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ELEAZAR VENANCIO CARRIAS
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CORPO ERÓTICO E EDUCAÇÃO SENSÍVEL: CARTOGRAFIAS LITERÁRIAS COM HILDA HILST.
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Orientador : GILCILENE DIAS DA COSTA
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Data: 30/08/2024
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Esta pesquisa de doutoramento parte do seguinte problema: Como mapear as conexões geológicas da escrita erótica de Hilda Hilst, no plano das alianças entre literatura e educação? Como conectar o erotismo hilstiano com a Terra e, consequentemente, provocar a erupção das potências criadoras de uma sensibilidade-outra na educação? Que linhas de força e de fuga atravessam o Corpo Erótico hilstiano? Que potências educativas emergem da experiência poética com Hilda Hilst, tendo como plano comum as conexões entre o Corpo Erótico e uma educação sensível? Que transgressões o método hilstiano de escrita é capaz de provocar à pesquisa em educação? Mais do que por objetivos, a ideia da tese se movimenta por desejo. Um desejo múltiplo, provisório, a repetir e martelar as questões-convite já colocadas, e que pode ser resumido no seguinte bloco: a experimentação de uma educação sensível como acontecimento provocado pelas erupções do Corpo Erótico hilstiano e suas fricções com a Terra. Educação capaz de fazer delirar o corpo generificado, fazê-lo voltar-se contra si mesmo, de modo que, em seu devir, apareçam as pulsações de um corpo desterritorializado, erótico, criativo, conectado com o devir-mulher, o devir-animal, o devir-mineral etc. Educação que se realiza nas linhas de fuga à subjetivação, e maquina a escritura de um corpo erótico, político, em enunciação coletiva com a literatura hilstiana. Em seu caminho teórico-metodológico, a pesquisa se tece com a filosofia da diferença de Gilles Deleuze e Félix Guattari, enquanto forma de pensar que escapa à representação, que visa à experimentação e à criação de uma escrita outra, e que, em vez de estudar objetos, acompanha processos, a ensaiar assim uma "cartografia literária" (COSTA, 2022b) que implica percorrer a obra de Hilda Hilst como livro-rizoma ou obra aberta, ao encontro da diferença que modifica o pensar e verte as linhas de escrita em linhas de vida. “A cartografia literária opera um duplo movimento de desterritorialização na pesquisa em educação: da palavra de ordem academicista e da palavra literária como fonte de interpretação de conhecimentos” (COSTA, 2022b). Aqui, tal cartografia se faz contaminada pelo “método hilstiano, cujo resultado é um esvaziamento de sentido que nada poupa, nem a própria língua de que a autora faz exuberante uso” (MORAES, 2020). Faz-se, ainda, sob o reverberar das angústias e incertezas que atravessam a escritura da própria Hilda, vivenciada, ao mesmo tempo, como necessidade e fuga, como movimento simultâneo de contração e abertura do corpo: “Escrever. Tenho de escrever. Não tenho de escrever” (HILST, manuscrito). Nesse sentido, a pesquisa não busca respostas, ela as cria, pois se faz no ato mesmo da escrita. Não se escreve sobre, se escreve com Hilda Hilst, destacando-se, como recorte de pesquisa, as obras A obscena senhora D e a “trilogia obscena” composta por O caderno rosa de Lori Lamby, Contos d’escárnio – textos grotescos, e Cartas de um sedutor, que serão lidas sob a luz das contribuições teóricas de autores como Bataille, Rancière, Eliane Robert Moraes e Alcir Pécora – estes últimos, intérpretes reconhecidos da obra hilstiana. Em síntese, a cartografia literária ao modo hilstiano tensiona as oposições entre literatura, ciência e filosofia e, “em contrapartida, cria ‘zonas de vizinhança’” entre áreas múltiplas e transversais, por meio de uma escritura híbrida em relação aos gêneros literários, desobediente à gramática, fragmentária, rizomática, de linguagem obscena, provocativa e sensível. A ideia-força da tese é a de que a literatura hilstiana pode provocar encontros inesperados, conexões múltiplas com a Terra e seus habitantes, fissuras, rupturas e continuidades e rupturas outras, e também espanto, delírio, tremores, gozo, visões do invisível, febre, vômito, alívio – e saúde. A literatura como território de partilha do sensível (RANCIÈRE, 2009) e, portanto, como arte saudável à educação. Até agora, observou-se que o Corpo Erótico hilstiano se evidencia menos pelas nomenclaturas “erótico”, “obsceno” etc. e mais pela potência do sensível na escrita. Tanto mais em aliança com a literatura, tanto mais potente é a educação; mais saudável e mais capaz de produzir a saúde do povo que falta. Uma transa entre a literatura e a educação. A literatura seduz a educação e lhe faz um filho por trás – como diria Deleuze (2013) –, enquanto lhe devora o corpo generificado, subjetivado. Desse coito não autorizado, obsceno e antropofágico, nasce o Corpo Erótico, bloco de sensações a insurgir das erupções do corpo – fissuras eróticas que liberam a potência de uma educação sensível.
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IZETE MAGNO CORREA
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ENTRE MEDOS E ESPERANÇAS:
A gestão de escolas estaduais de Belém Pará na pandemia da COVID-19 (2020-2021)
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Orientador : NEY CRISTINA MONTEIRO DE OLIVEIRA
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Data: 11/07/2024
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A presente investigação aborda a temática da gestão e organização escolar e levanta a hipótese de que a pandemia oportunizou a intensificação das exigências para a atuação da gestão escolar na perspectiva da gestão gerencial em escolas públicas estaduais de Belém-PA, visto que os ideários de “eficiência”, “eficácia” e “flexibilidade”, já presentes na educação paraense, tornaram-se conceitos centrais e largamente utilizados. Desse modo, o objetivo central foi analisar os meandros da dinâmica organizacional estabelecida pela gestão de escolas estaduais no município de Belém-PA, nos anos de 2020 e 2021, no contexto da pandemia da COVID-19, a partir de um entendimento meso da organização educativa, associando as intenções microssociais com as relações macrossociais, no sentido de perceber as estratégias utilizadas pela equipe gestora para o atendimento das exigências institucionais e às demandas da comunidade escolar. O procedimento metodológico seguiu de acordo com a abordagem qualitativa, realizado por meio de pesquisa bibliográfica, análise documental e pesquisa empírica, cujo instrumento de coleta de dados foi a entrevista semiestruturada, efetuada com 2 gestoras e 4 coordenadoras pedagógicas, em duas escolas da Rede Estadual de Belém-PA. Como categorias prévias de análise para a condução da leitura dos documentos e a análise das entrevistas foram destacas a política pública educacional, os modelos de gestão, e a gestão e organização escolar. Dentre as fontes de coleta de dados nos valemos das informações do Censo Escolar da Educação Básica, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), e dos sites do Ministério da Educação e da Secretaria de Estado de Educação (SEDUC-PA). O referencial teórico metodológico foi fundamentado na Sociologia das Organizações de Licínio Lima (2011a, 2011b) e na aproximação com o Ciclo de Políticas, considerando a classificação proposta por Bowe, Ball e Gold (1992), tendo como base os estudos de Jeferson Mainardes (2006, 2007, 2009, 2013, 2017, 2018). Os resultados apontam para o processo de reestruturação produtiva do capital, que mesmo durante a pandemia da COVID-19, incidiu violentamente sobre as pessoas, revelando uma concepção de gestão escolar gerencial, que exigiu um novo perfil de profissional multifuncional, flexível, que estivesse apto à introdução das novas TDICs, às plataformas e aplicativos digitais – WhatsApp, PDDE Interativo, PDDE Educação Básica, sistema de gestão escolar e da SEDUC-PA –, e fosse eficiente o bastante para cuidar dos profissionais, dos estudantes, das famílias e ao mesmo tempo gerir e higienizar os ambientes precarizados, sem ajuda financeira adequada e sem o apoio do órgão central, em meio à calamidade de saúde pública, requerendo assim a reorganização da equipe de trabalho, a utilização de tecnologias mais eficientes e a implementação de estratégias eficazes de gestão que pudessem contribuir para a otimização dos recursos, anunciando assim uma jornada de trabalho que extrapolou noites, finais de semana, feriados, férias e acarretou sérios problemas de saúde à equipe gestora.
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JEAN MAURO DE ABREU MORAIS
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Compreendendo sentidos, percepções e valores presentes na política de bonificação do magistério público do Estado do Acre
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Data: 04/07/2024
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Esta tese apresenta e analisa a política de bonificação do magistério público estadual do Acre, instituída pelos Prêmios de Valorização e Desenvolvimento Profissional (VDP) e Prêmio de Desenvolvimento da Gestão (VDG) e efetivada no contexto das reformas educacionais promovidas durante as gestões da Frente Popular do Acre (1999-2018). Tem-se como objeto de estudo as reformas do aparelho do Estado desenhadas e executadas na perspectiva de um Estado gerencialista sob influência da Nova Gestão Pública e que, no caso da educação, adquire materialidade pelas políticas de accountability, da qual a política de bonificação é parte constituinte. Trata-se, portanto, de um estudo de revisão bibliográfica sobre a política de bônus, calcado nas análises de Afonso (2012; 2013; 2019), Ball (2001; 2002; 2006; 2021), Brooke (2006, 2013), Brooke; Rezende (2020), Dardot; Laval (2016), Dourado (2019, 2020) Freitas (2012, 2013, 2018), Lagares (2021), Lagares; Nardi (2020), Laval (2019), Lima; Gandin (2012), Mainardes (2006, 2009, 2018ª, 2018b), Mainardes; Marcondes (2009), Maroy (2013), Maroy; Voisin (2013), Martins (2016), Nardi (2014), Oliveira (2015), Passone (2014), Perboni (2017), Santos; Vilarinho (2021), Schneider (2017, 2019), Tarlau; Moller (2020), Zatti; Minhoto (2019) e de pesquisa de base documental traduzida em atos normativos como, por exemplo, as leis nº 67/1999, 1.513/2003 e 3.141/2016, bem como os Decretos de números 4.923/2009, 4.924/2009, 3.191/2015 e os documentos produzidos no contexto dos acordos com o Banco Mundial. Ao mesmo tempo, essa política foi analisada sob a abordagem do conceito de Ciclo de Políticas (policy circle) como ferramenta analítica, contemplando-se os contextos da influência, da produção dos textos e o da sua efetivação na prática. Por fim, defende-se que, nas políticas de bonificação efetivadas no Acre, o gerencialismo com um forte componente de accountability disfarçado de política de valorização profissional prevaleceu sobre os aspectos pedagógicos, funcionando como orientador na definição das políticas públicas para o setor, garantindo, assim, um maior controle/regulação sobre a gestão e a organização do trabalho docente. Dessa forma, os mecanismos de controle e regulação de que o Estado dispõe passam a ser determinantes e facilitam a adoção do princípio da qualidade, um forte componente do discurso neoliberal que mascara a meritocracia subjacente à política de bonificação Palavras-chave: Sistema Público de Ensino. Política de Bonificação do Magistério. Valorização dos Profissionais da Educação. Accountability. Política educacional.
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DANIELLY CRISTINNE BARBOSA DE CAMPOS
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A ORGANIZAÇÃO DA INSTRUÇÃO PÚBLICA NO PARÁ DURANTE A PRIMEIRA INTERVENTORIA DE MAGALHÃES BARATA ( 1930 E 1935)
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Data: 03/05/2024
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Esta pesquisa analisou o processo de organização da instrução pública na Amazônia paraense no período da primeira interventoria de Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, ocorrida entre novembro de 1930 e abril de 1935. A análise se deu a partir da compreensão do cenário político e educacional brasileiro e paraense no período, da caracterização do processo de organização da instrução pública e da identificação das bases legais instituídas pelo interventor Magalhães Barata. A problemática da pesquisa parte da seguinte pergunta: como se deu o processo de organização da instrução pública no Pará por meio dos documentos regulatórios chancelados entre os anos de 1930 e 1935? A partir deste questionamento, foi traçado o objetivo principal de analisar o processo de organização da instrução pública paraense entre os anos de 1930 e 1935, além dos específicos com o intuito de: a) compreender o cenário político e educacional brasileiro; b) identificar as bases legais de organização da instrução pública no Pará; e c) caracterizar o processo de organização da instrução pública paraense instituída por Magalhães Barata no período de sua primeira interventoria. O referencial teórico foi composto por autores como: Fausto (1986, 1990, 2006) e D’Araújo (1997, 1999, 2011), que tratam do período da Segunda República no Brasil; Andreotti (2006), Damasceno (2015, 2016) e Fausto (2006), que abordam questões relacionadas à educação pública brasileira na década de 1930; Castro (2011) e Rodrigues (1979, 2023), que versam sobre o cenário político paraense no período estudado; e Damasceno (2012), que discute a educação pública paraense no período da primeira interventoria de Barata. Além disso, a fundamentação teórica também foi baseada nas concepções do filósofo Antônio Gramsci (1982) como forma de compreensão e análise da realidade. Como fontes documentais, foram consultados decretos chancelados no período selecionado para a pesquisa, uma portaria publicada em 1933 e duas edições da Revista do Professorado do Pará publicadas nos anos de 1934 e 1935, todos coletados em locais diversos, como Arquivo Público do Estado do Pará (APEP), Biblioteca Pública Arthur Vianna (BPAV) e Imprensa Oficial do Estado do Pará (IOEPA). No tratamento dos dados, foi utilizada a técnica de Análise de Conteúdo, baseada em Bardin (1977). Os resultados alcançados sustentam a tese de que o governo de Magalhães Barata implementou no Pará as diretrizes do governo Vargas, caracterizadas por orientação uma liberal e autoritária em diferentes aspectos e dimensões, sobretudo na educação, utilizando da oferta escolar para construir uma educação que se baseava em princípios “puros” e “sãos”, em contraposição a outros de natureza “impura” e “funeste”. Nessa perspectiva, o seu método de implantação pressupunha, entre outras características, o aligeiramento do ensino por meio da “simplificação dos programas”, além da fiscalização “severa” e do controle das atividades do ensino, com vistas a dar suporte a esse projeto de dominação ideológica, tendo como uma de suas principais medidas a expansão expressiva da rede escolar no estado.
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LINA GLAUCIA DANTAS ELIAS
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“Endoeducação” de Mulheres Quilombolas: atravessamentos por saberes e Práticas sociais das trabalhadoras rurais da Associção de Mulheres Artesãs Quilombolas do Rio Genipaúba no município de Abaetetuba-PA
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Data: 23/04/2024
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A investigação em andamento apresenta como objeto de estudo a relação entre os saberes das trabalhadoras rurais e artesãs e a ‘educação da vida’ tal como elas ocorrem na Comunidade Quilombola “Sagrado Coração de Jesus” no rio Genipaúba. Assim busco verificar se os saberes e práticas sociais das trabalhadoras rurais e artesãs da Comunidade Quilombola “Sagrado Coração de Jesus” do rio Genipaúba, dinamizam processos educativos de partilha de produção social de existência, que possibilitem um movimento de resistência e manutenção da sociabilidade quilombolas, frente à sociabilidade na lógica do capital. Utilizou-se como aporte teórico, as ideias de Gramsci (1988) quanto a hegemonia e contra-hegemonia, visto que, tanto o Estado, quanto a sociedade civil estão perpassados pela luta de classes, o conceito de experiência que Thompson (1987), elabora possibilitando compreender e analisar os saberes das trabalhadoras rurais. O de Freire (1977, 1982) e Brandão (2002), ao afirmarem o processo de endoeducação, em que aprender é participar de vivências culturais em que, ao participar de tais eventos fundadores, cada um de nós se reinventa a si mesmo. E outros estudos sobre as mulheres quilombolas, quilombos na Amazônia Tocantina, organização social das trabalhadoras, e as disputas produzidas no seu interior e as interferências do capital trazidas por meio do agronegócio, pelas relações comerciais e produtivas. Constatou-se que essas mulheres quilombolas assumem um fazer e um saber partilhados, privilegiando a preservação da ancestralidade, do território, o cuidado e cultivo das relações comunitárias, o trabalho, e as formas de viver e estar no mundo, que reforçam as práticas de existência nas águas dos rios, nas roças, nos quintais, e na criação de biojóias, corroborando com suas experiências de lutas a manutenção da sociabilidade quilombola, em um movimento contra hegemônico frente às interferências na lógica do capital.
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CRISTIANE LOPES DE SOUSA
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A PEDAGOGIA DAS COMPETÊNCIAS COMO REFERÊNCIA NAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE ENSINO MÉDIO NO BRASIL E A FORMAÇÃO DO CIDADÃO SACRIFICIAL: análises de permanências e mudanças (1990 – 2019)
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Data: 04/04/2024
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A tese apresenta, como objeto de estudo, a Pedagogia das Competências como referência nas políticas educacionais de ensino médio, com o que se busca fazer uma análise das rupturas e permanências identificadas nos documentos das décadas de 1990 a 2019. Problematiza-se que, considerando a base teórica, as finalidades, os objetivos formativos e as estratégias propostas, quais as rupturas e permanências da Pedagogia das Competências, como referência para o ensino médio, tem se materializado nas políticas educacionais no período de 1990 a 2019. O referencial teórico-metodológico está pautado no materialismo histórico-dialético, com base nos estudos de Nosella e Buffa (2005), Kopnin (1993) e Kosik (1976). A metodologia é de abordagem qualitativa, com uso da pesquisa bibliográfica e documental, a análise de dados realizada a partir da técnica de análise de conteúdo, com base em Bardin (1977), com instrumentos jurídico-normativos sistematizados com os seguintes recortes temporais: 1990-2002, 2003-2015 e 2016-2019. Nesta pesquisa, parte-se da tese que que a Pedagogia das Competências é um referencial basilar nos documentos educacionais brasileiros nas últimas três décadas, sendo hegemônico entre 1990-2002, disputando o projeto educacional com o ensino médio integrado entre 2003-2015 e retomando destaque de hegemonia nos documentos na conjuntura da reforma do “Novo” Ensino Médio, entre 2016-2019. Os resultados das pesquisas direcionam para conclusões que a Pedagogia das Competências tem sido hegemônica no projeto educacional brasileiro durante maior parte dos últimos 30 anos, apresentando uma série de elementos de permanências, em particular sobre a base teórica, as finalidades e objetivos formativos, enquanto elementos de rupturas foram identificados a partir dos deslocamentos de enfoque. Constatou-se que retomada da hegemonia da Pedagogia das Competências a partir de 2016, ocorreu com enfoque no aspecto socioemocional da dimensão psicológica, diferenciando-se do aspecto cognitivo da década de 1990. E o protagonismo juvenil, projeto de vida e empreendedorismo, que são os slogans da reforma em curso, e também no tipo de sujeito que se deseja formar, foram caracterizados de maneira mais exacerbadas em comparação ao decênio de 1990. Identificou-se, ainda, que o homo economicus revela-se como o tipo de sujeito que a Pedagogia das Competências visa formar desde a década de 1990, que expressa a perspectiva de sujeito defendida pelo projeto capitalista, que, na atualidade, caracteriza-se como o cidadão sacrificial.
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JESSE PINTO CAMPOS
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BIOFRAGMENTOS DE UMA VIDA-EDUCAÇÃO AMAZÔNICA: INFÂNCIA E ARTE MENOR COM PAUL KLEE
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Data: 28/03/2024
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A tese se movimenta nos blocos de infância experimentados em Paul Klee, entre seus diários e obras, no ensejo de fabular uma arte menor no encontro com a criação de biografemas, para assim experimentar uma educação biografemática enquanto criadora de afetos e acolhedora de desejos na educação. O biografema, conceito cunhado por Barthes, apresenta uma sobrevida aos sentidos ainda não explorados de uma vida-obra, em nosso caso, mergulhamos nesse conceito em busca de criar novos rumos à vida-obra de Paul Klee, por uma arte menor que se expressa por uma enunciação coletiva experimentada nas transgressões, sensações, desejos e deleites da obra em tela, sem um modelo de representação, imitação e totalização, ou seja, a arte menor, ao produzir biografemas, agencia as sensações e intensidades ainda veladas no interior dos biografólogos – quem escreve biografemas – sentidos profundos que vieram à superfície pelos afetos singulares experimentados em Klee por um tempo perdido. O método biografemático, desenvolvida por Corazza (2010b, 2014), a partir do roubo do conceito de biografema de Roland Barthes, em outras palavras, trata-se de um método que coloca a noção de biografia a ganhar uma nova escritura, para assim criar uma escrita livre dos ressentimentos do passado, dando-a novos sentidos. No método biografemático, nos debruçamos pelos diários de Klee (1990) e suas obras de arte, os quais experimentamos em oficinas na Educação Básica e no Ensino Superior, no município de Mocajuba e Cametá, no Pará. As oficinas nos apresentaram signos potentes no encontro com a vida, uma vida desdobrada em biografemas embebidos em um ensinar e aprender que transbordam a escola e seu entorno. Em via de articulação teoria e prática estabelecemos conversações com Klee (1990, 2019, 2001), Deleuze e Guattari (2010; 2011; 2015; 2015), Barthes (1978; 2004; 2005. 2017), entre outros, a compor uma educação biografemática no rumor dos afetos, sensações, acolhimento, intensidades e nas potências de uma arte menor na educação. Em suma, as linhas de escrita desta tese versaram pistas a uma educação biografemática no seu encontro com a arte menor como potência de vida-obra em Klee, pela qual criamos biografemas e biofragmentos singulares que vazaram signos à educação, ora escancarando uma dor, ora transbordando um afeto tenro de infância, signos criados no seio da escola que despertaram afetos singulares, estes que precisam ser acolhidos no solo escolar, para assim tocar o interior do outro, no rumor de um ensinar-aprender entre blocos de infância e sensações criadas na vida pelo doce viver da educação.
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LAERCIO FARIAS DA COSTA
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AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA: UM ESTUDO NO ESTADO DO PARÁ
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Data: 01/03/2024
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Este estudo tem como objetivo analisar as Legislações Educacionais referentes à escola básica em interface com as DCNEEQ no Estado do Pará. Para isto, como objetivos específicos, buscaremos elaborar um panorama jurídico sobre a construção das DCNEEQ em uma abordagem histórica e Conceitual amparado por nosso aporte teórico, na medida em que reconhecemos a forma como o tema está sendo balizado pelas produções acadêmicas. Neste caminho, propomos traçar o perfil do Plano Estadual de Educação do Estado do Pará enquanto documento estrutural, logo, instrumentalizados com estes dados, buscaremos identificar o aparato jurídico Educacional do Estado do Pará sob o viés de suas políticas de regulação e regulamentação com um olhar atento ao perfil dos agentes que integram e mobilizam este campo em interlocução com as DCNEEQ. Os dados foram estruturados metodologicamente a partir das conformações sobre a análise de conteúdo, em Bardin (2016) e interpretados por meio dos conceitos de habitus e campo de Bourdieu (1989; 2003; 2013); ancorados nas noções conceituas de Currículo em Apple (1979; 1995; 2001; 2006); Silva (1996; 2005) e Sacristán (2008; 2013) e, para conformar o conceito de quilombo acionamos (ALMEIDA, 1998; MUNANGA, 1996). A problemática pauta-se nos estudos de (MIRANDA, 2012; 2018). Assim, apontamos provisoriamente que o campo da educação escolar quilombola tem sido acometido por tensões e articulações Sociais; Políticas; Legais e Educacionais sob a égide de um habitus refratado de um campo cultural e econômico cujos agentes com autonomia para estabelecer as regras concorrem entre uma hegemonia cultural eurocêntrica e codificada pelo código do capital disputando espaço com a diversidade intercultural sob o olhar dos povos culturalmente diferenciados. Este processo vem implicando em avanços e retrocessos entre as legislações reguladoras e regulamentadoras no que forma e conforma a construção orgânica e fidedigna de uma educação pautada em um saber escolar – ancestral – e, notadamente antirracista.
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ANDRESSA DA SILVA GONCALVES
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OS CURRÍCULOS NORTISTAS A LUZ DA BNCC: A EDUCAÇÃO PARA ASRELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO ENSINO DE HISTÓRIA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NA REGIÃO NORTE (2015- 2022)
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Data: 29/02/2024
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A presente pesquisa esteve inserida na linha de pesquisa ‘Educação na Amazônia: formação do educador, práxis pedagógica e currículo’ no Programa de Pós-Graduação em Educação na Amazônia (EDUCANORTE) e teve como tema e objeto os currículos nortistas reformulados pela Base Nacional Comum Curricular. Este estudo apresentou como objetivo geral analisar como os currículos nortistas do ensino fundamental incorporam as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), principalmente as relativas as relações étnico- raciais no ensino de história. Entre os objetivos específicos estavam: 1) Evidenciar a estrutura da BNCC e currículos nortistas; 2) Refletir sobre a literatura especializada referente aos pilares do trabalho: BNCC, Currículo e Ensino de história; 3) Identificar qual o lugar das especificidades regionais do ensino de história nos currículos nortistas balizados por uma Base unificada; 4) Detalhar a composição da narrativa voltada a história regional nos currículos estaduais; 5) Sopesar a inserção da temática étnico-racial no ensino de história presente nos currículos estaduais. Através dessa incursão argumentamos que os currículos estaduais do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins seguem em diversas medidas a lógica homogeneizadora da BNCC que se reflete na abordagem da identidade amazônica, na qual se inclui uma história regional e formação étnico-racial. Nesse sentido, essas dimensões são abordadas nos currículos analisados a partir da premissa neoliberal e neoconservadora professada pela base, que sustentam para além do eurocentrismo, também o sudestecentrismo. Nesse sentido, advogamos que os currículos nortistas não cumprem sua função, isto é, garantir 40% de parte diversificada em seus currículos. Visto que, além da inclusão diminuta e superficial da história regional e relações étnico-raciais, também secundarizam essas esferas em favor da hegemonia da agência, cultura e história da Europa e Sudeste.
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