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LUIS FERNANDO DA SILVA RODRIGUES FILHO
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IDENTIFICAÇÃO E FILOGEOGRAFIA DAS ESPÉCIES DE TAINHAS DO GÊNERO Mugil E AVALIAÇÃO DO STATUS TAXONÔMICO DAS ESPÉCIES Mugil liza Valenciennes, 1836 E Mugil platanus Günther, 1880
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Orientador : MARIA IRACILDA DA CUNHA SAMPAIO
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Data: 23/12/2012
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Ao longo dos anos, os mugilídeos vêm sendo cada vez mais estudados com o objetivo de gerar conhecimentos sobre sua biologia, ecologia e historia demográfica. Contudo, a identificação e discriminação dos mesmos são bem problemáticas, a ponto de provocar várias revisões taxonômicas devido à grande similaridade morfológica entre as espécies. Mugil liza e Mugil platanus, são duas espécies de mugilídeos que servem como exemplo de tal problemática. Ambas apresentam semelhanças morfológicas extremas e estudos filogenéticos indicam que possam ser uma única espécie, tornando o status taxonômico delas bastante confuso. Fora o fato de elas apresentarem uma baixa divergência genética com a espécie Mugil cephalus. Para muitos autores, essa baixa divergência descreve M. platanus e M. liza como sendo espécies irmãs de M. cephalus, para outros, este arranjo pode representar um complexo de espécies. Este estudo teve o objetivo de discriminar todas as espécies do gênero Mugil que ocorrem na costa atlântica sul-americana, resolvendo questões filogenéticas e filogeográficas. Quanto a identificação, o padrão de bandas estabelecido pelo marcador nuclear 5s rDNA, foi eficiente para separar quatro espécies (M. curema, M. incilis, M. sp. e M. hospes). M. liza, M. platanus e M. cephalus apresentaram o mesmo padrão de bandas, o que pode estar relacionado à baixa divergência genética entre elas. Em relação ao status taxonômico de M. liza e M. platanus, não observamos nenhuma diferença significativa (genética e morfológica), e sim um alto fluxo gênico entre as mesmas. Desta forma recomenda-se, de acordo com a literatura, reconhecer o nome M. liza para validar a espécie, sendo M. platanus sinônimo de M. liza. Entretanto, a região controle do DNA mitocondrial, além de confirma a presença de uma única espécie, também relata possíveis eventos (hibridização, incomplete lineage sorting, etc), provavelmente iniciados durante o Plioceno-Pleistoceno. No entanto, para uma investigação mais precisa sobre a história evolutiva de M. liza, a utilização de marcadores mais variáveis se faz necessário. Neste estudo, confirmamos a existência de um complexo de espécies crípticas em vez de uma única espécie cosmopolita para M. cephalus, onde M. liza deve fazer parte deste complexo. Entre as linhagens observadas para o complexo M. cephalus (linhagem M. liza, linhagem Golfo do México, linhagem Hawaii, linhagens 1, 2 e 3 - Taiwan), uma forte restrição ao fluxo gênico foi identificada para os marcadores mitocondriais. Os resultados aqui apresentados, respondem satisfatoriamente a questões discutidas neste estudo, fornecendo uma chave de identificação molecular precisa para as espécies do gênero. Além de definir problemáticas taxonômicas relevantes não somente para uma melhor compreensão deste táxon, mas para que sirva de base para a pesca e piscicultura destas espécies, principalmente para M. liza e M. curema, que são bastante exploradas com esta finalidade.
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JOAO BRAULLIO DE LUNA SALES
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INFERÊNCIAS GENÉTICAS DA FAMÍLIA Loliginidae Lesueur, 1821, COM ÊNFASE NOS GÊNEROS AMERICANOS Doryteuthis Neaf, 1912 E Lolliguncula Steenstrup, 1881 REVELAM A PRESENÇA DE ESPÉCIES CRÍPTICAS NO ATLÂNTICO SUL
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Data: 20/12/2012
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A família Loliginidae é formada atualmente por dez gêneros e nove subgêneros, contendo aproximadamente 47 espécies válidas. As espécies são de porte pequeno e médio, sendo encontradas ao redor do mundo em águas quentes e temperadas. Representam um dos maiores grupos de cefalópodes explorados comercialmente pela indústria pesqueira mundial, e algumas espécies sofrem exploração intensivas em várias partes do mundo, devido à excelente qualidade da carne. Entretanto, a sistemática desta família sempre foi alvo de amplos debates devido principalmente à falta de caracteres morfológicos plausíveis para a correta discriminação das espécies dentro da família, como nos gêneros Doryteuthis e Lolliguncula. Este trabalho teve como principais objetivos, primeiramente, testar o gene nuclear 5S rDNA como marcador espécie-específico para identificação rápida e de baixo custo de algumas espécies da família Loliginidae que ocorrem ao longo da costa brasileira. Neste sentido, o marcador foi eficiente na separação de cada espécie analizada, onde as mesmas apresentaram padrões de bandas específicos e sem variação intraespecífica. Em segunda instância, realizar uma filogenia molecular da família Loliginidae, por meio do uso de marcadores mitocondriais e nucleares com o intuito de verificar as relações entre os táxons assim como a possível presença de espécies crípticas dentro da família. Os resultados obtidos apontam que, nas águas do Atlântico Sul, existem pelo menos duas espécies crípticas dentro de D. plei e D. pealei, além de possivelmente, múltiplas espécies crípticas dentro do S. lessoniana, bem como possivelmente no gênero Uroteuthis. Com base nos resultados sugeridos pela filogenia da família, com intuito de esclarecer se a separação genética entre D. plei e D. pealei dos dois hemisférios é apenas uma variação populacional ou efetivamente representam novas espécies, foram realizadas inferências filogeográficas para espécies dos dois continentes utilizando o gene mitocondrial COI. Os resultados apontam que ambas as espécies do Atlântico Sul representam efetivamente duas espécies geneticamente distintas, onde D. plei é separada por 39 mutações entre os espécimes dos dois hemisférios, enquanto D. pealeié separada por 22 mutações. Possivelmente, fatores oceanográficos como a ação da retroflexão da Corrente Norte do Brasil na região entre o Suriname e Guiana criando uma barreira à migração entre os dois hemisférios. Ainda, o período de desova dessas especies coincide com o período de intensificação da retroflexão funcionem como barreira ao fluxo gênico entre as espécies Por fim realizamos a primeira inferência filogenética com genes mitocondriais e nucleares voltada ao gênero Lolliguncula para tentar verificar se geneticamente os espécimes de L. brevis do Norte e do Sul do Atlântico são efetivamente espécies diferentes, como a morfologia parece indicar, além de verificar o posicionamento das espécies dentro da família. Os resultados apontam que as espécies dos dois hemisférios constituem espécies geneticamente distintas e irmãs, dentro do gênero. O posicionamento de L. panamensiscomo espécie mais basal dentro do gênero contradiz a classificação atualmente proposta.
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MARCIO JOSE OLIVEIRA RAIOL
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Hábito alimentar de Ageneiosus ucayalensis Castelnau, 1855, Anchoa spinifer (Valenciennes, 1848) e Lithodoras dorsalis (Valenciennes, 1840) no Estuário Amazônico
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Data: 03/12/2012
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A determinação do hábito alimentar é um dos principais aspectos estudados sobre a biologia dos peixes, dado que pode gerar subsídios para o melhor entendimento das relações entre a ictiofauna e os demais organismos da comunidade aquática. Esse estudo objetivou caracterizar o hábito alimentar de Ageneiosus ucayalensis e Anchoa spinifer nas baías do Guajará e Marajó (PA). As coletas foram realizadas em setembro de 2007 a dezembro de 2010 , utilizando redes de emalhar (malhas de diferentes tamanhos) com o objetivo de capturar indivíduos de vários tamanhos deferentes - canal principal) e tapagem (canais de maré), durante os períodos de estiagem e de chuva. A dieta foi caracterizada através do Coeficiente de Vacuidade (%CV), Índice de Repleção Estomacal (%IR), Frequência de Ocorrência (%FO), Percentual em Peso (%P) e Percentual em Número (%N), sintetizando os três últimos no índice de importância relativa (IIR). Foram ainda observados a estratégia alimentar e o índice de sobreposição do nicho. As duas espécies apresentaram o menor percentual de estômagos vazios na baía do Guajará e no período chuvoso. A alimentação de A. ucayalensis ocorre particularmente entre as fêmeas e nos canais de maré. Os machos de A. spinifer se alimentam mais que as fêmeas em todos os ambientes. A atividade alimentar de A. ucayalensis para ambos os sexos é significativamente maior na baía do Guajará. Os machos dessa espécie têm maior intensidade alimentar que as fêmeas, ainda que não significativamente, principalmente no período chuvoso. Os machos de A. spinifer têm maiores %IR, ainda que não significativamente, período chuvoso nas duas áreas. Os crustáceos foram dominantes na dieta de ambas as espécies, principalmente Macrobrachium amazonicum e Acetes paraguayensis, seguido de teleósteos. A alimentação de A. ucayalensi difere entre as baías do Guajará e Marajó, ainda que seja similar dentro de cada área ao longo do ano. Por sua vez, a dieta de A. spinifer é similar entre áreas, mas diferente entre períodos climáticos. Não houve sobreposição alimentar entre as duas espécies, ainda que ocorram alguns itens comuns na alimentação como camarões Palaemonidae, caranguejos Grapsidae e peixes Teleostei.
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GLAUCIA CAROLINE SILVA DE OLIVEIRA
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DESENVOLVIMENTO DE MARCADORES MOLECULARES E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A GENÉTICA DE CONSERVAÇÃO DA ESPÉCIE CRITICAMENTE AMEAÇADA DE EXTINÇÃO Epinephelus itajara (EPINEPHELIDAE, PERCIFORMES)
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Data: 01/12/2012
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O conhecimento sobre a história de vida das espécies é de grande relevância para traçar estratégias de conservação. Desta forma, os marcadores moleculares são ferramentas que podem fornecer alternativas rápidas e precisas para o estudo dos aspectos bio-ecológicos de populações ameaçadas de extinção. Partindo desta conjectura e levando em consideração às ameaças que os membros da família Epinephelidae estão submetidos, esta tese tem como enfoque principal o desenvolvimento de marcadores moleculares que possam ampliar o conhecimento sobre os aspectos populacionais dos Epinelídeos, e testar sua aplicabilidade em estudos populacionais que auxiliem na conservação de Epinephelus itajara. Sendo assim, foram desenhados primers para a amplificação do locus DAB do MHC de E. itajara, assim como doze primers para seis regiões intrônicas de Serranídeos. Para o primeiro locus, foram identificados alta diversidade genética e seleção positiva e purificadora, mostrando que embora as populações estejam em declínio ainda não ocorreu grande redução de alelos neste lócus a ponto de afetar o potencial evolutivo da espécie em termos de resposta imune. Por meio de análise multilocus definiram-se os índices de diversidade genética e fluxo gênico entre uma população de agregado reprodutivo, apreendido em 2011 pelo ICMBio, e duas populações da Costa Norte (praia de Ajuruteua-PA) e Nordeste (Estuário do Rio Potengi-RN) do Brasil. Dessa maneira, detectou-se forte tendência de redução da variabilidade genética e um modelo stepping-stone de fluxo gênico entre estas populações. Entretanto, para o agregado não foi detectado nenhuma migração com as populações estudadas, recebendo apenas a contribuição da população de Ajuruteua, configurando um fluxo gênico unidirecional desta para o agregado. Tais resultados conferem fortes indícios dos efeitos nocivos da pesca aos agregados reprodutivos que podem está impactando a diversidade genética e os padrões de distribuição espacial de E. itajara.
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ANDRE LUIZ PEREZ MAGALHAES
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ESTRUTURA E DINÂMICA DOS COPEPODA DE UM ESTUÁRIO AMAZÔNICO(TAPERAÇU, NORTE DO BRASIL)
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Data: 21/09/2012
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O presente estudo avalia a variação espacial e temporal (nictemeral, mensal e sazonal) na estrutura da comunidade de copépodos do estuário do Taperaçu (Pará, Brasil), buscando-se compreender como os parâmetros ambientais influenciam nesta variabilidade. Para tanto, foram realizadas coletas nictemerais, mensais e sazonais do plâncton e hidrologia durante os anos de 2004 e 2006, totalizando 88 amostras. A comunidade de copépodos do Taperaçu foi aparentemente homogênea no que se refere às variações espaciais dos seus atributos biológicos, apresentando elevados valores de densidade, biomassa e produção, e uma baixa diversidade de espécies. A falta de um padrão espacial consistente está possivelmente relacionada às características morfológicas e morfodinâmicas típicas deste ecossistema, como a ausência efetiva de descarga fluvial, a presença de uma área de drenagem reduzida, além de baixas profundidades e fortes correntes de maré, as quais facilitam os processos de mistura horizontal e vertical da coluna de água. Quando analisados em uma escala diária (24 h), não foram constatadas variações significativas relacionadas aos ciclos circadianos (dia/noite) e de maré (enchente/vazante). A ausência de variações dia/noite é provavelmente ocasionada pelas baixas profundidades, as quais, associadas às fortes correntes de maré, podem ter contribuído para tornar a coluna dágua relativamente homogênea, eliminando o efeito da migração vertical do zooplâncton nas oscilações da densidade e biomassa dos copépodos. A influência dos diferentes períodos de maré sobre a dinâmica desses organismos não foi também evidenciada, uma vez que o estuário do Taperaçu é fortemente dominado pelo influxo de águas costeiras e marinhas.
Durante as campanhas realizadas em 2004, a influência marinha foi consideravelmente
maior em virtude da ação do fenômeno El Niño, a qual resultou na redução das taxas de
precipitação, afetando a salinidade da água e, consequentemente, a contribuição relativa
das espécies para a abundância do zooplâncton total. Ao contrário do observado para as
variações de curto prazo, registrou-se um claro padrão mensal e sazonal na estrutura da
comunidade dos copépodos, em especial no que concerne às variações na abundância de
Pseudodiaptomus marshi, Acartia tonsa e Acartia lilljeborgii, sendo evidenciado um processo de alternância entre as mesmas. Em 2006, P. marshi (6.004,6 ± 22.231,6 ind.m-3; F = 5,0, p < 0,05) e A. tonsa (905,6 ± 2.400,9; F = 14,6, p < 0,001) foram as espécies numericamente dominantes na estação chuvosa, enquanto A. lilljeborgii (750,8 ± 808,3 ind.m-3; U = 413,0, p < 0,01) dominou na estação seca. Durante este ano, mudanças sazonais na contribuição relativa dessas espécies não influenciaram a diversidade (0,5 ± 0,2 to 1,2 ± 0,3 bits.ind-1), a equitabilidade (0,2 ± 0,0 to 0,5 ± 0,3) e a riqueza (4,2 ± 2,3 to 7,8 ± 2,3), as quais foram relativamente homogêneas, apresentando baixos valores, como registrado também em 2004. De modo geral, a variabilidade temporal (mensal e sazonal) observada na estrutura e dinâmica populacional dos copépodos foi principalmente relacionada às flutuações nas taxas de precipitação, as quais afetaram diretamente a salinidade da água e, consequentemente, a abundância, biomassa e produção desses organismos. Adicionalmente, conclui-se que a presença de P. marshi, bem como de outras espécies oligo-mesohalinas na área estudada, talvez seja determinada pela importação de indivíduos provenientes da zona oligohalina do estuário do rio Caeté. Este mecanismo de transferência parece ser um fator chave na estrutura da cadeia alimentar do Taperaçu, bem como na variação temporal da comunidade de copépodos durante o presente estudo.
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MARCELLA CRISTINA EVER DE ALMEIDA
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O LUGAR DAS MULHERES NA APROPRIAÇÃO E USO DOS RECURSOS NATURAIS NA COMUNIDADE CARATATEUA, BRAGANÇA, PARÁ
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Data: 07/08/2012
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A presente pesquisa objetivou identificar e analisar o lugar atribuído as mulheres na apropriação e uso dos recursos naturais na comunidade de Caratateua, Bragança, Pará, Brasil. A pesquisa foi realizada no período de outubro/2010 a outubro/2011, ocasião em que foram entrevistadas 119 mulheres, o que correspondeu a aproximadamente 22% do total de domicílios (n=537). As entrevistas foram realizadas com o auxílio de roteiros semi-estruturados com perguntas fechadas e abertas. Também foi utilizada a observação participante como metodologia de campo, com o acompanhamento de algumas mulheres aos seus locais de trabalho, sendo realizada, junto com elas, a extração de sururu (Mytella falcata), a captura de caranguejo-uçá (Ucides cordatus), a catação de caranguejo-uçá e algumas atividades agrícolas, além de pescarias e outras situações. Os resultados da pesquisa mostraram que grande parte das mulheres de Caratateua têm no uso dos recursos costeiros a principal fonte de geração de renda e na atividade agrícola o meio de complementar a alimentação. Grande parte das mulheres tem exclusivamente nas atividades extrativistas sua principal fonte econômica, destacando-se a extração e beneficiamento de sururu, o beneficiamento do caranguejo-uçá e a extração de lenha. As mulheres também realizam a pesca de espécies variadas de peixes e dos siris (Callinectes bocourti e C. sapidus) e criação de animais de pequeno porte. E, mesmo as mulheres que relataram não exercer atividades extrativistas como principal fonte de renda, utilizam-se dos recursos costeiros ou da agricultura de alguma forma. Contudo, observou-se que mesmo com essa pluralidade de atividades, as mulheres não consideram suas atividades para geração de renda como trabalho. Suas atividades produtivas mesmo que fundamentais para manutenção do núcleo familiar, tem sua importância minimizadas, e vistas como complemento do trabalho do marido. Dessa forma, todos os trabalhos possíveis de serem realizados em paralelo ao espaço doméstico (considerados de âmbito domestico), como a pesca pra consumo, a catação e beneficiamento de desses recursos costeiros, bem como, a agricultura de subsistência, bem como, todos as atividades não monetarizados, ou pagas esporadicamente, não são vistos como trabalho, ficando no âmbito da complementaridade, da ajuda e tendo como base a noção de obrigatoriedade de natureza feminina.
É importante destacar que os resultados do presente trabalho mostram que as mulheres da comunidade de Caratateua possuem funções imprescindíveis na cadeia produtiva de alguns recursos básicos como a do caranguejo-uçá e a do sururu. Assim, do universo de participantes da pesquisa, a maioria desempenha atividade extrativista para geração de renda, como é o caso do beneficiamento desses dois recursos, que ficam sob a responsabilidade das mulheres, principalmente no caso do sururu, onde a mulher geralmente participa de todas as etapas do processo produtivo. Considerando os diferentes elos e o fluxo dessas duas cadeias produtivas, os resultados revelaram que a figura do marreteiro é relevante para o processo de escoamento da produção, mas, no entanto, explora o trabalho das mulheres com pagamentos de baixos valores pelo seu trabalho.
Contudo, mesmo com a divisão de tarefas entre os sexos bem definida, em Caratateua, a divisão sexual do trabalho não chega a ser condicionante ou limitante, para a realização das atividades, destacando-se constante permutação das atividades entre os sexos, quando necessário ou conveniente, ou seja, o que ocorre é a hierarquização das atividades, com a desvalorização das atividades femininas. Fato que tem suas bases nas formas históricas de opressão e discriminação feminina e que é reforçado, pelas características do trabalho feminino.
Pode-se acrescentar como outro agravante, a falta de política pública direcionada para este grupo e atividade específicas, compreendendo a orientação, a circulação de informações e o acompanhamento técnico, além do planejamento participativo e construção e organização do grupo local.
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FERNANDO PEDRO MARINHO REPINALDO FILHO
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CONTRIBUIÇÕES DO CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL AO SISTEMA DE GESTÃO COMPARTILHADA DA PESCA EM EMBURATEUAS, NOS ESTUÁRIOS DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE CAETÉ-TAPERAÇU, BRAGANÇA, PARÁ
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Data: 07/08/2012
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O conhecimento ecológico local dos pescadores artesanais sobre os emburateuas, microhábitats identificados como relevantes para a conservação nos estuários amazônicos foi analisado a fim de identificar elementos que contribuam para a implementação de um sistema de gestão compartilhada adaptativa da pesca no local, na abrangência de uma área marinha protegida, a Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, em Bragança, Pará. Informações foram obtidas de Diagnóstico Rápido Participativo, observações em processos comunitários e na atividade dos pescadores, entrevistas realizadas com aplicação de questionários semi-estruturadas com 23 informantes-chave selecionados como experts em 07 comunidades associadas aos estuários locais, além de consultas a literatura científica e documentos oficiais foram o corpo metodológico dessa dissertação. É apresentado o ambiente institucional adotado na área, uma RESEX, e é feita uma caracterização dos instrumentos de gestão implementados. Foram caracterizadas as comunidades locais visitadas e o perfil sociocultural dos pescadores entrevistados. Os emburateuas são reportados como microhabitats estuarinos que desempenham funções de berçário para diversas espécies-alvo das pescarias, manutenção da produtividade pesqueira e de complexas teias tróficas nos estuários, além de manter a visita de espécies migratórias/ raras nos estuários. O conhecimento sobre os emburateuas é rico, transmitido principalmente no ambiente familiar e fornece hipóteses sobre fenômenos relacionados a sua dinâmica geomorfológica e a processos ecológicos. A relevância ecológica desses microhabitats encontrou correspondências na literatura científica, tanto quanto pelas funções ecológicas identificadas, assim como na descrição de microhabitats estuarinos semelhantes na literatura científica para outras áreas do Brasil e do mundo. Para um sistema de gestão compartilhada adaptativa, com foco na promoção da resiliência do sistema socioecológico local, o conhecimento dos experts entrevistados revelou potenciais para o desenvolvimento de experimentos para a gestão das pescarias artesanais. Experimentos para estabelecimento de áreas com restrição de pesca; recuperação de habitats essenciais e da produtividade pesqueira nos estuários e o monitoramento participativo da pesca foram discutidas nesta dissertação a partir da experiência observada e as experiências descritas na literatura científica sobre o tema. Porém, para o fortalecimento da resiliência de tal sistema o desenvolvimento social das comunidades que dependem desses sistemas ecológicos é fundamental. Fragilidade na infraestrutura, serviços e direitos sociais básicos, aliados a um crescimento populacional influenciado também por imigrações de pessoas e tecnologias e ausência de iniciativas coletivas para a proteção da pesca representam diversas ameaças e conflitos ao sistema pesqueiro local. O conhecimento dos pescadores representa uma fonte de resiliência para a pesca nos estuários locais. Para o modelo de gestão adotado no território, uma RESEX, a possibilidade de tomadas de decisão pelos pescadores locais, por meio de Resoluções do Conselho Deliberativo da RESEX, e revisões periódicas no atual Plano de Uso, podem contribuir para além de proporcionar espaços para a aprendizagem social, a partir das trocas de experiências e aprendizados entre os diferentes grupos funcionais, estimular à cooperação, valor social imprescindível para o sucesso de um sistema de gestão compartilhada de recursos naturais de base comum, como é o caso da pesca.
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LAISE DE AZEVEDO GOMES
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ANÁLISE FISIOLÓGICA E PERFIL BIOACUMULATIVO DA CIANOBACTÉRIA Geitlerinema unigranulatum UFV-E01 NA PRESENÇA DE ARSENATO DE SÓDIO
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Data: 31/07/2012
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O arsênio é um metalóide tóxico que se tornou um problema de saúde pública em todo o mundo. Como forma de reduzir a contaminação ambiental por este metalóide, a qual é proveniente de atividades antropogênicas e naturais, a utilização de micro-organismos em processos de biorremediação se tem mostrado uma estratégia promissora. A cianobactéria filamentosa homocitada, Geitlerinema unigranulatum UFV-E01, pertencente à ordem Pseudanabaenales, foi isolada de um ambiente contaminado por arsênio, sugerindo uma habilidade em lidar com o efeito tóxico deste metalóide. Com vista nisso, o presente trabalho objetivou caracterizar a resistência ao arsenato de sódio e quantificar o arsênio total extracelular da cianobactéria G. unigranulatum UFV-E01. As análises de resistência ao arsenato de sódio revelaram que a cianobactéria foi capaz de crescer em até 50 mM por 20 dias. Além disso, a cianobactéria G. unigranulatum UFV-E01 acumulou arsenato de sódio por 10 dias, reduzindo em até 67% o arsênio extracelular. Pelos dados obtidos neste estudo, a cianobactéria G. unigranulatum UFV-E01 foi capaz de resistir a altas concentrações de arsenato de sódio, no entanto outras análises, como a caracterização das vias metabólicas envolvidas no processo de resistência, devem ser realizadas para considerar sua aplicação em ambientes impactados por arsênio.
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MAURO ANDRE DAMASCENO DE MELO
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ESTUDOS GENÉTICOS PARA A IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DE OSTRAS DO GÊNERO Crassostrea E DE ESTOQUES DA ESPÉCIE Crassostrea gasar AO LONGO DA COSTA BRASILEIRA
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Data: 31/07/2012
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O gênero Crassostrea é constituído por um grande número de espécies de bivalves marinhos distribuídos em regiões de estuário de várias partes do mundo. Quatro são as espécies de ostras do gênero Crassostrea presentes na costa do Brasil, das quais duas são consideradas nativas (Crassostrea gasar e Crassostrea rhizophorae) e duas não nativas ou exóticas (Crassostrea gigas e Crassostrea sp.). A elevada plasticidade fenotípica deste grupo dificulta a identificação das espécies associadas a atividade ostreícola e ao manejo de estoques, o que levou ao desenvolvimento de dois métodos moleculares rápidos e de baixo custo para a identificação destes organismos via PCR (Reação em Cadeia da Polimerase), sendo um para identificação apenas das ostras exóticas e o outro para identificação simultânea de todas as quatro espécies existentes, ambos testados em populações coletadas ao longo da costa brasileira. Para a avaliação dos níveis de estrutura genética das populações de ostras da espécie C. gasar distribuídas no litoral brasileiro, foram desenvolvidos 10 loci polimórficos de marcadores do tipo microssatélites, os quais foram utilizados para avaliar as consequências de um processo de transferência de ostras da espécie C. gasar entre estuários da costa Nordeste e Norte do Brasil, onde foi possível não apenas confirmar a ocorrência do fenômeno antropogênico, mas também a diminuição dos níveis de estruturação genética existente entre estas localidades. Uma análise ampla dos bancos naturais de C. gasar ao longo da costa brasileira evidenciou a existência de níveis significativos de estruturação genética entre os estoques e uma correlação positiva entre a divergência genética e a distância geográfica, alertando para necessidade da utilização de estoques próximos geograficamente quando da necessidade da realização de manejo e introdução de sementes, preservando assim a diversidade local desses bancos naturais
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MAURO ANDRE DAMASCENO DE MELO
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ESTUDOS GENÉTICOS PARA A IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DE OSTRAS DO GÊNERO Crassostrea E DE ESTOQUES DA ESPÉCIE Crassostrea gasar AO LONGO DA COSTA BRASILEIRA
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Data: 31/07/2012
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O gênero Crassostrea é constituído por um grande número de espécies de bivalves marinhos distribuídos em regiões de estuário de várias partes do mundo. Quatro são as espécies de ostras do gênero Crassostrea presentes na costa do Brasil, das quais duas são consideradas nativas (Crassostrea gasar e Crassostrea rhizophorae) e duas não nativas ou exóticas (Crassostrea gigas e Crassostrea sp.). A elevada plasticidade fenotípica deste grupo dificulta a identificação das espécies associadas a atividade ostreícola e ao manejo de estoques, o que levou ao desenvolvimento de dois métodos moleculares rápidos e de baixo custo para a identificação destes organismos via PCR (Reação em Cadeia da Polimerase), sendo um para identificação apenas das ostras exóticas e o outro para identificação simultânea de todas as quatro espécies existentes, ambos testados em populações coletadas ao longo da costa brasileira. Para a avaliação dos níveis de estrutura genética das populações de ostras da espécie C. gasar distribuídas no litoral brasileiro, foram desenvolvidos 10 loci polimórficos de marcadores do tipo microssatélites, os quais foram utilizados para avaliar as consequências de um processo de transferência de ostras da espécie C. gasar entre estuários da costa Nordeste e Norte do Brasil, onde foi possível não apenas confirmar a ocorrência do fenômeno antropogênico, mas também a diminuição dos níveis de estruturação genética existente entre estas localidades. Uma análise ampla dos bancos naturais de C. gasar ao longo da costa brasileira evidenciou a existência de níveis significativos de estruturação genética entre os estoques e uma correlação positiva entre a divergência genética e a distância geográfica, alertando para necessidade da utilização de estoques próximos geograficamente quando da necessidade da realização de manejo e introdução de sementes, preservando assim a diversidade local desses bancos naturais
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VITOR AUGUSTO NASCIMENTO BRAGANCA
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FLORÍSTICA E ESTRUTURA DE VEGETAÇÃO DE CLAREIRAS EM UMA MATA DE RESTINGA ALTA NA RESEX MAR CAETÉ-TAPERAÇU
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Data: 31/07/2012
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Este estudo analisou a vegetação de clareiras e seus entornos em um fragmento florestal na Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu, Bragança, Pará. Dois dos três sítios amostrados (CN 1 e CN 2) apresentaram pequenas clareiras causadas por queda de árvores e o terceiro (CA) é caracterizado por uma larga clareira aberta provavelmente por fogo de origem antropogênica. O total da área amostrada correspondeu a 2.1 ha. Em um dos locais de estudo (CN 1), por razões técnicas a amostragem foi realizada em transectos alternados devido a presença de áreas inacessíveis entre elas, enquanto nos outros sítios, a amostragem foi contínua. Árvores com diâmetro a altura do peito (dbh) ≥ 5 cm foram identificados, seu dbh mensurado e sua altura estimada; contudo, a posição das árvores dentro de uma grade de coordenadas foi determinada por análises de distribuição espacial de árvores. Um total de 1.824 árvores distribuídas em 48 espécies, dentro de 36 gêneros com 32 famílias foram amostradas. Os mais altos valores de frequência foram registrados para Cecropia palmata (Urticaceae), Protium heptaphyllum (Burseraceae) e Garcinia madruno (Clusiaceae) no sítio CA, CN 1 e CN 2 respectivamente. A densidade média em cada local foi de 870,4±330,7 indha-1, 858,3±537 indha-1 e 898,4±330,7 indha-1 para CA, CN 1 e CN 2 respectivamente. A maioria das árvores amostradas teve os valores de DAP entre 10 e 25 cm e a altura máxima foi de 29 m. Padrões de densidade para todas as árvores e padrões de densidade específica para espécies selecionadas foram apresentados. A composição de espécies em geral semelhante ao obtido em estudos realizados em florestas costeiras para a mesma região, mostrou que espécies pioneiras como Cecropia palmata e Tapirira guianensis tiveram preferência por áreas com maior abertura de dossel (CA), enquanto espécies ecologicamente flexíveis como Protium heptaphyllum e Garcinia madruno foram bem sucedidas na ocupação de pequenas clareiras causada pela queda de árvores das áreas de entorno.
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ANNA RAFAELLA DOS SANTOS FERREIRA
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ANÁLISE DA RESISTÊNCIA E BIOACUMULAÇÃO DE ARSÊNIO NA CIANOBACTÉRIA Phormidium sp.
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Data: 31/07/2012
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A contaminação ambiental por arsênio vem aumentando nos últimos anos, seja através de fontes naturais ou antropogênicas, o que pode ocasionar uma maior exposição do homem a este composto tóxico. Vários estudos vêm analisando o potencial de espécies cianobacterianas como possíveis biorremediadoras na busca de soluções para diminuir os impactos causados por este metaloide. A cianobactéria filamentosa Phormidium sp. se destaca por apresentar mecanismos bem desenvolvidos de adaptação às diversas condições ambientais. O presente estudo objetivou analisar o perfil de resistência da Phormidium sp. em diferentes concentrações de arsenato de sódio. A cianobactéria foi inoculada em tubos contendo 4 mL de meio BG-11 líquido e diferentes concentrações de arsenato (5, 10, 30, 50, 100, 130, 150, 200 e 250 mM) e sem a presença do metaloide (controle) e cultivadas durante 20 dias a 25ºC, sem agitação e com fotoperíodo de 12/12 horas de luz/escuro. A toxicidade do arsenato para Phormidium sp. foi caracterizada pela inibição do crescimento, sendo este determinado pela concentração de clorofila a. Todas as condições foram realizadas em triplicatas. A determinação do arsênio total presente nas amostras foi obtida através da técnica de espectrometria de emissão óptica com plasma induzido, do Instituto Evandro Chagas. A resistência de Phormidium sp. ao arsenato foi observada em até 50 mM do composto (p>0,05). À partir de 100 mM de arsenato foi observada inibição do crescimento cianobacteriano (p<0,05). As análises da dosagem de arsênio total no meio de cultura mostram que, durante os primeiros dias de experimento, a concentração de arsênio no meio de cultura foi reduzido, seguido de um aumento gradativo na concentração deste metaloide. Provavelmente, esta cianobacteria pode acumular o arsênio e posteriormente excretar este metaloide para o meio extracelular. Os resultados obtidos indicam a capacidade que a cianobactéria Phormidium sp. possui de crescer em meio contendo altas concentrações de arsênio. No entanto, outras análises se tornam fundamental para elucidar as vias metabólicas envolvidas durante o processo de resistência a este metaloide.
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THAINARA OLIVEIRA DE SOUZA
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EVIDÊNCIAS DE DUAS LINHAGENS DO MEXILHÃO Mytella charruana (d'Orbigny, 1842) NA COSTA BRASILEIRA, BASEADAS EM SEQUÊNCIAS DO GENE MITOCONDRIAL COI
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Data: 31/07/2012
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A espécie Mytella charruana é nativa na América Central e do Sul, onde a sua distribuição no Oceano Pacífico vai do México ao Equador e no Atlântico vai da Colômbia até a Argentina. Essa espécie pertence à família Mytilidae e no Brasil é conhecida popularmente como sururu ou bacucu. Esse mexilhão apresenta uma fase planctônica que permite uma dispersão elevada. A partir de sequências do gene mitocondrial COI de dez populações (N=243) da costa brasileira foram encontradas linhagens mitocondriais patrilinear e matrilinear, consistente com o padrão de herança dupla-uniparental. Considerando apenas a linhagem matrilinear, foram encontradas grandes diferenças entre os haplótipos, sendo que estes foram divididos em dois haplogrupos, um encontrado nas populações da região norte (haplogrupo A) e outro predominante das costas nordeste e leste brasileira (haplogrupo B), exceto pela população de Goiana, localizada no nordeste, que apresentou predominância do haplogrupo A. Os valores das diversidades haplotípicas foram de baixos a altos (0,0833 a 0,7200). Foi encontrada heterogeneidade significativa entre os haplogrupos, responsável por 94,86% da variação, e entre as populações dentro dos dois grupos. As populações da região norte, exceto por Oiapoque, foram homogêneas entre si. Já as populações do nordeste e leste brasileiro estão em neutralidade seletiva, com exceção a população de Antonina que apresentou indícios de gargalo de garrafa. A partir desses resultados três hipóteses foram abordadas: divergência por alopatria e/ou adaptações locais; papéis-reversos invertidos do genoma mitocondrial; e presença de linhagens mitocondriais ancestrais. Os autores defendem a última hipótese como a mais provável.
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MARIA JAQUELINE SOUSA DE OLIVEIRA
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EVIDÊNCIA DE DOIS HAPLOGRUPOS DE SEQUÊNCIAS DO GENE MITOCONDRIAL COI EM MEXILHÕES Perna perna (LINNAEUS, 1758) NATURALIZADOS NA COSTA SUL E SUDESTE BRASILEIRA
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Data: 30/07/2012
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Perna perna é uma molusco bivalve da família Mytilidae que possui ampla distribuição geográfica. Sua distribuição nativa compreende regiões tropicais e subtropicais da costa africana. Na América do Sul P. perna é considerada uma espécie exótica, provavelmente introduzida desde o período da colonização do Brasil, vindo do continente africano, incrustados em navios negreiros ou em água de lastro. A espécie é encontrada na Venezuela, Uruguai e no Brasil desde a baía Vitória, Espírito Santo, até o Rio Grande do Sul. No Brasil, a espécie possui uma importância na aquicultura, sendo o principal molusco bivalve cultivado. Considerado o seu aspecto econômico e por ser uma espécie introduzida e naturalizada na costa brasileira, o presente estudo tem objetivo caracterizar geneticamente e verificar a estruturação populacional entre amostras desta espécie coletadas na costa brasileira, assim como, tentar inferir sobre a origem das populações fundadoras. Sequências de DNA mitocondrial Citocromo c Oxidase subunidade I (COI) foram utilizadas para avaliar 158 indivíduos amostrados de cinco locais da costa sul e sudeste do Brasil. A população de P. perna apresentou 44 haplótipos para este gene, os quais na rede de haplótipos e árvore filogenética dividiram-se em duas linhagens mitocondriais, haplogrupo 1 (H1 e H2) e haplogrupo 2 (H3 a H44). Comparando os haplogrupos brasileiros com sequências de outras regiões geográficas, obtivemos agrupamento de sequências de COI de P. perna do norte da África (Marrocos e Mauritânia) com o haplogrupo 1, enquanto que as sequências de P. perna da Venezuela e África do Sul ocidental uniram-se ao haplogrupo 2, indicando uma possível rota de colonização dos haplogrupos no Brasil. Apesar da formação de duas linhagens haplotípicas, as amostras das cinco localidades brasileiras, apresentam-se homogêneas, refletindo panmixia dentro das populações e o alto fluxo gênico entre as mesmas.
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WEMERSON CLAYTON DA SILVA
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VARIABILIDADE GENÉTICA E ESTRUTURA POPULACIONAL DE Bagre bagre (SILURIFORMES - ARIIDAE) NO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL
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Data: 27/07/2012
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VARIABILIDADE GENÉTICA E ESTRUTURA POPULACIONAL DE Bagre bagre (SILURIFORMES - ARIIDAE) NO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL
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KELLY GONCALVES DA COSTA
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A DEPENDÊNCIA AO ESTUÁRIO É UMA RESTRIÇÃO AO FLUXO GÊNICO ENTRE POPULAÇÕES DE PEIXES? UM ESTUDO COM Stellifer naso (Jordan, 1889) (PERCIFORMES: SCIANIDAE)
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Data: 20/07/2012
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A dinâmica dos estuários torna esses ambientes bastante atrativos para testar o papel dos fatores ecológicos e físicos na diferenciação genética. Neste sentido, a espécie Stellifer naso é considerada um bom modelo biogeográfico para investigar os níveis de variação genética e estrutura populacional, incluindo sua dependência ao ambiente estuarino e limitada capacidade de dispersão por longas distâncias. Nesse estudo, foram investigadas a dinâmica e a intensidade do fluxo gênico de Stellifer naso, com uma amostragem de 149 espécimes de cinco estuários da Zona Costeira Amazônica Brasileira. Para tal, foram utilizadas sequências de DNA da Região Controle Mitocondrial (Dloop). Os índices de diversidade genética observados em todos os estuários apresentaram altos valores de diversidade haplotípica e baixos valores de diversidade nucleotídica, um padrão indicativo de populações que sofreram gargalos com perda de variabilidade genética. Os valores negativos e significativos dos testes de neutralidade apoiaram esta hipótese. O padrão de distribuição visualizado na rede de haplótipos, os valores dos testes de neutralidade Fs e D, e o gráfico de distribuição das diferenças entre os pares de haplótipos com uma curva unimodal suportam a hipótese de que esta espécie experimentou um processo de recente e rápida expansão demográfica. O resultado da AMOVA mostrou que a maior parte da variação genética foi encontrada dentro das populações, evidenciando ausência de estruturação genética entre as populações, com atual fluxo gênico e aparente ausência de barreiras entre os estuários sob estudo. Contudo, foi observado que os haplótipos do Estuário de Gurupi não foram compartilhados com as demais localidades, o que pode ter sido atribuído ao baixo número de indivíduos coletados na área. Embora S. naso seja uma espécie estuarino-dependente e com baixa habilidade de dispersão, a ausência de estruturação genética entre populações da área geográfica estudada pode estar relacionada a mecanismos de dispersão dos adultos. A partir de estimativas de parâmetros sobre taxas de migração, feitas no Software IMa2, foi possível observar um cenário de migração bidirecional com contínuo fluxo gênico entre os diferentes estuários analisados. Com base nesses resultados, conclui-se que a dependência ao estuário não chega a restringir severamente o fluxo gênico entre as populações de Stellifer naso na parte da costa norte brasileira que vai da margem direita da Foz do Amazonas (Soure) até o Maranhão (São Luis).
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ELLEN REGINA LIMA SOARES
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O BALANÇO ENTRE IMPACTOS E PRODUÇÃO: QUAIS AMBIENTES ESTÃO OS MELHORES PARA EXTRATIVISMO DE PEIXES ORNAMENTAIS NOS IGARAPÉS DO NORDESTE DO PARÁ?
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Data: 13/07/2012
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Com o objetivo de avaliar o potencial econômico de espécies de peixes ornamentais e sua associação com as variáveis ambientais em igarapés da região Nordeste Paraense, foram realizadas coletas durante os anos de 2010 e 2011 em doze igarapés de cinco bacias hidrográficas. Para tanto foi utilizada rede de arrasto (180cm x 90cm e 2mm de malha entre nós adjacentes) durante 90 minutos em cada ponto de coleta. Foram capturados 16.538 indivíduos distribuídos em 4 ordens, 13 famílias e 33 espécies de peixes ornamentais, sendo as ordens predominantes Characiformes, Siluriformes e Perciformes. As espécies mais representativas quanto ao número de indivíduos foram Moenkhausia collettii (35%), Hyphessobrycon rosaceus (20%), Nannostomus beckfordi (8%), Hyphessobrycon heterorhabdus (7%), Hemigrammus ocellifer (5%) e Nannostomus trifasciatus (5%). Juntas, estas espécies totalizaram 80% da amostra. A análise de similaridade realizada com dados de abundância relativa das espécies de peixes ornamentais indicou a existência de diferença significativa entre os igarapés amostrados (ANOSIM; igarapés: R = 0,627, p = 0,01). Quanto aos cálculos de renda relativa, as localidades de Sítio JW e Taciateua estariam relativamente entre as melhores localidades para a pesca ornamental, onde mais de 50% dos indivíduos coletados são de interesse comercial e as rendas relativas estão entre as maiores calculadas. O igarapé Inhangapi se mostrou o menos indicado para a pesca de peixes ornamentais, com um menor percentual de indivíduos ornamentais capturados e menor renda relativa obtida. O padrão de distribuição das espécies ornamentais em relação às características dos habitats mostrou que as espécies de maior valor estão associadas com variáveis distintas. Com esse resultado, não se pode indicar um parâmetro específico do habitat nas localidades estudadas, que indique a presença de espécie ornamental de maior valor.
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THIELY OLIVEIRA GARCIA
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EFEITOS DA ESTRUTURA DO HABITAT E DE PAISAGENS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS EM ASSEMBLEIAS DE PEIXES DA AMAZÔNIA ORIENTAL
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Data: 02/07/2012
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O objetivo central deste estudo foi avaliar a relação entre as características do habitat do igarapé e o uso e cobertura da terra na composição e estrutura assembléia de peixes de 12 igarapés com diferentes níveis de antropização distribuídos em cinco bacias na Amazônia Oriental. As amostragens de peixes e características do habitat do igarapé foram realizadas trimestralmente entre Setembro de 2010 e Agosto de 2011. Em cada igarapé foi seccionado um trecho 150 metros de comprimento, sendo dividido em trechos de 30 metros para realizar coletas de peixes e dados do habitat do igarapé. Os dados de paisagens foram obtidos através processamento digital de imagem de satélite, a partir da classificação não-supervisionada que possibilitou categorizar três tipos de classes: Floresta Sucessional Secundária/Ombrófila Densa, Uso e Ocupação Urbana e Uso e Ocupação Rural. As informações de paisagens foram quantificadas acima das bacias hidrográficas em três escalas espaciais crescentes, iniciadas a partir das margens dos igarapés. Foi obtido um total de 18.400 espécimes de peixes, referentes a 94 espécies. As assembleias de peixes se estruturaram e responderam de forma diferente às variáveis ambientais e paisagísticas entre os 12 igarapés. Os igarapés Taciateua e Jeju apresentaram valor elevado de indicadores bióticos e foi indicado como possuidores de habitats de boas condições ambientais para espécies. O igarapé Manoel dos Santos apresentou baixos valores de indicadores bióticos, indicado como ambiente em condições de estresse. As variáveis do habitat do igarapé explicaram mais os locais com boas condições ambientais. A paisagem do tipo Uso e Cobertura Rural esteve associada ao local impactado. Na avaliação em menor escala espacial foi detectada paisagem capaz de impactar assembléia de peixes.
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LUIZ PAULO DE CARVALHO MELO
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VARIAÇÃO TEMPORAL DO FITOPLÂNCTON DO ESTUÁRIO DO PARACAUARI (COSTA AMAZÔNICA, PARÁ, BRASIL)
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Data: 29/06/2012
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O presente trabalho visou analisar a composição e a variação temporal dos organismos da flora fitoplanctônica do estuário do rio Paracauarí, localizado na ilha do Marajó (Pará), e avaliar a influência dos fatores biótico e abióticos sobre sua distribuição. As coletas foram realizadas nictemeralmente, durante os meses de Fevereiro/09, Maio/09, período chuvoso, Agosto/09, Novembro/09, período seco, durante as enchentes e vazantes de sizígia e quadratura. As amostras para a análise qualitativa foram obtidas por meio de uma rede de plâncton de 64 µm de abertura de malha, enquanto que as amostras destinadas às análises quantitativas foram coletadas na subsuperfície da coluna d´água com o auxílio de uma garrafa de Niskin e fixadas em lugol ácido. Os valores de temperatura e salinidade foram medidos in situ com auxílio de um CTD (XR-420), enquanto que para as demais variáveis hidrológicas (oxigênio dissolvido (OD), pH, material particulado em suspensão-MPS e nutrientes dissolvidos), bem como para determinação das concentrações de clorofila a, foram realizadas coletas subsuperficiais de água (01 m) com auxílio de uma garrafa de Niskin. A temperatura média da água variou de 28,18°C±0,70 a 29,30°C±0,17 (Fevereiro/2009), apresentando valores significativamente mais elevados nas marés de sizígia (F=8,28; p<0,05) e no mês de Fevereiro/09 (F=8,26; p<0,05). A salinidade média oscilou entre 0,03±0,00 e8,87 ±0,49, exibindo valores significativamente mais elevados no período seco (U=22; p<0,05) e nas marés de sizígia (U=189,5; p<0,05). As concentrações médias de OD oscilaram entre 5,48±0,51 mg.L-1 e 7,99±0,49 mg.L-1, sendo seus valores significativamente mais elevados no período seco (U=33; p<0,05), enquanto que o pH da água manteve-se básico ao longo do período de estudo, variando de 6,98±0,19 e 8,13±0,14 com os valores significativamente mais elevados nas marés de quadratura (U= 244,5; p< 0,05). O (MPS) apresentou médias que oscilaram entre 10,30±12,10 e 120,90±23,08. As concentrações médias de fosfato variaram de 0,11±0,04 µmol L-1 a 0,45±0,13 µmol L-1. As concentrações médias de nitrato dissolvido apresentaram os menores valores durante a enchente de quadratura (QE) do mês de Novembro (0,26±0,11 µmol L-1), enquanto que seus maiores valores foram observados durante a enchente de sizígia (SE) do mês de Maio/2009. As concentrações médias de nitrito de 0,04±0,01 µmol L-1 a 0,44±0,05 µmol L-1 , enquanto que as concentrações médias silicato oscilaram de 9,73±2,62 a 94,11± 24,38 µmol L-1. O fitoplâncton do estuário do Paracauari esteve representado por 39 espécies, distribuídas em 25 famílias e 29 gêneros, pertencentes às divisões Charophyta, Chlorophyta, Dinophyta e Bacillariophyta. Com relação à abundância relativa, a maioria das espécies registradas foi rara, embora muitas delas tenham sido muito frequentes. Os valores médios de densidade fitoplanctônica total oscilaram entre 497,11±302,81 x 10 3 cél L-1 e 2.084,01±997,88 x103 cél L-1, com valores significativamente mais elevados no mês de Maio (U=12; p<0,05). Os fitoflagelados apresentaram densidades médias que oscilaram entre 425,51±302,76 x 103 céls L-1 e 2.012,25±997,71 x 103 céls L-1 com os valores significativamente mais elevados no mês de Maio/2009 (U=11; p<0,05). O microfitoplâncton apresentou valores médios que variaram de 67,83±8,76 103 céls L-1 a 72,33±1,44 céls L-1, sem que fossem observadas diferenças entre os períodos de maré, os meses e os perídos sazonais analisados. A biomassa fitoplanctônica variou de 1,78±1,21 mg m -3 a 21,56±12,83 mg m-3, com valores significativamente mais elevados no período seco (U=204;p<0,05). De forma geral, o estuário do Paracauari mostrou características bem peculiares quando comparado a outros estuários da região, muito embora neste sistema estuarino, bem como em muitos outros da região, as variações de salinidade decorrentes das oscilações das taxas pluviométricas parecem ser o principal controlador da dinâmica temporal das comunidades planctônicas locais. estuarinos ao longo do estudo, sendo o fitoplâncton local representado majoritariamente por espécies neríticas.
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NAYRA IRES SOZINHO DA SILVA REIS
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PROCESSOS OCEANOGRÁFICOS E ANTRÓPICOS EM UMA PRAIA AMAZÔNICA (PRINCESA-PARÁ, BRASIL)
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Data: 28/06/2012
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Este estudo foi realizado na praia da Princesa que está localizada na Ilha de Maiandeua (47 º 32'05'' e 47 º 34'12'' W, 0 º 34'45'' e 37'30 0 º'' S), na porção nordeste do estado do Pará. A ilha é uma Área de Proteção Ambiental, com uma área de 2378 ha. Os habitantes locais dependem da pesca e da agricultura de subsistência, bem como do artesanato e turismo. A praia possui cerca de 8 km de comprimento e é uma das mais populares da costa amazônica. O objetivo do presente estudo foi conhecer a influência de processos naturais e atividades antrópicas nesta praia de macromaré e fornecer às autoridades locais, diretrizes para a implementação de programas de gestão costeira. Dados antrópicos (uso e ocupação) e naturais (meteorológicos, hidrológicos, hidrodinâmicos, microbiológicos e morfodinâmicos) foram avaliados entre novembro de 2008 e setembro de 2009. Dados meteorológicos (vento e chuva) foram obtidos do Instituto Nacional de Meteorologia entre o período de novembro de 2008 e setembro de 2009. Quatro coletas de mais de 25 horas de duração foram realizadas em períodos de marés de sizígia em novembro de 2008 e março, junho e setembro de 2009. Todas as instalações da praia foram identificadas e georreferenciadas usando um GPS. Um mini correntometro, um CTD, e um medidor de ondas e de marés foram fixados a 4,7 m abaixo do nível médio da maré e programados para coletar médias dos dados a cada 10 minutos. Amostras sub-superficiais de água foram coletadas a cada 3 horas para a medição de dados hidrológico (turbidez, pH e nutrientes dissolvidos) e microbiológicos (clorofila-a e coliformes termotolerantes) com auxílio de uma garrafa oceanográfica de Niskin. No laboratório, as amostras de água foram analisadas de acordo com os métodos específicos apropriados para cada parâmetro. Levantamentos topográficos foram realizados trimestralmente durante o período de estudo. Foram estudadas condições equinociais e não equinociais durante as estações seca e chuvosa para determinar as alterações na morfologia da praia. Parâmetros como alcance de maré (TR), altura modal da onda (Hb), período da onda (T) e velocidade de queda de sedimentos (Ws) foram utilizados de acordo com o modelo conceitual proposto por Masselink e Short (1993). Amostras de sedimento da superfície foram coletadas ao longo do perfil da praia e as amostras foram separadas em laboratório, utilizando um agitador de peneiras (rotap) com peneiras variando de -1,0 a 4,0 Φ. Os veículos motorizados são proibidos na ilha, o único transporte sobre rodas é feitos por carroças. A praia da Princesa é caracterizada pela presença de um pequeno número de construções (bares e casas) nas dunas e zona entre marés. A construção de pousadas ou outros tipos de edifícios nessa praia é estritamente proibido. O esgoto é descartado em fossas precárias construídas nas dunas ou zona entre marés, os resíduos sólidos são despejados nas dunas. Banheiros públicos e chuveiros estão disponíveis apenas nos bares, e seu uso é restrito aos clientes. O consumo de drogas como maconha e cocaína constitui o principal problema social da ilha. Com relação ao clima local, a área apresenta duas estações bem definidas (seca e chuvosa). Durante o período de estudo, a precipitação anual foi de mais de 2000 mm. Os ventos sopraram mais fortes durante a estação seca (principalmente de nordeste), enquanto ventos moderados de nordeste e sudeste foram registrados durante a estação chuvosa. A ilha é margeada por dois estuários, Marapanim e Maracanã e seus ambientes naturais incluem dunas, lagoas e manguezais. Novembro de 2008 (estação seca: menor descarga fluvial) foi caracterizado por apresentar uma alta energia hidrodinâmica, com fortes correntes de maré (até 0,8 m/s) e ondas com alturas de até 1,3 m. Neste mês foram registradas águas mais salinas (até 35), pH alcalino (até 8,5), e com menores concentrações de nutrientes dissolvidos e turbidez (15,81 NTU). Março de 2009 (estação chuvosa: maré equinocial de sizígia) foi também caracterizado por uma energia hidrodinâmica elevada, incluindo ondas de até 1,3 m de altura e fortes correntes de maré (até 0,8 m/s), bem como a maior elevação de maré 5,8m, as mais elevadas concentrações de clorofila-a (até 67,6 mg/m³) e nitrato (até 28,87 μmol/l). Em junho de 2009, o mês de maior descarga fluvial, foi caracterizado por apresentar uma menor energia hidrodinâmica (menor elevação de maré, 4,3 m e correntes de maré de até 0,64 m/s). Neste mês também foram registrados os menores valores de salinidade (4,0) e pH (6,9), enquanto que as concentrações de silicato foram elevadas (até 348,9 μmol / l). O mês de setembro de 2009 (estação seca: maré equinocial de sizígia), também apresentou alta energia hidrodinâmica (altura de maré de 5,8 m e correntes de maré de 0,8 m/s), a maior concentração de fosfato (até 0,92 μmol/l) e nitrito (até 0,49 μmol/l). Com relação aos aspectos morfológicos, esta praia apresenta baixa declividade (1-2º), uma ampla extensão 200-400 m (entre os níveis de maré alta e baixa), com orientação noroeste sudeste, além de ser composta por areia fina (2,75 e 2,81 Φ). A característica non-barreddissipative predominou durante todo o período de estudo. É possível concluir que as condições climáticas e hidrológicas foram os principais fatores responsáveis pela alta turbidez da água, os altos níveis de oxigênio dissolvido, e as elevadas concentrações de nutrientes dissolvidos e clorofila-a. Apesar de a área de estudo não ter sido afetada por coliformes termotoleranteso uso de drogas e a falta de saneamento básico e coleta de resíduos sólidos são os principais problemas encontrados. Moradores e banhistas vêm sendo alvo de uma série de programas de educação ambiental, e alguns problemas ambientais e sociais já foram resolvidos ou atenuados. No entanto, a fim de garantir a integridade ambiental da praia, os autores sugerem: (i) a construção de um sistema de saneamento adequado público, (ii) a criação de programas de reciclagem de lixo (para reduzir os resíduos sólidos nas dunas), (iii ) incentivos a programas de ecoturismo, (iv) a regulação do uso do solo, e (v) estratégias para controlar o uso de drogas.
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KETELLYN SUELLEN TEIXEIRA PINTO
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CONDIÇÕES OCEANOGRÁFICAS, OCUPAÇÃO TERRITORIAL E PROBLEMAS AMBIENTAIS NA PRAIA DO ATALAIA (NORDESTE DO PARÁ, BRASIL)
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Data: 28/06/2012
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A conservação e gestão da zona costeira da região amazônica merecem atenção especial, devido à riqueza de seus recursos naturais. O presente estudo visa avaliar os impactos dos eventos naturais e atividades humanas na praia de Atalaia, situada no estado do Pará (Brasil), e o desenvolvimento de diretrizes para a implementação de programas de gestão costeira. Os dados foram coletados entre novembro/2008 e novembro/2010. Quatro conjuntos de variáveis foram avaliados: (i) variáveis físicas (climatologia, hidrodinâmica e morfodinâmica), (ii) variáveis hidrológicas (temperatura da água, salinidade, pH, turbidez, oxigênio dissolvido e nutrientes inorgânicos dissolvidos, clorofila a e níveis de coliformes termotolerantes), (iii) desenvolvimento urbano e (iv) distribuição espacial de serviços e infraestrutura. Os resultados indicam que o clima e as condições hidrodinâmicas foram os principais fatores responsáveis pelas flutuações na qualidade de água, turbidez, oxigênio dissolvido, nutrientes inorgânicos dissolvidos e concentrações de clorofila a. A descarga de esgoto doméstico não tratado foi responsável pela contaminação bacteriológica, embora a rápida turbulência decorrente da alta energia hidrodinâmica do ambiente tenha limitado a contaminação por coliformes termotolerantes. Esta alta energia hidrodinâmica, principalmente durante as marés equinociais de sizígia e a falta de planejamento urbano gera outros problemas, tais como a erosão costeira. A área de estudo é caracterizada por altas taxas pluviométricas (> 1900 mm durante a estação chuvosa), ventos de NE com velocidades médias mensais superiores a 4,36 m/s na estação seca e 3,06 m/s na estação chuvosa, condições de macromaré (alcance da maré > 4,0 m), velocidades moderadas de correntes de maré (superior a 0,5 m/s) e alturas de ondas significantes superior a 1,5 m. Em março e junho (meses chuvosos), a corrente de maré vazante alcançou um máximo de 0,4 m/s. O ciclo de maré foi fracamente assimétrico com a maré vazante durando mais de 6 horas e 40 minutos. A energia das ondas foram fracamente moduladas pela maré baixa devido à atenuação das ondas em bancos de areia. A temperatura da água foi relativamente homogênea (27,4°C a 29,3°C). A salinidade variou de 5,7 (junho) a 37,4 (novembro). A água foi bem oxigenada (superior a 9,17 mg/L), turva (superior a 118 NTU), alcalina (acima de 8,68) e eutrófica (máximo de 2,36 µmol/L para nitrito, 24,34 µmol/L para nitrato, 0,6 µmol/L para fosfato e 329,7 µmol/L para silicato), além de apresentar altas concentrações de clorofila a (acima de 82 mg/m³). As condições naturais observadas no presente estudo indicam a necessidade de uma revisão dos critérios hidrológicos usados para avaliação de praias por agências nacionais e internacionais e sua adaptação para a realidade da costa amazônica. A falta de sistema de saneamento público levou a contaminação bacteriológica e a perda da qualidade da água. Com relação ao estado morfodinâmico, as condições dissipativas foram encontradas durante alta a moderada energia hidrodinâmica (condições equinociais e não-equinociais), porém em novembro as maiores alturas de ondas geraram características de barred dissipative, enquanto nos outros meses características non-barred foram dominantes. Desta forma, o modelo proposto por Masselink & Short (1993) parece não ser ideal para ser aplicado em praias com características similares a praia de Atalaia, na qual a energia das ondas é modulada pela presença de bancos de areia durante algumas fases da maré.
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IRACELY RODRIGUES DA SILVA
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INFLUÊNCIA DE PROCESSOS OCEANÓGRAFOS E ATIVIDADES ANTRÓPICAS NA QUALIDADE DAS PRAIAS DE SÃO LUIS: IMPLICAÇÕES PARA O GERENCIAMENTO COSTEIRO
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Data: 27/06/2012
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Esta tese apresenta resultados de uma pesquisa sobre a qualidade de praias turísticas, realizada na região metropolitana de São Luís, estado do Maranhão. A cidade de São Luís foi declarada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, entretanto nas últimas décadas, o crescimento urbano ao longo da costa tem causado sérios problemas ambientais em suas praias. O presente estudo analisa a qualidade de quatro praias de São Luís (Ponta dAreia, São Marcos, Calhau e Olho dÁgua), considerando a ocupação territorial, os aspectos climatológicos, morfodinâmicos, hidrológicos, o perfil de usuários, a carga recreacional e a percepção ambiental. As quatro praias apresentam ocupação inadequada em zonas de dunas, intermarés e /ou falésias, e processos erosivos também foram observados. A qualidade da água das praias tem sido comprometida pelo descarte de esgoto lançados in natura, os quais contribuem para os níveis de coliformes termotolerantes acima do padrão permitido pela legislação brasileira. Como uma conseqüência, a capacidade de carga recreacional de cada praia foi influenciada. Os resultados obtidos poderão contribuir com futuros planos de gestão para esta costa e medidas urgentes para minimizar os problemas ambientais encontrados são recomendadas.
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FABIO BARROSO FERREIRA
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IDENTIFICAÇÃO DE ASSEMBLÉIAS DE PEIXES: COMBINANDO DADOS MOLECULARES E ECOLÓGICOS SOBRE A ICTIOFAUNA DA COSTA NORTE DO RIO AMAZONAS (ORIXIMINÁ-PRAINHA).
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Data: 27/06/2012
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Atualmente a biodiversidade está sendo reconhecida como um importante indicador para a saúde de ecossistemas. Porém, o conhecimento sobre a mesma ainda se encontra limitada por vários fatores como a pouca cobertura espacial e baixa densidade nas amostragens, bem como a capacidade limitada de identificação ou descrição correta das amostras em um curto espaço de tempo. Neste sentido, o uso de DNA barcode tem sido proposto como meio rápido de identificar táxons, que ao mesmo tempo incorpora informações filogenéticas em estudos ecológicos, permitindo comparações de padrões de diversidade entre diferentes regiões. O estudo foi realizado em 13 igarapés localizados ao longo de cinco bacias na região da Calha Norte, Oeste do estado do Pará, Brasil, onde foram capturados um total de 1.965 espécimes de peixes, distribuídos em 146 espécies, 91 gêneros, 29 famílias e 10 ordens, sendo as ordens Characiformes e Siluriformes predominantes em todas as bacias. A bacia do Jauaru, com o ponto P3, e a bacia do Maicuru, com o ponto P14, apresentaram os maiores valores de diversidade. Foram encontradas varias espécies que apresentaram linhagens distintas entre as localidades, indicando divergências históricas. Crenicichla saxatilis mostrou alta variação morfológica, no entanto, quase nenhuma variação nas sequências de barcode, sendo assim considerado um organismo com plasticidade fenotípica significante que pode facilmente se adaptar a uma variedade de ambientes. De forma geral, nossos resultados demonstram a eficácia do DNA barcoding para discriminar as espécies e ajudar determinar a biodiversidade real de uma região, além da sua aplicabilidade nas abordagens de diversidade ecológica, fornecendo resultados adicionais comparado com os índices de diversidade tradicionais.
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DANIELY DO SOCORRO NOBRE DE SOUZA
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VARIAÇÃO TEMPORAL DO ZOOPLÂNCTON DE UM ESTUÁRIO TROPICAL (BRAGANÇA- PARÁ - BRASIL)
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Data: 26/06/2012
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A composição, ocorrência e distribuição do zooplâncton no estuário do Taperaçu (Pará - Brasil) e o efeito das variáveis hidrológicas sobre a comunidade destes organismos foram estudadas nos meses de janeiro, abril, julho e outubro de 2005. As coletas de plâncton ocorreram em uma estação fixa (00º55'06.8" lat. S e 46º44'0" long. W) localizada no canal do estuário do Taperaçu, em intervalos de 3 horas durante um período de 24 horas. As amostras foram obtidas através de arrastos subsuperficiais de 3 minutos realizados com rede de plâncton cônico-cilíndrica de 120 mm de abertura de malha, provida de um fluxômetro que auxiliou na determinação do volume de água filtrada pela rede. Medidas simultâneas de salinidade, temperatura, oxigênio dissolvido e pH foram realizadas na superfície da coluna d’água com o auxílio de um analisador multi-parâmetro (WTW, Model 304i). Durante o período de estudo, o estuário do Taperaçu caracterizou-se por apresentar variações temporais das variáveis hidrológicas (salinidade, temperatura, oxigênio dissolvido e pH) e dos índices ecológicos (diversidade, equitabilidade e riqueza) com valores significativamente mais elevados no período seco. A comunidade zooplanctônica foi representada por 64 taxa, sendo a subclasse Copepoda constituída por 79,2% da densidade total dos organismos coletados. O zooplâncton do estuário do Taperaçu esteve constituído por espécies estuarinas, costeiras e marinhas, destacando-se P. quasimodo, P. marshi, O. oswaldocruzi e O. dioica. Sendo que a espécie P. marshi teve sua ocorrência limitada ao período chuvoso, apresentando correlação negativa com os valores de salinidade (p= 0,001). A espécie O. dioica se correlacionou de forma positiva e significativa com a salinidade (p= 0,001), apresentando valores mais elevados no período seco. A análise de agrupamento revelou que os meses analisados (janeiro, abril, julho e outubro) não representaram de forma clara a sazonalidade da região bragantina no ano de 2005. A redução da precipitação pluviométrica na região influenciou a composição, ocorrência e distribuição dos organismos zooplanctônicos do estuário do Taperaçu, o que foi constatado pelas altas densidades de O. oswaldocruzi e P.quasimodo durante todo o período estudado e também pelo fato das amostras do mês de janeiro terem se agrupado com as do período seco. De uma forma geral, os dados obtidos sugerem que a salinidade, influenciada pela pluviometria, constituiu o fator central na regulação da ocorrência, distribuição e composição das comunidades zooplanctônicas do estuário do Taperaçu e a dominância de espécies marinhas e estuarinas indicam uma forte influência de águas marinhas no presente estuário.
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DENISE KELLY LIMA SODRE
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COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE LARVAS E JUVENIS DE PEIXES EM UM ESTUÁRIO AMAZÔNICO (PARÁ, BRASIL)
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Data: 26/06/2012
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A zona costeira Amazônica apresenta uma grande diversidade de habitats e riqueza de espécies. Neste sentido, os ambientes estuarinos destacam-se por apresentarem elevadas concentrações de nutrientes e matéria orgânica, que atendem as necessidades nutricionais de diversas espécies, dentre as quais destacam-se os peixes. Um grande número de espécies de peixes possui parte do seu ciclo vital associado a estuários, pois são considerados berçários da natureza, proporcionando alta proteção contra predadores nos estágios iniciais. Com a finalidade de avaliar a distribuição espacial e temporal de larvas e juvenis de peixes no estuário do Taperaçu (norte do Brasil) e sua relação com algumas variáveis ambientais, foram realizadas coletas no período de janeiro a dezembro de 2008 durante marés de sizígia em duas estações fixas no estuário. As amostras foram obtidas com o auxílio de uma rede de plâncton do tipo cônico-cilindrica, com abertura de malha de 500 µm provida de um fluxômetro, durante marés vazante e enchente. Parâmetros ambientais tais como salinidade, temperatura e oxigênio dissolvido na água foram medidos in situ, enquanto pH e turbidez mensurados em laboratório. Não foram observadas diferenças significativas em relação às marés vazantes e enchentes para os fatores abióticos, no entanto valores significativamente mais elevados foram registrados para a salinidade (F=5,34; p<0,05) e o oxigênio dissolvido (F=5,35; p<0,05), durante o período seco. Um total de 5175 indivíduos foram identificados, pertencentes a 17 famílias e 37 espécies. Considerando os dois locais de amostragem as famílias mais representativas foram Clupeidae, Engraulidae e Sciaenidae. As espécies que dominaram a estrutura da comunidade local foram R. amazonica, A. clupeoides, S. stellifer e M. meeki, as quais destacaram-se tanto em termos de abundância relativa quanto em frequência de ocorrência. A densidade total variou de 0,00 org.100m3 a 436,91 org.100m3 na estação 2, enquanto que na estação 1 estes valores variaram de 6,28 org.100m3 a 696,72 org.100m3. As maiores densidades foram registradas durante o período chuvoso, diferenças significativas foram observadas entre as estações de estudo, sendo os maiores valores registrados na estação mais interna, durante as marés enchentes (F=13,35; p<0,05). Através do ANOSIM, foi possível observar que houve diferenças significativas entre as estações de amostragem e entre períodos seco e chuvoso, no entanto a significância foi maior entre estações de amostragem (R=0,415; p=0,001), que entre períodos sazonais (R= 0,222; p=0,007). De forma geral o estágio de flexão foi o mais abundante em ambos os locais indicando que o estuário é utilizado como área berçário e de criação de varias espécies de peixes. A abundância das principais espécies esteve relacionada ao tipo de preferencial habitat, pois são espécies residentes, ou seja, completam todo seu ciclo de vida dentro do estuário. A estrutura da comunidade larval durante o período de estudo foi influenciada pelo padrão sazonal da salinidade, no entanto apenas este fator não explica a diferença na distribuição da comunidade entre locais de amostragem. Outras variáveis como velocidade das correntes, geomorfologia e hidrodinâmica local devem ser consideradas.
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REGIANE DO SOCORRO COSTA BESSA
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COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO TEMPORAL DO ZOOPLÂNCTON DO ESTUÁRIO DO RIO PARACAUARI (ILHA DO MARAJÓ-PARÁ)
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Data: 25/06/2012
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Devido à escassez de informações sobre a dinâmica da comunidade zooplanctônica
ao longo do ecossistema costeiro amazônico, o presente estudo tem como objetivo
principal avaliar a influência das variáveis hidrológicas na composição e abundância
do zooplâncton no estuário do rio Paracauari (Norte do Brasil). As amostragens de
campo foram realizadas em uma estação fixa (0o4415.4S 48º3107.5W), com o
zooplâncton coletado a cada três meses, de fevereiro a dezembro de 2009, através
de arrastos horizontais na sub-superfície na coluna da água, utilizando uma rede de
plâncton com 200 μm de abertura de malha, a qual foi acoplada um fluxômetro, a fim
de estimar o volume de água filtrada através da boca da rede. Os organismos foram
coletados a intervalos regulares de três horas durante um período de 24 horas,
resultando um total de 32 amostras. As variáveis temperatura e salinidade foram
medidas in situ com o auxílio de uma sonda de Condutividade-Temperatura-e-
Profundidade (CTD). Amostras adicionais de 600 ml de água foram coletadas com
garrafas oceanográficas de Niskin para determinação em laboratório do potencial
hidrogeniônico (pH), oxigênio dissolvido (OD) e concentrações de clorofila-a, a qual
foi determinada através da análise espectrofotométrica. Os valores médios (±DP) de
salinidade variaram entre 0,58 ± 0,15 (fevereiro) a 8,83 ± 0,44 (dezembro), enquanto
que o pH manteve-se levemente alcalino, oscilando entre 7,05 ± 0,04 (dezembro) e
8,10 ± 0,11 (maio). A temperatura da água e OD aumentaram de 28,0 ± 0,51ºC
(dezembro) a 29,0 ± 0,33ºC (fevereiro), e 5,63 ± 0,38 mg.L-1 (fevereiro) a 7,08 ± 0,45
mg.L-1 (agosto), respectivamente. As concentrações de clorofila a oscilaram entre
3,16 ± 2,48 mg.m-3 (maio) a 16,41 ± 10,34 mg.m-3 (dezembro). Um total de 35
táxons, distribuídos entre nove Filos (Foraminifera, Cnidaria, Nematoda, Annelida,
Arthropoda, Mollusca, Bryozoa, Chaetognatha e Chordata) foram registrados. O filo
Arthropoda foi qualitativamente o mais representativo, com a subclasse Copepoda
apresentando elevada abundância e número de espécies, dentre as quais
Pseudiaptomus richardi, Pseudodiaptomus gracilis, Acartia tonsa e Leptodiaptomus
sicilis foram as numericamente dominantes durante o período de estudo. As
menores densidades zooplanctônicas foram registradas em maio (351.5 ind.m-3),
enquanto que as maiores foram observadas em dezembro (3,774.3 ind.m-3). A
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estação chuvosa foi caracterizada pela predominância de organismos estuarinos,
enquanto que durante a estação seca foi observado um domínio de organismos
marinhos. P. richardi, larvas de bivalve, larvas de gastropoda e Brachyura (zoea e
megalopa) estiveram presentes em 100% das amostras durante este período. As
análises de agrupamento mostraram a separação das amostras em três grupos. Tais
separações foram relacionadas com as flutuações de salinidade, OD e clorofila-a.
Portanto, a variabilidade temporal destes parâmetros mostrou ter afetado
diretamente a estrutura da comunidade zooplanctônica no estuário do rio
Paracauari.
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KATIA CRISTINA DE ARAUJO SILVA
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DIVERSIDADE E ESTRUTURA DAS COMUNIDADES DE CRUSTÁCEOS NA PLATAFORMA CONTINENTAL AMAZÔNICA
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Data: 15/06/2012
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Os crustáceos identificados são provenientes de 10 cruzeiros de prospecções pesqueiras realizados pelo navio de pesquisa “Almirante Paulo Moreira”, pertencente ao Centro de Pesquisa e Gestão do Uso dos Recursos Pesqueiros do Litoral Norte (CEPNOR/IBAMA), no período de 1996 a 1998. A área estudada compreende a costa dos estados do Amapá e Pará, inseridos na zona econômica exclusiva do norte do Brasil, aqui denominadas áreas ao norte e ao sul do Cabo Norte, respectivamente. Os exemplares foram capturados com rede de arrasto de fundo para camarão. Depois das coletas foram acondicionados em basquetas com gelo, e etiquetadas, com data, lance de pesca e posição. Os indivíduos foram identificados no laboratório de Crustáceos do CEPNOR e no laboratório de Carcinologia do Departamento de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco, com o auxílio de bibliografia pertinente. Esta tese está composta por seis capítulos. No Capítulo I há uma Apresentação Geral. No Capítulo II foi verificada que a fauna está composta por 92 espécies distribuídas entre: anomuras (Uroptychus nitidus, Agononida longipes, Munida atlantica, Munida iris, Munida valida, Munidopsis sigsbei, Porcellana sayana, Albunea paretii, Lithodes manning e Paralomis granulosa); camarões dendrobranquiatas (Aristaeopsis edwardsiana, Aristeus antillensis, Farfantepenaeus brasiliensis, Farfantepenaeus subtilis, Mesopenaeus tropicalis, Penaeopsis serrata, Rimapenaeus constrictus, Rimapenaeus similis, Sicyonia dorsalis, Sicyonia stimpsoni, Sicyonia typica, Solenocera atlantidis, Solenocera geijskesi e Xiphopenaeus kroyeri); camarões carídeos (Acanthephyra eximia, Exhippolysmata oplophoroides, Glyphocragon alispina, Glyphocrangon neglecta, Glyphocragon spinicauda, Oplophorus gracilirostris, Nematopalaemon schmitti, Heterocarpus ensifer, Plesionika acanthonotus, Plesionika ensis, Plesionika martia e Psalidopus barbouri); caranguejos (Anasimus latus, Calappa nitida, Calappa ocellata, Calappa sulcata, Cryptosoma bairdii, Dromia erythropus, Hepatus gronovii, Hepatus pudibundus, Hepatus scaber, Holoplites armatus, Leiolambrus nitidus, Libinia bellicosa, Libinia ferreirae, Mithrax hispidus, Moreiradromia antillensis, Myropsis quinquespinosa, Nemausa acuticornis, Nemausa cornuta, Paractaea nodosa, Paradasygyius tuberculatus, Persephona lichtensteinii, Persephona mediterranea, Persephona punctata, Planes major, Platylambrus serratus, Raninoides laevis, Rochinia confusa, Rochinia crassa, Rochinia umbonata, Stenorhynchus seticornis e Stenocionops spinosissimus); estomatópodes (Lysiosquilla scabricauda, Parasquilla meridionalis, Squilla empusa e Squilla lijdingi); isópodes (Bathynomus giganteus e Bathynomus miyarei); lagostas (Palinustus truncatus, Panulirus argus, Parribacus antarcticus, Scyllarides delfosi, Acanthacaris caeca, Nephropsis aculeata, Nephropsis rosea, Polycheles typhlops e Stereomastis sculpta) e portunídeos (Callinectes danae, Callinectes marginatus, Callinectes ornatus, Chaceon sp., Cronius ruber, Portunus (Anchelous) ordwayi, Portunus (Anchelous) spinicarpus, Portunus (Anchelous) spinimanus, Portunus (Portunus) anceps e Portunus (Portunus) rufiremus). No Capítulo III, foi constatado que os estomatópodos foram mais comuns na plataforma continental externa (60 – 100 m) ao norte e ao sul, na plataforma continental média (40 – 60 m); o grupo foi encontrado preferencialmente em fundo de cascalho na área ao norte e em lama ao sul; ao norte as espécies foram mais abundantes no período seco (junho a novembro), já ao sul, no chuvoso. No Capítulo IV, foi verificado que a maioria dos isópodes foi capturada na divisão mesopelágica do talude (200 – 1.000 m) ao norte e ao sul foram exclusivos nesta divisão; apresentaram preferência por cascalho ao norte e por areia cascalhosa ao sul; ao norte as espécies foram mais abundantes no período seco (junho a novembro) e ao sul no chuvoso (dezembro a maio). No Capítulo V, foi constatado que as lagostas foram mais comuns no talude mesopelágico (200 a 1.000 m) ao norte e na plataforma continental externa (60 a 100 m) ao sul; o grupo foi encontrado preferencialmente em fundo de areia lamosa ao norte e ao sul em areia cascalhosa e areia lamosa; ao norte as espécies foram mais abundantes no período seco (junho a novembro) e ao sul no chuvoso (dezembro a maio). No Capítulo VI (Parte 1), foi verificado que os camarões dendronbranquiatas foram mais comuns na plataforma continental externa (60 a 100 m) ao norte e na média (40 – 60 m) ao sul; o grupo foi encontrado preferencialmente em fundo de cascalho ao norte e ao sul em lama; ao norte as espécies foram capturadas apenas no período seco (junho a novembro) e ao sul preferencialmente no seco (junho a novembro). No Capítulo VI (Parte 2), foi constatado que os camarões carídeos foram mais comuns no talude mesopelágico (200 – 1.000 m) em ambas as áreas; o grupo foi encontrado preferencialmente em fundo de cascalho ao norte e ao sul em areia lamosa; ao norte as espécies foram capturadas preferencialmente no período seco (junho a novembro) e ao sul preferencialmente no chuvoso (dezembro a maio). A área ao norte apresentou uma menor riqueza de espécies em relação ao sul, porém, 34 espécies ocorreram em ambas.
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WILTON PIRES DE ARAUJO JUNIOR
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CONECTIVIDADE HIDRODINÂMICA ENTRE DOIS ESTUÁRIOS AMAZÔNICOS DE MACROMARÉ
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Data: 31/05/2012
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O presente estudo teve como objetivo principal investigar a conectividade hidrodinâmica entre os estuários do Taperaçu e Caeté através do Canal do Taici, localizado no setor leste da Zona Costeira Amazônica, no Estado do Pará. Foram realizadas medições de altura da maré, velocidade e direção de correntes, salinidade e concentração de sedimento em suspensão (CSS) em cada umadas extremidades do canal. Medições adicionais foram efetuadas também na porção média da extensão do canal. As campanhas foram realizadas durante as estações de seca e chuvosa, em situações de sizígia e quadratura. Os resultados revelaram que, como esperado, o canal do Taici está sujeito a uma forte assimetria de maré, com vazantes notadamente mais longas. De maneira geral, durante a enchente o fluxo de água é direcionado para o interior do canal e manguezais contíguos, fluindo de maneira oposta durante a vazante. Por outro lado, a fase de enchente é mais longa e se inicia antes no lado do Caeté. No ponto localizado na porção média, durante a enchente a água flui para o Taperaçu e durante a vazante flui para o Caeté. As alturas de maré no lado do Caeté foram maiores que no lado do Taperaçu em ambos os períodos do ano, tanto na sizígia quanto na quadratura. As velocidades de corrente de vazante atingiram os valores máximos de 1,5 m.s-¹ no lado do Taperaçu e 1,1 m.s-¹ no Caeté, enquanto que na enchente as velocidades máximas foram de 0,9 e 0,8 m.s-¹ no lado do Taperaçu e Caeté, respectivamente. Os dados mostraram ainda que as variações nos valores de CSS são complexas, podendo estar associadas com a oscilação de nível d’água, velocidade de corrente, disponibilidade local de sedimentos e, em alguns casos, com ocorrência de chuvas. Além da direção das correntes, a salinidade foi um parâmetro muito importante na investigação da conectividade hidrodinâmica, em função do grande contraste entre as águas do Taperaçu (salgada) e do Caeté (salobra). Combinando os dados hidrodinâmicos, CSS e de salinidade, é possível afirmar que existe uma conexão hidrodinâmica entre os estuários do Taperaçu e Caeté através do Canal do Taici. Essa conexão é representada pelo fluxo de água do Caeté para o Taperaçu durante o início da fase de enchente, tanto no período chuvoso, quanto no período seco, tanto em sizígia, quanto em quadratura.Porém, durante o período seco e durante a quadratura, essa conexão é mais restrita, devido ao reduzido volume de água doce presente no sistema e a baixa altura de maré, respectivamente. Embora as medições não tenham ocorrido simultaneamente em ambas as extremidades, foi possível observar que a maré de enchente atinge o lado do Caeté antes do que no lado do Taperaçu, onde o grande preenchimento estuarino retarda o avanço da maré de enchente. Assim, se estabelece um gradiente de pressão pela diferença de nível d’águaem cada um dos estuários, resultando no fluxo de água do Caeté para o Taperaçu. Quando a maré de enchente se estabelece no último, o fluxo Caeté-Taperaçu é interrompido. Na vazante não existe indícios da ocorrência do processo oposto. Portanto, a hidrodinâmica no canal do Taici e o fluxo entre os estuários são controlados pela complexa combinação entre a assimetria de maré, a defasagem de maré entre os estuários, assim como pelo regime sazonal de chuvas, descarga fluvial do rio Caeté e pelas diferenças morfológicas dos estuários.
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ROSA MARIA DA SILVA RODRIGUES
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ANÁLISE DA DIVERSIDADE E ESTRUTURA GENÉTICA POPULACIONAL DE TRÊS CIANÍDEOS, Cynoscion acoupa, Macrodon atricauda e Stellifer rastrifer SCIAENIDAE-PERCIFORMES), DO OESTE DO ATLÂNTICO SUL
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Data: 25/05/2012
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A família Sciaenidae abriga importantes recursos pesqueiros em nível mundial. Apesar disso, ainda são escassas as informações sobre a dinâmica populacional de muitas espécies, principalmente no que diz respeito aos padrões de diversidade e estrutura genética das populações, dados que podem fornecer subsídio para o gerenciamento pesqueiro. Considerando tais lacunas, o presente trabalho investigou a diversidade genética e estrutura genética populacional de três espécies de cianídeos, Cynoscion acoupa, Macrodon atricauda e Stellifer rastrifer, por meio de marcadores mitocondriais (região controle) e também nuclear (microssatélites), no caso de C. acoupa. As espécies apresentaram graus variados de estruturação genética ao longo da costa brasileira. Para C. acoupa os resultados mostraram dois estoques distintos, com padrões de diversidade genética extremamente diferente entre os estoques norte e sudeste do Brasil, que pode estar relacionado a diferentes eventos demográficos que ocorreram nas populações. Para S. rastrifer as análises revelaram forte estruturação genética entre norte e sul da costa brasileira, influenciada possivelmente por fatores ambientais. Os níveis de diversidade genética do estoque norte de S. rastrifer foram mais elevados do que o estoque sul e ambos apresentaram história demográfica compatível com recente expansão populacional. Em relação a M. atricauda, os resultados revelaram moderada subestruturação genética entre as populações da costa sudeste e sul, podendo ser influenciada pelo hábito de vida da espécie e por características ambientais. O padrão de distribuição da diversidade genética de M. atricauda pode estar ligado a processos históricos de colonização, com expansão das populações do sudeste em direção ao sul. Os resultados do presente estudo corroboram a eficiência dos marcadores moleculares utilizados para discriminação de estoques genéticos e dos padrões de variação genética em uma escala mais refinada.
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SALENE SAMARA DA COSTA ALENCAR
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TAXONOMIA, ESTRUTURA POPULACIONAL E FILOGEOGRAFIA DE Larimus breviceps (SCIAENIDAE) DO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL ATRAVÉS DE DADOS MITOCONDRIAIS E NUCLEARES
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Data: 24/05/2012
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Larimus breviceps é a única espécie do gênero descrita para o oeste do Atlântico e tem ampla distribuição, que vai das Antilhas Maiores e Costa Rica até Santa Catarina no sul do Brasil. Porém, estudos filogenéticos sugeriram ter ocorrido especiação no oceano Atlântico para este táxon, desta forma uma avaliação abrangente envolvendo populações da maior parte do alcance da espécie, ao longo da costa brasileira, foi realizado com o objetivo de testar a hipótese de especiação para Larimus no oeste do Atlântico sul, bem como para tentar detectar possíveis barreiras ao fluxo gênico das populações e/ou espécies. Sequências de DNA mitocondrial (Cit b, COI e Região controle) e nuclear (Tmo-4C4 e Intron I do fator do crescimento semelhante à insulina), além de análises morfométricas foram utilizadas para avaliar 364 indivíduos amostrados de sete locais da costa brasileira. Nossos resultados mostraram que Larimus, passou por processo de especiação alopátrica dando origem a duas espécies, denominadas grupo I e grupo II, que expandiram seus alcances e hoje coexistem ao longo do Atlântico sul ocidental. A diversificação dos táxons pode ter sido causada por isolamento de populações em refúgios ao Norte e ao Sul da distribuição de Larimus durante glaciações do Mioceno e estes expandiram seus alcances em períodos interglaciais após a temperatura marinha se tornar mais amena. Análises intraespecíficas sugerem que o grupo I pode ser considerado uma grande população panmítica, enquanto que o grupo II possui dois estoques geneticamente diferenciados, denomidados grupo II-A e II-B, onde a temperatura marinha parece ser o fator responsável pela estruturação dos mesmos. Além da diferenciação a nível molecular, as espécies encontradas apresentaram diferenças em relação ao tamanho da cabeça e do corpo, no entanto estas ainda não são tão acentuadas. Ao longo de seu alcance os grupos de Larimus habitam o mesmo nicho ou nichos muito similares e desta forma a seleção estabilizadora pode estar promovendo a retenção de características morfológicas apesar da grande diferenciação genética.
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YRLENE DO SOCORRO SILVA FERREIRA
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FILOGEOGRAFIA E ESTRUTURA POPULACIONAL DA PESCADA BRANCA (Cynoscion leiarchus SCIAENIDAE) DO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL
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Data: 24/05/2012
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Embora o ambiente marinho pareça conectado e sem barreiras à dispersão sub-estrutura populacional já foi detectada em muitas espécies marinhas e pode estar relacionada à fatores ambientais, hábitos de vida, requerimentos ecológicos das espécies e a eventos históricos como glaciações. A espécie alvo deste estudo, Cynoscion leiarchus, pertence à família Sciaenidae e se distribui em ampla área, desde o Panamá até o Sudeste do Brasil. Considerando as diferenças hidrográficas, geomorfológicas, oceanográficas e climáticas ao longo da área de ocorrência de C. leiarchus, um estudo filogeográfico é importante para conhecer o grau de conectividade entre os estoques da costa brasileira. Nesse estudo foram utilizados fragmentos da região controle e citocromo b, do DNA mitocondrial, para avaliar a estrutura genética populacional e filogeografia de C. leiarchus ao longo da costa brasileira. Os resultados sugerem dois grupos geneticamente diferenciados, um ao longo das costas Norte e Nordeste do Brasil e outro na costa Sudeste onde adaptações destes às condições termais do ambiente marinho pode ser o fator responsável por este padrão. A história demográfica, os testes de neutralidade e dados de diversidade genética sugerem que expansão populacional ocorreu nestes grupos durante o Pleistoceno.
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MARIA JOSIANE DA SILVA NERY
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CARACTERIZAÇÃO DO SOLO E DA UMIDADE EM DOIS TIPOS DE RESTINGA DA COSTA AMAZONICA E A INFLUENCIA DESTES FATORES NO CRESCIMENTO DAS ESPÉCIES VEGETAIS
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Data: 30/04/2012
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As restingas estão presentes ao longo da costa nordeste do Pará, Amazônia brasileira. Em geral, ocorrem sobre áreas não atingidas pelas marés altas, porém vizinhas a manguezais e campos inundáveis. Na Península de Ajuruteua, Bragança-Pa, estudos prévios mostraram mudanças na vegetação destas áreas na medida em que aumenta a distância da atual linha de costa. Assim, granulometria, teor de matéria orgânica, coloração e dinâmica hídrica do solo foram investigados em duas áreas da Península de Ajuruteua (uma próxima e uma distante da atual linha de costa). Em locais correspondentes em três regiões ao longo da costa do Pará (Curuçá, Primavera e Augusto Corrêa), foram realizados levantamentos rápidos da vegetação e descrição de solo (granulometria, teor de matéria orgânica e coloração) em áreas próximas e distantes da atual linha de costa. Cada uma destas áreas foi visitada duas vezes durante diferentes períodos do ano para amostragem do solo e vegetação; o material do acervo do Herbário do Instituto de Estudos Costeiros da Universidade Federal do Pará (HBRA) foi utilizado para comparação entre a vegetação de Bragança e as demais áreas. Para a análise do solo, amostras (com duas réplicas) foram extraídas em profundidades de 0-10 cm e 40-50 cm. A granulometria foi realizada através de peneiras, o teor orgânico foi determinado através de comparação do peso seco antes e depois de oxidação com H2O2. Cores de amostras de solo seco foram definidas por comparação com as tabelas de Munsell. O monitoramento do lençol freático, feito apenas em Bragança, foi realizado através da instalação de poços, que foram utilizados também para medir a tensão da água no solo com o uso de tensiômetros. Todas as áreas próximas da praia compartilham vegetação herbáceo-arbustiva com composição florística similar e areia fina como fração predominante do solo. Em contraste, áreas distantes da praia foram dominadas por florestas de composição heterogênea; a fração predominante do solo foi areia muito fina, exceto Curuçá/distante da praia, que exibiu frações de areia mais grossa. O teor de matéria orgânica no solo foi significativamente mais alto na camada superior do solo e também significativamente mais alto nas áreas distantes da praia. Em Bragança, o nível do lençol freático nos locais próximos à praia variou com a precipitação, baixando rapidamente abaixo de 2 m durante a estação seca; na área de estudo distante da praia, o lençol freático mostrou dinâmica similar, mas ficou mais próximo da superfície durante a estação chuvosa. A tensão da água no solo mostrou um aumento negativo da pressão durante a transição para a estação seca; durante esse período, medidas indicaram que o solo estava completamente seco. Diferenças na vegetação entre as áreas próximas e distantes da praia e características correspondentes no solo indicaram um maior estresse ambiental nas comunidade vegetais próximas à praia.
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ADRIANO AUGUSTO VILHENA MARTINS
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ANALISE MORFOMÉTRICA DE DIFERENTES POPULAÇÕES DE Rhinella marina (BUFONIDAE, ANURA) DA BACIA AMAZÔNICA.
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Data: 30/04/2012
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No presente estudo foi realizadaanálise morfométrica de diferentes populações amazônicas de sapo cururu, Rhinella marina, separadas pelo Rio Amazonas. O estudo foi conduzido utilizando como ferramentas, análises multivariadas tanto a partir de dados morfométricos obtidos à partir de tratos anatômicos, tendo como referência extremidades de estruturas ósseas, quanto com a utilização de análise de morfometria geométrica baseada em marcos anatômicos. Para verificar se existe dimorfismo sexual em cada uma das estruturas estudadas, os dados foram submetidos a análise de variância. Embora os grupos estudados sejam muito semelhantes morfologicamente no tamanho ou na forma, análises multivariadas demonstraram que os grupos apresentam diferenças significativas em vários caracteres estudados. Desta forma, demonstrou-se que as principais diferenças entre as populações preditas estão relacionadas a forma e tamanho de estruturas da cabeça. Conclui-se neste estudo que apesar das diferenças significativas entre os grupos previamente definidos, outros estudos baseados em análise morfométrica e morfológica combinada com informações genéticas e ecológicas são necessárias para a elucidação dos processos que levaram a diferenciação entre estas populações.
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TAINA CARREIRA DA ROCHA
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ANÁLISE FILOGEOGRÁFICA DE Xiphorhynchus guttatus DA AMAZÔNIA E MATA ATLÂNTICA A PARTIR DE DOIS MARCADORES MITOCONDRIAIS E UM NUCLEAR
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Data: 28/04/2012
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Um número considerável de hipóteses estão sendo propostas ou testadas para explicar a elevada diversidade nos Neotrópicos. No presente estudos, análises filogenéticas e estimativas do tempo de divergência para a superespécie Xiphorhynchus guttatus foram utilizadas a partir de dois marcadores mitocondriais e um nuclear com objetivo de esclarecer incertezas taxonômicas intraespecíficas e verificar os possíveis eventos que atuaram para sua atual distribuição, testando assim algumas hipóteses. Máxima parcimônia, máxima verossimilhança e inferência bayesiana, assim como a árvore de espécie apresentaram basicamente a mesma topologia, onde cinco grupos principais com altos suportes estatísticos foram encontrados. X. g. polystictus / X. g. guttatus (grupo1) estão mais estreitamente relacionados ao taxon irmã X. susurrans (grupos 2) do que com os demais membros de X. guttatus (grupos 3, 4 e 5) o que foi corroborado pelos níveis de divergência, evidenciando a parafilia da superespécie X. guttatus; a topologia e os níveis de divergência observados no grupo 1 mostra que é inapropriado a atual classificação que reconhece como subespécies as formas polystictus e guttatus. Desta forma os resultados possibilitam a reconhecimento de duas espécies: X. guttatus incluindo todos membros do grupo 1 e X. guttatoides incluindo como subespécies as formas eytoni (grupo 3), vicinalis (grupo 4) e guttatoides (grupo 5). As estimativas do tempo de divergência mostram que os eventos de diversificação começaram no final do Plioceno e continuaram no Pleistoceno, onde provavelmente a formação do rio Amazonas e alguns de seus afluentes (Xingu, Tocantins e Madeira) assim como as mudanças climáticas associada as fragmentações e reconexões das florestas atuaram para atual distribuição e relações filogenéticas
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MARJANE SOARES FERREIRA
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CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DO ISOLADO DE Schistossoma mansoni DE ROEDORES SILVESTRES Holochilus brasiliensis DA BAIXADA MARANHANSE ATRAVÉS DE SEQUÊNCIAS DE GENES MITOCONDRIAIS
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Data: 28/04/2012
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O presente estudo buscou caracterizar geneticamente parasitos Schistosoma mansoni isolados de roedores silvestres Holochilussp. infectados naturalmente na cidade de São Bento (MA). Uma comparação com isolados do parasito em que não há a presença deste hospedeiro também foi realizada, além de estimar índices de variabilidade genética para os diferentes isolados e constatar hipóteses de infecção dos roedores por cercárias geneticamente distintas ou infecção dos hospedeiros intermediários por mais de um miracídio.O isolamento do DNA genômico foi realizado a partir de vermes íntegros ou de cercárias de três isolados geográficos de S. mansoni. Através da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), foram amplificados fragmentos dos genes mitocondriais citocromo c oxidase subunidade 1 (cox1) e citocromo b (cob), que após sequenciamento, alinhamento e edição corresponderam a sequências com 611 pb e 592 pb, respectivamente, organizadas em três bancos de dados. O banco 1 revelou três mutações de ponto do tipo transições (A-G), sendo um destes sítios de mutação única. O banco 2 apresentou mais uma mutação, um sítio de transversão (G-T), totalizando quatro variações encontradas para os bancos da cox1. O banco 3 apresentou três sítios de variação, todos com transições do tipo A-G e informativos para a parcimônia. Os resultados estimados com ambos os genes para os parasitos do isolado SBE indicaram baixos índices de diversidade haplotípica e nucleotídica. Os índices de diversidade genética para o marcador cox1 não apresentaram valores significativos, mas com o gene cob, mais variável, foi possível verificar uma diferença entre os isolados amostrados.
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MARCOS ALEXANDRE BORGES MONTEIRO
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CADEIA PRODUTIVA E CONTABILIDADE SOCIAL DO CARANGUEJO-UÇÁ NA CIDADE DE BRAGANÇA, PARÁ, BRASIL
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Data: 27/04/2012
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O presente trabalho estuda a Cadeia Produtiva e a Contabilidade Social do Caranguejo-uçá (Ucides cordatus) na cidade de Bragança – Pará. O trabalho teve início nos principais restaurantes da cidade a partir dos quais foram revelados os diferentes agentes dessa cadeia produtiva até alcançar os pescadores de caranguejo. Além disso, também foram mensurados 4800 espécimes de caranguejos em quatro pontos de comercialização, no intuito de saber se estão de acordo com a Portaria IBAMA Nº 034/03-N de junho de 2003. O presente estudo também identificou as formas de comercialização (formal e não formal) desses agentes sociais e analisou os valores de margens de comercialização do caranguejo-uçá através dos elos dessa cadeia produtiva. Todos os agentes que compõem a cadeia produtiva foram monitorados durante um ciclo anual. Foi utilizada a análise de variância não-paramétrica de Kruskal-Wallis para determinar as diferenças entre as varáveis. Os resultados mostraram seis agentes sociais compondo a cadeia produtiva do caranguejo-uçá na cidade de Bragança: pescador, catador, atravessador1, atravessador2, restaurante e consumidor final. O fluxo dessa cadeia produtiva é ramificado, mas não complexo. A margem de comercialização do caranguejo-uçá, representada pela cadeia produtiva local, constatou que o comércio atacadista (atravessadores) e o mercado varejista (restaurantes) acumulam cerca de 90% dos rendimentos. Dos 4800 caranguejos mensurados, somente 0,7% está abaixo do tamanho permitido por lei. Nos meses (janeiro, fevereiro e março), período do Defeso do caranguejo-uçá não houve uma redução significativa na pesca, no beneficiamento, no transporte e na comercialização desse recurso.
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LEIDE MARIANA DE SOUZA PUREZA
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DIVERSIDADE BACTERIANA DE UM AMBIENTE DE ECOSSISTEMAS DE MANGUE AMAZÔNICO
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Data: 23/04/2012
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Os manguezais formam uma zona de transição entre os ambientes terrestres, marinhos e de água doce, e hospedam uma grande diversidade de macro e micro-organismos. Nos últimos anos, crescentes impactos antrópicos têm causado a degradação generalizada dos ambientes de mangue. Para analisar a diversidade bacteriana da Lagoa Salina, um corpo artificial de água localizado nos manguezais da Amazônia Oriental, o DNA total foi extraído a partir de amostras de sedimentos e água que foram coletadas de três pontos (P1, P2, P3) localizado dentro do lago. O gene 16S rRNA foi parcialmente amplificado, as moléculas foram separadas utilizando o método de Cromatografia Líquida Desnaturante de Alto Desempenho (DHPLC), e sequenciadas. Os perfis do DHPLC foram bastante distintos entre as comunidades bacterianas aquáticas e sedimentares. Os grupos mais abundantes (> 70%) em todos os locais amostrados foram Proteobactérias e bactérias não classificadas, mas outros filos também foram identificados, incluindo Bacteroidetes, Cianobactérias, Acidobacteria e Firmicutes, Actinobactérias, Chloroflexi, Siprochaetes e TM7. Um total de 24, 15 e 23 UTOs (Unidades Taxonômicas Operacionais) foram observados nas amostras de água de P1, P2 e P3, respectivamente, e nas amostras de sedimento 29, 34, e 52 UTOs. Esta é a primeira análise realizada sobre a diversidade de bactérias da Lagoa Salina, a qual foi criada pela construção de uma estrada dentro de uma área de mangue protegido
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BRENO EDUARDO DA SILVA BARROS
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ASPECTOS DA BIOLOGIA ALIMENTAR DO PARU-BRANCO Chaetodipteros faber (TELEOSTEI: EPHIPPIDAE) E COMPARAÇÕES ECOLÓGICAS COM OUTROS EFIPÍDEOS
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Data: 07/04/2012
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ASPECTOS DA BIOLOGIA ALIMENTAR DO PARU-BRANCO Chaetodipteros faber (TELEOSTEI: EPHIPPIDAE) E COMPARAÇÕES ECOLÓGICAS COM OUTROS EFIPÍDEOS
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JOICIANE NASCIMENTO DE OLIVEIRA
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AVALIAÇÃO POPULACIONAL E FILOGEOGRAFIA DE CAMORIM (C. undecimalis) ATRAVÉS DE MARCADORES GENÉTICOS
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Data: 03/04/2012
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A espécie C. undecimalis, popularmente conhecido como camorim, possui uma ampla distribuição, que se estende da Flórida (EUA) ao sudeste do Brasil, e é um importante recurso pesqueiro, muito requisitado pelo mercado consumidor, principalmente para pesca recreativa, além de ser uma espécie bastante promissora para aquicultura. O único estudo populacional realizado com esta espécie detectou subestruturação genética entre localidades da costa da Flórida e interior do Golfo do México e Mar do Caribe. Através do uso de marcadores mitocondriais (Citocromo b e rRNA 16S) e nuclear (FC-1), o presente trabalho avaliou a estrutura populacional e filogeografia de populações de camorim da costa do Atlântico Ocidental (Amapá, Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro). Os resultados obtidos, considerando os diferentes marcadores utilizados, revelaram forte heterogeneidade genética entre a população à Norte da foz do Rio Amazonas (população do Amapá) e as populações à Sul dessa foz (populações do Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro), sem compartilhamento de haplótipos entre os grupos para nenhum dos marcadores genéticos analisados. A presença de estoques genéticos distintos de camorim foi corroborada pelos elevados e significativos valores de Fst par a par (> 0,98) quando se comparou a população do Amapá e as demais pertencentes ao grupo Sul. Além disso, os haplótipos exclusivos de cada grupo formaram clados reciprocamente monofiléticos nas árvores geradas pelos diferentes métodos utilizados (Máxima Parcimônia, Máxima Verossimilhança e Análise Bayesiana). Esta separação foi também observada nas redes de haplótipos. Os níveis de polimorfismo genético para os grupos Norte e Sul foram bastante reduzidos, e as análises demográficas sugerem uma drástica redução no tamanho efetivo populacional com perda severa de diversidade para as populações das duas margens da foz do Amazonas. Medidas de manejos devem ser implementadas para garantir a variabilidade genética dos dois grupos separados pela foz do rio Amazonas.
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AURYCEIA JAQUELYNE GUIMARAES DA COSTA
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OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DAS LARVAS DE PEIXES NO ESTUÁRIO DO TAPERAÇU (NORTE DO BRASIL)
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Data: 07/03/2012
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Devido à importância dos recursos pesqueiros para a população do norte do Brasil, o presente estudo focou na composição e dinâmica da comunidade do ictioplâncton do estuário do Taperaçu. Dados foram coletados nos setores interno, médio e externo do estuário. Amostras foram coletadas mensalmente entre janeiro e dezembro de 2007 durante as marés enchente e vazante. As amostras de água foram analisadas para a mensuração da salinidade, temperatura, oxigênio dissolvido, pH e turbidez. As larvas de peixes foram coletadas com uma rede de plâncton de malha de 300 μm, acoplada a um fluxômetro, a qual foi arrastada horizontalmente na superfície da água. Salinidade, oxigênio dissolvido, pH e turbidez apresentaram diferenças sazonais significativas. Um total de 2.642 larvas de peixes foi coletado e 15 famílias foram identificadas, com destaque para as famílias Engraulidae (34%), Sciaenidae (33%), Clupeidae (22%) e Gobiidae (6%). A média do número de larvas por amostra variou significativamente entre as estações de amostragem. Em termos específicos, um total de 2.196 larvas de peixes foi identificado em 29 espécies. As espécies mais abundantes em todo o estuário foram Anchovia clupeoides (32,9%), Rhinosardinia amazonica (30,6%) e Cynoscion acoupa (23,7%). Durante a maré enchente e na estação de amostragem mais interna, Cynoscion acoupa apresentou predominantemente larvas em estágio de pós-flexão. A densidade das espécies foi influenciada pelo período sazonal, sendo C. acoupa e A. clupeoides dominantes no período chuvoso e R. amazonica durante o período seco; todas com picos de densidade na estação mais interna do estuário. A maior abundância de larvas no interior do estuário está provavelmente relacionada por sua preferência por áreas rasas e intertidais ricas em nutrientes e com correntes reduzidas, a qual enfatiza a importância dos manguezais como áreas de berçário para estes organismos. Os resultados do presente estudo indicaram que a dinâmica espacial da comunidade ictioplanctônica do estuário do Taperaçu não foi afetada pelas variáveis hidrológicas, mas pareceu estar relacionada às características geomorfológicas locais e processos físicos, como a presença de bancos de areia e a ausência de descarga fluvial, a qual favorece a imigração de larvas de peixes dentro do estuário
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DANTE HADAD BALLARINI
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A PERCEPÇÃO DOS MORADORES DE CARATATEUA EM RELAÇÃO À RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA CAETÉ-TAPERAÇU, BRAGANÇA-PARÁ-BRASIL
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Data: 06/03/2012
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O presente estudo objetivou acessar a percepção dos moradores de Caratateua (Bragança-PA) em relação à RESEX Marinha Caeté-Taperaçu, visando contribuir para a gestão participativa desta unidade. Foram realizadas 117 entrevistas entre janeiro e julho de 2011, com questões abertas sobre indicadores socioculturais e de percepção. Os dados foram armazenados em planilhas e agrupados em categorias temáticas, sendo que para cada tema foi atribuído um peso numérico. As diferenças entre as percepções foram avaliadas através de correlação de Spearman e análise de Kruskal-Wallis. Os entrevistados eram da faixa etária de 13 a 75 anos, com média de 37,7 anos, e a maioria não completou o ensino fundamental. O tempo de residência é predominantemente superior a 10 anos, com média de 32,9 anos, e a maioria nasceu na comunidade, indicando que quase todos já moravam no local quando da criação da RESEX. A maioria dos entrevistados trabalha na agricultura ou na exploração de recursos naturais, como tiradores e catadoras de caranguejo e pescadores. A maioria dos entrevistados desconhece a unidade, seus limites geográficos e sua finalidade, e muitos acreditam tratar-se de uma fonte de aquisição de benefícios materiais. Não foram observadas correlações entre o grau de conhecimento dos entrevistados sobre a RESEX e o nível de escolaridade, idade, tempo de residência ou sexo dos moradores. A conservação foi a principal forma de cuidar da RESEX citada pelos entrevistados, os quais colocam-se como responsáveis pela unidade ao lado do poder público. Foi observada uma forte ligação afetiva entre os entrevistados e o ambiente, constatada através dos elementos naturais citados com valoração positiva e pelo fato de maioria afirmar que não quer mudar-se do local. A maioria dos entrevistados gostaria que futuramente a RESEX estivesse melhor do que está atualmente e muitos não acreditam que a situação possa piorar, sugerindo que de alguma forma crêem nas atitudes de conservação. A inclusão dos atores sociais e das dinâmicas ambientais locais no processo de tomada de decisão nas áreas protegidas deve ser considerada como fundamental à conservação da natureza. Por isso acreditamos que as informações geradas no presente trabalho podem contribuir ao planejamento e gerenciamento das ações de conservação da RESEX
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DARLAN DE JESUS DE BRITO SIMITH
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FATORES FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS ENVOLVIDOS NA INDUÇÃO DO ASSENTAMENTO E METAMORFOSE LARVAL E OS EFEITOS LATENTES DO PROLONGAMENTO DA FASE MEROPLANCTÔNICA NO DESENVOLVIMENTO JUVENIL DO CARANGUEJO-UÇÁ, UCIDES CORDATUS (LINNAEUS, 1763) (DECAPODA, BRACHYURA, UCIDIDAE)
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Data: 05/03/2012
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A presente contribuição científica descreve vários estudos experimentais que tiveram como principal objetivo ampliar os conhecimentos relacionados aos fatores físicos, químicos e biológicos envolvidos na transição da fase de vida meroplanctônica para a bentônica e investigar as consequências do prolongamento da fase larval para o desenvolvimento juvenil do caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763). Esta espécie exerce um importante papel ecológico dentro do ecossistema de manguezal, além de representar um dos recursos pesqueiros de grande importância econômica para as populações que vivem no litoral brasileiro. Desde 1997, as populações de U. cordatus vem sofrendo uma mortalidade em massa em decorrência da ‘Doença do Caranguejo Letárgico’ (DCL). Este fato também tem afetado os aspectos sócio-econômicos das populações locais que vivem diretamente da captura desse recurso pesqueiro. No primeiro estudo experimental (Capítulo 2), demonstrou-se que as megalopas de U. cordatus realizam o assentamento e metamorfose em resposta a presença de biofilmes microbianos oriundos do ambiente marinho e estuarino. No entanto, os biofilmes estuarinos tiveram uma atividade indutiva mais forte sobre a metamorfose larval do que os biofilmes do ambiente marinho. Além disso, a magnitude da resposta metamórfica das megalopas aumentou consideravelmente quando ambos os grupos de biofilmes foram associados com os estímulos (‘odores’) químicos conspecíficos liberados pelos caranguejos adultos, indicando um efeito aditivo e sugerindo que os biofilmes são capazes de absorver e armazenar moléculas químicas dissolvidas no meio aquoso. Interpretou-se então que a habilidade adaptativa das megalopas de reconhecer biofilmes de diferentes ecossistemas, assim como também a de responder a vários estímulos ambientais em combinação poderia ser extremamente importante durante o recrutamento larval por facilitar a localização do habitat bentônico adequado para o assentamento definitivo junto à população conspecífica nos manguezais. O segundo trabalho experimental (Capítulo 3) demonstrou que o limite fisiológico de tolerância à baixa salinidade e a resposta metamórfica das megalopas de U. cordatus, a diferentes regimes de salinidade, difere entre populações geograficamente isoladas e que vivem em estuários caracterizados por diferentes condições climáticas e hidrológicas. A tolerância fisiológica e a reposta larval aumentaram significativamente no cultivo quando as megalopas foram expostas aos estímulos emitidos pelos caranguejos conspecíficos em águas com diferentes salinidades. As megalopas do estuário do Rio Caeté (Norte do Brasil) exibiram uma forte eurihalinidade e resistiram ao estresse hiposmótico ao contrário das megalopas produzidas pela população do estuário do Rio Caravelas (Nordeste do Brasil). Neste estudo, o limite fisiológico de tolerância salina das megalopas correspondeu com os limites de baixa salinidade registrados nos respectivos estuários. Os resultados indicaram à ocorrência de uma plasticidade fenotípica na adaptação fisiológica a salinidade ambiental nas megalopas de U. cordatus, o que sugere a existência de populações fisiologicamente diferentes vivendo ao longo litoral atlântico brasileiro. Em um terceiro estudo realizado no laboratório (Capítulo 4), demonstrou-se pela primeira vez que as megalopas de U. cordatus respondem não somente aos estímulos químicos dos caranguejos adultos conspecíficos, mas também àqueles produzidos pelos recrutas juvenis, sugerindo que a liberação destes estímulos é independente da maturidade sexual nessa espécie. A efetividade de tais estímulos produzidos pelos caranguejos juvenis e adultos conspecíficos poderia aumentar as taxas de recrutamento por facilitar o assentamento larval no habitat onde população conspecífica vive. Além disso, os juvenis poderiam auxiliar na recuperação natural de populações impactadas em áreas afetas pela sobre-pesca, onde somente os caranguejos adultos são capturados. No quarto estudo experimental (Capítulo 5), demonstrou-se que a magnitude da resposta metamórfica das megalopas de U. cordatus depende não somente do período em que os estímulos exógenos se tornam disponíveis no ambiente, mas também da duração do período de exposição a eles. O período em que as larvas se tornam fisiologicamente competentes e receptivas aos odores dos caranguejos conspecíficos foi determinado entre 9 e 12 dias de desenvolvimento do estágio de megalopa. Este período de máxima receptividade larval parece estar fortemente relacionado com fases específicas dentro do ciclo de muda das megalopas. Verificou-se também que este período fisiológico de competência larval difere entre indivíduos produzidos por diferentes fêmeas conspecíficas. Além disso, esta variabilidade intra-específica também ocorreu entre megalopas que se desenvolveram através de diferentes números de estágios de zoea (5 ou 6). Sugeriu-se então que um período específico ocorrendo dentro do desenvolvimento do estágio de megalopa, a fêmea de origem e a plasticidade fenotípica nas vias do desenvolvimento larval representam fatores importantes que podem afetar a resposta das megalopas de U. cordatus aos estímulos metamórficos do ambiente. Finalmente, o ultimo estudo experimental (Capítulo 6) evidenciou que o retardo da metamorfose larval pode afetar o desenvolvimento dos estágios iniciais de caranguejo juvenil em U. cordatus. Juvenis que tiveram a metamorfose larval adiada exibiram uma reduzida taxa de sobrevivência, um prolongado período de desenvolvimento, um lento crescimento e um pequeno tamanho corporal quando comparados com indivíduos que sofreram metamorfose mais cedo. Estes efeitos latentes (‘carry-over’) resultantes do retardo da metamorfose larval parecem estar fortemente relacionados ao estresse nutricional causado por uma significativa redução na taxa de ingestão de alimento durante o período fisiológico de competência metamórfica. Este estudo ainda revelou que a magnitude de tais efeitos também pode apresentar uma variação entre indivíduos produzidos por diferentes fêmeas conspecíficas. Tal fato sugeriu um efeito combinado entre o estado maternal, efeitos de condições desfavoráveis durante o desenvolvimento embrionário e/ou fatores genéticos com os efeitos prejudiciais causados pelo retardo da metamorfose larval. Estes efeitos latentes oriundos de condições previamente vividos pelos estágios larvais poderiam afetar a competitividade pelos recursos bentônicos, afetando desta forma a sobrevivência e o crescimento dos estágios juvenis iniciais de U. cordatus. Os conhecimentos científicos obtidos através dos respectivos estudos experimentais aqui descritos poderiam ser utilizados na elaboração de futuros trabalhos relacionados à recuperação natural de populações impactadas, principalmente em áreas drasticamente afetadas pela pressão de pesca e pela mortalidade em massa resultante da DCL. Além disso, o presente estudo poderia ser utilizado para o aprimoramento das técnicas de cultivo larval de U. cordatus em larga ou pequena escala no laboratório.
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CARLOS MURILO MENDES RIBEIRO
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MORFODINÂMICA DA FOZ DE UM ESTUÁRIO DE MACROMARÉ NO LITORAL AMAZÔNICO BRASILEIRO
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Data: 29/02/2012
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O estudo morfodinâmico da foz do estuário Taperaçu buscou compreender a relação entre as variantes temporais e espaciais dos aspectos sedimentologicos e hidrodinâmicos e suas implicações na morfologia da área. Considerando as características morfodinâmicas do estuário, as quais implicam em tendência de preenchimento da sua bacia, o estudo foi desenvolvido com objetivo deinvestigar a morfodinâmica da foz do estuárioTaperaçu dentro de uma perspectiva evolutiva, focando os processos de transporte de sedimentos com o propósito de entender como a dinâmica na porção externa do Taperaçu rege os processos que agem em sua manutenção. Baseado em dados de variação de salinidade, correntes, sedimento, maré e morfologia, adquiridos em campanhas durante um ano, foram analisados os componentes sazonais das variantes da hidrodinâmica e sedimentologia, e relacionados com a configuração morfológica da foz do estuário. A foz do estuário é uma região bem misturada e sem correntes de salinidade, e demonstrou receber influência de áreas de manguezaise dos processos de evaporação. A configuração da maré na área indicou assimetria com vazante mais longa, entretanto as correntes no canal principal demonstraram receber influência da morfologia local e do fluxo de água drenada de canais de conexão, resultando em intensidades mais elevadas na fase de vazante, inclusive nas marés equinociais de sizígia em período chuvoso, em que as correntes alcançam 1.7 m/s na vazante e atingem 1.23 m/sna enchente. A morfologia da área revelou bancos depositados na porção interna e externa da baia e um canal principal bem definido com cobertura sedimentar predominantemente composta por areia fina. Uma grande área rasa tomada por bancos e canais rasos voltados para a porção leste eleva a topografia nessa região, gerando a drenagem das águas de vazante em direção ao canal principal da foz do Taperaçu. A configuração morfológica e hidrodinâmica da foz do estuário gera um complexo fluxo de correntes de maré no canal principal, resultando em tendência de transporte de sedimento em direção ao mar durante o período seco. Em período chuvoso o transporte de sedimento não ocorre em um sentido prevalente. O aspecto morfológico e as conexões na foz do estuário promovem uma dinâmica favorável à manutenção do sistema Taperaçu.
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LORENA AZEVEDO TEIXEIRA
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ANÁLISES MOLECULARES CONFIRMAM O STATUS DE ESPÉCIE INDEPENDENTE PARA O PICA-PAU-DO-PARNAÍBA Celeus obrieni (PICIDAE)
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Data: 27/02/2012
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Celeus obrieni, popularmente conhecido como Pica-pau-do-Parnaíba, é a única espécie do gênero Celeus ameaçada de extinção, e endêmico do Brasil. Estudos com C. obrieni possuem grande importância para a ornitologia, pois sua descrição foi baseada em apenas um exemplar, permanecendo por mais de meio século sem novos registros, além de ter sido considerada como subespécie de Celeus spectabilis. Atualmente, vários registros confirmam a presença do Pica-pau-do-Parnaíba em diferentes Estados do Brasil e sua validade taxonômica já é aceita, tendo sido confirmado por dados moleculares de um único exemplar. No presente trabalho, foram realizadas análises moleculares com fragmentos mitocondriais e nuclear para novos exemplares de C. obrieni visando a confirmação de sua monofilia e manutenção de sua linhagem evolutiva distinta, quando comparado com C. spectabilis. Os resultados obtidos confirmaram a monofilia de C. obrieni, onde os arranjos filogenéticos produzidos apoiaram a separação entre C. obrieni e C. spectabilis. Os valores de divergência intra e interespecífica também corrobora a completa distinção entre os táxons, com valores superiores aos encontrados entre C. undatus e C. grammicus, sendo estas duas últimas utilizadas como comparativo nas análises. A estimativa do tempo de separação entre C. obrieni e C. spectabilis sugere que o evento de cladogênese provavelmente ocorreu no Pleistoceno Médio (600 mil anos atrás) durante períodos de flutuações climático-vegetacionais, apoiando a hipótese de conectividade passada entre áreas de savanas tropicais na América do Sul através de um corredor andino. O status de espécie ameaçada, única dentro do gênero Celeus, aponta a necessidade de estudos direcionados para um maior conhecimento deste endemismo das matas de taboca do Brasil.
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