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CLEUTON LIMA MIRANDA
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SISTEMÁTICA E BIOGEOGRAFIA DOS RATOS-DE-ESPINHO DO GÊNERO MAKALATA HUSSON, 1978 (RODENTIA, ECHIMYIDAE)
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Data: 07/12/2015
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Vários são os conceitos e critérios para se definir e delimitar espécies, sendo estes temas ainda bastante controversos no campo da sistemática. A morfologia tem sido usada como ferramenta eficaz para se estabelecer limites interespecíficos, porém, somente o uso dessa ferramenta pode se revelar problemático, especialmente no caso de espécies polimórficas ou morfologicamente crípticas. A combinação de diferentes fontes de dados para reconhecer e delimitar espécies tem sido empregada recentemente, mostrando-se bastante útil para resoluções taxonômicas. No presente estudo propomos um estudo multidisciplinar para delimitar espécies no gênero Makalata a partir de dados morfológicos, moleculares e citogenéticos. Makalata ainda não passou por revisão sistemática, possui taxonomia instável e conta com poucos exemplares depositados em coleções científicas. A partir da combinação dos métodos empregados reconhecemos 14 espécies, a maioria destas com base na combinação das diferentes ferramentas. Contudo, quatro espécies se mostraram morfologicamente crípticas, diferenciadas apenas por dados moleculares e cariotípicos. Os resultados alcançados demonstram uma realidade heterogênea para Makalata no que se refere a quão informativas podem ser o uso das diferentes ferramentas para a taxonomia deste grupo, reforçando a importância de uma abordagem multidisciplinar para se alcançar um quadro mais fidedigno possível sobre a taxonomia de Makalata.
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JOSE MAX BARBOSA DE OLIVEIRA JUNIOR
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ESTRUTURAÇÃO DA COMUNIDADE DE ODONATA (INSECTA) NA AMAZÔNIA ORIENTAL: EFEITOS ESPACIAIS, AMBIENTAIS E MORFOLÓGICOS
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Data: 04/12/2015
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Entender como as comunidades naturais estão estruturadas tem sido um dos principais objetivos em ecologia. Fatores locais e regionais, como o clima, o tipo de hábitat e as interações entre espécies, são os principais responsáveis pela estruturação das comunidades em ambientes naturais. Neste contexto, nosso objetivo é avaliar o efeito dos fatores ambientais (locais e regionais) e espaciais sobre a distribuição da comunidade de adultos de Odonata na Amazônia Oriental. Adicionalmente, avaliamos se existe um limite na similaridade morfológica para a coocorrência das espécies, buscando testar padrões na distribuição das espécies. Para responder a esses objetivos dividimos a tese em três capítulos: O primeiro capítulo avalia o efeito dos fatores ambientais e espaciais; o segundo o efeito dos fatores ambientais locais e regionais e o terceiro avalia se existe um limite na similaridade morfológica para a coocorrência de espécies de comunidade de adultos de Odonata na Amazônia. Foram amostrados Odonata adultos em 98 igarapés na Amazônia Oriental, Pará, Brasil. Os fatores ambientais locais foram avaliados com base em um índice de integridade ambiental e variáveis físicas quantitativas. Variáveis espaciais foram geradas através de filtros espaciais (PCNM). Foram considerados como fatores ambientais regionais o gradiente de altitude, variáveis bioclimáticas e percentuais de cobertura florestal. Foram selecionados 10 indivíduos machos de cada espécie para mensurar nove medidas morfométricas, com o uso de um paquímetro. Foram amostrados 3.588 espécimes de Odonata, distribuídos em 11 famílias, 49 gêneros e 134 espécies. Somente os fatores ambientais explicam a variação na comunidade de Odonata em todos os ambientes (R2adj.= 0,223; p< 0,001), bem como separadamente (Preservados: R2adj.= 0,225; p< 0,001; Alterados: R2adj.= 0,258; p< 0,001), não houve efeito dos fatores espaciais (Todos os ambientes: R2adj.= 0,001; p= 0,529; Preservados: R2adj.= 0,007; p= 0,554; Alterados: R2adj.= 0,009; p= 0,314). O mesmo foi observado para Zygoptera (Ambientais - Todos os ambientes: R2adj.= 0,183; p< 0,001; Preservados: R2adj.= 0,233; p< 0,001; Alterados: R2adj.= 0,189; p< 0,001; Espaciais - Todos os ambientes: R2adj.= 0,005; p= 0,741; Preservados: R2adj.= 0,018; p= 0,628; Alterados: R2adj.= 0,009; p= 0,632). Para Anisoptera, os fatores ambientais explicam a variação na comunidade apenas quando considerado todos os ambientes (R2adj.= 0,155; p< 0,001) e alterados (R2adj.= 0,222; p< 0,001). Em ambientes preservados nem fatores ambientais (R2adj.= 0,023; p= 0,419) e espacias (R2adj.= 0,114; p= 0,147) explicam a variação da comunidade. O particionamento de variação indicou contribuições distintas dos fatores ambientais locais e regionais sobre a variação na composição de espécies. O componente partilhado pelos dois fatores (locais e regionais) foi mais importante para explicar a variação tanto nas comunidades de Odonata (R2adj.= 0,24) como de Anisoptera (R2adj.= 0,15) e Zygoptera separadamente (R2adj.= 0,24), seguido pelo componente ambiental local puro (Odonata: R2adj.= 0,12; p< 0,001; Anisoptera: R2adj.= 0,11; p= 0,001; Zygoptera: R2adj.= 0,10; p< 0,001) e por último, pelo componente ambiental regional puro (R2adj.= 0,07; p< 0,001; R2adj.= 0,03; p= 0,036; R2adj.= 0,08; p< 0,001). Porém além desses fatores, a competição mostrou-se um fator importante na distribuição das espécies. Padrões não aleatórios de coocorrência das espécies de Odonata ocorrem tanto nos igarapés presevados (C= 12,44; p= 0,000; Ck= 2524,00; p= 0,000) quanto nos alterados (C= 12,53; p= 0,000; Ck= 4499,00; p= 0,000). O mesmo foi observado quando avaliado separadamente para Zygoptera (preservados: C= 16,51; p= 0,000; Ck= 1009,00; p= 0,000; alterados: C= 13,95; p= 0,000; Ck= 991,00; p= 0,000). Já para Anisoptera foi encontrado um padrão aleatório de coocorrência das espécies tanto nos igarapés preservados (C= 4,87; p= 0,068; Ck= 308,00; p= 0,046) quanto nos alterados (C= 8,33; p= 0,849; Ck= 1130,00; p= 0,063). Em igarapés preservados foi observado que existe uma intensa competição interespecifica de Odonata ebaseada na morfologia (p< 0,001). O mesmo não foi observado em igarapés alterados (p= 0,411). Quando avaliado separadamente por subordem, para Zygoptera o mesmo padrão foi observado (Preservados: p< 0,001; Alterados p= 0,406). Para Anisoptera tanto em igarapés preservados (p= 0,431) quanto em alterados (p= 0,773) as sobreposições morfológicas não são diferentes de valores esperados em comunidades aleatórias. Demonstramos que os Odonata estão fortemente associados às condições ambientais dos ecossistemas aquáticos na Amazônia Oriental, corroborando nossa hipótese de que a estruturação das comunidades locais responde, majoritariamente, a fatores ambientais (e.g. estrutura da vegetação ripária, impactos humanos e variáveis físico-químicas). Um grande número de espécies de Odonata são estenotópicas, as tornando altamente dependentes de condições locais. Em geral as espécies de Zygoptera são sensíveis às variações ambientais por restrições ecofisiológicas, já os Anisoptera são mais tolerantes às diferentes condições ambientais. Para essas espécies mais especialistas, as condições locais do ambiente tendem a ser mais determinantes para a sua distribuição, o que leva a inferência de que uma seleção de espécies está atuando como processo determinante na estrutura e dinâmica destas comunidades. A relação da comunidade de Odonata com o hábitat identificado neste estudo têm algumas implicações importantes no uso desses organismos para monitoramento em pequenos igarapés. Adicionalmente os padrões de distribuição das espécies de Odonata são afetados pelos processos de similaridade limitante, em especial em ambientes preservados, e para os grupos mais especialistas, como a maioria dos Zygoptera. À luz das rápidas mudanças ambientais, uma questão importante nos estudos sobre estruturação de comunidades é a escala em que o hábitat é medido, uma vez que um hábitat adequado deve atender às necessidades ecológicas de todos os estágios de vida desses indivíduos. Portanto, futuros trabalhos podem usar os fatores ambientais e espacias conjuntamente com a similaridade limitante para melhor compreender a estruturação dessas comunidades.
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LEANDRA DE PAULA CARDOSO PINHEIRO
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Usando atributos funcionais e árvores filogenéticas para examinar os processos de estruturação em comunidades de anuros
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Data: 31/08/2015
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Frequentemente a riqueza de espécies tem sido usada como principal ferramenta em estudos sobre estruturação das comunidades. Mas quando usamos a riqueza como único parâmetro, estamos ignorando as diferenças entre as comunidades em termos funcionais, além das relações evolutivas entre as espécies. A diversidade funcional e filogenética têm sido incorporada a partir do desenvolvimento de medidas alternativas de biodiversidade. Assim, nosso principal objetivo neste artigo é documentar as diferenças intrínsecas entre comunidades de anuros em florestas não alagadas e florestas alagadas na Amazônia Brasileira. Essas diferenças são destacadas através da avaliação da diversidade funcional e filogenética em cinco diferentes comunidades. Nós avaliamos a diversidade funcional e diversidade filogenética através da entropia quadrática de Rao. Para detectar se existem diferenças entre as comunidades em florestas alagadas e não alagadas, nós realizamos uma Análise de Variância usando matrizes de distância. Observamos que as diferenças entre áreas alagadas e não alagadas não eram apenas em termos de composição de espécies. Encontramos menor diversidade funcional e filogenética em áreas de várzea. As evidências encontradas por nós sugerem que embora menos diversas, as florestas alagadas não representam um subconjunto das comunidades encontradas nas florestas não alagadas. As diferenças entre esses ambientes devem ser levadas em consideração em estudos que fazem comparações entre diferentes comunidades e, na seleção de áreas prioritárias à conservação, por exemplo. Além disso, esses resultados podem ser usados como análises exploratórias para apontar que diferentes processos podem estar operando sobre as comunidades.
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AISLAN GALDINO DA CUNHA
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Ecologia populacional do caranguejo Dissodactylus crinitichelis Moreira, 1901 (Crustacea) e seu hospedeiro Encope emarginata Leske, 1778 (Echinodermata) no litoral nordestino brasileiro
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Data: 11/08/2015
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Esta tese apresenta informações a respeito dos efeitos das variáveis ambientas sobre a ecologia populacional do hospedeiro Encope emarginata e o seu inquilino Dissodactylus crinitichelis e as interações entre estas duas populações no litoral nordestino brasileiro. Foram realizadas amostragem biótica e abiótica, ao longo de nove praias que compõem o litoral pernambucano, que faz parte do Atlântico Sul-ocidental. A granulometria foi a variável abióticas com maior influência sobre as duas espécies. As bolacha-da-praia tendem a ocupar, com maior densidade, a costa norte de Pernambuco, sendo as fêmeas adultas a maioria da população. O período de recrutamento foi descrito para agosto. Os indivíduos de bolacha-da-praia apresentaram maior densidade nas classes de comprimento intermediária, com destaque para os comprimentos 10 à 12 cm. As bolachas-da-praia apresentaram crescimento unifásico, com alometria negativa. Em relação aos parâmetros populacionais de D. crinitichelis, não foi observado variação ao longo dos meses do ano. Os caranguejos também apresentaram maior densidade nas praias do litoral norte. Houve um domínio de machos nos meses do período de estiagem, enquanto que as fêmeas no período chuvoso. Foi observado entradas de indivíduos juvenis ao longo de todo ano, com um pico de recrutamento no mês de agosto. A espécie apresentou crescimento polifásico, com isometria para os juvenis, alometria negativa para os machos adultos, e alometria positiva para os imaturos e as fêmeas adultas. Em relação da influência de E. emarginata sobre a população de D. crinitichelis, foi verificado que os caranguejos apresentam uma preferência de ocupação por bolachas-da-praia adultas, em suas classes intermediárias. No entanto, quando essas encontram-se ocupadas, as bolachas-da-praia imaturas podem ser ocupadas pelos caranguejos. Observou-se uma diminuição na densidade dos estágios subsequentes dos caranguejos, independente dos estágio de desenvolvimento da bolacha-da-praia. Foi observado um predomínio de caranguejos machos ao longo das fases de desenvolvimento bentônico da bolacha-dapraia. O caranguejo D. crinitichelis apresentou crescimento polifásico nos três estágios de desenvolvimento da bolacha-da-praia. Os caranguejos residentes nas bolachas-dapraia imaturas foi observado alometria negativa para os caranguejos juvenis, macho adulto e fêmea adulta, enquanto que os imaturos apresentaram alometria positiva. Os caranguejos residentes nas bolachas-da-praia adulta macho e fêmeas apresentaram alometria negativa para juvenil e macho adulto, enquanto que os imaturos e fêmeas adultas apresentaram alometria positiva. Desta forma, o presente trabalho contribui com informações sobre a biologia populacional de E. emarginata e D. crinitichelis, além de contribuir com papel que uma espécie exerce sobre a outra. Visto que, são espécies bioturvadoras da camada superficial do sedimento marinho.
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LÚCIU REZENDE FERNANDES
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Análise filogenética das aranhas do gênero landuba ( Araneae, Corinnidae)
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Data: 26/06/2015
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Atualmente são reconhecidas em todo o mundo 44906 espécies de aranhas, agrupadas em 3935 gêneros e 114 famílias (Platnick 2014). A ordem Araneae é comumente dividida em três subordens, sendo: Mesothelae que constitui um grupo mais antigo filogeneticamente de aranhas e uma de suas características é o abdômen segmentado, um caráter primitivo; Mygalomorphae que possui quelíceras paralelas e Araneomorphae que apresenta quelíceras verticais opostas uma a outra e representa 90% das aranhas existentes (Foelix 2010). Segundo Foelix (2010) a subordem Araneomorphae ainda possui classificações problemáticas principalmente em relação a alguns táxons superiores. Dentro de Araneomorphae está o subgrupo Entelegynae, onde as fêmeas possuem um órgão copulatório complexo (epígino) e dentro de Entelegynae encontra-se o subgrupo Dionycha, que são aranhas que possuem duas unhas no tarso, grupo no qual a família Corinnidae faz parte (Coddington & Levi 1991). Inicialmente Corinnidae foi proposta como uma subfamília de Drassoidae por Karsch (1880). Mais tarde, Simon (1897) retirou Corinninae de Drassoidae e incluiu em Clubionidae, juntamente com seis subfamílias: Clubioninae, Cteninae, Liocraninae, Micariininae, Selenopinae e Sparassinae, o autor listou uma série de caracteres para justificar tal agrupamento. Porém, segundo Bosselaers & Jocqué (2002), muitos destes caracteres não se aplicavam a todos os grupos considerados por Simon (1897) dentro de Clubionidae, como por exemplo, a presença de duas filas de quatro olhos, e alguns também se aplicam a grupos de outras famílias como, tarsos com duas unhas e pelos subunguiais. Mesmo assim a opinião de Simon foi aceita durante a maior parte do século XX. Apenas em 1967 Corinninae foi elevada ao nível de família por Lehtinen (1967), que demonstrou a artificialidade de Clubionidae. Desde então, Corinnidae é reconhecida como uma família distinta, embora seu monofiletismo seja discutido, seu status é amplamente aceito. Entretanto, este consenso ocorreu mais em função da fragmentação de Clubionidae do que pelo aumento do conhecimento dos subgrupos de Corinnidae, sendo estes duas subfamílias, Corinninae Karsch e Castianeirinae Reiskind (Ramírez 2014). Atualmente Corinnidae possui 657 espécies distribuídas em 58 gêneros (Platnick 2014). Penniman (1985) foi o primeiro a sugerir uma hipótese de monofiletismo para Corinnidae, indicando a perda da apófise média (AM, fig. 1) do bulbo do palpo do macho como uma sinapomorfia para a família. Entretanto, Bonaldo (1997) refutou a ideia argumentando que os gêneros africanos Mandaneta Strand, Procopius Thorell, Pseudocorinna Simon e o neotropical Ianduba Bonaldo apresentam apófise média, considerando esses quatro gêneros como Corinnidae incertae sedis. Ainda no mesmo trabalho, Bonaldo (1997) indicou uma modificação nas tricobótrias como possível sinapomorfia para a família, sendo a placa anterior rebaixada e borda crescente alongada na base das tricobótrias. Figura 1: Vista ventral do palpo esquerdo do macho de Ianduba caxixe. aMA: região apical da apófise média; pMA: região prolateral da AM; rMA: região retrolateral da AM. Fonte: Bonaldo (1997). O gênero Ianduba foi proposto por Bonaldo (1997), que na ocasião, descreveu quatro espécies: Ianduba vatapa, I. patua, I. caxixe e I. paubrasil. Além disso, a espécie Ianduba varia (Keyserling), originalmente incluída no gênero Castianeira Keyserling, foi transferida para Ianduba. O autor designou I. vatapa como espécie-tipo, representada por macho e fêmea e distribuição conhecida apenas da localidade-tipo, uma fazenda em Uruçuca, no estado da Bahia; I. 3 patua e I. caxixe são representadas apenas por machos, enquanto I. paubrasil é conhecida de ambos os sexos. Com a exceção de I. varia, com distribuição do sudeste do Brasil a nordeste da Argentina, todas estas espécies tem distribuição conhecida restrita à fazendas de cacau no sul do estado da Bahia. Posteriormente, Bonaldo et al. (2007) descreveram duas espécies novas do gênero, I. mugunza e I. abara, ambas representadas por machos e fêmeas. A distribuição conhecida destas espécies restringe-se às respectivas localidades-tipo, ambas de Porto Seguro, no estado da Bahia. De acordo com Bonaldo (1997) o gênero Ianduba é diagnosticado pelo corpo alongado; palpo do macho com apófise tibial retrolateral bifurcada, lobo ventral com uma apófise apical dirigida prolateralmente, rodeada por processos; reservatório não enrolado; apófise mediana grande e complexa com condutor membranoso, epígino com placa mediana grande e vulva com peça dorsal. Vários subgrupos de Corinnidae carecem de estudos taxonômicos, dedicados ao reconhecimento da identidade dos táxons, e filogenéticos com o propósito de testar o monofiletismo dos mesmos e propor hipóteses de relacionamento. As aranhas do gênero Ianduba, apresentam grande potencial informativo, uma vez que o gênero é atualmente tratado como Corinnidae incertae sedis, um grupo provavelmente polifilético de gêneros que retiveram a apófise média no palpo do macho (fig. 1). Segundo Ramírez (2014), os gêneros Procopius, Olbus, Pseudocorinna e Mandaneta, antes considerados Corinnidae incertae sedis, ficaram distantes de Corinnidae na filogenia, porem o autor não inclui Ianduba em suas análises, permanecendo assim como Corinnidae incertae sedis. Além disso, Bonaldo (2000) indicou que Ianduba pode se constituir no grupo irmão de Corinninae, pois estes táxons compartilham subtégulo em forma de “T” sem anelli (fig. 2) e processo filiforme ou em forma de gancho, no lobo ventral da apófise tibial retrolateral. Tanto o conhecimento taxonômico quanto o conhecimento filogenético de Ianduba é deficitário. Ainda não foi realizado nenhum trabalho para tentar resolver as relações filogenéticas das espécies do gênero, tendo-se detectado, até o momento, várias espécies ainda não descritas. Dessa forma é importante realizar uma análise filogenética do gênero Ianduba, para estabelecer relações entre as espécies e testar o monofiletismo do grupo.
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TATYANNA MARIUCHA DE ARAUJO PANTOJA
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“O PEIXE BOI DA AMAZÔNIA NO BAIXO JAVARI, AM – BRASIL: CONHECIMENTO LOCAL, USO DE HÁBITAT E CONSERVAÇÃO”
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Data: 19/06/2015
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Trichechus inunguis desempenha um importante papel nas cadeias tróficas e na dinâmica dos corpos aquáticos onde vive. Sua importância ecológica não impediu que a espécie sofresse intenso processo de caça, apesar da proteção legal desde a década de 60. A constatação da ocorrência da espécie em trechos dos rios Javari e Quixito, nas proximidades da cidade de Atalaia do Norte, e o registro de eventos de caça na região motivaram esta pesquisa. A investigação objetivou realizar um estudo sobre aspectos do conhecimento local, uso de hábitat e conservação de Trichechus inunguis, de forma a subsidiar a definição de estratégias para sua conservação na região do Baixo Javari, Amazonas, Brasil. O primeiro capítulo buscou comparar o conhecimento local sobre o peixe-boi da Amazônia e conhecimento científico documentado sobre esta espécie. Para este fim, foram realizadas entrevistas com ribeirinhos residentes no município de Atalaia do Norte, ou em comunidades, ou casas isoladas ao longo de trechos dos rios Javari, Itaquaí e Quixito. Foram realizadas 50 entrevistas abrangendo os temas morfologia, metabolismo e idade, respiração, alimentação e migração, reprodução e interações intraespecíficas. O teor das Tabelas de Cognição Comparada (TCC) resultou em um valor médio de aderência de 0,6. Este resultado demonstra que o conhecimento local sobre a espécie estudada é passível de identificação, coleta e análise. E que é possível reconhecer nos relatos e verbalizações da população estudada, a existência de códigos cognitivos perfeitamente capazes de dialogar com o conhecimento científico, configurando a possibilidade de construção coletiva de medidas direcionadas à conservação da espécie. O segundo capítulo objetivou investigar o conhecimento local sobre os sítios de ocorrência da espécie. Foi conduzida por um ano uma amostragem em trechos dos rios Javari, Quixito e Itaquaí para investigar a adequação do uso deste tipo de conhecimento em medidas direcionadas ao estudo da espécie na natureza. Adicionalmente, o estudo se debruçou a investigar o efeito de variáveis ambientais relacionadas à ocorrência de T. inunguis na área de estudo. Para tanto, usamos modelos Lineares Generalizados (GLM) para modelar a distribuição de Trichechus inunguis usando dados de presença e ausência em sítios localizados dentro da área de estudo e sua relação com variáveis de ordem ambiental e antrópica. Reconhecemos, com base nos resultados observados, o potencial do conhecimento local acerca dos sítios de ocorrência (a taxa de sucesso de detecção de evidências de ocorrência nos sítios indicados como de ocorrência da espécie foi de 37,66%, em contrapartida a 1,43% em sítios indicados como de não ocorrência do peixe-boi). Portanto consideramos seus detentores como elementos chave no desenvolvimento de estudos ecológicos com a espécie, e que devem ser incorporados em ações de proteção a estes animais. As variáveis componentes do modelo confeccionado (EVD ~ SIT + LARG + DIST.ATN + COM + EMB1 + FLOR.ALAG) validam sua base objetiva. Além disso, o modelo demonstra que a metodologia se mostra apta a replicação em casos similares. Ainda assim, recomendações em relação à obtenção de dados em atenção às particularidades intrínsecas a cada variável analisada (configuração geográfica dos rios amostrados, uso que os animais fazem da floresta alagável, efeito dos avistamentos próximos das comunidades) são feitas no sentido de maximizar a potencialidade do uso de modelos explanatórios da ocorrência da espécie, consequentemente gerando resultados de maior confiabilidade biológica. O terceiro capítulo levantou dados de mortalidade da espécie e estudou a percepção dos ribeirinhos da região a respeito de sua conservação. Aos indivíduos contatados para o primeiro componente do estudo foram aplicadas questões a respeito dos animais, suas relações com outras espécies, o conjunto de conhecimentos míticos sobre a espécie, os seus usos, os riscos aos quais ela está sujeita, e sobre a ameaça de sua extinção. Foi realizado um levantamento (por observação direta, participante, ou não) sobre a mortalidade de peixes-bois na área de estudo, e as diversas causas das mortes registradas. Para análise da percepção foi utilizado o método do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Os dados de mortalidade foram registrados e analisados descritivamente. As impressões expressas previamente aos questionamentos foram majoritariamente positivas (73%), e mesmo as negativas (27%), podem embasar debates em ações de conservação regionalmente. Os resultados referentes aos riscos e mortalidade de T. inunguis trazem evidências de que a caça a estes animais ainda ocorre de forma relevante e localmente e este é um aspecto que requer estudos adicionais a este respeito. Recomendam-se estudos acerca da ecologia populacional e dinâmica de populações da espécie na área, sob a ação de uma fonte adicional de mortalidade, o fator caça.
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ALESSANDRA MONTEIRO LOPES
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CONSERVAÇÃO DE BORBOLETAS FRUGÍVORAS DA AMAZÔNIA ORIENTAL NO CENTRO DE ENDEMISMO BELÉM
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Data: 12/06/2015
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Os humanos têm transformado a terra principalmente na busca de alimentos (Ochoa-Quintero et al., 2015) com mudanças no uso da terra que produzem fragmentação, degradação e perda do hábitat, introdução de espécies exóticas, e mudanças climáticas. Estas são causas que aceleram a extinção em uma proporção que excede, em muito, a taxa de reposição das espécies (Vitousek et al. 1997; Peres & Palacios, 2007; Cochrane & Laurance, 2008; Laurance, 2010; Moura et al. 2013, Urban, 2015). Quando os ambientes são perturbados as populações de muitas espécies que dependem dos hábitats primários são reduzidas e até extintas. Os conservacionistas têm observado que determinadas categorias de espécies são especialmente vulneráveis à extinção. Estas espécies precisam ser cuidadosamente monitoradas e a conservação deve se voltar para elas (Terborgh & Winter, 1980; Pimm, et al. 1988; Guittleman, 1994) Diante da perda rápida e generalizada dos hábitats e consequentemente da biodiversidade, uma nova geração de cientistas da conservação tem se dedicado ao grande desafio de encontrar traços que compilem as diversas formas que levam uma espécie a ser vulnerável à extinção (Cardillo et al. 2008; Lees & Peres, 2008; Heikkinen et al. 2010). Os estudos desses atributos biológicos que distinguem espécies mais resistentes daquelas que são vulneráveis à extinção após a fragmentação do hábitat, têm sido um tema importante na biologia da conservação (Terborgh & Winter, 1980; Koh, 2004). Estudo feito em várias florestas do mundo por Hansen et al., 2013 mostra que a Amazônia está sujeita às maiores taxas absolutas de perda florestal do planeta. São inúmeras as causas de desmatamento na Amazônia e frequentemente estão inter-relacionadas, e compreendem desde incentivos fiscais a políticas de colonização no passado (Soares-Filho, 2005). As Áreas de endemismos são impactadas pelo desmatamento, o avanço da pecuária, a expansão da produção de grãos e o avanço de monocultura, que são elementos que têm moldado a ocupação destas áreas e têm transformado as suas paisagens nos últimos anos (Almeida et al ,2013). No entanto nem as taxas de desmatamento e nem a diversidade biológica se distribuem homogeneamente ao longo do bioma amazônico, muitas espécies se distribuem separadas pelos principais rios e áreas de endemismo (Silva et al, 2005) e as ameaças à diversidade se concentram principalmente ao longo do arco do desmatamento, que é região decorrente da expansão da zona de fronteira agrícola nas periferias da Amazônia, e tem a pecuária e a soja como forma predominantes de uso da terra (Domingues & Bermann, 2012). Estudos baseados na taxonomia e distribuição de borboletas (Brown, 1979; Tyler et al., 1994; Hall & Prance, 2001), plantas vasculares (Prance, 1982) primatas (Silva et al., 2002) aves (Cracraft, 1985), largatos e anfibios (Ávila-Pires, 1995; Haffer, 1978, 1985, 1987; Haffer & Prance, 1982; Ron, 2000), têm identificado a existência de áreas de endemismo na Amazônia. Estas áreas são consideradas por possuírem espécies exclusivas, o que pode ser um indicativo de processos evolutivos singulares. Uma hipótese geral de distribuição de áreas de endemismo na Amazônia foi proposta em 1854 por Wallace, com base no estudos de primatas que dividiu a Amazônia em quadro áreas de endemismo Guiana, Equador, Peru e Brasil, considerando os rios como barreiras (Wallace, 1854). Um estudo mais recente de Silva et al., (2005), baseado na taxonomia e distribuição de aves, propôs para a Amazônia oito áreas de endemismo.Estas áreas de endemismo são separadas pelos principais rios, cada uma com suas próprias biotas e relações evolutivas (Silva et al, 2005, Ribas et al., 2012), onde concentram-se espécies de distribuição geográfica limitada (Cracraft, 1985; Silva et al, 2005). Shahabuddin & Terborgh, (1999) recomendam que estas áreas sejam usadas como as unidades mais básicas para o planejamento de conservação de espécies. Outras unidades propostas para o planejamento da conservação são as ecorregiões. Estas são áreas homogêneas, identificadas com base em variáveis como clima, hidrologia, feições morfológicas da paisagem, vegetação e solo (Omernik, 1995, Loveland e Merchant, 2004). Dinnerstein (1995) leva em consideração também o conjunto de comunidades naturais, geograficamente distintas, que compartilham a maioria das suas espécies, dinâmicas e processos ecológicos, além das condições ambientais similares, que são fatores críticos para a manutenção de sua viabilidade a longo prazo. Em 2001 Olson et al com o apoio do World Wildlife Fund (WWF) mapeou as ecorregiões terrestres para todo o mundo, utilizando a hierarquia dos tipos de hábitat, para atingir as metas de conservação da biodiversidade. Para o Brasil, foram definidas 78 ecorregiões onde foram utilizados os mapas do projeto RADAM-BRASIL (levantamento dos recursos naturais) publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e os grandes rios como barreiras. Para definir estas 78 ecorregiões do Brasil foram usados critérios como regiões interfluviais, altitude, relevo, solo, geologia, precipitação, ciclo de inundação, efeitos das marés, fitogeografia e zoogeografia (IBGE, 2003). As ecorregiões do WWF influenciam diretamente as ações conservacionistas na Amazônia. O Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA), por exemplo, baseou-se numa etapa do programa na representatividade das 23 ecorregiões amazônicas (PROJETO ARPA, 2004).
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LEONARDO DE SOUSA MIRANDA
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FILOGEOGRAFIA COMPARADA DE AVES COM DISTRIBUIÇÃO TRANS-AMAZÔNICA E TRANS-ANDINA
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Data: 28/05/2015
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As florestas Neotropicais possuem a avifauna mais rica do mundo, com muitos táxons endêmicos; e os padrões de distribuição e variação fenotípica dos organismos nessa região são muito complexos. Muitas hipóteses já foram propostas para tentar explicar os processos de diversificação que resultaram na atual diversidade e nos padrões de endemismo encontrados nessa região. A maior parte dessas hipóteses não havia sido testada devido à dificuldade de falseação das mesmas num contexto filogenético. Contudo, com o acumulo de informações e a disponibilidade de novos métodos analíticos, estão sendo desenvolvidos trabalhos voltados à análise das hipóteses biogeográficas a partir da descrição e dos testes de suas premissas. Estudos de paleoclimatologia e paleoecologia associados a informações da história geológica de uma área produzem cenários que, por sua vez, levam a formulação de hipóteses de diversificação. O contraste destas hipóteses com os padrões de distribuição e relações filogenéticas entre os organismos pode fornecer informações acerca dos eventos de diversificação que influenciaram a origem das espécies atuais. Dessa forma, o principal objetivo desse trabalho é usar dados moleculares de duas espécies de aves com distribuição trans-Amazônica e trans-Andina para contrastar as hipóteses de diversificação, incorporando informações sobre tempos relativos de divergência, áreas ancestrais e meios de diversificação, e realizando inferências sobre quais eventos no passado podem ter influenciado os processos de cladogênese. E finalmente foi avaliado se os padrões espaciais e temporais de divergência entre os filogrupos das espécies estudadas são congruentes para as mesmas barreiras consideradas (por exemplo, principais rios Amazônicos e a cordilheira dos Andes).
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LOURIVAL DIAS CAMPOS
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"Revalidação e Revisão de Hypoxys (Hemiptera, Pentatomidae, Edessinae)”
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Data: 22/04/2015
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O objetivo geral do presente trabalho é reavaliar o status e revisar Hypoxys, testar a monofilia do táxon através do método cladístico, bem como apresentar uma hipótese de relacionamento entre as espécies de Hypoxys. O grupo externo considerado foi: Neotibilis sp, Edessa cervus, Edessa bubalus, Edessa metallica, Olbia elegans, Peromatus bolivianus, Pantochlora vivida, Brachystethus cribus, Doesburgedessa nigrolimbata e Paraedessa albomaculata. As análises tiveram como base 35 caracteres. Em uma primeira análise foram incluídas as espécies consideradas por Stål (1872) como pertencentes ao grupo Hypoxys: Edessa quadridens, E. consobrina, E. obscuripennis, E. scabriventris, E. aulacosterna, E. junix, E. stolida, E. affinis, E. vinula, E. rixosa, E. puncticornis, E. icterica, E. puncticeps e E. patricia. A análise mostrou que Hypoxys é monofilético e que apenas E. quadridens, E. obscuripennis e E. scabriventris fazem parte do gênero; as outras espécies são portanto removidas. Além disso, a análise mostra que Edessa é, claramente, um táxon polifilético. Outra análise cladística foi realizada para melhor suportar Hypoxys. Quatro sinapomorfias suportam Hypoxys: Faixa preta ocupando a margem anterolateral do pronoto; ângulos umerais com as regiões dorsal e posterior escuras; largura da cabeça cerca de cinco vezes maior que o comprimento do ângulo umeral; e presença de uma projeção posterior em cada lateral do bordo dorsal. A topologia final do cladograma foi ((H. subrastrata (H. capito (H. triangularis (H. sp. nov. 160 (H. sp. nov. 155+H. sp. nov. 277))))) (H. obscuripennis (H. infulata (H. oxyacantha, H. brachyacantha (H. leptacantha+H. tragelaphus))) (H. trabecula (H. claricolor, H. eburatula (H. dolosa, H. quadridens (H. boerneri (H. necopinata+H. offuscata))))))). Hypoxys é revalidado como gênero de Edessinae com base na análise cladística. Além das três espécies que permaneceram em Hypoxys foram transferidas 14 espécies conhecidas e mais três novas. Hypoxys é aqui revisado e revalidado e passa a contar com as seguintes combinações novas: Hypoxys quadridens (Fabricius, 1803), H. triangularis (Dallas, 1851), H. obscuripennis (Stål, 1860), H. subrastrata (Bergroth, 1891), H. tragelaphus (Breddin, 1903), H. boerneri (Breddin, 1904), H. brachyacantha (Breddin, 1904), H. capito (Breddin, 1904), H. infulata (Breddin, 1904), H. leptacantha (Breddin, 1904), H. oxyacantha (Breddin, 1904), H. claricolor (Breddin, 1907), H. dolosa (Breddin, 1907), H. eburatula (Breddin, 1907), H. necopinata (Breddin, 1907), H. offuscata (Breddin, 1907) e H. trabecula (Breddin, 1907). Os seguintes problemas taxonômicos foram resolvidos: H. quadridens = E. jugalis sin jr.; H. offuscata = E. rimata sin jr.; H. triangularis = E. scabriventris sin jr. = E. leprosula sin jr; H. tragelaphus = E. pachyacantha sin jr.; E. oxyacantha = E. orba sin jr.
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ANA PAULA VITORIA DA CONCEIÇÃO COSTA
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VARIAÇÃO GEOGRÁFICA EM KENTROPYX CALCARATA SPIX, 1825 (REPTILIA: TEIIDAE) E REVALIDAÇÃO DE KENTROPYX. VITTATA (SCHINZ, 1822).
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Data: 06/04/2015
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Kentropyx calcarata foi descrito por Spix, 1825 e tem distribuição na Amazônia central e oriental, abrangendo a Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Brasil e Bolívia; e no Brasil ainda em áreas de manguezal na costa nordeste, na Serra de Baturité (um brejo de altitude na área de Caatinga) e em parte da Floresta Atlântica. Estudos anteriores com K. calcarata mostraram possíveis variações dentro da espécie, as quais necessitam ser melhor investigadas. Neste estudo foram analisadas amostras abrangendo toda a área de ocorrência na Amazônia, incluindo pontos de simpatria com K. altamazonica, tendo em vista que uma das observações quanto à variação morfológica levantou a hipótese de ser resultante da simpatria entre as duas espécies. Também foram analisadas amostras da Floresta Atlântica, onde as populações mais ao sul apresentam diferenças no padrão de coloração. Todos os espécimes, tanto da Amazônia quanto da Floresta Atlântica, foram analisados quanto à morfologia externa, hemipeniana e padrão de coloração. Os espécimes ao sul do rio São Francisco foram considerados como uma espécie distinta, para a qual o nome K. vittata Schinz, 1822 está disponível, sendo aqui revalidado. Em Kentropyx calcarata as populações da Amazônia e ao Norte da Floresta Atlântica apresentam hemipênis e padrão de coloração semelhantes. Foi observada a presença de variação nos caracteres merísticos, sendo a distância geográfica um dos fatores que pode contribuir com parte desta variação. As populações de K. calcarata com K. altamazonica apresentam variações tanto nos caracteres merísticos quanto morfométricos, possivelmente causadas por uma série de fatores ambientais, confirmando a hipótese levantada em estudos anteriores.
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JOSÉ MOISÉS BATISTA PEREIRA FILHO
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Filogenia da tribo Attacobiini Roewer, 1955 (Araneae, Corinnidae, Corinninae)
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Data: 02/04/2015
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As aranhas aqui tratadas são pertencentes à família Corinnidae, que somente se estabeleceu como tal a partir das evidencias do trabalho de Lehtinen (1967) sobre a artificialidade de Clubionidae, família que incluía Corinninae desde o trabalho de Simon (1897). Recentemente a composição da família sofreu alterações, passando a ser composta apenas por duas subfamílias, Corinninae e Castianeirinae, além de um agrupamento de gêneros considerados como Incertae sedis (Ramirez, 2014), passando a a ser composta por 659 espécies distribuídas em 58 gêneros (WSC, 2015). As subfamílias de Corinnidae são facilmente reconhecidas pelas morfologias do palpo do macho. Castianeirinae apresenta o bulbo do palpo em forma de pêra, enquanto Corinninae apresenta duto espermático com percurso helicoidal. Ambas as subfamílias compartilham uma placa epiginal única nas fêmeas; os palpos dos machos apresentam um alargamento no setor distal do ducto espermático; normalmente são desprovidos de apófise média, exceto em Attacobiini (tribo de Corinninae), nos gêneros neotropicais Ianduba Bonaldo e Olbus Simon e nos gêneros africanos Mandaneta Strand, Procopius Thorell e Pseudocorinna Simon (Corinnidae insertae sedis). Além disso, o corpo fortemente esclerotinizado, principalmente a carapaça (exceto em algumas espécies de Olbus e em alguns gêneros de Corinninae, incluindo os pertencentes à Attacobiini) e os espiráculos pulmonares largos, com bordas esclerotinizadas, são também características informativas para o reconhecimento da família. A Tribo Attacobiini, objeto do presente estudo, inclui aranhas com história natural bastante peculiar, pois alguns dos representantes deste táxon vivem associados à colônias de formigas. Mello-Leitão (1923) quando descreveu a primeira aranha conhecida do grupo, Attacobius luederwaldti (Mello-Leitão), interpretou equivocadamente esse comportamento ao afirmar que esta espécie representava a primeira aranha parasita de saúvas (Atta sp.) conhecida. Roewer (1935) por ocasião da descrição de A. attarum, informou o que lhe fora relatado pelo coletor, Dr. Eidmann, que coletou estas aranhas nos ninhos de saúvas Atta sexdens (Linnaeus), indicando que as mesmas foram encontradas cavalgando a região dorsal do tórax destas formigas. Bonaldo & Brescovit (1998) ao descreverem Ecitocobius comissator, relataram que o único espécime conhecido desta espécie foi encontrado junto à uma correição de formigas do gênero Eciton Latreille, mas não que verificou-se o mesmo comportamento de equitação de A. attarum. Em 2001, Erthal & Tonhasca observaram A. attarum cavalgando formigas em um formigueiro de laboratório, indicando que as aranhas, nestas condições, eram capazes de predar as larvas das formigas. Ichinose et al. (2004) observaram que A. luederwaldti utilizam o período de voo nupcial de Atta sp. como estratégia de dispersão, pois elas permanecem sobre as formigas mesmo durante o voo. No trabalho de Da Silva Camargo et al. (2015) foi considerado que A. attarum, principalmente as fêmeas, utilizam o voo nupcial de Atta sexdens somente como estratégia de dispersão, pois não foram encontradas aranhas nos novos formigueiros. As primeiras contribuições para a taxonomia destas aranhas foram confusas. A subfamília Myrmecobiinae foi proposta por Mello-Leitão (1923), para agrupar uma única espécie, Myrmecobius luederwaldti. Na ocasião o autor defendeu a proposição da subfamília devido a estas aranhas possuírem características tão singulares que não se enquadrariam em quaisquer das subfamílias até então propostas em Clubionidae. Posteriormente foi proposto Attacobius como um novo nome para o gênero, pois Myrmecobius estava pré-ocupado por um marsupial (Mello-Leitão, 1925). Mello-Leitão (1947) sinonimizou Myrmeques Roewer (1935) com Attacobius, sinonimizando a espécie-tipo, Myrmeques attarum Roewer, 1935, com Attacobius luederwaldti. Roewer (1955) alocou o nome do grupo tribal Attacobieae, na subfamília Liocraninae, Clubionidae, grupo que posteriormente foi elevado a família. Platnick & Baptista (1995) transferiram a tribo Attacobiini de Liocranidae para Corinninae (Corinnidae), tornando-a a única tribo aceita até o momento na subfamília, além de Corinnini, a tribo-tipo. Além disso, estes autores removeram Attacobius attarum da sinonímia de A. luederwaldti, trazendo à luz dois sinônimos adicionais do gênero, Morenilia e Achalaicola, propostos por Mello-Leitão (1942; 1943) em Gnaphosidae e Prodidomidae, respectivamente. Uma vez que Morenilia e Achalaicola são gêneros monotípicos e dado que que suas espécies-tipo foram sinonimizadas por Platnick & Baptista (1995), apenas uma espécie foi acrescida ao gênero na revisão de Platnick & Baptista, A. nigripes (Mello-Leitão, 1942). Uma nova espécie de Attacobius foi descoberta somente 56 anos após a última contribuição de Mello-Leitão, com a descrição de A. verhaagui por Bonaldo & Brescovit (1998). Contudo, a real diversidade de Attacobius foi reconhecida apenas após o trabalho de Bonaldo & Brescovit (2005) que acrescentaram seis espécies ao gênero, quatro das quais conhecidas por machos. Esta contribuição permitiu pela primeira vez uma apreciação da variação dos caracteres morfológicos do palpo do macho, uma vez que a única forma masculina conhecida até aquele momento era a de A. attarum. Um segundo gênero de Attacobiini, o monotípico Ecitocobius, que aloca E. comissator, foi proposto por Bonaldo & Brescovit (1998). Esta espécie é a única representante de Corinnidae que apresenta apenas dois olhos e sua descoberta possibilitou testar as hipóteses de sinapomorfias que poderiam sustentar a monofilia da tribo propostas por Platnick & Baptista (1995). Segundo Platnick & Baptista (1995), a tribo distingue-se dos demais membros de Corinninae pela linha anterior dos olhos recurvada, grandes olhos medianos anteriores, poucos espinhos nas pernas, ápice das pernas e tarso do palpo das fêmeas escurecidos e comprimidos lateralmente, além da ausência de sérrula. A descoberta de Ecitocobius por Bonaldo & Brescovit (1998) indicou que a compressão lateral dos ápices dos tarsos é exclusiva de Attacobius. Desta forma esta característica não seria uma sinapomorfia de Attacobiini, mas do gênero. Eles também propuseram duas sinapomorfias putativas adicionais para a tribo: labium muito mais largo do que longo (característica já observada por Mello-Leitão em 1923 em Attacobius luederwaldti) e palpo do macho com um processo retrolateral longo e fino, medialmente embutido no tegulum, denominado como processo tegular Attacobiini, que mais tarde foi considerado homólogo à apófise média por Bonaldo & Brescovit (2005). Ecitocobius distingue-se de Attacobius pela ausência dos olhos posteriores e laterais anteriores e pela presença de um espinho curvo não pareado na região ventral apical dos metatarsos de todas as pernas. Outras características adicionais são a ausência de qualquer padrão distintivo nos olhos medianos anteriores e tarsos das pernas não modificados (Bonaldo & Brescovit, 1998). Atualmente a tribo Attacobiini é composta por dois gêneros, Attacobius e Ecitocobius. O gênero Attacobius compreende 10 espécies válidas. As aranhas deste gênero ocorrem no Brasil e na Argentina. O gênero Ecitocobius, é representado por uma única espécie, conhecida apenas por um indivíduo macho coletado na Reserva Florestal Adolpho Ducke, Manaus, Amazonas, Brasil.
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RONILDO ALVES BENÍCIO
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"A VARIAÇÃO NA DETECTABILIDADE DE ANUROS E SEUS PADRÕES DE OCUPAÇÃO NA AMAZÔNIA ORIENTAL"
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Data: 01/04/2015
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A dificuldade em se encontrar padrões fortes nos estudos com anuros é frequente. No entanto, não sabemos quanto da dificuldade de detectar padrões é relacionada à baixa influência da variação ambiental na distribuição desses animais ou ao processo de amostragem em si. Para minimizar esse problema, a amostragem foi baseada na forma proposta em trabalhos de ocupação, que inclui visitas repetidas a cada um dos locais amostrados. Esse desenho amostral permite avaliar a influência de variáveis ambientais sobre os padrões de distribuição dos anuros levando em conta a influência da detectabilidade das espécies sobre esses padrões. Nossa hipótese é que há variação na probabilidade de detecção entre espécies de anuros, e em diferentes ocasiões para uma mesma espécie, e que essa variação pode ser importante nos modelos de ocupação dessas espécies. Testamos oito modelos de ocupação para as 10 espécies mais abundantes e avaliamos seu ajuste aos dados usando o Critério de Informação de Akaike (AIC) e o peso do Akaike (AICwgt). Para todas as espécies, entre os modelos que melhor se ajustam aos dados está incluído aquele que tem a probabilidade de ocupação influenciada pela distância do igarapé (variável “Dist”) e cuja probabilidade de detecção varia entre os levantamentos realizados (variável “Visita”). Das 10 espécies analisadas oito incluíram a variável “Visita” entre os três modelos de melhor ajuste. Além disso, a probabilidade de detecção também variou entre as espécies, indicando que é importante que essas variações na detecção sejam consideradas na interpretação dos padrões de ocupação das espécies. Este é o primeiro trabalho, no Brasil, que analisa os padrões de distribuição de anuros levando-se em conta a probabilidade de detecção das espécies.
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YOUSZEF OLIVEIRA DA CUNHA BITAR
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“Turnover de anuros da Amazônia, perspectivas em multi escalas e habitat”
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Data: 31/03/2015
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Entender os processos envolvidos na distribuição espacial das espécies e as razões que levam a dissimilaridades na composição entre locais (turnover) têm sido objeto de diversos estudos em diferentes escalas e hábitats. Neste estudo, investigamos os fatores responsáveis pelo turnover de anfíbios anuros sob três diferentes perspectivas. No primeiro capítulo dessa tese, intitulado “Anuran beta diversity in a mosaic anthropogenic landscape in transitional Amazon”, nós testamos de que forma cinco diferentes ambientes, classificados de acordo com a pressão antrópica, podem estruturar o turnover de anuros. As unidades amostrais para este primeiro capítulo estão localizadas em um ecótono entre os biomas Amazônia e Cerrado, numa região denominada como arco do desflorestamento. Observamos que a conversão de áreas florestadas (matas ciliares) em ambientes mais abertos (monocultura de grãos e seringal) resulta na mudança da composição de espécies original e na diminuição do turnover, algo que podemos chamar de homogeneização da fauna. Porém, a ideia de mudança no turnover ao se comparar ambientes estruturalmente diferentes não é novidade, ainda mais quando apresentam graus de degradação tão distintos como os encontrados na área de estudo. Dessa forma, no segundo capítulo da tese, “Factors explaining anuran turnover at different spatial scales in Amazonia”, buscamos identificar o quanto variações ambientais e espaciais contribuem para a estruturação das comunidades em florestas de terra firme na Amazônia. As unidades amostrais para este segundo capítulo estão localizadas em três unidades de conservação da Amazônia brasileira (Florestas Nacionais do Amapá, Caxiuanã e Tapajós). Detectamos que, embora sejam áreas em teoria similares (terra firme), cada uma das comunidades responde a um conjunto específico de variáveis ambientais. Ao testarmos os fatores estruturando o turnover entre escalas distintas, observamos que tanto a porção explicada pelo ambiente quanto pelo espaço apresentaram maior poder de explicação (R2) em escalas regionais quando comparados com cada uma das localidades (escala local). Outro resultado interessante foi que o componente espacial não apresentou influência significativa sobre a comunidade de Caxiuanã, onde somente 3% do turnover foi explicado por qualquer um dos fatores ambientais medidos. Por último, o terceiro capítulo intitulado “How differences in anuran reproductive modes can affect their turnover: comparing scales and habitat”, aborda como anuros com diferentes atributos reprodutivos respondem a variações ambientais e espaciais, comparando esses processos em florestas de terra firme e várzea. Adicionalmente, avaliamos a probabilidade de ocorrência das espécies mais comuns ao longo dos gradientes ambientais mensurados. As unidades amostrais deste capítulo estão localizadas em três áreas de floresta de terra firme (as mesmas do capítulo 2) e duas áreas de várzea (Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá e Amanã). Espécies com oviposição aquática foram predominantes nas áreas de várzea, enquanto houve maior proporção de ovipositores na vegetação em Caxiuanã e mais espécies com reprodução terrestre no Amapá e Tapajós, quando comparadas com as demais áreas. Ao dividir as espécies de acordo com seus modos reprodutivos, padrões mais claros de resposta puderam ser observados. Podemos afirmar ainda que mudanças nas características ambientais aparecem como importantes estruturadoras do turnover em diferentes escalas, enquanto a distância espacial é mais evidente em escalas maiores. Assim, podemos concluir que em áreas impactadas o turnover entre as comunidades diminui pela homogeneização da fauna, em decorrência da conversão de florestas em áreas antropizadas. Por outro lado, observamos também que mesmo em áreas dentro de uma mesma classificação fitofisionomica e sem distúrbios antrópicos, há grandes diferenças nos padrões de partição do turnover, que podem ser atribuídos a conjuntos de fatores ambientais e espaciais específicos de cada área, além de espécies com diferentes atributos reprodutivos.
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LINCOLN SILVA CARNEIRO
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“SISTEMÁTICA E DIVERSIFICAÇÃO DOS GÊNEROS HYLOPEZUS E MYRMOTHERA (AVES: GRALLARIIDAE) ”
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Data: 31/03/2015
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Os avanços recentes no campo da sistemática de aves, especialmente com a inclusão de caracteres moleculares e vocais, tem levado a uma melhor compreensão dos processos históricos que geraram a diversidade de aves do Neotrópico e a um grande número de rearranjos sistemáticos e taxonômicos (Zink & Blackwell-Rago, 2000; Aleixo, 2002; D’Horta et al., 2008; Zimmer, 2008; Navarro-Sigüenza et al., 2008; Rheindt et al., 2008). Atualmente, existem diversas hipóteses que tentam explicar a diversidade presente e sua distribuição espacial, entre as principais podemos citar: a Hipótese paleogeográfica (Emsley, 1965); o modelo das barreiras ripárias (Wallace, 1852; Gascon et al., 2000); a hipótese dos refúgios (Haffer, 1969; 1997); a hipótese dos rios-refúgios (Ayres, 1992); e a hipótese de perturbação-vicariância (Colinvaux, 1993). Embora essas varias hipóteses biogeográficas tenham sido formuladas, apenas poucos estudos têm testado os padrões filogenéticos dos táxons Neotropicais (Derryberry et al., 2011; Patel et al., 2011; d’Horta et al., 2012; Ribas, et al., 2011; Smith et al., 2013, Bryson et al., 2014). E apesar do grau de complexidade das hipóteses propostas, alguns estudos (Bates et al., 1998; Tobias, et al., 2008; Antonelli, et al., 2010) tem proposto que a história evolutiva da biota neotropical pode ter sido influenciada por um mosaico de diferentes modelos ao longo do tempo, sugerindo um passado ainda mais complexo do que o previsto pelas hipóteses existentes.
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ANNELISE BATISTA D''ANGIOLELLA
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DIVERSIFICAÇÃO MORFOLOGICA E MOLECULAR EM LAGARTOS DACTYLOIDA E SUL-AMERICANOS
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Data: 30/03/2015
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A compreensão dos padrões de distribuição da diversidade biológica, tem sido um tema amplamente discutido em estudos ecológicos e biogeográficos nas últimas décadas (Gaston, 2000; Ricklefs, 2004; Diniz-Filho et al., 2009). Nesse contexto, a região neotropical sul-americana destaca-se pela sua alta diversidade, distribuída nos mais diversos biomas (Morrone, 2004; Turchetto-Zolet et al., 2013). Estudos recentes demonstram que as alterações climáticas e geomorfológicas apoiam um cenário de mudanças complexas na paisagem do continente, influenciando na distribuição espacial dos táxons, riqueza de espécies, endemismos, diversidade genética e padrões biogeográficos observados (Nores 2004; Rull, 2008; Antonelli et al, 2009; Carnaval et al, 2009; Hoorn et al, 2010; Thomé et al., 2010; Werneck et al, 2012; Ribas et al 2012; Turchetto-Zolet et al., 2013, Rull, 2011, 2013). A conformação atual da América do Sul foi grandemente influenciada pelo soerguimento dos Andes, processo iniciado há aproximadamente 65 Ma, causando alterações climáticas e hidrográficas no continente (Hoorn et al. 1995; Van der Hammen & Hooghiemstra, 2000). Uma das principais consequências da elevação dos Andes foi a alteração do padrão de drenagem continental, levando à formação da bacia amazônica como a conhecemos atualmente (Hoorn et al 2010). Embora haja discordâncias sobre quando o Rio Amazonas começou a correr para o leste, a partir dos Andes, diferentes dados indicam que este já havia atingido seu fluxo atual a partir do Plioceno inferior (Figueredo et al. 2009; Latrubesse et al. 2010). Ainda que em menor escala, contudo, movimentos tectônicos continuaram a ocorrer na região, produzindo alterações ao menos locais, até o início do Holoceno (Rosseti et al. 2005; Rosseti & Valeriano, 2007).
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TATYANA PINHEIRO MAGALHAES
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“ESTRUTURA SOCIAL DO MACACO-DECHEIRO (Saimiri collinsi) EM CATIVEIRO”
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Data: 30/03/2015
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A maioria das espécies de primatas vive em grupos. Apesar das vantagens, esse tipo de organização social também pode aumentar a competição intraespecífica por recursos. A prioridade no acesso aos recursos dentro dos grupos está ligada a hierarquia de dominância. Por sua vez, as posições hierárquicas e as relações sociais influenciam na qualidade de vida, por exemplo, alterando os sistemas reprodutivo e imunológico dos indivíduos. Este estudo caracteriza a hierarquia social do macaco-de-cheiro, Saimiri collinsi, em cativeiro e examina a influência de atributos intrínsecos dos animais na hierarquia; Descreve as redes de associações intragrupais e relaciona as associações com a hierarquia e comportamento reprodutivo; Além disso, descreve o cuidado com a prole (parental e aloparental) e testa a associação entre mães e alomães dentro e fora do período de cuidado com a prole. Os resultados mostraram que a estrutura de dominância de S. collinsi é uma hierarquia parcial e que ela sofre influência da idade e do tamanho corporal. As redes de associação são baseadas nas classes sexuais e as afiliações não são constituídas por idade, classe etária ou posição hierárquica. O poder das fêmeas de resistir às investidas sexuais dos machos parece ter relação com as associações entre as fêmeas. As alomães incluem fêmeas com e sem filhotes e a associação entre mães e alomães ocorrem igualmente dentro e fora do período de cuidado com os infantes.
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YULIE SHIMANO FEITOZA
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EPHEMEROPTERA (INSECTA) NO BRASIL: ESTADO DA ARTE, AMOSTRAGEM, INFLUÊNCIAS E DISTRIBUIÇÃO
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Data: 27/03/2015
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Essa tese teve como objetivo contribuir para o conhecimento ecológico da ordem Ephemeroptera no Brasil no intuito de minimizar os déficits Wallaceano, Prestoniano e Hutchinsoniano desses organismos. Para isso, trabalhamos com dados bibliográficos e coletas em campo, resultando na elaboração de seis capítulos. Para o primeiro capítulo, sintetizamos informações bibliográficas, e para os demais capítulos utilizamos dados coletados na Amazônia brasileira, com exceção do último capítulo, o qual foi usado dados da literatura de ocorrência das espécies já registradas para a Amazônia. No primeiro capítulo fizemos uma análise cienciométrica sobre o estudo da ordem no Brasil, onde apontamos como principais lacunas a ausência de estudos em alguns estados brasileiros e com famílias específicas, a necessidade de estudos com as relações filogenéticas, melhorar a resolução taxonômica em estudos ecológicos e ausência ou conhecimento ainda insuficiente a respeito das variáveis ambientais que podem afetar a distribuição desses organismos; No segundo capítulo nós propomos um amostrador (rapiché circular) e um delineamento de coleta (trecho de 150 m ao longo do córrego) para ser utilizado em estudos ecológicos; no terceiro capítulo testamos a metodologia que é utilizada para a coleta dos dados e verificamos que 15 sub-amostras são o suficiente para representar a fauna (ao invés de 20), onde a descontinuidade da coleta é preferencial e que a resolução taxonômica entre espécies e gênero são altamente concordantes; no quarto capítulo, através de uma nova abordagem de espécies indicadoras de limiares (Threshold Indicator Taxa Analysis), nós verificamos que Miroculis é um gênero associado à áreas florestadas e Ulmeritoides é associado à áreas de plantação de palma de dendê, e que a comunidade como um todo, não é tão prejudicada pelo plantio, uma vez que a composição de espécies é similar entre tratamentos de floresta e palma; o capítulo 5 foi realizado em uma escala regional, onde nós verificamos diferenças na estrutura ambiental dos córregos e na composição de Ephemeroptera nos diferentes interflúvios amazônicos, encontrando diferentes efeitos das variáveis ambientais de acordo com o interflúvio e de acordo com a escala utilizada (local e regional). Por fim, no sexto capítulo nós testamos se a Hipótese de Rios é válida para as comunidades de Ephemeroptera da Amazônia brasileira, onde encontramos que os grandes rios atuam como barreiras geográficas estruturando a distribuição dos efemerópteros, e da mesma forma, as conexões das bacias de drenagem também parecem exercer efeito estruturador para esses organismos. Com essa tese, nós aumentamos o número de registros de ocorrência e distribuição de Ephemeroptera para a Amazônia brasileira, amenizando lacunas com relação à distribuição (déficit Wallaceano), abundância (déficit Prestoniano) e respostas ambientais desses organismos (déficit Hunthinsoniano), além de contribuir para a unificação ou padronização de amostragem da ordem em estudos ecológicos.
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LEONARDO MOURA COSTA
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AGREGAÇÃO E SUCESSO REPRODUTIVO EM Podocnemis expansa (SCHWEIGGER, 1812 - TESTUDINES) NO BAIXO RIO XINGU, PARÁ, BRASIL
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Data: 02/03/2015
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O padrão de distribuição agregado e suas consequências sobre uma população de quelônios são o arcabouço para o desenvolvimento deste trabalho. A explicação mais simples para a evolução de comportamentos que levem à distribuição agregada é de que ela ocorre em resposta à heterogeneidade ambiental, com o aumento da densidade de organismos nos melhores ambientes. Um táxon onde a agregação assume um papel de destaque em sua ecologia é o dos Testudines, onde vários representantes deste grupo desenvolvem um comportamento gregário ligado à reprodução. Podocnemis expansa, que será o objeto de estudo deste trabalho, possui o comportamento reprodutivo relativamente bem estudado e grande importância socioambiental na região amazônica. A combinação das especificidades por áreas de desova e o comportamento de depositar seus ninhos em conjunto fazem da agregação de ninhos em P. expansa um fator de interesse da biologia reprodutiva da espécie a ser estudada. A espécie P. expansa teve suas populações naturais acentuadamente reduzidas desde o período colonial. Foi inclusa nas listas de espécies vulneráveis à extinção da IUCN (International Union for Conservation of Nature), com a categoria de baixo risco de extinção, dependente de iniciativas de conservação. Na região do baixo Rio Xingu podem ser observadas elevadas abundâncias de espécies do gênero Podocnemis. Anualmente milhares de fêmeas de P. expansa se reúnem para depositar seus ninhos em bancos de areia na porção conhecida popularmente como Taboleiro do Embaubal. Na Ilha do Juncal, a diminuição da altura da área de desova em relação ao nível do rio leva a um dos maiores fatores de perda de ninhos da espécie, a perda por alagamento, o que leva a uma vantagem clara para os indivíduos em depositarem seus ninhos nos locais mais altos. Esta opção aumenta a probabilidade de sobrevivência dos ninhos, porém causando uma perda consequente da escolha do melhor ambiente, uma vez que os indivíduos depositam seus ninhos em conjunto e acabam sobrepondo de posturas em posições onde há ninhos já depositados. Este trabalho visa identificar o grau de agregação dos ninhos dentro da área utilizada para a desova na Ilha do Juncal, assim como avaliar o impacto da perda de ninhos devido à sobreposição, nos anos de 2010 a 2013. Os ninhos foram amostrados usando-se parcelas de 2x3 metros distribuídas na área de desova. Os ninhos encontrados nas parcelas tiveram seus conteúdos caracterizados em ovos em desenvolvimento, gorados, filhotes vivos e filhotes mortos e tiveram as medidas ligadas ao seu posicionamento dentro das parcelas coletadas. O número médio de ninhos por parcela e o erro-padrão foram calculados levando-se em consideração as áreas amostradas, bem como os números de amostras. A hipótese de que não há diferença na densidade de ninhos na área de desova, assim como a diferença na média de ninhos entre os anos, foi testada por meio de uma análise de variância. A agregação de ninhos foi testada quanto à variação entre parcelas e dentro das parcelas utilizando-se modelos nulos. Todos os testes foram realizados com um nível de significância de 5%, usando scripts em linguagem R. Os números de ninhos perdidos devido à sobreposição foram estimados levando em consideração a estimativa do número de ninhos na área, a distribuição vertical dos ninhos, o tamanho dos ninhos e o tamanho da área. As faixas mais baixas em relação ao nível do rio tiveram as menores médias de ninhos, embora apenas a faixa mais distante da margem do rio apresente uma diferença significativa no número de ninhos. O teste de agregação entre as parcelas apresentou resultado significativo, mas o teste de agregação dentro das parcelas não apresentou resultado significativo. Estes resultados permitiram-nos concluir que, em grandes áreas de nidificação, as tartarugas não seus ninhos sobre outros de forma deliberada, sendo a perda por sobreposição um fenômeno estocástico, que é intensificado pela diferença de altura na superfície do banco de areia que leva as tartarugas a depositarem seus ninhos de forma concentrada e nas partes mais altas das áreas de desova, no intuito de evitar a perda dos mesmos pelo alagamento. Analisando a quantidade de ninhos perdidos por sobreposição, em conjunto com o número anual de filhotes e a estimativa do número total de ninhos concluiu-se que a perda de ninhos por sobreposição é responsável por uma perda que varia entre 3,8% e 7,1% do número total de ninhos anualmente depositados, o que corresponde a uma quantidade de ovos que varia entre 33.210 e 82.980. A avaliação dos impactos da agregação de ninhos é relevante para determinar se esta característica pode estar sendo intensificada pela antropização do ambiente, prejudicando a reprodução de P. expansa. Também permite apresentar uma perspectiva para implantação de novas ações ligadas ao uso racional dos animais sob uma perspectiva de conservação com participação da sociedade local. A região de Taboleiro do Embaubal tem muitas lacunas de conhecimento relacionadas ao manejo e conservação de P. expansa. Esta área foi previamente manipulada e pode sofrer novos impactos, como a retenção de sedimentos devido à construção de um projeto hidrelétrico. É necessário compreender a dinâmica de deposição de ninhos de P. expansa e como manter a taxa de eclosão, uma vez que existe o risco destas áreas de nidificação perderem altura e ficarem permanentemente submersas.
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ÁUREA AGUIAR CRONEMBERGER
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Filogeografia Multi-Locus de Kentropyx calcarata Spix 1825 (Reptilia: Teiidae) na Amazônia Oriental
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Data: 02/03/2015
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Kentropyx calcarata é um lagarto heliófilo, florestal e que habita preferencialmente regiões próximas a igarapés, clareiras naturais ou em situações de borda. Possui ampla distribuição na Amazônia central e oriental, abrangendo os países Guyana, Guiana Francesa, Suriname e Brasil, onde além da Amazônia ocorre no nordeste e oeste do Cerrado e em parte da Floresta Atlântica. Estudos anteriores envolvendo K. calcarata apontam uma estruturação geográfica para a espécie, a qual ainda necessita ser melhor investigada. Neste estudo, foi analisado como as populações dessa espécie se estruturam ao longo de sua distribuição na Amazônia e quais os possíveis eventos envolvidos no processo de diversificação. Foram utilizados dois marcadores mitocondriais (16S e Cytb) e dois nucleares (DNAH3 e SINCAIP) para testar as hipóteses dos rios como barreiras e dos refúgios florestais. Além disso, foi verificada a possibilidade de haver deslocamento de caracter em populações simpátricas a K. altamazonica. As linhagens inferidas a partir das análises filogenéticas mostram-se estruturadas, do ponto de vista genético e limitadas pelos principais rios da Amazônia oriental. Algumas populações apresentaram um cenário demográfico que condiz com uma expansão populacional recente, que pode estar relacionado com o período de expansão da área florestal.
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JAMILLE COSTA VEIGA
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APTIDÃO SEXUAL E ACASALAMENTO EM CONDIÇÕES ARTIFICIAIS NA ESPÉCIE DE ABELHA SEM FERRÃO Melipona flavolineata Friese
(HYMENOPTERA, APIDAE, MELIPONINI)
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Data: 02/03/2015
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Nas sociedades das abelhas de comportamento eusocial avançado, os machos têm como única função fecundar as fêmeas reprodutivas. Para tanto, precisam adotar uma estratégia reprodutiva que aumente e favoreça suas chances de acasalar. Assumindo que essa estratégia deva ser traçada quando ainda estão na segurança do ninho, testamos o efeito da idade do indivíduo e do contexto social vivenciado, sobre a aptidão sexual de machos da abelha sem ferrão Melipona flavolineata. Em condições de confinamento, acompanhamos 82 machos divididos em dois experimentos, um sobre a relação entre idade e aptidão sexual (n = 55), no qual grupos de machos foram acompanhados durante a fase adulta até determinadas idades (categorias: 0, 5, 10, 15, 20 e 25 dias); e outro sobre o efeito do contexto social (n = 27), no qual os machos foram divididos em três categorias de contexto, em que variamos a quantidade de operárias, mantidos por 15 dias. O início do comportamento de voo e a maturidade sexual foram as variáveis utilizadas para mensurar a aptidão sexual dos machos. Logo, ao final dos experimentos, a capacidade de voo dos machos foi testada. Em seguida, os indivíduos foram sacrificados, e seu número de espermatozoides foi estimado (métrica de maturidade sexual). A migração dos espermatozoides para as vesículas seminais se iniciou aos cinco dias de idade. A maturidade foi atingida aos 10 dias, e a habilidade de voo, aos 15 dias. O contexto social não exerceu efeito sobre a maturidade, mas afetou o voo, atrasando o inicio desse comportamento. Considerando que os machos dessa espécie ainda permanecem dentro do ninho por até cinco dias após se tornarem aptos para a cópula (maduros e capazes de voar), os resultados do presente trabalho sugerem que o macho aguarda dentro do ninho até atingir o máximo de sua performance reprodutiva, o que pode favorecê-lo em sua sobrevivência, e na competição por fêmeas.
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RENATA FERMINO NOVAIS
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ONTOGENIA DO CRÂNIO E COLUNA VERTEBRAL DO BOTO-CINZA, Sotalia guianensis (VAN BÉNÉDEN, 1864) (CETARTIODACTYLA: DELPHINIDAE) NA COSTA NORTE E NORDESTE DO BRASIL
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Data: 27/02/2015
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Estudos com caracteres morfológicos (não métricos) têm contribuído para ampliar o conhecimento sobre a taxonomia, ecologia, variação ontogenética, geográfica e sexual de Sotalia guianensis. Com o intuito de complementar o conhecimento dessa espécie na costa norte e nordeste do Brasil foi realizado um estudo sobre a morfologia do crânio e da coluna vertebral, a fim de investigar as variações nas estruturas ósseas do crânio e o desenvolvimento ontogenético, entre quatro regiões geográficas. Foram avaliados e comparados com a estimativa de idade, 29 caracteres morfológicos em 116 amostras de crânio, a fim de avaliar a formação de estruturas ósseas e o grau de fusionamento das suturas, assim como, quatro estados de caráter em 108 amostras de coluna vertebral completa ou parcialmente incompleta, para avaliar o estado de fusionamento da placa epifisária ao corpo da vértebra. Os resultados obtidos para o crânio e coluna vertebral corroboraram estudos morfológicos anteriores desenvolvidos em outras áreas da costa brasileira (AP, PA, CE, PE, BA, ES, RJ, SP, PR e SC). A análise de Kruskall-Wallis revelou que os caracteres do crânio que diferiram de acordo com a idade, estão relacionados com caracteres referentes à sutura parietal-frontal, sutura parietal-supraoccipital, sutura parietal-exoccipital e sutura basioccipital-pterigóide. Na coluna vertebral os resultados indicaram diferenças relacionadas com os estados de caráter referentes ao não fusionamento e fusionamento completo de vértebras cervicais, torácicas e lombares. Nas vértebras caudais três estados de caráter indicaram diferenças em relação à idade: não fusionado, fusão progredindo e fusão completa.
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GUILHERME MOREIRA DUTRA
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Sistemática de Eigenmanniinae (Teleostei: Gymnotiformes: Sternopygidae)
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Data: 27/02/2015
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Esta tese reúne resultados obtidos de estudos sistemáticos da subfamília Eigenmanniinae. O Capítulo I corresponde à análise filogenética dos integrantes de Eigenmanniinae, incluíndo oito espécies novas para o gênero Eigenmannia e a maioria das espécies conhecidas da subfamília. A subfamilia é reconhecida como monofilética, bem como todos gêneros incluídos nela. A monofilia do gênero Eigenmannia foi recuperada pela primeira vez e um novo gênero é proposto para alocar a espécie incertae sedis “Eigenmannia” goajira. Os relaciomentos entre as espécies dentro de cada gênero são discutido. A espécie “Eigenmannia” goajira é redescrita com base no material tipo. No Capítulo II, as espécies Eigenmannia humboldtii, E. limbata e E. nigra são revisadas e uma nova espécie para o gênero é descrita. A maioria dos caracteres previamente propostos para diagnosticar estas espécies se revelaram não válidos devido à grande variação intraespecífica. Novas diagnoses para cada espécie são apresentadas. Caracteres diagnósticos prévios que se revelaram problemáticos são discutidos. No Capítulo III, o gênero Distocyclus é revisado. Caracteres diagnósticos previamente propostos para Distocyclus se mostraram não informativos em relação as duas espécies originalmente alocadas neste gênero como espécies irmãs. Distocyclus goajira não apresenta os caracteres derivados presentes na espécie tipo do gênero, D. conirostris, e ainda compartilha caracteres derivados em diferentes combinações com Archolaemus, Eigenmannia e Japigny. Baseado na presente evidência, Distocyclus é restringido a sua espécie tipo, D. conirostris; e D. goajira é considerada Incertae Sedis em Eigenmanniinae, sob sua combinação original de “Eigenmannia goajira”. Distocyclus conirostris é redescrito com base em várias amostras ao longo das bacias dos rios Amazonas, Essequibo e Orinoco.
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GABRIELA SILVA RIBEIRO GONÇALVES
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"PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DA AVIFAUNA EM ÁREA DE ECÓTONO CERRADO-CAATINGA O NORDESTE DO BRASIL.
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Data: 27/02/2015
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Ecótono é a zona de transição entre sistemas ecológicos adjacentes, que possui um conjunto de características definido pela força das interações entre os sistemas, tendo muitos mecanismos e fatores que podem afetar a diversidade, sendo o ambiente apontado como o principal responsável pela estruturação da comunidade. Nosso objetivo é identificar os padrões da diversidade de aves em áreas de Ecótono envolvendo a Caatinga e o Cerrado no Nordeste do Brasil, verificando quais variáveis ambientais podem explicar a variação de espécies dessas áreas. No estado do Piauí foram estabelecidas 24 localidades divididas em 4 transectos que perpassam Cerrado/Ecótono/Caatinga, em cada localidade foram feitos 15 pontos de censo por raio fixo, amostrados nos meses de abril e maio de 2014. Em nosso estudo foi demonstrado que o Cerrado possui maior riqueza, Ecótono riqueza intermediária e Caatinga uma menor riqueza, onde vemos no Ecótono presença de espécies mais generalistas e tolerantes encontradas em ambas as áreas adjacentes, não havendo espécies que sejam exclusivas de áreas ecotonais, podendo ser reflexo da grande variedade de microhabitats nessas áreas, algumas espécies endêmicas de Caatinga também foram encontradas dentro da região ecotonal, estando estas restritas às manchas típicas de seu bioma, corroborando com a ideia de que espécies endêmicas possuem especificidade de habitat. Apesar de nenhuma das variáveis ambientais e da estrutura do ambiente estudadas ter afetado significativamente a riqueza de espécies nas três áreas, duas variáveis foram importantes para a variação na composição de espécies, sendo essas: temperatura e umidade, onde foi percebido que as espécies de Cerrado necessitam de ambientes com níveis de umidade mais altos em relação às espécies de Caatinga, uma outra variável que demonstrou ser aparentemente importante para aves na região de estudo foi a complexidade de dossel. Nesse sentido é possível entender os mecanismos que afetam a distribuição das espécies localmente, e assim prever como impactos que ocasionam mudanças ambientais afetam as comunidades de aves.
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VALERIA DE ALBUQUERQUE OLIVEIRA
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ECOLOGIA DO BAGRE Ageneiosus ucayalensis CASTELNAU, 1855 (SILURIFORMES: AUCHENIPTERIDAE) EM UMA RIA FLUVIAL DA AMAZÔNIA ORIENTAL
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Data: 27/02/2015
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OLIVEIRA VA. (2015). Ecologia do bagre Ageneiosus ucayalensis Castelnau, 1855 (Siluriformes: Auchenipteridae) em uma ria fluvial da Amazônia Oriental. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Pará e Museu Paraense Emílio Goeldi. Esta tese apresenta informações sobre a ecologia de A. ucayalensis, avaliando a influência da variação pluviométrica, sexual e interindividual na biologia reprodutiva e trófica da espécie, além da contribuição para o conhecimento anatômico e histológico do sistema reprodutor dos machos. Foram realizadas pescas experimentais mensais para a coleta dos espécimes, os quais tiveram seus aspectos ecológicos e morfológicos estudados conforme as análises de rotina para esses parâmetros. A variação pluviométrica influenciou a reprodução dessa espécie, que apresentou desova total e se reproduziu no período com maior intensidade de chuvas. A espécie apresentou hábito onívoro com forte tendência a carnivoria/piscivoria e a sua ecologia trófica não foi influenciada pela variação pluviométrica ou pelo sexo, sofrendo influência apenas da especialização individual. A morfologia dos testículos de A. ucayalensis diferiu da registrada para outras espécies de Auchenipteridae e foi evidenciada a inseminação, que pode corresponder a uma associação gamética interna para garantir que os espermatozoides consigam fertilizar os oócitos quando liberados no meio aquático. Desta forma, o presente trabalho fornece importantes informações sobre a autoecologia e a morfologia do sistema reprodutor dos machos dessa espécie, que por ser predominantemente piscívoro desenvolve um importante papel na cadeia alimentar.
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DANIELLA FRANZÓIA MOSS
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Descrição de dez espécies novas do gênero Neoxyphinus Birabén, 1953 da América Hispânica (Araneae, Oonopidae)
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Data: 26/02/2015
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O gênero Neoxyphinus Birabén, 1953 consiste em espécies caracterizadas (dentre outros) por, nos machos, os enditos apresentam uma escavação retrolateral apical seguida por uma apófise retrolateral subapical e o palpo com o êmbolo compacto e em forma de S, com uma abertura ejaculatória ampla e circular. As fêmeas são caracterizadas pelo átrio epiginal grande e com as extremidades laterais angulares e a presença de, no máximo, dois espinhos no fêmur I. Atualmente o gênero apresenta dez espécies conhecidas para a América do Sul, sendo a maioria para o Brasil. Neste presente trabalho foram descritas dez novas espécies com ocorrência fora do território brasileiro: N. amazonicus sp. nov. da Colômbia e do Brasil, N. yekuana sp. nov., N. trujillo sp. nov., N. caribensis sp. nov. e N. andersoni sp. nov. da Venezuela, N. macuna sp. nov. e N. pure sp. nov. da Colômbia, N. inca sp. nov. do Peru, N. coca sp. nov. do Equador e N. beni da Bolívia. Para todas as espécies novas são apresentadas as descrições e as diagnoses e suas distribuições. Foram encontradas dois novos dimorfismos sexuais, em N. macuna sp. nov, com a superfície do pulmão ornamentado com projeções cuticulares e; em N. yekuana sp, nov., com a fêmea apresentando o clípeo extremamente alto em comparação com o macho. Foi encontrado também uma estrutura única na espécie N. caribensis sp. nov. que apresenta a superfície do esterno com uma crista transversal mediana em forma de arco simples e elevações nas laterais das coxas II e IV. Este trabalho esta inserido em um projeto maior, de cunho internacional, intitulado "Goblin Spider Planetary Biodiversity Inventory - The megadiverse, microdistributed spider family Oonopidae" - PBI-Oonopidae.
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MARCELO JOSE STURARO
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“Diversidade e evolução do lagarto Cercosaura ocellata Wagler, 1830 (Reptilia: Squamata: Gymnophthalmidae) utilizando dados morfológicos e moleculares”
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Data: 26/02/2015
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Atualmente o lagarto Cercosaura ocellata é uma espécie politípica contendo três subespécies: C. ocellata ocellata, C. ocellata petersi e C. ocellata bassleri. Essa espécie é amplamente distribuída na América do Sul, ocorrendo na Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas e Pantanal. As subespécies foram propostas em 1952 com base em um material limitado e atualmente há dúvidas quanto à identificação subespecífica em várias áreas, especialmente no Brasil Central. Uma nova revisão do grupo, testando sua monofilia e o status taxonômico das subespécies e populações até o momento não identificadas a esse nível, faz-se necessário. No presente estudo a diversidade em C. ocellata e as relações dentro do grupo são avaliadas utilizando dados morfológicos e moleculares. Além disso, diversos modelos biogeográficos são testados para estimar o cenário mais provável de diversificação nesse grupo. Nossos resultados indicam que Cercosaura ocellata é um complexo de espécies crípticas que provavelmente começou a se diversificar há cerca de 10 milhões de anos, com sucessivos eventos de diversificação internos a partir de 5,5 milhões de anos. Morfologicamente são diagnosticáveis quatro espécies nesse grupo: C. ocellata, que ocorre na Amazônia Oriental, tanto na região das Guianas, ao norte do Amazonas, como a leste do Rio Tapajós, no Pará (Brazil), ao sul deste; C. bassleri, que ocorre na Amazônia ocidental, sendo o limite leste o Rio Negro, ao norte do Rio Amazonas, e o Rio Madeira, ao sul; C. olivacea, ocorrendo no Cerrado, Mata Atlântica, Pampas e Pantanal; e Cercosaura sp. nov. (uma espécie ainda não descrita), ocorrendo entre os rios Purus e Xingu. Cercosaura ocellata petersi e Cercosaura humilis são sinônimos júnior de C. olivacea. Cercosaura sp. nov. é irmã do clado (C. bassleri (C. ocellata + C. olivacea)) e é a única no grupo parcialmente simpátrica com as outras três espécies. Os resultados das análises de delimitação de espécie utilizando dados morfológicos e/ou genômicos corroboram a taxonomia proposta no presente estudo. O cenário biogeográfico mais provável para o grupo C. ocellata sugere dispersão como o promotor de diversificação, sendo os rios e biomas as barreiras entre e dentro das espécies desse grupo.
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MILTON JOSE DE PAULA
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A CAÇA NA TERRA INDÍGENA XERENTE: PESQUISA PARTICIPATIVA E A DINÂMICA DA CAÇA NO CERRADO BRASILEIRO
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Data: 26/02/2015
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A atividade de caça está presente em populações humanas que habitam as regiões tropicais ao redor do mundo. A carne das espécies caçadas, juntamente com peixes, fornecem uma importante fonte de proteína animal para essas populações (Vickers, 1988; Alvard, 1999; Robinson & Bodmer, 1999; Fa et al., 2005). Na América do Sul, sobretudo na região amazônica, a caça é uma atividade bastante praticada, e fornece significativa quantidade de proteína e gordura animal na alimentação de comunidades tidas como tradicionais: indígenas, ribeirinhos, quilombolas, de seringueiros e outras que vivem do extrativismo (Redford & Robinson, 1987; Bodmer et al., 1988; Peres, 1990; Alvard & Robinson, 1997; Townsend, 1999; Leeuwenberg & Robinson, 1999; Novaro et al., 2000; Peres & Nascimento, 2006; Ohl-Schacherer et al., 2007; Constantino et al., 2008; Valsecchi & Amaral, 2009; Pezzuti & Chaves, 2009; Fonseca & Pezzuti, 2013). No tocante aos grupos indígenas, esses são os responsáveis por grande parte do abate e consumo das espécies selvagens, sobretudo primatas e ungulados de grande porte, o que torna a caça um importante componente para manutenção da subsistência desses grupos (Redford & Robinson, 1987; Redford, 1992 ). O modo de vida original desses grupos, que envolve baixas taxas de crescimento populacional e densidade demográfica, nomadismo e tecnologias tradicionais, tem sido sugerido como uma estratégia bem sucedida para evitar a sobre-exploração deste recurso (Stearman, 1999). Entretanto, após a dominação da América do Sul pelos europeus, o envolvimento desses grupos com a sociedade não indígena tem sido cada vez mais frequente e irreversível. Como resultado, o modo de vida tradicional de diversos grupos indígenas sofreu uma mudança para um modo de vida sedentário, com adoção de novas tecnologias (ex.: armas de fogo, ferramentas de metal e veículos motorizados) e envolvimento em mercados, o que tem conduzido alterações na relação desses povos com a fauna local (Stearman, 1999; Shepard et al., 2012). Por exemplo, em algumas comunidades indígenas, o crescimento demográfico de suas populações tem sido sugerido com sendo um dos fatores causadores da depleção de várias populações de mamíferos de grande porte pela atividade de caça (Peres & Palacios, 2007; Peres, 2011). Através de um modelo computacional para avaliar o impacto da caça sobre primatas de 2 grande porte por índios Matsigenka na Amazônia peruana, foi observado que em um cenário onde arcos e flechas são substituídos por armas de fogo, a área de depleção destes primatas aumenta mais que o dobro (Shepard et al., 2012). Desde modo, essa mudança é vista como um componente de condução para perda de biodiversidade (Robinson, 1993; Peres, 2011). Entretanto, para outros cientistas as terras indígenas são consideradas com barreiras eficientes para conter os desmatamentos e as queimadas (Nepstad et al., 2006), e mesmo que grupos indígenas usem o fogo em suas caçadas, como é o caso dos índios Xavante, o impacto sobre o ambiente natural é bem pequeno comparado com o causado pela agroindústria (Welch et al., 2013). Desta forma, a extração da fauna cinegética por povos indígenas, mesmo que de alguma forma possa conduzir a depleção desse recurso, é compensada se eles são capazes de evitar a ação de formas extremamente mais destrutivas à biodiversidade, como a indústria de madeira, mineração e a agroindústria (Zimmerman et al., 2002; Ohl-Schacherer et al., 2007; Shepard, 2009). Além disso, a caça é encarada pelos indígenas como um dos principais recursos florestais, e uma das principais razões pelos quais praticamente todos os grupos indígenas zelam pelas matas presentes em suas terras, garantindo um nível de proteção que significa taxas de desmatamento vinte vezes menores do que nas Unidades de Conservação (UCs) brasileiras (Nepstad et al., 2006). Neste contexto, diversos trabalhos foram realizados para avaliar os níveis dos impactos das atividades de caça de grupos indígenas sobre as populações selvagens exploradas, como forma de propor ações de conservação e uso sustentável desse recurso (Hill et al., 1997; Leeuwenberg & Robinson, 1999; Townsend, 1999; Souza-Mazurek et al., 2000; Naranjo et al., 2004; Peres & Nascimento, 2006; Ohl-Schacherer et al., 2007; Constantino et al., 2008; Levi et al., 2009; Shepard et al., 2012). A maioria destas pesquisas tem sido de base comunitária, com o envolvimento da população local na sua elaboração e execução. Uma dessas formas de envolvimento é através dos programas de monitoramento participativo das atividades de caça, onde os próprios caçadores ou outros membros da comunidade foram os responsáveis pela coleta das informações referentes a essas atividades. Por sua vez, esses programas mostraram-se excelentes ferramentas para coleta dessas informações, e os resultados obtidos possibilitaram avaliações dos impactos da caça sobre as populações selvagens exploradas. Também ficaram evidentes alguns 3 padrões de uso cultural, espacial e temporal desse recurso. Além disso, esses resultados tem possibilitado valorização dos recursos naturais, direitos para comércio e manejo desses recursos, organização política da comunidade e colaboração entre os stakeholders (poder público, organizações não governamentais, setor privado e usuários locais), o que tem contribuído para promover autonomia local sobre os recursos explorados (Bodmer & Puertas, 1999; Constantino et al., 2012). Entretanto, o foco destas pesquisas tem sido sobre o bioma Amazônico, e poucos estudos têm sido direcionados sobre as populações tradicionais que exploram esse recurso no bioma Cerrado, que é considerado um dos 35 hotsposts da biodiversidade mundial (Myers et al., 2000; Silva & Bates, 2002), e que atualmente sofre as maiores taxas de desmatamento no país (Klink & Machado, 2005; MMA & IBAMA, 2011). Neste contexto, é necessário maiores direcionamentos destas pesquisas, para compreensão melhor do atual nível de exploração de sua fauna, como forma de subsidiar planos de conservação e manejo sustentável desse recurso. Diante do exposto, no presente trabalho eu apresento resultados de um estudo de base-comunitária sobe a atividade de caça na Terra Indígena Xerente (TIX), situada no Cerrado brasileiro, como forma de obter informações sobre a exploração da fauna cinegética local e avaliar fatores que influenciaram na composição, riqueza, número de animais mortos e biomassa abatida das espécies caçadas. O trabalho está estruturado em duas seções. Na primeira seção apresento um breve texto sobre os aspectos históricos e etnográficos do povo Akwẽ-Xerente. A segunda seção é composta de dois capítulos. No Capítulo 1 apresento os resultados de seis meses do Monitoramento Participativo da Caça (MPC) em 10 aldeias da TIX, e procuro demonstrar como esses resultados de pequena escala temporal são importantes na ajuda da compreensão do atual nível de exploração da fauna selvagem local. Apresento também a importância do MPC para implicações de futuros trabalhos de manejo em conservação na TIX e para outros grupos tradicionais que exploram o bioma Cerrado. No Capítulo 2 utilizo os dados do MPC e do Mapeamento Participativo da Área de Caça e faço uma avaliação da influência dos fatores variação da chuva, idade e tamanho da área de caça das aldeias, técnicas de caça, preferências e tabus alimentares sobre a composição, riqueza, número de animais mortos e biomassa da abatida das 4 espécies registradas no MPC, e demonstro como alguns desses fatores em conjunto explicam alguns resultados encontrados. Os Capítulos 1 e 2 são apresentados em formato de manuscrito. Como a base de dados utilizada nos dois Capítulos/manuscritos é proveniente do MPC, alguns resultados acabam por ser repetidos.
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PRISCILA MARIA PEREIRA
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CARACTERIZAÇÃO E DINÂMICA ESPACIAL DA CAÇA DE PRIMATAS EM COMUNIDADES RIBEIRINHAS DA AMAZÔNIA CENTRAL
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Data: 24/02/2015
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Os primatas são importante item alimentar para as populações que vivem em locais isolados, e estão entre as espécies mais caçadas por populações tradicionais e indígenas, principalmente nas regiões neotropicais. No entanto, pouco se conhece sobre as características e os padrões espaciais da atividade de caça, e sua abrangência no espaço e no tempo, impedindo uma real avaliação do impacto desta atividade. O objetivo deste trabalho foi descrever, quantificar e analisar a dinâmica espacial da caça de primatas na Amazônia Central, em ambientes de várzea e de terra firme, através de dados de monitoramento de pequenas comunidades ribeirinhas acumulados ao longo de 11 anos. Neste período, o sistema de monitoramento registrou 402 caçadas de primatas, totalizando 541 animais abatidos de nove espécies: Alouatta juara, Aotus cf. vociferans, Ateles chamek, Cacajao ouakary, Callicebus torquatus, Cebus albifrons, Saguinus inustus, Saimiri cassiquiarensis e Sapajus macrocephalus. Destas caçadas, 240 ocorreram em Amanã e 162 em Mamirauá. As distâncias percorridas pelos caçadores a partir das suas comunidades foram significativamente diferentes nos dois ambientes (T= -2,451; gl = 41; p <0,05), os caçadores de terra firme caçam em locais mais distantes que os caçadores de várzea. Quando analisamos o tamanho das áreas utilizadas pelos caçadores, as de terra firme também foram significativamente maiores do que a várzea (F(2,56)=21,471; P<0,01). Embora a contribuição da biomassa de primatas seja pequena, quando comparada a outras espécies, como queixada e paca, o guariba ainda é uma das espécies mais caçadas na Amazônica Central. Para conhecermos o real impacto da atividade de caça entre os primatas, o estudo comprova a necessidade de um monitoramento contínuo das áreas de caça, bem como a análise da sua variação espacial ao longo dos anos.
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ANDRÉ OLIVEIRA CORREIA
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DESCRIÇÃO DE UM NOVO GÊNERO DE EDESSINAE (HETEROPTERA, PENTATOMIDAE)
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Data: 12/02/2015
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Edessinae é uma subfamília de Pentatomidae que possui sete gêneros, dentre os quais Edessa figura como o maior dentre os gêneros, com mais de 250 nomes propostos e uma estimativa de mais de 300 espécies a serem descritas. Tamanha diversidade gerou um histórico taxonômico complexo, tornando Edessa o gênero com maiores problemas taxonômicos e nomenclaturais em Edessinae. A revisão do gênero a partir de grupos de espécies é a proposta mais aceita para organizar Edessa e já resultou na descrição de dois novos gêneros de Edessinae. Considerando essa proposta, este trabalho selecionou um grupo de três espécies relacionadas por Breddin (1905), em adição a oito espécies novas reunidas por caracteres morfológicos distintivos, possivelmente sinapomórficos. Um Gênero novo para Edessinae é proposto, reunindo espécies que apresentam quatro faixas negras longitudinais e pontuadas na superfície dorsal da cabeça; ângulos umerais projetados lateralmente, levemente achatados dorso-ventralmente; processo metasternal com braços da bifurcação estreitos, longos, afilados no ápice; ambos os tricobótrios abdominais deslocados lateralmente, não alinhados ao espiráculo; gonocoxitos 8 e laterotergitos 8 sempre pontuados na fêmea; gonocoxitos 8 grandes, de comprimento subigual aos laterotergitos 9; pigóforo com bordo ventral com escavação semicircular, parâmero projetado posteriormente, processo superior da taça genital escuro, laminar, parcialmente fundido à taça genital. Edessa pallicornis, E. bugabensis, E. rorativentris e E. stillativentris foram redescritas e transferidas para o novo gênero. E. strigiceps é proposta como sinônimo júnior de Gen. nov. pallicornis. Um sintipo de Gen. nov. bugabensis será designado como lectótipo da espécie. São descritos pela primeira vez os machos de Gen. nov. bugabensis e Gen. nov. rorativentris. As distribuições foram estendidas para Gen. nov. bugabensis (Costa Rica), Gen. nov. rorativentris (Brasil), Gen. nov. stillativentris (Colômbia). São descritas oito espécies novas dentro do novo gênero: Gen. nov. sp. n. 203a, Gen. nov. sp. n. 203e, Gen. nov. sp. n. 205, Gen. nov. sp. n. 206, Gen. nov. sp. n. 207, Gen. nov. sp. n. 207c, Gen. nov. sp. n. 297 e Gen. nov. sp. n. 297b.
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RAYMUNDO TOMAZ MELO DOS SANTOS NETO
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"EFEITO DO SEXO, DIETA E TAMANHO DE SEMENTES SOBRE O TEMPO DE RETENÇÃO EM GUARIBA PRETO CATIVO"
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Data: 30/01/2015
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A dispersão de sementes é um fenômeno que influencia populações e comunidades vegetais, sendo a endozoocoria a principal forma de dispersão de sementes pelos animais. A efetividade do dispersor envolve aspectos quantitativos e qualitativos, incluindo o tempo em que sementes ficam retidas em seu trato digestório. Vários fatores podem influenciar o tempo de retenção como características do animal (fisiologia, morfologia, saúde, idade, sexo, dieta, massa corporal) e características das sementes (tamanho, peso e rigidez). Neste estudo, testamos a influência do sexo, dieta e tamanho das sementes sobre o tempo de retenção de guaribas através de ANOVA para medidas repetidas. Utilizamos seis indivíduos de Alouatta caraya cativos, (três de cada sexo), seis espécies de sementes (duas pequenas, duas médias e duas grandes), e três tipos de dieta (15, 30 e 60% de folhas). A Média do Tempo de Retenção (MTR) foi 1.152 ± 639 min (range: 315-2.050 min) e do Desvio Padrão do Tempo de Retenção (DPTR) foi 577 ± 166 (range: 158-1.039 min). Não houve efeito do sexo nem do tamanho de sementes sobre a MTR, mas houve influência da dieta e da interação tamanho de semente e dieta. Nenhum fator mostrou influência sobre DPTR.
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JEFERSON COSTA CARNEIRO
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FILOGENIA E HISTÓRIA BIOGEOGRÁFICA DO GRUPO Callicebus moloch (PRIMATES, PITHECIIDAE)
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Data: 29/01/2015
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Callicebus é um gênero de primata neotropical pertencente à família Pitheciidae, atualmente com 32 espécies reconhecidas. Estas espécies estão organizadas em grupos supraespecíficos, sendo dois subgêneros (Torquatus e Callicebus) e cinco grupos de espécies: C. torquatus, C. moloch, C. cupreus, C. donacophilus e C. personatus. A organização dos grupos foi realizada com base em dados morfológicos e de distribuição geográfica. Nesta dissertação de mestrado, fizemos inferências a partir de dados moleculares. No primerio capítulo, apresentamos uma introdução geral sobre a problemática taxonômica de Callicebus. No segundo capítulo realizamos inferências filogenéticas com base na presença e ausência de uma região molecular conhecida como elemento Alu, um transposon do genoma de primatas. Com base na análise desses marcadores Alu, descobrimos que os grupos C. moloch e C. cupreus são estreitamente relacionados e que C. torquatus é o grupo basal no gênero. No terceiro capítulo, a partir de uma abordagem multilocos investigamos as relações filogenéticas do grupo C. moloch e aplicamos o tempo de diversificação entre as espécies para testar a hipótese de formação das bacias hidrográficas da Amazônia durante o Plio-Pleistoceno. Nossos resultados corroboram a hipótese de formação dos rios amazônicos nos últimos 3 Ma. No entanto, nem todos os eventos de diversificão em Callicebus podem ser explicados pela teoria dos rios. Além disto, verificamos que os diferentes grupos de espécies de Callicebus são todos derivados de radiações na região Amazônica em diferentes momentos durante o Mioceno superior. Nossos resultados também sugerem que o conhecimento atual da diversidade de Callicebus está subestimado, e que espécies que diversificaram recentemente estão negligenciadas taxonomicamente.
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CHRISTOPHE HENRIQUE DE AZEVEDO DA COSTA
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“INFLUÊNCIA DOS PERÍODOS HIDROLÓGICOS NA ECOLOGIA TRÓFICA DE QUATRO ESPÉCIES DE PEIXES PISCIVORAS DO MÉDIO RIO XINGU, AMAZÔNIA ORIENTAL”
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Orientador : LUCIANO FOGACA DE ASSIS MONTAG
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Data: 28/01/2015
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O pulso de inundação é um dos principais fatores ambientais que influenciam na ecologia trófica das assembleias de peixes. Para os peixes piscívoros, essa sazonalidade é de grande importância, pois afeta diretamente a disponibilidade dos recursos alimentares. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo investigar qual a influência dos períodos hidrológicos na intensidade de obtenção de alimento, na composição, na importância dos itens alimentares e nas interações tróficas de quatro espécies de peixes piscívoras do Médio rio Xingu. As espécies selecionadas por habitarem diferentes extratos foram Boulengerella cuvieri, Hydrolycus armatus, Hydrolycus tatauaia e Plagioscion squamosissimus. As coletas foram realizadas trimestralmente de abril de 2012 a abril de 2014, abrangendo quatro períodos hidrológicos (cheia, vazante, seca e enchente) do Médio rio Xingu. Para as espécies em estudo foram calculados: o Índice de Replecção (IR%), Importância Alimentar (IAi%) e as propriedades das teias tróficas (número de nós, número de ligações, conectância, densidade de ligação e sobreposição de nicho). Foram coligidos 901 indivíduos, sendo: 296 indivíduos de B. cuvieri; 258 indivíduos de P. squamosissimus; 210 indivíduos de H. armatus; e 137 indivíduos de H. tatauaia. A dieta das espécies foi composta por 34 itens alimentares para B. cuvieri, 42 itens alimentares para H. armatus, 32 itens alimentares H. tatauaia e 46 itens alimentares para P. squamosissimus. De acordo com o Índice de Replecção Estomacal (IR%) e Importância Alimentar (IAi%), os períodos hidrológicos não influenciaram na intensidade de obtenção de alimento, na composição e importância dos itens alimentares das quatro espécies estudadas. As conexões tróficas apresentaram o valor de conectância similar entre os períodos hidrológicos, variando de 3,25 a 3,6. O maior tamanho das conexões tróficas foi no período da cheia, com riqueza de 63 espécies e com sobreposição de nicho de 21%, o menor tamanho das conexões tróficas foi período da vazante, com riqueza de 27 espécies e uma sobreposição de nicho de 3.5%. No entanto, os períodos hidrológicos não influenciaram na obtenção de alimento, composição da dieta e importância dos itens alimentares das espécies. Porém, as conexões tróficas apresentaram uma elevada riqueza de itens alimentares com uma baixa densidade de ligação, caracterizando esses piscívoros como generalistas
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ANDRE LUIS RAVETTA
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"PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCI DE MÉDIOS E GRANDES MAMÍFEROS NA AMAZÔNIA CENTRAL"
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Data: 15/01/2015
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Embora a investigação sobre os padrões de riqueza e abundância dos mamíferos venha aumentando nos últimos anos, a compreensão sobre processos ecológicos que atuam sobre a distribuição e abundância de mamíferos ainda é precária. Atualmente, análises da influência de alterações antrópicas sobre a fauna de mamíferos são muito mais desenvolvidas que a análise dos fatores naturais sobre esses padrões. Nesta linha de pesquisa, este trabalho buscou contribuir para a compreensão dos processos relacionados à distribuição e abundância de mamíferos, por meio de levantamentos quantitativos das espécies de médio e grande porte no Distrito Florestal Sustentável da BR-163. Localizado na região oeste do estado do Pará, o distrito compreende pouco mais de 19 milhões de hectares que se estendem pelos eixos da BR-163 (Santarém-Cuiabá) e da BR-230 (Transamazônica). O objetivo principal desse estudo foi caracterizar a comunidade de médios e grandes mamíferos e identificar os fatores que influenciam a distribuição e abundância das espécies. Para isso, 29 sítios de amostragem foram implantados através de uma trilha reta de cinco quilômetros de extensão em ambientes de florestas em cada sítio, para a realização de ‘censos’, amostragem por armadilhas fotográficas e levantamento de vestígios das espécies de mamíferos. A relação entre a variação na distribuição e abundância com fatores naturais como temperatura, pluviosidade e altitude, e antrópicos como desmatamento e acessibilidade foi investigada. Os resultados desse estudo não apontam para um padrão geral da distribuição e abundância dos mamíferos de médio e grande porte na área compreendida pelo DFS da BR-163. Fatores ambientais não foram determinantes para diferenciar a abundância dos mamíferos. A baixa variação na biomassa ao longo do DFS da BR-163 foi mantida mesmo com um aumento do esforço amostral. Em um estudo de caso, a distribuição geográfica de Mico leucippe foi ampliada com base em dados de campo reunidos dos últimos nove anos referentes a diversos levantamentos e expedições realizadas na região. Dados da literatura foram levantados e incorporados aos novos registros de campo para aplicação da ferramenta de modelagem de nicho para gerar modelos preditivos da distribuição potencial da espécie. Os limites da distribuição e a ocorrência de outras espécies no gênero Mico no interflúvio são discutidos assim como implicações para sua conservaçãoEmbora a investigação sobre os padrões de riqueza e abundância dos mamíferos venha aumentando nos últimos anos, a compreensão sobre processos ecológicos que atuam sobre a distribuição e abundância de mamíferos ainda é precária. Atualmente, análises da influência de alterações antrópicas sobre a fauna de mamíferos são muito mais desenvolvidas que a análise dos fatores naturais sobre esses padrões. Nesta linha de pesquisa, este trabalho buscou contribuir para a compreensão dos processos relacionados à distribuição e abundância de mamíferos, por meio de levantamentos quantitativos das espécies de médio e grande porte no Distrito Florestal Sustentável da BR-163. Localizado na região oeste do estado do Pará, o distrito compreende pouco mais de 19 milhões de hectares que se estendem pelos eixos da BR-163 (Santarém-Cuiabá) e da BR-230 (Transamazônica). O objetivo principal desse estudo foi caracterizar a comunidade de médios e grandes mamíferos e identificar os fatores que influenciam a distribuição e abundância das espécies. Para isso, 29 sítios de amostragem foram implantados através de uma trilha reta de cinco quilômetros de extensão em ambientes de florestas em cada sítio, para a realização de ‘censos’, amostragem por armadilhas fotográficas e levantamento de vestígios das espécies de mamíferos. A relação entre a variação na distribuição e abundância com fatores naturais como temperatura, pluviosidade e altitude, e antrópicos como desmatamento e acessibilidade foi investigada. Os resultados desse estudo não apontam para um padrão geral da distribuição e abundância dos mamíferos de médio e grande porte na área compreendida pelo DFS da BR-163. Fatores ambientais não foram determinantes para diferenciar a abundância dos mamíferos. A baixa variação na biomassa ao longo do DFS da BR-163 foi mantida mesmo com um aumento do esforço amostral. Em um estudo de caso, a distribuição geográfica de Mico leucippe foi ampliada com base em dados de campo reunidos dos últimos nove anos referentes a diversos levantamentos e expedições realizadas na região. Dados da literatura foram levantados e incorporados aos novos registros de campo para aplicação da ferramenta de modelagem de nicho para gerar modelos preditivos da distribuição potencial da espécie. Os limites da distribuição e a ocorrência de outras espécies no gênero Mico no interflúvio são discutidos assim como implicações para sua conservação.
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