processos
    glaciais ligados ao evento Gaskiers (~580 Ma), documentados apenas na porção leste da
    Faixa. Os estudos estratigráficos, faciológicos e de isótopos de carbono foram realizados em
    exposições de rochas carbonáticas nas regiões de Cáceres e Nobres, respectivamente porção
    oeste e leste da faixa, Estado do Mato Grosso, Brasil. As formações Serra do Quilombo e
    Nobres representavam um único sistema de rampa carbonática homoclinal composta pelos
    depósitos de: i) rampa carbonática externa com dolomito fino maciço laminado de offshore;
    ii) rampa intermediária com dolomito fino maciço, dolomito intraclásticos e arenoso com
    estratificação cruzada hummocky e swaley, laminação ondulada à plana, dolomito oncolítico
    com acamamento wavy e dolomito oolítico maciço, representativos da zona de shoreface,
    complexo de barras oolíticas e zona de foreshore/shallow subtidal; e iii) rampa
    carbonática/mista interna que consiste em dolomito fino maciço, dolomito intraclástico e
    arenito dolomítico com acamamento de megaripples, biostromas, chert, moldes de evaporitos,
    arenito e pelito laminado, depositados em planícies de maré. Estes depósitos se
    desenvolveram em trato de sistema de mar alto, após o evento de transgressão marinha pós-
    Marinoana e precedendo a implantação dos depósitos de plataforma siliciclástica do Grupo
    Alto Paraguai na transição Ediacarano-Cambriano. A assembléia de palinomorfos da
    Formação Nobres revelou Leiospharidia e raros filamentos de acritarcos acantomorfos como
    Tanarium, correlatos a biozona ECAP (Ediacaran Complex Acantomorph Palynoflora), o que
    sugere idade entre 600-550 Ma. A análise estratigráfica de alta frequência indica a força
    orbital como principal mecanismo para geração de espaço de acomodação e composição dos
    ix
    ciclos de perimaré, e secundariamente influenciados pela tectônica. Os padrões de isótopos de
    carbono em carbonatos (δ13Ccarb) e matéria orgânica (δ13Corg) e a diferença entre a composição
    de carbono (Δ13Ccarb-org = δ13Ccarb - δ13Corg) associados a baixa concentração de TOC sugerem
    um oceano predominantemente oxidante em equilíbrio com a atmosfera, com variações
    mínimas nas condições redox na interface sedimento/água, o que inclui: i) nível anóxico:
    representado por δ13Ccarb ~0‰ e δ13Corg <-28‰, limitado à interface sedimento/água em zonas
    distais da rampa externa, associada a diagênese orgânica precoce por atividade
    quimiosintética; ii) nível oxidante com δ13Ccarb ~0‰ e δ13Corg entre -28 a -25‰ em sistema de
    mar aberto da rampa externa e rampa intermediária, caracterizados por coluna de água
    completamente oxidante e produção primária fotossintetizante; iii) nível oxidante com baixo
    pCO2 associado a sinais positivos de δ13Ccarb (+3‰) e δ13Corg (>-25‰) em águas rasas da
    rampa intermediária, com alta taxa de precipitação de inorgânica de carbonato; iv) nível
    oxidante restrito definido por δ13Ccarb negativo (-2‰) e δ13Corg entre -31 to -25‰, exclusivo da
    zona de rampa interna, associados à produção primária fotossintetizante e re-mineralização de
    matéria orgânica efetiva durante a diagênese precoce, e guiados pela variação do nível
    relativo do mar. Desta forma a integração dos dados define o Grupo Araras superior como o
    registro de uma rampa carbonática com ambientes restritos na zona costeira, desenvolvida em
    oceanos com coluna da água oxidante, em zona tropical de clima quente com alta taxa de
    evaporação e biomassa fotossintetizante, durante o Ediacarano Médio. Influências pré-glaciais
    indicadas por anomalias no ciclo do carbono ou glacio-eustáticas não foram documentadas na
    porção superior do Grupo Araras. A fase final de sedimentação da plataforma carbonática
    Araras foi influenciada pelo soerguimento inicial de áreas continentais, responsáveis pelo
    progressivo influxo de siliciclásticos para zonas costeiras carbonáticas, precedendo a
    progradação dos sistemas continentais-costeiros do Grupo Alto Paraguai no Ediacarano
    Médio.

  • FLAVIA OLEGARIO PALACIOS
  • DOS MINERAIS AOS MATERIAIS DE ARQUITETURA E
    PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO: EDIFÍCIOS E
    ORNAMENTOS METÁLICOS DOS SÉCULOS XIX E XX EM
    BELÉM DO PARÁ

  • Data: Jun 16, 2015
  • Show resume
  • O uso do ferro na arquitetura intensificou-se a partir da segunda metade do século XVIII na
    Europa, e sua influência estendeu-se a vários países em crescimento, como o Brasil. Belém
    (PA) foi uma das cidades que recebeu maior número de edifícios e ornamentos importados
    nos séculos XIX e XX, provenientes especialmente da Inglaterra, França, Bélgica e Portugal.
    Atualmente, Belém possui o maior número de representantes do patrimônio arquitetônico em
    ferro remanescente do país. Apesar de serem testemunhos relevantes de técnicas construtivas,
    alguns desses edifícios foram desmontados, e permanecem no aguardo de ações de restauro.
    Além disso, os estudos acerca dessas construções, atualmente, são mais voltados para as
    características históricas gerais e visuais, sem destaque para o entendimento dos materiais de
    construção, gerando processos restaurativos empíricos. O conhecimento sobre esses materiais
    são importantes para o entendimento aprofundado de tipos de ligas metálicas utilizadas, bem
    como diferentes tipos de fabricação e intemperismo atuantes, visando futuros processos
    restaurativos com bases científicas. O objetivo principal desse trabalho consiste em
    compreender os metais em sua diversidade na arquitetura de ferro e sua fabricação, bem como
    processos de degradação de edifícios e ornamentos metálicos dos séculos XIX e XX em
    Belém. Dessa forma, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: a) caracterização
    física, mineralógica e química de ligas e patologias; b) identificação dos diferentes tipos de
    ligas e formas de produção; c) traçar a evolução da metalurgia importada para a Amazônia.
    Os exemplares da arquitetura de ferro escolhidos para a pesquisa foram o Mercado de Ferro
    do Ver-o-Peso, o antigo chalé de ferro da Imprensa Oficial do Estado do Pará, e os
    ornamentos dos túmulos e mausoléus do Cemitério nossa Senhora da Soledade, em função de
    sua representatividade frente à procedência e variedade de peças. Os métodos utilizados
    foram a Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) para a caracterização física e análise
    química pontual; e Difratometria de Raios-X (DRX) na identificação mineralógica. Os
    resultados, apresentados na forma de três artigos, indicaram: 1) ligas de ferro compostas
    majoritariamente por ferrita; 2) variações texturais indicando quatro classificações para o
    grupo de edifícios: ferro fundido nodular; ferro fundido cinzento tipo E; ferro forjado e ferro
    fundido cinzento tipo B; 3) três classificações de ferro cinzento para os ornamentos de
    diversas proveniências, dentre A, B e D; 4) predominância da corrosão como produto da
    alteração intempérica, constituída principalmente por goethita e hematita; 4) camadas de tinta
    remanescentes, formadas por zinco metálico, e alterações representadas por zincita e
    hidrozincita. A partir dos resultados desta pesquisa foi possível identificar os processos de
    fabricação da arquitetura de ferro, e enriquecer com informações físicas, químicas e
    mineralógicas a história desta modalidade arquitetônica, bem como subsidiar futuras ações
    restaurativas.
    Palavras-chave: Arquitetura de ferro. Ligas metálicas. Produtos de intemperismo. Processos de
    fabricação históricos.

  • JEREMIAS VITORIO PINTO FEITOSA
  • ESTUDO DE PROVENIÊNCIA DAS ROCHAS METASSEDIMENTARES DO COMPLEXO CEARÁ, NA REGIÃO DE SOBRAL E ADJACÊNCIAS COM BASE EM DATAÇÃO U-Pb DE ZIRCÃO E IDADES-MODELO Sm-Nd

     

  • Data: Jun 5, 2015
  • Show resume
  • A Província Borborema é uma importante província tectônica, com aproximadamente 450.000 km², que ocorre na região nordeste do Brasil, onde estão registrados inúmeros e marcantes processos geológicos que ocorreram na Terra ao longo do tempo.  Essa província apresenta grandes semelhanças com províncias existentes no continente africano, como a província Benin/Nigéria. Sucessivos ciclos geológicos estão registrados nos litotipos da Província Borborema, que remontam a uma evolução geológica de grande complexidade iniciada no Arqueano, culminando ao final do Neoproterozóico com a ocorrência de efetivos eventos tectonotermais e magmáticos do chamado Ciclo Brasiliano, que resultou com o fechamento de um domínio oceânico nessa região. O chamado Complexo Tamboril - Santa Quitéria é a unidade mais expressiva desse processo final de colisão continental observado no Domínio Ceará Central da Província Borborema. Ela conta com um razoável conjunto de dados geocronológicos e isotópicos que permitem entender o contexto e a evolução geológica dessa unidade. Entretanto, as rochas metassedimentares que flanqueiam esse Complexo, reunidas no Complexo Ceará, são carentes de estudos e informações que possibilitem a elaboração de modelos geológicos mais refinados para o melhor entendimento do quadro evolutivo desta região. A idade paleoproterozóica sugerida inicialmente para essas rochas metassedimentares do Complexo Ceará está sendo questionada por diversos autores em função do contexto geológico em que elas estão inseridas. Dessa forma, o estudo de proveniência sedimentar aqui proposto, por meio de datação U-Pb em zircão detrítico e de idade-modelo Sm-Nd, visa investigar a idade máxima de deposição dessas rochas metassedimentares, e a provável idade de formação do segmento crustal que originou esses sedimentos. Com isso, pretende-se contribuir para o entendimento do quadro evolutivo e estratigráfico do Domínio Ceará Central. Este trabalho contou com a amostragem de 20 pontos escolhidos na região, sendo feito lâminas delgadas para estudos petrográficos nas amostras não friáveis. Deste total, 6 amostras de quartzito foram coletadas para análise de U-Pb em zircão, e 14 foram feitas análises de idade-modelo Sm-Nd. Essas rochas (amostras) passaram por um minucioso trabalho de preparação para a datação dos grãos detríticos de zircão utilizando o sistema de abrasão a laser acoplado ao espectrômetro de massa com plasma induzido (LA-MC-ICPMS) e determinação de idades-modelo Sm-Nd. As características petrográficas observadas nas amostras do Complexo Ceará coletadas a oeste do Complexo Tamboril Santa-Qutéria  (CTSQ), permitem classificá-las como: granada gnaisses a cianita gnaisses, com texturas dominantemente lepidoblástica, e ainda granoblásticas. Além dessas rochas ocorrem  silimanita quartzito e muscovita quartzito, com texturas granoblásticas poligonais que correspondem aos litotipos reportados na literatura disponível da região. Na região situada a leste do CTSQ, as rochas estudadas do Complexo Ceará foram granada gnaisses com texturas lepidoblásticas a granoblásticas, além de granada anfibolitos com texturas nematoblásticas principalmente e porfiroblásticas. As idades modelo Sm-Nd entre 2,12 e 2,07 Ga. e valores de ɛNd(2,1Ga) positivos (+3,30 a + 2,60) sugere um forte contribuição de crosta paleoproterozóica para os sedimentos situados a leste do CTSQ. Essa contribuição está também registrada nas rochas metassedimentares situadas a oeste do CTSQQ, no entanto, idade-modelo de 1,66 Ga encontrada em uma rocha indica também uma contribuição de crosta mais jovem. Os dados U-Pb obtidos em quartzitos das rochas do Complexo Ceará, de modo geral, apresentam predominância de zircões de idade paleoproterozóicos com maior frequência no Orosiriano (1800-2050 Ma) e Riaciano (2050-2300 Ma), o que sugere que a(s) principal(ais) fonte(s) de sedimentos para essas rochas é/são de idade paleoproterozóica. No entanto a presença de grãos detríticos de zircão de idade estateriana (1750 ± 50, 1777 ± 58, 1628 ± 53 Ma ) e esteniana (1154 ± 29 Ma) encontradas nas rochas situadas a leste do CTSQ indica a contribuição de rochas mais jovens, de certa forma, corroborando a contribuição de crostas mais jovens para a sucessão sedimentar do Complexo Ceará.  A idade de 1154 ± 29 Ma, é um marcador da idade máxima de deposição desses sedimentos, e sugere que o evento de sedimentação pode ter ocorrido no Neoproterozóico como sugerem evidências geológicas e geocronológicas apontadas por outros autores que estudaram essa sucessão em outras regiões do Domínio Ceará Central.

    Palavras-chave: Proveniência. Rochas metassedientares. Complexo Ceará. Datação U-Pb em zircão. Idades-modelo Sm-Nd.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    A Província Borborema é uma importante província tectônica, com aproximadamente 450.000 km², que ocorre na região nordeste do Brasil, onde estão registrados inúmeros e marcantes processos geológicos que ocorreram na Terra ao longo do tempo.  Essa província apresenta grandes semelhanças com províncias existentes no continente africano, como a província Benin/Nigéria. Sucessivos ciclos geológicos estão registrados nos litotipos da Província Borborema, que remontam a uma evolução geológica de grande complexidade iniciada no Arqueano, culminando ao final do Neoproterozóico com a ocorrência de efetivos eventos tectonotermais e magmáticos do chamado Ciclo Brasiliano, que resultou com o fechamento de um domínio oceânico nessa região. O chamado Complexo Tamboril - Santa Quitéria é a unidade mais expressiva desse processo final de colisão continental observado no Domínio Ceará Central da Província Borborema. Ela conta com um razoável conjunto de dados geocronológicos e isotópicos que permitem entender o contexto e a evolução geológica dessa unidade. Entretanto, as rochas metassedimentares que flanqueiam esse Complexo, reunidas no Complexo Ceará, são carentes de estudos e informações que possibilitem a elaboração de modelos geológicos mais refinados para o melhor entendimento do quadro evolutivo desta região. A idade paleoproterozóica sugerida inicialmente para essas rochas metassedimentares do Complexo Ceará está sendo questionada por diversos autores em função do contexto geológico em que elas estão inseridas. Dessa forma, o estudo de proveniência sedimentar aqui proposto, por meio de datação U-Pb em zircão detrítico e de idade-modelo Sm-Nd, visa investigar a idade máxima de deposição dessas rochas metassedimentares, e a provável idade de formação do segmento crustal que originou esses sedimentos. Com isso, pretende-se contribuir para o entendimento do quadro evolutivo e estratigráfico do Domínio Ceará Central. Este trabalho contou com a amostragem de 20 pontos escolhidos na região, sendo feito lâminas delgadas para estudos petrográficos nas amostras não friáveis. Deste total, 6 amostras de quartzito foram coletadas para análise de U-Pb em zircão, e 14 foram feitas análises de idade-modelo Sm-Nd. Essas rochas (amostras) passaram por um minucioso trabalho de preparação para a datação dos grãos detríticos de zircão utilizando o sistema de abrasão a laser acoplado ao espectrômetro de massa com plasma induzido (LA-MC-ICPMS) e determinação de idades-modelo Sm-Nd. As características petrográficas observadas nas amostras do Complexo Ceará coletadas a oeste do Complexo Tamboril Santa-Qutéria  (CTSQ), permitem classificá-las como: granada gnaisses a cianita gnaisses, com texturas dominantemente lepidoblástica, e ainda granoblásticas. Além dessas rochas ocorrem  silimanita quartzito e muscovita quartzito, com texturas granoblásticas poligonais que correspondem aos litotipos reportados na literatura disponível da região. Na região situada a leste do CTSQ, as rochas estudadas do Complexo Ceará foram granada gnaisses com texturas lepidoblásticas a granoblásticas, além de granada anfibolitos com texturas nematoblásticas principalmente e porfiroblásticas. As idades modelo Sm-Nd entre 2,12 e 2,07 Ga. e valores de ɛNd(2,1Ga) positivos (+3,30 a + 2,60) sugere um forte contribuição de crosta paleoproterozóica para os sedimentos situados a leste do CTSQ. Essa contribuição está também registrada nas rochas metassedimentares situadas a oeste do CTSQQ, no entanto, idade-modelo de 1,66 Ga encontrada em uma rocha indica também uma contribuição de crosta mais jovem. Os dados U-Pb obtidos em quartzitos das rochas do Complexo Ceará, de modo geral, apresentam predominância de zircões de idade paleoproterozóicos com maior frequência no Orosiriano (1800-2050 Ma) e Riaciano (2050-2300 Ma), o que sugere que a(s) principal(ais) fonte(s) de sedimentos para essas rochas é/são de idade paleoproterozóica. No entanto a presença de grãos detríticos de zircão de idade estateriana (1750 ± 50, 1777 ± 58, 1628 ± 53 Ma ) e esteniana (1154 ± 29 Ma) encontradas nas rochas situadas a leste do CTSQ indica a contribuição de rochas mais jovens, de certa forma, corroborando a contribuição de crostas mais jovens para a sucessão sedimentar do Complexo Ceará.  A idade de 1154 ± 29 Ma, é um marcador da idade máxima de deposição desses sedimentos, e sugere que o evento de sedimentação pode ter ocorrido no Neoproterozóico como sugerem evidências geológicas e geocronológicas apontadas por outros autores que estudaram essa sucessão em outras regiões do Domínio Ceará Central.

    Palavras-chave: Proveniência. Rochas metassedientares. Complexo Ceará. Datação U-Pb em zircão. Idades-modelo Sm-Nd.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

  • LUISA DIAS BARROS
  • CARACTERIZAÇÃ GEOLÓGICA DA SUÍTE OFIOLÍTICA SERRA DO TAPA, SE DO PARÁ – CINTURÃO ARAGUAIA

  • Data: Apr 30, 2015
  • Show resume
  • No norte do Cinturão Araguaia (CA) ao longo de seu domínio de baixo grau
    metamórfico, a região conhecida como Serra do Tapa, entre municípios de Sapucaia e Xinguara,
    SE do Pará expõe um dos maiores corpos ofiolíticos do CA interpretado como fragmento da
    litosfera oceânica do Neoproterozoico da Bacia Araguaia. A Suíte Ofiolítica Serra do Tapa
    (SOST), denominada neste trabalho, constitui um conjunto de corpos alongados com extensão de
    48 km orientando-se preferencialmente na direção N-S. Representa uma sequência ofiolítica
    desmembrada que compreende peridotitos serpentinizados, basaltos maciços e almofadados,
    rochas vulcanossedimentares, formações ferríferas e cherts. Todo esse conjunto encontra-se
    embutido, por meio de zonas de cavalgamentos, nas rochas metassedimentares de baixo grau
    metamórfico da Formação Couto Magalhães. Os peridotitos serpentinizados apresentam cor
    verde escura ou clara, granulação grossa e representam a porção basal da sequência estratigráfica
    da suíte. Originalmente foram peridotitos, provavelmente do tipo harzburgito e dunitos. Os
    harzburgitos possuem textura protogranular, com a presença marcante de texturas
    pseudomórficas do tipo bastite e mesh, em que resultam de transformações do ortopiroxênio; e
    olivina para lizardita, respectivamente. Os dunitos possuem textura mesh predominante, com a
    presença de finos grãos de cromita dispersos na matriz de serpentina (lizardita). A unidade
    vulcânica da suíte é representada por derrames submarinos de basalto maciços e com estruturas
    de almofadas. Os basaltos ocorrem como derrames homogêneos, maciços e nas porções
    superiores apresentam marcantes estrutura em almofada, e localmente, brechas de superfície de
    derrame (hialoclastitos). As almofadas apresentam zoneamento, em que o núcleo é constituído
    por basalto maciço de cor marrom esverdeada, afanítico, com textura intersertal composta por
    cristais ripiformes de plagioclásio, clinopiroxênio e vidro vulcânico. Na zona de borda estão
    presentes basaltos hipovítreos de cor verde amarelada, afaníticos e texturas características de
    resfriamento ultrarrápido como esferulitos, cristais aciculares e radiais de plagioclásio, além de
    texturas tipo “rabo de andorinha”. Os hialoclastitos ocorrem na zona mais externa da almofada e
    representam brechas de superfícies de derrames basálticos. Finalmente, vidro basáltico de cor
    verde escura constitui a superfície dos derrames (zona interalmofada). A interface
    vulcanossedimentar da sequência representa a interação entre os derrames basálticos e rochas
    sedimentares argilosas. O metapelito tufáceo é constituído por uma matriz pelítica com
    fragmentos líticos de metabasalto estirados e rompidos. A porção sedimentar da Suíte é
    constituída por formações ferríferas e cherts e representam os registros de sedimentação química
    em ambiente oceânico marinho profundo, constituindo a porção superior desta suíte ofiolítica. O
    vii
    arcabouço tectônico da área é caracterizado como um sistema de cavalgamentos frontal e
    levemente oblíquo e é a feição estrutural mais expressiva na área com direção preferencial
    NNW-SSE e mergulhos para E e NE. Outra feição marcante é a presença de zonas de
    cisalhamento transcorrente sinistrais e destrais de extensões quilométricas com orientação
    preferencial NE-SW e E-W. Todas as estruturas são truncadas por falhas normais de direção
    NW-SE. Os efeitos deformacionais e metamórficos sobre as rochas da Suíte e rochas encaixantes
    são incipientes e suas estruturas e texturas primárias mostram-se preservadas. Nas rochas da
    Formação Couto Magalhães os indícios do metamorfismo são mais evidentes nas ardósias e
    filitos (formação de sericita e clorita), nos peridotitos serpentinizados ocorre geração de
    serpentinas não pseudomórficas sobrepondo-se às pseudomórficas, nos basaltos maciços, a
    associação metamórfica é definida por Ab+Tr-act+Cl+Ep±Stp; as paragêneses dessas rochas
    indicam transformação metamórfica na fácies xisto verde baixo. Para os estudos litoquímicos
    foram priorizadas as porções do núcleo das almofadas, que permaneceram, em muitos casos,
    protegidas das transformações metassomáticas. Dados divergentes obtidos em algumas amostras
    podem ser explicados por serem amostras coletadas mais próximas às bordas das almofadas, que
    sofreram intensas transformação devido ao metamorfismo oceânico. Geoquimicamente, os
    basaltos revelam natureza subalcalina, toleítica, compatíveis com o tipo MORB. Anomalias
    negativas de Sr podem indicar retenção de plagioclásio durante os eventos de fusão parcial a
    partir de fonte mantélica empobrecida. O diagrama ETR mostra comportamentos ligeiramente
    empobrecidos dos ETR leves e enriquecidos em ETR pesados e suave anomalia de Eu; sendo
    esse padrão confirmado pelas razões (La/Yb)N e (La/Sm)N <1 também apontam para magmas do
    tipo N-MORB. A evolução da Suíte está ligada ao desenvolvimento da Bacia Oceânica Araguaia
    com a geração de uma litosfera oceânica antiga com ascensão e talvez exposição do manto
    superior; vulcanismo formando o substrato oceânico profundo, e sedimentação (argilito tufáceo,
    formação ferrífera bandada e cherts). Posteriormente, processos de descolamento do substrato
    crosta/manto levaram à inversão tectônica da sequência levando a fase tectônica compressional,
    que levou a obducção dos corpos ofiolíticos, gerando um sistema de cavalgamentos e
    transcorrências tardias com movimentação em direção ao Cráton Amazônico, segmentando os
    corpos ofiolíticos e misturando-os às rochas da Formação Couto Magalhães acompanhado de
    metamorfismo regional na fácies xisto verde baixo.

  • ANDRÉ LUIZ VILAÇA DO CARMO
  • AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DOS CÁTIONS Na+, Ca2+ E
    Mg2+ NA DESATIVAÇÃO DE Ca, Mg-BENTONITAS

  • Data: Apr 28, 2015
  • Show resume
  • No brasil não há ocorrência de bentonitas sódica, por conta disso, as empresas que exploram
    este insumo mineral recorrem a um processo denominado de ativação sódica, que consiste na
    troca dos cátions no espaço intercamada por Na+. Através deste processo, as bentonitas
    apresentam melhoras consideráveis em suas propriedades reológicas. Entretanto, após um
    determinado período, estas propriedades diminuem, o que vem sendo chamado de
    desativação. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência dos cátions Na+, Mg2+ e
    Ca2+, na desativação de bentonitas. Para isso, três argilas bentoníticas consideradas cálcicas,
    proveniente do estado da Paraíba, e uma magnesiana, oriunda do estado do Maranhão, foram
    estudados na forma natural, ativada e lavada. As fases mineralógicas das amostras foram
    identificadas por Difratometria de Raios X (DRX), a composição química por Inductively
    Coupled Plasma Mass Spectrometry (ICP-MS) e os cátions presentes na intercamada foram
    identificados pela análise da Capacidade de Troca Catiônica (CTC). Os ensaios de
    inchamento foram realizados para o estudo das propriedades reológicas. Os difratogramas
    revelaram que a esmectita dioctaédrica é a fase mineralógica predominante. Observou-se a
    melhora dos resultados de inchamento de todas as bentonitas após a ativação sódica, assim
    como posterior diminuição do valor de inchamento ao longo de 95 dias (desativação). Apenas
    uma das bentonitas manteve-se ativada. Os resultados de inchamento das amostras que foram
    lavadas apresentaram aumento durante, aproximadamente, os 35 primeiros dias, com
    subsequente diminuição. Os resultados da composição química mostraram que uma pequena
    quantidade de Na+ é retirada das bentonitas lavadas. Além disso, tais resultados indicam que
    não somente o Na+ influencia no inchamento, mas também os cátions Mg2+ e Ca2.
    Palavras-chave: Bentonita, Desativação, Lavagem.

  • SUZIANNY CRISTINA ARIMATEA SANTOS
  • EFEITO DO TEMPO DE SÍNTESE DE ZEÓLITA A A PARTIR DE CAULIM AMAZÔNICO, CONFORMAÇÃO POR EXTRUSÃO E VERIFICAÇÃO DESTA NA EFICIÊNCIA DE ADSOÇÃO DE NH4 +

  • Data: Apr 24, 2015
  • Show resume
  • O caulim é bastante utilizado na área de materiais (cerâmica, pozolanas, enchimentos e
    fabricação de tintas) tanto como o rejeito quanto o produto beneficiado. Atualmente a utilização
    mais explorada vem sendo em síntese de zeólitas, visto que esta apresenta as mais nobres
    aplicações. As zeólitas são sintetizadas a partir de fontes de silício e alumínio, fato este que
    justifica a utilização do caulim, pois é formado essencialmente pelo argilomineral caulinita
    (Al2Si2O5(OH)4). Neste trabalho foi realizada uma comparação do caulim da região do Rio
    Capim com caulins de referência mineralógica/química e outros caulins amazônicos para
    verificar se é possível torná-lo um material de referência. A comparação realizou-se através de
    análise granulométrica, difração de raios X, fluorescência de raios X, microscopia eletrônica de
    varredura, análise térmica diferencial e espectroscopia de infravermelho e cálculos de
    cristalinidade. Além disso, o caulim da região do Rio Capim foi utilizado como fonte de silício
    e alumínio para obtenção de zeólita A, a fim de verificar o efeito do tempo na síntese. Os
    ensaios foram realizados em tempos de 30 min, 1 h, 2 h e 24 h e estas zeólitas aplicadas em
    adsorção de amônio. A partir da zeólita sintetizada realizou-se o processo de conformação por
    extrusão, avaliando vários ligantes (silicato de sódio, bentonita, caulim e CMC) e temperaturas
    de queima (500, 700 e 800 °C). Posteriormente, estes extrudados foram aplicados, também, em
    adsorção de amônio para a verificação de sua eficiência. Observou-se que é possível a
    utilização do caulim do Rio Capim como material de referência mineralógica (de alto grau de
    ordem estrutural) e/ou química, pois o mesmo mostrou um desempenho próximo ou igual aos
    caulins de referência comparados nesse trabalho. A zeólita A foi sintetizada a partir de caulim
    amazônico e este apresentou uma excelente fonte silício e alumínio. Todos os tempos de síntese
    proporcionaram zeólita A em quantidades zeolítica de ~ 600 g. Todas as zeólitas apresentaram
    alto grau de ordem estrutural vistas ao DRX e MEV. Verificou-se, ainda, que síntese de zeólita
    A em tempos de 30 minutos pode ser realizada sem prejuízos na sua aplicação, já que esta
    apresentou a diferença inferior somente de 3% em eficiência na adsorção comparada com a de
    24 h. Os ensaios de conformação por extrusão mostraram-se promissores, dos 10 ensaios
    realizados 5 foram bem sucedidos com a obtenção de granulados com resistência física.
    Contudo, apenas os granulados contendo silicato de sódio e CMC como ligantes apresentaram
    alta eficiência em adsorção de amônio. Com valores de ~ 95,5% de eficiência em 24 horas de
    contato.

  • ISHI MACRIS DE OLIVEIRA RAMALHO
  • MORFOLOGIA E COMPOSIÇÃO DE ZIRCÃO DE ROCHAS ÍGNEAS DO TERRENO GRANITO-GREENSTONE DE RIO MARIA, CRÁTON AMAZÔNICO, ATRAVÉS DE MISCROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA CATODOLUMINESCÊNCIA (MEV-CL)

  • Data: Apr 22, 2015
  • Show resume
  • Cristais de zircão de rochas TTG arqueanas, representadas pelo Tonalito Arco Verde (2,97-
    2,93 Ga), Trondhjemito Mogno (2,97-2,96 Ga), Tonalito Mariazinha (2,92 Ga), Trondhjemito
    Água Fria (2,86 Ga), Granodioritos Rio Maria (2,87 Ga), Trairão e Grotão e Leucogranito
    Guarantã (2,87 Ga), além do Granito paleoproterozoico São João (1,89 Ga), aflorantes no
    Terreno Granito-Greenstone de Rio Maria, porção sudeste do Cráton Amazônico, foram
    estudados por meio de imagens de catodoluminescência (CL) e análises químicas
    semiquantitativas por EDS (Energy Dispersive Spectroscopy) em um microscópio eletrônico
    de varredura (MEV). As feições texturais internas observadas por imagens de CL revelaram
    histórias complexas de cristalização para os cristais de zircão dos diferentes grupos de rochas
    como, por exemplo, (1) cristais euédricos, fortemente zonados e sem alteração evidente e
    cristais subédricos a anédricos, fracamente zonados e intensamente alterados; (2) cristais
    exibindo zoneamento oscilatório bem definido e cristais homogêneos ou com zonas
    imperceptíveis, denotando mudanças nas condições físico-químicas durante sua cristalização;
    (3) cristais com núcleos metamíticos enriquecidos em Ca e U e cristais com núcleos
    luminescentes assemelhando-se a núcleos herdados; (4) cristais de zircão contendo inúmeras
    inclusões de F-apatita que truncam ou acompanham suas zonas de crescimento, indicando ser
    a apatita uma fase mineral tão precoce quanto o zircão na história de cristalização de suas
    rochas hospedeiras; (5) cristais desprovidos de inclusões de F-apatita, o que poderia indicar
    fonte composicionalmente distinta em relação às rochas com inclusões de apatita; (6) cristais
    de zircão com bordas mais luminescentes que suas porções internas, sugerindo mudança
    composicional no final de sua cristalização. Granitoides temporal e geoquimicamente
    distintos foram caracterizados e individualizados em diagramas geoquímicos específicos com
    base no conteúdo de Zr, Hf, Y, Nb e Ta de seus zircões. Zircões do granito paleoproterozóico
    São João apresentaram assinatura geoquímica distinta daqueles das rochas TTG arqueanas,
    indicando que tais rochas podem ser individualizadas através da composição de seus zircões,
    mesmo através de análises semiquantitativas de EDS. Estudos de MEV-CL-EDS em cristais
    de zircão são ferramentas importantes na caracterização de diferentes grupos de rochas ígneas
    e fornecem informações complementares aos estudos petrológicos.

  • ANDRES FELIPE SALAZAR RIOS
  • OSTRACODA (CRUSTACEA) DA FORMAÇÃO EL DESCANSO (MIOCENO-PLIOCENO), SUL DO PERU: RECONSTRUÇÃO PALEOAMBIENTAL E EVIDÊNCIAS PALEOCLIMÁTICAS

  • Data: Apr 21, 2015
  • Show resume
  • A bacia Descanso-Yauri é uma bacia do tipo intra-montanhosa localizada no sul do Peru, entre o Altiplano e a Cordilheira Ocidental dos Andes Centrais, a mais de 4.000 metros de altitude. O preenchimento sedimentar da bacia tem aproximadamente 1.500 m de espessura, com idades desde o Mioceno Inferior até o Plioceno. A análise taxonômica e morfométrica geométrica das populações de ostracodes, até agora desconhecidas do intervalo Mio-Plioceno, e em diferentes seções ao longo desta bacia, permitiu identificar 4 gêneros e 11 espécies: Cyprideis (8 espécies, 4 descritas como novas); Limnocythere (1 espécie?), Alicenula (1 espécie) e Heterocypris (1 espécie). Na seção Norte, a presença de Cyprideis se destaca pela maior abundância e diversidade, representada por espécies endêmicas, se propondo o termo flock de espécies de Cyprideis da Bacia El Descanso. A presença de endemismo em Cyprideis é típico em corpos lacustres estáveis por longo período de existência (ancient lake). A ocorrência de Limnocythere e Alicenula para o topo desta seção pode indicar uma variação na profundidade deste lago. Nas seções centrais e sul, a presença monogenérica de Heterocypris evidencia presença de lagos temporários. A análise de porocanais normais em Cyprideis indica que as condições do ancient lake eram dulcícolas. A possibilidade da relação das mudanças da ostracofauna com as implicações paleogeográficas e/ou paleoclimáticas são discutidas. Pesquisas recentes na bacia, com dados palinológicos e isotópicos, sugerem bruscas mudanças climáticas que tem uma relação direta com o soerguimento do plateau andino Norte (Mioceno Superior-Plioceno). A associação de lagos estáveis e temporários, e, provavelmente a radiação de Cyprideis na bacia, podem estar relacionadas a estas mudanças. A ocorrência do flock de espécies de Cyprideis da Bacia El Descanso coincidente com o declínio do flock da Planície Amazônica Ocidental (Mioceno) parece corresponder a estes eventos tectônicos e climáticos.
    Palavras chave: Ostracodes; Andes Centrais; radiação de espécies; lago de longa duração.

  • DEBORA ALMEIDA FARIA
  • PETROGRAFIA, ANÁLISE DEFORMACIONAL E GEOCRONOLOGIA (U-Pb) DOS GNAISSES DO TERRENO PARAGUÁ: PROVÁVEL ARCO VULCÂNICO OROSIRIANO – SW DO CRÁTON AMAZÔNICO

  • Data: Apr 16, 2015
  • Show resume
  • RESUMO
    A porção sudoeste do cráton Amazônico é constituída por um amálgamado de
    terrenos alóctones (Rio Alegre, Jauru, Nova Brasilândia, Paraguá, Alto Guaporé)
    justapostos ao longo de um largo lapso de tempo que se encerra com a construção do
    Supercontinente Rodínia. O Terreno Paraguá, conforme definições anteriores
    corresponde a um fragmento continental paleoproterozoico adicionado à margem do
    proto-cráton Amazônico durante a Orogenia San Ignácio (1,38 a 1,30 Ga). Inicialmente,
    recebeu a denominação de Cráton Paraguá, termo aplicado às áreas pré-cambrianas do
    oriente boliviano que não foram envolvidas pelas faixas móveis grenvilianas Sunsás e
    Aguapeí.
    Poucas mudanças foram acrescidas ao empilhamento litoestratigráfico do Terreno
    Paraguá inicialmente proposto em território boliviano. Nele, três unidades
    litoestratigráficas definem o embasamento paleoproterozoico, quais sejam: o Complexo
    Granulítico Lomas Manechis, o Complexo Gnáissico Chiquitania e o Supergrupo Xistos
    San Ignácio. Granitóides da Suíte/Complexo Pensamiento, com idades variando de 1,3 a
    1,38 Ga, se encaixaram no embasamento durante a Orogenia San Ignácio.
    Em território brasileiro, ortognaisses do Terreno Paraguá foram denominados de
    Complexo Serra do Baú e os granulitos de origem paraderivada, inseridos no Complexo
    Metamorfico Ricardo Franco, como correspondentes ao Complexo Granulítico Lomas
    Manechis. A partir de mapeamento geológico sistemático em escala de semi-detalhe,
    acrescido dos estudos petrográficos, geoquímicos, geocronológicos (U-Pb), e análise
    deformacional, este estudo visa corroborar para a compreensão da origem e evolução do
    Terreno Paraguá, na região de fronteira entre o Brasil e a Bolívia.
    Dados de campo e petrográficos permitiram a identificação de um pequeno corpo
    gnáissico de origem paraderivada denominado de Sillimanita-Cordierita Gnaisse.
    Opticamente é marcado por intensa alteração da cordierita, presença de sillimanita e
    granada; outros sete corpos gnáissicos de origem ortoderivada também foram
    identificados e, em sua maioria podem ser definidos como biotita gnaisses.
    Quimicamente essas rochas constituem uma sequência félsica formada a partir de um
    magmatismo subalcalino, do tipo cálcio-alcalino variando entre médio e alto potássio,
    metaluminoso a peraluminoso; geocronologicamente essas rochas apresentam idades de
    cristais variando entre 1,6 até 1,9 Ga. Já os gnaisses ortoderivados do Complexo Serra
    do Baú são correlatos ao Complexo Gnáissico Chiquitania,localizado em território
    boliviano e possívelmente correlatos aos três eventos orogênicos que afetaram o terreno
    viii
    são evidenciados pela deformação: a primeira fase de deformação (F1), associada à
    Orogenia Lomas Manechis, é caracterizada pela geração do bandamento gnáissico (S1)
    em nível crustal profundo e mostra-se intensamente afetada pela segunda fase de
    deformação (F2), associada à Orogenia San Ignácio, que provoca a transposição do
    bandamento (S1), gerando outra foliação denominada (S2), disposta segundo a superfície
    axial das dobras. A terceira fase de deformação (F3), associada à Orogenia Sunsás é
    marcada pelo aparecimento da foliação S3, que se caracteriza por transpor localmente as
    foliações S1 e S2; ela não é penetrativa e associa-se a dobras abertas e suaves (D3). O
    Terreno Paraguá possívelmente foi aglutinado ao proto-cráton Amazônico durante a
    Orogenia San Ignácio e seu último evento tectônico, a Orogenia Sunsás, retrabalha
    fracamente as rochas do Gnaisse Rio Fortuna e demais unidades geológicas do
    embasamento paleo a mesoproterozoico.

  • RAPHAEL NETO ARAUJO
  • DEPÓSITOS LACUSTRES RASOS DA FORMAÇÃO PEDRA DE FOGO, PERMIANO DA BACIA DO PARNAÍBA, BRASIL

  • Data: Apr 15, 2015
  • Show resume
  • A Formação Pedra de Fogo do Permiano, exposta nas bordas leste e oeste Bacia do Parnaíba, norte do Brasil é um dos registros mais importantes do final do Paleozóico, depositado no oeste do Gondwana. Os principais litotipos desta unidade são arenitos, folhelhos, carbonatos e evaporitos, sendo famosa por conter grande quantidade de sílex, além do registro de uma flora permiana bem preservada. Nas últimas décadas do século passado foram feitas diferentes interpretações para o ambiente deposicional da Formação Pedra de Fogo, como transicional/fluvio-deltaico, nerítico raso a litorâneo com planície de sabkha sob influência de tempestade, lagunar/fluvial com contribuição marinha/eólica e marinho raso a restrito, tipo epicontinental. A análise de fácies em afloramentos das porções basal e superior desta unidade envolveu aproximadamente 100 m de espessura da sucessão siliciclástica. Foram individualizadas onze fácies sedimentares, agrupadas em três associações de fácies (AF), representativas de um sistema deposicional lacustre raso com mudflat e rios efêmeros associados. A AF1 é interpretada como depósitos de mudflat, constituídos por argilitos/siltitos laminados, arenitos/pelitos com gretas de contração e arenitos com laminação cruzada, acamamento maciço e com acamamaneto de megamarca ondulada. Nódulos e moldes tipo popcorn silicificados indicam depósitos de evaporitos. Outras feições encontradas são concreções de sílica, tepee silicificados e silcretes. A AF2 é interpretada como depósitos Nearshore lake, constituídos por arenitos finos com laminação plano-paralela, laminação cruzada cavalgante, acamamento maciço e de megamarca ondulada, além de argilito/siltito laminados. A AF3 refere-se a depósitos de wadi/inundito, organizado em ciclos granodecrescente ascendentes métricos, constituídos por conglomerados e arenitos médios a seixosos com acamamento maciço e com estratificação cruzada e argilitos/siltitos com laminação planar a ondulada. Formam depósitos restritos com geometria scour-and-fill, ocorrendo em menor proporção em camadas tabulares. A intercalação de pelitos e arenitos finos a médios com laminação plana a ondulada constituem, em grande parte, o arcabouço principal da Formação Pedra de Fogo. Bioturbações, gretas de contração e diversos tipos de concreções silicosas, assim como dentes de peixes, ostracodes, briozoários e escolecodontes são comuns à sucessão estudada. Restos de vegetais silicificados, classificados preliminarmente como pertencente ao gênero Psaronius, são encontrados in situ, concentrados próximo ao contato superior com a Formação Motuca e constituem excelentes marcadores bioestratigráficos para o topo da Formação Pedra de Fogo. Depósitos mudflat, na base da sucessão Pedra de Fogo, sugerem climas áridos e quentes no Permiano Inferior. O Permiano Médio foi predominantemente semiárido permitindo a proliferação de fauna e flora em regiões úmidas adjacentes ao sistema lacustre. Rios efêmeros ou wadis transportavam restos vegetais e terrígenos para o lago gerando inunditos. Fases de retração e expansão caracterizaram o lago Pedra de Fogo, induzidas pelas modificações climáticas que influenciaram não somente no padrão de sedimentação com também na fossilização dos melhores representantes da fauna e flora do final do Permiano. No Permiano Superior o clima tornou a ser quente e árido como resultado da consolidação do supercontinente Pangeia, favorecendo a deposição de sequencias de red beds da Formação Motuca e desenvolvimento do deserto Sambaíba na passagem para o Triássico.

     

    Palavras-chave: Permiano; Bacia do Parnaíba; Formação Pedra de Fogo; fácies sedimentares; sistema lacustre raso.

  • MAYRA NINA ARAÚJO
  • O AUMENTO DO NÍVEL DO MAR PÓS-GLACIAL AFETOU A DINÂMICA DAS FLORESTAS DE VÁRZEA DA AMAZÔNIA DURANTE OS ÚLTIMOS 5000 ANOS?

  • Data: Apr 10, 2015
  • Show resume
  • Quatro testemunhos, entre três e dez metros de profundidade, amostrados de antigos terraços fluviais e canais abandonados do Rio Branco-Roraima tiveram seus sedimentos, estruturas e conteúdo polínico analisados. Além disso, as idades de deposição foram determinadas através de sete datações por Carbono-14. Os dados revelam ciclos naturais de atividades dos canais da região, resultando na formação de lagos e sua posterior reativação. As fases lacustres permitiram o acúmulo de pacotes de lama, em diferentes intervalos de tempo, adequados para a preservação polínica. Os diagramas polínicos indicam uma combinação de pelo menos setenta taxa, os mais representativos são: Moraceae, Euphorbiaceae, Caesalpiniaceae, Fabaceae, Rubiaceae, Melastomataceae, Combretaceae, Sapindaceae, Poaceae, Cyperaceae, Aizoaceae e Apiaceae, representantes de vegetação arbórea e de ervas similares à atual vegetação encontrada na área de estudo desde o Holoceno Médio. Considerando o período “seco” que ocorreu na Amazônia durante o Holoceno Inferior e Médio, seguido de um período úmido no Holoceno Superior, os dados apresentados neste trabalho não sugerem importantes alterações na vegetação como consequência dessas mudanças no clima. Portanto, condições climáticas e hidrológicas favoreceram a estabilidade da vegetação no local de estudo durante pelo menos os últimos 5500 anos. Três hipóteses são apresentadas para justificar a estabilidade da vegetação na área estudada desde 5000 cal anos AP: 1) o clima seco do Holoceno Inferior e Médio não afetou o padrão de vegetação; 2) uma fase climática seca nunca esteve presente; ou 3) a estabilização do nível relativo do mar cerca de 6000 cal anos AP ao longo do litoral norte do Brasil pode ter influenciado o nível de base dos rios e o lençol freático, favorecendo o estabelecimento e manutenção das florestas da planície amazônica durante o Holoceno Médio e Superior. Além disso, este processo pode ter atenuado o impacto deste período seco em áreas sob maior influência fluvial.

     

    Palavras-chave: Holoceno. Palinologia. Rio Branco. Amazonas.

  • JOANA DARC DA SILVA QUEIROZ
  • ASPECTOS GEOLÓGICOS E METALOGENÉTICOS DO
    DEPÓSITO DE OURO HOSPEDADO EM
    METACONGLOMERADOS E METARENITOS
    PALEOPROTEROZOICOS CASTELO DE SONHOS,
    PROVÍNCIA TAPAJÓS, SUDOESTE DO PARÁ

  • Data: Apr 6, 2015
  • Show resume
  • Castelo de Sonhos, situado na porção centro-sul do Cráton Amazônico, próximo ao
    limite entre os domínios Tapajós e Iriri-Xingu, é um depósito aurífero hospedado em
    metaconglomerados e metarenitos da Formação Castelo dos Sonhos (<2080 Ma U-Pb LAICP-
    MS). Em furos de sondagem, verificou-se que na área do depósito ocorrem rochas
    subvulcânicas e granitoides, algumas dessas rochas são intrusivas na Formação Castelo dos
    Sonhos, enquanto que, para outras, a relação de contato não é clara. De modo geral, essas
    rochas apresentam afinidade cálcio-alcalina a alcalina e se mostram compatíveis com
    ambiente de arco vulcânico e pós-colisonal. As rochas subvulcânicas são representadas por
    um dacito porfirítico com idade de 2011 ± 6 Ma (U-Pb LA-ICP-MS). Os granitoides foram
    classificados como biotita granodiorito, biotita monzogranito, muscovita monzogranito,
    respectivamente com idades (U-Pb SHRIMP) de 1976 ± 7 Ma, 1918 ± 9 Ma e 1978 ± 6 Ma, e
    sienogranito, este não datado. Estas idades de cristalização relacionam a geração dessas
    rochas a três a quatro eventos magmáticos distintos, que no Domínio Tapajós encontram
    correspondentes temporais no Complexo Cuiú-Cuiú (2033-2005 Ma), na Formação
    Comandante Arara (2020-2012 Ma), na Suíte Intrusiva Creporizão (1998-1957 Ma) e na Suíte
    Intrusiva Tropas (1907-1892 Ma). Apesar da relação temporal, os padrões geoquímicos das
    rochas estudadas não encontram correspondência direta com as unidades citadas. O fato de a
    Formação Castelo dos Sonhos ter sido intrudida por rochas temporalmente relacionadas a
    unidades do Domínio Tapajós pode ser considerada evidência de sua relação temporal e
    espacial, possivelmente estratigráfica, com esse domínio. A relação de contato intrusivo entre
    o dacito porfirítico e metarenitos da Formação Castelo dos Sonhos permitiu que fosse
    determinada em 2011 ± 6 Ma a idade mínima da sedimentação da Formação Castelo dos
    Sonhos.A mineralização aurífera principal no depósito Castelo de Sonhos está confinada
    estratigraficamente a um pacote de metaconglomerados e a metarenitos neles intercalados.
    Dentro desse pacote, a mineralização é errática e não parece seguir feições especiais ou ter
    controle estrutural. Na matriz dos metaconglomerados, ouro foi identificado no interior de
    grãos de quartzo (areia média a grossa), provavelmente fragmentos de veios auríferos, e
    também associado à magnetita. Em geral, as partículas de ouro mostram bordas
    subarredondadas a arredondadas e superfícies leve a moderadamente rugosas, raramente
    contendo inclusões, e apenas de magnetita, a composição química é homogênea e mostra altas
    razões Au/Ag. Essas características indicam origem singenética para o ouro presente nos
    metaconglomerados, e, assim, a idade da mineralização fica condicionada ao intervalo de
    viii
    sedimentação da Formação Castelo dos Sonhos (2011 a ~ 2080 Ma). Por outro lado, a
    ocorrência de ouro em planos de fratura de metarenitos indica origem epigenética para parte
    da mineralização no depósito. A mineralização epigenética está relacionada a um
    encadeamento de processos metamórficos, magmáticos e deformacionais que afetaram a
    sequência sedimentar da Formação Castelo dos Sonhos e causaram a remobilização do ouro
    originalmente hospedado nos metaconglomerados. É provável que a interação desses
    processos, associada à infiltração de águas meteóricas, tenha contribuído para a geração e
    circulação de fluidos hidrotermais oxidantes que, ao percolarem o pacote de
    metaconglomerados, foram capazes de solubilizar parte do minério aurífero, levando à
    reprecipitação do ouro, acompanhado por películas ferruginosas, em planos de fratura dos
    metarenitos. Propõe-se o modelo de paleoplacer modificado para explicar a natureza híbrida,
    singenética e epigenética, da mineralização no depósito Castelo de Sonhos.
    Palavras-chave: Cráton Amazônico; Tapajós; Iriri-Xingu; Rochas Intrusivas; Castelo de
    Sonhos; Paleoplacer Modificado.

  • CARLOS AUGUSTO FERREIRA DA ROCHA JUNIOR
  • DESENVOLVIMENTO DE PROCESSO PARA OBTENÇÃO DE ZEÓLITA DO TIPO FAUJASITA A PARTIR DE CAULIM DE ENCHIMENTO, CAULIM DURO E TUBE PRESS: APLICAÇÃO COMO ADSORVENTE

  • Data: Mar 31, 2015
  • Show resume
  • Com o desenvolvimento tecnológico, vários resíduos, bem como produtos industriais vem sendo transformados em materiais com maior valor agregado. Dentro deste contexto, o resíduo do caulim proveniente do beneficiamento para a cobertura de papel, vem ao longo dos anos sendo empregado como fonte de silício e alumínio na síntese de diferentes tipos de zeólitas (materiais altamente valorizados no mercado mundial) uma vez que se configuram como matérias-primas de baixo custo para este processo. Assim, este trabalho tem como objetivo a síntese de zeólita do tipo faujasita (X e Y) a partir de um resíduo caulinítico, sendo este o caulim duro ou Flint (resíduo da lavra) um semi-produto o caulim tube press e um produto final o caulim de enchimento. Para o processo de zeolitização de cada caulim utilizou-se em um reator químico o produto de calcinação de cada material (metacaulim), metassilicato de sódio, hidróxido de sódio sólido e água destilada, submetido a 110 °C, tempo de reação de 13 h e relações Si/Al de 2, 4 e 6. Os produtos de cada síntese e os caulins de partida foram caracterizados por análises químicas, físicas e mineralógicas os quais foram: difração de raios-x, fluorescência de raios-x, microscopia eletrônica de varredura e análises térmicas. A partir destas análises observou-se que todos os caulins apresentaram a formação de zeólita do tipo faujasita, porém com diferenças nas suas intensidades de pico e associações com outras fases zeolíticas. O caulim duro demonstrou um menor potencial de zeolítização na relação de Si/Al igual a 2, quando comparado com os outros dois materiais de partida, supostamente relacionado ao ferro presente em sua composição. Assim foi feito um processo de remoção deste constituinte, através do método de Mehra e Jackson para verificar uma possível maximização no processo de síntese. Novos resultados indicaram uma completa modificações quanto ao domínio e grau de ordem estrutural da fase faujasita, agora passando para a fase majoritária e havendo um aumento no grau de ordem estrutural. Como nesta condição reacional há um menor consumo e custo de matéria-prima e energia para calcinação, utilizou-se este meio como ponto de partida para um planejamento experimental a fim de avaliar melhores condições reacionais. Neste planejamento variou-se alguns parâmetros de síntese como: temperatura, tempo de reação, relação Si/Al e H2O/Na2O. Os resultados do planejamento estatístico mostraram a formação de faujasita nos 32 pontos de estudo, assim como uma região ótima com 8 pontos do planejamento, na qual esta fase é dominante. Nesta região o ponto 13 (Si/Al igual a 2, 7 h, 120 °C e H2O/Na2O igual a 80) mostrou-se como a melhor condição reacional em relação ao grau de ordem estrutural. A zeólita sintetizada neste ponto, demostrou uma alta capacidade de adsorção de amônio e percentuais próximos a 85 % de eficiência até 60 ppm. O modelo de Langmuir mostrou-se mais adequado que o de Freundlich e Sips no ajuste dos dados experimentais. Os parâmetros termodinâmicos demostraram que a adsorção de NH4+ é um processo espontâneo e exotérmico, na qual a elevação de temperatura de 25 a 60 °C promove uma pequena redução na capacidade adsortiva.

  • EDUARDO ARAUJO DE SOUZA LEAO
  • ANALISE COMPARATIVA HIDROAMBIENTAL DAS BACIAS DO UNA E DA ESTRADA NOVA, BELÉM-PA E SUAS IMPLICAÇÕES SOCIOECONOMICAS

  • Data: Mar 26, 2015
  • Show resume
  • Para se avaliar a efetividade das intervenções públicas no que se refere a alterar a dinâmica social e a melhorar a qualidade de vida de uma população é necessário a construção e aplicação de indicadores sociais no monitoramento da gestão pública, principalmente quando se tratam de grandes intervenções ambientais. Por mais que tais indicadores sejam mapeados, na grande maioria dos estudos ambientais onde ocorrem essas intervenções, observa-se que o poder público não tem se dedicado ou não consegue realizar e monitorar, de forma eficiente o comportamento destes indicadores ao longo do tempo. Em Belém, as inundações em áreas urbanas representam um sério problema para grande parte do município, principalmente quando atingem áreas densamente ocupadas, ocasião em que geram prejuízos consideráveis e muitas vezes irreparáveis, com perdas inclusive de vidas humanas. A inundação tem sido um problema frequente nos períodos de chuvas, tanto nas áreas mais antigas e consolidadas da cidade, como nas áreas de expansão urbana, fato esse agravado em função das características geológicas e geomorfológicas das áreas bem como do seu alto índice pluviométrico, pela impermeabilização do solo, ocupação das várzeas e retirada das matas ciliares, o que dificulta a infiltração das águas das chuvas. Em decorrência desses fatores ambientais e da desatenção do poder público em prover equipamentos sociais e intervenções físicas na área da metrópole, as populações que ocupam as partes mais vulneráveis da cidade de Belém, têm no geral, uma baixa qualidade de vida, no que se refere à questão do ambiente em que vivem. Com vistas a avaliar comparativamente duas realidades distintas e analisar se realmente a intervenção pública foi efetiva e eficiente e a partir da mesma incluir, como prática a aplicação de indicadores de qualidade hidro ambientais no monitoramento da gestão pública, utilizou-se como “case” para essa pesquisa a intervenção realizada pelo governo estadual na bacia do Una, onde foi executado a implantação da Macro Drenagem da Bacia Hidrográfica do Una que contemplou os serviços de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais e sistema viário, comparativamente com a intervenção do governo municipal para a bacia hidrográfica da Estrada Nova, em execução, com a implantação dos mesmos serviços. Para desenvolver a pesquisa, o estudo levantou dados e informações obtidas na bacia do Una e projetou cenários futuros para a bacia da Estrada Nova, utilizando os mesmos indicadores. Estes indicadores socioambientais, nesse estudo, ainda foram contemplados e fortalecidos com uma avaliação hidrogeologica das duas bacias, a análise de qualidade das águas superficiais e subterrâneas, a consideração sobre a incidência de doenças de veiculação hídrica, a vulnerabilidade dos
    vi
    aquíferos, com o objetivo de avaliar a espacialização de criticidade das bacias e identificar quais regiões precisam de mais atenção ou apresentam os melhores resultados. O estudo demonstrou que as características físicas e socioeconômicas das duas bacias de estudo são similares e que após a intervenção na bacia do Una, nenhum tipo de indicador foi monitorado, com vistas a comprovar a eficiência da intervenção. O estudo ainda apresentou que os indicadores de saúde, ligados a veiculação hídrica (motivo pelo qual também foi feito a intervenção) escolhidos para monitoramento antes e após a intervenção, têm, parcialmente, conexões diretas com a qualidade ambiental da bacia, porém muitos indicadores não puderam ser escolhidos pela inexistência de dados do poder público. A vulnerabilidade do aquífero superior também é preocupante em alguns bairros, na medida em que grande parte da população se abastece deste aquífero, o qual tem sua recarga provida, em boa parte, pelos canais drenantes de Belém, sabidamente detentores de índices de qualidade muito ruins de suas águas, podendo mesmo serem caracterizados como verdadeiros esgotos a céu aberto. Os canais drenantes e igarapés de Belém, são responsáveis assim pelo direcionamento deste excesso de esgoto, para a Baia do Guajará e para o rio Guamá por meio da interligação que têm com esses elementos fisiográficos. Em virtude do município ter grande parte da sua área situada em cotas de até 4 metros, que é também a amplitude média anual das marés regionais, essas áreas estão sujeitas à inundações. Por via de consequência todo o aquífero superior fica vulnerável a infiltração das águas contaminadas dos canais, as quais nos momentos de cheias ficam represadas, aumentando o tempo de residência nos mesmos. A pesquisa ora em apresentação avaliou cenários e indicadores, dessa realidade, deixando em aberto a necessidade de serem construídos e monitorados outros indicadores para que o ato de avaliar a efetividade da intervenção pública possa ser mais consistente. Por fim o estudo também constata que vários indicadores não puderam ser considerados no estudo devido à insuficiência e a qualidade de dados existentes disponibilizados pelo poder público.

  • LUCIO CARDOSO DE MEDEIROS FILHO
  • INFLUÊNCIA DO RIO AMAZONAS NOS SEDIMENTOS DE FUNDO DO BAIXO RIO TAPAJÓS: EVIDÊNCIAS GEOQUÍMICAS E ISOTÓPICAS (Pb - Sr - Nd)

  • Data: Mar 12, 2015
  • Show resume
  • Estudos próximo a desembocadura do rio Tapajós, afluente do rio Amazonas, apontaram para a presença de espessos depósitos lamosos desde a foz adentrando a sua montante, que poderiam estar relacionados a uma influência significativa do rio Amazonas como regulador na dinâmica deste seu afluente. Este trabalho teve como objetivo investigar a distribuição geoquímica e as assinaturas isotópicas de Pb-Sr-Nd de sedimentos de fundo como indicadores de mistura e de proveniência, bem como auxiliar no entendimento da hidrodinâmica do baixo curso o rio Tapajós e sua interação com o rio Amazonas. Amostras de sedimentos de fundo foram coletadas no baixo curso do rio Tapajós, compreendendo a zona de confluência com o rio Amazonas, próximo ao município de Santarém. A coleta foi realizada com draga de Petersen, que permitiu uma amostragem de cerca de 10 cm de profundidade, correspondendo a alguns anos de deposição e possibilitando desconsiderar variações sazonais. Foram determinados os padrões texturais e mineralógicos e as composições geoquímicas e assinaturas isotópicas Pb-Sr-Nd, em amostra total dos sedimentos de fundo. As análises granulométricas e mineralógicas foram realizadas por difração a laser e difração de raio-X, respectivamente. A composição química foi determinada por dissolução total com uma combinação multi-ácida de HF-HNO3-HClO4 e HCl. As concentrações de elementos maiores e traços foram determinadas por Espectrometria de massa por Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-MS) em laboratório comercial. As análises isotópicas de Pb, Sr, Nd e Sm seguiram os protocolos analíticos do Laboratório de Geologia Isotópica – Pará-Iso da UFPA sendo realizada uma dissolução total, com mistura HNO3+HF seguida de HCl. A separação química e purificação dos elementos foram realizadas por cromatografia em resinas de troca iônica. As composições isotópicas foram determinadas com um espectrômetro de massa de fonte plasma - ICP-MS Thermo-Finnigan™ modelo Neptune. Os dados texturais dos sedimentos evidenciaram um padrão pouco homogêneo ao longo do curso do rio Tapajós com predomínio de areia fina, mas com presença significativa de amostras silte-argilosas. Os sedimentos dos setores Canal do Tapajós e Alter do Chão evidenciaram presença de caulinita e micas e naqueles dos setores de Santarém e Amazonas observou-se, além desses minerais, a presença de esmectita e feldspato. Elementos maiores e traço apresentaram teores constantes no curso mais alto do canal do rio Tapajós e teores variáveis e mais elevados na região de confluência com o Amazonas. Os teores de Zr e Hf mostraram um padrão linear e decrescente ao longo do rio a partir do alargamento do canal (ria) do rio Tapajós em direção a foz, o que pode estar relacionado à presença de zircão. Amostras do canal do rio Tapajós até o setor de Alter do Chão apresentaram razões isotópicas de Pb (19,67 < 206Pb/204Pb < 20,02; 15,87 <6
    207Pb/204Pb < 15,91) distintas daquelas mais baixas encontradas em amostras do rio Amazonas (18,84 < 206Pb/204Pb < 18,94; 207Pb/204Pb  15,67). Valores intermediários foram obtidos para amostras do setor de Santarém (19,02 < 206Pb/204Pb < 19,52; 15,68 < 207Pb/204Pb < 15,83), indicando que o aporte do rio Amazonas se limita à zona de confluência. Os sedimentos de fundo do canal do rio Tapajós apresentaram valores de ƐNd mais negativos (-21 < ƐNd < -19) e razões isotópicas de Sr mais radiogênicas (87Sr/86Sr  0,792), em relação aos sedimentos do rio Amazonas (ƐNd -9 e 0,712 < 87Sr/86Sr < 0,716). Os dados isotópicos de Nd e Sr também sugeriram uma influência do rio Amazonas sobre os sedimentos do rio Tapajós restrita à zona de confluência, no setor de Santarém. As assinaturas geoquímicas evidenciaram um padrão de fontes predominantemente félsicas compatível com a composição das principais unidades geológicas que compõem o substrato proterozoico da bacia de drenagem do rio Tapajós. Os valores de ƐNd e TDM e as razões 87Sr/86Sr do canal do rio Tapajós indicam uma proveniência dos sedimentos essencialmente pela erosão das unidades paleoproterozoicas da Província Tapajós (2,03 a 1,88 Ga) com contribuição de fontes proterozoicas um pouco mais jovens vindo das cabeceiras do rio Tapajós e seus afluentes (Província Rondônia-Juruena, 1,82-1,54 Ga). Por outro lado, Os valores de ƐNd e as razões 87Sr/86Sr dos sedimentos do rio Amazonas na região de confluência indicam uma forte contribuição dos Andes corroborando com dados isotópicos de material em suspensão do rio Solimões. A acumulação de grande quantidade de sedimentos lamosos no canal do Tapajós resulta da influência do rio Amazonas que retém a descarga deste seu afluente gerando condições favoráveis de deposição desses sedimentos mais finos estritamente oriundos do rio Tapajós. Os resultados sugerem que a contribuição do rio Tapajós para os sedimentos de fundo do rio Amazonas é insignificante. O estudo mostrou o potencial das assinaturas isotópicas de Pb, Sr e Nd em sedimentos de fundo para mensurar a influência do rio Amazonas neste seu afluente bem como para evidenciar processos de mistura entre diferentes sistemas fluviais.
    Palavras-Chave: Sedimentos de Fundo. Isótopos radiogênicos Sr, Pb, Nd. Rio Tapajós. Amazônia.

  • PAULO VICTOR MAGNO SILVA
  • ESTUDO DA MORFODINÂMICA SAZONAL E QUANTIFICAÇÃO DE TRANSPORTE SEDIMENTAR COSTEIRO NAS PRAIAS DE FORTALEZINHA E PRINCESA, ALGODOAL/MAIANDEUA (NORDESTE DO ESTADO DO PARÁ)

  • Data: Mar 2, 2015
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  • O entendimento dos processos responsáveis pela morfodinâmica dos ambientes costeiros e de transporte sedimentar costeiro é necessário tendo em vista que tais processos assumem um importante papel na conformação e estabilização do ambiente praial. A zona costeira é uma faixa complexa, dinâmica e instável, na qual está sujeita a contínuas alterações morfodinâmicas geradas por processos meteorológicos (ventos) e hidrodinâmicos (ondas, maré e correntes associadas). Este trabalho mostra a morfodinâmica e quantifica o transporte sedimentar nas praias de macromaré da Princesa e de Fortalezinha, ambas localizadas na costa nordeste do Estado do Pará e inseridas na faixa arenosa da Ilha de Algodoal/Maiandeua (município de Maracanã), no setor costeiro da Costa Atlântica do Salgado Paraense. Foram realizadas duas campanhas de coleta de dados: (i) no período seco (15 - 19/10/2012) e; (ii) chuvoso (13 - 16/03/2013) para analisar a variação morfológica das praias e suas tendências erosivas e/ou de acreção, através de 8 perfis topográficos, sendo 4 em cada praia. Concomitantemente ao levantamento dos perfis, foram realizadas amostragem de sedimentos e medições de parâmetros hidrodinâmicos (ondas e correntes). Para quantificar o transporte de sedimento costeiro foram utilizadas: (1) armadilhas de sedimentos para o transporte eólico em cada perfil e (2) armadilhas na zona de surfe, em três setores distintos das praias para o transporte longitudinal. Estas praias são compostas predominantemente por areia fina e bem selecionadas. As praias exibiram baixa declividade (< 2°) para os dois períodos. No período seco foi possível observar na praia da Princesa um sistema calha-barra bem desenvolvido na zona de intermaré média, característico de praias dissipativas, enquanto que no período chuvoso ocorreu perda de sedimentos nesta zona, permitindo a exposição de um terraço lamoso de paleomangue no setor central. Na praia de Fortalezinha o período chuvoso foi marcado por características erosivas no setor NW, com ausência de calhas e barras, somente o setor SE apresentou características típicas de praias dissipativas. Em geral, as praias da Princesa e Fortalezinha estão submetidas a um regime de macromaré semi-diurna, com ondas dominantes do tipo deslizante de baixo período, com direção NE. A corrente costeira tem direção preferencial de NW, com variações durante o ciclo de maré. Os ventos atuantes têm direção preferencial de E no período menos chuvoso e NE no período chuvoso. Durante o período seco as praias tiveram características de praias intermediárias, com Ω entre 4,322 a 4,579 na praia da Princesa e de 4,074 a 4,668 na Praia de Fortalezinha. No período chuvoso foram caracterizadas como dissipativas, com valores de Ω variando de 5,088 a 6,763 na praia da Princesa e 5,790 a 6,174 na praia de Fortalezinha, tendo apenas o setor NE da praia da Princesa com características intermediárias. A praia da Princesa passou do estado de praia ultradissipativa (7<RTR<15 e 2<Ω<5) (período seco) ao estado dissipativo sem barras (3<RTR<7 e Ω>5) (período chuvoso). Entretanto, a praia de Fortalezinha teve seu estado como intermediário com sistema de calha-barra de baixa-mar (3<RTR<7 e 2<Ω<5), no período seco, e dissipativo e sem barras (3<RTR<7 e Ω>5), no período chuvoso. Nas praias ocorre transporte longitudinal bidirecional, com resultante para NW. A direção da corrente longitudinal e da deriva litorânea é influenciada, respectivamente, pela direção e intensidade dos ventos alísios de NE (período seco) e correntes de maré (período chuvoso). O transporte eólico se dá em função da intensidade e duração dos ventos e principalmente por chuvas, entretanto, no período seco este é elevado, devido aos fortes ventos, e a ausência de chuvas deixa os sedimentos da zona de espraiamento menos coesos e mais fáceis de serem transportados. A dinâmica costeira nas praias é influenciada pelas drenagens adjacentes (rios e canais de maré) principalmente durante a vazante da maré. Durante o período chuvoso, a vazão dos rios Marapanim e Maracanã é alta devido ao aumento das chuvas nas cabeceiras dos rios, que aumenta a exportação de sedimentos continentais (silte e argila) para a região costeira, e são incorporados a deriva litorânea e depositados nas praias durante os momentos de baixa energia, juntamente com os sedimentos arenosos provenientes principalmente da plataforma continental adjacente, através das correntes de maré.  

  • KAREN MONTEIRO CARMONA
  • SÍNTESE DE HIDRÓXIDOS DUPLOS LAMELARES (HDLS)

    A PARTIR DO REJEITO DO MINÉRIO DE COBRE DA MINA DO SOSSEGO, PA

  • Data: Feb 23, 2015
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  • Se inadequada a disposição dos rejeitos da mineração pode causar graves problemas ambientais. O aproveitamento dos rejeitos da mineração é uma solução alternativa capaz de minimizar os impactos ambientais decorrentes dessa atividade e do seu processo produtivo, devido à redução do volume de rejeitos, além dos benefícios financeiros gerados na venda destes materiais como subproduto e matéria-prima para diferentes setores industriais. Esta pesquisa tem como objetivo o aproveitamento do rejeito de cobre da usina de flotação proveniente da cava Sequeirinho da mina do Sossego, situada na Província Mineral de Carajás (PMC), sudeste do Pará, como material de partida nas sínteses de Hidróxidos Duplos Lamelares (HDLs). Os HDLs são argilas aniônicas sintéticas ou naturais que possuem estruturas formadas pelo empilhamento de lamelas octaédricas positivamente carregadas contendo cátions di- e trivalentes em seu interior e hidroxilas nos vértices, com água e ânions ocupando o domínio interlamelar. Podem ser representados genericamente pela fórmula: M2+1-xM3+x(OH)2An-x/n•yH2O, onde M2+  representa um cátion divalente, M3+ um cátion trivalente e An- um ânion intercalado com carga n-.  Foram realizados 24 experimentos de sínteses de HDLs pelo método de coprecipitação a pH variável. Como material de partida foi utilizado o rejeito da usina de flotação da cava Sequeirinho. A caracterização dos HDLs foi feita por difratometria de raios X (DRX), análise termogravimétrica (DTA-TGA), espectroscopia vibracional na região do infravermelho (EIV) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Inicialmente, foram feitas 4 sínteses com diferentes razões molares Mg2+/(Mg2++Fe 3+). Estes experimentos tiveram como variáveis pré-estabelecidas: tempo de gotejamento de 4 horas, pH 14, grau de agitação rápido e 5 dias no tratamento hidrotérmico a 80°C. Como resultado houve a formação de Iowaita Mg4Fe(OH)8OCl•xH2O), Nitratina (NaNO3) e Brucita (Mg(OH)2). Para as 20 sínteses restantes, o nitrato de magnésio foi substituído por cloreto de magnésio. As variáveis pré-estabelecidas foramas mesmas dos experimentos anteriores, com exceção do período do tratamento hidrotérmico (15 dias). Foram adotadas as 4 razões molares utilizadas nos experimentos iniciais. Para cada razão foram feitas 5 sínteses, cada qual adotando um valor diferente de pH (10, 11, 12, 13 e 14). Como resultado, houve a formação de Piroaurita (Mg6Fe2CO3(OH)16•4H2O). A maioria dos resultados obtidos apresenta a seguinte paragênese: Piroaurita e Calcita. A caracterização dos novos compostos através da difratometria de raios X permitiu calcular: os valores de espaçamentos basais (d003 = 7,62-7,94 Å); os valores dos parâmetros a=b (entre 3,0797 e 3,1042 Å) e c (entre 22,86 e 23,82 Å); e a espessura do espaçamento interlamelar (2,82-3,14 Å). O pH das sínteses é diretamente proporcional ao ordenamento estrutural. Essa informação foi corroborada pelas micrografias de MEV onde, também foi possível observar o aumento no tamanho dos cristalitos a medida que o pH se torna mais básico. A decomposição térmica da piroaurita sintetizada ocorre em 4 etapas: na primeira e na segunda etapa (25-101°C e 101-197ºC) ocorre à perda da água adsorvida e a eliminação da água de intercalação, respectivamente. Posteriormente, há a descarbonatação (333-357°C), seguida pela desidroxilação (378-395°C). O ânion intercalado na estrutura dos HDLs foi determinado por EIV e corresponde ao carbonato (1363-1377cm-1 e 2339-2362 cm-1).

2014
Description
  • ROBLEDO HIDEKI EBATA GUIMARÃES
  • INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE SOBRE AS ÁGUAS ESTUARINAS DOS FUROS DA ILHA DE COLARES (BAÍA DO MARAJÓ)
  • Data: Dec 17, 2014
  • Show resume
  • A caracterização das águas superficiais e intersticiais nos estuários é fundamental para desvendar as condições ambientais, qualidade ambiental e mudanças sazonais, que podem ocorrer em espaço menor como é o caso do furo da ilha de Colares. Este trabalho tem como objetivo mostrar a influência da sazonalidade nas águas estuarinas na foz Norte e Sul do furo da ilha de Colares e da contribuição das águas intersticiais para as águas superficiais. Os parâmetros físicos e químicos, e nutrientes contemplados são: índice pluviométrico (IP), temperatura, salinidade, pH, condutividade elétrica, sólidos totais dissolvidos, material particulado em suspensão, oxigênio dissolvido, profundidade de Secchi, nitrato, nitrito, N-amoniacal, fosfato, silicato e sulfato. A determinação destes parâmetros ocorreu de forma simultânea em cada foz do furo de Colares durante um ciclo de maré (13 horas) nos periodos chuvoso (10/04/2013) e menos chuvoso (05/10/2013). Os resultados revelam que a sazonalidade interfere nas condições abióticas das águas estuarinas do furo da ilha de Colares e deduz que o IP é o fator de maior efeito das mudanças dos parâmetros físicos e químicos e, sobretudo o maior responsável na mobilidade, disponibilidade e distribuição dos nutrientes dissolvidos, que foram encontrados em concentrações maiores no período chuvoso. Ainda os nutrientes nitrato e N-amoniacal foram considerados muito elevados na foz Norte, possivelmente relacionados com a influência de atividades antropogênica. Contudo foram considerados dentro dos limites estabelecidos pela Resolução 357 da CONAMA/05. Na foz Sul ocorreu níveis de pH fora do padrão estipulado pela Resolução da CONAMA, porém o fenômeno foi considerado natural visto que este em especifico se encontra distante de atividades antropogênicas. No período menos chuvoso o N-amoniacal foi considerado ausente na foz Norte e Sul. O manguezal foi considerado como fonte de salinidade, silicato e sulfato para as águas superficiais. Palavra-Chave: Nutrientes dissolvidos. Parâmetros físicos e químicos. Furo da ilha de Colares. Água intersticial.
  • LEILANHE ALMEIDA RANIERI
  • MORFODINÂMICA COSTEIRA E O USO DA ORLA OCEÂNICA
    DE SALINÓPOLIS (NORDESTE DO PARÁ, BRASIL)

  • Data: Dec 15, 2014
  • Show resume
  • Os aspectos morfodinâmicos relacionados à erosão ou acresção da linha de costa são alguns
    dos assuntos analisados na gestão das zonas costeiras que vêem sendo tratada em todo mundo
    no sentido de monitorar e proteger essas zonas. Esta tese objetiva analisar o comportamento
    da morfodinâmica costeira de Salinópolis, relacionando-o ao uso da orla oceânica. A área de
    estudo foi compartimentada em três setores: Oeste (praias da Corvina e do Maçarico), Central
    (praia do Farol Velho) e Leste (praia do Atalaia). A metodologia consistiu na: (a) aquisição e
    tratamento de imagens multitemporais (1988-2001-2013) do satélite Landsat 5 TM, 7 ETM e
    8 OLI; (b) aplicação de entrevistas/questionários com banhistas, (c) aquisição de dados de
    campo durante as estações chuvosa (26, 27, 28/04/2013) e menos chuvosa (04, 05,
    06/10/2013); e (d) análise laboratorial para o tratamento dos dados adquiridos em campo
    (topografia das praias estudadas, amostragem de sedimentos superficiais das mesmas e com o
    uso de armadilhas, e medições oceanográficas de ondas, marés, correntes e turbidez). Foram
    feitas as representações gráficas dos perfis topográficos das praias, calculados os parâmetros
    estatísticos granulométricos de Folk & Ward (1957), as taxas do transporte sedimentar nas
    praias e os parâmetros morfométricos de Short & Hesp (1982), estes últimos foram calculados
    com o intuito de relacioná-los aos estados morfodinâmicos de praias propostos por Wright &
    Short (1984) e Masselink & Short (1993). Para a classificação da costa oceânica de
    Salinópolis em termos de uso e ocupação foi utilizado o decreto nº 5.300 de 7 de dezembro de
    2004. A partir das pesquisas sobre a urbanização na costa e das obras situadas nos ambientes
    costeiros foi utilizada uma matriz proposta por Farinaccio & Tessler (2010) que lista uma
    série de impactos ambientais, e o quadro de geoindicadores do comportamento da linha de
    costa proposto por Bush et al. (1999), para a identificação de locais com vulnerabilidade à
    erosão ou acresção. Para as condições oceanográficas em cada praia e periculosidade ao
    banho nas mesmas, foram integralizados os dados de ondas, de correntes, de morfodinâmica
    praial e questionários aplicados com banhistas. Atualmente, a orla oceânica de Salinópolis
    possui diferentes características quanto à utilização e conservação, abrangendo desde a
    tipologia de orlas naturais (Classe A) até orlas com urbanização consolidada (Classe C). A
    primeira ocorre nos extremos da área de estudo e, a segunda, na região da sede municipal.
    Quatro tipos de praias foram identificados segundo a exposição marítima e o grau das
    condições oceanográficas: tipo 1 (Maçarico), tipo 2 (Corvina), tipo 3 (Farol Velho) e tipo 4
    (Atalaia). O trecho de costa com maiores impactos ambientais e com elevada erosão costeira
    localiza-se na praia do Farol Velho. O grau de periculosidade ao banho foi de 4 (praia do
    vii
    Maçarico) a 7 (praia do Atalaia) – médio a alto grau de risco. As praias de Salinópolis
    apresentam declives suaves (< 1,5°), grandes variações na linha de costa entre as estações do
    ano (9,6 a 88, 4 m) e volume sedimentar variável dependendo do grau de exposição das praias
    ao oceano aberto. Predominou o estado morfodinâmico dissipativo (Ω>5,5) para estas praias,
    mas com ocorrência do estado de banco e calha longitudinais (4,7<Ω<5,5) no setor oeste. As
    macromarés na área de estudo apresentaram altura máxima de 5,3 m (Setor Central, durante a
    estação menos chuvosa) e mínima de 4 m no mesmo setor, durante a estação chuvosa. As
    correntes longitudinais foram mais intensas no setor leste (>0,45 m/s) durante as duas
    estaçoes do ano. As alturas de ondas foram também maiores no setor leste (máximo de 1,05 m
    durante a maré enchente na estação menos chuvosa) e os períodos de ondas foram mais curtos
    (<4,5 s) no setor oeste. A média granulométrica obtida dos sedimentos coletados na face
    praial apresentou escala mais freqüente entre 2,6 a 2,8 phi, indicando a predominância de
    areia fina. O grau de seleção predominante dos sedimentos foi de 0,2 a 0,5 phi (muito bem
    selecionados e bem selecionados), e da assimetria foi de positiva (0,10 a 0,30) e de
    aproximadamente simétrica (-0,10 a 0,10). O grau de curtose variou desde muito platicúrtica
    (<0,67) a muito leptocúrtica (1,50 a 3,00). Foram observados eventos de acresção sedimentar
    da estação chuvosa a menos chuvosa. De 22/07/1988 a 28/08/2013 (25 anos) também houve
    predomínio de acresção, onde o avanço médio linear da linha de costa foi de 190,26 m. O
    recuo médio linear obtido para toda área de estudo foi de -42,25 m. Áreas com maior erosão
    são pontuais: divisas das praias da Corvina e Maçarico, e Farol Velho e Atalaia. Os traps
    portáteis indicaram uma maior quantidade de sedimentos transportados longitudinalmente na
    estação menos chuvosa (Mín. 280 g/m3: enchente, setor oeste; Máx. 1098 g/m3: vazante, setor
    leste). Nos traps de espraiamento, o balanço entre a quantidade de sedimentos entrando e
    saindo nas praias foi menor no setor central (Mín. 80 g/m3: vazante, estação menos chuvosa;
    Máx. 690 g/m3: enchente, estação menos chuvosa). A circulação costeira sedimentar é
    proveniente, principalmente, do efeito das marés, com direção governada pela enchente e
    vazante dos rios que atravessam a costa. Os dados indicam o transporte longitudinal de
    sedimentos da ilha de Atalaia e rio Sampaio para o setor oeste e as margens das faixas praiais.


    Palavras-chave: Salinópolis. Macromaré. Erosão/Acresção costeira. Trânsito Sedimentar.
    Hidrodinâmica. Morfologia de praia.

  • VALBER DO CARMO DE SOUZA GAIA
  • A CAPA CARBONÁTICA DO SUDOESTE DO CRÁTON AMAZÔNICO, ESTADO DE RONDÔNIA: NOVA OCORRÊNCIA E EXTENSÃO DOS EVENTOS PÓS-GLACIAÇÃO MARINOANA (635 Ma)
  • Data: Nov 27, 2014
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  • Na porção oeste da Bacia dos Parecis, Estado de Rondônia, inserida no sudoeste do Cráton Amazônico, rochas carbonáticas expostas nas bordas dos grábens Pimenta Bueno e Colorado têm sido consideradas como parte do preenchimento eopaleozoico da bacia. A avaliação das fácies/microfácies e quimioestratigrafia dessas rochas nas regiões de Chupinguaia e Pimenta Bueno, confirmou a ocorrência de dolomitos rosados que sobrepõem, em contato direto, diamictitos glaciais previamente interpretados como depósitos de leques aluviais. Trabalhos prévios reportaram excursão negativa de δ13C, também confirmados neste trabalho, com variações entre -4.6 e -3,8‰VPDB em Chupinguaia e média de - 3,15‰VPDB em Pimenta Bueno. Esse padrão, de sedimentação e quimioestratigráfico, ausente nas rochas paleozoicas, é comumente encontrado nos depósitos carbonáticos anômalos do Neoproterozoico. No sul do Cráton Amazônico, Estado do Mato Grosso, rochas com essas mesmas características são descritas como capas carbonáticas relacionadas à glaciação marinoana (635 Ma). Neste trabalho, consideramos que os dolomitos rosados sobre diamictitos, em Rondônia, fazem parte do mesmo contexto das capas carbonáticas encontradas no Mato Grosso. Adicionalmente, destaca-se o contato brusco e deformado do dolomito sobre o diamictito, presente em ambas as ocorrências, configurando-se uma das feições típicas das capas carbonáticas do Cráton Amazônico. Essa relação paradoxal, entre diamictito e dolomito, tem sido interpretada como produto da mudança rápida das condições atmosféricas de icehouse para greenhouse, e a deformação da base foi gerada pelo rebound isostático. A capa carbonática de Rondônia compreende duas associações de fácies (AF2 e AF3) que recobrem depósitos glacio-marinhos compostos por paraconglomerados polimíticos (Pp), e arenito seixoso laminado (Asl), da AF1. A AF2 consiste em dolomudstone/dolopackstone peloidal com laminação plana a quasi-planar e com truncamentos de baixo-ângulo (fácies Dp), megamarcas onduladas (fácies Dm) e laminações truncadas por ondas (fácies Dt), interpretada como depósitos de plataforma rasa influenciada por ondas. Esta sucessão costeira é sucedida pela AF3, que compreende as fácies: dolomudstone/dolopackstone e dolomudstone/dolograinstone com partição de folhelho (Df) e siltito laminado (Sl). A fácies Df compreende um pacote de 6 metros de dolomito com partição de folhelho, apresentando lâminas de calcita fibrosa (pseudomorfos de evaporito) e dolomitos com laminações onduladas de corrente. Sobrejacente à fácies Df, ocorre a fácies Sl, apresentando 5 metros de siltito argiloso com laminação plana. Esta associação é interpretada como depósitos de plataforma rasa influenciada por maré, sendo sobreposta discordantemente, em contato angular, por depósitos glaciais do Eopaleozoico. Os valores isotópicos de C e O são negativos e refletem o sinal primário do C. No entanto, pode-se considerar uma leve influência da diagênese meteórica no sinal. As principais quebras nos sinais negativos podem estar associadas à influência meteórica, expressa pela substituição e preenchimento de poros por calcita e pela proximidade de superfícies estratigráficas, os quais refletem alguns padrões de alteração diagenética, representados nos sinais mais negativos. Diferentemente da capa carbonática do Mato Grosso, a capa de Rondônia possui níveis de pseudomorfos de evaporito e dolomitos com partição de folhelho (ritmito), em sucessão de fácies marinha rasa, onde os dolomitos de plataforma rasa influenciada por ondas passam para ritmitos e siltitos de plataforma rasa influenciada por maré (zona de inframaré), configurando uma sucessão retrogradante. Esta nova ocorrência de capa carbonática modifica a estratigrafia da base da Bacia dos Parecis, ao passo que exclui essas rochas carbonáticas da sequência eopaleozoica. Além disso, fornece informações que permitem reconstruir melhor a paleogeografia costeira da bacia neoproterozoica que acumulou os depósitos da plataforma carbonática do Grupo Araras, bem como estende os eventos pós-marinoanos ligados à hipótese do Snowball/Slushball Earth para o sudoeste do Cráton Amazônico, exposto no Estado de Rondônia. Palavras-chave: Neoproterozoico. Capa Carbonática. Rondônia.
  • RAFAEL FERNANDO OLIVEIRA AQUINO
  • ACÚMULO E FRACIONAMENTO DE FÓSFORO NOS SEDIMENTOS DO ESTUÁRIO DO RIO COREAÚ (CEARÁ) PARA AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA CARCINICULTURA

  • Data: Nov 17, 2014
  • Show resume
  • A criação de camarão (carcinicultura) é uma das atividades da aquicultura amplamente empregada nos estuários e manguezais brasileiros. A ração dada aos camarões é enriquecida em compostos fosfatados. Desta forma, os efluentes produzidos pelas fazendas podem acelerar os processos de eutrofização. O Estuário do Rio Coreaú (CE) vem apresentando um crescimento na prática da carcinicultura, porém dados de qualidade ambiental são escassos para o monitoramento da região. No presente trabalho, pretendeu-se avaliar a contribuição das fazendas de carcinicultura situadas às margens do Estuário do Rio Coreaú, no aporte de fósforo. As principais formas de fósforo: biodisponível (P-Bio), ligado aos oxi-hidróxidos de ferro (P-Fe), ligado à apatita biogênica, autigênica e aos carbonatos (P-CFAP), ligado à apatita detrítica (P-FAP) e o fósforo orgânico (P-Org), bem como carbono orgânico total (%COT) e clorofila-a foram determinadas em amostras de sedimentos superficiais e testemunhos das margens do Estuário do Rio Coreaú. As concentrações de P-Total obtidas nos sedimentos superficiais foram bastante elevadas e mostram a necessidade de estudos de monitoramento. A fração com maior representatividade foi a P-Fe compondo cerca de 30% do P-Total, o que demonstra a capacidade dos oxi-hidróxidos de ferro em imobilizar ou liberar o fósforo. A contribuição dos efluentes das fazendas ficou evidenciada pelas concentrações mais elevadas do P-Org nos pontos locados em frente às fazendas. Nos testemunhos, as concentrações de P-Total foram mais elevadas no ponto com sedimentos predominantemente finos (silte e argila), com as frações P-Fe, P-CFAP e P-FAP sendo as principais contribuintes. Os dados de taxa de sedimentação disponíveis e os incrementos do P-Total indicam o possível período de desmatamento e o início ou a máxima atividade das fazendas de carcinicultura no final da década de 1980 e meados de 1990, respectivamente. As concentrações elevadas de fósforo, %COT e dos teores de clorofila-a obtidas sugerem uma contribuição antrópica significativa no Estuário do Rio Coreaú e um elevado potencial de eutrofização.

     

    Palavras-chave: Fracionamento de fósforo. Carcinicultura. Estuário.

  • AMÉLIA CAROLINA PIMENTA PARENTE
  • PALEOAMBIENTE QUIMIOESTRATIGRAFIA DA FORMAÇÃO ITAITUBA, CARBONÍFERO DA BORDA SUL DA BACIA DO AMAZONAS, REGIÃO DE URUARÁ - PARÁ

  • Data: Oct 29, 2014
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  • A Bacia do Amazonas, caracterizada como uma bacia intracratônica com cerca de 400.000 km2, apresenta um registro sedimentar Fanerozoico composto por quatro sequências de segunda ordem relacionadas aos grupos Trombetas; Urupadi e Curuá; Tapajós e Javari. A Formação Itaituba, objeto deste trabalho, faz parte do Grupo Tapajós, o qual representa o último ciclo transgressivo-regressivo do Paleozoico desta bacia. A Formação Itaituba apresenta espessos pacotes de calcários de inframaré, intercalados com depósitos evaporíticos mais espessos em direção ao topo da formação, com folhelhos, siltitos e arenitos que representam depósitos transgressivo – regressivos de moderada energia em ambiente marinho raso de infra e itermaré. A formação é composta dos estratos mais ricos em fósseis marinhos da Bacia do Amazonas, tais como os de conodontes, foraminíferos, corais, briozoários, crinóides, trilobitas, ostracodes, gastrópodes, braquiópodes, bivalves, escolecodontes e fragmentos de peixe. Para este trabalho foram estudadas amostras de testemunho de sondagem (FURO 5) obtido no município de Uruará, centro-leste do estado do Pará. Os principais objetivos deste trabalho são a obtenção da idade de deposição da Formação Itaituba com base na curva secular do 87Sr/86Sr e sua caracterização quimioestratigráfica com base nos teores de elementos maiores e traços, e nos isótopos de C e O, bem como a caracterização faciológica desses carbonatos. O perfil estratigráfico estudado é caracterizado por uma intercalação entre fácies carbonáticas ricas em bioclastos, estilolitos e drusas de quartzo e fácies dolomítica. E, na base do perfil, por uma fácies terrígena caracterizada por silte de cor avermelhada com clastos carbonáticos. Microfaciologicamente foram identificados os litotipos: wackstone, packstone, dolomudstone e, mais raramente mudstone e grainstone. Foram definidas sete microfácies: Mudstone bioclástico (Mcb), Wackstone bioclástico (Wb), Wackstone bioclástico com estilolitos (Wbe), Packstone bioclástico (Pb), Packstone bioclástico com pelóides (Pbp),  Grainstone bioclástico com pelóides (Gbp) e Dolomito fino (Dl). Dentre os bioclastos observados estão braquiópodes, equinodermos, foraminíferos, pelecipodas, briozoários, gastrópodes e ostracodes. Como componentes não esqueletais observam-se quartzo, argilo-minerais, feldspatos, oóides e intraclastos. A matriz é micrítica e como cimento pode-se diferenciar três tipos, “em franja”, em mosaico e sobrecrescimento sintaxial. Grande parte do perfil foi afetada por processos secundários, tais como dolomitização, dissolução e compactação. Os resultados das análises geoquímicas foram obtidos em 46 amostras coletadas em intervalos de 50 cm, aproximadamente. Os dados obtidos confirmam que o perfil é predominantemente calcítico com pequenas variações no conteúdo de Mg, no entanto apresenta níveis dolomitizados. Os valores elevados de Si em algumas amostras indicam a presença de minerais terrígenos, além de drusas e fraturas preenchidas por quartzo. As amostras apresentaram teor de Sr satisfatório para as análises isotópicas, o qual varia entre 30 e 293 ppm, sendo alguns dos menores valores relacionados às rochas dolomíticas. O estudo de isótopos estáveis foi realizado em 76 amostras coletadas em intervalos de 30 cm. Os valores obtidos para d13C e d18O variam de 1,602 a 5,422‰ e – 8,734 a 0,804‰, respectivamente. Os valores para d13C mostram-se compatíveis com os valores obtidos em estudos anteriores para os carbonatos da Formação Itaituba, que apontam um ambiente marinho com a assinatura isotópica típica de rochas carboníferas, já para d18O apresentam-se discordantes, logo alterados (d13C variando entre 2 e 6‰, d18O entre -3 a -7‰). Logo, tais carbonatos teriam composições isotópicas primárias, com exceção de algumas amostras, cujas composições foram modificadas por processos diagenéticos, tal qual a dolomitização. A idade de deposição foi obtida a partir da lixiviação de duas carapaças de braquiópodes, que posicionaram as rochas da Formação Itaituba no Pensilvaniano Superior com dois intervalos de idade, entre 296 e 303 Ma (Virgiliano – Missouriano) e entre 293 e 307 Ma (Virgiliano – Desmoinesiano), e Pensilvaniano Inferior, com idade entre 313 e 318 Ma

  • ALESSANDRO SABÁ LEITE
  • GEOLOGIA, MINERALOGIA E GEOQUÍMICA DOS FOSFATOS DE SAPUCAIA (BONITO-PA)

  • Data: Oct 20, 2014
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  • O depósito mineral de Sapucaia, situado no município de Bonito, região nordeste do Estado do Pará, é parte de um conjunto de ocorrências de fosfatos de alumínio lateríticos localizados predominantemente ao longo da zona costeira dos estados do Pará e Maranhão. Estes depósitos foram alvos de estudo desde o início do século passado, quando as primeiras descrições de “bauxitas fosforosas” foram mencionadas na região NW do Maranhão. Nas últimas décadas, com o crescimento acentuado da demanda por produtos fertilizantes pelo mercado agrícola mundial, diversos projetos de exploração mineral foram iniciados ou tiveram seus recursos ampliados no território brasileiro, dentre estes destaca-se a viabilização econômica de depósitos de fosfatos aluminosos, como o de Sapucaia, que vem a ser o primeiro projeto econômico mineral de produção e comercialização de termofosfatos do Brasil. Este trabalho teve como principal objetivo caracterizar a geologia, a constituição mineralógica e a geoquímica do perfil laterítico alumino-fosfático do morro Sapucaia. A macrorregião abrange terrenos dominados em sua maioria por rochas pré-cambrianas a paleozóicas, localmente definidas pela Formação Pirabas, Formação Barreiras, Latossolos e sedimentos recentes. A morfologia do depósito é caracterizada por um discreto morrote alongado que apresenta suaves e contínuos declives em suas bordas, e que tornam raras as exposições naturais dos horizontes do perfil laterítico. Desta forma, a metodologia aplicada para a caracterização do depósito tomou como base o programa de pesquisa geológica executada pela Fosfatar Mineração, até então detentora dos respectivos direitos minerais, onde foram disponibilizadas duas trincheiras e amostras de 8 testemunhos de sondagem. A amostragem limitou-se à extensão litológica do perfil laterítico, com a seleção de 44 amostras em intervalos médios de 1m, e que foram submetidas a uma rota de preparação e análise em laboratório. Em consonância com as demais ocorrências da região do Gurupi, os fosfatos de Sapucaia constituem um horizonte individualizado, de geometria predominantemente tabular, denominado simplesmente de horizonte de fosfatos de alumínio ou crosta aluminofosfática, que varia texturalmente de maciça a cavernosa, porosa a microporosa, que para o topo grada para uma crosta ferroalumino fosfática, tipo pele-de-onça, compacta a cavernosa, composta por nódulos de hematita e/ou goethita cimentados por fosfatos de alumínio, com características similares aos do horizonte de fosfatos subjacente. A crosta aluminofosfática, para a base do perfil, grada para um espesso horizonte argiloso caulinítico com níveis arenosos, que repousa sobre sedimentos heterolíticos intemperizados de granulação fina, aspecto argiloso, por vezes sericítico, intercalados por horizontes arenosos, e que não possuem correlação aparente com as demais rochas aflorantes da geologia na região. Aproximadamente 40% da superfície do morro é encoberta por colúvio composto por fragmentos mineralizados da crosta e por sedimentos arenosos da Formação Barreiras. Na crosta, os fosfatos de alumínio estão representados predominantemente pelo subgrupo da crandallita: i) série crandallita-goyazita (média de 57,3%); ii) woodhouseíta-svanbergita (média de 15,8%); e pela iii) wardita-millisita (média de 5,1%). Associados aos fosfatos encontram-se hematita, goethita, quartzo, caulinita, muscovita e anatásio, com volumes que variam segundo o horizonte laterítico correspondente. Como os minerais pesados em nível acessório a raro estão zircão, estaurolita, turmalina, anatásio, andalusita e silimanita. O horizonte de fosfatos, bem como a crosta ferroalumínio-fosfática, mostra-se claramente rica em P2O5, além de Fe2O3, CaO, Na2O, SrO, SO3, Th, Ta e em terras-raras leves como La e Ce em relação ao horizonte saprolítico. Os teores de SiO2 são consideravelmente elevados, porém muito inferiores aqueles identificados no horizonte argiloso sotoposto. No perfil como um todo, observa-se uma correlação inversa entre SiO2 e Al2O3; entre Al2O3 e Fe2O3, e positiva entre SiO2 e Fe2O3, que ratificam a natureza laterítica do perfil. Diferente do que é esperado para lateritos bauxíticos, os teores de P2O5, CaO, Na2O, SrO e SO3 são fortemente elevados, concentrações consideradas típicas de depósitos de fosfatos de alumínio ricos em crandallita-goyazita e woodhouseíta-svanbergita. A sucessão dos horizontes, sua composição mineralógica, e os padrões geoquímicos permitem correlacionar o presente depósito com os demais fosfatos de alumínio da região, mais especificamente Jandiá (Pará) e Trauíra (Maranhão), bem como outros situados além do território brasileiro, indicando portanto, que os fosfatos de alumínio deSapucaia são produtos da gênese de um perfil laterítico maturo e completo, cuja rocha fonte pode estar relacionada a rochas mineralizadas em fósforo, tais como as observadas na Formação Pimenteiras, parcialmente aflorante na borda da Bacia do Parnaíba. Possivelmente, o atual corpo de minério integrou a paleocosta do mar de Pirabas, uma vez que furos de sondagem às proximidades do corpo deixaram claro a relação de contato lateral entre estas unidades.

     

    Palavras-chave: Intemperismo, Laterito, Fosfato, Sapucaia, Crandallita-goyazita.

  • SUYANNE FLAVIA SANTOS RODRIGUES
  • OS FRAGMENTOS DE CERÂMICA ARQUEOLÓGICA COMO FONTE POTENCIAL DE FERTILIDADE DOS SOLOS TPA.

  • Data: Sep 26, 2014
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    Os solos tipo Terra Preta Arqueológica (TPA) são reconhecidos  por sua elevada fertilidade, em forte contraste com os solos pobres da região Amazônica . Esta fertilidade parece persistir mesmo após o seu uso intensivo na agricultura . Os solos TPA são geralmente ricos em fragmentos cerâmicos, importantes registros de que estão interligados com ocupação por populações da Pré-história dessa região. Muitos estudos se concentraram sobre os aspectos estilísticos das vasilhas cerâmicas representativas desses fragmentos, que mais restritamente estão sendo motivos de estudos de caracterização química e mineralógica, por sua importância para identificação de matéria prima, procedência, tecnologia, e principalmente  a origem  do seu conteúdo em fósforo, variado e relativamente elevado . Esses teores de fósforo estão representados por fosfatos de alumínio, em geral, amorfos a variscita-estrangita e a origem do fósforo é creditada ao uso das vasilhas para o preparo de alimentos, da mesma forma que para outros nutrientes . Embora já aventado a possibilidade de que estes fragmentos possam responder pela a fertilidade continuada destes solos, estudos experimentais ainda não foram realizados para demonstrar a potencial contribuição destes fragmentos para reconhecida fertilidade dos solos TPA O presente trabalho demonstra  esta possibilidade , e para  atingir este fim foram selecionados fragmentos cerâmicos de três sítios arqueológicos com características distintas situados em diferentes partes da região Amazônica: Monte Dourado 1 (Almerim-PA) , Jabuti  (Bragança-P A)  e Da Mata  (São José  de Ribamar-MA).  Inicialmente 325 fragmentos cerâmicos coletados foram descritos mesoscopicamente e submetidos à caracterização mineralógica e química por DRX ; microscopia óptica;  TG-ATD ; espectroscopia IV-FT ; MEV-EDS; ICP-MS e ICP-OES ; medidas dos parâmetros  de fertilidade ; e em seguida a testes de adsorção gasosa ; e ensaios de dessorção de fósforo . Com os dados obtidos destas análises objetivou-se identificar as matérias primas empregadas, os processos produtivos , as modificações ocorridas durante o uso e após  o descarte, e desta forma avaliar as possíveis contribuições destes fragmentos a fertilidade dos solos TPA A hipótese de contaminação por nutrientes provindos dos alimentos durante o uso das vasilhas para preparação de alimentos foi comprovada através de experimento em laboratório simulando condições de cozimento . Para tal foi avaliada a incorporação de cálcio e fósforo em panelas cerâmicas similares as arqueológicas. Os resultados mostram que os antigos povos ceramistas utilizaram matérias primas oriundas dos arredores de seus  sítios.  Isto  é demonstrado pela composição comum a todos os fragmentos em termos de uma matriz com metacaulinitica e quartzo , por vezes muscovita , indicando matéria prima rica em caulinita e quartzo, fundamental para produção das vasilhas cerâmicas . A metacaulinita sugere que a queima para obtenção  da cerâmica  ocorreu  em torno de 550ºC. Por outro lado, adições de antiplásticos distintos promoveram diferenças químicas e mineralógicas fazendo com que os fragmentos no seu todo divirjam entre si: os fragmentos do sítio Da Mata se caracterizam pelo emprego exclusivo de cariapé, em Monte Dourado 1 o cariapé  com rochas trituradas de mineralogia complexa e no Jabuti o cariapé com fragmentos de conchas . Fosfatos amorfos são comuns a todos os sítios, embora em teores distintos, sendo que fosfatos de alumínio cristalinos tipo crandallita-goyazita foram encontrados apenas no Jabuti e fosfatos de Fe-Mg­ Ca, a segelerita, em Monte Dourado 1. Os fosfatos amorfos e a crandallita-goyazita foram interpretados como indicadores de uso das vasilhas cerâmicas representativas  dos fragmentos estudados para preparação de alimentos, enquanto a  segelerita  uma  neoformação  ocorrida após o sítio ter sido submetido às condições hidromórficas , que persistem até atualidade. Em termos das concentrações de fósforo, nos fragmentos do sítio Da Mata estão as menores , em média, 1,04% de P20s que assemelham-se a maioria dos fragmentos já investigados , enquanto os do Jabuti são os mais elevados (em média, 7,75%) já conhecidos , e nos do Monte Dourado 1 são, em média, 2,23% . É provável que os altos teores de P, Ca e Sr sejam provenientes da dieta alimentar a base de mariscos, como demonstra a riqueza em conchas nos fragmentos. Os teores elevados de cálcio em Monte Dourado 1 refletem a presença de labradorita no antiplástico . A fertilidade potencial dos fragmentos cerâmicos é nitidamente superior a dos solos TPA quando analisados sem os fragmentos . Portanto é plausível se supor que os fragmentos podem ser fonte dos macronutrientes e micronutrientes. Isto foi  comprovado através dos ensaios de dessorção, que comprovara a dessorção de fósforo, a qual ocorre de forma lenta, um aspecto muito importante para  reforçar a persistência da fertilidade. Essa dessorção é melhor descrita pelo modelo de Freundlich que sugere interações entre os íons adsorvidos . O experimento que simulou condições de cozimento mostrou que o cálcio e o fósforo podem ser adsorvidos tanto nas paredes quanto  nas tampas das panelas cerâmicas, porém concentrações mais elevadas são evidenciadas nas paredes. Embora o cálcio tenha sido adsorvido não foi identificada uma fase seja ela amorfa ou cristalina contendo este elemento, provavelmente porque o tempo não foi suficiente. Porém quanto ao fósforo a  adsorção química ocorreu e já a partir de 600 h de experimento formou-se variscita, um fosfato de alumínio, nas paredes das panelas. Portanto os fosfatos de alumínio podem se formar ainda nas vasi lhas cerâmicas durante o preparo de alimento por cozimento. A presença então de fosfatos de alumínio na constituição das vasilhas cerâmicas se  constitui, portanto em um importante indicador de uso das mesmas para o cozimento de alimentos e seus fragmentos nos solos são fonte potencial importante de fertilidade.

    Palavras  chave:  cerâmica  arqueológica , matérias  primas,  fosfatos de alumínio,  fertilidade, TPA, Amazônia.

  • GISELE TAVARES MARQUES
  • OPALAS GEMOLÓGICAS DO PIAUÍ: GÊNESE REVELADA POR MICROTERMOMETRIA E MINERAIS ASSOCIADOS

  • Data: Sep 25, 2014
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  • As opalas de Pedro II e Buriti dos Montes, no estado do Piauí, constituem as mais importantes ocorrências brasileiras dessa gema, tanto em termos de volume quanto pela qualidade gemológica, que é comparável à das famosas opalas australianas. No entanto, a informalidade na extração e comercialização destas opalas, assim como a falta de informações quanto à gênese destes depósitos não permitem a prospecção por novas jazidas e o estabelecimento de um certificado de procedência para as opalas do Piauí que permitisse sua inserção formal no mercado gemológico internacional. Alguns autores têm se dedicado ao estudo dessas opalas, revelando fortes evidências de sua origem hidrotermal, mas até então, nenhum trabalho abordou as características físico-químicas dos fluidos que teriam originado esses depósitos de opalas. Diante disso, o principal objetivo deste trabalho foi entender o sistema hidrotermal responsável pela gênese das opalas do Piauí, ou seja, caracterizar os fluidos que originaram a mineralização e mostrar sua relação com o contexto geológico da região. Os municípios de Pedro II e Buriti dos Montes se localizam na porção nordeste do estado do Piauí, a aproximadamente 230 km a leste da capital Teresina, e as ocorrências de opala se encontram na porção basal da Bacia do Parnaíba, constituindo veios e vênulas nos arenitos dos grupos Serra Grande (Buriti dos Montes) e Canindé (Pedro II), os quais são seccionados por soleiras e diques de diabásio da Formação Sardinha. Elas também ocorrem cimentando brechas e como depósitos coluvionares e de paleocanal. Associados às opalas, localmente encontram-se veios de quartzo, calcedônia, barita e hematita (ou goethita). De maneira geral, as opalas de Pedro II apresentam jogo de cores, são predominantemente brancas ou azuladas com aspecto leitoso, semitranslúcidas a opacas e com inclusões sólidas pouco aparentes. Em contrapartida, as opalas de Buriti dos Montes não apresentam jogo de cores, a cor varia entre amarelo claro e vermelho amarronzado, são semitransparentes a translúcidas e contêm grande variedade de inclusões sólidas. Os dados obtidos revelam que as opalas de Pedro II são tipicamente do tipo amorfo (opala-A), enquanto as opalas de Buriti dos Montes variam entre amorfas e cristobalita-tridimita (opala-CT). Na opala preciosa, o típico jogo de cores é causado pelo arranjo regular das esferas de sílica que as constituem. A ausência de cimento opalino entre as esferas reforça a beleza desse efeito. Em contrapartida, as opalas laranja não apresentam jogo de cores, mas têm maior transparência devido ao diminuto tamanho das esferas. As inclusões sólidas também produzem belos efeitos nas opalas estudadas, principalmente na variedade laranja, que é mais transparente. Além disso, o conjunto de inclusões sólidas revela características intrínsecas aos processos hidrotermais que originaram as opalas estudadas. Agregados botrioidais, dendríticos e nodulares são exemplos de inclusões formadas por fragmentos dos arenitos hospedeiros carreados pelos fluidos hidrotermais que geraram as opalas. As inclusões sólidas também têm relação direta com a cor das opalas. Nas opalas de Buriti dos Montes, os tons de vermelho, laranja e amarelo são produzidos pela dissolução parcial das inclusões constituídas por oxihidróxidos de Fe. De maneira semelhante, a cor verde nas opalas preciosas está relacionada aos microcristais de Co-pentlandita inclusos nas mesmas. O conjunto de minerais associados às opalas conduz a uma assinatura mineralógico-geoquímica marcada pelos elevados teores de Fe e Al nas opalas com inclusões de hematita/goethita e caulinita, e assim também com aumento considerável dos teores de elementos terras raras nas opalas em que se concentram as inclusões de caulinita e apatita. Entre os elementos-traço, Ba é o mais abundante, e provavelmente foi incorporado pelo fluido hidrotermal, tendo em vista que veios de barita são encontrados com frequência nessa região da Bacia do Parnaíba. Várias feições como estruturas de fluxo nas opalas, corrosão e dissolução parcial dos cristais de quartzo hialino e de inclusões mineralógicas, vênulas de quartzo hidrotermal sobrecrescidas aos grãos detríticos, e zoneamento dos cristais de quartzo confirmam que essas opalas têm origem hidrotermal. A ruptura do Gondwana teria provocado um vasto magmatismo básico fissural, que por sua vez foi responsável pelo aporte de calor que gerou as primeiras células convectivas de fluidos quentes. A água contida nos arenitos certamente alimentou o sistema e se enriqueceu em sílica através da dissolução parcial ou total dos próprios grãos de quartzo dos arenitos. Este fluido hidrotermal foi posteriormente aprisionado em sistemas de fraturas e nelas se resfriou, precipitando a opala e minerais associados.

     

    Palavras-chave: Gênese, Sistema Hidrotermal, Opala, Quartzo, Inclusões Sólidas, Inclusões Fluidas

     

     

     

     

  • SUZAN WALESKA PEQUENO RODRIGUES
  • DETECÇÃO DE MUDANÇA E SEDIMENTAÇÃO NO ESTUÁRIO DO RIO COREAÚ

  • Data: Sep 2, 2014
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  • O uso de novas técnicas para estudar a evolução e preenchimento de vales incisos tem
    fornecido, ao longo dos anos, importantes resultados para entendermos como foi a evolução costeira
    brasileira. Neste contexto, esta tese teve como objetivo estudar a evolução do estuário do rio Coreaú,
    localizado no estado do Ceará, em diferentes escalas temporais, seja ―Eventual‖ (meses, anos),
    ―Engenharia‖(anos, decádas) e ―Geológica‖ (centenas, séculos, milênios), proposta por Cowell et al.
    (2003), com intuíto de avaliar se as transformações/alterações ao longo dos anos foram significativas
    ou não. Como resultados, obteve-se no primeiro objetivo, utilizando técnicas de sensoriamento
    remoto, a partir de imagens dos sensores TM, ETM+ e OLI do satélite Landsat 5,7 e 8 e LISS-3 do
    satélite ResourceSat-1 de 1985 a 2013, uma alteração mínima em relação a transformações
    morfológicas ao longo do estuário nos últimos 28 anos (entre as escalas Eventual e de Engenharia),
    houve neste período um acréscimo de 0,236 km² (3%) de área, não trazendo sigificativas mudanças
    para o estuário. Em relação a taxa de sedimentação, correspondente ao segundo bjetivo, a partir da
    coleta de 9 testemunhos, de até 1 m de profundidade e utilizando o radionuclídeo 210Pb, ao longo do
    estuário, obteve-se uma taxa que variou de 0,33 cm/ano a 1 cm/ano (escalas entre Engenharia e
    Geológica) próximo a foz do estuário, e com uma rápida sedimentação percebida na margem leste do
    rio, onde encontram-se sedimentos mais recentes em relação a margem oeste. Em relação ao
    preenchimento, terceiro e último objetivo, a partir da amostragem de testemunhos de até 18 m de
    profundidade, utilzando o amostrador Rammkernsonden (RKS), foram gerados perfis e seções
    estratigráficas que ajudaram a entender o preenchimento do vale inciso do estuário do rio Coreaú e
    entender que trata-se de um estuário fluvio-marinho, preenchendo os vales formados no Grupo
    Barreiras nos últimos 10.000 anos antes do presente.
    Estas análises e resultados servirão como base para comparação com outros estuários, sejam
    fluviais, fluvio-marinhos ou marinhos, para entendermos melhor quais os possíveis eventos que
    dominaram a sedimentação ao longo da costa brasileira em diferentes escalas.
    Palavras-chaves: Sensoriamento Remoto.Vale nciso. Estuário. Taxa de sedimentação, Manguezais.

  • SAURI MOREIRA MACHADO
  • CONTRIBUIÇÃO DOS SEDIMENTOS E ICTIÓLITOS PARA A IDENTIFICAÇÃO DO AMBIENTE DE FORMAÇÃO DO SAMBAQUI DO MOA (SAQUAREMA-RJ)

  • Data: Aug 28, 2014
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  • O Sambaqui do Moa é um sítio arqueológico localizado em Itaúna, Saquarema, litoral do Estado do Rio de Janeiro. Três momentos de ocupação foram reconhecidos neste sítio: o estrato 3 na base correspondente ao início da ocupação deste sítio; o 2, intermediário, aponta para uma ocupação mais intensa, com grande concentração de carapaças de moluscos, ossos de peixes e sepultamentos humanos; e o 1, o mais superficial,  relacionado à última ocupação. Para identificar as condições ambientais de desenvolvimento do Sambaqui do Moa foram coletadas amostras de sedimentos e material zooarqueológico nestes três estratos. O material zooarqueológico está representado por restos microscópicos de peixes (ictiólitos), compostos por microdentes com diferentes morfologias: caninos, incisivos e molares. Os sedimentos segundo análises por DRX são constituídos além de quartzo e caulinita, calcita, aragonita e por fluorapatita. Este último é o principal mineral do material zooarqueológico, enquanto calcita e aragonita refletem os restos de conchas contidos neles, abundantes no sítio. As análises mineralógicas foram confirmadas pelas análises químicas, em que os teores elevados de P2O5, CaO e PF (H2O, CO2), respondem pela fluorapatita, calcita e aragonita. Modificações químicas representadas pelas variações nos conteúdos de C e P nos microdentes sugerem que estes experimentaram mineralização, num processo inicial de fossilização, pós-deposição. Os dados de isótopos estáveis 13C e 15N permitiram definir a fonte de matéria orgânica do sambaqui do Moa como marinha/salobra, em que a vegetação representava-se, predominantemente, por plantas do tipo C3 de floresta tropical. As razões 87Sr/86Sr nos ictiólitos confirmam que o ambiente no entorno do sambaqui tenha sido estuarino. A morfologia dentária permitiu reconhecer cinco famílias até então não registradas para o sítio, como Labridae, Serranidae, Ariidae, Erythrinidae e Characidae, que confirmam o ambiente estuarino. A idade do sambaqui do Moa por datação radiocarbono a partir dos sedimentos mostrou  perturbação no estrato 2, ocasionando a inversão das idades entre os estratos o que pode ser justificado por processos de formação e/ou mudanças dos rios que  modificaram as  configurações geológico-geomorfológicas da área. Outra explicação poderia ser a interferência humana, devido ao grande número de enterramentos (mais de 30), tenha perturbado a ordem dos momentos de ocupação do sambaqui do Moa, além de possíveis processos erosivos. O sambaqui do Moa se instalou, portanto, em uma área de transição marinho-estuarina.

    Palavras-chave: Arqueologia. Sambaquis. Ictiólitos. Saquarema (RJ).

  • PEDRO AUGUSTO SANTOS DA SILVA
  • PALEOAMBIENTE E DIAGÊNESE DA FORMAÇÃO ITAITUBA, CARBONÍFERO DA BACIA DO AMAZONAS, COM BASE EM TESTEMUNH DE SONDAGEM, REGIÃO DE URUARÁ, PARÁ

  • Data: Aug 4, 2014
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  • A Formação Itaituba de idade carbonífera representa a sedimentação carbonática de depósitos
    transgressivos do Grupo Tapajós da Bacia do Amazonas. A sucessão Itaituba é interpretada
    como depósitos de planície de maré mista, constituídos de calcários fossilíferos, dolomitos
    finos, arenitos finos a grossos e subordinadamente siltitos avermelhados, evaporitos e
    folhelhos negros. A análise de fácies e microfácies do testemunho de sondagem da região de
    Uruará, Estado do Pará, permitiu individualizar dezenove fácies agrupadas em cinco
    associações: planície de maré (AF1), canal de maré (AF2), laguna (AF3), barra bioclástica
    (AF4) e plataforma externa (AF5). AF1 é composta por arenito fino com rip-up clasts e gretas
    de contração, marga com grãos de quartzo e feldspato, dolomudstone laminado com grãos
    terrígenos e dolomito fino silicificado, com intercalação de argilito com grãos de quartzo
    disseminados, dolomitizado e localmente com sílica microcristalina. AF2 consiste em arenito
    médio a grosso com estratificação cruzada acanalada, recoberta por filmes pelíticos nos
    foresets, arenito muito fino a fino com acamamento wavy, siltito laminado com falhas
    sinsedimentares e acamamento convoluto. AF3 é constituída de siltito vermelho maciço,
    mudstone com fósseis, floatstone com braquiópodes e pirita disseminada e mudstone maciço
    com frequentes grãos de quartzo. AF4 e AF5 exibem abundantes bioclastos representados por
    espinhos e fragmentos de equinodermas, conchas, fragmentos e espinhos de braquiópodes,
    ostracodes, foraminíferos, algas vermelhas e conchas de bivalves. AF4 é formada por
    grainstone oolítico fossilífero e grainstone com terrígenos principalmente grãos de quartzo
    monocristalino e AF5 se compõe de wackestone fossilífero, wackestone com terrígenos e
    mudstone maciço com grãos de quartzo monocristalino. Subarcósios (AF1), arcósios (AF2) e
    arcósios líticos (AF2) são os tipos de arenitos da sucessão Itaituba e apresentam como
    principais constituintes grãos de quartzo monocristalino e policristalino, K-feldspato,
    plagioclásio, pirita, muscovita detrítica, fragmento de rocha pelítica, metamórfica e chert e
    raros bioclastos. O cimento é de calcita espática não ferrosa, óxido/hidróxido de ferro e
    sobrecrescimento de sílica. A porosidade é intergranular, móldica e às vezes alongada, sem
    permeabilidade perfazendo até 11% da rocha. Os processos diagenéticos dos arenitos são
    compactação física, sobrecrescimento de sílica, cimentação de calcita, formação de matriz
    diagenética, compactação química, substituição de grãos, autigênese de pirita, formação de
    óxido/hidróxido de ferro e alteração do plagioclásio. Os processos diagenéticos dos
    carbonatos são: micritização, neomorfismo, dolomitização, fraturamento, compactação
    química, cimentação de calcita, dissolução secundária e autigênese de minerais. A sucessão da
    Formação Itaituba representa um sistema de laguna/planície de maré ligada a uma plataforma
    marinha carbonática. Planícies de maré desenvolveram-se nas margens das lagunas e eram
    periodicamente supridas por influxos de terrígenos finos (silte) que inibiam a precipitação
    carbonática. Barras bioclásticas eram cortadas por canais de maré (inlet) que conectavam a
    laguna com a plataforma rasa rica em organismos bentônicos.
    Palavras-chave: Carbonífero, Bacia do Amazonas, Formação Itaituba, Depósitos costeiros.

  • MARIA RAFAELA BRAGA SALUM DE ABREU
  • MAPEAMENTO DOS PARAMETROS FLORÍSTICOS E ESTRUTURAIS DE FLORESTA DE MANGUE COM DADOS LIDAR E SRTM

  • Data: Jun 24, 2014
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  • Este estudo apresenta a estimativa dos parâmetros florísticos e estruturais (determinação da espécie, altura, diâmetro a altura do Peito - DAP e biomassa) do mangue a partir de informações da superfície adquiridas remotamente com os sensores Laser Detection and Range (LIDAR), Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) e ortofotos na Ilha dos Guarás, conjunto de arquipélagos localizado a 30 km da desembocadura do rio amazonas. Para esse trabalho foram utilizadas informações do SRTM, LIDAR e fotografias aéreas processadas e ortorretificadas durante dois sobrevôos realizados entre o mês de julho e agosto de 2011. Com a ortofoto foi feito o mapa do reconhecimento de unidades geobotânicas que delimitou apenas a classe mangue. Em seguida, foi realizada a correção da altura elipsoidal para a altura ortométrica, onde a nuvem de pontos foi interpolada pelo método vizinho mais próximo, gerando Modelo Digital de Elevação (MDE) LIDAR (full points) com RMSE de 0,88 cm e por meio de uma linguagem macro foi estatisticamente separadas as informações do último pulso da superfície, conhecido também por ground points. Em seguida, os dados foram interpolados pelo método de krigeagem que gerou o valor de Modelo Digital de Superfície (MDS), o qual foi subtraído do MDE. Com base no Modelo Digital de Vegetação (MDV) foram definidos os sítios de coleta e selecionadas as árvores ascendentes, intermediárias e emergentes, porte no qual foi medido o DAP e altura. No total foram coletadas 212 amostras individuais de mangue e para assegurar o nível de acurácia do conjunto coletado, foi realizado o cálculo de RMSE entre as alturas do LIDAR e Campo, que resultou em RMSE= 1,10 m. Os modelos escolhidos para calibração LIDAR e altura de campo foi do tipo linear, com R2 = 91% e RMSE= 0,98 cm e para calibração da DAP e altura de campo foi escolhido o modelo Logarítmico R2 = 74,1%. Nos resultados da calibração do SRTM o modelo logarítmico também foi o mais adequado para a relação entre altura média e SRTM com R2 = 91% e RMSE de 2,2 m e DAP Médio e SRTM, com R2 = 88% e RMSE 2,2 cm. A partir de um inventário foi realizada a estimativa da biomassa por espécie por meio das equações alométricas de Fromard e posteriormente os resultados foram espacializados em forma de mapas com alto nível de detalhamento oriundo das informações LIDAR e SRTM corrigido e ortofotos.

     

    Palavras-chave: Sensoriamento Remoto, Floresta de Mangue, SRTM.

  • ROBERTO CESAR DE MENDONCA BARBOSA
  • PALEOAMBIENTE E PROVENIÊNCIA DA FORMAÇÃO CABEÇAS DA BACIA DO PARNAÍBA: EVIDÊNCIAS DA GLACIAÇÃO FAMENNIANA E IMPLICAÇÕES NA POTENCIALIDADE DO RESERVATÓRIO
  • Data: Jun 10, 2014
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  • O histórico de prospecção de hidrocarbonetos da Bacia Paleozoica do Parnaíba, situada no norte-nordeste do Brasil, sempre foi considerado desfavorável quando comparado aos super-reservatórios estimados do Pré-Sal das bacias da Margem Atlântica e até mesmo interiores, como a Bacia do Solimões. No entanto, a descoberta de gás natural em depósitos da superseqüência mesodevoniana-eocarbonífera do Grupo Canindé, que incluem as formações Pimenteiras, Cabeças e Longá, impulsionou novas pesquisas no intuito de refinar a caracterização paleoambiental, paleogeográfica, bem como, entender o sistema petrolífero, os possíveis plays e a potencialidade do reservatório Cabeças. A avaliação faciológica e estratigráfica com ênfase no registro da tectônica glacial, em combinação com a geocronologia de zircão detrítico permitiu interpretar o paleoambiente e a proveniência do reservatório Cabeças. Seis associações de fácies agrupadas em sucessões aflorantes, com espessura máxima de até 60m registram a evolução de um sistema deltaico Devoniano influenciado por processos glaciais principalmente no topo da unidade. 1) frente deltaica distal, composta por argilito maciço, conglomerado maciço, arenito com acamamento maciço, laminação plana e estratificação cruzada sigmoidal 2) frente deltaica proximal, representada pelas fácies arenito maciço, arenito com laminação plana, arenito com estratificação cruzada sigmoidal e conglomerado maciço; 3) planície deltaica, representada pelas fácies argilito laminado, arenito maciço, arenito com estratificação cruzada acanalada e conglomerado maciço; 4) shoreface glacial, composta pelas fácies arenito com marcas onduladas e arenito com estratificação cruzada hummocky; 5) depósitos subglaciais, que englobam as fácies diamictito maciço, diamictito com pods de arenito e brecha intraformacional; e 6) frente deltaica de degelo, constituída pelas fácies arenito maciço, arenito deformado, arenito com laminação plana, arenito com laminação cruzada cavalgante e arenito com estratificação cruzada sigmoidal. Durante o Fammeniano (374-359 Ma) uma frente deltaica dominada por processos fluviais progradava para NW (borda leste) e para NE (borda oeste) sobre uma plataforma influenciada por ondas de tempestade (Formação Pimenteiras). Na borda leste da bacia, o padrão de paleocorrente e o espectro de idades U-Pb em zircão detrítico indicam que o delta Cabeças foi alimentado por áreas fonte situadas a sudeste da Bacia do Parnaíba, provavelmente da Província Borborema. Grãos de zircão com idade mesoproterozóica (~ 1.039 – 1.009 Ma) e neoproterozóica (~ 654 Ma) são os mais populosos ao contrário dos grãos com idade arqueana (~ 2.508 – 2.678 Ma) e paleoproterozóica (~ 2.054 – 1.992 Ma). O grão de zircão concordante mais novo forneceu idade 206Pb/238U de 501,20 ± 6,35 Ma (95% ix concordante) indicando idades de áreas-fonte cambrianas. As principais fontes de sedimentos do delta Cabeças na borda leste são produto de rochas do Domínio Zona Transversal e de plútons Brasilianos encontrados no embasamento a sudeste da Bacia do Parnaíba, com pequena contribuição de sedimentos oriundos de rochas do Domínio Ceará Central e da porção ocidental do Domínio Rio Grande do Norte. No Famenniano, a movimentação do supercontinente Gondwana para o polo sul culminou na implantação de condições glaciais concomitantemente com o rebaixamento do nível do mar e exposição da região costeira. O avanço das geleiras sobre o embasamento e depósitos deltaicos gerou erosão, deposição de diamictons com clastos exóticos e facetados, além de estruturas glaciotectônicas tais como plano de descolamento, foliação, boudins, dobras, duplex, falhas e fraturas que refletem um cisalhamento tangencial em regime rúptil-dúctil. O substrato apresentava-se inconsolidado e saturados em água com temperatura levemente abaixo do ponto de fusão do gelo (permafrost quente). Corpos podiformes de arenito imersos em corpos lenticulares de diamicton foram formados pela ruptura de camadas pelo cisalhamento subglacial. Lentes de conglomerados esporádicas (dump structures) nos depósitos de shoreface sugere queda de detritos ligados a icebergs em fases de recuo da geleira. A elevação da temperatura no final do Famenniano reflete a rotação destral do Gondwana e migração do polo sul da porção ocidental da América do Sul e para o oeste da África. Esta nova configuração paleogeográfica posicionou a Bacia do Parnaíba em regiões subtropicais iniciando o recuo de geleiras e a influência do rebound isostático. O alívio de pressão é indicado pela geração de sills e diques clásticos, estruturas ball-and-pillow, rompimento de camadas e brechas. Falhas de cavalgamento associadas à diamictitos com foliação na borda oeste da bacia sugerem que as geleiras migravam para NNE. O contínuo aumento do nível do mar relativo propiciou a instalação de sedimentação deltaica durante o degelo e posteriormente a implantação de uma plataforma transgressiva (Formação Longá). Diamictitos interdigitados com depósitos de frente deltaica na porção superior da Formação Cabeças correspondem a intervalos com baixo volume de poros e podem representar trapas estratigráficas secundárias no reservatório. As anisotropias primárias subglaciais do topo da sucessão Cabeças, em ambas as bordas da Bacia do Parnaíba, estende a influência glacial e abre uma nova perspectiva sobre a potencialidade efetiva do reservatório Cabeças do sistema petrolífero Mesodevoniano-Eocarbonífero da referida bacia. Palavras-Chave: Mesodevoniano-Eocarbonífero, Bacia do Parnaíba, sistema petrolífero, Formação Cabeças, glaciotectônica.
  • SILVANA DO SOCORRO CARVALHO VELOSO
  • DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO E AVALIAÇÃO DE CONTAMINAÇÃO POR HPAs EM SEDIMENTOS DA BAIA DE GUAJARÁ, BELÉM - PA
  • Data: Mar 31, 2014
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  • Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs) são poluentes de efeito tóxico, prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana, fazem parte de um grupo de compostos poluentes orgânicos persistentes (POPs), que por suas características tem impactado o ambiente, sendo por esse motivo bastante estudados. Podem estar presentes nas formas particulada, dissolvida e/ou gasosa, estando presentes em diferentes ambientes; solo, sedimento, ar, água, material particulado na atmosfera, organismos e alimentos (Kennish, 2007). As fontes naturais de HPAs incluem atividades vulcânicas, queimadas naturais, exsudação de óleos, além de processos biogênicos. HPAs antrogênicos podem ocorrer pela combustão incompleta de óleos combustíveis (automotores e industriais), queima intencional de madeira e plantações, efluentes domésticos e/ou industriais, drenagens pluviais urbanas, derrames acidentais de óleos e derivados. Hidrofóbicos e lipofílicos, essas substâncias podem ser facilmente adsorvidas em sedimentos, sendo este compartimento um importante reservatório desses poluentes. Para avaliar a presença desses compostos no ambiente, utilizouse nesse trabalho a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência. As amostras utilizadas no desenvolvimento e otimização da metodologia foram coletadas na baia do Guajará (Belém – PA). O presente trabalho constituiu-se dessa forma em um desenvolvimento de um procedimento metodológico (com adaptações e otimizações) para quantificar 16 HPAs em 10 pontos na baia do Guajará, Belém – PA, em duas etapas de campo, totalizando 20 amostras analisadas. Na etapa de desenvolvimento do método analítico foram testados sistemas de eluição, polaridade do sistema e fluxo do eluente entre outros. Para validação do método foram avaliados os parâmetros fidelidade, linearidade, limite de detecção, limite de quantificação do método. Razões diagnósticas foram calculadas para identificação das fontes primárias do HPAs encontrados na baia. Foram identificadas, a partir de razões diagnósticas da ΣHPAs BMM/ΣHPAsAMM; Fen/Ant; Flt/Pir; Ant/Σ178; Flt/Σ202; B(a)P/Σ228 e Ind(123cd) pireno/Σ276 as fontes primárias dos 16 HPAs estudados no sedimento da baia. A somatória das concentrações dos HPAs leves na primeira etapa de campo, variou de 132,13 ng.g-1 a 1704,14 ng.g-1, a ΣHPAs dos pesados de 125,82 ng.g-1 a 1269,71 ng.g-1 e ΣHPAs totais de 317,84 ng.g-1 a 3117,06 ng.g-1.. Na segunda etapa de campo, as concentrações dos HPAs leves variou de 76,12 ng.g-1 a 1572,80 ng.g-1 ; a ΣHPAs pesados variou entre 213,90 ng.g-1 a 1423,03 ng.g-1, e Σ HPAs totais teve concentrações de 290,02 ng.g-1 a 2995,82 ng.g-1. A partir dos resultados obtidos pode-se classificar a baia do Guajará como moderadamente impactada. A combustão constitui a fonte predominante de HPAs nos x sedimentos da baia do Guajará, seguida da combustão de biomassa vegetal e aporte de petróleo e derivados. A maioria dos pontos estudados nesse trabalho, nas duas etapas de campo, apresentaram concentrações de HPAs individuais acima dos VGQS. Palavra Chave: Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs), Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), Sedimentos, baia do Guajará.
  • ISAAC SALEM ALVES AZEVEDO BEZERRA
  • DEPÓSITOS PLEISTOCENOS DA FORMAÇÃO ITAUBAL: PALEOAMBIENTE E IMPLICAÇÕES NA EVOLUÇÃO DA PLANÍCIE COSTEIRA DO AMAPÁ
  • Data: Mar 28, 2014
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  • RESUMO A costa norte da América do Sul durante o Pleistoceno tardio esteve sujeita a oscilações do nível do mar, relacionadas a variações climáticas e influência da dinâmica de sedimentos carreados pelo Rio Amazonas, que moldaram a paisagem desta região. Terraços Pleistocenos da Formação Itaubal, anteriormente considerados como pertencentes à Formação Barreiras (Mioceno), constituem parte da Planície Costeira do Amapá e recobrem rochas do Escudo das Guianas. A integração das análises de fácies, estratigráfica e datações por Luminescência Opticamente Estimulada / regeneração de alíquota única e múltipla (LOE / SAR-MAR) entre 120.600 (± 12.000) e 23.150 (±6.800) anos AP permitiu o posicionamento da Formação Itaubal no Pleistoceno Superior. Estes depósitos siliciclásticos, de espessura máxima de 10 m, cor amarronzada a avermelhada com camadas de geometria tabular foram divididos em duas unidades separadas por inconformidade. A Unidade Inferior compreende as associações de fácies, de planície de inframaré (AF1) e de canal fluvial meandrante influenciado por maré (AF2), enquanto que a Unidade Superior, com maior concentração de argila que a Unidade Inferior, consiste em depósitos de planície de maré (AF3) e de canal fluvial entrelaçado (AF4). As duas unidades têm caracteristicas progradacionais dentro de trato de sistema de mar alto e regressivo, e foram depositadas diretamente sobre rochas do embasamento intensamente intemperizadas durante o Mioceno-Pleistoceno. Os depósitos da Formação Itaubal foram expostos durante o Último Máximo Glacial (22.000 - 18.000 anos AP) e posteriormente sobrepostos por depósitos finos do Rio Amazonas, que configuram a atual linha de costa da Costa norte da América do Sul. Pela primeira vez a Formação Itaubal define os eventos sedimentares do Pleistoceno na evolução da Planície Costeira do Amapá. A correlação de seus depósitos com os de Suriname e nordeste do Pará amplia a discussão sobre a configuração da linha de costa do norte da América do Sul desde o Pleistoceno. Palavras-chave: Geologia estratigráfica - Pleistoceno. Mudanças Climáticas. Planície de maré. Formação Itaubal - Amapá.
  • MAURICIO DA SILVA DA COSTA
  • APORTE HÍDRICO E DE MATERIAL PARTICULADO EM SUSPENSÃO PARA A BAÍA DO MARAJÓ: CONTRIBUIÇÕES DOS RIOS JACARÉ GRANDE, PARÁ E TOCANTINS
  • Data: Mar 19, 2014
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  • O sistema estuarino Amazônico é influenciado pelo regime de maré e pelas variações da descarga fluvial que modificam o regime das correntes e contribuem com aportes de material particulado em suspensão (MPS) acarretando diversas modificações morfológicas ao longo do rio. A quantificação desses parâmetros fornece um entendimento sobre as taxas de exportação e importação de materiais ou volume e suas implicações na geomorfologia estuarina. O objetivo desse estudo é avaliar a hidrodinâmica, o transporte de volume e de MPS em diferentes períodos nos rios Jacaré Grande, Pará e foz do Tocantins. Coletaram-se dados de velocidade e direção da corrente, maré, turbidez, transporte de volume e MPS, ao longo de um ciclo de maré no período seco (2012) e chuvoso (2013). O rio Pará exportou volume, nos dois períodos. O rio Tocantins importou no período seco e exportou no período chuvoso. O rio Jacaré Grande influenciado pelo rio Amazonas, importou no período chuvoso e exportou no período seco. A análise dos métodos de transporte de volume mostrou uma tendência de exportação em direção ao rio Amazonas e a baía do Marajó no período seco e para baía do Marajó no período chuvoso. Os valores de MPS no período chuvoso foram maiores, sendo decrescente do rio Jacaré Grande até o rio Tocantins, respectivamente período seco e chuvoso. A turbidez seguiu a mesma tendência de MPS com a maré, tendo os valores máximos durante a enchente. Os métodos de transporte de MPS, mostrou valores similares e que obedecia a mesma direção. O rio Jacaré Grande atuou como exportador no período seco e importador no período chuvoso, o rio Pará como exportador nos dois períodos e o rio Tocantins como importador no período seco e exportador no período chuvoso. O sistema formado pelos três rios mostrou a mesma tendência de exportação nos dois períodos, tendo no período seco duas rotas de exportação, o rio Amazonas e a baía do Marajó, e no período chuvoso uma rota de exportação, a baía do Marajó. Anualmente o sistema exporta entre 5 a 7,2 milhões de toneladas, sendo que possivelmente a baía do Marajó recebe entre 3,7 a 5,8 milhões de toneladas, podendo o volume transportado para a região oceânica ser bem maior.Os fluxos de MPS associado à variabilidade das condicionantes ambientais modelam a região estuarina, como na foz do rio Tocantins e na Baía do Guajará, sendo preciso um monitoramento continuo devido a possíveis acidentes náuticos ou a derramamentos de óleo ou qualquer contaminante na região que acarrete danos ao meio. Palavra chave: Zona costeira Amazônica. Transporte de volume. Turbidez. Hidrodinâmica.
  • HUDSON PEREIRA SANTOS
  • FÁCIES E PROVENIÊNCIA DE DEPÓSITOS COSTEIROS DA FORMAÇÃO RAIZAMA: EVIDÊNCIAS DO REGISTRO EDIACARANO-CAMBRIANO NA FAIXA PARAGUAI, REGIÃO DE NOBRES, MATO GROSSO
  • Data: Mar 10, 2014
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  • Rochas siliciclásticas da Formação Raizama, unidade basal do Grupo Alto Paraguai de idade ediacarana-cambriana (635 – 541 Ma), ocorrem distribuídas descontinuamente ao longo da margem sul do Cráton Amazônico e segmento norte da Faixa Paraguai, centro-oeste do Brasil, estado do Mato Grosso. Estas recobrem discordantemente os depósitos de plataforma carbonática do Grupo Araras, onde foram registrados evidências do evento glacial Marinoano (635 Ma). O Grupo Alto Paraguai representa os estágios finais da colisão entre os blocos Amazônico e Paranapanema que culminaram no fechamento do Oceano Clymene (540-520 Ma). A Formação Raizama com espessura de aproximadamente 570 m é constituída por pelitos, arenitos finos a grossos, e arenitos com cimento dolomítico previamente interpretados como depósitos flúvio-costeiros distribuídos nos membros inferior (270 m) e superior (300 m). O estudo faciológico e estratigráfico desta unidade na região de Nobres, Estado do Mato Grosso, foi focado principalmente na seção aflorante de 600 m no leito do rio Serragem II, que inclui a Cachoeira da Serra do Tombador. Foram definidas 17 fácies sedimentares, agrupadas em cinco associações de fácies (AF) representativas de uma sucessão costeira progradante iniciando por depósitos de shoreface inferior, os quais recobrem em conformidade correlativa os depósitos de plataforma carbonática da Formação Serra do Quilombo (Grupo Araras). A AF1 consiste em arenitos com laminação plano-paralela e laminação truncada por onda (microhummocky), individualizada por camadas de pelito laminado interpretadas como depósitos de shoreface inferior. Destaca-se na AF1 a primeira ocorrência de níveis centimétricos bioturbados por Skolithos em depósitos neoproterozoicos – cambrianos na Faixa Paraguai. A AF2 é formada por arenitos com estratificação cruzada swaley e estratificação plano-paralela interpretada como depósitos de shoreface superior. A AF3 é composta por arenitos com estratificações cruzadas tangenciais e acanaladas com recobrimentos de siltito/arenito muito fino representativos de depósitos de canal e barras de submaré. A AF4 é caracterizada por arenitos com estratificações cruzadas tangencial e sigmoidal, laminação plano-paralela a cruzadas de baixo-ângulo, ritmito arenito muito fino/siltito com acamamento flaser e gretas de contração, organizados em ciclos métricos de raseamento ascendente de planície de maré. A AF5 é constituída por arenito com estratificação cruzada acanalada marcada por lags residuais na base da associação, arenito com estratificações plano-paralela e cruzada de baixo-ângulo, interpretados como depósitos fluviais distais de rios entrelaçados, parcialmente retrabalhados por ondas. Grãos detríticos de zircão foram obtidos da AF3 e datados pelo método U-Pb, sendo a idade de 1001±9 Ma viii interpretada como a idade de máxima deposição da Formação Raizama. Aliado a tal análise, as paleocorrentes NE-SE mostram que estes grãos teriam como áreas fontes principais a Faixa Sunsás, SW do Cráton Amazônico, não sendo descartada contribuições oriundas da parte NW desse Cráton. A idade mesoproterozóica obtida serviu principalmente para desvendar a proveniência da Formação Raizama, enquanto que as datações da base do Grupo Araras, em torno de 627-622 Ma, associada à presença inequívoca do icnogênero Skolithos, tornam esta unidade muito mais próxima do limite com o Cambriano Inferior. Traços fósseis do Proterozoico são caracterizados quase que exclusivamente por traços horizontais, sendo que bioturbações verticais praticamente são ausentes ao longo do Neoproterozoico. Esta inferência vem de encontro com a idade máxima de 541 Ma obtida para a Formação Diamantino, a qual recobre a unidade estudada. Os dados radiométricos aliados com as interpretações paleoambientais, que incluem o registro das primeiras atividades de organismos perfurantes na Faixa Paraguai, abrem perspectivas de entender com maiores detalhes a sequência de eventos que tipificam os estratos do limite Ediacarano-Cambriano do Brasil, ainda pouco conhecidos. Palavras-chave: Neoproterozoico-Cambriano. Formação Raizama. Sistema flúvio-costeiro.
  • PABLO JOSE LEITE DOS SANTOS
  • GEOLOGIA, PETROGRAFIA E GEOQUÍMICA DAS ASSOCIAÇÕES LEUCOGRANÍTICAS E TTG ARQUEANOS DA ÁREA DE NOVA CANADÁ (PA) - DOMÍNIO CARAJÁS
  • Data: Feb 25, 2014
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  • O mapeamento geológico realizado na área de Nova Canadá, porção sul do Domínio Carajás, aliado aos estudos petrográficos e geoquímicos, permitiram a caracterização de pelo menos três novas unidades que antes estavam inseridas no contexto geológico do Complexo Xingu. São elas: (i) Leucogranodiorito Nova Canadá, que é constituído por rochas leucogranodioríticas mais enriquecidas em Al2O3, CaO, Na2O, Ba, Sr e na razão Sr/Y, que mostram fortes afinidades geoquímicas com a Suíte Guarantã do Domínio Rio Maria, as quais também podem ser correlacionadas aos TTGs Transicionais do Cráton Yilgarn. Estas rochas apresentam padrão ETR levemente fracionado, mostram baixas razões (La/Yb)N e anomalias negativas de Eu ausentes ou discretas; (ii) Leucogranito Velha Canadá, caracterizado pelos conteúdos mais elevados de SiO2, Fe2O3, TiO2, K2O, Rb, HFSE (Zr, Y e Nb), das razões K2O/Na2O, FeOt/(FeOt+MgO), Ba/Sr e Rb/Sr. Apresentam dois padrões distintos de ETR: (a) baixas à moderadas razões (La/Yb)N com anomalias negativas de Eu acentuadas; e (b) moderadas à altas razões (La/Yb)N, com anomalias negativas de Eu discretas e um padrão côncavo dos ETRP. Em diversos aspectos, as rochas do granito Velha Canadá mostram fortes afinidades com os leucogranitos potássicos tipo Xinguara e Mata Surrão do Domínio Rio Maria, assim como aqueles da região da Canaã dos Carajás e mais discretamente com os granitos de baixo Ca do Cráton Yilgarn. Para a origem das rochas do Leucogranodiorito Nova Canadá é admitida a hipótese de cristalização fracionada a partir de líquidos com afinidade sanukitóide, seguido por processos de mistura entre estes e líquidos de composição trondhjemítica, enquanto que para aquelas de alto K do Leucogranito Velha Canadá, acredita-se na fusão parcial de metatonalitos tipo TTG em diferentes níveis crustais, para gerar líquidos com tais características; e (iii) associações trondhjemíticas com afinidade TTG de alto Al2O3, Na2O e baixo K2O, compatíveis com os granitoides arqueanos da série cálcio-alcalina tonalítica-trondhjemítica de baixo potássio. Foram distinguidas duas variedades: (a) biotita-trondhjemito com estruturação marcada pelo desenvolvimento de feições que indicam atuação de pelo menos dois eventos deformacionais em estágios sin- a pós-magmáticos, como bandamentos composicionais, dobras e indícios de migmatização; e (b) muscovita ± biotita trondhjemito que é distinguido da variedade anterior pela presença da muscovita, saussuritização do plagioclásio, textura equigranular média e atuação discreta da deformação com o desenvolvimento de uma foliação E-W de baixo angulo. A primeira variedade destes litotipos, que ocorre predominantemente na porção norte, tem ocorrência restrita. Com intensa deformação e prováveis feições de anatexia (migmatitos) podem indicar que estas rochas tenham sido afetadas por um retrabalhamento crustal, ligado à geração dos leucogranitos dominantemente descritos na área. Os trondhjemitos do sul da área são mais enriquecidos em Fe2O3, MgO, TiO2, CaO, Zr, Rb, e na razão Rb/Sr em relação aos trondhjemitos da porção norte da área. Estas exibem ainda padrões fracionados de ETR, com variações nos conteúdos de ETRP, além da ausência de anomalias de Eu e Sr, e baixos conteúdos de Y e Yb. Tais feições são tipicamente atribuídas à magmas gerados por fusão parcial de uma fonte máfica em diferentes profundidades, com aumento da influência da granada no resíduo e a falta de plagioclásio tanto na fase residual como na fracionante. Em uma análise geral, a disposição dos trends geoquímicos evolutivos de ambas as variedades sugere que estas unidades não são comagmáticas. As afinidades geoquímicas entre as rochas da área de Nova Canadá com aquelas do Domínio Mesoarqueano Rio Maria, poderiam nos levar a entender a região de Nova Canadá como uma extensão do Rio Maria para norte, enquanto que para aquelas do Leucogranito Velha Canadá, que são mais jovens e geradas já no Neoarqueano, se descarta a idéia de associação com os mesmos eventos tectono-magmáticos que atuaram em Rio Maria. Palavras-Chave: Leucogranodioritos, Leucogranitos, TTG, Arqueano, Domínio Carajás, Nova Canadá.
  • MANOELLA DA SILVA CAVALCANTE
  • ORGANOFILIZAÇÃO DE UMA Mg-BENTONITA DA BACIA DO PARNAÍBA-SUL DO MARANHÃO E SUA UTILIZAÇÃO EM POLI (METACRILATO DE METILA)
  • Data: Feb 21, 2014
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  • RESUMO Bentonitas são argilas que tem como seu principal constituinte argilominerais do grupo da esmectita, predominantemente montmorillonita. De acordo com o cátion predominante no espaço intercamada da esmectita, a bentonita pode ser classificada como sódica, cálcica ou magnesiana. Essas argilas possuem vasta aplicação industrial, como fluidos de perfuração, pelotização, moldes de fundição, dentre outros. Para algumas aplicações mais específicas e que agregam maior valor ao produto final, como na síntese de nanocompósitos polímero/argila, faz-se necessário à intercalação de íons orgânicos na intercamada do argilomineral. No Brasil, a produção industrial de argilas organofílicas é pequena e voltada para os mercados de tintas, graxas e resinas de poliéster. Empresas do setor de bentonitas, que ainda não estão produzindo esse tipo de material, vêm mostrando crescente interesse nesta aplicação. Dentro desse contexto, este trabalho buscou avaliar o potencial da Bentonita Formosa, uma Mg-bentonita recentemente descrita e relativamente abundante no nordeste do Brasil, na produção de argilas organofílicas e sua aplicação em síntese de nanocompósitos polímero/argila. Para isso, foram realizadas sínteses variando a concentração dos íons surfactantes hexadeciltrimetilamônio (HDTMA+) e dodeciltrimetilamônio (DTMA+) em 0,7, 1,0 e 1,5 vezes o valor de CEC, com tempo de reação de 12 horas e variação de temperatura de 25 ºC e 80 ºC. A Mg-Bentonita in natura e ativada com carbonato de sódio foi utilizada como material de partida. Tanto o material de partida como as argilas organofílicas obtidas foram caracterizadas por DRX, DTA/TG e IV. As argilas que apresentaram melhores resultados de intercalação foram utilizadas nas proporções de 1%, 3% e 10% para a síntese de nanocompósitos poli(metacrilato de metila) (PMMA)/argila. As análises de DRX confirmaram a intercalação dos íons orgânicos no espaço intercamada da Mg-esmectita com e sem ativação. Com os resultados de IV foi possível observar que a razão de confôrmeros gauche/trans diminui com o aumento do espaçamento basal. Os resultados de DTA/TG confirmaram a estabilidade térmica das argilas organofílicas à temperatura máxima de 200 °C, o que possibilita a utilização desse material em síntese de nanocompósitos polímero/argila obtidos por processo de fusão. A análise de DRX confirmou a intercalação do PMMA no espaço intercamada da Mg-esmectita em todos os nanocompósitos produzidos. Com as análises de DSC foi possível observar o aumento da temperatura de transição vítrea para todos os nanocompósitos, quando comparados com PMMA puro. Com isso, é possível concluir que a Mg-Bentonita pode ser intercalada com íons alquilamônio, sem a necessidade prévia de ativação sódica, formando argilas organofílicas, assim como sua utilização em síntese de viii nanocompósitos. Essa possibilidade de utilização da Mg-bentonita in natura pode representar uma importante diferença em termos de custos de processo, na comparação com as bentonitas cálcicas existentes no Brasil, ou mesmo as importadas, que precisam ser ativadas durante o beneficiamento. Finalmente, acredita-se que a pesquisa deve avançar com a avaliação das propriedades mecânicas dos nanocompósitos produzidos neste trabalho, visando as diferentes possibilidades de aplicações desses materiais. Palavras-chave: argilas bentoníticas, argilas organofílicas, nanocompósitos.
  • CAMILA CARNEIRO DOS SANTOS RODRIGUES
  • HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS EM SEDIMENTOS E ORGANISMOS BENTÔNICOS DO TERMINAL DE MIRAMAR (BAÍA DO GUAJARÁ – BELÉM – PARÁ – AMAZÔNIA)
  • Data: Jan 14, 2014
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  • Na baía de Guajará, foz do Rio Amazonas, localizam-se a capital do estado do Pará (Belém) e sua região metropolitana. Há nesta área um intenso tráfego de embarcações, assim como transporte e venda de combustíveis em postos flutuantes e atividades relacionadas ao armazenamento e transporte de derivados de petróleo no Terminal Petroquímico de Miramar (TEMIR). Pequenos derrames e descartes de combustíveis na água podem servir como fontes pontuais de poluição por hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs). Os HPAs são compostos orgânicos gerados pela combustão incompleta da matéria orgânica e encontram-se entre os contaminantes de maior interesse em estudos ambientais devido ao seu potencial mutagênico e carcinogênico. Uma forma de detectar e avaliar o impacto dos HPAs em um ambiente é através do uso de biomonitores, entretanto as análises quali e quantitativa nos sedimentos são mais amplamente utilizadas. O presente trabalho teve como objetivo avaliar, através de Cromatografia Gasosa acoplada à um Espectrômetro de Massas (GC/MS), os 16 HPAs considerados como prioritários pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos em sedimentos e nos organismos bentônicos (Namalycastis abiuma) do TEMIR. Foram realizadas expedições de campo em dezembro de 2012, março, maio e junho de 2013 representando os períodos seco, chuvoso (duas coletas) e seco, sucessivamente. Os teores de sedimentos finos dominaram em ambos os períodos de amostragem e a %Finos da baía do Guajará apresenta uma relação diretamente proporcional com a %MO. Com relação aos 16 HPAs estudados, 10 foram detectados nas amostras de sedimento do período chuvoso e 8 nas da estação menos chuvosa. Mesmo com uma menor diversidade de compostos aromáticos, os sedimentos amostrados durante o período seco apresentam maior ΣHPAs (1.351,43 ng g-1) do que os do período chuvoso (263,99 ng g-1), o que pode estar relacionado com o aumento da hidrodinâmica da baía do Guajará neste último período. A análise de correlação indicou que a ΣHPAs não parece ser influenciada pelas %Finos e %MO. O benzo(a)pireno representou 87% da ΣHPAs durante o período chuvoso, os demais HPAs apresentaram percentual ≤ 3%. Durante o outro período destacaram-se: o pireno (18% da ΣHPAs), o fluoranteno (16%), o criseno, o benzo(b)fluoranteno (15%) e o benzo(a)pireno (11%). O uso da razão geoquímica para a interpretação de prováveis origens dos HPAs indicou que o TEMIR apresenta um predomínio de aromáticos de origem pirolítica. As atividades possivelmente responsáveis pelos teores de HPAs observados nos sedimentos e nos organismos bentônicos do TEMIR são o lançamento de efluentes domésticos sem tratamento prévio e particulados provenientes da emissão por carros e embarcações de pequeno e médio porte. A ƩHPAs parece influenciar a densidade dos poliquetas, pois foi observada uma redução de cerca de 50% no número de organismos durante o período seco quanto foi observado maior valor da ƩHPAs nos organismos. Dentre os 16 HPAs estudados, 11 foram detectados nos poliquetas durante o período seco (ƩHPAsMED= 848,71 ng g-1) e 10 durante a estação chuvosa (ƩHPAsMED= 141,85 ng g-1). Destacaram-se na estação menos chuvosa: o indeno(1,2,3-c,d)pireno (47%) e o pireno (23%). Enquanto que no período chuvoso: o pireno (23%), o criseno (17%), o fluoreno (17%) e o fluoranteno (13%), O %Rec obtido foi >>100% indicando um efeito de matriz e reduzindo precisão quantitativa dos resultados. O uso do poliqueta N. abiuma como biomonitor da poluição por HPAs em estuários não parece ser eficiente quando se tem um período amostral limitado, já que a coleta dos mesmos requer um grande esforço para obtenção de uma pequena quantidade de massa e o mesmo ainda acarreta em um efeito de matriz na análise cromatográfica (%Rec do método >> 100%) que pode vir a não ser corrigido por conta da pouca disponibilidade de massa amostral. Trabalhos com maior número amostral, que possibilitem análises estatísticas aprofundadas, e que abranjam outros pontos de coleta ao longo da baía do Guajará são necessários para comprovar matematicamente o que foi exposto nesta dissertação. Palavras-chave: Sedimentos, Poliqueta, Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos, Qualidade Ambiental, Estuário Amazônico.
  • ANA CLAUDIA SODRE ARAUJO
  • ESTUDOS ISOTÓPICOS E DE INCLUSÕES FLUIDAS NO DEPÓSITO CENTRAL DO CAMPO MINERALIZADO DO CUIÚ-CUIÚ, PROVÍNCIA AURÍFERA DO TAPAJÓS, ESTADO DO PARÁ
  • Data: Jan 9, 2014
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  • Central é um depósito aurífero do campo mineralizado do Cuiú-Cuiú, Província Aurífera do Tapajós, Cráton Amazônico. A zona mineralizada está hospedada em falha e compreende 800m de comprimento na direção NW-SE, seguindo o trend regional da província Tapajós, com largura entre 50 e 70m e profundidade vertical de pelo menos 450m. A mineralização está hospedada em monzogranito datado em 1984±3 Ma e atribuído à Suíte Intrusiva Parauari. Os recursos auríferos preliminarmente definidos são de 18,6t de ouro. A alteração hidrotermal é predominantemente fissural. Sericitização, cloritização, silicificação, carbonatação e sulfetação foram os tipos de alteração identificados. Pirita é o sulfeto principal e os demais sulfetos (calcopirita, esfalerita e galena) estão em fraturas ou nas bordas da pirita. O ouro preenche fraturas da pirita e análises semi-quantitativas detectaram Ag associada ao ouro. Foram identificados três tipos de inclusões fluidas hospedados em veios e vênulas de quartzo. O tipo 1 é o menos abundante e consiste em inclusões fluidas compostas por uma (CO2vapor) ou duas fases (CO2liq-CO2vapor), o tipo 2 tem abundância intermediária e é formado por inclusões fluidas compostas por duas (H2Oliq-CO2liq) ou três fases (H2Oliq-CO2liq-CO2vapor) e o tipo 3 é o mais abundante e consiste em inclusões fluidas compostas por duas fases (H2Oliq-H2Ovapor). O CO2 representa o volátil nas inclusões com CO2 e essas (tipo 1 e 2) foram geradas pelo processo de separação de fases oriundo de um fluido aquo-carbônico. A densidade global (0,33 - 0,80 g/cm³) e a salinidade (11,15 - 2,42 % em peso equivalente de NaCl) desse fluido são baixas a moderadas e a temperatura de homogeneização mostra um máximo em 340ºC. Quanto ao tipo 3, o NaCl é o principal sal, a densidade global está no intervalo de 0,65 a 1,11 g/cm³, a salinidade compreendida entre 1,16 e 13,3 % em peso equivalente de NaCl e a temperatura de homogeneização é bimodal, com picos em 120-140ºC e 180ºC. A composição isotópica das inclusões fluidas presentes no quartzo e do quartzo, calcita e clorita mostram valores de δ18O e δD de +7,8 a +13,6 ‰ e -15 a -35 ‰, respectivamente. Os valores de δ34S na pirita são de +0,5 a +4,0 ‰ e δ13C na calcita e CO2 de inclusões fluidas de -18 a -3,7 ‰. Os valores de δ18OH2O e de δDH2O no quartzo e inclusões fluidas, respectivamente, plotam no campo das águas metamórficas, com um desvio em direção à linha da água meteórica. Considerando a inexistência de evento metamórfico na região do Tapajós à época da mineralização, o sistema hidrotermal responsável pela mineralização no Central, inicialmente, deu-se a partir de fluidos aquo-carbônicos magmático-hidrotermais, exsolvidos por magma félsico relacionado com a fase mais tardia de evolução da Suíte Intrusiva Parauari. As inclusões aquo-carbônicas e carbônicas formaram-se nessa etapa, predominantemente em torno de 340°C. A contínua exsolução de fluido pelo magma levou ao empobrecimento em CO2 nas fases mais tardias e, com o resfriamento do fluido, as inclusões aquosas passaram a predominar. A partir daí o sistema pode ter interagido com água meteórica, responsável pelo aprisionamento da maior parte das inclusões aquosas de mais baixa temperatura. É possível que parte das inclusões aquosas (as de maior temperatura) represente a mistura local dos fluidos de origens distintas. Essas observações e interpretações permitem classificar Central como um depósito de ouro magmático-hidrotermal relacionado à fase final da formação da Suíte Intrusiva Parauari. PALAVRAS-CHAVE: Tapajós; ouro; sistema magmático-hidrotermal; Suíte Intrusiva Parauari; isótopos estáveis, inclusões fluidas.
2013
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  • SHEILA SILVA DOS SANTOS
  • SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS HÍBRIDOS (PCHs E ORGANOARGILAS) COM APLICABILIDADE NA ADSORÇÃO DE FENOL, BENZENO E TOLUENO
  • Data: Dec 18, 2013
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  • Este estudo avalia o uso de argila do Estado do Acre de natureza esmectítica (argila original) como precursora na síntese de PCHs (Porous Clay Heterostructure) e na organofuncionalização com mercaptopropiltrimetoxisilano (MPTS-Arg) e aplicabilidade desses materiais como adsorventes de fenol, benzeno e tolueno em fase líquida. A síntese de PCHs envolve as seguintes etapas: preparação de organoargila com hexadeciltrimetilamônio (HDTMA-Argila); aumento do espaçamento basal (d001) da organoargila usando o co-surfactante octilamina e adição concomitante de uma fonte de Si, como o tetraetilortosilicato (TEOS); lavagens com etanol em HCl, secagem a 60 o C (PCH-60 A e B); calcinação a 500 o C e 700 º C (PCH 500 A/B e PCH 700), com a remoção do surfatante/co-surfactante e consequente substituição destas substâncias orgânicas por prótons que permanecem nas paredes das galerias de pilares de SiO2 até novo tratamento porventura realizado no PCH. O material MPTS-Arg foi obtido a partir da intercalação de mercaptopropiltrimetoxisilano na argila original sob agitação durante 1 h (Arg-MPTS 1) e na argila original previamente tratada com HCl 1 mol L-1 e sob agitação durante 2 h (Arg-MPOS 2). Os materiais (argila original, HDTMA-Argila, PCH-60, PCH-500/700 e MPTS-Arg) foram caracterizados por difração de raios-X (DRX), microscopia eletrônica de varredura acoplado a espectroscopia de raios X por dispersão de energia (MEV/ EDS), espectroscopia de absorção molecular IV com transformada de Fourier (FTIR), técnicas de análises térmicas (DTA_TG) e análises texturais, como as medidas de área superficial específica (ASEBET, ASELangmuir), volume total de poros (VTP) e diâmetro médio de poros (DMP). Caracterização complementar por ressonância nuclear magnética no estado sólido acoplada a espectrometria de massa (RMN-M AS) foi realizada para o PCH-500 A. Nos experimentos de adsorção de fenol, benzeno e tolueno foram utilizadas suspensões aquosas dos adsorventes contendo separadamente os adsorvatos. As concentrações de equilíbrio de fenol, tolueno e benzeno foram medidas por espectroscopia de absorção molecular na região ultravioleta, conforme método aceito e aplicado em outros estudos de adsorção. Foram obtidos os seguintes resultados: identificação do argilomineral esmectita na argila natural com espaçamento basal de 1,25nm; intercalação do HDTMA e do MPTS com expansão do d(001) para 1,95nm (HDTMA-Arg 5) e 2,1nm (MPTS-Argila 1h). Após a modificação observou-se através da análise de EDS um decréscimo das concentrações dos elementos Na, Si e Al (%) nas posições interlamelares e aumento na concentração de C. O espectro 29Si MAS NMR do PCH-500 A apresentou sinais químicos dos centro Q3 Si(OSi)3OH e Q4 Si(OSi)4 que indicam a formação de sílica em sua estrutura. Os PCHs (60 e 500 A) foram classificados como mesoporosos, apresentando ASEBET entre 417 a 446 m2 g-1 e volume total de poros (cm3 g-1) = 0,367 - 0,369. O aumento da temperatura de calcinação do PCH 500 para 700 o C (PCH 700) propiciou decréscimos em SBET (305 m2 g-1) e diâmetro médio de poros (0.976 nm). Foi verificado a partir da avaliação das medidas dos diâmetro de poros em PCH 700 que 46% das medidas correspondem a microporos. No estudo do equilíbrio de adsorção foram obtidos os valores de KL (L mg-1), KF (L mg-1) e qmax (mg g-1) nos seguintes processos: (i) adsorção de fenol (1.40; 2.26 e 3.80) e tolueno (145, 7.18 e 135) em PCH-500 A; (ii) adsorção de benzeno (0.33, 41.49 e 69.81) em PCH 500 B; (iii) na adsorção de tolueno em argila-MPOS 1 (1.06, 118.9 e 146) e argila-MPOS 2 (2.1, 92 e 97); (iv) na adsorção de fenol (0.07, 0.48 e 4.44) e benzeno (0.11, 4.95 e 35.8) em HDTA-Arg 5, respectivamente. Os dados obtidos sobre a caracterização dos materiais indicaram que a formação dos PCHs propiciou grande aumento nas concentrações de Si e decréscimo nas concentrações de Al, Fe e outros elementos, devido à delaminação- exfoliação da esmectita original. Foi verificado que os materiais são mais adequados para adsorção de tolueno e benzeno do que fenol. Palavras-chave: esmectita, PCHs, organoargilas, adsorção, benzeno, tolueno, fenol.
  • NIVIA OLIVEIRA DA COSTA
  • PETROGRAFIA, CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E SIGNIFICADO GEOLÓGICO DOS METASSILEXITOS E FORMAÇÕES FERRÍFERAS DO GRUPO TOCANTINS, CENTRO-OESTE DO CINTURÃO ARAGUAIA
  • Data: Nov 19, 2013
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  • O presente trabalho enfoca as ocorrências de metassilexitos e formações ferríferas dos morros do Agostinho, Jabuti, Pau Ferrado, Salto e Grande, que ocorrem na porção centro-oeste do Cinturão Araguaia (TO). Eles se apresentam em camadas intercaladas em ardósias, filitos e metagrauvacas do Grupo Tocantins, que foram derivadas de sedimentos silicicláticos acumulados numa bacia proto-oceânica neoproterozoica, estando localmente associados a clorititos e, comumente, a corpos lenticulares de rochas ultramáficas serpentinizadas ou talcificadas. Próximo à cidade de Araguacema, na porção ocidental da área investigada, ocorrem metabasaltos que exibem feições almofadadas bem preservadas. Os metassilexitos são maciços a foliados e apresentam coloração variável com predominância da tonalidade cinza. Mostram textura microcristalina e são normalmente cortados por vênulas de quartzo. Compõem-se fundamentalmente de quartzo e contêm magnetita, hematita, talco, clorita, caulinita e rutilo em quantidades subordinadas. As formações ferríferas são bandadas, exibindo camadas milimétricas a centimétricas de quartzo microcristalino que se alternam regularmente com camadas ricas em hematita e magnetita, a que se juntam subordinadamente goethita, minnesotaíta, estilpnomelano, rutilo, cromita e turmalina. Em termos químicos, os metassilexitos mostram teores de SiO2 acima de 90%. Os teores de Fe2O3 variam dentro do intervalo de 2 a 8,4%. Igualmente variáveis são o teores de MgO, que chegam a 9,55%, porém a maioria registra menos de 0,1%. Os teores de Al2O3 são normalmente baixos, inferiores a 0,6%, e somente em três amostras estão acima de 2%. Essas variações refletem fundamentalmente a composição modal dessas rochas. Quanto aos elementos traço, somente Ni, Co e Cu têm alguma expressão com médias de 222 ppm, 122 ppm e 40 ppm, respectivamente. O Au revela valores baixos, mas alcançam 27,4 ppb em uma amostra. O total de elementos terras raras é normalmente baixo (≤ 67 ppm) e bem inferiores ao padrão North American Shale Composite (NASC). Duas amostras apresentam ETR mais expressiva (154 ppm e 237 ppm). O padrão de distribuição dos ETR normalizados a NASC varia fortemente de uma amostra de metassilexito a outra. A tendência geral é de enriquecimento em ETRL em relação aos ETRP, embora o contrário também se observe. Constata-se marcante anomalia negativa de Ce em grande parte das amostras, enquanto em outras ela é positiva ou praticamente inexistente. Semelhante constatação é feita para o Eu, embora a maioria dos valores seja positiva. Nas formações ferríferas estudadas, os teores de Fe2O3(total) apresentam média de 76%. A sílica mostra teores acima de 14% (média de 21,3%) e somente uma amostra apresenta teor de 2,95%. O Al2O3 apresenta conteúdos abaixo de 1,8%, exceto em uma amostra. Os demais elementos maiores ocorrem em concentrações muito baixas. Em relação aos elementos traço, as formações ferríferas mostram características diferentes dos metassilexitos. Os teores de Ni e Cr, muito irregulares, apresentam médias de 330 ppm e 645 ppm, respectivamente, enquanto os de Co registram média de 23 ppm. As concentrações de Cu são baixas (<20 ppm) e somente em poucas amostras ultrapassam 120 ppm. O conteúdo total de ETR nas formações ferríferas é comparável ao dos metassilexitos (≤ 89 ppm). No entanto, a distribuição destes elementos normalizados ao Post-Archean Average Australian Sedimentary Rocks (PAAS) segue um padrão mais sistemático que nos metassilexitos. O contexto geológico relacionado à bacia proto-oceânica, os conteúdos anômalos de Ni, Zn, Co e Cr e as anomalias negativas de Ce e positivas de Eu, frequentes tanto nos metassilexitos como nas formações ferríferas, sugerem que os protólitos dessas rochas foram formados por atividade exalativa em ambiente submarino. No entanto, os sedimentos químicos não foram precipitados de fluidos hidrotermais de alta temperatura, mas foram levemente contaminados por sedimentação terrígena, em especial as FFB. As anomalias positivas de Y, que também foram detectadas nas amostras de formação ferrífera, são comuns nas águas dos mares modernos e sugerem que a precipitação do material ferrífero foi relativamente rápida e favorecida pela migração de águas marinhas redutoras e levemente ácidas, até ambientes rasos de águas mais alcalinas e oxidantes. A associação dos metassilexitos e formações ferríferas com clorititos, serpentinitos e rochas máficas/ultramáficas hidrotermalmente alteradas reforça a caracterização de ambiente de fundo oceânico e permite interpretar as sequências estudadas com parte de complexo ofiolíticos, hoje tectonicamente desmembrados. Assim caracterizada, esta porção do Cinturão Araguaia apresenta-se como potencialmente favorável à exploração de depósitos minerais exalativos e de cromititos podiformes. Palavras-chave: Metassilexitos, formações ferríferas, atividade exalativa, Grupo Tocantins e Cinturão Araguaia.
  • IGNACIO DE LOIOLA ALVARES NOGUEIRA NETO
  • ESTRATIGRAFIA, ANÁLISE DE FÁCIES E PROVENIÊNCIA DAS UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS AFLORANTES NA REGIÃO DE PRESIDENTE FIGUEIREDO – AM, BORDA NORTE DA BACIA DO AMAZONAS
  • Data: Nov 11, 2013
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  • Esta dissertação apresenta os resultados de um estudo que envolve análise de fácies e de proveniência dos depósitos siliciclásticos de idades pré-cambriana e fanerozoica que constituem uma faixa continua de afloramentos na borda norte da Bacia do Amazonas. Nesse intervalo de tempo, essa borda da bacia foi caracterizada pela deposição de rochas sedimentares siliciclásticas que foram afetadas por variações climáticas extremas, como por exemplo, a Glaciação Siluriana. A Formação Prosperança (Grupo Purus, Proterozoico) e o Grupo Trombetas (Ordoviciano-Devoniano), representado pelas formações Nhamundá e Manacapuru, são as unidades litoestratigráficas que melhor registraram esses eventos paleoclimáticos na Bacia do Amazonas. A Formação Alter do Chão (Grupo Javari, Cretáceo) cobre as unidades anteriormente citadas. As fácies da Formação Prosperança estão todas relacionadas a ambientes flúvio–deltaicos e são compostas por arenitos, conglomerados e pelitos. Essas fácies foram agrupadas em três associações interpretadas como prodelta/lacustre, frente deltaica e planície braided. Quanto ao Grupo Trombetas, as fácies da Formação Nhamundá estão relacionadas a ambientes costeiros e são compostas por arenitos, pelitos e diamictitos. Essas fácies foram agrupadas de acordo com suas características em três associações e interpretadas como shoreface superior, shoreface inferior e glacial costeiro. As fácies da Formação Manacapuru estão relacionadas a ambientes costeiros e são compostas por intercalações de arenitos, pelitos e folhelhos. Essas fácies foram agrupadas em três associações representativas dos ambientes de fácies litorânea transicional, costa afora e transição shoreface–foreshore. O registro de vida nos depósitos siliciclásticos das formações Nhamundá e Manacapuru é caracterizado pela presença de traços fósseis e raros fósseis. Os traços fósseis são encontrados mais comumente nas fácies arenosas em ambas as formações. Fósseis são encontrados em folhelhos betuminosos e caracterizados por conchas de braquiópodes que sugerem a passagem de um ambiente anóxico para um ambiente com condições de manutenção da vida. Por fim, os depósitos cretáceos da Formação Alter do Chão registram uma sucessão formada por arenitos, conglomerados e pelitos. As litofácies foram agrupadas em duas associações interpretadas como depósitos de preenchimento de canal e como depósitos externos ao canal, depositadas em um sistema fluvial do tipo meandrante com variação de sinuosidade do canal e de carga mista (mixedload). Quanto aos seus constituintes minerais, a Formação Prosperança apresenta abundância de minerais estáveis, elevada maturidade composicional, com índice ZTE médio de 86,6%. Em geral, os minerais possuem forma de prismas longos, arredondados e angulosos. A Formação Nhamundá apresenta abundância de minerais estáveis, elevada maturidade composicional, com índice ZTR de 83%. Os minerais são comumente arredondados a secundariamente angulosos. A Formação Manacapuru apresenta abundância de minerais estáveis, elevada maturidade composicional e índice ZTRE de 86,4%. Os minerais são geralmente arredondados e raramente angulosos. A Formação Alter do Chão apresenta grande abundância de minerais estáveis com índice ZTRE de 96,5%. Os minerais são geralmente angulosos e raramente arredondados. Foram também realizadas análises geocronológicas pelo método U-Pb nos grãos de zircão através de LA-MC-ICP-MS na Universidade de Brasília. As idades obtidas, com o auxilio dos dados de paleocorrente e assembleia de minerais pesados, indicaram as possíveis áreas-fonte. As principais áreas-fonte dos sedimentos da Formação Prosperança provavelmente são regiões localizadas ao norte/noroeste da borda norte da Bacia do Amazonas, sendo as rochas da Província Maroni-Itacaiúnas (2,2-1,95 Ga) as prováveis fontes e a idade máxima de deposição de 1,5 Ga. Para a Formação Nhamundá, os dados sugerem uma idade máxima de deposição de cerca de 0,5 Ga e indicam idades entre 0,5 e 2,8 Ga, assim como para a Formação Manacapuru. Essas idades de deposição indicam que as principais áreas-fonte são formadas por rochas de idade neoproterozoica e mesoproterozoica. Os zircões de idade neoproterozoica podem ter sido oriundos de retrabalhamento de rochas mais antigas, mas há também a possibilidade de que a fonte dos zircões neoproterozoicos e mesoproterozoicos ser a Laurásia ou até mesmo serem oriundos dos cinturões brasiliano/pan-africanos do oeste africano. Os terrenos de idade mesoproterozoica, expostos a sudoeste do Cráton Amazônico e reunidos nas províncias geocronológicas Sunsás e Rondoniana-San Ignácio, podem ter sido a fonte dos zircões neoproterozoicos. Os dados sugerem como áreas-fonte para a Formação Alter do Chão, as regiões localizadas a norte/nordeste da borda norte da Bacia do Amazonas, sendo a Província Maroni-Itacaiúnas (2,2-1,95 Ga), considerada como a principal fonte potencial para os arenitos dessa formação. Alternativamente, existe a possibilidade desses zircões provirem do retrabalhamento de formações mais antigas como, por exemplo, a Formação Prosperança. ] Palavras-chave: Bacia do Amazonas; depósitos pré-cambrianos; depósitos cretáceos; traços fósseis; minerais pesados; proveniência.
  • MARIDALVA MENDES RIBEIRO
  • HIDROGEOQUÍMICA DOS RIOS CURUÁ, CAXIUANÃ E BAÍA DE CAXIUANÃ, MELGAÇO, PARÁ
  • Data: Nov 7, 2013
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  • Esta pesquisa discute a hidroquímica dos rios Curuá, Caxiuanã e da baía de Caxiuanã, a fim de demonstrar a influência das variáveis climáticas de curto prazo (precipitação e temperatura) sobre a composição química destes corpos d'água. As amostras foram coletadas mensalmente entre janeiro de 2006 e dezembro de 2010, a partir de cinco pontos de amostragem. Foram analisados os seguintes parâmetros: principais cátions e ânions, silício, ferro e alumínio, taxa de respiração, o carbono orgânico dissolvido e inorgânico, CO2 livre, metano e material em suspensão. Os resultados não mostraram variação significativa dos constituintes físico-químicos e químicos (T, pH, condutividade elétrica , cátions , ânions , taxa de respiração, o carbono orgânico e inorgânico dissolvido CO2 livre, metano e material em suspensão) nos rios Curuá, Caxiuanã e também na baía de Caxiuanã durante o tempo de estudo. Apenas o carbono orgânico dissolvido, mostrou uma relação direta com a precipitação. O diagrama de Piper permite classificar as águas da região de Caxiuanã como sódica-calco-magnesianas cloretadas. Como a área estudada é uma região sem influência antrópica, a falta de variações ao longo do período de estudo, sugere um sistema de equilíbrio. Palavras-chave: Íons, relações iônica, floresta de Caxiuanã
  • MARLON CARLOS FRANCA
  • DESENVOLVIMENTO DA VEGETAÇÃO E MORFOLOGIA DA FOZ DO AMAZONAS-PA E RIO DOCE-ES DURANTE O QUATERNÁRIO TARDIO
  • Data: Nov 5, 2013
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  • Este trabalho compara as mudanças morfológicas e vegetacionais ocorridas ao longo da zona costeira da Ilha de Marajó, litoral amazônico, e da planície costeira do Rio Doce, sudeste do Brasil, durante o Holoceno e Pleistoceno tardio/Holoceno, respectivamente, com foco especificamente sobre a resposta dos manguezais para as flutuações do nível do mar e mudanças climáticas, já identificadas em vários estudos ao longo da costa brasileira. Esta abordagem integra datações por radiocarbono, descrição de características sedimentares, dados de pólen, e indicadores geoquímicos orgânicos (δ13C, δ15N e C/N). Na planície costeira do Rio Doce entre ~47.500 e 29.400 anos cal AP, um sistema deltaico foi desenvolvido em resposta principalmente à diminuição do nível do mar. O aumento do nível do mar pós-glacial causou uma incursão marinha com invasão da zona costeira, favorecendo a evolução de um sistema estuarino/lagunar com planícies lamosas ocupadas por manguezais entre pelo menos ~7400 e ~5100 anos cal AP. Considerando a Ilha de Marajó durante o Holoceno inicial e médio (entre ~7500 e ~3200 anos cal AP) a área de manguezal aumentou nas planícies de maré lamosas com acúmulo de matéria orgânica estuarina/marinha. Provavelmente, isso foi resultado da incursão marinha causada pela elevação do nível do mar pós-glacial associada a uma subsidência tectônica da região. As condições de seca na região amazônica durante o Holoceneo inicial e médio provocou um aumento da salinidade no estuário, que contribuiu para a expansão do manguezal. Portanto, o efeito de subida do nível relativo do mar foi determinante para o estabelecimento dos manguezais na sua atual posição nas regiões norte e sudeste do Brasil. Entretanto, durante o Holoceno tardio (~3050-1880 anos cal AP) os manguezais em ambas as regiões retrairam para pequenas áreas, com algumas delas substituídas por vegetação de água doce. Isso foi causado pelo aumento da vazão dos rios associada a um período mais úmido registrado na região amazônica, enquanto que na planície costeira do Rio Doce, os manguezais encolheram em resposta a um aumento da entrada de sedimento fluvial associado a uma queda no nível relativo do mar. Palavras-chave: Manguezais. Palinologia. Análise de fácies. Carbono e Nitrogênio. Região amazônica. Sudeste do Brasil.
  • BHRENNO MARANGOANHA
  • GEOLOGIA, GEOQUÍMICA E PETROLOGIA MAGNÉTICA DO MAGMATISMO BÁSICO DA ÁREA DE NOVA CANADÁ (PA), PROVÍNCIA CARAJÁS
  • Data: Sep 6, 2013
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  • O mapeamento geológico realizado na área de Nova Canadá, porção sul do Domínio Carajás, Província Carajás, possibilitou a individualização de duas unidades de caráter máfico e intrusivas nos granitoides do Complexo Xingu e, mais restritamente, na sequência greenstone belt do Grupo Sapucaia. São representadas por diques de diabásio isotrópicos e por extensos corpos de anfibolito, com os últimos descrevendo texturas nematoblástica e granoblástica, de ocorrência restrita à porção SW da área. Ambos apresentam assinatura de basaltos subalcalinos de afinidade toleítica, sendo que os diques de diabásio são constituídos por três variedades petrográficas: hornblenda gabronorito, gabronorito e norito, sendo essas diferenças restritas apenas quanto à proporção modal de anfibólio, orto- e clinopiroxênio, já que texturalmente, as mesmas não apresentam diferenças significativas. São formados por plagioclásio, piroxênio (orto- e clinopiroxênio), anfibólio, minerais óxidos de Fe-Ti e olivina, apresentam um padrão ETR moderadamente fracionado, discreta anomalia negativa de Eu, ambiente geotectônico correspondente a intraplaca continental, e assinaturas dos tipos OIB e E-MORB. Já os anfibolitos são constituídos por plagioclásio, anfibólio, minerais opacos, titanita e biotita, mostram um padrão ETR horizontalizado, com anomalia de Eu ausente, sendo classificados como toleítos de arco de ilha e com assinatura semelhante aos N-MORB. Os dados de química mineral obtidos nessas unidades mostram que, nos diques de diabásio, o plagioclásio não apresenta variações composicionais significativas entre núcleo e borda, sendo classificados como labradorita, com raras andesina e bytownita; o anfibólio mostra uma gradação composicional de Fe-hornblenda para actinolita, com o aumento de sílica. Nos anfibolitos, o plagioclásio mostra uma grande variação composicional, de oligoclásio à bytownita nas rochas foliadas, sendo que nas menos deformadas, sua classificação é restrita à andesina sódica. O piroxênio, presente apenas nos diabásios, exibe considerável variação em sua composição, revelando um aumento no teor de magnésio nos núcleos, e de ferro e cálcio, nas bordas, permitindo classificá-los em augita, pigeonita (clinopiroxênio) e enstatita (ortopiroxênio). Os diabásios apresentam titanomagnetita, magnetita e ilmenita como os principais óxidos de Fe-Ti, permitindo reconhecer cinco formas distintas de ilmenita nessas rochas: ilmenita treliça, ilmenita sanduíche, ilmenita composta interna/externa, ilmenita em manchas e ilmenita individual. Feições texturais e composicionais sugerem que a titanomagnetita e os cristais de ilmenita composta externa e individual foram originados durante o estágio precoce de cristalização. Durante o estágio subsolidus, a titanomagnetita foi afetada pelo processo de oxi-exsolução, dando origem a intercrescimentos de magnetita pobre em titânio com ilmenita (ilmenitas treliça, em mancha, sanduíche e composta interna). Os anfibolitos possuem a ilmenita como único mineral óxido de Fe e Ti ocorrendo, portanto, sob a forma de ilmenita individual, onde encontra-se sempre associada ao anfibólio e à titanita. Os valores mais elevados de suscetibilidade magnética (SM) estão relacionados aos gabronoritos e noritos, os quais exibem maiores conteúdos modais de minerais opacos e apresentam titanomagnetita magmática em sua paragênese. A variedade hornblenda gabronorito define as amostras com valores intermediários de SM. Os menores valores de SM são atribuídos aos anfibolitos, que são desprovidos de magnetita. A correlação negativa entre valores de SM com os conteúdos modais de minerais ferromagnesianos indica que os minerais paramagnéticos (anfibólio e piroxênio) não possuem influência significativa no comportamento magnético dos diabásios, enquanto nos anfibolitos a tendência de correlação positiva entre estas variáveis pode sugerir que estas fases são as principais responsáveis pelos seus valores de SM. Dados geotermobarométricos obtidos a partir do par titanomagnetita-ilmenita nos diabásios indicam que estes se formaram em condições de temperatura (1112°C) e fO2 (-8,85) próximas daquelas do tampão NNO.
  • MICHELE FERREIRA COUGO
  • A INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS BIOFÍSICOS DA VEGETAÇÃO DE MANGUE EM REGENERAÇÃO NO RETROESPELHAMENTO DE IMAGENS RADARSAT-2 MULTIPOLARIZADA NA AMAZÔNIA, BRASIL
  • Data: Sep 5, 2013
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  • O objetivo deste trabalho foi compreender a relação entre o retroespalhamento (σ°, β° e γ) de uma imagem multipolarizada Radarsat-2 Fine Beam, banda C, com parâmetros biofísicos de uma vegetação de mangue em regeneração. A pesquisa foi conduzida na região de mangue em regeneração na Península de Bragança (nordeste do Pará) a aproximadamente 380 km a sudeste da Foz do Rio Amazonas. A construção de uma rodovia nesta região a cerca de 30 anos, ocasionou distúrbios no regime hidrológico causando a morte da vegetação, que posteriormente foi desmatada e atualmente apresenta incipiente regeneração natural. A obtenção dos dados de campo foi efetuada em 17 parcelas de 10 x 10m, delimitadas e posicionadas com auxílio de DGPS (Differential Global Position System) e estação total. A caracterização estrutural destas unidades amostrais foi feita através da aquisição dos seguintes dados: CAP (circunferência à altura do peito), altura e espécie, totalizando 3090 indivíduos medidos. Os valores do diâmetro à altura do peito (DAP) e área basal (AB) foram estimados. Uma análise de agrupamento das unidades amostrais resultou em quatro grupos em distintos estágios de regeneração: estágio pioneiro, regeneração inicial, regeneração intermediária e regeneração avançada. A biomassa individual foi calculada através das equações de Fromard et al. (1998). A imagem multipolarizada SLC utilizada foi obtida em 11/06/2010, através do sensor Radarsat-2. Os valores de retroespalhamento da imagem SAR (Synthetic Aperture Radar) foram obtidos através do aplicativo VIMAGE/Focus/PCI, utilizando como base o limite das parcelas. Modelos estatísticos de regressão simples e múltipla foram efetuados para analisar a relação entre a estrutura da vegetação e os valores de retroespalhamento da imagem SAR. Os resultados mostraram que o retroespalhamento sigma linear na polarização cruzada VH apresentou as relações mais fortes com as estruturas vegetais investigadas. A função de regressão linear múltipla com as polarizações HH, VH e VV obteve os melhores ajustes com os parâmetros biofísicos altura média, DAP e Biomassa (R2 = 0,81, 0,79, e 0,79 respectivamente). Os valores de retroespalhamento foram utilizados para gerar através das funções ajustadas os mapas para estas três variáveis biofísicas, estes apresentaram coerência com os dados coletados em campo, principalmente os mapas de altura média e DAP. O mapa de biomassa resultou em baixa amplitude de variação sugerindo a saturação do sinal, em manguezais em regeneração, abaixo do indicado na literatura para a banda C em manguezais homogêneos. Palavras-chave: SAR. Manguezal em regeneração. Biomassa. Amazônia.
  • DANIEL SILVESTRE RODRIGUES
  • GEOLOGIA, GEOQUÍMICA, E GEOCRONOLOGIA DO GRANITO BOA SORTE, MUNICÍPIO DE ÁGUA AZUL DO NORTE (PA)-PROVÍNCIA CARAJÁS
  • Data: Aug 30, 2013
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  • O Granito Boa Sorte ocorre na região sudeste do estado do Pará, no contexto geológico do Domínio Carajás ou, mais precisamente, no Subdomínio de Transição entre o Domínio Rio Maria e a Bacia Carajás. Forma um batólito alongado na direção E-W, constituído por biotita leucomonzogranitos, com granodioritos e sienogranitos subordinados, que apresentam variados graus de deformação. As texturas observadas nas rochas com foliação dúctil mais pronunciada sugerem condições de médio grau (450°C - 600°C e 6±1 kbar) durante a deformação do Granito Boa Sorte. Este faz contato a sul com o Granodiorito Água Limpa, é intrusivo em TTGs e Greenstone belts, sendo ainda intrudido por plútons de composição máfica a intermediária do Diopsídio-Norito Pium, granitos da Suíte Planalto e por diques máficos. Geoquimicamente ocorrem quatro grupos distinguidos pelos diferentes padrões de ETR: (1) é o grupo predominante, sendo caracterizado pelas altas razões (La/Yb)N, moderadas anomalias negativas de Eu e padrão côncavo dos ETR pesados; (2) possui baixas razões (La/Yb)N e acentuadas anomalias negativas de Eu; (3) é empobrecido em ETR leves, com razões (Gd/Yb)N próximas da unidade e anomalias negativas de Eu moderadas; e (4) caracteriza-se pelo baixo conteúdo total de ETR, com razões (La/Yb)N altas a moderadas. Tais grupos possuem características compatíveis com as de granitos tipo-I, cálcico-alcalinos e fracamente peraluminosos. São rochas com alto conteúdo de K2O, baixo de elementos ferromagnesianos, moderado de CaO e Na2O e moderado a alto de Al2O3. As razões K2O/Na2O variam entre 1 e 2. Apesar da grande superposição, em média existe um aumento no conteúdo de SiO2 entre os grupos de alta razão (La/Yb)N (1), baixa razão (La/Yb)N (2) e baixa razão (Gd/Yb)N (3). Em diagramas de Harker, o primeiro e o segundo grupo tendem a se alinhar em trends bem definidos, com o terceiro, em média, mostrando valores mais altos de Na2O e mais baixos de K2O, Zr e Hf, e o quarto grupo, que, além destas diferenças, apresenta conteúdos em média mais elevados de CaO, Ba e Sr e menores de Rb e da razão FeOt/(FeOt+MgO). A colocação do Granito Boa Sorte se deu ainda no Mesoarqueano, com idade mínima de 2857±2 Ma, e por diferentes processos de fusão de protólitos crustais, cujas idades mais antigas são de ~ 3,00 Ga. Distingue-se do grupo de Leucogranodioritos-granitos do Domínio Rio Maria, mostrando maior afinidade com os Leucogranitos Potássicos tipo Xinguara e Mata Surrão. Na região de Canaã dos Carajás, os grupos de alta e baixa razão (La/Yb)N apresentam boa correspondência com as rochas do Granito Cruzadão e, em alguns aspectos, com aquelas do Granito Bom Jesus. Já o grupo de baixa razão (Gd/Yb)N se vii assemelha ao Granito Serra Dourada, enquanto que o grupo com baixo conteúdo de ETR possui maior afinidade com o Granito Canaã dos Carajás. Tais correspondências sugerem que toda a região localizada entre a cidade de Canaã dos Carajás e a porção nordeste do município de Água Azul do norte, tenha sido afetada por processos similares durante a evolução mesoarqueana do Domínio Carajás, sendo posteriormente modificada pela tectônica neoarqueana responsável pelo fechamento da Bacia Carajás. Palavras-chave: Província Carajás, Mesoarqueano, Leucogranito, ETR, Geocronologia.
  • DIOMAR PEREIRA CAVALCANTE
  • DISTRIBUIÇÃO DE METAIS PESADOS E ISÓTOPOS DE PB EM SEDIMENTOS DE FUNDO DO RIO MURUCUPI-BARCARENA-PARÁ
  • Data: Aug 29, 2013
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  • A preocupação com a contaminação do meio ambiente por metais traço pelas atividades urbanas e industriais tem levado à realização de estudos com o propósito de medir os impactos e a incorporação dessas substâncias na biota aquática. Este trabalho teve como objetivo identificar através da determinação dos teores de metais pesados e das assinaturas isotópicas do Pb, uma possível participação dos efluentes domésticos oriundos dos núcleos urbanos e de rejeitos industriais como fontes de poluição do rio Murucupi, região de Barcarena, Pará. Pretende-se apontar o potencial das assinaturas isotópicas de Pb para detectar futuros impactos antrópicos para contaminação com metais pesados. Em complemento, foram identificados valores de referências de concentração de metais e composição isotópica de Pb naturais para esse setor do sistema estuarino do rio Pará. Foram coletadas dezoito amostras de sedimento de fundo superficiais ao longo dos rios Murucupi (8 amostras), furo do Arrozal (6 amostras) e rio Pará (4 amostras) e dois testemunhos no rio Murucupi. As amostras superficiais e os testemunhos foram coletadas com auxílio de um amostrador do tipo draga Van Veen e um testemunhador tipo Russian Peat Borer, respectivamente. A análise granulométrica foi realizada com granulômetro a laser para a quantificação percentual de areia, silte e argila. A composição mineralógica foi obtida por difração de raios-X. As concentrações total e parcial dos metais e as composições isotópicas de Pbforam determinadas por ICP-MS. Os teores de matéria orgânica foram determinados por volumetria de oxi-redução, pelo o método Walkley Black. A análise granulométrica mostrou que houve uma predominância da fração silte sobre a areia e argila. As análises mineralógicas realizadas em amostra total e na fração argila mostraram a presença de quartzo, albita, e muscovita, além dos argilominerais esmectita, ilita e caulinita. Nas três drenagens estudadas, os resultados indicam que os teores de Pb, Cr, Cu, Zn e Ni não apresentam diferenças significativas e que as mesmas, quando existem, podem ser relacionadas com variações naturais dos sedimentos. As matrizes de correlações elaboradas indicam que os teores de metais pesados não são controlados pela matéria orgânica enquanto que a presença de correlação com o Al no rio Pará e Furo do Arrozal e com Fe e Mn no rio Murucupi indica que esses metais estão associados às estruturas dos argilominerais e aos óxi- hidróxidos de Fe e Mn nos sedimentos, respectivamente. As fortes correlações apresentadas pelos metais entre eles indicam que as concentrações dos metais nos sedimentos são regidas por processos químicos semelhantes nas três drenagens. Entretanto, no rio Murucupi, a ausência de correlação com os outros metais, indica que o Pb pode ter sido introduzido no meio ambiente por processos distintos dos outros metais. De maneira geral os fatores de enriquecimento (FE) determinados mostraram valores abaixo de 1 utilizando como valor de referência os sedimentos do rio Pará, indicando que não há evidencia de impacto antrópico nas concentrações dos metais pesados. Os sedimentos do furo do Arrozal apresentaram menores teores de metais pesados do que os sedimentos do rio Murucupi. Entretanto, a similaridade dos valores de FE entre os sedimentos dos dois corpos d´agua aponta para variações geoquímicas naturais. Os teores de Pb, Cr, Cu, Zn e Ni foram inferiores aos valores do TEL (Theshold effects level). Dessa forma, para todos os metais pesados estudados, os sedimentos dessas drenagens, no caso do rio Murucupi e Furo do Arrozal, embora estejam em contato com efluentes domésticos, não representam, no momento, nenhum risco, para os organismos aquáticos.Nas amostras de sedimentos de fundo superficiais, as assinaturas isotópicas homogêneas encontradas para o rio Pará (206Pb/207Pbmedia = 1,204 ± 0,001), evidenciam valores típicos de origem geogênica para o Pb, permitindo estabelecer um valor de razão isotópica 206Pb/207Pb para o background local. Valores mais baixos encontrados no rio Murucupi (206Pb/207Pbmedia = 1,186 ± 0,003) e no Furo do Arrozal (206Pb/207Pbmedia = 1,193 ± 0,002) são interpretados como sendo reflexo de influência dos efluentes domésticos provenientes dos Pólos urbanos de Vila dos Cabanos e Laranjal e do rio Barcarena, respectivamente. Através dos diagramas 206Pb/204Pb vs. 206Pb/207Pb e 208Pb/206Pb vs. 206Pb/207Pb, descartou-se a possibilidade da contribuição do rejeito de lama vermelha como fonte de poluição do rio Murucupi. A diminuição das razões isotópicas 206Pb/207Pb da base para o topo em testemunhos de sedimentos do rio Murucupi, corroboram a existência de uma contribuição antrópica recente para o Pb dos sedimentos neste rio. Palavras chave: Sedimentos de fundo. Isótopos de Pb. Metais traço. Rio Murucupi
  • ROSE DE FATIMA SANTOS ASSUNCAO
  • ESTUDOS DE INCLUSÕES FLUIDAS E DE ISÓTOPOS ESTÁVEIS NO DEPÓSITO MOREIRA GOMES DO CAMPO MINERALIZADO DO CUIÚ-CUIÚ, PROVÍNCIA AURÍFERA DO TAPAJÓS, ESTADO DO PARÁ
  • Data: Aug 29, 2013
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  • Moreira Gomes é um dos depósitos do campo mineralizado do Cuiú-Cuiú, província Aurífera do Tapajós, com recursos de 21,7 t de ouro. A zona mineralizada, com 1200 metros de comprimento, 30-50 metros de largura e, pelo menos, 400 metros de profundidade é controlada por uma estrutura subvertical de orientação E-W, associada a um sistema de falhas transcorrentes sinistrais. As rochas hospedeiras nesse depósito são predominantemente tonalitos de 1997 ± 2 Ma (Suite Intrusiva Creporizão). O estilo da alteração hidrotermal relacionado à mineralização é predominantemente fissural e localmente pervasivo. Os tipos de alteração hidrotermal são sericitização, carbonatação, cloritização, sulfetação, silicificação e epidotização, além da formação de veios de quartzo de espessuras variadas. Pirita é principal sulfeto e contém inclusões de galena, esfalerita, calcopirita e, em menor quantidade, de hessita e bismutinita. O ouro ocorre mais comumente como inclusão em cristais de pirita e, secundariamente, na forma livre em veios de quartzo. Ag, Pb e Bi foram detectados por análise semi-quantitativa como componentes das partículas de ouro. Estudo de inclusões fluidas identificou fluidos compostos por CO2 (Tipo 1), H2O-CO2-sal (Tipo 2) e H2O-sal (Tipo 3). O volátil CO2 é predominante na fase carbônica. O fluido do Tipo 2 apresenta densidade baixa a moderada, salinidade entre 1,6 e 11,8 % em peso equivalente de NaCl e foi aprisionado principalmente entre 280° e 350°C. No fluido do Tipo 3 o sistema químico pode conter CaCl2 e, talvez, MgCl2, e a salinidade varia de zero a 10,1% em peso equivalente de NaCl. Apenas localmente a salinidade atingiu 25% em peso equivalente de NaCl. Esse fluido foi aprisionado principalmente entre 120° e 220°C e foi interpretado como resultado de mistura de fluido aquoso mais quente e levemente mais salino, com fluido mais frio e diluído. Globalmente, o estudo das inclusões fluidas indica estado heterogêneo durante o aprisionamento e ocorrência de separação de fases, mistura, flutuação de pressão e reequilíbrio das inclusões durante aprisionamento. A composição isotópica do fluido em equilíbrio com minerais hidrotermais (quartzo, clorita e calcita e pirita) e de inclusões fluidas apresenta valores de δ18O e δD entre +0,5 e +9,8 ‰, e -49 a -8 ‰, respectivamente. Os valores de δ34S de pirita (-0,29 ‰ a 3,95 ‰) são provavelmente indicativos da presença de enxofre magmático. Pares minerais forneceram temperaturas de equilíbrio isotópico em geral concordante com as temperaturas de homogeneização de inclusões fluidas e compatíveis com as relações texturais. Os resultados isotópicos, combinados com os dados mineralógicos e de inclusões fluidas são interpretados como produto da evolução de um sistema magmático-hidrotermal em três estágios. (1) Exsolução de fluido magmático aquoso e portador de CO2 entre 400°C e 320-350°C, seguido de separação de fases e precipitação principal da assembleia clorita-sericita-pirita-quartzo-ouro sob pressões menores que 2,1 kb e a 6-7 km de profundidade. (2) Resfriamento e continuação da exsolução do CO2 do fluido magmático geraram fluido aquoso, mais pobre a desprovido de CO2 e levemente mais salino, com aprisionamento dominantemente a 250°-280°C. A assembleia hidrotermal principal ainda precipitou, mas epidoto foi a principal fase nesse estágio. (3) Mistura do fluido aquoso do estágio 2, mais quente e mais salino, com um fluido aquoso mais frio e menos salino, de origem meteórica. Carbonatação está associada com esse estágio. A assembleia hidrotermal e os valores isotópicos indicam que fluido foi neutro a levemente alcalino e relativamente reduzido, que H2S (ou HS-) pode ter sido a espécie de enxofre predominante, e que Au(HS)-2 deve ter sido o complexo transportador de ouro. A deposição do ouro em Moreira Gomes ocorreu em resposta a diversos mecanismos, envolvendo a separação de fases, mistura e reações fluido-rocha. O depósito Moreira Gomes é interpretado como o produto de um sistema magmático-hidrotermal, mas não possui feições clássicas de depósitos relacionados a intrusões graníticas, tanto oxidadas como reduzidas. A idade de deposição do minério (1,86 Ga) sugere que o sistema magmático-hidrotermal pode estar relacionado com a fase final do extenso magmatismo cálcio-alcalino da Suíte Intrusiva Parauari, embora o magmatismo transicional a alcalino da Suíte Intrusiva Maloquinha não possa ser descartado.
  • GILVANA LIMA DA SOLEDADE
  • QUÍMICA MINERAL EM XENOTÍMIO E MINERAIS ASSOCIADOS ÀS FASES PEGMATÓIDES DA FACIES ALBITA-GRANITO, SUÍTE MADEIRA, MINA PITINGA, AMAZONA
  • Data: Aug 5, 2013
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  • A mina Pitinga está localizada na porção norte do estado do Amazonas. Dentro da área da mina Pitinga os plútons Madeira, Água Boa e Europa, agrupados na Suíte Madeira, foram datados no Paleoproterozóico. O Granito Madeira contém quatro fácies distintas: anfibólio-biotita-sienogranito, biotita-feldspato alcalino-granito, feldspato alcalino-granito hipersolvus porfirítico e a última fase é o albita-granito, uma rocha fortemente mineralizada em metais raros, com frações pegmatíticas associadas. Os pegmatitos apresentam cristais bem desenvolvidos de quartzo, feldspato potássico, albita, mica escura, criolita, minerais opacos e xenotímio, objeto deste estudo. A geoquímica das rochas estudadas mostrou que o albita-granito de núcleo equigranular (ABGN) possui concentrações de ETR variando de 187,43 a 328,03 ppm, alcançando 1.276,63 no ABGN fluidal, e de 6.916,07 ppm nos pegmatitos. As concentrações de ítrio variam de 48,80 a 128,80 no ABGN, de 83,30 a 240,60 ppm no ABGN fluidal e alcançam 1.193,40 ppm nos pegmatitos. O xenotímio, principal mineral de ETRP e Y, apresentou conteúdos de ETRP de 32% a 36% e Y de 21 a 25%. A distribuição dos ETR em xenotímios é diferente do observado no ABGN equigranular, ABGN fluidal e nos pegmatitos com forte enriquecimento nos ETRP, o que sugere a sua cristalização tardia a partir de fluidos altamente diferenciados e fracionados, contudo, todos os padrões exibem distribuição tipo tetrad com mais altos teores em ETRP em relação aos ETRL. Estudos por MEV/EDS nos cristais de xenotímio revelaram associações mineralógicas e padrões texturais incomuns, não observados na microscopia óptica, tais como: feições de exsolução de torita (ThSiO4) e gagarinita [NaCaY(F,Cl)6], fraturas preenchidas por galena, cassiterita, micas e criolita. Análises químicas por WDS nas áreas bastante alteradas e áreas menos alteradas nos xenotímios revelaram significativas diferenças químicas nas porções com exsoluções de gagarinita e torita das porções sem alteração. As áreas alteradas apresentaram teores de SiO2 e ThO2 mais baixos (média 0,05% e 0,06%, respectivamente) quando comparados aos das porções com alteração incipiente (média 0,40% de SiO2 e 0,62% de ThO2), chegando a um teor máximo de ThO2 de 1,50%. A exsolução de torita em xenotímio, e as diferenças composicionais nos conteúdos de Th e Si, em porções alteradas e não alteradas do cristal, evidenciam que há remobilização destes elementos nas áreas alteradas do cristal, onde o Th incorporado a estrutura do xenotímio é exsolvido, precipitando-se na forma de torita. A associação xenotímio-gagarinita é inédita no contexto das mineralizações da Mina Pitinga e está pela primeira vez documentada neste trabalho, indicando que a gagarinita não está limitada aos veios de criolita e associada à fluocerita. Nos xenotímios, a gagarinita ocorre como grânulos exsolvidos orientados (áreas alteradas) e como inclusões (cristais subédricos a euédricos) e a torita como grânulos exsolvidos orientados. A Província Pitinga é responsável por 60% da produção brasileira de Sn com reservas associadas de Nb, Ta e F, além de teores anômalos de Zr, Y, Rb e Th. Somando-se a estas reservas, os óxidos de ETRP, também presente nos pegmatitos com concentrações de xenotímio, gagarinita e criolita viabilizam a exploração desses minérios como coprodutos. Palavras-chave: Química mineral, Xenotímio, Pitinga.
  • PATRICK ARAUJO DOS SANTOS
  • GEOLOGIA, PETROGRAFIA E GEOQUÍMICA DA ASSOCIAÇÃO TONALITO-TRONDHJEMITO-GRANODIORITO (TTG) DO EXTREMO LESTE DO SUBDOMÍNIO DE TRANSIÇÃO, PROVÍNCIA CARAJÁS
  • Data: Jul 31, 2013
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  • Os estudos geológicos realizados no extremo leste do Subdomínio de Transição da Província Carajás demonstraram que a área estudada é composta dominantemente por associações tonalito-trondhjemito-granodiorito (TTG). De modo subordinado, ocorrem rochas monzograníticas deformadas, associadas aos granitos tipo Planalto, e gabros correlacionados ao Complexo Pium. Granitos isotrópicos e diversos diques máficos desprovidos de deformação expressiva seccionam os litotipos arqueanos mapeados. A associação TTG aflora na forma de blocos ou lajedos, geralmente em áreas de relevo arrasado. São rochas de cor cinza e granulação média, mostrando bandamento composicional ou, por vezes, aspecto homogêneo, frequentemente englobando enclaves quartzo-dioríticos. Apresentam-se intensamente deformadas, com foliação dominante segundo E-W e mergulhos fortemente inclinados a subverticais. Localmente apresentam estruturas NE-SW, transpostas por cisalhamentos E-W. Em algumas ocorrências, exibem feições miloníticas a protomiloníticas, registradas nas formas ovaladas dos porfiroblastos de plagioclásio ou de veios leucograníticos boudinados. São reconhecidas duas variedades petrográficas para esta associação: Biotita-trondjhemito e, subordinados, biotita-granodioritos, ambos com conteúdos modais variáveis de muscovita e epidoto. Essas variedades possuem aspectos texturais similares e mostram trama ígnea pouco preservada, mascarada por intensa recristalização, acompanhada do desenvolvimento de foliação milonítica incipiente a marcante. Análises por EDS efetuadas em microscópio eletrônico de varredura revelaram que o plagioclásio possui composição de oligoclásio cálcico (An27-19), com teores de Or variando de 0,6 a 2,3%. As biotitas são ferromagnesianas, com ligeira dominância de Fe sobre Mg (Fe/[Fe+Mg] variando de 0,54 a 0,59) e os epidotos analisados apresentam teores de pistacita que variam de 23 a 27,6%, situados em sua maioria no intervalo de epidotos magmáticos. Estudos litogeoquimicos identificaram duas composições distintas: uma de afinidade trondhjemitica (dominante) e outra granodiorítica e cálcico-alcalina. A primeira apresenta características típicas das suítes TTG arqueanas. A última apresenta enriquecimento em LILE, especificamente K2O, Rb e Ba, quando comparada com os trondhjemitos dominantes, mas ainda preserva alguns aspectos afins das associações TTG arqueanas. Diferentes mecanismos são propostos para explicar a origem e evolução desses dois litotipos. Os dados geoquímicos são inconsistentes com as hipóteses de diferenciação desses dois grupos de rochas por meio de processos de cristalização fracionada a partir de magma tonalítico/trondhjemítico ou derivação dos granodioritos por anatexia das rochas TTG dominantes. Os tonalitos e trondhjemitos exibem afinidade com os grupos de TTG de alta razão La/Yb e Sr/Y da Província Carajás, sugerindo que foram derivados de fontes à base de granada anfibolitos em altas pressões (ca. 1,5 GPa), ou no mínimo apresentam uma evolução magmática controlada pelo fracionamento de granada, fato normalmente admitido para os TTG arqueanos. O estudo comparativo apontou maiores similaridades entre os TTG estudados e o Tonalito Mariazinha e o Trondhjemito Mogno, do Domínio Rio Maria, e com o Trondhjemito Colorado e, em menor grau, Trondhjemito Rio Verde, do Domínio Carajás. As características geoquímicas particulares das rochas granodioríticas podem ser devidas à contaminação de magmas ou rochas TTG a partir de metassomatismo litosférico ou à assimilação de sedimentos oriundos da crosta oceânica em subducção durante a gênese do liquido trondhjemítico. Em ambas as hipóteses, haveria a preservação de parte das características de associações TTG. As associações arqueanas identificadas neste trabalho implicam existência expressiva de rochas TTG no Subdomínio de Transição. Esse fato tende a fortalecer a hipótese de que o Subdomínio de Transição representa uma extensão do Domínio Rio Maria, mas afetado por eventos de retrabalhamento crustal durante o Neoarqueano. Na porção leste da área ocorrem pequenos corpos monzograníticos alongados segundo E-W, claramente condicionados por cisalhamentos. Suas rochas apresentam texturas miloníticas, caracterizadas por porfiroclastos de feldspatos com formas amendoadas, contornados principalmente por micas e quartzo recristalizados. Apresentam assinaturas geoquímicas de granitos tipo-A reduzidos e são similares aos granitos da Suíte Planalto, da área de Canaã dos Carajás. Rochas máficas afloram restritamente na porção centro-norte da área na forma de blocos. São rochas com textura dominantemente granoblástica, com arranjos em mosaico, constituídas basicamente por anfibólio e plagioclásio, com quartzo e biotita subordinados. Na porção norte da área mapeada foi identificado um corpo de granito isotrópico, sem deformação expressiva, com texturas rapakivi localizadas. Apresenta relevo de colinas suaves, com padrão morfológico distinto dos granitóides arqueanos. Este corpo granítico foi correlacionado aos granitos tipo-A paleoproterozoicos, representados no Domínio Carajás pela Suíte Serra dos Carajás e pelo Granito Rio Branco. Esses granitos não são objeto desta pesquisa e, portanto, não foram estudados em maior detalhe.
  • CAMILA DO CARMO PEREIRA EVANGELISTA
  • APLICAÇÃO DA CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA NA INVESTIGAÇÃO DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS EM TESTEMUNHOS SEDIMENTARES
  • Data: Jul 31, 2013
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  • Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) são compostos orgânicos originários de fontes naturais e antrópicas e, por apresentarem potencial carcinogênico e mutagênico, são considerados poluentes prioritários por agências ambientais. Desta forma, métodos analíticos para investigação de tais compostos que sejam rápidos e de baixo custo são de relevância considerável para o monitoramento ambiental. O presente trabalho teve como objetivos otimizar um método analítico para HPAs utilizando cromatografia líquida com detecção por arranjo de diodos (HPLC-DAD) e aplicar em testemunho sedimentar de região estuarina. Para otimização e avaliação do método, uma coluna sedimentar de 46 cm de comprimento foi coletada na foz do Rio Tucunduba (Belém, Pará) e seccionada em porções de 2 cm (subamostras). Após secagem, 30 g de cada porção foram extraídos com mistura de diclorometano em acetona (1:1) em ultrassom por 40 min. Os extratos obtidos foram centrifugados, purificados em sílica-gel, adaptação em funil necessária principalmente para reter partículas finas, e em seguida concentrados em rotaevaporador à vácuo e, por fim, filtrados com membrana de nylon 0,22 µm antes da injeção no HPLC. Amostras fortificadas com padrões analíticos de 16 HPAs e brancos também foram processados da mesma maneira. Um conjunto de parâmetros para validação do método foi investigado e observou-se: (1) boa linearidade: as curvas de calibração (analíticas) apresentaram coeficientes de correlação elevadas; (2) precisão adequada: obteve-se desvio padrão relativo dentro do aceitável, sendo o mínimo de 2,1% para acenaftileno e máximo de 19,7% para o fluoranteno; (3) limites de detecção baixos: entre 0,004 a 1,085 ng g-1, viabilizando análises em concentrações reais in situ; (4) recuperação adequada para traços: sendo a mínima de 40,0% para o acenaftileno e máxima de 103,1% para o benzo(k)fluoranteno. As concentrações de HPAs totais variaram nas seções do testemunho sedimentar entre 60,77 - 783,3 ng g-1 de sedimento seco. O método otimizado mostrou-se vantajoso com relação aos tradicionais que utilizam extrator soxhlet e colunas de adsorventes para purificação de extratos por minimizar o tempo de extração e reduzir custos com uso de volumes menores de solventes para purificação do extrato. A limitação do método, porém, foi a coeluição do criseno e do benzo(a)antraceno e a sobreposição do fluoreno e acenafteno, além da quantificação benzo(g,h,i)perileno. Essa limitação provavelmente está associada à eficiência da coluna cromatográfica disponível para a análise, que é para aplicação geral. O método mostrou-se aplicável a amostras estuarinas complexas e ricas em silte e argila. Razões diagnósticas de HPAs parentais indicam fontes petrogênicas a profundidades de 24 – 26 cm, 28 – 30 cm; e fontes pirolíticas a profundidades de 6 – 8 cm, 10 – 12 cm e 14 – 16 cm respectivamente. Palavras-chave: HPAs. Sedimento. HPLC. Validação. Otimização de metodologia.
  • MONIA MARIA CARVALHO DA SILVA
  • MINERALOGIA E QUÍMICA DE SOLO E FRAGMENTOS CERÂMICOS DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS EM SALOBO, CARAJÁS-PA
  • Data: Jul 31, 2013
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  • Muitos sítios arqueológicos da Amazônia se caracterizam por apresentar solos tipo Terra Preta geralmente denominada de Terra Preta Arqueológica (TPA), em que os principais registros de ocupação humana pré-histórica estão representados pelos mais comuns materiais do seu cotidiano como fragmentos cerâmicos (FCs), artefatos líticos e carvão. Os solos TPA se destacam pela alta fertilidade conferida pelos teores elevados de nutrientes, como Ca, Mg, Na, K Mn, Zn e P, um destaque quando comparados com os solos dominantemente pobres da Amazônia. Entre as várias regiões ricas em sítios arqueológicos com TPA encontra-se a Província Mineral de Carajás, mais especificamente a área de domínio da mina de cobre de Salobo, os quais estão situados nas encostas de vales e até mesmo no topo da serra. Nesta região foram realizados estudos de campo por pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi, que delimitaram dois sítios arqueológicos, um denominado Cachorro Cego, contendo TPA, e o sítio Orlando, embora ricos em FCs apresenta-se desprovido de TPA na sua composição. Dentre os dois sítios, o Cachorro Cego foi selecionado para avaliar a contribuição dos FCs sobre os solos, em especial os TPA sobre a química dos fragmentos cerâmicos, principalmente no que concerne o conteúdo de fósforo. Para este fim foram selecionadas 14 amostras de FCs coletados nos dois sítios investigados, bem como seis amostras de solos restritos ao Cachorro Cego provenientes de cada ponto onde as cerâmicas foram extraídas. As cerâmicas coletadas foram previamente limpas, pulverizadas e posteriormente submetidas para análises mineralógicas por DRX e microscopia óptica, análise químicas totais por ICP-MS e ICP-OES via fusão alcalina, microscopia óptica de varredura e análise de fertilidade. Essas mesmas técnicas analíticas foram empregadas nas amostras de solo, com exceção da microscopia óptica e eletrônica. Os resultados obtidos indicam similaridade tanto na composição química quanto na mineralogia nos FCs dos dois sítios investigados. Os FCs são constituídos de quartzo, metacaulinita e albita como minerais principais, um fundo matricial representado por material amorfo, equivalente a metacaulinita, além de microclínio e muscovita como minerais acessórios. As análises destacam os teores elevados de SiO2, Al2O3 e Na2O, além de MgO, CaO e K2O em menores proporções. Os teores de Fe2O3, de 5,26% no Cachorro Cego e 5,8% no Orlando não mostraram correspondência com oxido-hidróxidos de ferro (goethita e hematita, quiçá maghemita), encontrados em FCs de outros sítios. A concentração do P2O5 é inferior a 0,5%, igualmente nos dois sítios, contrastando com os valores observados na maioria dos sítios TPA. Dentre os elementos traço analisados, apenas Y, Zr, Th, Cu, Ga e U se destacam com valores acima da média crustal, nos dois sítios estudados. Os elementos terras raras quando normalizados aos condritos apresentaram enriquecimento em ETRL com sutil anomalia positiva de Ce e negativa de Eu. Em termos de fertilidade os FCs de Cachorro Cego se destacam pelos altos níveis de Ca disponível e P disponível correspondendo a (57,02 mg/dm3 e 2,44 cmol/dm3) contra Orlando (13,47 mg/dm3 e 1,79 cmol/dm3). No entanto Orlando se destaca em K disponível (0,77 cmol/dm3) e Mg disponível, (1,05 cmol/dm3) contra 0,42 cmol/dm3 e 0,63 cmol/dm3 respectivamente. Os solos de Cachorro Cego variam de textura de franco siltosa a franco arenosa, constituídos predominantemente por quartzo e caulinita, com anatásio e hematita em menor proporção, espelhando-se na abundância de SiO2 e Al2O3, com menor conteúdo de Fe2O3 e TiO2. O conteúdo de K2O, Na2O, MgO e CaO é muito baixo. A média dos nutrientes disponibilizado pelo solo foi de 33,49 mg.Kg-1 para P, 55,88 mg.Kg-1 para Na+, 59,12 mg. Kg-1 para K+, 75,9 mg.Kg-1 para Mg2+ e 835,7 mg.Kg-1 para Ca2+, dados que confirmam a assinatura TPA. Os FCs dos dois sítios são, portanto similares tanto na sua composição química quanto mineralogia, os teores de nutrientes como Ca, Mg, K, Na apresentaram conteúdos próximos exceto P, mais elevados na TPA. Os solos de Cachorro Cego são comparáveis a outros sítios Amazônicos, tanto na mineralogia, química, granulometria quanto na fertilidade. Aparentemente os FCs contribuíram com a fertilidade do solo TPA, a exemplo de Cachorro Cego. Palavras- Chave: Terra Preta. Sítio Arqueológico. Cerâmica. Fósforo.
  • MAX DE JESUS PEREIRA DOS SANTOS
  • GEOLOGIA, PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DE ASSOCIAÇÕES GRANITOIDES DA REGIÃO DE ÁGUA AZUL DO NORTE-OURILÂNDIA DO NORTE, PROVÍNCIA CARAJÁS
  • Data: Jul 29, 2013
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  • Na região compreendida entre as localidades de Água Azul do Norte-Ourilândia do Norte, sudeste do Cráton Amazônico, foram estudada rochas granodioríticas e trondhjemíticas arqueanas. As rochas granodioríticas são representadas por: (1) Anfibólio-biotita granodioritos (ABGrd), com bandamento composicional bem definido, foliação principal NW-SE a WNW-ESSE concordante com a foliação regional, enclaves máficos centimétricos a métricos, coloração esverdeada em decorrência da forte saussuritização dos plagioclásios, e hornblenda, biotita e epidoto magmático como principais fases máficas. MgO, TiO2, CaO, P2O5, Al2O3 e FeOt decrescem e Na2O e K2O tendem a aumentar paralelamente com a SiO2. Mostram teores elevados de Ni, Cr e #Mg, similarmente ao observado nos sanukitoides Rio Maria. Datação pelo método Pb-Pb em zircão forneceu idade de cristalização de 2875±2 Ma para essas rochas, similar àquelas das rochas sanukitoides Rio Maria (~ 2,87 Ga). (2) Biotita granodioritos (BGrd), texturalmente distintos dos ABGrd e isentos de anfibólio, saussuritização dos plagioclásios e epidoto magmático. Geoquimicamente se afastam dos ABGrd e dos sanukitoides Rio Maria, mostram padrão mais fracionado dos ETR e ETRP e anomalia negativa de Eu mais pronunciada em relação aos ABGrd. Datações Pb-Pb em zircão forneceram idade de cristalização de 2884±3 Ma. Tais dados afastam a possibilidade dos BGrd serem uma fácies mais evoluída dos ABGrd. (3) Leucogranodioritos-granitos (LGrdG) pouco deformados, contendo fenocristais de plagioclásio e álcali-feldspato e biotita como principal fase máfica. Mostram assinatura cálcico-alcalina, caráter fracamente peraluminoso e plotam no campo das rochas de baixo a médio-K; em termos de elementos maiores, menores e traço, incluindo os ETR, apresentam muitas semelhanças com as rochas da Suíte Guarantã. As rochas trondhjemíticas, classificadas como Biotita-epidoto trondhjemitos (BEpTrd), possuem bandamento composicional, foliação NE-SW dominante e saussuritização intensa dos plagioclásios. Geoquimicamente assemelham-se às rochas do Trondhjemito Mogno, apresentando, inclusive, altas razões La/Yb, Sr/Y e Nb/Ta, o que sugere pressões superiores a 1,5 Gpa para seu magma gerador. O trabalho desenvolvido admite que os ABGrd estudados pertencem à Suíte Sanukitoide Rio Maria e que esta tem continuidade, pelo menos, até a localidade de Ourilândia do Norte; os BGrd que ocorrem em contato direto com os ABGrd não correspondem a uma fácies mais evoluída destes e representam, provavelmente, uma outra unidade geológica; os LGrdG e os BEpTrd apresentam características petrográficas e geoquímicas que permitem correlacioná-los, respectivamente, à Suíte Guarantã e ao Trondhjemito Mogno, ambos pertencentes ao Terreno Granito-Greenstone de Rio Maria. Palavras-chave: Água Azul do Norte, Granodioritos, Trondhjemitos, Sanukitoides.
  • MAYARA FRAEDA BARBOSA TEIXEIRA
  • GEOLOGIA, PETROGRAFIA E GEOQUÍMICA DOS GRANITÓIDES ARQUEANOS DE SAPUCAIA – PROVÍNCIA CARAJÁS-PA
  • Data: Jul 18, 2013
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  • Os estudos geológicos desenvolvidos na porção leste do Subdomínio de Transição, Província Carajás, a sul da cidade de Canaã dos Carajás e a norte de Sapucaia, permitiram a identificação, individualização e caracterização de uma diversidade de unidades arqueanas, anteriormente englobadas no Complexo Xingu. A unidade mais antiga da área compreende anfibólio tonalitos correlacionados ao Tonalito São Carlos (~2,92 Ga), com foliação orientada segundo NW-SE a E-W, ou, por vezes, aspecto homogêneo. Geoquimicamente, diferem das típicas associações tonalito-trondhjemito-granodiorito (TTG) arqueanas por apresentarem enriquecimento em TiO2, MgO e CaO, baixos teores de Sr e similares de Rb para amostras com menores teores de sílica, que se refletem em razões Rb/Sr mais elevadas e Sr/Ba mais baixas. Os padrões dos ETR mostram baixo a moderado fracionamento de ETR pesados em relação aos leves, e anomalias negativas de Eu discretas ou moderadas. Seguindo na estratigrafia, e também como a unidade de maior expressão na área, ocorrem rochas de afinidade TTG correspondentes ao Trodhjemito Colorado (~2,87 Ga), intensamente deformadas, com foliações NW-SE a E-W. Intrusivos nesta unidade, ao sul da área, aflora um corpo de aproximadamente 40 km2, de rochas de composição leucogranodiorítica porfirítica denominados de Leucogranodiorito Pantanal, e seccionado em sua porção oeste por leucogranitos deformados de composição monzogranítica. O Leucogranodiorito Pantanal têm afinidade cálcio-alcalina peraluminosa, enriquecimento em Ba e Sr, e padrões de ETR sem anomalias expressivas de Eu e com acentuado fracionamento de ETRP, que refletem em altas razões La/Yb semelhante com a Suíte Guarantã (~2,87 Ga) do Domínio Rio Maria. Os leucogranitos revelam assinatura geoquímica de granitos tipo-A reduzidos, possivelmente, originados a partir da fusão desidratada de rochas cálcico-alcalinas peraluminosas durante o Neoarqueano. Além dessas unidades, na porção leste do Leucogranodiorito Pantanal, hornblenda-biotita granito neoarquenos tipo-A oxidados da Suíte Vila Jussara. Ainda correlacionáveis ao magmatismo subalcalino neoarqueano, na porção norte, ocorrem dois stocks graniticos. São tonalitos a granodioritos com assinatura geoquímica de granitos tipo-A oxidados similares a Suíte Vila Jussara, e monzogranitos com assinatura de granitos tipo-A reduzidos que se assemelham a Suíte Planalto. Ao norte da área ocorre uma associação máfico-enderbitica composta de hornblenda-noritos, piroxênio-hornblenda-gabros, piroxênio-hornblenda-monzonito, hornblenda-gabros, anfibolitos e enderbitos. Essas rochas estão intensamente deformadas e recristalizadas, provavelmente por retrometamorfismo na presença de água de rochas de série norítica-charnockítica de origem ígnea associada com outras variedades de rochas não necessariamente cogenéticas. Seu comportamento geoquímico sugere que os hornblenda-norito, hornblenda-gabros e anfibolitos são toleíticos subalcalinos, enquanto que os enderbitos, piroxênio-hornblenda-gabro e piroxênio-hornblenda-monzonito têm assinatura cálcico-alcalina. As baixas razões La/Yb das rochas máficas indicam baixo grau de fracionamento, enquanto que as altas razões La/Yb dos enderbitos é indicativo de fracionamento expressivo dos ETR pesados durante a formação ou diferenciação dos seus magmas, e a concavidade no padrão de ETR pesados, indica provável influência de fracionamento de anfibólio durante sua evolução. Na porção central e centro-norte da área ocorrem biotita-monzogranitos peraluminosos, de assinatura cálcio-alcalina, que podem ser desdobrados em dois grupos geoquímicos distindo. Um tem altas razões Sr/Y e (La/Yb)n, mostram possível afinidade com o Granito Bom Jesus da área de Canaã dos Carajás. O outro tem mais baixa razão (La/Yb)n se aproxima mais do Granito Serra Dourada e do Granito Cruzadão também da área de Canaã dos Carajás. Essa comparação deverá ser aprofundada com dados geocronológicos e maior número de amostras. Palavras chave: Granitoides arqueanos, Associação máfico-enderbitica, Granitos Subalcalinos, Subdomínio de Transição, Província Carajás.
  • CHRYSTOPHE RONAIB PEIXOTO DA SILVA
  • GEOLOGIA, PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA DAS ASSOCIAÇÕES TTGs E LEUCOGRANODIORITOS DO EXTREMO NORTE DO DOMÍNIO RIO MARIA PROVÍNCIA CARAJÁS
  • Advisor : DAVIS CARVALHO DE OLIVEIRA
  • Data: Jun 18, 2013
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  • O mapeamento geológico realizado à sudeste de Água Azul do Norte/PA, porção norte do Domínio Rio Maria, aliado aos dados petrográficos e geoquímicos permitiram a individualização de associações TTGs e leucogranodioritos. Nesta região, os trabalhos de mapeamento foram realizados apenas em escala regional o que possibilitou a extrapolação da área de ocorrência de rochas similares ao Tonalito Caracol e Trondhjemito Mogno. Os TTGs estudados foram individualizados em duas unidades com base no conteúdo de minerais máficos, concentrações de epidoto magmático e no grau de saussuritização (descalcificação) do plagioclásio em: (1) Epidoto-Biotita Tonalito e; (2) Biotita Trondhjemito. Em geral, são rochas que apresentam foliação definida pelo bandamento composicional, localmente pode ser perturbada por dobras e bandas de cisalhamento. Suas características geoquímicas são compatíveis com os TTGs arqueanos do grupo de alto Al2O3, sendo ainda relativamente pobres em elementos ferromagnesianos, com padrões ETRP moderado a fortemente fracionados e anomalias de Eu discretas. As diferenças nas razões La/Yb e anomalia de Eu, possibilitou a discriminação de três grupos distintos de rochas: Os TTGs pertencentes ao grupo de alto La/Yb e Sr/Y são similares às rochas do Trondhjemito Mogno, descritos no Domínio Rio Maria. Estas rochas incluem a maioria das amostras da unidade Biotita Trondhjemito. No caso dos TTGs com médio a baixo La/Yb e Sr/Y quando comparadas com as rochas do Domínio Rio Maria possuem forte correlação com o Tonalito Caracol. Estes grupos são compostos principalmente pela unidade Epidoto-Biotita Tonalito, incluindo também amostras isoladas do Biotita Trondhjemito. Com base nos critérios utilizados acima, os leucogranodioritos da área foram divididos em dois grupos: Biotita Granodiorito e Leucogranodiorito. As rochas do Biotita Granodiorito possuem ampla ocorrência espacial na porção oeste da área, relações de campo mostram que são intrusivas nos granitoides TTGs. Os dados geoquímicos apontam que o Biotita Granodiorito possui padrões de ETR fortemente fracionados, com alta razão La/Yb (33 – 186) e anomalia de Eu positiva (1,11 < Eu/Eu* < 3,26), enquanto os leucogranodioritos mostram padrões levemente fracionados, com moderadas razões La/Yb (24,7 – 34,7) e anomalia de Eu ausente (Eu/Eu*= 1,03). Os diagramas de Harker para elementos maiores e traços não favorecem uma ligação genética por processo de cristalização fracionada entre o Biotita Granodiorito e as associações TTGs, uma vez que apresentam trends de evolução distintos, indicando portanto que as condições de sua gênese e diferenciação foram bem diferentes, tampouco por fusão parcial de uma fonte TTG, pelo fato de não apresentar significante anomalia negativa de Eu, bem como por exibir padrões similares de fracionamento de ETR em relação aos TTGs, atestando que essas rochas provavelmente não foram oriundas de magmas precursores desses TTGs.
  • ANTONIA RAILINE DA COSTA SILVA
  • ESTUDOS ISOTÓPICOS (Pb, O, H, S) EM ZONAS ALTERADAS E MINERALIZADAS DO DEPÓSITO CUPRO-AURÍFERO VISCONDE, PROVÍNCIA MINERAL DE CARAJÁS
  • Data: Jun 5, 2013
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  • O depósito cupro-aurífero Visconde está localizado na Província Mineral de Carajás, a cerca de 15 km a leste do depósito congênere de classe mundial Sossego. Encontra-se em uma zona de cisalhamento de direção WNW-ESE, que marca o contato das rochas metavulcanossedimentares da Bacia Carajás com o mbasamento. Nessa zona ocorrem outros depósitos hidrotermais cupro-auríferos com características similares (Alvo 118, Cristalino, Jatobá, Bacaba, Bacuri, astanha), que têm sido enquadrados na classe IOCG (Iron Oxide Copper-Gold), embora muitas dúvidas ainda existam quanto a sua gênese, principalmente no que diz respeito à idade da mineralização e fontes dos fluidos, ligantes e metais. O epósito Visconde está hospedado em rochas arqueanas variavelmente cisalhadas e alteradas hidrotermalmente, as principais sendo metavulcânicas félsicas (2968 ± 5 Ma), o Granito Serra Dourada (2860 ± 22 Ma) e gabros/dioritos. Elas registram diversos tipos de alteração hidrotermal com forte controle estrutural, destacando- se as alterações sódica (albita + escapolita) e sódico-cálcica (albita + actinolita ± turmalina ± quartzo ± magnetita ± escapolita), mais precoces, que promoveram a substituição ubíqua de minerais primários das rochas e a disseminação de alcopirita, pirita, molibdenita e pentlandita. Dados isotópicos de oxigênio e idrogênio de minerais representativos desses tipos de alteração mostram que os fluidos hidrotermais foram quentes (410 – 355°C) e ricos em 18O (δ18OH2O= +4,2 a 9,4‰). Sobreveio a alteração potássica, caracterizada pela intensa biotitização das rochas, a qual ocorreu concomitantemente ao desenvolvimento de foliação milonítica, notavelmente desenhada pela orientação de palhetas de biotita, que precipitaram de fluidos com assinatura isotópica de oxigênio similar à dos estágios anteriores (δ18OH2O entre +4,8 e +7,2‰, a 355°C). Microclina e alanita são outras fases características desse estágio, além da calcopirita precipitada nos planos da foliação. A temperaturas mais baixas (230 ± 11°C), fluidos empobrecidos em 18O (δ18OH2O = -1,3 a +3,7‰) geraram associações de minerais cálcico-magnesianos (albita + epidoto + clorita ± calcita ± actinolita) que são contemporâneas à mineralização. Valores de δ18OH2O e δDH2O indicam que os fluidos hidrotermais foram inicialmente formados por águas metamórficas e formacionais, a que se misturou alguma água de fonte magmática. Nos estágios tardios, houve considerável influxo de águas superficiais. Diluição e queda da temperatura provocaram a precipitação de abundantes sulfetos (calcopirita ± bornita ±calcocita ± digenita), os quais se concentraram principalmente em brechas tectônicas  os principais corpos de minério  que chegam a conter até cerca de 60% de sulfetos. Veios constituídos por minerais sódico-cálcicos também apresentam comumente sulfetos. A associação de minerais de minério e ganga indica uma assinatura de Cu-Au-Fe-Ni-ETRL-B-P para a mineralização. Os valores de δ34S (-1,2 a +3,4‰) de sulfetos sugerem enxofre de origem magmática (proveniente da exsolução de magmas ou da dissolução de sulfetos das rochas ígneas pré-existentes) e precipitação em condições levemente oxidantes. Datação do minério por lixiviação e dissolução total de Pb em calcopirita forneceu idades de 2736 ± 100 Ma e 2729 ± 150 Ma, que indicam ser a mineralização neoarqueana e, a despeito dos altos erros, permite descartar um evento mineralizador paleoproterozoico. A idade de 2746 ± 7 Ma (MSDW=4,9; evaporação de Pb em zircão), obtida em um corpo granítico não mineralizado (correlacionado à Suíte Planalto) que ocorre na área do depósito, foi interpretada como a idade mínima da mineralização. Assim, a formação do depósito Visconde teria relação com o evento transpressivo ocorrido entre 2,76 e 2,74 Ga, responsável pela inversão da Bacia Carajás e pela geração de magmatismo granítico nos domínios Carajás e de Transição. Esse evento teria desencadeado reações de devolatilização em rochas do Supergrupo Itacaiúnas, ou mesmo, provocado a expulsão de fluidos conatos salinos aprisionados em seus intertícios. Esses fluidos teriam migrado pelas zonas de cisalhamento e reagido com as rochas (da bacia e do embasamento) pelas quais se movimentaram durante a fase dúctil. As concentrações subeconômicas do depósito Visconde devem ser resultado da ausência de grandes estruturas que teriam favorecido maior influxo de fluidos superficiais, tal como ocorreu na formação dos depósitos Sossego e Alvo 118.
  • PAULO HENRIQUE ARAUJO LIMA
  • GEOLOGIA, PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E SUSCETIBILIDADE MAGNÉTICA DO GRANITO PALEOPROTEROZÓICO SÃO JOÃO, SUDESTE DO CRÁTON AMAZÔNICO, PROVÍNCIA CARAJÁS
  • Data: Jun 4, 2013
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  • O Granito São João (GSJ) é um batólito anorogênico de formato circular, com aproximadamente 160 km² de área, que secciona unidades arqueanas pertencentes ao Terreno Granito-Greenstone de Rio Maria, sudeste do Cráton Amazônico. É constituído dominantemente por quatro fácies petrográficas distintas: biotita-anfibólio monzogranito (BAMG), biotita-anfibólio sienogranito (BASG), anfibólio-biotita monzogranito a sienogranito (ABMSG) e biotita monzogranito a sienogranito (BMSG). O GSJ possui natureza metaluminosa a fracamente peraluminosa, razões FeOt/(FeOt+MgO) entre 0,94 e 0,99 e K2O/Na2O entre 1 e 2, mostra afinidades geoquímicas com granitos intraplaca do tipo A, subtipo A2 e granitos ferrosos, sugerindo uma fonte crustal para sua origem. O GSJ possui conteúdos de ETRL mais elevados que os ETRP e um padrão sub-horizontalizado para esses últimos, além de anomalias negativas de Eu crescentes no sentido das rochas menos evoluídas para as mais evoluídas (BAMG BASG ABMSG BMSG). Os dados de suscetibilidade magnética (SM) permitiram identificar seis populações com diferentes características magnéticas, onde os valores mais elevados de SM relacionam-se às fácies menos evoluídas e os mais baixos às mais evoluídas. O estudo comparativo entre o GSJ e as suítes graníticas da Província Carajás mostra que ele apresenta maiores semelhanças geológicas, petrográficas, geoquímicas e de SM com os granitos que formam a Suíte Serra dos Carajás, podendo ser enquadrado na mesma.
  • THIAGO DE ASSIS MARTINS
  • REAPROVEITAMENTO DE LAMA VERMELHA NA OBTENÇÃO DE COMPOSTOS DO TIPO HIDROTALCITA DO SISTEMA (Zn-Ni-Cu/Fe-Al)-SO4
  • Data: Jun 4, 2013
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  • Compostos do tipo hidrotalcita, também conhecidos como hidróxidos duplos lamelares (HDLs), do sistema (Zn-Ni-Cu/Fe-Al)-SO4 foram obtidos por meio de co-precipitação a pH variável (crescente) utilizando lama vermelha (LV) como material de partida devido a sua elevada porcentagem de Fe3+ e Al3+. Para tal estudo, a LV, previamente caracterizada por FRX e DRX, foi submetida à abertura ácida com HClconc. e H2SO4 2N. Para os HDLs obtidos, foram avaliados a influência do tipo de cátion bivalente, da variação do pH de síntese (pH 5, 7, 8, 9, 10 e 12) e da variação de razão molar teórica r = MII/MIII (2, 3 e 4) na sua estrutura cristalina mediante as seguintes técnicas de caracterização: DRX, FT-IR, MEV/EDS, TG/ATD. Os resultados FRX revelaram que a LV é composta principalmente por Fe2O3 (32,80%), Al2O3 (19,83%), SiO2 (18,14%) e Na2O (11,55%). DRX corrobora os resultados da análise química, visto que foram identificados os minerais: hematita, goethita, gibbsita, sodalita, calcita, anatásio e quartzo. Zn-HDLs mostraram que a o aumento de pH de síntese colabora para um melhor ordenamento cristalino do material, uma vez que os picos se tornam melhor definidos, culminando com a melhor condição experimental em pH 9 e r = 3, cujo HDL foi identificado como o mineral natroglaucocerinita (d~11 Ǻ). Nesses valores de pH, a incorporação de SO42- no espaçamento interlamelar foi favorecida apesar da competição com o CO2 presente no ar atmosférico no momento da síntese. FT-IR também indica a presença do sulfato. As análises por MEV revelam a presença de cristais muito finos e pequenos, > 2µm, de forma hexagonal que pela análise via EDS indicaram, em sua composição, os elementos Na, Zn, Fe, Al, S, C e O. TG/ATD evidenciaram quatro etapas de perda de massa: desidratação, desidroxilação, desoxidenação e dessulfatação, para os HDLs com melhor ordenamento cristalino. Para os materiais menos cristalinos, as duas primeiras etapas ocorrem simultaneamente. Ni-HDLs apresentaram três picos com posições próximas às do mineral carrboydita a partir de pH igual a 7. No entanto, a partir de pH 9, surge hematita como uma fase acessória. Também há disputa entre os ânions SO42- e CO32- no espaço interlamelar, visto que os valores de espaçamento basal d diminuem (de aproximadamente 9,5 até 7,8 Ǻ). Tal fato também foi observado pelo FT-IR. As análises por MEV mostraram aglomerados de minerais anédricos menores que 2µm que, via EDS indicaram composição Ni, Fe, Al, S, C e O. As análises de TG/ATD apresentaram o mesmo comportamento do sistema anterior, evidenciaram as etapas de desidratação, desidroxilação, desoxigenação e dessulfatação e, para os materiais menos cristalinos, as duas primeiras etapas também ocorrem simultaneamente. Cu-HDLs, em valores de pH entre 7 e 10, não cristalizaram a fase HDL tal qual verificada para os sistemas contendo zinco ou níquel. O cobre distorce a estrutura do octaedro causando o chamado Efeito Jahn-Teller: distorção tetraédrica no ambiente octaédrico. As análises por FT-IR apresentaram o mesmo comportamento dos sistemas anteriores, apesar de o material se apresentar amorfo via DRX. O MEV também revela aglomerados amorfos que, de acordo com o EDS, indicaram em sua composição os elementos Cu, Fe, Al, S, C e O. As análises de TG/ATD apresentaram o mesmo comportamento que os materiais menos cristalinos dos dois sistemas anteriores, para os quais as etapas de desidratação e desidroxilação ocorreram simultaneamente. Mt-HDLs (mistura de Zn2+, Ni2+, Cu2+), apresentaram comportamento semelhante aos HDLs de níquel, com quatro picos em posições próximas aos da carrboydita a partir de pH igual a 7. A disputa entre sulfato e carbonato também se repete, visto que os valores de espaçamento basal d diminuem (de aproximadamente 9,5 até 7,9 Ǻ), o que também pode ser notado nos espectros de FT-IR. O MEV dessas amostras também apresentaram aglomerados com tamanhos menores que 2µm e, via EDS, indicaram em sua composição os elementos Zn, Cu, Ni, Fe, Al, S, C e O. Aqui também o comportamento das curvas TG/ATD foi semelhante aos materiais pouco cristalinos obtidos anteriormente.
  • RAQUEL ARANHA DE MENEZES
  • SÍNTESE DE PIGMENTOS ZEOLÍTICOS A PARTIR DE ZEÓLITA A DERIVADA DE REJEITO DE CAULIM DA AMAZÔNIA
  • Data: Mar 13, 2013
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  • Pigmentos tipo ultramar foram sintetizados com sucesso a partir de zeólita NaA derivada de caulim e rejeito de caulim. Tal rejeito tem sido uma excelente fonte de silício e alumínio na síntese de zeólitas, por ser uma matéria-prima “natural” com alta concentração de caulinita e baixos teores de impurezas, além do menor custo em comparação àquelas matérias-primas industrializadas. A zeólita NaA derivada de tal rejeito apresenta características estruturais favoráveis a síntese de pigmentos ultramar, sua estrutura encapsula as espécies de enxofre formadas, que agem como cromóforos, e impedem que essas espécies se oxidem e seja liberado elevados teores de gases tóxicos durante a reação. Zeólita NaA foi misturada com enxofre e carbonato de sódio em diferentes proporções com o objetivo de verificar a influência dessa variação na cor e na tonalidade dos pigmentos. Após calcinação a 500 °C por 5 horas os produtos foram caracterizados por DRX, FRX e Raman, além da classificação visual por cor e tonalidade por meio de fotografias. O resultado foi produtos com coloração que variaram do azul ao verde com diferentes tonalidades, ambas influenciadas pela quantidade de aditivos, pela taxa de resfriamento após calcinação e pela granulometria. Assim, pode-se dizer que quantidades diferentes dos mesmos aditivos na mesma matriz zeolítica proporcionam aumento de intensidade da cor, que a taxa de resfriamento após calcinação e granulometria da matriz zeolítica provoca mudança da cor. A partir de DRX foi observado que a estrutura da zeólita NaA não é transformada para o tipo sodalita, como normalmente observado na literatura. Por espectroscopia Raman foram identificadas as espécies de enxofre responsáveis pela coloração no pigmento zeolítico, sendo: S6 2- o responsável pela cor amarela e o S3 - pela cor azul, e que a mistura dos dois resultou na cor verde, que predominou nesse trabalho. Por fim, o aproveitamento de rejeito de caulim na produção de pigmentos zeolíticos parece ser uma boa proposta de produção sustentável.
  • CLEBER EDUARDO NERI RABELO
  • PALEOAMBIENTE DA FORMAÇÃO MOSQUITO E A IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DESÉRTICO ÚMIDO DA FORMAÇÃO CORDA, JURÁSSICO SUPERIOR, CENTRO-OESTE DA BACIA DO PARNAÍBA
  • Data: Mar 6, 2013
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  • O Mesozóico foi marcado por mudanças geológicas significativas, decorrentes de soerguimentos resultante da orogenia Gonduanide, que possibilitou a implantação de sistemas desérticos concomitantemente com expressivos eventos magmáticos. Na Bacia do Parnaíba, Nordeste do Brasil, estes eventos estão registrados nas unidades siliciclásticas do Triássico, os arenitos da Formação Sambaíba, representadas pelos derrames basálticos e arenitos fluviais e eólicos subordinados da Formação Mosquito e pelos arenitos flúvio-eólicos da Formação Corda. O estudo de fácies e estratigráfico realizado em afloramentos e testemunhos de sondagem na região entre Formosa da Serra Negra e Montes Altos, Estado do Maranhão, possibilitou reconstituir o paleoambiente do topo da Formação Mosquito e da Formação Corda, e inferir condições paleoclimáticas para a porção centro-oeste da Bacia do Parnaíba durante o Jurássico. Foram identificadas vinte fácies sedimentares agrupadas em cinco associações de fácies (AF) representativas de uma planície vulcânica com depósitos fluviais esporádicos e arenitos eólicos subordinados (AF1-Formação Mosquito), sucedida pela instalação de um sistema desértico úmido (AF2-AF5; Formação Corda). A planície vulcânica (AF1) constitui derrames basálticos intercalados com arenitos finos a grossos (arenitos intertrap) compostos por grãos arredondados a subangulosos de quartzo, feldspatos e fragmentos de vidro vulcânico. Os arenitos apresentam estratificações plano-paralela e cruzada de baixo ângulo, preenchendo geometria de canal ou em corpos tabulares. Depósitos de canal fluvial entrelaçado (AF2) consistem em conglomerados polimíticos, com grânulos e seixos subarredondados a angulosos de basalto, e arenitos grossos com estratificação cruzada acanalada e acamamento aciço. Os lençóis arenosos (AF3) foram divididos em dois elementos arquiteturais (EA), o primeiro (EA1) consistem em arenitos finos a muitos com geometria tabular e estruturas de deformação, o segundo (EA2) é composto por arenito fino a grosso com estratificação cruzada acanalada e laminação cruzada cavalgante, gutter cast de pequeno porte. O campo de dunas (AF4) foi subdividido em dois conjuntos de fácies (C), o primeiro (CI) é caracterizado por arenitos com estratificações cruzadas tabular e tangencial de pequeno a médio porte, estratificação planoparalela e laminação cruzada cavalgante transladante subcrítica. O segundo (CII) consiste de arenitos finos a médios, moderadamente selecionados, laminação ondulada e estruturas de adesão e gretas de contração com rip-up clast, curled mud flakes, forma ciclos de raseamento centimétricos, com topo marcado por horizontes mosqueados, ricos em óxido/hidróxido de ferro, bioturbações e gretas de contração, interpretados como depósitos de interdunas úmidas. Os lobos de suspensão (AF5) consistem em arenitos finos intercalados com pelitos e arenito/pelito com estratificação cruzada complexa. A abundância de esmectita na AF4 aponta para condições de clima semiárido. No Jurássico, a região centro-oeste da Bacia do Parnaíba, foi submetida a movimentos distensivos com recorrência de derrames básicos advindos de fissuras na crosta. Durante os intervalos de aquiescência sedimentos de rios efêmeros preenchiam depressões ou espraiavam-se na planície vulcânica. O final da atividade magmática foi sucedido pela implantação do deserto Corda com campo de dunas e canais fluviais efêmeros (wadi) que retrabalharam parte da planície vulcânica e esporadicamente invadiam os lençóis arenosos. Comparado aos ergs do Permo-Triássico (Formação Sambaíba), o deserto Jurássico da Formação Corda foi mais úmido e menos extenso precedendo os sistemas fluviais e costeiros de clima mais ameno do Cretáceo da Bacia do Parnaíba.
  • FRANCISCO ROMERIO ABRANTES JUNIOR
  • A ZONA DE CONTATO ENTRE AS FORMAÇÕES MOTUCA E SAMBAÍBA, PERMO-TRIÁSSICO DA BACIA DO PARNAÍBA, REGIÕES DE FILADÉLFIA (TO), RIACHÃO (MA) E LORETO (MA).
  • Data: Feb 17, 2013
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  • O intervalo que compreende o final do Paleozóico e início do Mesozóico foi marcado por mudanças globais paleogeográficas e paleoclimáticas, em parte atribuídas a eventos catastróficos. A intensa continentalização do supercontinente Pangéia, com a implantação de extensos desertos, sucedeu os ambientes costeiros-plataformais do início do Permiano. Os registros desses eventos no norte do Brasil são encontrados nas bacias intracratônicas, particularmente na Bacia do Parnaíba, representados pela zona de contato entre as formações Motuca e Sambaíba. A Formação Motuca é constituída predominantemente por pelitos vermelhos laminados com lentes de gipsita, calcita e marga. Na porção leste da Bacia do Parnaíba, as fácies da Formação Motuca tornam-se mais arenosas com a ocorrência expressiva de arenitos com estratificação cruzada sigmoidal. A Formação Sambaíba consiste em arenitos de coloração creme alaranjada com estratificação plano-paralela e estratificação cruzada de médio a grande porte. Em geral, o contato entre as unidades é brusco, representado pela passagem de arenitos finos com laminação cruzada cavalgante e acamamento flaser/wavy da Formação Motuca para arenitos médios com falhas/microfalhas sinsedimentares e laminações convolutas da Formação Sambaíba. Foram individualizadas 14 fácies sedimentares, agrupadas em quatro associações: AF1 – Lacustre raso / Planície de lama (mudflat), AF2 – “Panela” salina (saline pan), AF3 – Lençol de areia e AF4 – Campo de dunas. A AF1 foi depositada dominantemente por processos de decantação em um extenso ambiente lacustre raso de baixa energia, influenciado por influxos esporádicos de areias oriundos de rios efêmeros. Este sistema lacustre foi, provavelmente, influenciado por períodos de contração e expansão, devido às variações das condições climáticas predominantemente áridas. Os mais expressivos períodos de contração ocorreram na porção oeste da Bacia do Parnaíba, representados pelo desenvolvimento de planícies de lama (mudflats) associadas a lagoas efêmeras saturadas em carbonatos e a “panelas” salinas (saline pans- AF2). Os lençóis de areia (AF3) são planícies arenosas extensas, localmente com área úmidas, intensamente retrabalhadas por processos eólicos. A AF4 é interpretada como parte de um erg composto por dunas/draas em zona saturada em areia, com interdunas secas subordinadas. Intervalos deformados lateralmente contínuos por centenas de quilômetros ocorrem na zona de contato entre as formações Motuca e Sambaíba. Pelitos com camadas contorcidas e brechadas (Formação Motuca) e arenitos com falhas/microfalhas sinsedimentares, laminação convoluta e diques de injeção preenchidos por argilitos (Formação Sambaíba) são interpretados como sismitos induzidos por terremotos de alta magnitude (>8 na escala Ritcher). Anomalias geoquímicas de elementos traços como Mn, Cr, Co, Cu e Ni na zona de contato entre as formações, juntamente com a presença de micropartículas de composição metálica na matriz argilosa dos sismitos, corroboram com impactos de meteoritos no limite Permo-Triássico, possivelmente do astroblema Riachão.
  • YURI SOUZA FRIAES
  • DINÂMICA DA VEGETAÇÃO DA REGIÃO DE HUMAITÁ-AM DURANTE O PLEISTOCENO TARDIO E O HOLOCENO
  • Data: Jan 30, 2013
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  • A dinâmica da vegetação oeste da Amazônia durante os últimos 42000 anos AP foi estudada por pólen, fácies sedimentares, datação por 14C, δ13C e C/N. Dois testemunhos foram coletados, o primeiro próximo da cidade de Humaitá no sul do Estado do Amazonas e o segundo nas proximidades de Porto velho, norte de Rondônia. Os pontos de amostragem estão localizados em uma região coberta por campos naturais e vegetação de floresta tropical, respectivamente. Os sedimentos depositados são predominantemente compostos por areia compacta, lama e areia com estratificação heterolítica, lama laminada e compacta representando sedimentos acumulados em um canal ativo, planície aluvial e lago em ferradura representando os ambientes sedimentares. Nessa configuração, as condições subaquáticas são desenvolvidas em um ambiente de baixa energia, favorecendo localmente a preservação da comunidade de grãos de pólen de vegetação herbácea e de floresta glacial representado principalmente por Alnus, Drymis, Hedyosmum, Podocarpus e Weinmannia com ocorrência entre > 42.033 – 43.168 cal anos AP e 34.804 – 35.584 cal anos AP. A vegetação arbórea e herbácea formam um ecótono que persiste do Holoceno Inferior ao Médio, enquanto a assembleia de vegetação adaptada ao frio se extingue. Os resultados desse trabalho sugerem a presença de uma significativa população de plantas de origem glacial nas planícies baixas do leste da Amazônia antes do Máximo Glacial Pleistocênico, as quais, na atualidade estão restritas aos Andes (2000-3000 m), sugerindo que nesse intervalo de tempo podem ter ocorrido temperaturas com valores inferiores aos que foram propostos para essa região.
  • LILIANE NOGUEIRA DA SILVA
  • DESENVOLVIMENTO DE PROCESSO DE SÍNTESE DE SODALITA A PARTIR DE REJEITOS DE CAULINS DA REGIÃO AMAZÔNICA
  • Data: Jan 17, 2013
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  • Mapeamento geológico, seguido de estudos petrográficos e geoquímicos, realizado nas proximidades de Vila Jussara, localidade situada a sul de Canaã dos Carajás, no Subdomínio de Transição da Província Carajás, permitiu avanço expressivo na caracterização de granitóides arqueanos anteriormente englobados no Complexo Xingu. A unidade mais antiga identificada na área possui idade mesoarqueana, é formada por hornblenda-biotita tonalitos e foi denominada de Tonalito São Carlos. Segue-se na estratigrafia, uma associação TTG mesoarqueana tonalítica-trondhjemítica-granodiorítica (Trondhjemito Colorado) e Leucogranodioritos, distintos daqueles associados aos TTG, ainda sem denominação e idade definida. Além desses, possuem importante distribuição na área estudada corpos granitóides neoarqueanos (ca. 2,74-2,73 Ga.), anteriormente correlacionados à Suíte Planalto e designados informalmente neste trabalho como Granitóides Vila Jussara. Diques máficos seccionam todas as unidades anteriores. O Tonalito São Carlos e Trondhjemito Colorado foram o alvo principal desta pesquisa, sendo, portanto, discutidos com maior profundidade. Os Leucogranodioritos e os Granitóides Vila Jussara tiveram uma caracterização petrográfica e geoquímica mais sucinta porque são objeto de estudo de outros pesquisadores. O principal objetivo em relação a essas unidades foi verificar sua afinidade petrográfica e geoquímica, e compará-las com as duas unidades tonalíticas estudadas. Isso era particularmente relevante no caso dos Granitóides Vila Jussara porque apresentam termos granodioríticos a tonalíticos passíveis de confusão com as rochas das duas associações tonalíticas. O Tonalito São Carlos possui características peculiares, como foliação de direção NE-SW a N-S, discordante do trend regional, e é composto por anfibólio-biotita tonalitos, com marcante recristalização dos cristais de plagioclásio e quartzo. Forneceu idade de ~2,93 Ga. (Pb-Pb por evaporação em zircão; Guimarães em preparação). Geoquimicamente diverge do Trondhjemito Colorado por ser comparativamente empobrecido em sílica e enriquecido em TiO2, Fe2O3, MgO, CaO e P2O5. Possui baixo fracionamento de elementos terras raras (ETR) pesados e anomalias de Eu discretas a ausentes. Suas características não permitem associa-lo com as típicas suítes TTGs arqueanas, tampouco à suíte Sanukitóide Rio Maria. Diverge igualmente do Trondhjemito Bom Jardim e Suíte Pedra Branca, mas apresenta afinidade geoquímica com as variedades portadoras de anfibólio do Complexo Tonalítico Campina Verde da área de Canaã dos Carajás do Subdomínio de Transição. O Trondhjemito Colorado possui bandamento composicional e foliação com orientação E-W a NW-SE, localmente N-S, com mergulhos fortes. São rochas bastante homogêneas petrograficamente, formadas por biotita tonalitos/trondhjemitos e, subordinadamente, granodioritos, compostos essencialmente por quartzo e plagioclásio, tendo biotita e epidoto como principais ferromagnesianos. Mostram intensa recristalização, que afeta principalmente os cristais de plagioclásio e quartzo. Suas características geoquímicas são compatíveis com aquelas dos TTGs arqueanos. Possuem conteúdo relativamente baixo de ferromagnesianos e os ETR mostram sempre marcante fracionamento de ETR pesados (altas razões [La/Yb]n) e, ora anomalias de Eu positivas, ora negativas e muito discretas ou mesmo ausentes. Essa unidade possui idade de 2,87 Ga. (Pb-Pb por evaporação em zircão). Os Leucogranodioritos exibem foliações predominantemente E-W e apresentam biotita, epidoto e muscovita como minerais varietais. Destaca-se o aspecto heterogranular dessa unidade, com fenocristais de plagioclásio e feldspato alcalino em meio a uma fina matriz recristalizada. Essa unidade encontra-se melhor exposta em área imediatamente a leste, onde está sendo estudada em maior detalhe. Dados químicos de suas rochas, indicam um caráter distinto em relação aos granodioritos da associação TTG (Trondhjemito Colorado). Os Granitóides Vila Jussara são intrusivos no Trondhjemito Colorado e no Tonalito São Carlos e formam corpos alongados preferencialmente segundo E-W na porção central da área estudada. Os granitos stricto sensu dominantes nessa unidade não foram alvo desta pesquisa. Porém, os granodioritos e tonalitos associados foram estudados devido à importância de uma clara separação entre os mesmos e granitóides mesoarqueanos de mesma classificação. Os dados petrográficos e geoquímicos demonstram que os granodioritos e tonalitos associados aos Granitóides Vila Jussara são distintos daqueles presentes no Tonalito São Carlos e Trondhjemito Colorado. Isso foi corroborado por diversas datações realizadas que confirmaram a idade neoarqueana dos primeiros (2,75 a 2,72 Ga.; Pb-Pb por evaporação em zircão; Guimarães em preparação).
2012
Description
  • PAULA ELISSA ANTONIO DE LIMA
  • METACAULIM: INVESTIGAÇÃO DA REATIVIDADE E DA CINÉTICA DE DISSOLUÇÃO DO ALUMÍNIO EM ÁCIDO SULFÚRICO
  • Data: Dec 11, 2012
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  • Um estudo da reatividade e da cinética de dissolução do metacaulim foi desenvolvido para o caulim de cobertura de papel oriundo da região do Rio Capim (Estado do Pará, norte do Brasil). O caulim foi calcinado a 600, 700, 800, 900 e 000ºC por 2 horas para obtenção do metacaulim e, posteriormente, lixiviado com ácido sulfúrico em temperaturas constantes dentro do intervalo de 50-95°C ± 3°C. Nas lixiviações foram usadas quantidades de ácido sulfúrico correspondentes a 10% acima do valor estequiométrico em relação ao alumínio presente no material. Foram coletadas amostras, com intervalos pré-determinados a cada 15 minutos até tempo total de 3 horas, as quais foram submetidas à análise de alumínio através do método titrimétrico com EDTA. O caulim e os produtos das calcinações e lixiviações foram caracterizados por análises em DRX, FRX, ATD-TG, MEV e BET além da análise granulométrica e de densidade real. Os resultados mostraram que o material de partida tratava-se de um sólido mesoporoso, no qual o processo de calcinação a 700ºC elevou o número de mesoporos do material e o processo de lixiviação sulfúrica a 95ºC promoveu a formação de um sólido microporoso com elevada área específica (297,13 m²/g) e constituído essencialmente por sílica amorfa. A calcinação a temperaturas superiores a 800ºC indicou o início do processo de consolidação de uma estrutura. A reatividade do metacaulim foi reduzida com o aumento da temperatura de calcinação na faixa estudada. A cinética de dissolução do alumínio no metacaulim, obtido por calcinação a 700ºC, seguiu os métodos de reação homogênea (Método Integral, Método das Meias-Vidas e Método das Velocidades Iniciais) e heterogênea (Modelo do Núcleo Não Reagido) utilizados. Uma energia de ativação de 96,85 kJ/mol foi encontrada bem como reação de lixiviação de primeira ordem em relação ao alumínio do metacaulim e de primeira ordem em relação à concentração ácida. Pesquisas realizadas anteriormente, utilizando excesso de um dos reagentes acima de 90%, estão em consonância com os dados encontrados neste trabalho desenvolvido com excesso de apenas 10%.
  • JOELSON LIMA SOARES
  • PALEOAMBIENTE E ISÓTOPOS DE C E O DA CAPA CARBONÁTICA DE TANGARÁ DA SERRA (MT), MARGEM SUL DO CRÁTON AMAZÔNICO
  • Data: Dec 3, 2012
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  • Rochas carbonáticas pós-glaciais de idade neoproterozóica têm sido, nas ultimas décadas, alvo de intensos debates quanto às condições climáticas e paleoceanográficas nas quais foram formadas. Estas condições do final do Neoproterozóico interferiram da forma crucial na evolução biológica do nosso planeta, pontuada por períodos de glaciações globais que alcançaram baixas latitudes. O registro pós-glacial consiste em camadas carbonáticas com estruturas sedimentares típicas que sobrepõem diretamente diamictitos glaciais. Estas capas carbonáticas foram intensamente investigadas nos últimos anos em diversos crátons pelo mundo, com base em análises geoquímicas, petrográficas, sedimentológicas e de isótopos de C e O. Esta mesma leitura foi feita para a nova ocorrência de capa carbonática no sudoeste do Cráton Amazônico, na região de Tangará da Serra, região central do Brasil, com 50m de espessura exposta na Mina de Calcário Tangará, similar àquela encontrada a 200 km a oeste, na região de Mirassol d’Oeste, correlacionada às principais capas carbonáticas do mundo. A capa carbonática de Tangará da Serra inclui duas unidades litoestratigráficas pertencentes à base do Grupo Araras, a Formação Mirassol d’Oeste composta por dolomitos microcristalinos que são recobertos por calcários intercalados com folhelhos da Formação Guia. Os dolograinstones peloidais e dolomudstones/dolopackstones rosados da Formação Mirassol d’Oeste exibem laminações plano-paralela e quasi-planar com truncamentos de baixo ângulo, por vezes, truncadas por estruturas em tubo, e passam verticalmente para acamamento de megamarca ondulada simétrica e com laminações onduladas internas assimétricas, interpretados como depósitos de plataforma rasa a moderadamente profunda influenciados por onda. A Formação Guia consiste em margas e calcários finos com acamamentos de megamarcas onduladas, calcários arenosos com laminações onduladas assimétricas intercaladas com mudstones escuros com hidrocarbonetos, interpretados como depósitos de plataforma mista moderadamente profunda dominada por corrente e onda. Em direção ao topo, ocorrem calcários finos rico em terrígenos, intercalados com folhelhos laminados, em camadas tabulares e lateralmente contínuas por dezenas de metros exibindo marcas onduladas, leques de cristais de calcita (neomorfismo de cristais de aragonita), diques neptunianos, estruturas de escorregamento, convoluções, falhas e brechas intraformacionais (clastos de dolomitos e calcários), interpretados como depósitos de plataforma profunda e supersaturada em CaCO3. Os valores de δ13C no contato entre as formações Mirassol d’Oeste e Guia são empobrecidos (-8‰) no contato, do que ao longo da sucessão (valores próximos de -5‰ nos dolomitos e calcários). Os sinais isotópicos da base da Formação Guia podem estar alterados por processos como dolomitização e neomorfismo. Com a análise petrográfica foi possível observar que: 1) os dolomitos são menos alterados diageneticamente que os calcários, conforme os dados petrográficos e de isótopos de C (-6‰ a -5‰) e O (-6‰ a -4‰); 2) A preservação de estruturas deposicionais (laminações), poros e macropelóides, sugerem que a dolomita da Formação Mirassol d’Oeste é primária. A fonte de Mg foi provavelmente a própria água do mar e o mecanismo para a precipitação da dolomita seria a ação de bactérias redutoras de sulfato e 3) Os hidrocarbonetos são escassos nos dolomitos quando comparados com os calcários da porção superior da sucessão. A hipótese mais provável é a baixa permeabilidade dos dolomitos. Os hidrocarbonetos da Formação Guia podem ter origem nos próprios calcários/folhelhos. Cinco sucessivos eventos de deformação sinsedimentar foram reconhecidos nas duas ocorrências de capa carbonática do Neoproterozóico: 1) estruturas de sobrecarga de pequena e grande escala na zona de contato entre os sedimentos glaciogênicos e os dolomitos; 2) deslocamento de laminação estromatolítica por estruturas em tubo; 3) geração de fraturas e falhas verticais e subverticais e dobras chevron com anticlinais e sinclinais de grande escala; 4) fraturas e falhas verticais e subverticais com subsequente preenchimento de conglomerados e brechas formando diques neptunianos entre camadas sem deformação; e 5) formação de depósitos de slump e sliding na parte superior da capa calcária. Enquanto os event layers 1, 2 e 5 são inerentes ao ambiente deposicional, uma consistente orientação de estruturas deformacionais dos events layers 3 e 4 são consistentes com tectônica regional relacionados a deslocamentos extencionais e sugere terremotos como o mecanismo responsável por deformações dos sedimentos e falhamentos de massas em grande escala. Os depósitos de escorregamento seriam gerados por fluxos gravitacionais ao longo de uma rampa, causados por alta produtividade de carbonato. A capa carbonática exposta na região de Tangará da Serra registra um ambiente plataformal em rampa com um declive acentuada na margem da plataforma (distally steepened ramp) eventualmente perturbada por choques sísmicos.
  • ALICE CUNHA DA SILVA
  • GEOLOGIA, PETROGRAFIA E GEOQUÍMICA DOS GRANITÓIDES ARQUEANOS DA ÁREA DE VILA JUSSARA, PROVÍNCIA CARAJÁS
  • Data: Dec 3, 2012
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  • Mapeamento geológico, seguido de estudos petrográficos e geoquímicos, realizado nas proximidades de Vila Jussara, localidade situada a sul de Canaã dos Carajás, no Subdomínio de Transição da Província Carajás, permitiu avanço expressivo na caracterização de granitóides arqueanos anteriormente englobados no Complexo Xingu. A unidade mais antiga identificada na área possui idade mesoarqueana, é formada por hornblenda-biotita tonalitos e foi denominada de Tonalito São Carlos. Segue-se na estratigrafia, uma associação TTG mesoarqueana tonalítica-trondhjemítica-granodiorítica (Trondhjemito Colorado) e Leucogranodioritos, distintos daqueles associados aos TTG, ainda sem denominação e idade definida. Além desses, possuem importante distribuição na área estudada corpos granitóides neoarqueanos (ca. 2,74-2,73 Ga.), anteriormente correlacionados à Suíte Planalto e designados informalmente neste trabalho como Granitóides Vila Jussara. Diques máficos seccionam todas as unidades anteriores. O Tonalito São Carlos e Trondhjemito Colorado foram o alvo principal desta pesquisa, sendo, portanto, discutidos com maior profundidade. Os Leucogranodioritos e os Granitóides Vila Jussara tiveram uma caracterização petrográfica e geoquímica mais sucinta porque são objeto de estudo de outros pesquisadores. O principal objetivo em relação a essas unidades foi verificar sua afinidade petrográfica e geoquímica, e compará-las com as duas unidades tonalíticas estudadas. Isso era particularmente relevante no caso dos Granitóides Vila Jussara porque apresentam termos granodioríticos a tonalíticos passíveis de confusão com as rochas das duas associações tonalíticas. O Tonalito São Carlos possui características peculiares, como foliação de direção NE-SW a N-S, discordante do trend regional, e é composto por anfibólio-biotita tonalitos, com marcante recristalização dos cristais de plagioclásio e quartzo. Forneceu idade de ~2,93 Ga. (Pb-Pb por evaporação em zircão; Guimarães em preparação). Geoquimicamente diverge do Trondhjemito Colorado por ser comparativamente empobrecido em sílica e enriquecido em TiO2, Fe2O3, MgO, CaO e P2O5. Possui baixo fracionamento de elementos terras raras (ETR) pesados e anomalias de Eu discretas a ausentes. Suas características não permitem associa-lo com as típicas suítes TTGs arqueanas, tampouco à suíte Sanukitóide Rio Maria. Diverge igualmente do Trondhjemito Bom Jardim e Suíte Pedra Branca, mas apresenta afinidade geoquímica com as variedades portadoras de anfibólio do Complexo Tonalítico Campina Verde da área de Canaã dos Carajás do Subdomínio de Transição. O Trondhjemito Colorado possui bandamento composicional e foliação com orientação E-W a NW-SE, localmente N-S, com mergulhos fortes. São rochas bastante homogêneas petrograficamente, formadas por biotita tonalitos/trondhjemitos e, subordinadamente, granodioritos, compostos essencialmente por quartzo e plagioclásio, tendo biotita e epidoto como principais ferromagnesianos. Mostram intensa recristalização, que afeta principalmente os cristais de plagioclásio e quartzo. Suas características geoquímicas são compatíveis com aquelas dos TTGs arqueanos. Possuem conteúdo relativamente baixo de ferromagnesianos e os ETR mostram sempre marcante fracionamento de ETR pesados (altas razões [La/Yb]n) e, ora anomalias de Eu positivas, ora negativas e muito discretas ou mesmo ausentes. Essa unidade possui idade de 2,87 Ga. (Pb-Pb por evaporação em zircão). Os Leucogranodioritos exibem foliações predominantemente E-W e apresentam biotita, epidoto e muscovita como minerais varietais. Destaca-se o aspecto heterogranular dessa unidade, com fenocristais de plagioclásio e feldspato alcalino em meio a uma fina matriz recristalizada. Essa unidade encontra-se melhor exposta em área imediatamente a leste, onde está sendo estudada em maior detalhe. Dados químicos de suas rochas, indicam um caráter distinto em relação aos granodioritos da associação TTG (Trondhjemito Colorado). Os Granitóides Vila Jussara são intrusivos no Trondhjemito Colorado e no Tonalito São Carlos e formam corpos alongados preferencialmente segundo E-W na porção central da área estudada. Os granitos stricto sensu dominantes nessa unidade não foram alvo desta pesquisa. Porém, os granodioritos e tonalitos associados foram estudados devido à importância de uma clara separação entre os mesmos e granitóides mesoarqueanos de mesma classificação. Os dados petrográficos e geoquímicos demonstram que os granodioritos e tonalitos associados aos Granitóides Vila Jussara são distintos daqueles presentes no Tonalito São Carlos e Trondhjemito Colorado. Isso foi corroborado por diversas datações realizadas que confirmaram a idade neoarqueana dos primeiros (2,75 a 2,72 Ga.; Pb-Pb por evaporação em zircão; Guimarães em preparação).
  • MONALIZA MAIA REBELO
  • HIDRÓXIDOS DUPLOS LAMELARES E SÍLICA GEL A BASE DE ESCÓRIA DE ALTO FORNO, COM ÊNFASE NA APLICAÇÃO DO HDL NA CATÁLISE DO ÓLEO ESSENCIAL DE CONOBEA SCOPARIOIDES DA REGIÃO AMAZÔNICA
  • Data: Dec 3, 2012
  • Show resume
  • Hidróxidos duplos lamelares (HDLs) e sílica gel foram obtidos a partir do resíduo siderúrgico escória de alto forno (EAF), proveniente do município de Marabá-PA. A EAF quando digerida em HCl resultou em duas fases. A fase solúvel (solução EAF) foi usada para sintetizar os HDLs, enquanto a fase sólida foi caracterizada por diferentes técnicas. Os HDLs foram sintetizados por coprecipitação a pH crescente, misturando uma solução aquosa de NaOH com a solução EAF e MgCl2.6H2O, estabelecendo uma razão molar teórica Mg/Al= 3,5. As variáveis de síntese investigadas foram a temperatura (30 e 45 ºC) e o pH (9 e 12). Os HDLs mostraram estrutura semelhante à da hidrotalcita. Os HDLs sintetizados a 30 ºC mostraram caracterísitcas do sistema Mg-Al-CO3 enquanto os sintetizados a 45 °C foram pertencentes ao sistema Mg-Al-Cl-CO3. Os valores de pH influenciaram diretamente no estrutura cristalina dos HDLs. Aqueles sintetizados em maiores valores de pH apresentaram maior grau de ordenamento estrutural e maiores valores dos parâmetros a e c da cela unitária e do espaçamento basal d(003), além de possuírem maior teor de Mg. A fase sólida resultante da digestão ácida da EAF, codificada como EAF-sílica, mostrou caráter amorfo, típico de sílica amorfa. A EAF-sílica apresentou propriedades semelhantes as das sílicas comerciais como elevada pureza, com um percentual mássico de 99,65% de SiO2, em base livre de umidade. Ela mostrou uma elevada área específica (282 m2/g); alta afinidade por água fisisorvida (12,27%) e elevada quantidade de água de constituição (6,18%). Possui partículas de tamanhos extremamente finas, formando aglomerados de tamanhos variados, alguns menores que 1 μm, com morfologia típica de material poroso. As partículas de EAF-sílica apresentaram distribuição granulométrica unimodal e boa homogeneidade, com diâmetro médio D50 das suas partículas igual a 7,0 μm. Com o propósito de encontrar uma aplicação para os HDLs à base de EAF, a hidrotalcita EAF-HDL-4, pertencente ao sistema Mg-Al-Cl- CO3, com razão molar Mg/Al: 3,2 e morfologia porosa, foi avaliada como catalisador na conversão entre os constituintes majoritários do óleo essencial de C. scoparioides, uma erva aromática da região amazônica conhecida como pataqueira. A EAF-HDL-4 mostrou forte influência na conversão entre α-felandreno, ρ-cimeno, éter metílico do timol e timol, com elevada seletividade para a formação de timol. A EAF-HDL-4 em contato com a amostra do óleo em EtOH não mostrou atividade catalítica significativa. No entanto, nas amostras do óleo em EtOH: água observou-se uma tendência decrescente do percentual de α-felandreno, ρ- cimeno e éter metílico do timol, com o aumento da quantidade de água, enquanto que o percentual do timol foi aumentado. Verificou-se que, nas amostras analisadas após o contato com a EAF-HDL-4, o percentual de timol estava acima daqueles contidos nas respectivas x amostras controle, estando acrescido de valores entre 2,69% a 86,75%. Com base nesses dados, sugere-se que a conversão entre os constituintes majoritários foi favorecida pela ação da água e catalisada pela EAF-HDL-4. Nós propomos que tanto o α-felandreno e o ρ-cimeno como o éter metílico do timol se converteram a timol, aumentando o percentual deste, que no óleo essencial de C. scoparioides era 41,62% e após o contato com o HDL passou para um percentual de até 95,02% de timol.
  • MONALIZA MAIA REBELO
  • HIDRÓXIDOS DUPLOS LAMELARES E SÍLICA GEL A BASE DE ESCÓRIA DE ALTO FORNO, COM ÊNFASE NA APLICAÇÃO DO HDL NA CATÁLISE DO ÓLEO ESSENCIAL DE CONOBEA SCOPARIOIDES DA REGIÃO AMAZÔNICA
  • Data: Dec 3, 2012
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  • Hidróxidos duplos lamelares (HDLs) e sílica gel foram obtidos a partir do resíduo siderúrgico escória de alto forno (EAF), proveniente do município de Marabá-PA. A EAF quando digerida em HCl resultou em duas fases. A fase solúvel (solução EAF) foi usada para sintetizar os HDLs, enquanto a fase sólida foi caracterizada por diferentes técnicas. Os HDLs foram sintetizados por coprecipitação a pH crescente, misturando uma solução aquosa de NaOH com a solução EAF e MgCl2.6H2O, estabelecendo uma razão molar teórica Mg/Al= 3,5. As variáveis de síntese investigadas foram a temperatura (30 e 45 ºC) e o pH (9 e 12). Os HDLs mostraram estrutura semelhante à da hidrotalcita. Os HDLs sintetizados a 30 ºC mostraram caracterísitcas do sistema Mg-Al-CO3 enquanto os sintetizados a 45 °C foram pertencentes ao sistema Mg-Al-Cl-CO3. Os valores de pH influenciaram diretamente no estrutura cristalina dos HDLs. Aqueles sintetizados em maiores valores de pH apresentaram maior grau de ordenamento estrutural e maiores valores dos parâmetros a e c da cela unitária e do espaçamento basal d(003), além de possuírem maior teor de Mg. A fase sólida resultante da digestão ácida da EAF, codificada como EAF-sílica, mostrou caráter amorfo, típico de sílica amorfa. A EAF-sílica apresentou propriedades semelhantes as das sílicas comerciais como elevada pureza, com um percentual mássico de 99,65% de SiO2, em base livre de umidade. Ela mostrou uma elevada área específica (282 m2/g); alta afinidade por água fisisorvida (12,27%) e elevada quantidade de água de constituição (6,18%). Possui partículas de tamanhos extremamente finas, formando aglomerados de tamanhos variados, alguns menores que 1 μm, com morfologia típica de material poroso. As partículas de EAF-sílica apresentaram distribuição granulométrica unimodal e boa homogeneidade, com diâmetro médio D50 das suas partículas igual a 7,0 μm. Com o propósito de encontrar uma aplicação para os HDLs à base de EAF, a hidrotalcita EAF-HDL-4, pertencente ao sistema Mg-Al-Cl- CO3, com razão molar Mg/Al: 3,2 e morfologia porosa, foi avaliada como catalisador na conversão entre os constituintes majoritários do óleo essencial de C. scoparioides, uma erva aromática da região amazônica conhecida como pataqueira. A EAF-HDL-4 mostrou forte influência na conversão entre α-felandreno, ρ-cimeno, éter metílico do timol e timol, com elevada seletividade para a formação de timol. A EAF-HDL-4 em contato com a amostra do óleo em EtOH não mostrou atividade catalítica significativa. No entanto, nas amostras do óleo em EtOH: água observou-se uma tendência decrescente do percentual de α-felandreno, ρ- cimeno e éter metílico do timol, com o aumento da quantidade de água, enquanto que o percentual do timol foi aumentado. Verificou-se que, nas amostras analisadas após o contato com a EAF-HDL-4, o percentual de timol estava acima daqueles contidos nas respectivas x amostras controle, estando acrescido de valores entre 2,69% a 86,75%. Com base nesses dados, sugere-se que a conversão entre os constituintes majoritários foi favorecida pela ação da água e catalisada pela EAF-HDL-4. Nós propomos que tanto o α-felandreno e o ρ-cimeno como o éter metílico do timol se converteram a timol, aumentando o percentual deste, que no óleo essencial de C. scoparioides era 41,62% e após o contato com o HDL passou para um percentual de até 95,02% de timol.
  • ROSELI DIAS DOS SANTOS
  • GEOLOGIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DO DIOPSÍDIO-NORITO PIUM, CANAÃ DOS CARAJÁS, PROVÍNCIA CARAJÁS
  • Data: Nov 12, 2012
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  • O Diopsídio-norito Pium que aflora entre as localidades de Vila Feitosa e Cedere III, município de Canaã dos Carajás, consiste em um corpo alongado de aproximadamente 35 km, paralelo à foliação regional E-W. É formado por rochas de composição gabróica, noritos, gabronoritos, hornblenda-gabronoritos, hornblenda-gabros e quartzo-gabros, incluindo as variedades ricas em quartzo (endertbitos). As relações de campo mostram que a variedade de composição norítica ocorre ora como enclaves angulosos e de contatos retilíneos no interior das rochas quartzo-gabróicas, evidenciando alto contraste de viscosidade entre ambas, ora como um enxame de enclaves arredondados (bubbles / autólitos) no interior da variedade hornblenda-gabro, podendo significar que os noritos são significativamente mais antigos. Os dados geoquímicos mostram que essas rochas possuem natureza sub-alcalina toleítica. Diagramas de ambiência tectônica utilizando como parâmetros o Zr e Y evidenciaram que estas amostras possuem afinidades geoquímicas com basaltos intraplaca. Estes dados, aliados aos dados petrográficos e de relações de campo, sugerem que houve um processo de evolução magmática a partir dos noritos, passando pelos quartzo-gabros até os enderbitos. Esta evolução pode ter sido comandada por um processo de diferenciação magmática, enriquecendo o líquido em SiO2, K2O, P2O5,TiO2, Ba, Sr, Rb, Zr, Nb e Y, ou por diferentes graus de fusão parcial, onde o magma de composição norítica seria a fonte do quartzo-gabro, como é sugerido pelas relações de campo. No caso da rocha cumulática, o forte enriquecimento de MgO e Fe2O3t em relação às demais, bem como o marcante empobrecimento de Al2O3, CaO e Na2O, sugerem que esta variedade foi gerada por acumulação de cristais de piroxênios, como evidenciado pelos dados modais e pela sua acentuada anomalia negativa de Eu. O leve enriquecimento dos ETRL em relação aos ETRP reflete um baixo grau de fracionamento dessas rochas. Os novos dados geocronológicos obtidos neste trabalho revelam-se completamente distintos dos dados existentes na literatura. As idades obtidas pelo método Pb-Pb por evaporação em zircão foram de 2745,2 ± 1,2 Ma para a fácies diopsídio-norito (RDM-06), 2744,5 ± 0,8 Ma para a fácies hornblenda-gabronorito (RDM10) e 2744,2 ± 1,2 Ma (CP-01A) para a fácie quartzo-gabro. Relações de coexistências entre estas variedades ainda no estado plástico reforçam a idéia deste corpo ter se formado em um único pulso magmático. As idades de cristalização obtidas para as rochas do Diopsídio-Norito Pium (2,74 Ga) sugerem que elas tenham sido formadas um pouco antes dos granitos do tipo Planalto formado entre 2736-2710 Ma. 8 As características das rochas do Diopisídio-Norito Pium sugerem ainda um ambiente extensional, associado ainda ao estágio de abertura da Bacia Carajás. As análises Sm-Nd forneceram idades modelos TDM entre 3,14 e 3,06 Ga sugerindo que as mesmas são derivadas de fontes mantelicas separadas do manto a cerca de 3,1 Ga, enquanto que os valores de εNd(t=2,74 Ga) entre –2,78 e –1,58, indicam o envolvimento de fontes crustais em sua gênese. As idades modelo confirmam um importante período de formação de crosta no mesoarqueano na Província Carajás.
  • ELEILSON OLIVEIRA GABRIEL
  • GEOLOGIA, GEOQUÍMICA E PETROLOGIA MAGNÉTICA DOS GRANITOIDES ARQUEANOS DA PORÇÃO NORDESTE DE ÁGUA AZUL DO NORTE – PROVÍNCIA CARAJÁS
  • Data: Sep 10, 2012
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  • Os estudos petrográficos e geoquímicos, aliados aos dados de mapeamento geológico realizados nos granitoides arqueanos que afloram na porção NE de Água Azul do Norte, porção sul do Domínio Carajás, permitiram caracterizar novas unidades que antes estavam inseridas no contexto geológico do Complexo Xingu. São elas: (i) os granodioritos Água Azul e Água Limpa, que são granitoides de alto-Mg que apresentam assinatura geoquímica afim das suítes sanukitoides arqueanas que ocorrem em outras áreas da Província Carajás, assim como nas Províncias Superior e Karelian; (ii) um plúton de Trondhjemito com afinidade TTG e que ainda não havia sido identificado em estudos anteriores na região estudada; (iii) três corpos de Leucogranodioritos e um de Leucogranito, todos de assinatura cálcio-alcalina e geoquimicamente similares aos leucogranodioritos-granitos da Suíte Guarantã do Domínio Rio Maria. Estas rochas são intrusivas nas sequências supracrustais do Grupo Sapucaia e ocorrem como corpos deformados e alongados em padrão estrutural E-W. Os granodioritos Água Azul e Água Limpa são compostos essencialmente por (epidoto)-anfibólio-biotita granodioritos e tonalitos com (muscovita)-(epidoto)-biotita granodioritos e monzogranitos associados. O plúton de Trondhjemito é composto por biotita trondhjemitos e biotita tonalitos, enquanto que as ocorrências de Leucogranodioritos são formadas por biotita granodioritos, e o pequeno corpo de Leucogranito por biotita monzogranitos. Os granodioritos Água Azul e Água Limpa são predominantemente metaluminosos e apresentam altos valores de #Mg, Cr, Ni, que diferem dos fornecidos por séries cálcio-alcalinas de margens continentais e TTGs e leucogranodioritos arqueanos do Domínio Rio Maria. O estudo de suscetibilidade magnética (SM) realizado nestes dois corpos mostrou valores relativamente baixos com média de 17,54x10-4 SIv para o Granodiorito Água Limpa e de 4,19x10-4 SIv para o Água Azul. As análises dos minerais opacos mostraram que a magnetita e hematita são as fases mais comuns e que a ilmenita é ausente. No Granodiorito Água Limpa a magnetita é mais abundante e desenvolvida que no Granodiorito Água Azul, justificando assim seus mais altos valores de SM. Em geral, os valores de SM e o conteúdo modal de minerais opacos aumentam no sentido das fácies menos evoluídas (anfibólio tonalitos + anfibólio granodioritos) para as mais evoluídas (biotita granodioritos + biotita monzogranitos).Em geral, as amostras mais magnéticas estão relacionas à formação de magnetita como efeito da atuação de processos deformacionais. Devido às afinidades geoquímicas e mineralógicas entre estas rochas e os sanukitoides de Rio Maria, pode-se admitir condições de fO2 entre os tampões HM e FMQ para os granitoides de Água Azul do Norte.
  • ARTUR GUSTAVO OLIVEIRA DE MIRANDA
  • HIDRODINÂMICA E TRANSPORTE DE SEDIMENTOS EM UMA ÁREA DE MANGUEZAL NA PLANÍCIE COSTEIRA DE BRAGANÇA, AMAZÔNIA ORIENTAL - BRASIL
  • Data: Sep 4, 2012
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  • Os processos físicos que ocorrem nas áreas de intermarés são de fundamental importância para o ecossistema manguezal, devido o processo de interação existente entre oceanos e estuários, com os manguezais. Os canais de maré apresentam uma das mais importantes e peculiares características dos ambientes costeiros, devido à hidrodinâmica que controla tanto o fluxo das marés quanto a morfologia do canal. Este trabalho tem como objetivo analisar e compreender o processo hidrodinâmico e a dinâmica sedimentar na Planície Costeira de Bragança, especificamente na região conhecida como Canal de Maré do Furo do Meio. Foram realizados levantamentos hidrodinâmicos, medições das propriedades físico-químicas das águas, coleta de sedimentos superficiais, topográficos e quantificação da taxa de sedimentação. Como demonstrou o presente estudo o canal de maré apresentou um fluxo bidirecional bem definido, entretanto na área vegetada pelo mangue apresentou fluxo sem padrão de direção definido, logo a variação dos valores de velocidade de corrente em ambas as unidades morfológicas variaram de acordo com a sazonalidade. A média da concentração de sólidos em suspensão (CSS), entre os meses de março a setembro, manteve-se em torno de 400 ppm no canal. Quanto à planície de maré dominada por floresta de mangue, obtivemos média de aproximadamente 21.000 ppm, enquanto que no mês de dezembro esses valores foram inferiores aos registrados nos meses anteriores, onde a máxima CSS no canal foi em torno de 270 ppm e no mangue foi de 1000 ppm. Não houve uma relação direta da CSS entre canal e o manguezal. A elevada CSS no manguezal está associada à remobilização do próprio sedimento na entrada da maré nesta área, não ocorrendo o significativo aporte sedimentar do manguezal para o canal. Alterações da cota topográfica corroboraram com valores adquiridos nas medições dos trapeadores e a variação das classes texturais dos sedimentos entre silte fino e areia fina estão associadas à variação sazonal da hidrodinâmica.
  • GABRIELA MONICE ARRUDA
  • BENEFICIAMENTO DE UMA ARGILA TIPO PALYGORSKITA DA BACIA DE SÃO LUIS-GRAJAÚ, REGIÃO DE ALCÂNTARA (MA) E SUA UTILIZAÇÃO COMO ADSORVENTE DE FÓSFORO
  • Data: Sep 4, 2012
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  • A estimativa de participação dos minerais industrias no Brasil é de cerca de 70% do Valor de Produção Mineral Nacional. Esses minerais são importantes devido suas diversas aplicações. Entre eles, no grupo dos argilominerais, pode-se destacar a palygorskita, que apresenta os requisitos necessários para fazer parte do grupo das argilas especiais, já que é de ocorrência restrita. Desta forma, novas ocorrências deste mineral merecem destaque e estudos mais aprofundados. Somando-se a isto, há o fato de na Região Amazônica, assim como em grande parte das áreas das zonas tropicais e temperadas, a acidez ser um importante fator de degradação dos solos e representar um dos grandes problemas enfrentados pela agricultura. Os solos ácidos apresentam várias limitações, o que compromete o uso de nutrientes, tornando necessária a adição de fertilizantes, visando sempre sua máxima eficiência. Neste contexto, este trabalho utilizou uma amostra proveniente da Bacia de São Luis-Grajaú, estado do Maranhão, que consiste numa mistura onde há predominantemente palygorskita e dolomita, abordando a existência desta nova ocorrência, sugerindo um método de beneficiamento e sua aplicação como adsorvente de fósforo, já que a dolomita funciona como corretor de solos, enquanto a palygorskita tem a função de carreador de nutrientes. Primeiramente, foi realizada a caracterização química e mineralógica, por meio de DRX, FRX, MEV e separação das frações de areia, silte e argila. Foram ainda realizados ensaios de decantação e ensaios de adsorção de fósforo, com determinação da curva cinética. Após a análise da DRX, pode-se afirmar que a amostra é constituída principalmente de palygorskita e dolomita, apresentando também, ilita, clorita e quartzo. Também foi possível perceber que os diferentes tipos de desagregação utilizados não apresentaram diferenças significativas nos difratogramas das amostras. Quanto à separação areia-silte-argila, apesar de se basear somente na granulometria do material, apresentou uma eficiência razoável na separação do material, assim como os ensaios de decantação, onde percebeu-se que após um período de 24 horas, a dolomita praticamente desapareceu do sobrenadante. A determinação da curva cinética de adsorção mostrou que o período de 2 horas não é suficiente para que haja a adsorção do fósforo, sendo necessárias 24 horas para atingir o equilíbrio da reação. Os ensaios de adsorção de fósforo mostraram eficiência acima de 91% do fósforo inicialmente presente na solução e o valor máximo adsorvido por grama da amostra foi de 0,607 mg. A correlação com os modelos de isotermas de adsorção estudados, mostrou melhor resultado para a isoterma de Langmuir-Frendlich, com coeficiente de correlação 0,9993, o que pode ser atribuído ao fato da adsorção ocorrer em mais de uma camada.
  • JOSÉ MAX GONZALEZ ROZO
  • O SISTEMA FLUVIAL SOLIMÕES-AMAZONAS DURANTE O QUATERNÁRIO

  • Data: Sep 3, 2012
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  • Um padrão predominantemente anastomosado tem sido descrito para o Rio Amazonas com incremento na estabilidade de montante à jusante. Um padrão meandrante com alguns trechos retilíneos tem sido descrito no alto Rio Amazonas, como também trechos meandrantes foram identificados no Rio Solimões no Brasil. Adicionalmente, características meandrantes na forma de barras em crescente e meandros abandonados têm sido identificadas em diferentes trechos anastomosados no Rio Amazonas. Estas características meandrantes são consideradas raras ou ausentes em sistemas anastomosados. Desta forma, o Rio Amazonas com características meandrantes é diferente de muitos outros rios anastomosados que possuem estabilidade lateral e ausência de canais meandrantes. A limitada informação do Rio Amazonas principalmente obtida a partir de sensoriamento remoto. A falta do estabelecimento de uma relação clara entre as características meandrantes e anastomosadas, bem como da determinação da extensão no tempo e espaço do desenvolvimento do padrão anastomosado, aliada a falta de dados de campo dificulta o entendimento das características deste sistema fluvial. Esta falta de informação ainda é maior quando consideramos características morfológicas e hidrológicas pretéritas do Rio Amazonas. Informações sobre o padrão de canal do Rio Amazonas durante o Pleistoceno são raras, com poucos trabalhos que sugerem um padrão meandrante de um único canal durante esta época. Diferentemente, uma ampla discussão sobre a origem do Rio Amazonas com um sistema transcontinental com fluxo para o leste tem sido desenvolvida nos últimos anos. A falta de consenso do tempo exato que este evento ocorreu e a falta de dados sedimentológicos da Amazônia Central
    somente aumentam esta discussão. Estudos sistemáticos são necessários para o entendimento: 1) da origem do sistema anastomosado do Rio Amazonas e o desenvolvimento de suas características meandrantes; 2) do comportamento do alto Amazonas em comparação com o padrão principalmente anastomosado do Rio Amazonas no Brasil; 3) das características do Rio Amazonas durante o Pleistoceno e as diferenças das condições atuais. Para alcançar este entendimento, o padrão atual do canal do Rio Amazonas foi estudado no trecho entre Manaus e a foz do Rio Madeira. Fácies, morfologia, mudanças no padrão do canal através da análise temporal por sensores remotos, além de datações por luminescência opticamente estimulada (LOE) foram analisadas. Foi determinado um padrão geral anastomosado com canais meandrantes secundários e barras em crescente, extensamente distribuídas e relacionadas principalmente à migração sub-recente e atual desses canais. Avulsão, formação de barras transversais e atalhos em corredeira são os mecanismos formadores do atual padrão anastomosado do sistema. Esse padrão principal anastomosado, e os canais meandrantes secundários têm coexistido há pelo menos 7.5 ± 0.85 ka. O trecho do Rio Amazonas na Colômbia foi estudado para definir com maior precisão, as diferenças do padrão de canal com o Rio Amazonas na área de Manaus, e também identificar condições para o desenvolvimento do padrão do canal atual. Morfologia, mudanças do canal através de análise temporal com o uso de sensores remotos e dados de vazão foram analisados. Foi encontrado um padrão meandrante de múltiplos canais neste trecho do rio, que corresponde a um padrão anabranching lateralmente ativo. Formação de barras transversais e atalhos em corredeira são os mecanismos formadores do padrão anabranching no sistema. Variações em descarga são responsáveis pela dinâmica de deposição e erosão, analisadas através de sensores remotos. A deposição Pleistocena é também estudada para definir desde quando a atual configuração do sistema Solimões-Amazonas tem estado presente, bem como, para entender as condições paleogeográficas anteriores ao Holoceno que levaram ao desenvolvimento do sistema fluvial atual. Afloramentos do Pleistoceno (Formação Içá) são muito restritos no Rio Amazonas entre o trecho colombiano, e a confluência com o Rio Madeira, com a área de Coari tendo as melhores exposições. Na área de Coari, fácies, argilominerais e minerais pesados, além de datações por luminescência opticamente estimulada (LOE) foram analisados. Foi encontrado um padrão meandrante principal estabelecido há pelo menos 133.8± 20.9 ka. Este sistema aparentemente foi desenvolvido como um padrão de múltiplos canais meandrantes, similar as condições atuais do Rio Amazonas no trecho colombiano.

  • SANEY CECILIO FERREIRA DE FREITAS
  • O DEPÓSITO AURÍFERO PIABA NO FRAGMENTO CRATÔNICO SÃO LUÍS (NW-MARANHÃO): PETROGRAFIA DAS ROCHAS HOSPEDEIRAS E FLUIDOS MINERALIZADORES
  • Data: Aug 29, 2012
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  • O depósito aurífero Piaba tornou-se, em 2010, a primeira mina em operação no Fragmento Cratônico São Luís, noroeste do Maranhão. Seu ambiente geológico compreende rochas metavulcanossedimentares do Grupo Aurizona e granitoides da Suíte Tromaí, entre outras unidades menores, formadas em ambiente orogênico, de arcos de ilhas entre 2240 e 2056 Ma. A mineralização em Piaba se hospedou em um granodiorito granofírico fino (Granófiro Piaba) e em rocha subvulcânica andesítica do Grupo Aurizona. Os corpos de minério estão encaixados na falha Piaba de orientação ENE-WSW rúptil-dúctil e consistem em uma trama stockwork de veios e vênulas de quartzo com seus halos de alteração hidrotermal. O estudo petrográfico realizado em amostras obtidas em testemunhos de sondagem na zona mineralizada mostrou que as rochas hospedeiras do minério foram afetadas por intensa alteração hidrotermal, que provocou a transformação quase que por completo dessas rochas. Os produtos dessas modificações são minerais micáceos formados durante a sericitização e cloritização do granodiorito granofírico e da rocha andesítica, as quais ocorreram de forma pervasiva e fissural. Além disso, carbonatação, silicificação e sulfetação ocorreram em consequência da percolação de fluidos em condutos (fratura e falhas) ao longo da falha Piaba, formando as venulações. Esses últimos tipos aparentam estar associados com a precipitação do ouro. Estudos petrográficos, microtermométricos e por espectroscopia microRaman em grãos de quartzo das vênulas de uma zona stockwork definiram inclusões aquo-carbônicas bifásicas e trifásicas, produzidas por aprisionamento heterogêneo durante separação de fases, e fluidos aquosos tardios. O fluido aquo-carbônico, responsável pela mineralização, é composto por CO2 (5 – 24 mol %, densidade de 0,96-0,99 g/cm3), H2O (74 – 93 mol%), N2 (≤1 mol%), CH4 (≤1mol%) e 5,5% em peso equivalente de NaCl. O minério depositou a 267-302ºC e 1,25-2,08 kbar, correspondendo a profundidades de 4 a 7 km. A composição e intervalo de P-T de atuação do fluido mineralizador, combinadas com o caráter redutor (log ƒO2 -31,3 a -34,3) e a sulfetação das rochas hospedeiras, sugerem que o ouro foi transportado como um complexo sulfetado e que foi depositado em consequência da separação de fases, redução da atividade de enxofre e da ƒO2 por interação fluido-rocha. Essas condições são consistentes com a formação do depósito em regime rúptil, portando em condições mesozonais a epizonais. Por comparação com outras ocorrências auríferas similares já estudadas na região, as características geológicas e do fluido permitem atribuir a classe de depósitos de ouro orogênico para Piaba.
  • VALDINEI MENDES DA SILVA
  • FUNDAMENTOS PARA O GERENCIAMENTO INTEGRADO DOS RECURSOS HÍDRICOS NA MICROBACIA URBANA DO RIO MAGUARI-AÇU COM VISTAS À SUSTENTABILIDADE HIDROAMBIENTAL

  • Data: Aug 24, 2012
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  • O município de Ananindeua como parte integrante da Região Metropolitana de Belém – RMB vem recebendo os impactos negativos resultantes da ocupação desordenada desse espaço territorial. As condições naturais da região vêm sendo ignoradas nesse processo de ocupação, o que se constata a partir da análise da situação atual dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, os quais vêm sendo degradados, de forma acelerada, em razão da ausência de intervenções, sobretudo de natureza pública que garantam o controle desses impactos ou mesmo pela implementação de ações que representam apenas a reprodução de experiências históricas não exitosas. A análise das condições socioeconômicas e hidroambientais demonstraram a insustentabilidade hidroambiental dessa região, bem como a existência de diversos conflitos no que se refere especificamente aos recursos hídricos. Para se contrapor a esse quadro são apresentados fundamentos para o gerenciamento integrado dos recursos hídricos, na microbacia urbana do rio Maguari-Açu, os quais buscam alcançar essa sustentabilidade. Tais fundamentos foram estruturados em 05 (cinco) ações: 1) Divisão da RMB em 6 (seis) bacia hidrográficas; 2) Zoneamento ambiental na Bacia do Rio Maguari-Açu; 3) Gerenciamento da impermeabilização do solo e do escoamento superficial; 4) Estratégias de organização social no gerenciamento de bacias urbanas e 5) Gerenciamento de informações a partir da base integrada de dados. Na sustentação de tais fundamentos foram elaborados cenários prospectivos, ancorados no arcabouço legal e no aparato tecnológico existentes, instrumentos suficientes para que ações integradas entre o poder público e a sociedade em geral, tornem possível empreender a transformação necessária para a construção ou reconstrução de cidades a partir dos preceitos da sustentabilidade.

  • MARIA ARLETE MATOS DA COSTA
  • PROVENIÊNCIA DOS ARENITOS DA FORMAÇÃO ÁGUAS CLARAS, PROVÍNCIA MINERAL DE CARAJÁS, SE DO CRÁTON AMAZÔNICO
  • Data: Aug 6, 2012
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  • A Formação Águas Claras é uma das unidades litoestratigráficas pré-cambrianas mais importantes da Província Mineral de Carajás e compreendem arenitos, siltitos e pelitos depositados em um contexto geológico e paleogeográfico que ainda desperta discussões sobre a evolução, mecanismos tectônicos e ambientes sedimentares do sudeste do Cráton Amazônico. Esta sucessão silicilástica aflora ao longo da estrada do Igarapé Bahía, porção central do Sistema Transcorrente Carajás, onde as fácies sedimentares atestam ambientes fluvial entrelaçado a marinho raso. Este trabalho aborda a análise da proveniência da Formação Águas Claras com base na petrografia e geoquímica de quartzo-arenito, subarcoseo e grauvacas constituídos por quartzo mono e policristalinos, feldspato e fragmentos líticos. As composições modais no diagrama de Dickinson indicam fontes de blocos continentais. Os minerais acessórios incluem zircão, turmalina, opacos e muscovita. As evidências diagenéticas indicam transformações recorrentes dos regimes eo-, meso- e telodiagenéticos e incluem: infiltração mecânica de argila, geração precoce de pseudomatriz por compactação de grãos, cimentação de sílica, desenvolvimento de raros contatos suturados e côncavo-convexos (dissolução por pressão) e illitização da caulinita. A dissolução intraestratal dos feldspatos e dos minerais pesados favoreceu o enriquecimento dos arenitos em quartzo, produção de assembleia ultra-estáveis e a precipitação de minerais autigênicos. A illitização foi controlada pela quantidade de caulinita e feldspatos no arcabouço. O efeito telodiagenético na porosidade e permeabilidade dos arenitos é considerado significativo, especialmente, no topo dos afloramentos investigados. O índice CIA indica forte intemperísmo sobre sedimentos e o diagrama A-CN-K infere fontes graníticas e vulcânicas, também, sugeridas pelos dados de turmalina detrítica (shorlomita e dravita), padrão ETR, anomalia de Eu, como também, pela anomalia do Ce, que evidencia intemperismo de anfibolito, basalto, gabro e granito. Os diagramas Th-Sc-La e Th-Sc-Zr/10 sugerem fontes formadas em ambiente de arco de ilha continental, embora a deposição dos arenitos da Formação Águas Claras tenha evoluído em ambiente de bacia intracratônica, envolvendo lenta exumação do embasamento, constituído por granitos, gnaisses e granulitos arqueanos dos complexos Pium e Xingu. O relevo plano da área-fonte e a atuação do intemperismo produziram areias quartzo-feldspáticas que ainda preservam informações importantes das fontes primárias potenciais dos sedimentos.
  • CLAUBER DOS SANTOS BEZERRA
  • CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOQUÍMICA DO RESERVATÓRIO DA USINA HIDRELÉTRICA DE COARACY NUNES-AMAPÁ
  • Data: Jul 3, 2012
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  • O trabalho caracterizou quimicamente a água do Reservatório da Usina Hidrelétrica de Coaracy Nunes, localizada no estado do Amapá, cerca de 20 km da cidade Ferreira Gomes e 150 Km da cidade de Macapá. As amostragens foram feitas em quatro campanhas trimestrais durante o ano, no perído de outubro de 2008 a setembro de 2009, o trabalho teve por objetivo caracterizar o comportamento espacial e sazonal dos parâmetros químicos e físico-químicos da água do Reservatório da usina hidrelétrica de Coaracy Nunes. No estado do Amapá o clima predominante é o Equatorial, nos meses das campanhas, dezembro a maio foi o período que apresentou maior índice de precipitações, e os meses de menores precipitações foi compreendido de agosto a novembro. No total foram amostrados 13 pontos em cada campanha, distribuídos a montante do reservatório de forma a representar todos os ambientes do reservatório. Em cada ponto foram coletadas amostras de água em quatro profundidades (superfície, dobro do secchi, meio e fundo). Nas amostras coletadas foram medidos os parâmetros físico-químicos como pH, temperatura, condutividade, íon amônio, STS, HCO3-, Dureza e OD. Os elementos químicos (Al, As, Ba, Be, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, Ga, Hg, K, Li, Mg, Mn, Na, Ni, Pb, Se, Sr, V, Zn) foram analisados por espectrometria de massa com fonte de plasma de argônio induzido (ICP-MS). Nas avaliações preliminares não evidenciamos estratificação no reservatório. as concentrações de alumínio, ferro e manganês se destacam nesse contexto, apresentam concentrações elevadas, uma vez que comparadas com as características químicas das águas da região amazônica. O reservatório apresentou as seguintes características químicas e físico-quimicas, valores médios obtidos no período estiagem em (µg/L) : Al (487,44), Ca (604,12), Fe (458,78), K (798,05), Mg (625,40), Mn (123,42), Na (1903,719), Pb (3,86), pH (6,50), Cond. (µs/cm) (33,20), Temperatura ºC (29,57), Dureza mg/L (5,61), HCO3-(10,8). O reservatório apresentou as seguintes características químicas e físico-quimicas, valores médios obtidos no período chuvoso em (µg/L) : Al (430,48), Ca (527,74), Fe (511,57), K (700,97), Mg (485,67), Mn (84,06), Na (1899,18), Pb (5,25), pH (6,52), Cond. (µs/cm) (18,56), Temperatura ºC (27,1), Dureza mg/L (6,09), HCO3-(9,00). O reservatório de Coaracy Nunes apresentou uma tendência a estratificação nas estações de coletas mais profundas, indicados pelos pontos MCN 02, MCN 03 e MCN 04, nos demais pontos essa tendência é menos marcada, pois os outros pontos possuem uma profundidade menor. Ao longo do eixo longitudinal do reservatório não observamos nenhuma tendência do reservatório atuar como um sistema de retenção de substancia em relação às que afluem a ele. Nos pontos amostrais de maior profundidade, o reservatório apresentou diminuição da concentração de oxigênio dissolvido com o aumento da profundidade, gerando zonas anoxidas no fundo do reservatório, favorecendo a liberação de elementos químicos como Fe e Al, que se encontram incorporados à partículas em suspensão, através de processos anaeróbicos.
  • SÉRGIO BRAZÃO E SILVA
  • INTERAÇÕES GEOQUÍMICAS NA SUPERFÍCIE DE GLEISSOLOS NO ESTUÁRIO AMAZÔNICO

  • Data: Jun 29, 2012
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  • As várzeas são terrenos baixos e mais ou menos planos que se encontram junto à margem de rios. São abundantes no estuário amazônico e apresentam grande variabilidade ambiental, com ampla diversidade de solos, vegetação, água de inundação e regime de inundação. A grande variabilidade de ambientes encontrados, no entanto, impõe a necessidade de desenvolvimento de estudos visando conhecê-los, para induzir seu aproveitamento e preservação. A fertilidade elevada destes solos se destaca em relação aos demais solos da Amazônia, com fertilidade baixa. Características regionais específicas, entretanto necessitam ser investigadas para compreender o exato mecanismo para a formação da fertilidade do solo, neste ambiente. Pesquisas iniciais apontavam prioritariamente para a contribuição da colmatagem de sedimentos para formação da fertilidade nestes solos. Para auxiliar na compreensão das transformações geoquímicas que afetam e contribuem para a formação da fertilidade nestes solos, se investigou as transformações geoquímicas na superfície de dois Gleissolos, correspondentes a dois ambientes distintos do estuário amazônico: uma várzea de água doce, no rio Guamá e uma várzea salina em ambiente de mangue, no rio Caeté. Paralelamente se avaliou as características do solo e sedimentos em suspensão na água dos rios que circundam as várzeas estudadas, o suspensato. A amostragem do solo, destinada à realização do experimento foi realizada na superfície dos solos estudados, correspondente à profundidade explorada nutricionalmente pelos vegetais. As amostras destinadas à caracterização do solo foram obtidas através de amostragem em seus horizontes, correspondendo seu primeiro horizonte à amostra destinada à realização do experimento. O suspensato foi obtido através de coleta da água dos rios próximos aos locais de amostragem, e deixados em decantação por três meses, após os quais foram separados do sobrenadante, centrifugados, separados novamente do sobrenadante, e secos em dessecador. A seguir foi realizada a caracterização mineralógica, tanto nos solos estudados, como nos suspensatos obtidos. Solo e suspensato também foram avaliados através de determinação química total, granulometria e de sua fertilidade. O estudo realizado, consistiu, na realização de dois experimentos, com 4 repetições cada, que promoveu inundação nos solos, em condição de laboratório, empregando água destilada, para evidenciar as transformações químicas que
    ocorrem, sem considerar a água local dos ambientes. Após inundação, amostras eram retiradas periodicamente e analisadas úmidas, obtendo os teores disponíveis de elementos relacionados à nutrição vegetal (P, K, Ca, Fe, Mn, Cu, Zn), valores de carbono orgânico e do pH e Eh. Em terceiro ensaio, a metodologia usualmente empregada para a avaliação da fertilidade de solos, que preconiza a análise no solo previamente seco, foi objeto de investigação, em comparação com metodologia empregada em diversos trabalhos neste tipo de solo, a qual emprega a determinação na amostra ainda úmida para proceder à análise, convertendo os resultados para solo seco empregando fator de correção. Este cuidado é empregado em diversos trabalhos neste tipo de solo, em virtude de após secos, se reverterem as transformações ocorridas, e assim ocorrer a possibilidade de informar resultado não correspondente às condições de campo. Nesta investigação, a variação de resultados na disponibilidade de nutrientes, que ocorre após a inundação foi avaliada pelas duas metodologias, tanto no Gleissolo Háplico, como no Gleissolo Sálico, em dois experimentos. Assim sendo, durante o período inundado, amostragens periódicas nas parcelas experimentais avaliaram as variações nas concentrações disponíveis de P, Ca, K, Fe, Mn, Cu e Zn, através das duas metodologias testadas. Os experimentos demonstraram que a inundação promove alterações profundas na fertilidade dos solos estudados, mas com diferenças relacionadas à sua condição regional. Os resultados obtidos expressam que a ocupação dos poros do solo pela água induzem a grande transformação no comportamento geoquímico do solo, influenciando na disponibilidade dos elementos estudados, no pH e Eh. O Gleissolo Háplico situado no rio Guamá alterou seu pH inicial de 4,69 para estabilizar em torno de 6,6 a partir do 8º dia. Da mesma forma seu Eh também decaiu substancialmente 322 mV para -337 mV durante 4 meses de inundação. Ocorreu grande acréscimo de Fe, P e Mn disponível para o solo. Em relação ao K, Ca, Cu, Zn e Fe, ocorreram pequenos acréscimos de valores disponíveis, entretanto com valores suficientemente adequados á nutrição vegetal, à exceção do ferro que adquiriu valores extremamente elevados. No Gleissolo Sálico, situado no mangue do município de Bragança, o comportamento ocorreu de forma semelhante, embora com escalas de intensidade diferente. A variação no pH não ocorreu de forma tão intensa neste solo, tendo se estabilizado entre 5 e 6, menores que no rio Guamá, mas com valores que impede que os micronutrientes se tornem indisponíveis com o tempo de inundação. Da mesma forma o Eh demonstrou que ocorre redução neste solo, mas não tão acentuada quanto ocorre no solo do rio Guamá, resultando em redução estabilizada em valores situados entre 200 e 300 mV. Este fato ajuda a explicar o acúmulo de matéria orgânica no perfil deste solo, acumulada por falta de aceptores de elétrons e dinâmica acentuada da matéria orgânica que este ambiente possui. Neste solo a disponibilidade de fósforo diminuiu com o tempo. Ambos os solos e suspensatos estudados apresentaram composição mineralógica semelhante com quartzo, illita, esmectita, caulinita, e o solo do rio Guamá apresentou ainda goethita. Nos suspensatos estudados, a alta fertilidade apresentada, superior que a dos próprios solos, indica a possibilidade de manutenção da fertilidade do solo, após deposições periódicas que ocorrem a cada maré. Associados à presença elevada de matéria orgânica e a presença de argilominerais 2:1 presentes no solo, estes fatores despontam como condição diferencial destes solos, principalmente dentre os solos comumente encontrados na terra firme. No terceiro experimento, referente à comparação entre a análise efetuada no solo seco e a análise efetuada no solo úmido, os resultados indicam que a resposta às transformações que se procedem após a inundação, é percebida em ambos os métodos testados, e que os métodos respondem de forma diferente para cada ambiente testado. Assim, a avaliação estatística aponta os elementos cálcio, no Gleissolo Háplico, e fósforo, potássio, manganês e zinco no Gleissolo Sálico, como indiferentes na escolha do método a ser utilizado em sua determinação. Em seguimento, os elementos fósforo, manganês e cobre no Gleissolo Háplico e o cálcio no Gleissolo Sálico são elementos que apresentaram vantagem estatística para a análise no solo seco. Os elementos potássio, ferro e zinco, no Gleissolo Háplico e Ferro e cobre no Gleissolo Sálico apresentaram resultados favoráveis à determinação no solo úmido. No entanto, embora ambos os métodos possam ser utilizados, a análise no solo úmido é recomendada, pelo acompanhamento das transformações, que são percebidas em detalhes, em especial para os resultados de teores inferiores, comuns no início do período de inundação. Os três estudos realizados nos solos do estuário Amazônico demonstram que as alterações geoquímicas que ocorrem nestes solos após ter seus poros preenchidos com água, não procedem da mesma forma, embora sejam solos da mesma classe pedológica e possuam proximidade geográfica. Fatores regionais influenciam os resultados como características mineralógicas, a água de inundação, biologia do local e outros fatores. Embora a liberação de nutrientes ocorra de forma específica aos solos estudados, as alterações se apresentaram benéficas, proporcionando condições adequadas ao desenvolvimento vegetal. O suspensato, que se apresentou em ambos os locais estudados, com fertilidade elevada, possibilita assim, a manutenção dos altos índices de fertilidade encontrada nestes solos, após ação das marés, quando é depositado no solo. A presença de argilominerais 2:1, representou um diferencial para estes solos, pois estes minerais são ausentes na superfície de solos de terra firme nos solos do entorno, e contribuem para a formação de índices elevados de CTC, que ainda recebe acréscimo devido aos teores elevados de matéria orgânica existente, em especial no Gleissolo Sálico. São condições distintas em relação aos solos nesta região, que não contam com fatores que proporcionem CTC elevada, assim como fatores que proporcionem a manutenção desta fertilidade, pela adição de material fértil de forma periódica.

  • UIBIRA SENA SILVA
  • CONTRASTES QUÍMICOS, MINERALÓGICOS E DE FERTILIDADE ENTRE SOLOS TIPO TERRA PRETA ARQUEOLÓGICA: SÍTIO DA MATA, NO LIMITE ORIENTAL DA AMAZÔNIA, E SÍTIO PORTO DE SANTARÉM, NO BAIXO AMAZONAS
  • Data: Jun 18, 2012
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  • Sítios TPA são comuns na região amazônica. Destacam-se pelo grande conteúdo de fragmentos de vasilhas cerâmicas, urnas funerárias e artefatos líticos. Como solos, se apresentam com elevada fertilidade em relação aos solos circunvizinhos. A origem dos solos tipo TPA é relacionada às atividades cotidianas de populações pré-históricas que viveram em assentamentos antigos por longos períodos nos últimos milhares de anos na Amazônia. Pesquisas recentes mostram que os fragmentos cerâmicos destes sítios apresentam fertilidade tão alta ou superior à do próprio solo que os envolve, podendo se constituir em uma potencial fonte de nutrientes para estes solos. O presente trabalho investigou os solos e os fragmentos cerâmicos de dois sítios TPA localizados em regiões distintas da Amazônia: o Sítio da Mata, localizado na região metropolitana de São Luís do Maranhão, área de transição floresta-savana; e o Sítio Porto de Santarém, localizado na foz do rio Tapajós, área originalmente de floresta, mas atualmente urbanizada. A pesquisa objetivou caracterizar e diferenciar o material dos dois sítios, buscando relacioná-los aos diferentes contextos geomorfológicos nos quais estão inseridos. No Sítio da Mata foram coletadas amostras no perfil de TPA e de solo adjacente, e no Sítio Porto de Santarém apenas no perfil de TPA. As amostras compreendem tanto a matriz solo como fragmentos cerâmicos. Esse material foi submetido a análises granulométricas (apenas amostras de solo), análises mineralógicas por Difração de Raios-X (DRX), química total por ICP-MS/OES, e análise dos parâmetros de fertilidade. Foram também quantificadas as espécies de fósforo (apatítico, Fe-Al e orgânico) presentes nos solos e nos fragmentos cerâmicos. Os solos TPA do Maranhão e de Santarém apresentam elevados conteúdos de fração areia, com textura variando de franco-siltosa a areia franca no Sítio da Mata e textura franco-arenosa em todo o perfil do Sítio Porto de Santarém. A composição mineralógica dos solos não apresentou diferenças significativas entre os sítios estudados: constituem-se basicamente de quartzo e caulinita como minerais principais, e anatásio e muscovita como minerais acessórios nos dois sítios. As análises químicas revelam solos dominados por SiO2 e Al2O3, corroborando a mineralogia, tendo Fe2O3 e TiO2 em menores proporções. P2O5, CaO, K2O e MgO estão em concentrações inferiores a 0,5%, porém, mais elevados na TPA do Porto de Santarém. Entre os elementos traço analisados, apenas V, Cu, Zn, Sr e Ba se destacam, da mesma forma mais elevados no Sítio Porto de Santarém. As concentrações e os padrões de distribuição dos elementos terras raras, quando normalizados aos condritos, são semelhantes nos dois sítios, com enriquecimento dos ETRL e forte anomalia positiva de Ce, e negativa de Eu. As diferenças apenas nos conteúdos de P disponível, Ca2+ e Mg2+, mesmo que em valores relativamente baixos, sugerem influência antrópica diferenciada sobre os solos pré-TPA. Os solos TPA do Sítio Porto de Santarém apresentam fertilidade mais elevada, dada pelos maiores teores de P disponível, variando de 72,9 a 305,7 mg Kg-1, e Ca2+, variando de 3,52 a 5,16 mg Kg-1, contra 5,4 a 12,7 mg Kg-1 de P e 0,96 a 2,31 mg Kg-1 de Ca2+ no Sítio da Mata. CTC, soma e saturação por bases e teor de matéria orgânica também são superiores na TPA do Sítio Porto de Santarém. Os fragmentos cerâmicos dos dois sítios são constituídos por quartzo e metacaulinita, além de illita e anatásio. Albita e microclínio foram identificados somente nos FC do Sítio Porto de Santarém. São, desta forma, formados principalmente por SiO2 e Al2O3, e Fe2O3 e TiO2 em menores proporções. Em Santarém, entretanto, os fragmentos contém ainda teores elevados de P2O5, de 3,49 a 5,37%, e os valores de CaO, K2O, Na2O, Cu, Zn, Sr e Ba suplantam aqueles do Sítio da Mata. As concentrações e os padrões de distribuição dos ETR são semelhantes nos FC dos dois sítios, com enriquecimento de ETRL, anomalia positiva de Ce e anomalias negativas de Eu e Ho. Portanto os fragmentos cerâmicos do Sítio Porto de Santarém são mineralogicamente distintos daqueles do Sítio da Mata, embora estejam em uma matriz de solo idêntica nos dois sítios. A presença de fósforo é compatível com os demais fragmentos encontrados em outros sítios TPA na Amazônia. A fertilidade dos FC do Sítio Porto de Santarém apresentou melhores parâmetros, com pH levemente superior aos dos FC do Sítio da Mata, maiores teores de Ca2+, K+ e principalmente de P disponível, além de maiores CTC e soma e saturação por bases, corroborando a fertilidade mais elevada no Sítio Porto de Santarém. O fracionamento de fósforo revelou que na matriz dos solos das TPAs estudadas o fósforo está ligado principalmente a compostos orgânicos, enquanto nos fragmentos cerâmicos aparece principalmente como inorgânico não apatítico. Fosfato apatítico aparece em pequenas concentrações na matriz dos solos e nos fragmentos cerâmicos dos dois sítios. É provável, portanto, que o fósforo que estava presente em materiais orgânicos descartados pelos povos antigos, como ossos diversos, entre outros materiais, ao serem submetidos à pedogênese tropical, foram gradualmente dissolvidos, liberando o fósforo, que foi parcialmente fixado como fosfatos de Fe e/ou Al, fases minerais comuns em solos tropicais, bem como na matéria orgânica, abundante nas TPAs, representando as frações de fósforo inorgânico não apatítico e de fósforo orgânico respectivamente.
  • HEYDE GONCALVES GOMES
  • ESTERÓIDES COMO BIOMARCADORES DE CONTAMINAÇÃO ORGÂNICA EM SEDIMENTOS SUPERFICIAIS E TESTEMUNHOS DO ESTUÁRIO GUAJARÁ-PA.

  • Data: Jun 13, 2012
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  • A cidade de Belém do Pará, seus arredores e rios estão sujeitos a impactos diversos devidos principalmente ao aumento da população e carência de saneamento básico. Diariamente são lançados efluentes não tratados na Baía do Guajará, o principal receptor hídrico da região, que causam preocupações para a saúde pública e qualidade ambiental. O presente trabalho objetivou a identificação da contaminação orgânica nos sedimentos superficiais e testemunhos do Estuário Guajará utilizando os esteróides como biomarcadores. Os esteróides têm sido usados como traçadores de aportes naturais e antrópicos, servindo para a identificação das fontes de compostos orgânicos no ambiente aquático. No entanto, o estudo de tais biomarcadores na região norte do Brasil é inédito. Dados de outras regiões foram importantes para fins de comparação e melhoria do conhecimento acerca da composição da matéria orgânica na área da Baía do Guajará. As amostragens de sedimentos superficiais e testemunhos (~50 cm) foram realizadas em janeiro de 2011. Os testemunhos foram coletados em Tucunduba e Icoaraci e os sedimentos superficiais em Tamandaré, Porto da Palha, Ver-o-Peso e Miramar. As análises de esteróis foram feitas por cromatografia gasosa com detecção por ionização de chama. Amostras de sedimentos para análises de clorofila, carbono orgânico total e granulometria também foram preparadas. Diversos esteróides foram identificados (coprostanol, colesterol, epicoprostanol, colestanol, colestanona, coprostanona, estigmasterol, brassicasterol, β-sitosterol, β-sitostanol), tanto os provenientes de fontes naturais quanto antrópicas. As concentrações de coprostanol, esterol de origem fecal, variaram nas amostras superficiais de 0,06 a 5,61μg g-1 de sedimento seco e no testemunho do Tucunduba, 0,02 a 11,23 μg g-1 e de Icoaraci, de 0,03 a 0,31 μg g-1. Dentre as amostras superficiais, notou-se contaminação orgânica elevada no Ver-o-Peso, apesar de tais amostras apresentarem predominância de areia. Para os testemunhos observou-se dois perfis distintos, no Tucunduba os esteróides predominantes no topo do testemunho foram coprostanol, coprostanona, colesterol e colestanol, caracterizando aporte recente de esgoto. Para o testemunho de Icoaraci, notou-se predominância de brassicasterol, estigmasterol, sitosterol e sitostanol, esteróides de origem vegetal. A partir dos dados envolvendo as razões entre as concentrações dos esteróis, constatou-se que a maioria dos pontos investigados apresentou um cenário contaminado por esgotos não tratados, o que é confirmado também pelas altas concentrações absolutas de coprostanol.
    A avaliação dessas razões para interpretação dos resultados foi importante para minimizar efeitos da dependência da concentração de esteróis pelo carbono orgânico total e granulometria e melhor utilização dos esteróis como biomarcadores.

  • LUCIANA CASTRO BRELAZ
  • PALEOAMBIENTE DOS CALCÁRIOS E FOLHELHOS BETUMINOSOS DA FORMAÇÃO GUIA, SW DO ESTADO DO MATO GROSSO

  • Data: Jun 12, 2012
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  • A implantação de extensas plataformas carbonáticas após a última glaciação do Criogeniano (~ 635 M.a.) é relatada em diversas partes do globo em resposta à súbita elevação da temperatura global, concomitante ao degelo das coberturas glaciais responsáveis por eventos transgressivos globais. No Brasil, um dos melhores exemplos de depósitos transgressivos pósglaciação de idade Ediacarana (630 - 580 M.a.) é a Formação Guia, unidade calcária do Grupo Araras, exposta por centenas de quilômetros no segmento Norte da Faixa Paraguai e Sul do Cráton Amazônico. A Formação Guia consiste predominantemente de calcários e folhelhos betuminosos, com espessura de mais de 400 m. A partir da análise faciológica e estratigráfica das pedreiras situadas nas regiões de Cáceres, Nobres e Cuiabá, foram individualizadas oito litofácies, agrupadas em três Associações de Fácies (AF), representativas de uma plataforma carbonática retrogradante: AF1- face de praia inferior influenciada por tempestades, AF2- costa afora e AF3- costa afora externa inclinada. AF1 alcança espessuras de aproximadamente 160 m e incluem margas e calcários finos com abundantes grãos terrígenos e estruturas produzidas por fluxo oscilatório e combinado, relacionado a ondas de tempo bom e de tempestades. AF2 compreende os mais espessos depósitos da Formação Guia, com quase 200 m. É constituída por calcário cinza com partição de folhelho e abundante matéria orgânica. A notável a monotonia litológica e estrutural, refletida na continuidade lateral de camadas tabulares de calcário intercalado a delgadas lâminas de folhelho por centenas de quilômetros, denota que a sedimentação hemipelágica ocorreu em condições de baixa energia, abaixo da base de ondas de tempestades na zona de costa afora. A grande quantidade de material orgânico acumulado nestas rochas associado à presença de pirita revela a natureza anóxica e estagnante das águas na plataforma carbonática. Palinomorfos na AF2 compreendem poucas espécies de leiosferídeos, simples acritarcos esferomorfos indeterminados e prováveis fragmentos de algas. A coloração marrom do material orgânico amorfo e de acritarcos indica grau moderado de maturação. A raridade de formas orgânicas bem preservadas e a grande quantidade de matéria orgânica amorfa revelam moderada degradação. AF3 apresenta depósitos com até 70 m de espessura. É composta por brechas calcárias com clastos tabulares e feições de escorregamento, intercaladas a camadas tabulares de calcário fino. As brechas, de natureza intraformacional, foram formadas por fluxos gravitacionais de massa gerados pela instabilidade de carbonatos em zonas externas plataformais. Estes fluxos gravitacionais episódicos se alternaram com sedimentação hemipelágica cíclica (formando lama micrítica e terrígena). Para a definição da morfologia da plataforma, três aspectos foram considerados: 1) a transição vertical dos depósitos de águas rasas (shoreface) para de águas profundas (offshore) sem mudança abrupta de fácies, 2) a ausência de estruturas deformacionais rúpteis sinsedimentares (falhas e de depósitos de deslizamento) e 3) a extensão por centenas de quilômetros destes depósitos. Todas estas feições são diagnósticas de plataformas em rampa do tipo homoclinal. A presença de uma ampla plataforma carbonática na margem do Cráton Amazônico durante o Ediacarano, sítio deposicional de lama carbonática rica em matéria orgânica, abre perspectivas para a
    prospecção de rochas geradoras de um provável sistema petrolífero neoproterozóico, desenvolvido na região central do Brasil.

  • EDUARDO DE JESUS SOUZA
  • TECTÔNICA PÓS-COLISIONAL E ESTRATIGRAFIA DA COBERTURA NEOPROTEROZÓICA-CAMBRIANA DA FAIXA PARAGUAI NORTE, REGIÃO DE NOBRES (MT).
  • Data: Jun 4, 2012
  • Show resume
  • O segmento geotectônico denominado de Faixa Paraguai localiza-se na borda sul oriental do Cráton Amazônico e registra parte importante da história evolutiva do planeta ao final do Pré- Cambriano. Esta feição geológica inclui rochas neoproterozóicas metassedimentares do Grupo Cuiabá, recobertas em discordância pela sucessão ediacarana da Bacia Paraguai, composta por pelitos e diamictitos glaciais da Formação Puga, rochas carbonáticas do Grupo Araras e rochas siliciclásticas do Grupo Alto Paraguai, deformadas em diversas escalas. A Faixa Paraguai é considerada como um extenso orógeno neoproterozóico, resultante da colisão de três blocos continentais: Amazônia (oeste), São Francisco-Congo (leste) e Paraná ou Rio de La Plata (sul). Este evento de convergência é atribuído às orogêneses Brasiliana/Pan-Africana (600-520 Ma) e Paraguai (540-490 Ma). No entanto, os dados estruturais e estratigráficos coletados nesse trabalho, especificamente na região de Nobres e adjacências, sugerem uma história evolutiva particular para explicar o arranjo estratigráfico e a disposição geométrica e espacial das rochas observadas, calcada em um modelo de deformação transpressiva particionada. Este evento teria ocorrido após o episódio colisional classicamente descrito para a faixa, sendo sustentado por evidências como: 1) as unidades rochosas apresentam o mesmo padrão de deformação, dominado por dobras forçadas não cilíndricas em arranjos antiforme-sinformes sem padrão de vergência 2) a distribuição heterogênea de diferentes domínios de deformação, onde áreas pouco deformadas são separadas por falhas de altos ângulos de mergulho como importantes componentes direcionais, de setores mais deformados onde as camadas mostram altos ângulos de mergulho (60-85°). A posição espacial do acamamento observado nas rochas sedimentares dos domínios mais deformados possui uma relação geométrica concordante com a trama foliada do Grupo Cuiabá. Isto sugere que a deformação impressa nas rochas da Bacia Paraguai foi controlada pela trama tectônica pré-existente das rochas metassedimentares do Grupo Cuiabá. Estas estruturas foram reativadas durante transpressão e controlaram o desenvolvimento de zonas restritas de maior ou menor concentração de strain, com partição da deformação. Além disso, a disposição preferencial do acamamento com megulhos altos (> 50°) e a ausência de estruturas de colisão são incompatíveis com a existência de zonas de cavalgamento na área estudada. Essas observações, juntamente com dados estratigráficos dificultam o enquadramento da Bacia Paraguai em um modelo tipo foreland. São evidências para esta afirmativa: 1) ausência de discordâncias angulares entre as unidades, comuns em bacias de colisão; 2) o tipo de deposição predominantemente plataformal das sucessões sedimentares ediacaranas e 3) a distribuição homogênea das unidades na área mapeada, sem desenvolvimento de sub-bacias. Dessa forma, as rochas que compõem esta bacia são aqui interpretadas como uma cobertura neoproterozóica-cambriana afetada por um evento rúptil tardio, de caráter transpressivo, ocorrido no Eo-Paleozóico (pré-Ordoviciano) como resultado de reativação de estruturas do próprio Grupo Cuiabá. Admite-se que as rochas do Grupo Cuiabá, embasamento da Bacia Paraguai, possam representar de fato a Faixa Paraguai, como resultado de um evento colisional no Neoproterozóico.
  • LIVIO WAGNER CHAVES CORREA
  • GEOLOGIA E GEOCRONOLOGIA Pb-Pb EM ZIRCÃO E Sm-Nd EM ROCHA TOTAL DE GRANITÓIDES DA REGIÃO DE SANTANA DO ARAGUAIA-PA
  • Data: Jun 4, 2012
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  • Estudos anteriores consideram que a região de Santana do Araguaia (PA) é uma continuidade do Terreno Granito-Greenstone de Rio Maria (TGGRM) de idade mesoarqueana (3,0–2,86 Ga) sendo, portanto, interpretada como pertencente à Província Carajás ou à Província Amazônia Central, do Cráton Amazônico. No entanto, estudos recentes permitiram vislumbrar, com base em novos dados geocronológicos por evaporação de Pb em zircão, um quadro geológico diferente dos apresentados em trabalhos anteriores, sugerindo um retrabalhamento de rochas arqueanas durante o Evento Transamazônico. Nesse contexto, com a nova proposta litoestratigráfica, os dados estruturais e dados geocronológicos permitiram individualizar o Domínio Santana do Araguaia (DSA), independente da Província Carajás, tratando-se de outro segmento do Cráton Amazônico composto por granitóides deformados, gnaisses, migmatitos e sequências supracrustais, com forte estruturação segundo direção NW-SE, este domínio foi incluído na província Transamazonas ou na província Maroni-Itacaiúnas. O domínio confronta-se a leste e a norte com o TGGRM, a oeste com o Domínio Iriri-Xingu e a sul com a bacia dos Parecis e Cinturão Araguaia. Apesar dos trabalhos mais recentes realizados, o Domínio Santana do Araguaia ainda é um dos setores pouco conhecidos do território paraense, os dados geocronológicos existentes são restritos e foram obtidos através das sistemáticas Rb-Sr e K-Ar no nordeste do estado do Mato Grosso e correlacionados com as rochas do DSA. Porém, na parte paraense do DSA, apenas duas unidades (Ortognaisse Rio Campo Alegre e Tonalito Rio Dezoito) foram datadas preliminarmente pelo método Pb-Pb em zircão, carecendo, assim, de confirmação e expansão para outras unidades da região, tal como o Complexo Santana do Araguaia de maior expressividade na área. É importante destacar também a carência de dados isotópicos Sm-Nd neste domínio. Nesse sentido, o real significado do DSA não foi ainda compreendido, devido, entre outros fatos, à lacuna de informações geocronológicas, que permitam esclarecer as relações entre as unidades do DSA com aquelas do TTGRM. Considerando estas questões, os objetivos principais do estudo estão voltados para: a) determinar a idade dos protólitos das rochas existentes na área, visando identificar terrenos que são arqueanos e paleoproterozóicos, utilizando o método Pb-Pb (evaporação) em monocristal de zircão; b) determinar a idade dos eventos de formação de crosta continental utilizando o método Sm-Nd (rocha total); c) discutir o posicionamento estratigráfico e cronológico das rochas para estabelecer a evolução do setor sudeste do Cráton Amazônico. Nos trabalhos de campo foram estudados dezenove afloramentos, sendo que a petrografia e as análises modais foram realizadas em quatorze amostras das rochas (2000 pontos/lâmina delgada) que foram plotadas em diagramas Q-A-P e Q-(A+P)-M’ que incidiram nos campos dos Monzogranitos, Granodioritos e Tonalitos e individualizados em cinco litotipos: Biotita Monzogranito; Biotita Metagranodiorito; Hornblenda-Biotita Granodiorito; Hornblenda-Biotita Metatonalito e Ortopiroxênio Tonalito. Os dois últimos litotipos foram identificados pela primeira vez na região. Do ponto de vista estrutural, o Biotita Metagranodiorito apresenta foliação com direção E-W, coincidente com o trend regional do TGGRM, enquanto que os Hornblenda-biotita Metatonalitos possuem foliação seguindo a direção NW-SE, com mergulhos normalmente subverticais destoando do comportamento regional. Análises microestruturais identificam feições deformacionais em minerais, tais como, extinção ondulante, kink band, formação de subgrãos e recristalização dinâmica. O litotipo Biotita Monzogranito é isotrópico e os Hornblenda-Biotita Granodioritos e os Ortopiroxênio Tonalitos apresentam apenas uma incipiente orientação de seus cristais de plagioclásio, perceptível apenas sob observação microscópica. Estudos geocronológicos Pb-Pb em zircão forma realizados em seis amostras e em apenas cinco foram feitas análises Sm-Nd (rocha total) utilizando o espectrômetro Finningan Mat 262 e ICP-MS-MC Neptune, respectivamente, no Laboratório de Geologia Isotópica (Pará-Iso) da Universidade Federal do Pará. Os resultados desses estuos nos diferentes litotipos são: Biotita Metagranodiorito 3066 ± 3 Ma (ML-04) e 2829 ± 13 Ma (ML-20); Hornblenda-Biotita Metatonalito 2852 ± 2 Ma (ML-17): Biotita Monzogranito 2678 a 2342 Ma (ML-08): Hornblenda-Biotita Granodiorito 1990 ± 7 Ma (ML-16): e Ortopiroxênio Tonalito 1988 ± 4 Ma (ML-13). Embora o Biotita Monzogranito não tenha indicado idade precisa, os dados de campo indicam uma relação intrusiva no Biotita Metagranodiorito. No caso das análises Sm-Nd (rocha total) foram selecionadas as seguintes amostras que seguem com suas respectivas idade-modelo TDM: ML-04 = 3,14 Ga; ML-20 = 2,91 Ga; ML-17 = 3,07 Ga; ML-16 = 2,68 Ga e ML-13 = 2,35 Ga. Os dados isotópicos Sm-Nd sugerem que, caso não representem misturas de magmas, possivelmente em torno de 3,14, 3,07, 2,91, 2,68 e 2,35 Ga houve extração de magma do manto para a crosta. Estudos estruturais em macro e microescala caracterizam a instalação de uma zona de cisalhamento dúctil, de caráter transcorrente, com direção NW-SE, possivelmente sinistral, situada na porção leste da área, que afetou principalmente o litotipo Hornblenda-Biotita Metatonalito. Entretanto, esse padrão deformacional não é observado nas porção centro-sul da área e nem na porção norte), onde localizam-se as domínios de rochas mais antigas, as quais apresentam direção da foliação aproximadamente E-W. Analisando as idades de cristalização das amostras ML-04, ML-17 e ML-20 (3.066 ± 3 Ma a 2.829 ± 13 Ma) e idades-modelo (3,14-2,91 Ga), os valores são similares às registradas nas rochas do TTGRM, levando à interpretação que o DSA é possivelmente uma continuidade do TTGRM para sudoeste. Por outro lado, os resultados geocronológicos das amostras ML-16 e ML-13 (1.990 ± 7 Ma e 1.988 ± 4 Ma) indicam um magmatismo mais novo, do paleoproterozóico
  • OLAVO BILAC QUARESMA DE OLIVEIRA FILHO
  • INVESTIGAÇÃO DE MISTURA DE ÁGUAS ENTRE O SISTEMA BARREIRAS E PIRABAS COM BASE NA ASSINATURA ISOTÓPICA DE ESTRÔNCIO (Sr) E HIDROGEOQUÍMICA EM ANANINDEUA, BELÉM E BACKGROUNDS EM BENEVIDES E CAPANEMA, PARÁ.

  • Data: May 31, 2012
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  • Até a década de 70 acreditava-se que a região nordeste do Pará, assim como outras áreas de idade cenozóica no Brasil, fosse estável, sem indícios de tectonismo recente. Entretanto, investigações de campo e análise por sensoriamento remoto identificaram feições e estruturas tectônicas que caracterizaram o processo neotectônico do nordeste do Pará. Concomitante ao exposto, estudos em águas foram realizados na Região Metropolitana de Belém e demonstram a vulnerabilidade de aqüíferos mais profundos por processos neotectônicos, sugerindo misturas entre os aqüíferos Barreiras e Pirabas. Resultados obtidos a partir da variação sazonal revelam aqüíferos de características hidrogeoquímicas distintas, destacando-se os parâmetros pH (4,27 a 6,19 no Barreiras; 7,00 a 8,02 no Pirabas), Condutividade Elétrica (11,1 a 92,2 μS/cm no Barreiras; 222 a 406 μS/cm no Pirabas), Sólidos Totais Dissolvidos (10 a 87 mg/l no Barreiras; 105 a 181 mg/l no Pirabas), Cl- (0,18 a 0,42 meq/l no Barreiras; 0,05 a 0,12 meq/l no Pirabas), Na+ (0,24 a 0,50 meq/l no Barreiras; 0,05 a 0,18 meq/l no Pirabas), Mg2+ (0,001 a 0,061 meq/l no Barreiras; 0,68 a 0,128 meq/l no Pirabas), Ca2+ (0,01 a 0,33 meq/l no Barreiras; 1,78 a 2,53 meq/l no Pirabas) e Sr2+ (0,0002 a 0,0066 meq/l no Barreiras; 0,016 a 0,023 meq/l no Pirabas), todos com notável variação entre os sistemas aqüíferos abordados. Os resultados das análises a partir da matriz de correlação entre os sistemas aqüíferos (Barreiras e Pirabas) nos períodos seco e chuvoso mostraram índices de correlação (r) acima de 0,8 em vários parâmetros estudados, evidenciando uma relação direta de contribuição entre os aqüíferos. Com relação às fácies hidrogeoquímicas são divididas em 2 tipos: 1) aqüífero Barreiras, período seco, as amostras comportam-se como águas do tipo Cl--Na+, subdivididas nos tipos Cl-Na-Ca-SO4 e Cl-Fe-Na; enquanto no período chuvoso temos águas do tipo Cl-Na-Ca-SO4 e Cl-Na-Ca, salientado-se a menor estabilidade deste aqüífero sendo sua fácie tipicamente de input de água meteórica, alterando o tipo da água conforme o ciclo hidrológico e 2) aqüífero Pirabas, tanto no período seco quanto no chuvoso comportou-se como água do tipo HCO3-Ca, mostrando grande estabilidade da fácie hidrogeoquímica. O diagrama de composição do tipo Schöller para os aqüíferos Barreiras e Pirabas, a partir do modelamento hidrogeoquímico a 10%, indica mistura das amostras desses aqüíferos. As análises isotópicas de 87Sr/86Sr mostram, de forma geral, que as águas do
    aqüífero Barreiras são mais radiogênicas (continental) que as do aqüífero Pirabas (marinha). Destaca-se que no período chuvoso, em geral, há homogeneização nas razões isotópicas obtidas (abaixo de 0,71), corroboradas pela razão isotópica da água da chuva (0,705316), sugerindo misturas entre os sistemas aqüíferos estudados. A partir dos diagramas de dispersão de 87Sr/86Sr-STD é possível observar o tipo de processo que controla o sistema aqüífero (no caso do Barreiras apresenta-se o intemperismo dos silicatos, enquanto no Pirabas apresenta-se a dissolução da calcita). Os resultados da análise discriminante utilizando os parâmetros isotópicos e hidrogeoquímicos (87Sr/86Sr-Cl--SO4 2--K+-Mg2+) sugerem uma excelente discriminação das amostras do Barreiras e Pirabas no período chuvoso, assim como as análises de PCA utilizando 87Sr/86Sr e 87Sr/86Sr-SO4 2--K+ indicam misturas entre os sistemas aqüíferos no período chuvoso. A combinação dos resultados isotópicos e parâmetros hidrogeoquímicos no período seco e chuvoso com base na assinatura isotópica do Sr, estatística multivariada, diagrama de Schöller e análises de correlação sugerem processos de misturas, principalmente no período chuvoso entre os sistemas aqüíferos Barreiras e Pirabas, corroborando com os estudos estruturais. Os mesmos que indicam a mobilidade das águas desses aqüíferos em misturar-se, principalmente pelas feições neotectônicas existentes na Região Metropolitana de Belém.

  • LAIS CONCEICAO TAVARES
  • ADSORÇÃO DE NITRATO EM REJEITO DE CAULIM ORGANOFUNCIONALIZADO COM URÉIA

  • Data: May 30, 2012
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  • Rejeitos de caulim, gerados em abundância por empresas paraenses, vem provocando problemas ao meio ambiente. Com intuito de dar contribuições sobre o reaproveitamento deste rejeito foi avaliada a retenção do íon nitrato em rejeito de caulim natural e modificado com uréia e estudado o equilíbrio dos processos de adsorção nas interfaces sólidas-soluções. Os materiais foram caracterizados por difração e fluorescência de raios X (DRX e FRX), a espectroscopia de infravermelho (espectro FTIR), microscopia eletrônica de varredura (MEV) e por dados estimados de carga superficial. Experimentos de adsorção do íon nitrato no rejeito de caulim natural (CRJN) e modificado com ureia (CRJU) foram realizados sem ajuste de pH. As concentrações de H+ foram medidas por potenciometria direta antes e após os processos de adsorção e as concentrações de equilíbrio de nitrato foram medidas por cromatografia iônica. Os resultados obtidos indicaram: alta pureza do rejeito de caulim; formação do complexo caulinita-uréia confirmada pela reflexão de DRX em 2θ= 8,28o e d=1,068 nm e pelo espectro FTIR  com aparecimento de uma banda larga de baixa intensidade, contendo dois discretos ombros  em torno de 3500 a 3380 cm-1 ,correspondentes às vibrações assimétrica e simétrica do grupamento –NH2 da caulinita-uréia, superpostos à vibração da molécula d’água; dados de cargas superficiais, sugerindo que os materiais apresentam maior capacidade de adsorção de cátions do que ânions, mas dependendo da concentração de H+ e OH- nos adsorventes, as hidroxilas superficiais podem ser protonadas originando cargas positivas que propiciam a adsorção de ânions; obtenção de quantidades adsorvidas expressivas de nitrato, tanto em CRJN como CRJU (0,27-0,73 e 0,18-0,70 mg.g-1, respectivamente); coeficiente de separação (RL) entre 0,28 a 0,828, variação de energia livre ΔGº = -2,094 a + 0,445 KJ mol-1 para CRJN  e ΔGº=-1,036 a + 1,32 KJ mol-1  para CRJN. Foi concluído com base nos dados de RL que os processos de adsorção são pouco favoráveis na maioria dos pontos dos processos de adsorção e os resultados da variação de energia livre (ΔGº) indicaram que os processos de adsorção são espontâneos a não espontâneos e de natureza física.

  • LUCIANA DE JESUS PENHA PAMPLONA
  • GEOLOGIA, PETROGRAFIA E GEOQUÍMICA DA SUÍTE OFIOLÍTICA ARAGUACEMA – CINTURÃO ARAGUAIA

  • Data: May 22, 2012
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  • Ao longo do domínio de baixo grau metamórfico do Cinturão Araguaia foram identificadas
    suítes de natureza ofiolítica que se distribuem na forma de dezenas de corpos isolados, dentre eles, destaca-se a Suíte Ofiolítica Araguacema, alvo desta pesquisa. A Suíte Ofiolítica Araguacema situa-se nos arredores da cidade de mesmo nome, no noroeste do Estado do Tocantins e está encaixada, tectonicamente, nas rochas metassedimentares de baixo grau metamórfico da Formação Couto Magalhães (Grupo Tocantins). Essa suíte é constituída por três principais tipos litológicos: peridotitos serpentinizados, basaltos almofadados e metacherts ferríferos. Os peridotitos serpentinizados são os tipos predominantes e, em geral, são rochas faneríticas grossas, deformadas e apresentam-se recortados por veios de crisotila. Os peridotitos foram classificados em harzbugitos e wehrlitos. Os harzbugitos, considerados peridotitos mantélicos, apresentam textura predominantemente pseudomórfica dada pelas feições tipo mesh e bastite. Os wehrlitos representam peridotitos cumulados, apresentam textura cumulada evidenciada por cristais grandes de olivina, clinopiroxênio e ortopiroxênio, os quais estão parcialmente serpentinizados. No flanco NE da Suíte Ofiolítica Araguacema aflora uma expressiva camada de basaltos almofadados (pillow basaltos), na qual foram
    identificados três tipos de basaltos: maciços, hipovítreos com esferulitos e hialoclastitos. Os basaltos maciços estão presentes no núcleo das almofadas e pouco interagiram com a água no ambiente de fundo oceânico onde se formaram, guardando suas características vulcânicas preservadas. São homogêneos, afaníticos, com textura intersertal composta essencialmente por cristais ripiformes de plagioclásio e clinopiroxênio, os quais se encontram envolvidos pelo material vítreo. Os basaltos hipovítreos com esferulitos estão presentes nas porções intermediárias da almofada (próximo à borda) e apresentam feições de resfriamento rápido (quenching) como esferulitos, cristais aciculares e radiais de plagioclásio, minerais opacos com formas esqueletais e clinopiroxênio com terminações do tipo “rabo-de-andorinha”. Os hialoclastitos constituem a borda mais externa da almofada e, portanto, representam litotipos metassomatizados por interação com a água do mar, o que gerou mudanças mineralógicas através da substituição dos cristais de Ca-plagioclásio e augita por albita, epidoto, clorita e carbonatos, bem como transformações químicas, através do empobrecido em sílica e álcalis e o enriquecimento das concentrações de MgO e Al2O3. Os metacherts ferríferos da suíte
    correspondem aos sedimentos químicos marinhos de ambiente oceânico profundo, constituindo a porção superior do ofiolito. Essas rochas exibem bandamentos descontínuos milimétricos ricos em quartzo e magnetita. A microscopia eletrônica de varredura identificou, nos peridotitos serpentinizados, olivina magnesiana (forsterita), clinopiroxênio (augita), magnetita, Mg-Fe cromita, sulfetos e óxidos de Ni. Nos basaltos foram encontrados plagioclásio sódico (albita), augita, magnetita, calcocita e calcopirita. Por difratometria de raios-X foi identificado cuprita e magnésio-ferrita nos harzbugitos, e clinocloro, nimita (mica rica em Ni) e politionita (mica rica em K e Li) nos esferulitos dos basaltos. Os harzbugitos são rochas ricas em MgO, Fe2O3 e Ni e pobres em CaO, o que está refletido na mineralogia formada, essencialmente, por olivina e ortopiroxênio. Os wehrlitos, contudo, são ricos em MgO, Fe2O3, CaO, Al2O3 e Cr, o que resultou na presença da olivina, augita e magnésiocromita. Embora haja diferença nas concentrações de alguns elementos maiores, em geral, os peridotitos mostram-se levemente empobrecidos em elementos terras raras (ETR) leves
    comparado aos ETR pesados, com assinaturas geoquímicas sugestivas de derivação de um manto lherzolítico. Os basaltos almofadados revelaram natureza subalcalina-toleítica do tipo MORB. As razões La/Ybn<1 confirmam essa natureza e as razões La/Smn<1 indicam ser do tipo N-MORB, resultantes de processos de fusão parcial de uma fonte mantélica empobrecida. A anomalia negativa de Sr definiu retenção de plagioclásio durante as etapas de fusão parcial para a formação dos basaltos e confirma uma fonte mantélica empobrecida do tipo plagioclásio-lherzolito, típica de basaltos de cadeia meso-oceânica N-MORB. A análise dos dados permitiu caracterizar a Suíte Ofiolítica Araguacema como um pequeno fragmento alóctone de um segmento manto/crosta oceânica bem preservado e fracamente metamorfisado, que marca um momento de oceanização da Bacia Araguaia, durante o Neoproterozóico na evolução crustal do Cinturão Araguaia.

  • JOAO MARINHO MILHOMEM NETO
  • PALEOAMBIENTE E QUIMIOESTRATIGRAFIA DA FORMAÇÃO SERRA DO QUILOMBO, NEOPROTEROZÓICO DA FAIXA PARAGUAI NORTE, REGIÕES DE CÁCERES E NOBRES (MT)

  • Data: May 3, 2012
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  • Após a última glaciação criogeniana (ca. 635 Ma), extensas plataformas carbonáticas desenvolveram-se sobre diversas regiões cratônicas da Terra. Apesar da intensa dolomitização de parte desses depósitos, muitos dos processos sedimentares e paleoceanográficos podem ainda ser resgatados, contribuindo no entendimento do paleoambiente e da composição isotópica da água do mar durante o Neoproterozóico. Um dos exemplos mais importantes deste período no Brasil é a Formação Serra do Quilombo, pertencente à porção superior do Grupo Araras, no segmento norte da Faixa Paraguai, sul do Cráton Amazônico. Esta unidade tem sido interpretada, em sua seção-tipo na região de Cáceres, estado do Mato Grosso, como representante de depósitos de plataforma moderadamente rasa a profunda influenciada por sismos e tempestades. A análise de fácies e estratigráfica, em combinação com dados de isótopos de C, O e Sr nas regiões de Cáceres (seção-tipo) e Nobres, permitiu reavaliar e ampliar estas interpretações paleoambientais e paleoceanográficas, visando à construção de um arcabouço quimioestratigráfico para a unidade. A sucessão estudada possui aproximadamente 140 m de espessura e inclui a Formação Serra do Quilombo e seus contatos com unidades adjacentes, a Formação Guia na base e Formação Nobres, no topo. Nessa sucessão foram descritas 5 fácies deposicionais que correspondem a dolomito fino laminado rico em matéria orgânica (Dl), dolomito fino maciço a laminado (Dml), dolomito arenoso com estratificação cruzada hummocky/swaley associada com estratificação plano-paralela (DAh), dolomito arenoso/oolítico com laminações produzidas por ondas (DAl) e brecha dolomítica com matriz (BDm). As fácies sedimentares foram agrupadas em duas associações de fácies (AF) que indicam ambientes de plataforma carbonática moderadamente profunda (AF1: Dm e Dl) e face litorânea influenciada por tempestades (AF2: DAh, DAl e BDm). A Formação Serra do Quilombo compõe uma sucessão de raseamento ascendente (shallowing upward), que representa o registro progradante de um trato de sistema de mar alto, em um contexto de rampa carbonática homoclinal instalada no sul do Cráton Amazônico durante o Ediacarano. As análises de C e O foram realizadas em 141 amostras (dentre calcários e dolomitos finos, dolomitos arenosos/oolíticos, além de clastos, cimento e matriz de brechas dolomíticas), das quais, 6 foram também selecionadas para análises de Sr. Estudos de elementos maiores (Ca, Mg e Fe) e traços (Rb, Sr e Mn), realizados em 20 amostras, auxiliaram na seleção daquelas para análise isotópica de Sr e na avaliação da natureza primária do sinal isotópico dos carbonatos estudados. Os valores de δ13C, interpretados como representativos da água do mar original, apresentam uma tendência que varia desde negativa, em torno de -2‰, na base da sucessão (Formação Guia), até composições enriquecidas de δ13C em direção ao topo da sucessão estudada, atingindo valores acima de 0‰. A seção-tipo da Formação Serra do Quilombo apresenta uma curva homogênea de isótopos de C, com valores de δ13C em torno de 0‰, o que permite sua perfeita correlação com outras sucessões como, por exemplo, sua seção de referencia em Nobres, distante cerca de 200 km. As razões 87Sr/86Sr seguem a tendência geral dos isótopos de C, com valores crescentes em direção ao topo da sucessão, variando de 0,7077 até 0,7083, diretamente relacionados com o raseamento dos ambientes e o consequente influxo de grãos siliciclásticos registrado na porção superior da unidade (AF2). Os dados de δ13C e δ18O obtidos para as brechas dolomíticas com matriz (BDm) indicam, em geral, uma similaridade entre o sinal isotópico, tanto da matriz quanto dos clastos, sugerindo sua natureza primária e sindeposicional. Por outro lado, para as brechas dolomíticas cimentadas, os valores obtidos para os cimentos de dolomita espática indicam menores valores de δ13C e, notadamente, de δ18O em relação aos clastos, sugerindo que sua origem é secundária, provavelmente resultante da interação com águas meteóricas ou fluidos hidrotermais durante o processo de formação das brechas. A implantação de uma plataforma carbonática moderadamente profunda a rasa com padrões isotópicos de C tendendo a valores positivos, distiguem-se dos depósitos pós-glaciais da base do Grupo Araras, com valores de C fortemente negativos, e podem representar o restabelecimento das condições normais de sedimentação. Da mesma forma, a tendência crescente da razão isotópica de Sr indica o aumento do influxo continental num cenário já completamente desprovido da influência glacial (Snowball/slushball Earth hypothesis). Os valores de Sr apontam idade ediacarana, entre 560 e 580 Ma, para a deposição da Formação Serra do Quilombo.

  • LUIZ SATURNINO DE ANDRADE
  • FÁCIES E ESTRATIGRAFIA DA PARTE SUPERIOR DA FORMAÇÃO PEDRA DE FOGO, PERMIANO DA BACIA DO PARNAÍBA, REGIÃO DE FILADÉLFIA-TO

  • Data: May 2, 2012
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  • A Formação Pedra de Fogo, de idade permiana, pertencente ao Grupo Balsas da Bacia do Parnaíba, norte do Brasil, é caracterizada por uma sucessão cíclica siliciclástica-carbonática, com expressivo conteúdo de chert (sílex), raros estromatólitos e fósseis de animais e vegetais, destacando-se troncos de madeiras silicificados, principalmente do gênero Psaronius. No intuito de ampliar o conhecimento paleoambiental e estratigráfico da porção superior da Formação Pedra de Fogo, no sudoeste da Bacia do Parnaíba, realizou-se a análise de fácies em afloramentos na região de Filadélfia (TO), SW da Bacia do Parnaíba. O estudo permitiu definir uma sucessão de aproximadamente 100 m de espessura, predominantemente siliciclástica e com carbonatos e evaporitos subordinados. Foram definidas 25 fácies sedimentares agrupadas em seis associações de fácies (AF): AF1-Lacustre com rios efêmeros; AF2-Lago influenciado por ondas de tempestade; AF3-Sabkha continental; AF4-Lago central; AF5-Campo de dunas; e AF6-Lago/oásis com inundito. Estas associações indicam que durante o Permiano, desenvolveu-se um extenso sistema lacustre de clima árido, adjacente a campos de dunas e sabkha continental, com contribuições de rios efêmeros. As incursões fluviais nos lagos propiciavam a formação de lobos de suspensão e fluxos em lençol (AF1). Planícies de sabkha (AF3) formaram-se nas porções marginais do lago que, eventualmente, era influenciado por ondas de tempestades (AF2), enquanto as zonas centrais eram sítios de intensa deposição pelítica (AF4). O baixo suprimento de areia eólica neste sistema propiciou a formação de um campo de dunas restrito (AF5) com desenvolvimento de lagos de interdunas, onde proliferavam núcleos de samambaias gigantes, inundados esporadicamente por rios efêmeros (AF6). O predomínio de esmectita e a ausência de caulinita bem como a ocorrência de evaporitos na Associação AF3 corroboram os resultados faciológicos que a sedimentação da parte superior da Formação Pedra de Fogo ocorreu sob condições climáticas quentes e áridas.

  • JOHN ALEXANDER SANDOVAL ROMERO
  • GEOQUÍMICA ISOTÓPICA Sr E GEOCRONOLOGIA Pb-Pb  DA CAPA CARBONÁTICA NEOPROTEROZÓICA DO GRUPO ARARAS,  TANGARÁ DA SERRA,  MT.

  • Data: Apr 24, 2012
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  • As capas carbonáticas neoproterozóicas têm sido alvo de inúmeros estudos
    quimiestratigráficos e paleoambientais ao redor de quase todas as regiões cratônicas do
    mundo. Foram depositadas após eventos de glaciação globais e consistem em dolomitos e
    calcários primários recobrindo diamictitos glaciais com feições típicas como estromatólitos,
    estruturas tubiformes, acamamento de megamarcas onduladas e leques de cristais de calcita,
    interpretados como pseudomorfos de aragonita. No Brasil, a ocorrência principal e objeto de
    estudo são encontrados nos municípios de Mirassol d´Oeste e Tangará da Serra, sudoeste do
    Estado de Mato Grosso, sul do Cráton Amazônico, recobrindo diamictitos glaciais com idade
    em torno de 635 Ma. A capa carbonática faz parte da base do Grupo Araras sendo composta
    pelos dolomitos da Formação Mirassol d´Oeste e pelos calcários e folhelhos betuminosos da
    base da Formação Guia. O objetivo deste trabalho visa consolidar, uma idade do inicio do
    Ediacariano para a capa carbonática da região de Tangará da Serra, por meio da
    geocronologia Pb-Pb, e trazer novos dados isotópicos de Sr que contribuam para o
    entendimento das condições paleoambientais de deposição destas rochas, bem como para a
    elaboração da curva de evolução do Sr no Neoproterozóico. Foram coletadas 36 amostras
    posicionadas no topo da Formação Mirassol d´Oeste (13 amostras) e na Formação Guia (23
    amostras), para análises petrográficas, de difração e fluorescência de raios X, assim como
    para análises isotópicas de Sr e datação pelo método Pb-Pb por lixiviação em rocha total,
    utilizando a espectrometria de massa TIMS e ICP-MS. As análises petrográficas permitiram
    reconhecer feições diagenéticas como, estilólitos, grãos de dolomita recristalizados,
    preenchimento de dolomita espática, presença de óxidos de ferro e quartzo autigênico nos
    dolomitos da Formação Mirassol d´Oeste. Na Formação Guia, foram observados leques de
    cristais de calcita parcialmente substituída por dolomita espática, fraturas preenchidas por
    óxidos de ferro, estilólitos, microfraturas preenchidas por calcita e dolomita secundaria,
    quartzo e feldspato nos calcários da Formação Guia. A análise de difração de raios X
    complementou a determinação da assembléia mineralógica dos carbonatos, em especial, a
    identificação da presença de dolomita secundaria, quartzo e feldspato nos calcários da base da
    Formação Guia. A análise química por fluorescência de raios X permitiu determinar os teores
    de Fe, Mn, Ca, Sr, os quais foram utilizados para auxiliar na interpretação das assinaturas
    isotópicas de Sr. A composição isotópica de Sr de cinco amostras de dolomitos da Formação
    Mirassol d´Oeste e seis de calcários da base da Formação Guia, foi determinada pelo método
    de lixiviação sequencial com ácido acético. Para os dolomitos, as razões 87Sr/86Sr oscilaram
    entre 0,708 e 0,709. Para os calcários, foram obtidas razões isotópicas 87Sr/86Sr no intervalo
    vii
    de 0,707093 até 0,707289, uma vez eliminadas as etapas de lixiviação com provável
    contribuição terrígena para o Sr com razões 87Sr/86Sr de até 0,7114. As mais baixas razões
    87Sr/86Sr foram encontradas nas amostras com mais baixas razões Mn/Sr (0,31-0,45) e Fe/Sr
    (6,03-9,8). A diferença de procedimento analítico utilizado para a obtenção das razões
    87Sr/86Sr pode explicar as diferenças de assinaturas isotópicas de Sr dos calcários da região de
    Tangará da Serra (lixiviação sequencial) com aquelas, mais radiogênicas, dos calcários da
    região de Mirassol d´Oeste (dissolução total), previamente publicados. As razões 87Sr/86Sr de
    0,70709–0,70729 dos calcários da região de Tangará da Serra, posicionam-se acima da curva
    de evolução do Sr oceânico no Neoproterózoico, na transição do Criogeniano – Ediacarano
    antes do aumento brusco no inicio do Ediacarano. Foram analisadas 6 amostras de dolomitos
    e 17 amostras de calcários, para a determinação da composição isotópica de Pb, as amostras
    foram lixiviadas com HCl. As assinaturas isotópicas de Pb apresentam uma grande
    homogeneidade nos dolomitos (19,05<206Pb/204Pb < 19,50; 15,69 <207Pb/204Pb < 16,89) e não
    foram utilizadas para a elaboração da isócrona Pb-Pb. Das 17 amostras de calcários, 15
    forneceram uma idade de 622 ± 33 Ma (2σ), apesar das variações isotópicas limitadas de
    composição isotópica (18,77 < 206Pb/204Pb < 31,18; 15,71 <207Pb/204Pb < 16,46). Esse
    resultado reforça uma idade do início do Ediacarano para a formação da capa carbonática do
    Grupo Araras e comprova a sua associação com os eventos ocorridos após a última glaciação
    criogeniana no sul do Craton Amazônico.

  • PATRICIA MAGALHAES PEREIRA SILVA
  • ADSORÇÃO DE MOLIBDATO DE MINERAIS DE ARGILA DELAMINADOS E AMORFIZADOS

  • Data: Apr 15, 2012
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  • A busca por metodologias eficientes no controle da poluição ambiental, assim como o desenvolvimento de tecnologias nos âmbitos químico, físico e biológico têm sido amplamente discutida a fim produzir alternativas eficientes na melhoria da qualidade de vida e controle de poluentes químicos (orgânicos ou inorgânicos), que ao longo dos anos estão sendo despejados no meio ambiente de forma inconseqüente por residências e indústrias.  Desta forma, é importante o conhecimento acerca do comportamento adsortivo de metais nos solos, pois elevadas concentrações de metais geram efeitos desfavoráveis ao meio ambiente. O molibdênio é um elemento essencial para funções biológicas de plantas e animais, porém em altas concentrações no organismo pode gerar deformidades ósseas, anemia, anomalias no fígado e levar a morte. A possibilidade de interação de compostos orgânicos-inorgânicos (Ácido Húmico, Uréia e H2SO4)em sedimentos “in natura” provenientes da região do Acre, foi investigada, com intuito de se avaliar a possibilidade de aplicação destes materiais em processos de adsorção de molibdato em soluções aquosas. As amostras naturais utilizadas neste estudo possuem elevado teor de minerais de argila, principalmente esmectita, baixo teor de caulinita e minerais primários como feldspato e quartzo. Todas as amostras “in natura” foram caracterizadas por DRX, FRX, FTIR, MEV e pHH2O e pHKCl. A modificação com ácido inorgânico nas concentrações (0.25; 0.5; 1 e 1,5 Mol.L-1), a temperatura e o tempo de contato foram parâmetros importantes no processo de delaminação desses minerais de argila. Assim como o uso de compostos orgânicos como uréia e ácido húmico foram eficientes no processo de amorfização. O estudo por DRX nas amostras modificadas evidenciam a modificação da estrutura quando utilizado H2SO4 nas quatro concentrações, porém tal fato é observado somente para o pico 15Å, característico da esmectita, todos os outros picos não apresentaram significativa alteração. A síntese com compostos orgânicos promoveram a amorfização do pico referencial da esmectita. Desta forma, como o sedimento naturalmente possui argilominerais (esmectita, caulinita) confirmado por DRX, assim como a presença de ferro, indicando uma possível transição da montmorilonita para nontronita, com substituição isomórfica do ferro, espera-se uma maior interação da adsorção do molibdato na fração modificada com relação à natural. A inserção de H+ devido o processo de modificação com ácido sulfúrico, promoveu a substituição dos íons cálcio na estrutura, confirmado pela análise semi-quantitativa realizada por EDS. Análise por MEV indicaram nas amostras naturais a presença de morfologia placoíde, tal fato não foi observado nas amostras modificadas, no qual foi observado delaminação e amorfização. As condições de equilíbrio no processo de adsorção foram investigados, no qual foi estabelecido, tempo de 2h e pH foi medido nas soluções antes e após o processo de adsorção. Os dados de equilíbrio foram representados pelos modelos de isotermas de Langmuir, Freundlich e Sips. O processo de adsorção teve melhor desempenho nas primeiras concentrações para as amostras S10H15 e S10UH. As amostras modificadas com ácido húmico possuíram maior qmáx = 3.43, os valores de regressão ajustados ao modelo de Freundlich obtidos apontam um eficiente processo de adsorção, as amostras modificadas adsorveram eficazmente o ânion molibdato em comparação a amostra natural.

  • CARLA JOANA SANTOS BARRETO
  • VULCANISMO FÉLSICO PALEOPROTEROZÓICO DO GRUPO IRICOUMÉ, NW DO PARÁ, DOMÍNIO EREPECURU-TROMBETAS, PROVÍNCIA AMAZÔNIA CENTRAL: PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA Pb-Pb EM ZIRCÃO E Sm-Nd EM ROCHA TOTAL
  • Data: Apr 11, 2012
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  • O Grupo Iricoumé é parte de um extenso evento vulcano-plutônico que marcou a região central do Cráton Amazônico durante o Orosiriano, o qual compreende rochas vulcânicas piroclásticas com texturas e estruturas bastante preservadas. A área de estudo localiza-se no noroeste do estado do Pará, no sudoeste do Domínio Erepecuru-Trombetas, sul do Escudo das Guianas. Essa área é limitada a sul pela cobertura paleozóica da Bacia do Amazonas e, a norte, por unidades metamórficas do embasamento. Estudos petrográficos permitiram distinguir um vulcanismo piroclástico predominante (ignimbritos, reoignimbritos, lápili-tufo de surge e tufo co-ignimbrítico de queda), e de maneira subordinada, rochas hipabissais (lamprófiros espessartíticos, traquito, riolito) e efusivas (fluxos de lavas andesíticas). A maioria das rochas piroclásticas exibe feições diagnósticas da deposição dos piroclastos sob altas temperaturas, sugerindo que essas rochas estão provavelmente relacionadas a ambiente de geração de caldeiras. As idades Pb-Pb de 1888 ± 2,5 Ma e 1889 ± 2 Ma obtidas para zircões de ignimbritos traquíticos do Grupo Iricoumé no Domínio Erepecuru-Trombetas confirmam que a maioria das rochas estudadas pertence ao Grupo Iricoumé. Por outro lado, a idade Pb-Pb em zircão de 1992 ± 3 Ma obtida para uma amostra de traquiandesito permitiu evidenciar um episódio vulcânico orosiriano subordinado mais antigo, já reconhecido de maneira localizada a sul da Bacia do Amazonas, no Domínio Tapajós. As rochas piroclásticas menos diferenciadas (composições de traquitos e dacito) possuem assinatura metaluminosa, anomalias positivas de Sr e fracas a ausentes anomalias negativas de Eu, enquanto que as mais diferenciadas (composições de riolitos) possuem assinatura levemente peraluminosa, fortes anomalias negativas de Sr, P e Ti e moderadas anomalias negativas de Eu. As rochas hipabissais mostram caráter metaluminoso a peraluminoso, fortes anomalias negativas de Sr, Ti e P para o traquito e riolito, e anomalias positivas de Sr para o lamprófiro, além disso, exibem anomalias negativas de Eu fracas a ausentes. As características geoquímicas dessas rochas sugerem que as mesmas se formaram em um ambiente tectônico pós-colisional, interpretação que vem sendo adotada para associações vulcano-plutônicas de outros domínios da porção central do Cráton Amazônico. Os traquiandesitos exibem caráter metaluminoso, com anomalias de Sr positivas e anomalias negativas de Eu inexistentes, além de afinidade com ambiente de arco vulcânico, sugerindo que essas rochas se formaram em um contexto geodinâmico relacionado à subducção. Os resultados Sm-Nd em rocha total obtidos forneceram valores de Nd entre -3,04 e +2,35 e idades TDM variando de 1,98 Ga até 2,39 Ga, indicando fontes dominantemente crustais de idades Riaciana a Sideriana para os magmas parentais sem significativa contribuição crustal arqueana. Os novos resultados obtidos constituem uma evidência adicional da ampla extensão do vulcanismo Iricoumé e de vulcânicas correlatas na porção central do Cráton amazônico, e reforçam a hipótese de uma Grande Província Ígnea Félsica (SLIP) no Cráton Amazônico, como já havia sido previamente proposto por alguns autores.
  • DIOGO CORREA SANTOS
  • RECONHECIMENTO E MAPEAMENTO DE GÊNEROS DE MANGUE A PARTIR DE DADOS ESPECTRORRADIOMÉTRICOS E IMAGENS IKONOS NA ILHA DE MARAJÓ - PA
  • Data: Apr 11, 2012
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  • Imagens de alta resolução do satélite Ikonos II e medidas espectrorradiométricas vem sendo bastantes utilizadas para o mapeamento e reconhecimento espectral de ambientes costeiros, em especial os manguezais. O objetivo desta investigação é mapear os diferentes ambientes costeiros e reconhecer os diferentes gêneros de mangue, a partir de dados botânicos e de medição da reflectância das folhas medida no campo com um espectroradiômetro em Soure (Ilha de Marajó/PA). Para este fim, foi utilizado o método automático, orientado a objeto para classificação de imagens Ikonos multiespectrais, que enfatiza as informações de contexto. Na planície costeira foram discriminados 7 ambientes, a saber: campos naturais, cordão arenoso antigo, praia, área inundada, terraço de manguezal e massa d’água. A precisão na classificação geral dos ambientes costeiros apresenta índice Kappa de 94% e acurácia global de 95%. O uso da técnica de classificação orientada a objeto das imagens Ikonos juntamente com os dados de campo (espectro radiômetro), permitiu a separação de três tipos de gêneros de mangue, entre eles Laguncularia, Avicennia e Rizhophora, cuja avaliação da classificação mostrou valor de 70% para o índice Kappa e 78,29% para exatidão global, indicando uma classificação substancial com os dados adquiridos em campo.
  • ALESSANDRA DE CASSIA DOS SANTOS DUTRA
  • MAGMATISMO BASÁLTICO NA SUCESSÃO SEDIMENTAR DO GRUPO TUCURUÍ-CINTURÃO ARAGUAIA, NORDESTE DO PARÁ

  • Data: Apr 9, 2012
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  • O objetivo principal do trabalho foi o estudo do magmatismo e ambientes sedimentares associados nas rochas do Grupo Tucuruí de idade neoproterozóica, além de discutir a sua contextualização na evolução do Cinturão Araguaia. A referida unidade aflora na região de Tucuruí, nordeste do Pará, ao longo da zona de transição entre o Cráton Amazônico e Cinturão Araguaia e é descrita como uma sucessão vulcano-sedimentar constituída por depósitos vulcânicos incluindo derrames basálticos, eventuais intrusões de diabásios e brechas basálticas intercaladas com depósitos siliciclásticos litorâneos constituídos por subarcóseos e siltitos amalgamados, cujas camadas orientam-se na direção NNE-SSW com mergulho baixo para SE. A Falha de Tucuruí, por cavalgamento projeta estes conjuntos rochosos para oeste resultando em fraturamento e percolação de fluidos nestas rochas. Os depósitos siliciclásticos mostram granocrescência e espessamento ascendente nos quais foram reconhecidas cinco fácies sedimentares reunidas em duas associações, sendo elas, depósitos de antepraia sendo constituída pela fácies subarcóseo com estratificação cruzada de baixo ângulo e tempestitos de face litorânea compostos pelas fácies subarcóseo com laminação planoparalela, siltito com laminação planoparalela, siltito com laminação truncada por onda e siltito com estratificação cruzada hummocky. Estas associações de fáceis sugerem processos de transporte e sedimentação ligados a um ambiente marinho raso, seguindo da zona de foreshore até a zona de shoreface, sobre influência de onda de tempestade. A análise petrográfica de subarcóseos e siltitos a revela imaturidade textural e composicional destas rochas, indicando, sobretudo, área-fonte próxima composta de rochas ígneas de composição intermediária a máfica e/ou metamórficas, bem como também indica que a sequência sedimentar esteve submetida a condições eodiagenéticas a mesodiagenéticas. Os depósitos vulcânicos são compostos por rochas mesocráticas, hipocristalinas, cuja mineralogia é constituída por labradorita (An53), augita, minerais óxidos de Fe e Ti e acessoriamente sulfetos e apatita. Os derrames basálticos são afaníticos, compostos por basaltos amigdaloidais, situados na base e topo dos mesmos e basaltos maciço, localizados nas porções centrais dos derrames. No tipo amigdaloidal, as amígdalas são preenchidas por clorita, quartzo, zeólita e material criptocristalino verde e estão imersas em matriz intergranular ou intersertal, sendo estas duas últimas as tramas texturais principais dos basaltos maciços. Os sills de diabásio faneríticos e de granulação média possuem textura intergranular e eventualmente intercrescimento micrográfico. As brechas basálticas por sua vez, ocorrem entre os derrames e/ou no contato com a sequência sedimentar, sendo constituídas de fragmentos de basaltos exibindo estruturas de fluidez
    envolvidos em matriz sedimentar de granulometria silte, localmente entremeadas com concentrações irregulares de zeólitas e epídoto, indicando desta forma a concomitância entre processos de sedimentação e vulcanismo. A análise geoquímica realizada em 14 amostras de rochas vulcânicas da região de estudo, utilizando espectrometria de plasma acoplado ao espectrômetro de massa (ICP-MS) revela concentrações de SiO2 variando entre 46 a 48% e álcalis (Na2O+K2O) entre 2-4% predominantemente. As concentrações de CaO, Fe2O3 e TiO2 são elevadas e variam entre 8-128%, 12-16% e 2 -3% respectivamente, enquanto a concentração de MgO é moderada e varia entre 5-7%. Já os elementos traços tem valores de Cu, Cr e Co em concentração moderada entre 102-216ppm, 160-560 ppm, 44-52 ppm, já os valores de elementos como Ba, Rb e Sr variam entre 115-350 ppm, 5-34 ppm e 145-424 ppm respectivamente e as razões (La/Yb)n entre 2 a 5. Este quadro composicional é compatível com basaltos de afinidade toleítica. O comportamento de elementos traços é típico de províncias de basaltos continentais, onde os elementos terras raras mostram fraco
    fracionamento. Anomalias são observadas, sendo elas negativas no caso do Eu e Sr, indicando fracionamento de plagioclásio e positiva no caso do Ti, indicando a semelhança com suítes de alto Ti. Quanto a possível fonte magmática, as razões La/Yb e La/Nb, ambas maiores que 1, permitem admitir a derivação de fontes mantélicas enriquecidas, com fusão parcial de um manto litosférico subcontinental. Desta forma, pode-se resumir que o Grupo Tucuruí representa a porção preservada de rochas de um segmento costeiro influênciado por ondas de tempestade em uma bacia do tipo rifte ou antepaís, com área fonte próxima composta de rochas ígneas e/ou metamórficas, topografia elevada e marcada por intemperismo físico predominante e que foi atingida durante sua formação por vulcanismo efusivo com assinaturas geoquímicas de afinidade toleítica e ambiência continental durante os estágios finais da evolução geológica do Cinturão Araguaia. Ademais, o fraturamento e percolação de fluidos hidrotermais observados a partir dos veios registrados nos conjuntos rochosos do GT, somado à discreta transformação mineralógica que ocorre nos basaltos são compreendidos
    como influência dos últimos estágios de deformação e metamorfismo regional da evolução geológica do Cinturão Araguaia.

  • KAMILLA BORGES AMORIM
  • MINERALOGIA E GEOQUÍMICA DA PALYGORSKITA E ARGILOMINERAIS ASSOCIADOS DA FÁCIES LAGUNAR DA FORMAÇÃO ALCÂNTARA, CRETÁCEO SUPERIOR DA BACIA DE SÃO LUIS - GRAJAÚ

  • Data: Apr 1, 2012
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  • Os litotipos da Formação Alcântara (pelitos, arenitos e dolomitos) afloram ao longo de falésias no município de Alcântara, estado do Maranhão e têm como característica a ocorrência do argilomineral palygorskita, principalmente na forma de bolsões esbranquiçados, mais especificamente nos níveis pelíticos. Esta unidade é representada por depósitos de shoreface gerados por processos de tempestade, recobertos por laguna/washover e canal de maré, que compõem uma sucessão progradacional. No presente trabalho, são apresentados os resultados da caracterização mineralógica destas rochas, com objetivo de entender/definir a origem da palygorskita (autigênica ou detrítica), discutir o contexto geoquímico das condições paleoambientais de formação dos argilominerais ricos em magnésio e sua paragênese mineralógica, especialmente a relação entre palygorskita e dolomita. Além disso, o trabalho mostra uma avaliação preliminar do potencial mineral da ocorrência de palygorskita, mostrando os níveis que apresentam a palygorskita maciça e qual a espessura aproximada dos pacotes. Um perfil geológico foi descrito na Praia da Baronesa, com a coleta de amostras efetuada em duas etapas de campo, totalizando 22. As mesmas, após preparação, foram submetidas às seguintes técnicas instrumentais: Difração de Raios-X (DRX), Fluorescência de Raios-X (FRX), Análises Térmicas (ATD-ATG), e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). Os resultados da primeira etapa de coleta e análises químicas e mineralógicas foram utilizados no artigo submetido e aceito pela revista Cerâmica. Estes dados mostram que o perfil da Praia da Baronesa é composto por arenitos na base, seguidos de pelitos dominantes, com intercalações de dolomitos. Nos pelitos, foi descrita uma ampla assembléia de argilominerais, característicos de ambiente lagunar, com variações no conteúdo de palygorskita, dolomita, clorita, illita, esmectita e traços de caulinita e feldspatos. Duas gerações de palygorskita foram descritas: (1) na forma de bolsões ou acumulações macroscópicas nos níveis pelíticos ricos em palygorskita, freqüentemente descritos na literatura, e (2) na forma maciça, como mineral dominante dos níveis pelíticos superiores do perfil da Praia da Baronesa. A segunda geração, descrita pela primeira vez neste trabalho, pode constituir níveis métricos com potencial interesse econômico. Na segunda etapa, as análises foram efetuadas em camadas pelíticas com maior nível de detalhe, e também em camadas de dolomito. Nesta etapa foi possível observar que a palygorskita é de fato o argilomineral dominante nos pelitos, além de aparecer como mineral traço nos níveis dolomíticos. Os dados revelam que os teores de palygorskita tendem a aumentar nas porções superiores do perfil, mostrando uma relação inversamente proporcional com os argilominerais clorita e illita, que têm seus valores diminuídos à medida que ocorre o incremento de palygorskita. A relação entre palygorskita e dolomita também é muito marcante, uma vez que quando o primeiro mineral é dominante, a dolomita aparece como segunda fase mineral mais abundante. Esta relação é acentuada quando os dados de MEV são analisados, pois os dois minerais sempre ocorrem associados. As análises micromorfológicas da palygorskita indicam que sua origem é autigênica, ou seja, que se formou in situ, visto que suas feições não mostram desgaste ou retrabalhamento, eliminando a possibilidade de origem detrítica. Sabe-se que a palygorskita pode ser encontrada associada a rochas carbonáticas e que as condições adequadas à sua formação são clima semi-árido a árido, alta atividade de Si e Mg com disponibilidade de Al e pH alcalino (~8). Estas condições, somadas à assembléia mineralógica, indicam que a concentração de Mg em solução provavelmente foi adequada  à precipitação de palygorskita, após a formação da dolomita. Outros fatores, como alteração das condições físico-químicas (incremento de sílica pelo consumo de outros minerais (clorita e illita?)), também podem ter favorecido a precipitação de palygorskita. Além dos resultados observados, os novos dados de DRX mostraram que os horizontes superiores do perfil, aproximadamente 4m de pelitos, são os que apresentam as maiores concentrações de palygorskita. A ocorrência deste mineral parece ser bastante significativa, com teores muito elevados em alguns horizontes, revelando perspectivas de trabalhos futuros relacionados às propriedades industriais deste mineral, a uma melhor quantificação do mesmo e às possibilidades quanto ao aproveitamento econômico.

  • BRUNO APOLO MIRANDA FIGUEIRA
  • TRANSFORMAÇÃO DE MINÉRIOS E REJEITOS DE ÓXIDOS DE Mn DA REGIÃO AMAZÔNICA EM NANOMATERIAIS COM ESTRUTURAS LAMELARES (OL-1)

  • Data: Mar 9, 2012
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  • O presente trabalho representa um estudo pioneiro de síntese de óxidos de Mn baseados em materiais com propriedades controladas (estrutura em camada) a partir de novas fontes de Mn: os minérios e rejeitos de óxidos de Mn da Região Amazônica. A primeira parte da pesquisa consistiu na caracterização química e mineralógica dos minerais K-birnessita, K-hollandita e Ba-hollandita, isolados por micropreparação de minérios das minas do Azul (Carajás), Urucum (Mato Grosso do Sul) e Apuí (Amazonas, área em fase de prospecção). Na segunda parte do estudo, amostras de minério da antiga mina de Serra do Navio (Amapá) e rejeitos da Bacia do Azul (Carajás) foram empregadas para a obtenção de um composto similar a K-birnessita (K-OL). Os estudos preliminares de caracterização das matérias primas indicaram a presença das fases nsutita e manganita para o minério, enquanto que para os rejeitos, foram identificadas: caulinita, gibbsita, quartzo, hematita, rutilo, todorokita, pirolusita e K-birnessita. Os materiais de partida foram transformados para a fase Mn2O3 (a 550 ºC), que após tratamento hidrotermal com 7,5 mol/L de KOH (15 mL) por 4,5 dias, foi convertida para o composto lamelar com cátions K+ no espaço interlamelar. Os produtos finais apresentaram propriedades semelhantes aos produtos lamelares obtidos por reagentes comerciais descritos na literatura. K-birnessita sintetizada a partir do minério apresentou estabilidade acima de 500 ºC. A 650 ºC, a fase lamelar sofreu um processo de tunelamento e foi transformada para K-OMS-2, que possui estrutura tipo K-hollandita (criptomelana). K-birnessita obtida a partir dos rejeitos não sofreu tunelamento, mas manteve a estrutura estável acima de 800 ºC. Bandas de estiramento das ligações Mn-O dos octaedros MnO6 foram caracterizadas por espectroscopia Raman e Infravermelho. Na terceira e última parte, o processo de síntese de Na-birnessita (Na-OL), partindo-se dos minérios da Mina do Azul foi avaliado. Inicialmente, os minérios de óxidos de Mn contendo criptomelana, vernadita, nsutita e pirolusita foram transformados em uma única fase, hausmannita (Mn3O4), a temperatura de 1000 ºC. Através do tratamento hidrotermal de Mn3O4 com NaOH, variando-se o tempo, um composto com propriedades similares a Na-OL (Na-birnessita) foi sintetizado. Para alcançar as condições ideais de síntese foram utilizados 0,05 g de Mn3O4; 5,5 mol.L-1 de NaOH (30 mL); 170 ºC e 5,5 dias. O produto lamelar possui excelente grau de cristalinidade, estabilidade termal acima de 650 ºC e morfologia em placas. Imagens (nanobelt) com tamanho de cristalito de 200 nm.

  • ERIKA SUELLEN BARBOSA SANTIAGO
  • ROCHAS HOSPEDEIRAS, ALTERAÇÃO HIDROTERMAL E AVALIAÇÃO DO BALANÇO GEOQUÍMICO DE MASSA DO DEPÓSITO AURÍFERO TOCANTINZINHO, PROVÍNCIA DO TAPJÓS, PA

  • Data: Mar 5, 2012
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  • O depósito Tocantinzinho localiza-se na porção central da Província Aurífera do Tapajós (PAT), dentro do lineamento Tocantinzinho (NW-SE), e dista cerca de 200 km a sudoeste da cidade de Itaituba (PA). O granito hospedeiro (2,0 Ga) é constituído por rochas granitoides diversas, porém monzogranitos são dominantes, os quais, juntamente com sienogranitos e álcali-feldspato granitos subordinados, representam suas fácies mais evoluídas. Trata-se de um stock alongado na direção NW-SE, interpretado como tardiorogênico a pós-colisional, cujo magma foi alojado a profundidades de 6-9 km e cristalizado em condições de ƒO2 intermediárias (tipo oxidado da série ilmenita). Foi relacionado aos estágios finais da orogênese Cuiú-Cuiú, à semelhança do Monzogranito Jamanxim, de mesma idade. Os granitoides foram agrupados, de acordo com o grau de alteração, em (1) pouco alterados (5-10% de minerais hidrotermais) e (2) moderadamente alterados (10-30% de minerais de alteração), estes designados informalmente de salame e smoky, e principais hospedeiros do minério. As variedades pouco alteradas revelam, em geral, textura hipidiomórfica a alotriomórfica média a grossa com arranjos poiquilítico e rapakivi locais. Essencialmente isótropas, são constituídas de microclina (41 a 50%), quartzo (21 a 33%) e oligoclásio (An28-29) (22 a 36%), além de biotita (1,5 a 8%) e Fe-edenita (0 a 2%) como minerais varietais. Zircão, magnetita, apatita, allanita, monazita, U-thorita e titanita formam a suíte de fases acessórias primárias. Essas rochas são meta a peraluminosas e de afinidade shoshonítica, mostram baixos teores de CaO (<1,6%) e MgO (<0,5%), razões Fe2O3/FeO na faixa de 0,44-0,55 e razões K2O/Na2O com valor médio de 1,29. Apesar das marcantes diferenças macroscópicas, as variedades salame e smoky revelam notáveis similaridades mineralógicas e químicas, à parte as razões Fe2O3/FeO e conteúdos de Na2O e MgO. As texturas magmáticas foram moderada a severamente mascaradas, especialmente em zonas cataclasadas. A alteração hidrotermal das rochas granitoides, embora generalizada, é fraca a moderada. Foram descritos, em ordem cronológica, os seguintes tipos: cloritização, sericitização, silicificação e carbonatação. Os dois primeiros foram ubíquos, enquanto que os dois últimos são de ocorrência mais local e estão representados por vênulas de preenchimento. Os produtos hidrotermais comumente substituem minerais primários ou são constituintes de veios/vênulas mono e poliminerálicos. A mineralização é representada por ouro, pirita, calcopirita, esfalerita e galena, estando intimamente associada à sericitização em estilo dominantemente stockwork. O estágio hidrotermal iniciou com a cloritização (chamosita) a temperaturas em torno de 315-330ºC, evoluindo para sericitização, na qual os fluidos hidrotermais, que transportavam Cu-Zn-Pb-Au, teriam precipitado os sulfetos e ouro devido ao aumento do pH e das atividades das espécies de S. À medida que a alteração avançou, a sílica em solução foi precipitada como quartzo em vênulas em decorrência da diminuição da temperatura e aumento do pH. No estágio mais tardio (carbonatação), provavelmente houve mistura entre fluidos aquosos e aquocarbônicos, o que teria provocado a reação entre Ca2+ e CO2 e formado calcita. Em geral, a pouca abundância de minerais de alteração é indicativa de que o paleossistema Tocantinzinho foi dominado pelo ambiente mineralógico, implicando baixas razões fluido/rocha. Diferenças químicas observadas na clorita mostram que ora os minerais destruídos, ora a composição dos fluidos, além da temperatura, foram os agentes controladores mais importantes para sua composição. Cálculos de balanço de massa mostraram que o paleossistema hidrotermal Tocantinzinho pode ter evoluído com variação de volume (redução seguida de expansão) sem, entretanto, ter excedido 10%. A transferência de componentes dependeu do tipo de alteração e variedade considerada, mas, em geral, as rochas registraram perdas de Al2O3, FeO, Na2O, CaO, Ba e Sr, e ganhos de Fe2O3, S, voláteis e Rb. Potássio foi pouco mobilizado durante a cloritização e sericitização, mas contabilizou perdas significativas na carbonatação e silicificação, enquanto que SiO2 foi o componente mais suscetível ao fator volume escolhido. Os fluidos foram pouco eficazes para mobilizar os ETR, que exibem similar padrão de distribuição a despeito do grau de alteração. Foram estimados para cada m3 de rocha alterada perdas ou ganhos entre 210 e 330 kg, registrando-se na variedade smoky maior troca de massa nos diversos tipos de alteração, exceto na cloritização. Principais contribuições à transferência de massa entre os fluidos e o corpo granítico são devidas a SiO2, Al2O3, Fe2O3 e CaO. O depósito Tocantinzinho mostra características similares aos depósitos Batalha, São Jorge e do campo Cuiú-Cuiú da PAT. Embora ainda haja carência de importantes dados para consubstanciar um modelo genético, tipologicamente este depósito melhor se enquadra nos depósitos auríferos relacionados a intrus

     

     

2011
Description
  • GILBERTO DA SILVA CRUZ
  • BAUXITA, HORIZONTE NODULAR E COBERTURA ARGILOSA DA REGIÃO DE PARAGOMINAS E JURUTI, ESTADO DO PARÁ.

  • Data: Dec 20, 2011
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  • O clima tropical quente e úmido durante o Cenozóico proporcionou a formação principalmente de laterito-bauxíticos na Amazônia com ocorrência frequente de horizonte concrecionário ou nodulares constituídos ambos de bauxitas e/ou crostas ferro-aluminosas. A relação entre o horizonte concrecionário e/ou nodular com o perfil laterítico e a origem da cobertura argilosa na Amazônia foram os objetivos de estudo neste trabalho, assim foram estudados três perfis lateríticos, sendo dois perfis lateríticos localizados na região de Paragominas (platô Jabuti e PA-256 km 17) derivadas das rochas siliclásticas da Formação Ipixuna e/ou Grupo Itapecuru do Cretáceo Superior, e  um perfil na mina de Juruti gerada a partir das rochas siliclásticas da Formação Ater do Chão, todos no estado do Pará. Neste estudo foram aplicadas as técnicas de difração de raios-X, microscopia óptica, microscopia eletrônica de varredura e sistema de energia dispersiva (MEV/SED), além de análises químicas. Os perfis lateríticos da região de Paragominas são constituídos da base para o topo: horizonte saprolítico com estruturas laminares composta essencialmente por caulinita além grãos de quartzo fraturados e corroídos; Horizonte mosqueado de coloração variegada composta por caulinita, hematita e goethita; Horizonte bauxítico de coloração lilás, aspecto maciço, poroso, e cortado por estruturas colunares de aspecto argiloso no platô Jabuti, enquanto na PA-256 o horizonte bauxítico é de coloração rosada, aspecto colunar e poroso; Crosta ferro-aluminosa porosa com núcleos digeridos ou não pela matriz aluminosa; Horizonte concrecionário, composto por uma matriz argilosa de composição caulinítica, formado na base por concreções ferruginosas subesféricos, poroso, zonado, com núcleo avermelhado e bordas goethíticas, enquanto no topo o mesmo para partículas de aspecto porcelanado que exibe um zoneamento difuso sublinhado na parte externa pela cor branca ou rosa, em seguida, uma cor amarela e um núcleo mais ferruginoso de cor vermelha que às vezes tem cor marrom; Cobertura argilosa formada essencialmente por uma matriz caulinítica com nódulos gibbsíticos, grãos de quartzo e fragmentos lateríticos disseminados. Os elementos traços mostram uma relação com os oxi-hidróxidos de ferro (Pb, V, As e Mo), anatásio (Nb, Ta, W, Sn e Sc), zircão (Zr, Hf, Y e U) e gibbsita (Ga), enquanto os elementos terras apresentam o mesmo comportamento ao longo do perfil que demonstra uma grande relação genética entre os horizontes do perfil.  O perfil laterítico da mina de Juruti é constituído da base para o topo: Horizonte mosqueado de coloração variegada; Horizonte bauxítico de aspecto sacaroidal formada por grânulos de gibbsita e grãos de quartzo fraturados e corroídos e bauxita com plasma ferruginoso arredondado imerso em matriz aluminosa gerando um aspecto brechóide; Crosta ferruginosa aspecto maciço, poroso com cavidades preenchidas por cutãs goethíticos e gibbita, além da ocorrência de grãos de quartzo fraturados e corroídos; Horizonte nodular ferruginoso com nódulos de granulometria decrescente em direção ao topo, aspecto maciço, poroso com cavidades preenchidas por gibbsita e cutãs goethíticos, grãos de quartzo, sendo imersos em matriz argilosa de composição caulínítica; Horizonte nodular bauxítico com nódulos de granulometria decrescente em direção ao topo, aspecto irregular, porosos com cavidades preenchidas por gibbsita, já na porção do topo os nódulos são digerido pela matriz aluminosa; Cobertura argilosa de coloração amarelada com nódulos gibbsíticos. Já os elementos traços no perfil da mina de Juruti mostram concentrações mais baixa do que Paragominas e relação química com os oxi-hidróxidos de ferro (Pb, V, As, Cr e Mo), anatásio (Nb, Ta, W, Sn e Sc), zircão (Zr, Hf, Y e U) e gibbsita (Ga), enquanto que os elementos terras raras ocorrem na forma em V quando normalizados com os condritos pelo enriquecimento dos elementos terras raras leves (La e Ce) como dos elementos terras raras pesados (Yb e Lu) e depressão acentuada no intervalo de Nd, Sm, Eu e Gd, além do paralelismo das curvas de distribuição que demonstra a mesma relação genética entre os perfis como em Paragominas. A evolução dos perfis lateríticos das duas regiões são caracterizados pelas seguintes fases: 1 – formação da crosta a partir das rochas da Formação Alter do Chão para mina de Juruti, enquanto em Paragominas derivada da Formação Ipixuna e/ou Grupo Itapecuru; 2 – bauxitização da crosta; 3 – degradação e desmantelamento parcial da crosta e, possivelmente, seguida de erosão e deposição para partes mais rebaixadas no caso da PA-256; 4 – bauxitização dos nódulos e/ou concreções e, por fim, 5 – formação da cobertura argilosa, denominada Argila de Belterra. As características mineralógicas e químicas dos perfis estudados permitem indicar que estes perfis são formados a partir de uma evolução in situ para o horizonte concrecionário e/ou nodular e a cobertura argilosa em relação às crostas lateríticas. As variações climáticas e periódicas ativações tectônicas são as principais responsáveis por esta evolução.

  • ULISSES SILVA GUIMARAES
  • ANÁLISE INTEGRADA DA PAISAGEM PARA AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE À PERDA DE SOLO DAS MARGENS DA BAÍA DE MARAJÓ, ESTADO DO PARÁ

  • Advisor : MARCELO CANCELA LISBOA COHEN
  • Data: Nov 30, 2011
  • Show resume
  • A Baía de Marajó faz parte da Zona Costeira Amazônica constituindo um estuário em forma de “V”, com intensos processos de erosão e progradação. As margens desta baía são o objeto desse estudo, desde a costa ocidental, representada pelos municípios de Soure e Salvaterra, até a costa oriental dada pela Ilha de Mosqueiro. A proposta é analisar os ambientes costeiros adjacentes à Baía de Marajó, com uma abordagem sistêmica e integrada utilizando bases de dados temáticos (Geologia, Geomorfologia, Pedologia, Climatologia e Uso e Cobertura da Terra) e imagens de sensores remotos (Landsat TM 5 e MDE SRTM) para elaborar cartas sínteses de unidades de paisagem e vulnerabilidade a perda de solo como subsidio a gestão costeira. O método teve como principais etapas: i) correção atmosférica por subtração do pixel escuro, correção geométrica por ortorretificação e classificação supervisionada com algoritmo Spectral Angle Mapper (SAM) através de amostras de treinamento para mapear o Uso e Cobertura da Terra; ii) compilação, adaptação e classificação para elaboração de dados de Morfologia; iii) elaboração de derivadas geomorfométricas; e,iv) integração das bases temáticas por álgebra de mapas, com uma equação de sobreposição para a carta síntese de unidades de paisagem e outra equação de média aritmética para elaboração do mapa de vulnerabilidade a perda de solo. As margens da Baía de Marajó apresentam majoritariamente a unidade de Campos com 17,61% da área de estudo (50.483,16 ha), a altimetria máxima obteve 58 m, o relevo é plano suave e a forma preponderante foram as vertentes retilíneas e planares. Os dados integrados indicam que os processos pedogenéticos prevalecem em apenas 3,58% (10.231,38 ha) da área de estudo. As áreas em equilíbrio de processos pedogenéticos e morfogênicos  correspondem a 3,75% (10.737,63 ha), enquanto que a morfogênese prevalece em 42,40% (121.317,39 ha). A superioridade no terreno de unidades com morfogênese demonstra o risco natural desses ambientes costeiros à perda de massa por mecanismos superficiais de desagregação e erosão do substrato por processos de escoamento superficial e deslocamento de massa.

  • WILLIAMS PINTO DOS SANTOS
  • PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DOS GRANITOS PRESIDENTE KENNEDY E BARROLÂNDIA, NOROESTE DO TOCANTINS - CINTURÃO ARAGUAIA.

  • Data: Nov 20, 2011
  • Show resume
  • Diversos corpos graníticos têm sido identificados no extremo leste do Cinturão Araguaia em seu domínio de mais alto grau metamórfico (Grupo Estrondo). Tais granitos têm sido interpretados como de posicionamento sin a tardi-cinemático em relação à tectônica principal e metamorfismo regional da evolução do Cinturão Araguaia, no final do Neoproterozóico. Nesta dissertação foram estudados dois plútons graníticos denominados Presidente Kennedy e Barrolândia, este último ainda desconhecido da literatura. Os estudos envolveram a cartografia geológica em duas áreas de ocorrência desses granitos, análises petrográficas, geoquímicas e geocronológicas. O Granodiorito Presidente Kennedy localizado a 6 km a noroeste da cidade de Presidente Kennedy (TO) compõe a forma de um stock elíptico, que abrange uma área aflorante cujo diâmetro maior é de aproximadamente 10 km, e o menor de 5 km, encaixado em micaxistos do Grupo Estrondo e parcialmente coberto por rochas sedimentares da Formação Pimenteiras. O corpo possui foliação bem marcada na borda, no entanto existe uma orientação difusa ou mesmo imperceptível nas porções mais internas do corpo. A foliação é registrada, sobretudo pela orientação de micas. Os estudos petrográficos identificaram rochas hololeucocráticas (M<6) granodioríticas e monzograníticas equigranulares, de cor cinza levemente rosada, e com textura granular hipidiomórfica e alotriomórfica. O conteúdo mineralógico é formado essencialmente por plagioclásio (An23-29), quartzo e microclina, e subordinadamente biotita e muscovita. Apatita, zircão, titanita e minerais opacos compõem a mineralogia acessória, enquanto que clorita, sericita, carbonatos são fases secundarias. O Granito Barrolândia aflora em duas porções distintas na forma de stocks levemente ovalados encaixados em micaxistos do Grupo Estrondo. Em geral o corpo possui foliação bem marcada na borda evidenciada pela orientação de micas, e coincide com a foliação regional da área. Petrograficamente as rochas do Granito Barrolândia apresentam composição monzogranítica, são hololeucocráticas (M < 10), de granulação média, cor cinza, textura granular hipidiomórfica ou granoblástica, e sua constituição mineralógica é definida essencialmente por microclina, plagioclásio (An15-20) e quartzo, subordinadamente por biotita e muscovita, e acessoriamente por apatita, zircão e minerais opacos, enquanto clorita e sericita são fases secundárias. Dados litoquímicos revelaram que os granitos são semelhantes, possuindo caráter levemente peraluminoso, com elevados valores SiO2, Al2O3 e álcalis e baixos valores de MgO, Fe2O3t e TiO2. Os estudos geocronológicos realizados pelo método de evaporação de Pb em zircão forneceu idade de 539 ± 5 Ma, interpretada como a idade mínima de cristalização do Granodiorito Presidente Kennedy. O mesmo método foi realizado no Granito Barrolândia, no entanto as respostas analíticas não foram satisfatórias para o cálculo de sua idade, necessitando de trabalhos adicionais. Os estudos petrográficos, geoquímicos e geocronológicos dos granitos Presidente Kennedy e Barrolândia, revelaram semelhanças entre esses dois corpos e com os demais granitos que ocorrem no Cinturão Araguaia (Ramal do Lontra e Santa Luzia). A idade do Granodiorito Presidente Kennedy coincide no limite dos erros analíticos com aquelas obtidas nos granitos Santa Luzia (528 ± 5 Ma) e Ramal do Lontra (549 ± 5 Ma) que são correlacionados ao mesmo evento de granitogênese do Cinturão Araguaia. Do ponto de vista geoquímico, considerando os elementos maiores, esses dois corpos são muito similares aos demais, apresentando, porém pequenas diferenças. No geral os granitos estudados são ricos em SiO2, e pobres em MgO, TiO2, Fe2O3t e CaO, o que indica tratar-se de magmas pouco fracionados refletindo a natureza granítica hololeucocrática dos mesmos. Os estudos isotópicos pelo método Sm-Nd definiram idades modelo (TDM) de 2,11 e 2,24 Ga, e entre 2,13 e 2,17 Ga para os granitos Barrolândia e Presidente Kennedy, respectivamente, e valores εNd negativos indicando que esses granitos foram provenientes de fonte crustal, gerada a partir da fusão de uma crosta antiga Paleoproterozóica. Neste caso, uma unidade a ser considerada como fonte seria o Complexo Rio dos Mangues. Considerando o contexto geológico da área, e integrando aos dados de campo, petrográficos, geoquímicos e geocronológicos, se interpreta a formação dos granitos Presidente Kennedy e Barrolândia como relacionados a um processo de anatexia crustal de uma fonte do embasamento do Cinturão Araguaia, que supostamente seriam os ortognaisses do Complexo Rio dos Mangues. A agregação desses líquidos graníticos anatéticos, a ascensão e alojamento desses magmas nas seqüencias supracrustais, se deram sincronicamente à tectônica principal do Cinturão Araguaia, no final do Neoproterozóico inicio do paleozóico. Os estudos comparativos revelaram muitas semelhanças entre estes e os demais granitos do Cinturão Araguaia, cronocorrelatos, indicando tratar-se de um evento regional de granitogênese, e possivelmente cogenéticos relacionado à fase principal do metamorfismo do Cinturão Araguaia, no limite Neoproterozóico-Paleozóico.

  • JULLY HELLEN DOS SANTOS CARVALHO
  • DISTRIBUIÇÃO E REGISTRO HISTÓRICO DE METAIS PESADOS E ASSINATURAS ISOTÓPICAS DE Pb EM
    TESTEMUNHOS DE SEDIMENTOS DE FUNDO DA BAIA DO GUAJARÁ, BELÉM-PA

  • Advisor : JEAN MICHEL LAFON
  • Data: Aug 29, 2011
  • Show resume
  • Os estuários são caracterizados como filtros ou destino final de uma parte significativa dos materiais particulados e dissolvidos que são trazidos pelos rios em direção aos oceanos. Estes estuários funcionam também como destino final para efluentes domésticos e industriais lançados, na maioria das vezes, in natura. A variedade de fatores e fontes somada com a complexidade da hidrodinâmica e das condições fisíco-químicas deste tipo de ambiente, torna os estudos de poluição dos estuários por metais um grande desafio. A análise isotópica de Pb é uma valiosa ferramenta para diferenciar fontes antrópicas de fontes geogênicas, já que o chumbo disperso no ambiente possui as características isotópicas da fonte da qual ele foi derivado, uma vez que as composições isotópicas de Pb não são afetadas por processos físicos ou químicos. A cidade de Belém (PA) possui uma rede hidrográfica pertencente ao estuário Guajará. Na margem leste da baía localiza-se a cidade de Belém, capital do Estado do Pará. A margem oeste é formada por um conjunto insular de 39 ilhas. Cerca de 30 km de drenagens naturais dividem a cidade formando canais que deságuam, sobretudo, nesta baía, que constitui o principal corpo hídrico receptor da carga de poluentes produzidos pelas atividades econômicas e domésticas da cidade. Entretanto a distribuição dos poluentes lançados diariamente na baía é difícil de ser avaliada, pelo fato do estuário representar um sistema hidrodinâmico complexo. Nesse contexto, a proposta desse estudo foi combinar a determinação de teores de metais com razão isotópica do Pb para estabelecer um registro histórico e investigar as fontes de Pb, seja ela natural ou antrópica, em sedimentos de fundo na margem oeste da Baía do Guajará, a mais afastada das possíveis fontes poluidoras. Uma amostragem foi realizada com auxilio de um testemunhador do tipo Russian Peat Borer. No total, 7 testemunhos de aproximadamente 50 cm foram coletados e posteriormente, fatiados de 10 em 10 cm totalizando 31 amostras. De acordo com a velocidade de deposição em torno de 0,7 cm/ano, previamente determinada para os sedimentos da baía do Guajará por geocronologia com 210Pb, os testemunhos coletados correspondem a um registro histórico de aproximadamente 70 anos. Foram realizadas análises granulométricas através do método de centrifugação, mineralógicas por Difração de Raio-X, análises geoquímicas com determinação da percentagem de matéria orgânica e dos teores de metais pesados por espectrometria ICP-MS e análises isotópicas de Pb por espectrômetria de massa por
    termoionização (TIMS). O estudo granulométrico e mineralógico dos testemunhos de sedimentos de fundo da margem oeste da baia do Guajará evidenciou uma evolução do regime hidrodinâmico, o qual tornou-se mais energético em toda a baía, ao longo do tempo. Esta afirmação foi baseada na caracterização dos sedimentos, os quais apresentaram predominância da fração areia e silte com diminuição da fração areia com a profundidade e textura que variou de arenosa a areno-siltosa. O estudo mineralógico não mostrou mudança de composição mineralógica das argilas, sendo a caulinita, a illita e a esmectita os argilominerais predominantes. Ao longo do tempo os teores de metais variam muito pouco, porém, detectou-se uma leve tendência a diminuir nos tempos mais recente, provavelmente ligada a evolução do regime hidrodinâmico. Por outro lado, não há evidência nos testemunhos de um aumento significativo das concentrações de metais com o aumento populacional ao longo dos últimos 70 anos. Estes resultados indicam que o background de Pb com intervalo de 25,3 - 29,1 mg.Kg-1 na baía é significativamente mais elevado que no rio Guamá (18 mg.Kg-1). As composições isotópicas 206Pb/207Pb de origem geogênicas ao longo dos testemunhos variaram entre 1,186 e 1,199. A assinatura isotópica média de 1,193 ± 0,0035 foi estabelecida como valor do background para a baia do Guajará, valor este inferior ao valor médio de 1.196–1,20 anteriormente determinado para a razão isotópica 206Pb/207Pb do Pb geogênico na região de Belém. As diferenças de teor e composição isotópica de Pb entre este estudo os realizados isotópicos anteriores realizados em sedimentos da margem oeste da baia, foram explicadas pela diferença da técnica utilizada na amostragem. Essa diferença indicou que, apesar do crescimento populacional acelerado das últimas décadas a contribuição de metais pesados pela ação antrópica é recente, intensificando-se nos últimos 7 anos.

  • RAFAEL MELO DOS REIS
  • AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SEDIMENTOS DE FUNDO DO RIO MURUCUPÍ, BARCARENA - PA.

  • Data: Jul 15, 2011
  • Show resume
  • O crescimento de núcleos urbanos e do pólo industrial em Barcarena tem causado alterações substancias nos corpos hídricos que os cercam, sobretudo na qualidade da água, decorrentes de inputs de elementos-traço potencialmente tóxicos, conforme mostraram os trabalhos de Pereira et. al. (2007), Víglio (2008), Porto (2009) e Pereira (2009). Em acréscimo, grandes acidentes ambientais têm sido registrados, ligados principalmente ao rompimento ou transbordamento de barragens de acumulação de rejeitos industriais. Neste contexto, nos anos de 2003 e de 2009, a bacia do rio Murucupi, que comporta os núcleos urbanos de Vila dos Cabanos e Laranjal, foi contaminada por rejeitos do processo de beneficiamento de bauxita, conhecido como “lama vermelha”. O objetivo deste trabalho foi avaliar preliminarmente a qualidade dos sedimentos de fundo do rio Murucupí e a distribuição de elementos maiores (Al2O3, Fe2O3, TiO2 e Na2O) e traço (Zr, V, Cr, Th, Hf, Ga, La, Sc, Pb, Nb, As, Cd, Cu, Hg, Ni e Zn), enriquecidos na lama vermelha, ao longo do rio. Para isto, foram coletadas triplicatas de testemunhos de 50 cm de profundidade nos sedimentos de fundo, em sete pontos ao longo do rio Murucupi, no trecho de 5,3 Km compreendido entre a ponte de acesso à Vila dos Cabanos (ponto M-1) e a foz do rio (ponto M-7). Cada testemunho coletado em campo foi subdividido em laboratório em cinco intervalos de profundidade: 0-10 cm (intervalo A), 10-20 cm (intervalo B), 20-30 cm (intervalo C), 30-40 cm (intervalo D) e 40-50 cm (intervalo E). As triplicatas de testemunhos de cada ponto amostrado de respectivas profundidades foram totalmente homogeneizadas, posteriormente, sendo realizadas análises análises granulométricas, mineralógicas e químicas em cada amostra. Os resultados demonstraram que os sedimentos são compostos principalmente de quartzo, minerais do grupo das micas, principalmente muscovita, e albita, além de argilominerais – caulinita, esmectita e ilita. As concentrações superficiais dos elementos maiores P2O5 e S, e dos elementos-traço V, Cr, Ga, Pb, Hg e Zn, foram elevadas no ponto M-1 com forte diminuição em direção à foz, indicando contaminação por descargas de runoff urbano e esgotos domésticos provenientes de Vila dos Cabanos e Laranjal. Por outro lado, as concentrações suerficiais de S, As e Pb, foram altas no ponto M-7, indicando contribuições destes elementos provenientes do “furo” do Arrozal, advindos possivelmente do porto de Barcarena e adjacencias, trazidas para a foz do rio Murucupi por meio dos movimentos de maré. As concentrações destes elementos-traço nos sedimentos superficiais estiveram muito abaixo dos valores medidos por Braga (2007) na lama vermelha. Este fato está associado a diferença metodológica utilizada na análise química e à espessura da amostra. Porém, as correlações estatísticas obtidas entre o Al e Cr, V, Ga e Th, e entre Mg, K e Hf, La, Sc e Zr, assim como, entre Mg, K e a fração granulométrica “silte + argila” no decorrer da profundidade, demonstram que há uma “assinatura geoquímica” dos eventos de contaminação por lama vermelha, registrada nos sedimentos no intervalo A dos testemunhos coletados no leito do rio Murucupi. Os resultados obtidos pela distribuição dos elementos com a profundidade mostram que, de maneira geral, os elementos maiores Al2O3, MgO e K2O estão associados a fração granulométrica “silte + argila”, enquanto que, as variações das concentrações dos elementos-traço, refletem principalmente condições ambientais mais favoráveis para a mobilização ou persistência desses elementos ao longo da profundidade. No que se refere à qualidade de sedimentos, as concentrações medidas para cada elemento foram comparadas com os índices de qualidade de sedimento, conhecidos como Sediment Quality Guide Lines – SQG, desenvolvidos pelo Canadá e adotados pelo Brasil pela resolução CONAMA nº 344/2004, e com os índices “baseados no consenso”, desenvolvidos por Macdonald et al. (2000), e ainda, com valores de referência do background da região. Em alguns locais, os sedimentos de fundo do rio Murucupi apresentaram concentrações acima de ISQG e abaixo de PEL para os seguintes elementos: 1) Cr no ponto M-1, intervalos A (38,4 mg.Kg-1) e E (43,1 mg.Kg-1); 2) Ni no ponto M-6, intervalo E (18,9 mg.Kg-1), e no ponto B-1, intervalos A (18,6 mg.Kg-1), B (18,3 mg.Kg-1), C (18,4 mg.Kg-1) e E (18,3 mg.Kg-1); 3) As no ponto M-1, intervalo C (5,9 mg.Kg-1); e 4) Hg no ponto M-1, intervalo E (0,199 mg.Kg-1), e no ponto M-2, intervalo E (0,233 mg.Kg-1). Estes resultados indicam que, nestes locais, efeitos adversos aos organismos bentônicos podem ocorrer em virtude das altas concentrações de Cr, Ni, As e Hg nos sedimentos de fundo, o que enseja estudos complementares de biodisponibilidade nos sedimentos e toxicidade nos organismos aquáticos. Destaca-se que os elementos Pb, Cu, Ni, As, Hg e Zn estão enriquecidos em relação ao valor adotado como referência do background regional em todos os pontos amostrados no rio Murucupi, sendo que, o Cr também apresentou enriquecimento em relação às concentrações medidas por Nascimento (2007) nos sedimentos de fundo do rio Guamá. De maneira geral, os resultados obtidos mostram que a contaminação nos sedimentos do rio Murucupi está muito mais associada a fontes difusas de poluição, provavelmente provenientes do runoff urbano e descargas de esgotos domésticos a céu aberto, do que com os acidentes ambientais envolvendo a lama vermelha.

2010
Description
  • ANNA ANDRESSA EVANGELISTA NOGUEIRA
  • O GÊNERO HAPLOCYTHERIDEA STEPHENSON, 1936 (CRUSTACEA-ORTRACODA) NA FORMAÇÃO PIRABAS, PARÁ
  • Data: Jun 21, 2010

2001
Description
  • ELCINICE FERREIRA BELÚCIO

  • ESTUDO DA RAZÃO ISOTÓPICA 87 Sr 6Sr EM MACROFOSSÉ IS DA FORMAÇÃO PIRABAS, NORDESTE DO ESTADO DO PARÁ.

  • Data: Oct 10, 2001
  • Show resume
  • A razão isotópica 87Sr/86Sr de rochas carbonáticas e fósseis tem sido utilizada em estudos de correlação e datação de seqüências carbonáticas . Devido à potencialidade dessa técnica no estudo geocronológico de bacias sedimentares e à crescente demanda por esse tipo de pesquisa, sobretudo pela indústria de petróleo, no Laboratório de Geologia Isotópica da UFPA (Pará-Iso) estão sendo desenvolvidos estudos visando à investigação da aplicabilidade dessa técnica em seqüências carbonáticas. Neste trabalho são reportados os estudos realizados sobre macrofósseis da Formação Pirabas, que ocorre na Região Nordeste do Estado do Pará, datada do Eomioceno com base nos fósseis guias Orthaulaxpugnax (Gabb) e espécies de Globigerinoides. O material fossilífero coletado para análise passou por seleção, identificação, pulverização, pesagem e dissolução com HCI** 2,5N. Na separação cromatrográfica do estrôncio foi utilizada a resina específica(Eichrom Sr SPS) e HN03.. 3,5N e H20 milli-Q como soluções eluentes. Após a separação, o estrôncio foi depositado em filamento simples de tungstênio utilizando ativador de tântalo para ter sua composição isotópica determinada por espectrometria de massa no aparelho VG ISOMASS 54. A metodologia de separação cromatográfica de estrôncio foi  implantada  com êxito no tratamento de rochas carbonáticas para análise isotópica de estrôncio e proporcionou uma perfeita separação do estrôncio, tanto do rubídio quanto do cálcio. Além disso, ela permitiu a redução na quantidade de reagentes utilizados na eluição das amostras, contribui ndo para a diminuição da contaminação laboratorial. Final mente foi possível também, diminuir o tempo empregado na separação cromatrográfica  do estrôncio. Os valores obtidos para a razão isotópica 87Sr/86Sr para a Ecofácies Capanema se concentraram no intervalo de O,7086-0,7088. Utilizando como referência as curvas de variação da razão isotópica 87Sr/86Sr de DePaolo Ingram (1985) e Harris et ai. (2000) para o Terciário, verifica-se que este intervalo de valores indica uma idade entre 15 Ma e 19 Ma, coincidindo com a idade atribuída pelos estudos bioestratigráficos. Dessa forma, a utilização da razão isotópica 87Sr/86Sr para a determinação da idade de deposição da seqüência carbonática da Ecofácies Capanema teve um resultado satisfatório, pois a idade obtida pela razão isotópica 87Sr/86Sr, coincidiu com a idade anteriormente determinada através de estudos bioestratigráficos . Portanto, com base nos resultados apresentados, acreditasse que a razão isotópica 87Sr/86Sr pode  ser util izada para determinação de idades das seqüências carbonáticas da Formação Pirabas. Na Ecofácies Castelo, esta metodologia não proporcionou um resultado esperado, já que os valores resultantes das análises, em sua grande maioria, não coincidiram com as idades de deposição da Formação Pirabas determinadas a partir de dados bioestratigráficos. Acredita-se que este problema decorreu de uma poss1vel interação da agua do mar atual com as amostras.

  • ELCINICE FERREIRA BELÚCIO
  • ESTUDO DA RAZÃO ISOTÓPICA 87Sr/ 86Sr EM MACROFÓSSEIS DA FORMAÇÃO PIRABAS, NORDESTE DO ESTADO DO PARÁ


  • Data: Oct 10, 2001
  • Show resume
  • A razão isotópica 87Sr/86Sr de rochas carbonáticas e fósseis tem sido utilizada em estudos de correlação e datação de seqüências carbonáticas . Devido à potencialidade dessa técnica no estudo geocronológico de bacias sedimentares e à crescente demanda por esse tipo de pesquisa, sobretudo pela indústria de petróleo, no Laboratório de Geologia Isotópica da UFPA (Pará-Iso) estão sendo desenvolvidos estudos visando à investigação da aplicabilidade dessa técnica em seqüências carbonáticas. Neste trabalho são reportados os estudos realizados sobre macrofósseis da Formação Pirabas, que ocorre na Região Nordeste do Estado do Pará, datada do Eomioceno com base nos fósseis guias Orthaulaxpugnax (Gabb) e espécies de Globigerinoides. O material fossilífero coletado para análise passou por seleção, identificação, pulverização, pesagem e dissolução com HCI** 2,5N. Na separação cromatrográfica do estrôncio foi utilizada a resina específica (Eichrom Sr SPS) e HN03.. 3,5N e H20 milli-Q como soluções eluentes. Após a separação, o estrôncio foi depositado em filamento simples de tungstênio utilizando ativador de tântalo para ter sua composição isotópica determinada por espectrometria de massa no aparelho VG ISOMASS 54. A metodologia de separação cromatográfica de estrôncio foi  implantada  com êxito no tratamento de rochas carbonáticas para análise isotópica de estrôncio e proporcionou uma perfeita separação do estrôncio, tanto do rubídio quanto do cálcio. Além disso, ela permitiu a redução na quantidade de reagentes utilizados na eluição das amostras, contribui ndo para a diminuição da contaminação laboratorial. Final mente foi possível também, diminuir o tempo empregado na separação cromatrográfica  do estrôncio. Os valores obtidos para a razão isotópica 87Sr/86Sr para a Ecofácies Capanema se concentraram no intervalo de O,7086-0,7088. Utilizando como referência as curvas de variação da razão isotópica 87Sr/86Sr de DePaolo & Ingram (1985) e Harris et ai. (2000) para o Terciário, verifica-se que este intervalo de valores indica uma idade entre 15 Ma e 19 Ma, coincidindo com a idade atribuída pelos estudos bioestratigráficos. Dessa forma, a utilização da razão isotópica 87Sr/86Sr para a determinação da idade de deposição da seqüência carbonática da Ecofácies Capanema teve um resultado satisfatório, pois a idade obtida pela razão isotópica 87Sr/86Sr, coincidiu com a idade anteriormente determinada através de estudos bioestratigráficos . Portanto, com base nos resultados apresentados, acreditasse que a razão isotópica 87Sr/86Sr pode  ser util izada para determinação de idades das seqüências carbonáticas da Formação Pirabas. Na Ecofácies Castelo, esta metodologia não proporcionou um resultado esperado, já que os valores resultantes das análises, em sua grande maioria, não coincidiram com as idades de deposição da Formação Pirabas determinadas a partir de dados bioestratigráficos. Acredita-se que este problema decorreu de uma poss1vel interação da agua do mar atual com as amostras.

1992
Description
  • ANA MARIA NUNES BATISTA
  • CARACTERIZAÇÃO PALEOAMBIENTAL DOS SEDIMENTOS CODÓ - GRAJAÚ, BACIA DE SÃO LUÍS (MA)

  • Data: Jun 25, 1992
  • Show resume
  • os Sedimentos Codó-GraJaú, de idade Neo-aptlana, I ntegram um sistema deposiclonal do tipo flúvio-delta l co-1acustre com breves Invasões marinhas. Este pacote sedimentar, constitu í do principal­ mente por folhelhos betuminosos, carbonatos,  arenitos  e  conglome­ rados , se acumulou na Bacia de São Luís (Norte do Estado do Mara­ nhão) durante  sua formação    inicial.

    A  partir da análise de testemunhos, efetuada em quatro  po­

    ços, dez litofácies foram individualizadas e assim denominadas: conglomerado pol imítlco (Cgp), conglomerado lntraformaclonal com estratificação  cruzada  (Cgx),  brecha   lntraformaclonal  maciça

    <Bm), arenito com estratificação cruzada <Ax), arenito com "clim­ bing -ripples"  (Ac), siltlto argiloso bloturbado (Sb), folhelho e

    siltito intercalados (fS), folhelho negro (Fn), folhelho com la­ minação ondulada-rugosa <Fo), e folhelhos com cores diferenciadas (Fd). Estas 1 ltofácles, agrupadas em cinco associações genéticas, indicam a presença dos seguintes paleoamblentes: (1) leque alu­ vial,  (2) planícle -deltalca, (3) lobo de suspensão, (4) lacu stre e (5) lagunar.

    o         sistema   Codó-GraJaú se desenvolveu,    provavelmente,  não multo      longe da linha costeira marinha, sendo sugerida esta situa­ ção     paleogeográfica pela presença de polens do gênero Classopol - 1 is sp ., associados a  clstos de dlnoflagelados e carapaças qult i ­ nosas         de foraminíferos na parte inferior da Formação Codó. i n­ fluência        marinha,     na parte inferior da formação Codó, é    também confl rmada pelo aparecimento de holotúrios e  equinoídes. A  assem­ bléia polínlca (C1a!:;sopo11i!:;  ;p.,  Araucariacites  sp.     e    Afropo11is sp .), a presença de esmectita nos folhe lhos e de calcrete sugerem que o clima predominante durante a deposição dos sed i mentos Codó­ Grajaú tenha sido do tipo semi-árido.

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