Dissertações/Teses

Clique aqui para acessar os arquivos diretamente da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFPA

2024
Descrição
  • TALIA DO SOCORRO SILVA DA SILVA
  • POTENCIAL SEDATIVO E ANESTÉSICO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Lippia alba (Mill) N.E. Br DURANTE O MANUSEIO E TRANSPORTE DE PÓS-LARVA DE Macrobrachium amazonicum (HELLER, 1862)

  • Orientador : CRISTIANA RAMALHO MACIEL
  • Data: 21/03/2024
  • Mostrar Resumo
  • O camarão-da-amazônia é uma espécie nativa da América do Sul que apresenta grande potencial para a carcinicultura de água doce, respondendo bem ao processo de domesticação e apresentando um pacote tecnológico desenvolvido. No entanto, um dos aspectos que precisa avançar é o bem estar animal, pois durante o cultivo os animais podem passar por diferentes procedimentos estressantes, tais como: biometria, ablação do pedúnculo ocular, coleta de amostras de tecido e transporte de pós-larvas ou adultos. O estresse pode comprometer a homeostase dos animais, prejudicar o seu desempenho ou a sobrevivência. Contudo, a adição de sustâncias anestésicas pode tranquilizar os animais reduzindo seus custos metabólicos durante o transporte ou em procedimentos mais invasivos. O objetivo deste estudo foi avaliar a viabilidade do uso do banho anestésico com óleo essencial (OE) de Lippia alba, para uso no manejo e transporte de pós-larvas de M. amazonicum. O OE foi diluído em álcool (1:9), por isso foram incluídos dois grupos controle: C1= somente água; C2 = álcool (na mesma quantidade da maior diluição). Os banhos anestésicos foram seguidos de um banho de recuperação em água, sem adição de fármacos. As concentrações testadas para identificar se os animais atingiam a sedação leve (estágio I) e anestesia profunda (estágio II), por curo período (30 minutos) foram: 50, 100, 250, 500, 1000, 2000 e 3000 µL. L -1 (10 réplicas cada). Para determinar o potencial uso desse fármaco para manejos prolongados, por 12 horas, foram realizados dois testes: na primeira etapa foi definida a dose segura e eficiente com observação individual de cada animal, e na segunda etapa foi simulado um transporte, com 130 pós-larvas L-1 (por embalagem), mantidos em uma plataforma de agitação. Evidenciamos que a dosagem para induzir a anestesia profunda de curta duração em M. amazonicum foi de 3000 µL. L -1, seguido de rápida recuperação (4,19 ± 3,14 minutos), sem causar morte dos animais. As demais doses induziram apenas a sedação leve, acompanhado da recuperação instantânea. As concentrações que induziram a sedação leve e duradoura foram 15 e 30 µL. L-1.As pós-larvas imersas nessas doses de banho anestésico ficaram tranquilizadas por 12h e se recuperaram imediatamente após a sua transferência para o banho de recuperação. A sedação foi acompanhada de aumento da sobrevivência e redução da amônia da água, quando comparados a animais dos grupos controle, sem adição do OE de L. alba. As concentrações de 3000 µL. L -1 OE de L. alba paralisa os animais, similar ao estágio II de sedação, mas é necessário verificar se suprime dor. As doses de 15 e 30 µL. L-1 são recomendadas para procedimentos prolongados para mitigar efeitos de estresse. Esse manejo mostrou-se barato, eficiente e seguro.

  • JOSÉ WILSON DIAS SAMPAIO
  • JUSTIÇA AMBIENTAL:

    ANÁLISE DOS MECANISMOS LEGAIS À CONCESSÃO DO SEGURO DEFESO AOS PESCADORES ARTESANAIS DO CARANGUEJO-UÇÁ (UCIDES CORDATUS – LINNAEUS, 1963) NO LITORAL NORDESTE DO PARÁ, AMAZÔNIA BRASILEIRA

  • Orientador : FRANCISCO PEREIRA DE OLIVEIRA
  • Data: 08/03/2024
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo objetivou investigar, identificar e analisar os mecanismos legais para a concessão do seguro defeso para os pescadores artesanais de caranguejo-uçá (Ucides cordatus - Linnaeus, 1963) do litoral bragantino, estado do Pará, da Amazônia brasileira. A principal pergunta de pesquisa partiu de muitas inquietações, dentre as quais, a indagação sobre quais as razões em que alguns estados brasileiros conseguem executar a política de repasse de recurso para o seguro defeso, no entanto, os pescadores de caranguejo do litoral norte, não o conseguem. Quais as razões para que em alguns estados a política seja efetivada e em outros ficam somente nas normativas? Os procedimentos metodológicos foram delineados a partir da abordagem qualitativa de pesquisa, em que as principais técnicas e instrumentos foram a entrevista por meio de um roteiro com perguntas semiestruturadas, respectivamente, aplicadas para 10 pescadores de caranguejo-uçá. O processo analítico ocorreu por meio da organização, sistematização e interpretação/compreensão a partir da análise de conteúdo, dentre leis, jurisprudências, decretos e decisões judiciais. Os resultados revelam que os pescadores de caranguejo-uçá do litoral norte do País, estão completamente desassistidos em termos de políticas públicas voltadas à regularização e valorização do trabalho do pescador artesanal e também quanto a políticas de seguridade do trabalho e da renda em época de defeso do caranguejo-uçá. A conclusão é que enquanto o Estado continuar negando o direito ao seguro desemprego (seguro defeso) aos pescadores artesanais de caranguejo-uçá do litoral norte, a lei que garante a preservação e  proteção à espécie estará fadada ao descumprimento, pois de um lado há a proibição da captura do caranguejo no período do defeso, por outro, a ausência de uma política capaz de estimular alternativas de renda ao pescador de caranguejo nesse período em que a captura e a comercialização do crustáceo são proibidas. Vez que o direito ao seguro defeso garante a proteção social do pescador e por consequência a conservação do meio ambiente, alcançando assim a efetivação do cumprimento da Justiça Ambiental, tendo uma relação mais equânime, entre sociedade e meio ambiente.

  • SHEYLA DA SILVA LEAO
  • MODULAÇÃO DAS ONDAS PELA MARÉ E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA AO LONGO DA PRAIA DE AJURUTEUA (BRAGANÇA, PARÁ, BRASIL): influência de bancos arenosos locais

  • Data: 31/01/2024
  • Mostrar Resumo
  • A praia de Ajuruteua, por localizar-se em uma região altamente dinâmica em função do somatório da ação de macromarés, ondas e ventos substanciais, constitui um local de intenso transporte de sedimentos, o que propicia a formação de bancos arenosos de intermaré. A caracterização do clima e a distribuição de energia de ondas são fundamentais para o entendimento dos processos costeiros no local. Diante disso, esse trabalho teve como objetivo caracterizar clima de ondas na região em um período de 13 anos, com o uso de dados de ondas do modelo WAVEWATCH III. Assim como, avaliar distribuição da força de onda ao longo da península em diferentes períodos e os efeitos dos bancos arenosos na transmissão de ondas na praia de Ajuruteua, utilizando um modelo numérico de propagação de onda chamado Delft 3D, módulo Wave. Adicionalmente, levantamentos topográficos sazonais foram realizados para verificação das variações morfológicas na praia de Ajuruteua e sua relação com a energia de ondas. Os resultados de direções de ondas mais predominantes foram de Nordeste (NE) e Leste (E). A região norte da península bragantina apresentou os maiores valores de força de onda em todos os períodos analisados e a região sudeste os menores valores. A região nordeste, onde localiza-se a praia de Ajuruteua, apresentou valores médios de força de onda. A avaliação da variação morfológica praial, em associação aos padrões de distribuição de onda sugere que a energia de ondas está principalmente relacionada à deposição de sedimentos no período seco e a erosão poderia estar associada majoritariamente à ação das correntes de maré. Por fim, a atenuação de ondas foi maior durante os estágios de maré baixa e menor durante as marés altas, indicando modulação pela maré. Os resultados sugerem que o banco arenoso atua como um “quebra-mar natural”, dissipando grande parte da energia das ondas, no entanto os processos erosivos prevalecem e o balanço sedimentar, associado à ação das correntes de maré, parecem ser determinantes. Esforços futuros devem ser direcionados para esses aspectos.

2023
Descrição
  • INDIRA ANGELA LUZA EYZAGUIRRE
  • Modelagem baseada em evidências para uma governança ambiental efetiva dos manguezais no Peru e Brasil.

  • Orientador : MARCUS EMANUEL BARRONCAS FERNANDES
  • Data: 29/12/2023
  • Mostrar Resumo
  • O manguezal é um ecossistema complexo de suma relevância encontrando-se -90% em países em desenvolvimento, como Peru e Brasil. Esses manguezais oferecem serviços ecossistêmicos e bom viver às comunidades estuarino-costeiras, além de desempenhar um papel fundamental na contribuição à Década do Oceano. Os manguezais sofrem impactos de origem natural e antropogênicos como, por exemplo, a erosão ocasionada pelas mudanças climáticas e a perda de floresta de mangue por atividades como a aquicultura no Peru é a construção de estradas e urbanização ao norte do Brasil. Por isso, é indispensável adaptar e contextualizar a realidade do manguezal dentro do contexto de desenvolvimento sustentável, no intuito de identificar lacunas na informação e planejar estratégias de conservação junto às comunidades e incluir o conhecimento tradicional. A Modelagem Bascada em Evidências pode ser uma ferramenta que combina metodologias e tipos de modelagem (conceitual, teórica e ambiental) para representar a estruturação de um sistema de governança ambiental efetivo. Portanto, o presente estudo teve como objetivo principal propor um framework a partir dessa modelagem como estratégia de conservação para efetivar a governança ambiental, comparando Áreas Marinhas Protegidas (AMPS) que protegem os manguezais no Peru e Brasil. A modelagem ambiental evidenciou que na Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu não houve perdas de florestas de mangue ao longo de 36 anos, com cenário diferente no Santuário Nacional los Manglares de Tumbes no Peru, onde o principal fator de perda foi a aquicultura. Assim, é melhor manter as florestas de mangue do que convertê-las em outras categorias de uso, como a aquicultura e/ou áreas urbanizadas. Os resultados dessas avaliações serviram de base para direcionar o diagnóstico participativo de forma contextualizada e identificar lacunas na informação para que seja possivel implantar a proposta do Sistema de Monitoramento baseado na Ciência Participativa e nas evidências e lições aprendidas das realidades no Peru e Brasil. Além do mais, as AMPs cumpriram um papel de barreira de proteção dessas florestas e graças a essa politica ambiental foi possivel ter, por um lado, a maior faixa contínua de manguezais do planeta e, por outro, o único ccossistema de manguezal conservado no Peru.

  • DAYENE SANTIAGO MENDES
  • Quantificação e identificação de microplásticos em canais de maré de manguezais da Amazônia brasileira.

  • Data: 21/12/2023
  • Mostrar Resumo
  • O litoral brasileiro enfrenta uma crescente ameaça de poluição por resíduos sólidos, com os detritos plásticos sendo amplamente reconhecidos como um significativo poluente ambiental marinho. Atualmente, uma parcela considerável desses resíduos é encontrada nos oceanos na forma de microplásticos (MPs) (inferior a 5 mm). Devido às suas propriedades flutuantes e persistentes, os MPs têm o potencial de se dispersar amplamente por meio de processos hidrodinâmicos e correntes oceânicas, gerando crescente preocupação sobre seus efeitos na saúde ambiental e humana. A problemática da poluição por MPs em ambientes aquáticos é motivo de considerável preocupação. Este estudo concentrou-se na análise da abundância, características e distribuição de MPs em 9 estações amostrais nos canais de maré ao longo da Península de Ajuruteua, Bragança - Pará. Os resultados descritos ao longo da tese revelaram a presença de MPs nos sedimentos (433 ± 261.6 itens kg-¹) e nas águas superficiais (1,69 ± 1,73 itens/m³) da área de estudo. A análise das partículas incluiu a investigação da forma, cor e tipos de polímeros, destacando fibras, fragmentos e filmes. Além disso, observou-se também o tamanho das partículas, onde houve a predominância de MPs de pequenas dimensões (<500 µm) em ambos os compartimentos. Adicionalmente, a análise química de espectroscopia por FTIR e Raman identificaram 7 tipos de polímeros presentes na Península, revelando a presença de verniz alquídico (AV), resina de dispersão (RD), polietileno clorado (CPE), polietileno-polipropileno (PE-PP), polietileno de baixa densidade (PEBD), azul hostaperm (HB) e polietileno de alta densidade (HDPE). As atividades de pesca foram identificadas como a principal fonte de descarte de MPs da região. Um modelo de avaliação de risco foi aplicado, considerando dados de concentração de MPs, com o objetivo de avaliar o risco de poluição tanto nas águas superficiais quanto nos sedimentos da Península de Ajuruteua. Essa avaliação de risco proporciona uma base crucial para uma compreensão mais aprofundada da distribuição e características dessas partículas, destacando a urgência de um monitoramento intensivo para mitigar a liberação de MPs no ambiente. Este estudo contribui com uma perspectiva valiosa sobre os riscos associados aos MPs, fornecendo insights essenciais para pesquisas futuras.

  • JOAO BATISTA QUADROS FARIAS
  • Pesca com curral na Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, Bragança-PA: implicações para as florestas de mangue

  • Data: 21/12/2023
  • Mostrar Resumo
  • Na Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu no município de Bragança-PA são realizadas várias modalidades de pesca, todas de forma artesanal, que utilizam como apetrecho principalmente as redes de pesca, espinheis e armadilhas. Dentre as armadilhas o curral de pesca se destaca como a mais significativa, sendo uma atividade bem consolidada e desenvolvida por pescadores tradicionais. Para a realização dessa pescaria é necessário seguir algumas etapas: i) escolher um local ideal para a implantação da estrutura; ii) realizar extração de madeira do mangue para a formação da estrutura e iii) ter um rancho (casa) de apoio para a pescaria. Os manguezais são essenciais para a pesca com currais, pois das florestas de mangue que são retiradas as madeiras para construção e manutenção de currais e ranchos. Com isso, o objetivo desse estudo é compreender a pesca com curral, os modus operandi com relação aos usos da madeira para currais e ranchos, e avaliar os impactos e implicações nas florestas de mangue da reserva. O estudo identificou o perfil socioeconômico dos pescadores, mapeou 79 currais, 27 ranchos e 76 áreas de corte de madeiras no mangue (pontos amostrais) e avaliou quanto de madeira é retirada para o uso nessa pescaria, avaliando biomassa e carbono. O índice de corte indicou que a madeira cortada está em nível médio para alto. Deste modo o estudo propõe a necessidade da realização do manejo adequado da madeira voltado a realidade da pescaria com curral.

  • CARLA DENISE BESSA DE BRITO
  • EXPLORANDO A EVOLUÇÃO GENÔMICA EM ANUROS: UMA ANÁLISE INTEGRADA DE PADRÕES MITOCONDRIAIS E MONTAGEM DE MITOGENOMAS VIA RNA-SEQ

  • Data: 19/12/2023
  • Mostrar Resumo
  • A análise dos mitogenomas em anuros tem sido amplamente abordada na literatura, embora muitas dessas investigações ainda se restrinjam predominantemente a abordagens descritivas. No contexto atual, marcado por avanços significativos em técnicas de bioinformática, a montagem de mitogenomas a partir de dados de RNA-seq tornou-se uma cada vez mais frequente. Nesse sentido, realizamos um abrangente levantamento de dados para análises de padrões de organização gênica, compilando dados provenientes de 819 sequências de mitogenomas que representam 37 famílias, 91 gêneros e 334 espécies de anuros. Além disso, conduzimos a montagem de 15 genomas mitocondriais de bufonídeos utilizando a abordagem de RNA-seq. Durante essa análise dos mitogenomas, identificamos 52 padrões distintos de organização gênica, sendo dois deles notavelmente proeminentes e denominados padrão I e II. O padrão I está associado exclusivamente ao clado Archaeobatrachia, enquanto o padrão II é característico do grupo Neobatrachia. Uma descoberta relevante foi a identificação de rearranjos frequentes nos agrupamentos de genes WANCY, IQM e LTP tRNA, com muitos desses rearranjos revelando importância filogenética. De maneira intrigante, observamos que a variabilidade dos arranjos mitogenômicos em Neobatrachia (AR=0,32) é superior à observada em Archaeobatrachia (AR=0,21), indicando uma diversificação mais intensa neste último grupo. Por sua vez, a reconstrução de mitogenomas a partir de transcriptomas foi positiva, cuja validação foi corroborada pela filogenia, evidenciando a monofilia dos gêneros e suas relações próximas. Além disso, a datação revelou eventos evolutivos significativos. Apesar do sucesso alcançado por meio dessa abordagem, enfrentamos desafios relacionados à cobertura e profundidade dos genomas, especialmente em regiões repetitivas. Entretanto, a velocidade e eficiência dessa técnica contrastaram positivamente com métodos clássicos mais demorados. Concluímos que os anuros exibem uma notável diversidade de padrões mitogenômicos, os quais possuem relevância filogenética, proporcionando informações valiosas para a compreensão da evolução molecular e dos arranjos mitogenômicos nos diversos clados deste táxon. Bem como, ressaltamos que a montagem de mitogenomas a partir de RNA-seq emerge como uma ferramenta crucial para a validação em estudos sobre a biologia evolutiva, apresentando uma promissora abordagem para explorar a diversidade genômica em anuros da família Bufonidae, contribuindo de forma substancial para os estudos filogenéticos com esse grupo.

  • DANIELSON ALEIXO
  • ANÁLISE GENÔMICA E TAXONOMIA DO JOÃO-LISO (Thripophaga fusciceps) (Aves: Furnariidae): MODELO DE DIVERSIFICAÇÃO DA AVIFAUNA EM AMBIENTES ALAGÁVEIS DA AMAZÔNIA

  • Data: 18/12/2023
  • Mostrar Resumo
  • A avaliação da variação genética intraespecífica é crucial para compreender a evolução, conservação e classificação de subespécies com diferentes características fenotípicas e distribuições geográficas. As florestas alagadas na Amazônia possuem processos históricos distintos que podem influenciar a diversificação da biota local. Estudos com aves especializadas nessas florestas revelaram diversos padrões biogeográficos, incluindo subdivisões na distribuição das espécies. Por exemplo, o João-liso (Thripophaga fusciceps, Furnariidae) é uma ave que habita as florestas de várzeas na Amazônia e apresenta três subespécies reconhecidas, cada uma com características distintas na plumagem e vocalização, além de estarem divididas em quatro populações com distribuições geográficas isoladas. Nesse contexto, este estudo tem como objetivo investigar os processos evolutivos que levaram ao isolamento dessas populações e testar a validade desses táxons como unidades evolutivas independentes por meio de uma abordagem filogeográfica. Utilizamos uma representação reduzida do genoma (elementos ultraconservados) para obter um conjunto de SNPs. Nossos resultados de estrutura populacional e reconstrução filogenética corroboraram a presença de linhagens monofiléticas dentro da espécie Thripophaga fusciceps, o que está em concordância com a classificação taxonômica das três subespécies, refletindo uma história evolutiva independente. Esse padrão sugere um baixo fluxo gênico entre as subespécies, possivelmente devido a eventos paleoclimáticos ocorridos durante o Quaternário. Assim, as três subespécies parecem representar unidades evolutivas distintas, o que implica na necessidade de reclassificação taxonômica.

  • FERNANDA NATALIA DE SA FREITAS
  • Diversificação Filogeográfica do Fuscous Flycatcher (Cnemotriccus fuscatus, AVES - TYRANNIDAE)

  • Data: 18/12/2023
  • Mostrar Resumo
  • O guaracavuçu (Cnemotriccus fuscatus) é uma espécie de ave de gênero monotípico, composto por sete subespécies. Apresenta ampla distribuição na América do Sul, podendo ser encontrado em ambientes muito distintos, desde as florestas de várzea às campinaranas. Levando em conta estes aspectos, acreditamos que uma avaliação filogeográfica deste táxon permitirá compreendermos aspectos de sua diversificação histórica, fornecendo insights a respeito dos eventos biogeográficos ocorridos na América do Sul. Neste estudo, utilizamos marcadores moleculares (Cyt-b – mitocondrial / I7BF – nuclear), em cinco das sete subespécies existentes. Nossos resultados recuperaram o monofiletismo de Cnemotriccus, além da existência de três linhagens reciprocamente monofiléticas dentro do gênero, as quais denominamos linhagem 1 - Cnemotriccus fuscatus, linhagem 2 – Cnemotriccus fumosus, e linhagem 3 – Cnemotriccus bimaculatus, baseado em uma divergência molecular profunda, formada durante o Mioceno e o Plioceno. Nossos resultados reforçam a necessidade de uma revisão taxonômica do táxon, com o intuito de validar as linhagens encontradas como espécies plenas, contribuindo para o entendimento correto da diversidade neotropical de aves.

  • MATHEUS WATANABE GLINS
  • Taxonomia Integrativa, Filogenia e Cofilogenia de Gyrodactylidae (Platyhelminthes, Monogenoidea) Parasitos de Peixes Cyprinodontiformes

  • Data: 18/12/2023
  • Mostrar Resumo
  • O presente trabalho tem como objetivo principal reconhecer a diversidade de espécies da família Gyrodactylidae, parasitos de peixes Cyprinodontiformes de águas continentais e costeiras da Amazônia Oriental, utilizando a taxonomia integrativa combinando dados morfológicos e moleculares. Assim como propor hipóteses filogenéticas para as espécies de girodactilídeos e compreender quais os processos de coevolutivos responsáveis pelo padrão de diversificação de Gyrodactylidae em peixes Cyprinodontiformes. No Capítulo I. Taxonomia integrativa de Ieredactylus (Monogenoidea, Gyrodactylidae) parasita de Anablepsoides urophthalmus (Cyprinodontiformes, Rivulidae) da Amazônia Oriental, Brasil foi reconhecida e descrita uma nova espécie neotropical de Ieredactylus parasitando Anablepsoides urophthalmus da região Norte do Brasil. O status taxonômico da nova espécie foi confirmado com a combinação de análises morfológicas e moleculares. Além disso, foi possível propor uma hipótese filogenética para Ieredactylus spp. em relação aos demais girodactilídeos. No Capítulo II. Taxonomia e cofilogenia de Gyrodactylus (Monogenoidea: Gyrodactylidae) parasitos de Cyprinodontiformes. Uma nova espécie de Gyrodactylus neotropical é reconhecida e descrita para Anableps microleps da região Norte do Brasil. A descrição foi feita com a combinação de análises morfológicas e moleculares. Aqui também, apresentamos uma hipótese filogenética para entender a relação filogenética entre as espécies de Gyrodactylus parasitas de peixes Cyprinodontiformes neotropicais. Além disso, foram realizadas análises cofilogeneticas a fim de elucidar os eventos que contribuem para a diversificação de Gyrodactylidae e seus hospedeiros Cyprinodontiformes.

  • RENATA TAIS GOMES DOS REIS
  • INVENTÁRIO DE INSETOS AQUÁTICOS NOS ESTUÁRIOS DE MANGUEZAL NA PLANÍCIE COSTEIRA DE BRAGANÇA – PA

  • Orientador : FABIO BATAGINI QUINTEIRO
  • Data: 07/12/2023
  • Mostrar Resumo
  • Os manguezais são ecossistemas costeiros limitados às regiões de climas tropicais e subtropicais, na transição entre os ambientes terrestres e marinhos e considerados zonas de elevada produtividade biológica. Os insetos são amplamente estudados por terem uma importante função na decomposição de matéria orgânica, na ciclagem de nutrientes e fluxo de energia, sendo utilizados como indicadores de integridade ambiental. Entretanto, estamos longe de saber quais e quantas espécies de insetos aquáticos estão presentes no Brasil e, sobretudo, na Amazônia, onde ainda existe imensa lacuna do conhecimento, principalmente em ambientes estuarinos. Da mesma forma, nos manguezais brasileiros há poucos estudos que apresentem a composição e/ou abundância de insetos aquáticos. O objetivo dessa pesquisa foi realizar um inventário das populações de insetos aquáticos presente neste ecossistema. Para isso, foram realizadas amostragens em quatro pontos, com armadilha luminosa padronizada, a cada dois meses aproximadamente, durante um período de um ano. O inventário de espécies demonstra que na área de estudo há presença de sete ordens com representantes aquáticos, sendo elas: Coleoptera, Diptera, Ephemeroptera, Hemiptera, Lepidoptera, Odonata e Trichoptera, distribuídas em 20 famílias e 44 gêneros. A ordem Diptera apresentou maior abundância, principalmente o gênero Culicoides presentes em todos os pontos de coleta amostrados, sendo dominante no período chuvoso. Um único gênero da ordem Ephemeroptera foi observado apenas no período chuvoso no Furo do Taici, quando apresentou a salinidade mais próxima de zero. A ordem Trichoptera também esteve presente no Taici, sendo este o ponto mais distante do mar (aprox. 23km), cuja a salinidade média durante o período de coleta foi 5,77 ppt para o seco e 0,35 ppt no chuvoso. No entanto, observamos a ocorrência de indivíduos desta ordem no furo da Ostra somente no período chuvoso, este apresentou a segunda menor média de salinidade 4,95 ppt. A análise de PERMANOVA nos mostrou diferenças significativas na composição de táxons entre os quatro pontos de amostragem (p > 0.05), o que pode também ser observado no MDS. Da mesma forma, também podemos notar que não houve diferença significativa desta composição em relação aos períodos de coleta (seco/chuvoso). Estes resultados revelam altas tolerâncias abióticas em alguns grupos de insetos, porém, fica evidente, não só a relevância de estudos taxonômicos da fauna presente nos manguezais, mas também o conhecimento de características biológicas dos táxons. 

  • TÁRCIA FERNANDA DA SILVA E SILVA
  • ESTUDOS DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO EVOLUTIVO E DA DIVERSIDADE DE ESPÉCIES DA SUBFAMÍLIA STELLIFERINAE (SCIAENIDAE, ACANTHURIFORMES)

     

  • Data: 30/11/2023
  • Mostrar Resumo
  • A subfamília Stelliferinae possui distribuição anfiamericana, nas costas do Atlântico e Pacífico, e é a terceira em diversidade em Sciaenidae, com 51 espécies válidas distribuídas entre os gêneros Stellifer, Bairdiella, Odontoscion, Elattarchus e Corvula. Todas as filogenias que incluíram o grupo sugerem a monofilia de Stelliferinae, porém, não há consenso sobre as relações filogenéticas entre os gêneros, nenhuma filogenia molecular abrangeu todos os gêneros da subfamília e a taxonomia do grupo ainda precisa de revisão. Portanto, este trabalho tem como objetivos avaliar a diversidade de espécies da subfamília, bem como contribuir para a compreensão das relações filogenéticas e a biogeografia de Stelliferinae. A diversidade de espécies foi avaliada a partir de análises de delimitação de espécies (Automatic Barcode Gap Discovery - ABGD, Generalized Mixed Yule Coalescence - GMYC e Bayesian Poisson Tree Process - bPTP) com a região barcoding da Citocromo Oxidase C subunidade I (COI) mitocondrial. As análises de 31 espécies válidas foram congruentes em delimitar de 30 a 32 unidades taxonômicas moleculares operacionais (MOTUs), sendo, a maioria, concordantes com a taxonomia atual. As espécies Stellifer menezesi e Stellifer gomezi foram atribuídas a uma MOTU discordando de revisão recente do gênero. Também, Odontoscion xanthops e Corvulla macrops pertecem à única MOTU e devem ser revisadas. Por outro lado, foi evidenciado linhagens crípticas em Odontoscion dentex e Bairdiella chrysoura, o que também foi corroborado pela divergência genética e genealogia dos haplótipos. Para as análises filogenéticas e filogeográficas foram utilizados 9041 pares de bases, incluindo o DNA mitocondrial (rDNA 16S, COI, CITB) e nuclear (RHOD, EGR1, RAG1, ENC1, SREB2, GLYT, PLAG2, MYH6, ZIC1, TBR1). Os resultados confirmaram a monofilia de Stelliferinae, mas sugerem que Stellifer não é monofilético, pois suas espécies agrupam em três clados, sendo um deles mais proximamente relacionado ao clado contendo os demais gêneros da subfamília (Bairdiella/Elattarchus/Odontoscion/Corvula). Também, confirma-se a similaridade genética entre S. menezesi e S. gomezi, sugerindo que estas são a mesma espécie. Odontoscion não é monofilético, pois O. xanthops é mais próximo de Corvula macrops que de O. dentex, indicando que os gêneros devem ser sinonimizados. Adicionalmente, foram identificadas duas linhagens crípticas em O. dentex sugerindo que são espécies distintas. Também, os resultados apoiam a estreita relação entre Bairdiella e Elattarchus. Sob aspectos filogeográficos, foi possível inferir que Stelliferinae se originou no Mioceno inicial há 16,7 (HPD: 13,13 – 20,42) milhões de anos (Ma), no Atlântico, e que não houve associação entre a área de ocorrência das espécies e os clados formados, o que indica que a formação do Ístmo do Panamá pode ter influenciado no processo de diversificação na subfamília e que os táxons do Pacífico se dispersaram antes do fechamento total do Ístmo. Também se sugere que a formação da pluma do Amazonas pode ter contribuído para a diversificação em O. dentex que ocorreu há cerca de 3,3 Ma (HPD: 1,48 – 5,06), durante o Plioceno. Portanto, a soma de evidências sugere a ocorrência de diversidade não descrita dentro de Stelliferinae e que há necessidade de revisão taxonômica ampla dentro da Subfamília.

  • DEIVIANE DE CASSIA FERNANDES CARVALHO
  • Influência da abertura do dossel, dos gradientes topográficos e de inundação na comunidade de plântulas e plantas jovens de uma floresta inundável da bacia do rio Caeté, zona costeira da Amazônia

  • Data: 27/11/2023
  • Mostrar Resumo
  • O estudo analisou a influência da abertura do dossel, do gradiente topográfico e de inundação na composição, distribuição e cobertura de plântulas e plantas jovens de árvores e lianas lenhosas, assim como seus padrões de dispersão na floresta inundada da bacia do rio Caéte ao longo de quatro transecções, numa área de 0,074 ha. Foi estabelecido um total de oito parcelas (6 m × 14 m, duas por transecção). Cada parcela foi dividida em subparcelas de 2 m × 2 m, onde plântulas e plantas jovens (até 1,30 m de altura) de árvores e lianas lenhosas foram inventariadas. Previamente foram realizados levantamentos topográficos e florísticos na área. De acordo com o levantamento topográfico prévio, a microtopografia local foi classificada em três categorias: “baixa”, “intermediária” e “alta”. Disponibilidade de luz foi estimada usando três categorias de sombra: “iluminado”; “parcialmente sombreado” e “sombra”. A síndrome de dispersão foi investigada para as espécies com maior frequência e dominância relativa, baseado em literatura e na observação de características dos diásporos. O gradiente topográfico variou de 1 m a 4 m. Os níveis mais baixos pertenciam a canais de maré, recebendo influência diária das inundações de maré, mesmo no período de estiagem. As áreas mais altas permaneceram secas durante o período de estiagem e sofreram inundação somente com as marés de sizígia. A floresta recebeu condições intermediárias de iluminação, com um dossel mais fechado, típico de uma floresta de sucessão tardia. A topografia e inundação influenciaram significativamente a cobertura total de plântulas e plantas jovens, com aumento de cobertura em direção a elevação mais alta/inundação reduzida. Porém, a inundação não determinou claramente a composição e distribuição de espécies. A floresta possuia grande diversidade e riqueza de espécies de mudas. Ao todo foram inventariados 139 morfoespécies. Combretum sp1 e Sarcaulus brasiliensis foram as espécies com maior frequência. Gustavia augusta teve maior dominância relativa. O recrutamento de plântulas e plantas jovens foi dependente da estação do ano. A dispersão dos diásporos da maioria das espécies ocorreu no período chuvoso. As marés tiveram papel importante na dispersão e no estabelecimento de mudas. Permitiram a mistura dos diásporos flutuantes dos diferentes níveis topográficos. O seu fluxo bidirecional garantiu maior variabilidade e fluxo gênico. Houve uma variedade de síndromes de dispersão, mas a maioria foi dependente da água para dispersão, sendo exclusiva ou facultativamente hidrocóricas e ictiocóricas.

  • GISELE DO CARMO REIS
  • EVIDÊNCIAS EXPERIMENTAIS ASSOCIAM O COMPORTAMENTO DE ENTERRAR DE Castalia ambigua (BIVALVIA: HYRIIDAE) COM A FORMA E DENSIDADE DA CONCHA

  • Orientador : COLIN ROBERT BEASLEY
  • Data: 02/10/2023
  • Mostrar Resumo
  • Bivalves de água doce utilizam seu pé muscular junto com a concha para escavar e se enterrar no sedimento. Porém, existem poucas informações sobre como os bivalves se comportam no sedimento de rios amazônicos. Este estudo buscou investigar o comportamento de se enterrar do bivalve de água doce Castalia ambigua, que é a espécie predominante no rio Caeté, nordeste do Pará, e amplamente distribuída no Brasil. Comparei através de experimentos em laboratório, usando microcosmos que foram mantidos com um fluxo de ~ 0.2 m/s através de um aerador de aquário, o comportamento de dois diferentes Morfotipos de C. ambigua que variam na forma da concha entre áreas de maior e menor hidrodinâmica. O Morfotipo I (predominante em áreas de maior hidrodinâmica) possui a forma da concha alongada na região posterior, sendo lateralmente comprimida. Em contraste, o Morfotipo II (mais abundante em áreas de menor hidrodinâmica) tem a concha arredondada na região dorso- posterior e é dorsalmente mais arqueado e lateralmente inflada. Os experimentos ocorreram no laboratório entre outubro e dezembro de 2019. Realizei três tratamentos, Morfotipo I, Morfotipo II, e Morfotipo I+II, com três diferentes densidades (4, 8 e 16 bivalves) para cada tratamento, que foram replicados três vezes (n total = 27). Cada conjunto de observações durou 6 dias, sendo realizadas três observações (dias 2, 4 e 6) para cada conjunto (81 observações no final). Durante os experimentos, calculei os movimentos horizontais (cm) e medi a concha exposta (mm) na interface sedimento-água de cada indivíduo. O Morfotipo I permaneceu menos exposto com 4 bivalves. Em contraste, este morfotipo foi mais exposto e tendeu a se agregar nos tratamentos com 8 e 16 bivalves, semelhante às observações do Morfotipo II em todas as densidades. O Morfotipo II é encontrado principalmente em habitats de baixa energia hidrodinâmica, sugerindo que manchas com altas densidades podem estabilizar o substrato em torno das conchas do Morfotipo I, que está associado a habitats de alta energia hidrodinâmica. Sugiro que esses padrões possam estar associados a fatores intrínsecos da espécie, como reprodução e alimentação. Além disso, estudos adicionais usando outras espécies de bivalves pertencentes às famílias Hyriidae e Mycetopodidae são importantes, uma vez que o comportamento desses bivalves no sedimento pode fornecer informações úteis sobre seus papéis funcionais nos ecossistemas fluviais.

  • MARILIA DA COSTA RIBEIRO
  • INTEGRAÇÃO DE ASPECTOS ETNOECOLÓGICOS, ETNOBIOLÓGICOS E ETNOZOOLÓGICOS DA PESCA ARTESANAL NA VILA DO MOTA, RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE MARACANÃ, PARÁ

  • Data: 29/08/2023
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo dispõe sobre os conhecimentos etnoecológicos, etnobiológicos e etnozoológicos de pescadores artesanais em uma comunidade pertencente a Reserva Extrativista Marinha (RESEX-Mar) de Maracanã, região nordeste do Pará. O objetivo principal do trabalho foi compreender os saberes tradicionais dos pescadores da Vila do Mota, a fim de responder a indagação: em que medida os saberes tradicionais dos pescadores da Vila do Mota contribuem para a conservação do meio ambiente na Reserva Extrativista Marinha de Maracanã? A pesquisa tem como abordagens metodológicas a qualitativa e a quantitativa, alicerçadas nas técnicas da entrevista, observação participante e análise documental, utilizando instrumentos específicos como questionário e roteiro semiestruturado e diário de campo, respectivamente. A amostragem foi obtida através da “metodologia bola de neve” e contou com a colaboração de 30 pescadores artesanais, todos são residentes da Vila do Mota, beneficiários da RESEX-Mar, além disso, tem como principal atividade a pesca e a realiza há mais de 10 anos. Os dados quantitativos foram organizados e tabulados no software Excel, para a produção de gráficos, quadros e tabelas e, os dados qualitativos, referentes às falas dos entrevistados, foram transcritas e analisadas à luz da Análise de Conteúdo, através da categorização de temas e cruzamento dos discursos dos pescadores, a fim de apresentar elementos discursivos relevantes aos objetivos da pesquisa. Os resultados evidenciaram que a principal modalidade de pesca realizada na comunidade é a de curral, seguida de malhadeiras, cerco e arrasto de praia, e tarrafa, sendo estas, mais comumente realizadas de forma complementar no período entressafra. Os pescadores demonstraram possuir uma estreita relação com o meio ambiente e as espécies de peixes que ocorrem na região, sendo as suas práticas produtivas extremamente associadas às dinâmicas e processos ambientais, as principais variáveis mencionadas foram a sazonalidade e os ciclos lunares, que interferem significativamente na composição das espécies e biomassa capturada. Ademais, os pescadores detêm apurados conhecimentos sobre aspectos etnoecológicos, como hábitos alimentares, reprodução e movimentos migratórios das principais espécies aquáticas da localidade. A transmissão de saberes está ameaçada devido ao baixo ingresso de jovens na atividade pesqueira, estes, assim como as famílias, não desejam a inserção na pesca, em frente às dificuldades emergentes enfrentadas, como o abandono do poder público e a falta de políticas de desenvolvimento à comunidade e à pesca, além da sobre-exploração dos estoques pesqueiros pelas frotas industriais no litoral do País. Colocando em risco a conservação do meio ambiente e dos modos de vida dessas populações, que tem suas vivências fortemente vinculadas à natureza e aos seus ciclos.

  • OTAVIO TRINDADE ASSUNCAO
  • DIVERSIDADE DE LEPTOCERIDAE (INSECTA: TRICHOPTERA) NA REGIÃO COSTEIRA DO NORDESTE PARAENSE: CINCO NOVAS ESPÉCIES E NOVOS REGISTROS

  • Data: 25/08/2023
  • Mostrar Resumo
  • Trichoptera compreende uma grande ordem de insetos estritamente aquáticos que ocorre praticamente no mundo todo. Em várias regiões do Brasil já se tem bastante conhecimento sobre esse grupo. No entanto, os conhecimentos taxonômicos de insetos aquáticos no estado do Pará, especialmente da região costeira do nordeste paraense, ainda são incipientes. Nesse contexto, Leptoceridae, uma das famílias mais diversas da ordem, representa alto potencial para estudos no Pará dada sua ampla extensão territorial e diversidade de habitats. O gênero Nectopsyche, por exemplo, possui apenas três espécies registradas Nectopsyche diminuta, Nectopsyche ortizi, e Nectopsyche punctata; e o gênero Oecetis também possui apenas três: Oecetis connata, Oecetis excisa, e Oecetis punctipennis; o gênero Achoropsyche, monotípico, possui A. duodecimpunctata registrado; e Triplectides está representado por T. egleri. Buscando conhecer a diversidade e distribuição das espécies de leptocerídeos, amostragens foram realizadas em municípios do nordeste paraense. Em contribuição ao conhecimento taxonômico sobre Leptoceridae, em especial da fauna amazônica, propomos cinco novas espécies e quatro novos registros de espécies desta família para o estado: sendo quatro para Nectopsyche e uma para Oecetis. Os novos registros correspondem às espécies Nectopsyche quatuorguttata, registrada anteriormente no Mato Grosso e Maranhão; Nectopsyche acutiloba, registrada anteriormente em Minas Gerais, Nectopsyche adusta, registrada em Minhas Gerais e São Paulo, e Nectopsyche jenseni no Amazonas. Com isso, nossos resultados ampliam para 11 o número de espécies do gênero Nectopsyche, e quatro de Oecetis no estado do Pará.

  • VALDEMIRO DOS PEREIRA CARLOS MUHALA
  • Diversidade da Ictiofauna costeira em Moçambique: DNA Barcoding, análise mitogenômica comparativa e o impacto das mudanças climáticas nas pescas

  • Data: 16/08/2023
  • Mostrar Resumo
  • A biodiversidade é o conjunto de variações existentes entre os seres vivos, que podem ser analisadas sob os aspectos taxonômico, ecológico e genético. Seu estudo é fundamental para compreender os processos evolutivos, ecológicos e biogeográficos que vem moldando a vida na Terra. De uma forma geral, nesta tese, vamos abordar questões referentes às mudanças climáticas e seu efeito nas pescarias, e a importância das ferramentas genéticas, como o DNA barcoding e análise mitogenômica comparativa, para a identificação e caracterização de espécies de peixes coletadas na costa de Moçambique, no Oceano Índico Ocidental. Assim, esta tese foi construída a partir da compilação de oito capítulos, dos quais seis deles estão escritos na linguagem de artigos científicos. No primeiro artigo, fazemos uma abordagem sobre impacto das mudanças climáticas nas pescas e no setor aquícola, principalmente os efeitos do ciclone IDAI e KENNETH que assolaram Moçambique no ano de 2020. Os resultados demostraram que existem, tanto impactos diretos, quanto indiretos. O efeito sobre os ecossistemas marinhos e costeiros, configuram na perda de diversidade de peixes que já tem sido discutida pelos pesquisadores, e que as consequências dos eventos não são apenas projeções futuras, mas sim atuais. Como resultado de uma campanha de coleta com alta investigação sobre a diversidade de peixes costeiros ao longo da costa de Moçambique, s ferramentas que utilizam o DNA para identificação das espécies foi aplicada, e os seguintes artigos (2o, 3o, 4o e 5o artigos) foram resultantes desta abordagem. Baseado nestas análises, o DNA barcoding recuperou 143 espécies correspondentes a 104 gêneros e 59 famílias evidenciadas. Paralelamente a isso, evidenciou-se a existência de espécies ameaçadas e outras que a sua ocorrência na região nunca tinha sido reportada anteriormente, incluindo Bolepthalmus dussumieri (artigo 3); Hippocampus kellogi (artigo 4) e Maculabatis gerrardi discutido no artigo 5. O sexto e último artigo teve como objetivo montar o genoma mitocondrial da espécie B. dussumieri, bem como investigar as variações evolutivas dentro dos mitogenomas da subfamília Oxudercinae. Os resultados demostraram estrutura gênica altamente conservada. No entanto, encontramos uma diferenciação na proporção de genes no grupo mudskipper e vários rearranjos diferentes, incluindo variação gênica, espaçador intergênico longo e replicação. Além disso, as análises filogenéticas mitogenômicas suportaram bem a monofilia dos mudskippers. Os resultados obtidos nesta tese trazem um contributo inequívoco sobre a diversidade dos peixes em Moçambique bem como compreender pela primeira vez as variações dos mitogenomas dos mudskippers por meio das análises genéticas.

  • RODRIGO PETRY CORREA DE SOUSA
  • Análises citogenéticas e moleculares de espécies de peixes das ordens Elopiformes e
    Characiformes: implicações para compreensão da biodiversidade, sistemática e
    filogenia.

  • Data: 02/06/2023
  • Mostrar Resumo
  • O grupo dos peixes oferecem um modelo para estudos sistemáticos, biogeográficos e evolutivos em virtude de sua grande biodiversidade. A região Neotropical destaca-se por exibir a maior diversidade de peixes, dos quais as ordens Elopiformes e Characiformes se destacam pela sua posição filogenética basal em Teleostei e diversidade de espécies de amplo interesse econômico e científico. Ambas são consideradas linhagens antigas de peixes Teleostei, com espécies crípticas, incertae sedis e grupos com resoluções filogenéticas não elucidadas. Assim sendo, os peixes destas duas ordens oferecem excelentes oportunidades para investigações evolutivas, dadas as particularidades diversas entre seus representantes. Desta forma, buscou-se investigar os mecanismos de evolução cromossômica e da diversidade genética de peixes destas ordens, visando a compreensão da biodiversidade e relações filogenéticas, além de auxiliar na resolução de problemas taxonômicos e sistemáticos. Para tais fins, analisamos duas espécies da ordem Elopiformes (Elops smithi e Megalops atlanticus) e duas espécies da ordem Characiformes (Astyanax bimaculatus e Psalidodon scabripinnis), nas quais foram realizadas análises cromossômicas, por meio de técnicas de bandeamentos e hibridizações in situ fluorescente, com diferentes tipos de sequencias repetitivas. Além disso, foram realizadas análises filogenéticas e de diversidade genética com os genes mitocondriais citocromo oxidase I e citocromo b. É importante destacar que dados de citogenética e moleculares da literatura de outras espécies de Elopiformes e Characiformes também foram utilizados para elaboração de resultados e discussão dos estudos. Os resultados mostram que, embora determinadas características a nível macroestrutural sejam relativamente conservadas entre as espécies filogeneticamente próximas, tais como o número diplóide e morfologia cromossômica, as diferenças cromossômicas a nível micro, assim como as diferenças genéticas, são em muitos casos potenciais marcadores espécies específicas. Além disso, a diversidade genética e cromossômica observada sugere que os eventos evolutivos, tais como fusões, fissões e inversões cromossômicas, que podem ter levado a diferenciação entre espécies, são altamente dinâmicos e que podem ajudar a compreender a evolução dos grupos estudados. Por fim, a integralização de abordagens citogenéticas e moleculares permitiu a identificação das variações entre espécies, permitindo a compreensão de questões relacionadas à biologia evolutiva dos componentes a diferentes níveis taxonômicos.

  • CARLYNNE CHINA SIMOES
  • Limites inter-específicos e diversificação de uma linhagem amplamente distribuída em florestas Neotropicais: o complexo Glyphorynchus spirurus (Aves: Dendrocolaptidae)

  • Data: 04/05/2023
  • Mostrar Resumo
  • Há muito tempo a região Neotropical é objeto de estudo de pesquisadores que visam entender o processo e a caracterização da abundante diversidade existente nessa região, tanto de fauna quanto de flora. Um dos grupos de vertebrados mais rico em diversidade e mais bem estudado dessa região são as aves, algo que contribui significativamente para o entendimento da história da formação dessa biota. Dentro dessa perspectiva, a família dos arapaçus (Dendrocolaptidae), que é endêmica dessa região, possui vários aspectos que a tornam adequada para estudos sobre a diversificação Neotropical, como uma alta taxa de diversificação. Também apresenta uma impressionante variação nas características morfológicas, como no formato dos bicos. Uma das espécies dessa família é Glyphorynchus spirurus, um pequeno arapaçu facilmente encontrado na Amazônia, parte da América Central e Mata Atlântica. Possui 13 subespécies e é normalmente associada à centros de endemismo. As relações filogenéticas já foram inferidas em alguns estudos, principalmente com genes mitocondriais, porém em todos o baixo valor de suporte permitia dúvidas sobre as relações apresentadas. Em todos esses estudos nota-se a possibilidade de diversidade críptica nesse grupo, já que, além de algumas subespécies apresentarem parafiletismo, G. spirurus apresenta uma grande variação de coloração de plumagem (principalmente nas manchas da garganta e peito) e de vocalização. Por conta disso, busquei nesta tese entender a história evolutiva da espécie através de elementos ultra-conservados (UCEs) e dados morfológicos (coloração da plumagem). Nossos dados apresentam a existência de, pelo menos, sete populações genéticas, dentre as nove subespécies que amostramos geneticamente. Isso não reflete a quantidade de linhagens recuperadas filogeneticamente, algo que sugere uma história filogeográfica complexa para o grupo. Além disso, encontramos que, embora os rios representem um papel importante para a diversificação do grupo, alguns não se comportam como barreiras efetivas, favorecendo a existência de fluxo gênico. Esse fluxo gênico também pode estar influenciando no estabelecimento do padrão de coloração de plumagem exibido pela espécie. Nossos dados mostram pelo menos seis padrões de coloração na Amazônia, que conversam com a quantidade de populações genéticas recuperadas para a mesma região. A diferenciação de coloração sugere um gradiente, de um avermelhado ao noroeste que vai clareando em direção ao sudeste. Embora em alguns grupos possamos relacionar o padrão de cores com fatores abióticos, de um modo geral, a possibilidade de diversidade críptica e a existência de grande distância geográfica entre algumas populações, se mostra uma razão importante para o que a espécie apresenta. Finalmente, entender a diversidade críptica existente no complexo é um passo importante para descrevermos a história evolutiva do grupo e, para isso, propor a utilização de uma taxonomia integrativa se faz necessária para o melhor entendimento da diversificação de G. spirurus.

  • WANDERSON CUNHA PEREIRA
  • Análise bioacústica de Rhinella major (Müller & Helmich, 1936) (Anura: Bufonidae)

  • Data: 27/04/2023
  • Mostrar Resumo
  • Diversos grupos de vertebrados e invertebrados produzem sons para diferentes contextos sociais e reprodutivos. A maioria desses sinais acústicos possuem características distintas que podem ser úteis na descrição de novas espécies, entendimentos acerca da diversidade genética de diferentes espécies, obtenção de informações comportamentais dos organismos e na construção de inventários de biodiversidade. No entanto, algumas espécies podem alterar seu comportamento por causa de diferentes características ambientais, incluindo os seus sinais acústicos. A espécie Rhinella major, assim como a maioria do anuros, possui canto específico do tipo complexo, ou seja, diferentes cantos podem ser usados para diferentes contextos. Porém, o canto de anúncio está entre os mais importantes, pois tem a principal função de atrair as fêmeas coespecíficas para o acasalamento e pode transmitir informações acerca da localização e tamanho dos indivíduos. E, mesmo que, em geral, sejam estereotipados e uniformes, não se pode ignorar possíveis variações intraespecíficas relacionadas à interação de contextos sociais e reprodutivos com as características abióticas e/ou antropogênicas de seus habitats.

    No primeiro artigo desta tese foram analisadas vinte e uma variáveis acústicas das chamadas de anúncio de trinta e dois sapos da espécie Rhinella major do munícipio de Capitão Poço, Pará, e duas variáveis morfológicas, peso (g) e comprimento rostro-cloacal (mm), a fim de comparar com outras pesquisas prévias com a mesma espécie e testar a hipótese alométrica acústica de que indivíduos maiores possuem frequências sonoras mais baixas comparados aos menores. Os resultados indicam que mais pesquisas devem ser realizadas para melhor compreender o comportamento vocal da espécie Rhinella major, dada a determinação de diferenças nos parâmetros acústicos entre diferentes populações. Além disso, nossos resultados também fornecem mais evidências de que a frequência dominante é um parâmetro essencial para o entendimento dos padrões alométricos acústicos nos vertebrados, visto sua correlação negativa com o tamanho corporal dos espécimes de Rhinella major.

    O segundo artigo foi proposto para verificar, a partir de um experimento acústico, denominado estrada fantasma, como diferentes níveis de sons contínuos reais registrados em diferentes distâncias de uma rodovia de alto fluxo afetam tanto as atividades de vocalização, quanto as estruturas vocais das chamadas de anúncio de espécimes de Rhinella major. A partir desta metodologia, os resultados mostraram evidências de plasticidade das características da vocalização dos espécimes como maneira de evitar o mascaramento de suas vocalizações associadas à antropofonia, uma vez que os diferentes níveis de ruídos antrópicos testados afetaram as atividade e estruturas vocais das chamadas de anúncio dos espécimes de R. major estudados.

    No terceiro artigo, por 46 dias e com auxílio de monitoramento acústico passivo (PAM), foram registradas as atividades vocais de espécimes de Rhinella major, numa área do munícipio de Capitão Poço, Pará. As informações coletadas foram utilizadas para testar a hipótese de que diferentes variáveis ambientais (temperatura do ar, umidade e chuva) influenciam conjuntamente as atividades e variações vocais dos espécimes de Rhinella major. Nossos resultados descartaram a hipótese inicial e sugeriram, que mesmo a temperatura sendo um elemento preponderante sobre o comportamento vocal dos anuros, a chuva e a umidade relativa do ar contribuíram mais fortemente sobre as varáveis acústicas mensuradas para os indivíduos de Rhinella major analisados.

  • RAFAEL GUILHERME ANDRE DE ARAUJO
  • DNA BARCODING PARA A AVALIAÇÃO DA TAXONOMIA E DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS PEIXES CAPTURADOS COMO FAUNA ACOMPANHANTE DA PESCA DO CAMARÃO NO NORTE DO BRASIL

     

     


  • Data: 18/04/2023
  • Mostrar Resumo
  • O arrasto é um método de pesca controverso devido à percepção da falta de seletividade da rede e à consequente captura de uma grande quantidade e diversidade de espécies não alvo. Neste estudo, foi utilizado o método de DNA barcode para identificar a composição das espécies de peixes capturadas como fauna acompanhante na pesca de arrasto de camarão na costa norte brasileira. Um total de 182 espécies pertencentes a 18 ordens e 62 famílias foram capturadas, incluindo 17 espécies sob algum grau de ameaça na natureza, de acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas (IUCN). Esses resultados destacam o impacto sobre a biodiversidade marinha do norte do Brasil causado pela captura acidental de operações de pesca industrial de pequena escala e não regulamentadas, e apoiam a aplicação de métodos baseados em DNA para a identificação de espécies capturadas por pescarias com poucos dados, como uma ferramenta poderosa para melhorar a qualidade das estatísticas de captura de pesca e registros de capturas acessórias mais precisos.

  • JOAO FLOR DOS SANTOS NETO
  • Taxonomia integrativa, filogenia e coevolução de Urocleidoides Mizelle & Price, 1964 (Platyhelminthes, Monogenoidea) parasitos de peixes Characiformes e Gymnotiformes (Neopterygii, Ostariophysi) das drenagens costeiras da Amazônia Oriental, Brasil.

  • Data: 15/02/2023
  • Mostrar Resumo
  • O presente trabalho tem como principal objetivo reconhecer a diversidade de Urocleidoides (Dactylogyridae) parasitos de peixes Characiformes e Gymnotiformes de drenagens costeiras da Amazônia Oriental, a partir de uma análise integrativa utilizando dados morfológicos e moleculares. Além disso, pretende-se avaliar as relações filogenéticas entre as espécies de Urocleidoides, assim como investigar a história cofilogenética entre este sistema parasito-hospedeiro, a fim de elucidar quais os processos históricos evolutivos que atuaram a diversificação destes parasitos. O Capítulo I trata do estudo da diversidade de Urocleidoides parasitos das brânquias de peixes Characiformes e Gymnotiformes de drenagens costeiras da Amazônia Oriental. Quatro novas espécies de Urocleidoides foram descritas de diferentes bacias hidrográficas da região do Nordeste Paraense (Amazônia Oriental). Além disso, uma análise filogenética baseada em dados moleculares (28S rDNA e COI mtDNA) foi proposta revelando que espécies de Urocleidoides com ausência de esclerito vaginal (incertae sedis) são proximamente relacionadas às espécies que possuem esclerito (sensu stricto), sugerindo que a ausência do esclerito vaginal em Urocleidoides pode ser resultado de um evento de perda secundária. No Capítulo II, duas novas espécies de Urocleidoides foram descritas parasitando as brânquias de Pseudanos trimaculatus (Characiformes: Anostomidae) provenientes da Bacia do Rio Guamá, região do Nordeste Paraense. Este é considerado o primeiro registro da ocorrência de Urocleidoides parasitando P. trimaculatus. Também, foi proposta uma hipótese filogenética a partir de sequências moleculares (28S rDNA e COI mtDNA), revelando que as espécies de Urocleidoides reportadas para peixes anostomídeos são proximamente relacionadas e formam um agrupamento monofilético. Além disso, foi possível observar que Urocleidoides, possivelmente, representa um agrupamento não natural. No Capítulo III outras quatro novas espécies de Urocleidoides foram descritas parasitando as branquiais de Chraraciformes eritrinídeos (Erythrinus erytrhinus, Hoplerythrinus unitaeniatus), anostomídeos (Schizodon fasciatus) e Gymnotiformes (Brachyhypopomus beebei). Ademais, a filogenia das espécies de Urocleidoides foi reconstruída a partir das sequências do gene 28S rDNA para inferir as relações filogenéticas das espécies estudadas. Os resultados recuperaram agrupamentos monofiléticos de espécies de Urocleidoides, e que estes agrupamentos estão estritamente relacionados a seus hospedeiros em nível de família. Por fim, análises cofilogenéticas foram realizadas demostrando a existência de alta congruência entre as árvores das espécies de Urocleidoides e seus hospedeiros. Os resultados também sugerem que eventos de coespeciação, perda e falha ao divergir podem estar atuando na diversificação de Urocleidoides em hospedeiros Characiformes e Gymnotiformes. 

  • PATRICK DOUGLAS CORRÊA PEREIRA
  • MUDANÇAS MOLECULARES NO TELENCÉFALO DO Calidris pusilla DURANTE O PERÍODO DE INVERNADA EM LATITUDES BAIXAS

  • Data: 27/01/2023
  • Mostrar Resumo
  • Aves migratórias se preparam de maneira diferente para voar para o norte para se reproduzir na primavera e para o voo para latitudes mais baixas durante o outono, evitando o frio e a escassez de alimentos do inverno rigoroso do hemisfério norte. Os eventos moleculares associados a esses dois estágios fundamentais na história de vida dos migrantes incluem a expressão diferencial de genes reguladores em diferentes tecidos. Os maçaricos semipalmados (Calidris pusilla) são aves limícolas que se reproduzem no Ártico e que migram para a costa da América do Sul fora da estação reprodutiva. Embora o período de inverno dos migrantes latitudinais ocupe oito dos doze meses do ano, as mudanças moleculares adaptativas no telencéfalo dessas aves em latitudes mais baixas ainda não foram investigadas em detalhe. Aqui,
    buscamos a expressão gênica diferencial telencefálica no maçarico semipalmado, comparando aves recém-chegadas (RA) oriundas da migração outonal (capturadas em setembro e outubro) com indivíduos no período pré-migratório (PM) na primavera, (capturados em abril e maio). Todos os indivíduos foram coletados na Ilha Otelina, na zona costeira do estuário amazônico no norte do Brasil (00°47'09.07” S e 46°43'11.29” W). Geramos um neurotranscriptoma De novo para C. pusilla de indivíduos com RC e PM e comparamos o mapeamento de leitura e os perfis de expressão gênica em bibliotecas para expressão diferencial de neurotranscriptoma.
    Para esse fim, mapeamos as leituras de RNA-seq para a montagem do neurotranscriptoma de C. pusilla em um total de 8 amostras telencefálicas, 4 de indivíduos RC e 4 de indivíduos PM. Amostras telencefálicas foram sequenciadas e o mapeamento de leitura e os perfis de expressão gênica comparados em bibliotecas para transcrições expressas diferencialmente. Um total de 266.414 transcrições foram reconstruídas, resultando em 615 genes expressos diferencialmente no telencéfalo de RC e PM. O presente trabalho revelou uma notável expressão gênica diferencial no telencéfalo de indivíduos invernantes RC e PM, destacando as mudanças moleculares telencefálicas desses dois estágios contrastantes na história de vida do migrante C. pusilla

2022
Descrição
  • LEANDRO SILVA ANDRE
  • AVALIAÇÃO DO RISCO ECOLÓGICO DE METAIS PESADOS EM SEDIMENTOS DE MANGUEZAL NA COSTA AMAZÔNICA BRASILEIRA

  • Data: 31/12/2022
  • Mostrar Resumo
  • A poluição por metais pesados associada à atividade humana é uma grande preocupação em ambientes costeiros, particularmente em áreas de manguezal que têm alta capacidade em adsorver metais pesados. No entanto, pouco se conhece sobre os fatores influentes de poluição por metais pesados em manguezais, especialmente na costa amazônica brasileira. No presente estudo foi analisada a granulometria do solo, concentração dos metais e índices de contaminação foram usados para avaliar o risco ambiental por Cádmio, Cobre, Cromo, Chumbo e Manganês no sedimento dos manguezais nos estados do Pará e Maranhão. Nossos resultados mostraram que a área de estudo está sob contaminação considerável tendo cádmio e manganês como os metais de maior potencial de risco ambiental. Nossos resultados poderão ser considerados como valores naturais (background) para a região da costa amazônica em foco, fornecendo um primeiro cenário sobre a poluição por metais pesados ao longo da maior faixa contínua de manguezais do mundo.

  • JOICI DA SILVA SILVEIRA
  • Estrutura florestal e florística de espécies arbóreas da floresta inundá- vel de um pequeno rio urbano amazônico

  • Data: 29/12/2022
  • Mostrar Resumo
  • Este estudo analisou a florística e estrutura das espécies arbóreas que compõem a vegetação da mata inundável de um rio urbano, o rio Cereja, Bragança, Pará. O levantamento foi realizado em 3 áreas, Área 1 e Área 2 na parte menos urbana da cidade, e Área 3 na parte mais urbana, em um total de 1,78 ha. Dentro dessas áreas foram estabelecidas parcelas ao longo de transecções ortogonais ao curso de água que foram divididas em sub-parcelas contínuas de 10 × 15 m. Foram incluídas no levantamento árvores que tinham diâmetro à altura do peito de ≥5 cm. Foram coletadas 70 morfo-espécies pertencentes a 58 gêneros e 36 famílias. Nas áreas menos urbanizadas e com vegetação mais preservada as espécies com os mais altos valores de importância foram Virola surinamensis, Mauritia flexuosa, Symphonia globulifera e Euterpe oleracea. Na Área 3, na parte mais urbana, as palmeiras (Arecaceae) Mauritia flexuosa e Euterpe oleracea tiveram um destaque ainda maior nos parâmetros de estrutura florestal analisados. Parâmetros da estrutura florestal e composição florística mostraram que as comunidades arbóreas nas áreas foram diferentes. Da mesma forma, análises multivariadas da comunidade (NMDS, CCA) baseadas em área basal, abundância e presença-ausência de espécies mostraram uma diferença entre as áreas. A vegetação estudada é afetada pela influência antrópica, principalmente a Área 3, na parte mais a jusante, mas apresenta potencial de se auto-regenerar caso os atuais impactos sejam reduzidos. Assim, faz-se necessárias ações mais rígidas dos órgãos públicos. A floresta a montante (Áreas 1 e 2) mostra-se como
    um possível fonte de sementes para a recuperação de áreas mais a jusante.

  • LUCAS BERNARDO GADELHA DE SOUZA
  • Avaliação ambiental por meio de um Protocolo de Avaliação Rápida adaptado à zona ripária tropical amazônica da zona ribeirinha do Rio Cereja, Pará, Brasil.

  • Data: 21/12/2022
  • Mostrar Resumo
  •  As zonas ripárias são ambientes complexos de transição entre os ecossistemas terrestres e aquáticos de água doce, são importantes para a manutenção da biodiversidade e desempenham um papel importante na regulação do sistema hidrológico de rios. Atualmente os ambientes ripários vem sendo alvo de atividades antrópicas intensas especialmente em pequenos rios urbanos, que modificam a paisagem natural e promovem impactos socioambientais. O objetivo desta pesquisa foi avaliar os impactos antrópicos ocorrentes no ambiente ripário do Rio Cereja em Bragança, Pará, a partir da análise de um Protocolo de Avaliação Rápida (PAR). Para isso, nos baseamos em protocolos de avaliação rápida existentes na literatura, inserimos novos parâmetros que melhor correspondessem à realidade de pequenos rios amazônicos e fornecemos um segundo método de análise através de uma avaliação ambiental, por meio de sensoriamento remoto, como uma ferramenta alternativa de baixo custo. Nossos resultados apontaram um gradiente de perturbação ao longo do Rio Cereja sendo fortemente influenciado pela urbanização crescente a jusante, com presença de muitas residências, retirada da vegetação ribeirinha, despejo de esgoto doméstico, entre outros. Em contrapartida, as áreas mais preservadas foram observadas nos trechos avaliados próximos das nascentes, porém, com ocorrência de alguns impactos como o desmatamento. Os protocolos de avaliação rápida remoto e in loco mostraram-se ferramentas promissoras capazes de detectar diferentes impactos em rios urbanos, podendo ser a etapa inicial de avaliação ambiental para pesquisadores e gestores no processo de tomada de decisões. Os diferentes impactos observados demandam ações de intervenção distintas, onde mesmo nas áreas menos afetadas ainda existem ocorrência de alguns tipos de impactos, levando a necessidade de ações urgentes para a preservação ambiental. Portanto, sugerimos algumas medidas de mitigação que podem ser adotadas inicialmente, como a delimitação das áreas de preservação permanente, criações de estações de tratamento de esgoto e ainda o remanejo da população local das áreas de risco para evitar a ocorrência de novos impactos que afetem a biodiversidade e forneçam riscos para a população.

  • WILLIANA TAMARA ROCHA DA CUNHA
  • CONTRIBUIÇÕES SOBRE A TAXONOMIA, AS RELAÇÕES FILOGENÉTICAS E A DISTRIBUIÇÃO DE ONICÓFOROS (ONYCHOPHORA: PERIPATIDAE) DO LESTE DA AMAZÔNIA

  • Data: 14/12/2022
  • Mostrar Resumo
  • Foi demonstrado que caracteres morfológicos são difíceis de serem interpretados em representantes de Peripatidae neotropical devido ao alto grau conservação morfológica, à homoplasia, aos conflitos entre os resultados moleculares com as designações genéricas tradicionais, às espécies crípticas, ao pequeno número de espécimes normalmente disponíveis para estudo (geralmente devido à baixa densidade das populações) e aos artefatos de fixação. Estudos taxonômicos embasados exclusivamente em morfologia estão sujeitos às limitações, e mesmo com a utilização de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) tendem a subestimar a diversidade biológica existente em Peripatidae. Desta forma, a uso de dados moleculares torna-se uma ferramenta poderosa para aumentar a resolução filogenética e a delimitar espécies quando a diversidade morfológica não permitir fazê-lo. Neste sentido, a diversidade brasileira de Peripatidae tem sido desvendada através de uma abordagem integrativa de diferentes métodos. Ainda assim, apenas uma pequena quantidade de trabalhos foi publicada sobre onicóforos brasileiros do bioma Amazônico, refletindo o reduzido número de espécies conhecidas para o país. A fim de investigar a diversidade de populações de onicóforos presentes em fragmentos de floresta remanescentes no leste da Amazônia, foi feita a integração de dados morfológicos (microscopia ótica e MEV) e moleculares (marcadores baseados em sequências) para examinar padrões de distribuição, descrever novos táxons estudados e identificar candidatos a espécies plenas, visando ampliar o conhecimento taxonômico e contribuir na conservação do grupo na região. Nossas diferentes linhas de evidências se mostraram concordantes, sendo possível a identificação de potenciais espécies novas estudadas aqui pela morfologia, o que contraria a morfologia geral conservada que tem sido vista em Neopatida. Também foi possível identificá-las através dos dados genéticos, como clados reciprocamente monofiléticos. Aqui nós descrevemos quatro novas candidatas à espécies e suas respectivas relações dentro de Peripatidae neotropical. Esses resultados são um chamamento para uma necessária investigação da real distribuição e diversidade de espécies que existem na Amazônia.

  • ISADOLA EUSEBIO MACATE
  • Relações filogenéticas de Eleotridae (Teleostei: Gobiiformes) com comentários sobre a posição do gênero miniatura Microphilypnus.

  • Data: 12/12/2022
  • Mostrar Resumo
  • Microphilypnus e Leptophilypnion são linhagens miniaturizadas dentro da família Eleotridae. As relações evolutivas entre esses táxons ainda são pouco conhecidas, e as análises moleculares são restritas aos genes mitocondriais, que não foram conclusivas. Neste estudo, pretende-se compilar genes mitocondriais e nucleares a fim de estudar a posição filogenética do gênero Microphilypnus e a história evolutiva e as relações dos membros dos Eleotridae como um todo. Este será o primeiro estudo a fornecer uma abordagem abrangente sobre as relações evolutivas entre os membros da família Eleotridae, incluindo análise multiloci e multiespécies, os quais fornecerão novos insights sobre a posição filogenética de alguns taxa não estudados anteriormente, como o gênero em miniatura Microphilypnus e novas espécies de Eleotris recentemente evidenciadas na América do Sul. Nós sugerimos que Microphilypnus e Leptophilypnus (este último um gênero não miniatuarizado) não são grupos irmãos, como vem sendo sugerido por estudos anteriores, mas sim linhagens separadas. Além disso, Microphilypnus formou um clado dentro do grupo neotropical Guavina / Dormitator / Gobiomorus, enquanto Leptophilypnus foi recuperado como grupo-irmão dos demais eleotrídeos.

  • NEIDE MARIA BRITO MAIA CONRADO
  • Comportamento alimentar e morfologia funcional do estômago dos primeiros estágios
    pós-embrionários do camarão ornamental Neocaridina davidi (Bouvier, 1904)

  • Data: 12/12/2022
  • Mostrar Resumo
  • Neocaridina davidi é uma espécie de camarão tipicamente encontrada em ambientes de água doce, sendo originário da China, Coréia, Taiwan e Vietnã. Esta espécie se destaca pela sua ampla variedade de cores, tolerância à diferentes qualidades de água e rápida reprodução. Estas características tornaram N. davidi uma das espécies mais populares para o cultivo ornamental, despertando o interesse econômico para o mercado de aquarismo. Além disso, esta espécie possui desenvolvimento direto, nascendo no estágio de decapodide, o que facilita o seu cultivo em cativeiro. Por possuir grande importância econômica, estudos detalhados sobre a sua biologia tornaram-se fundamentais para aprimorar as técnicas de cultivo, desenvolver protocolos de alimentação mais eficientes, melhorar o sucesso reprodutivo e favorecer um desenvolvimento mais satisfatório para a espécie. Nesse sentido, o presente estudo de laboratório investigou o comportamento alimentar (i) por meio de um cultivo experimental com diferentes períodos de alimentação provisória (1–10 dias) seguido de inanição e dois grupos controle (alimentação e inanição constante) e (ii) através de análises da morfologia funcional dos estômagos dos primeiros estágios pós-
    embrionários do camarão N. davidi. O cultivo experimental revelou que este camarão
    consegue sobreviver com sucesso na completa ausência de alimento nos três primeiros estágios pós-embrionários (decapodide, juvenil I e II), provavelmente por possuir uma considerável reserva nutritiva em seu cefalotórax. Análises morfológicas ainda evidenciaram que esta espécie já nasce com um estômago completo e funcional, indicando um comportamento lecitotrófico facultativo. No entanto, o alimento torna-se indispensável a partir do terceiro estágio juvenil. Os resultados do presente estudo poderão ser importantes para reduzir os custos com alimentação durante o cultivo, pois a ração precisará ser ofertada somente a partir do 4º estágio pós-embrionário de N. davidi.

  • VICTOR MARCELO SOUSA SILVA
  • AVALIAÇÃO DA ESTRATIGRAFIA COMO CONTROLE AMBIENTAL DE DIFERENTES GRAUS DE DESENVOLVIMENTO DA VEGETAÇÃO COSTEIRA EM ÁREAS DE MANGUEZAIS (BRAGANÇA-PA)

  • Data: 22/11/2022
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo foi realizado na Planície Costeira de Bragança (PCB), nordeste do estado do Pará), com objetivo de avaliar uma área de transição de campo salino para manguezais e determinar o papel da complexidade estratigráfica do subsolo e da topografia no controle da distribuição da vegetação na superfície. Na área de estudo foram realizados furos de sondagem, usando o sistema a percussão RKS (Rammkernsonde) e levantamentos topográficos com um GPS geodésico em áreas de campo (restinga), bosque anão de manguezal e área de bosque regular de manguezal na PCB, bem como avaliação da salinidade da água intersticial. Duas sondagens foram realizadas até a profundidade de 13,20 m (testemunho M1), e 9,00 m (testemunho M2), incluindo a descrição de fácies e ambientes sedimentares. Adicionalmente foi incluída a avaliação e discussão de uma sondagem adicional da literatura (RKS3), posicionada entre os dois testemunhos coletados. Os dados demonstram um sistema dinâmico, no qual os processos sedimentares de preenchimento e progradação têm estado ativos durante o Holoceno, mas de maneira descontínua. Os resultados demonstram basicamente a agradação e progradação da PCB, incluindo a formação de uma barreira arenosa e de ambientes de retrobarreira e shoreface, a montante e a jusante da barreira arenosa. Os resultados mostram que, embora a região esteja inserida na Bacia Marginal Bragança-Viseu, considerada relativamente estável, dois eventos de subsidência são evidenciados no pacote sedimentar holocênico. O primeiro evento teria resultado na erosão parcial da barreira, com um reestabelecimento similar da sequência sedimentar, posteriormente. O segundo evento de subsidência resultou também em uma superfície erosional, mas a retomada da sequência sedimentar se deu na forma de ambiente de retrobarreira, marcado pela sedimentação lamosa e manguezais. Esta diferença foi atribuída, em consonância com trabalhos anteriores, à emersão de uma nova barreira arenosa a jusante. Os dados também sugerem que a salinidade intersticial foi um fator preponderante na ausência ou sub-desenvolvimento estrutural dos manguezais na área de estudo. No entanto, os eventos de subsidência reduziram o papel da estratigrafia no controle topográfico e da salinidade. Os resultados dos pontos topográficos indicam que as variações de cotas próximas ao nível de maré alta de sizígia foram determinantes para a frequência de inundação e salinidade intersticial, determinando assim os padrões de vegetação. Assim, concluiu-se que a estratigrafia na área de estudo tem pouco controle no desenvolvimento da vegetação de mangue, e que a microtopografia é o fator determinante para a explicação dos processos de distribuição da vegetação costeira.

  • ELOISA ANDREIA FIGUEIREDO BRAGANCA
  • IMPACTOS DA PESCA FANTASMA NO ESTUÁRIO DO RIO CAETÉ, NORDESTE PARAENSE, BRASIL

  • Data: 07/11/2022
  • Mostrar Resumo
  • A pesca possui grande relevância para a economia e para a geração de alimento, porém a quantidade de resíduos que são produzidos por essa atividade é preocupante. As artes ou petrechos de pesca utilizadas podem ser abandonadas, perdidas ou descartadas no ambiente marinho e, ocasionar a Pesca Fantasma. Esta pode ser considerada uma grande ameaça aos organismos marinhos, pois, esses petrechos perdidos podem continuar a captura, matando por afogamento ou estrangulamento os seres vivos capturados por esses petrechos inativos. O objetivo deste estudo foi identificar a ocorrência, tipos de petrechos de pesca abandonados, perdidos ou descartados e os possíveis impactos da pesca fantasma no estuário bragantino, nordeste paraense. Os dados foram obtidos por meio de aplicação de questionários (Vila Bonifácio, Vila de pescadores e praia de Ajuruteua), prospecção na faixa de praia (Praia de Ajuruteua) e saídas de barco pelo estuário. O modelo DPSIR (drive, pressure, state, impact e response) foi utilizado com o objetivo de auxiliar as autoridades regionais e locais a adotarem medidas que contribuam para diminuição da problemática levantada. Foram identificados os seguintes petrechos de pesca (N=51): rede de emalhe, cabos, boias e cabos com boias. As redes de emalhe foram encontradas em maior quantidade nas regiões próximas ao canal de maré conhecida como Furo Grande e em uma vila de pescadores (Vila Bonifácio), apresentando quatro tamanhos diferentes de malhas. Foram registrados 5 organismos, sendo três de espécies de peixes e dois indivíduos com grau avançado de decomposição. As prospecções na faixa de praia identificaram 103 petrechos de pesca sendo eles redes de emalhe, fragmentos de redes, cabos, fragmentos de cabos e boias. As redes de emalhe apresentaram uma maior quantidade (41,74%), seguida dos fragmentos de rede (24,27%) e cabos (18,44%). O estudo mostrou que os petrechos de pesca abandonados pela ação antrópica se encontram bastante distribuídos no estuário, sendo encontrados principalmente em locais próximos as regiões de mangue e onde ocorre uma intensa atividade de pesca. 

  • WANNY PAMELA GOMES DE LIMA
  • Análise evolutiva de repetições da região controle do genoma mitocondrial: desenvolvimento de software e análise em espécies de Epinephelus (Epinephelidae,Pisces).

  • Data: 08/09/2022
  • Mostrar Resumo
  • O número de trabalhos utilizando o genoma mitocondrial como metodologia cresceu consideravelmente com advento do NGS, contudo muitos desses dados são sub explorados, como por exemplo, estudos que analisam as repetições dentro da região controle. Com isso, o presente estudo teve como objetivo o desenvolvimento de uma ferramenta capaz de analisar repetições nesta região, utilizando dados disponíveis em repositório online. A ferramenta que criada se chama M-TeReSA, na qual foi desenvolvida em Node.JS, e utiliza a ferramenta Tandem Repeats Finder para a procura de repetições in tandem apenas na região controle de genomas mitocondriais. Para verificar sua eficácia, foram utilizados dados de Lepus, Ochtona e Oryctolagus, disponíveis na literatura, no qual foi possível observar padrões de duplicações dentro deste grupo. Assim, esta ferramenta possibilita melhor o entendimento e visualização de padrões de repetições dentro de grupos, tornando-a eficaz sua aplicabilidade em estudos evolutivos que utilizem tais repetições. Da mesma forma, a aplicabilidade deste tipo de análise foi demonstrada em um estudo envolvendo mitogenomas de espécies de peixes do gênero Epinephelus. Foram analisadas 28 espécies com a RC e/ou genomas completos. Destas, 21 garoupas apresentaram repetições in tandem, sendo que seis possuíam indícios de VNTRs. A maioria das repetições localizavam-se no domínio 5’ da região controle e devido a variação no comprimento dos cernes (17-141bp), as repetições foram divididas em três classes: curtas, medias e longas. As repetições longas estiveram presentes em apenas um grupo monofilético, enquanto as demais estiveram distribuídas por toda a filogenia. Observou-se ainda, alta homogeneidade entre as sequências das espécies geneticamente mais próximas, ocasionado a formação de seis grupos de repetições. Dado as similaridades encontradas entre as repetições, bem como, os arranjos filogenéticos, inferiu-se que a evolução destes segmentos ocorreu de forma conjunta ao longo do tempo. Isto é, o fenômeno de evolução em concerto foi a hipótese utilizada que melhor explica as dinâmicas evolutivas do DNA repetitivo destas espécies. Por fim, os dados demonstram claramente de que maneira algumas repetições aumentaram de tamanho, fornecendo assim, importantes indícios para o entendimento da evolução destas sequencias na RC de diferentes mitogenomas de Epinephelideos. 

  • CLEA CAMILA DE SOUZA ROCHA
  • TESTING EVOLUTIONARY HYPOTHESIS IN AMAZONIAN ANURANS: the hyphotesis expansive tissue and the hyphotesis of compensation

  • Data: 05/09/2022
  • Mostrar Resumo
  • Testar hipóteses evolutivas é uma das maiores ferramentas para o entendimento dos processos e mecanismos evolutivos, aqui testamos a hipótese do tecido caroe a hipótese da compensação. A hipótese do tecido caro (HTC) sugere que o aumento cerebral é possibilitado pela redução de outros órgãos metabolicamente caros. Esta hipótese sugere que existe assimetria direcional entre os testículos, onde um destes se desenvolve mais e o outro desempenha função compensatória. O objetivo deste estudo foi realizar o teste das hipóteses do tecido caro e hipótese da compensação verificando a aplicabilidade para nove espéciesde anuros: Boana multifasciata, Leptodactylus fuscus, Leptodactylus latrans, Leptodactylus podicipinus, Physalaemus ephippifer, Pithecopus hypochondrialis,Rhinella major, Rhinella marina, Scinax x-signatus. As coletas ocorreram nos meses de março a maio de 2020 e 2021 em Capitão Poço, Pará, sendo coletadosum total de 317 indivíduos. Para verificar a aplicabilidade da hipótese do tecidocaro foram realizadas correlações de Pearson entre as medidas do cérebro e osoutros órgãos. A fim de verificar se existia assimetria realizamos o teste t de Student e para identificar correlações entre os testículos e a massa corporal, comprimento rostro-cloacal, massa dos testículos, condição corporal e tamanhorelativo testicular realizou-se a correlação de Pearson. O resultado do estudo não encontrou uma correlação negativa entre o tamanho do cérebro e os outrosórgãos entre as nove espécies analisadas. Portanto, em espécies amazônicas, não foi observada nenhuma correlação negativa que dê suporte para HTC, ondetodas as medidas revelaram uma significativa correlação positiva tanto nos dados absolutos quanto nos relativos. Foi encontrada significativa diferença entre a massa dos testículos, para as espécies B. multifasciatus, R. marina, P. hypochondrialis, L. fuscus, L. latrans e P. ephippifer demonstrando grau de assimetria testicular para estas espécies. Rhinella major e S. x-signatus não apresentaram nenhuma assimetria. Os dados não demonstraram significância comparando a condição corporal e o grau de assimetria testicular.

  • ALICE JOANE RODRIGUES DA SILVA
  • ESTUDO FILOGEOGRÁFICO DE Selenidera gouldii (AVES: RAMPHASTIDAE) COM ÊNFASE NA COMPARAÇÃO DAS POPULAÇÕES DISJUNTAS

  • Data: 05/09/2022
  • Mostrar Resumo
  • Selenidera gouldii é uma espécie de tucano que possui ampla distribuição geográfica, sendo quase que exclusivamente amazônica, com ocorrência entre a porção oriental da Amazônia, Mato Grosso e margem sul do rio Amazonas até o Maranhão, dispondo de um registro pontual no Domínio da Caatinga, na Serra do Baturité - Ceará. Devido a essa distribuição disjunta, já foi considerado formada por duas subespécies, entretanto, nenhuma análise molecular abordou a análise comparativa entre as populações. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo compreender a estrutura genética de Selenidera gouldii ao longo de sua área de ocorrência, de modo a conhecer aspectos da história evolutiva desta espécie, utilizando sequências de mtDNA (ND2 e COI) e nDNA (I7BF e I5BF). Os resultados das análises filogenéticas evidenciaram que Selenidera gouldii é grupo irmão de Selenidera maculirostris, descartando a possibilidade da população da Caatinga pertencer à espécie S. maculirostris. Não foi encontrado monofiletismo recíproco entre as populações disjuntas de Selenidera gouldii, porém a população da Caatinga possui claramente a formação de um clado individualizado de acordo com sua distribuição. A elevada diferenciação genética encontrada nos permite indicar que a população isolada na Caatinga se trata de uma Unidade de Manejo e desta forma, demanda manejo genético separado dos exemplares encontrados no Bioma Amazônico.

  • ANA LUIZA AMORIM CORREA
  • MARCADORES DE DNA PARA IDENTIFICAÇÃO DE PEIXES TELÓSTEOS MARINHOS: NOVO BARCODE E POTENCIAL FERRAMENTA FORENSE? 

  • Data: 05/09/2022
  • Mostrar Resumo
  • A ictiofauna marinha é composta por uma grande diversidade, sendo os Actinopterygii um dos grupos mais diversos entre os vertebrados, com destaque para os Teleósteos. Desse modo, a correta identificação taxonômica torna-se fundamental para gerenciar o ordenamento e compreensão de toda essa diversidade, além de ser uma atividade indispensável para descrever e caracterizar novos táxons a nível de espécie. A genética molecular tem sido uma ótima ferramenta para auxiliar na identificação da ictiofauna e, apesar do COI Barcode ser a ferramenta oficial para identificação de espécies, outros marcadores moleculares vêm sendo utilizados para a discriminação de táxons e com isso novas possibilidades a serem discutidas e validadas. Considerando esses aspectos, o objetivo do presente trabalho foi testar, validar e discutir a eficiência de regiões dos genes Citocromo b (Cytb, mitocondrial) e Rodopsina (Rod, nuclear) para discriminar e identificar espécies de teleósteos marinhos da costa brasileira, inferindo sobre seus potenciais como marcadores espécie-específicos. Foram obtidos fragmentos de 723 pb para o Cytb e 398 pb para Rod, de 259 indivíduos pertencentes a 78 espécies, 11 ordens, 23 famílias e 49 gêneros. Os resultados de distância genética encontrados para o marcador mitocondrial revelaram que não houve sobreposição nos valores das distâncias intra e interespecíficas e todos os táxons foram categorizados nas árvores filogenéticas de Agrupamento de vizinhos e Inferência Bayesiana, formando clados reciprocamente monofiléticos, validando assim o uso desta região como marcador espécie-específico. Os resultados com a Rod demonstraram a sobreposição entre os valores de distância intra e interespecífica para alguns grupos, porém sendo possível identificar os táxons com base nas árvores filogenéticas. Portanto, nosso estudo confirma que a região Cytb possui maior poder de resolução na identificação das espécies, podendo ser utilizado como região espécie-específica além de poder ser utilizado como futura ferramenta forense para geração de protocolos rápidos de autenticação de produtos pesqueiros processados e sugere o gene Rod para identificar muitas espécies de peixes, especialmente os grupos com sistemática bem resolvida.

     

  • RAQUEL SILVA DO NASCIMENTO
  • EPIDEMIOLOGIA DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE E: ACHADOS DE UM ESTUDO TRANSVERSAL COM PESSOAS QUE USAM CRACK NO ESTADO DO PARÁ, NORTE DO BRASIL

  • Data: 27/06/2022
  • Mostrar Resumo
  • As pessoas que usam crack (PWUCC) têm inúmeras vulnerabilidades e representam um desafio para os serviços de saúde e assistência social. A exposição a patógenos e situações de risco ocorrem de forma diferente de acordo com cada indivíduo, região e grupo social. Este estudo identificou a presença, os genótipos e os fatores associados à exposição ao vírus da hepatite E (HEV) numa coorte recrutada na
    comunidade com 437 PWUCC no norte do Brasil. As informações epidemiológicas foram coletadas por meio de entrevistas em áreas localizadas nos municípios de Augusto Correa, Bragança, Breves, Capanema, Castanhal e Soure, estado brasileiro do Pará. Amostras de sangue e fecais também coletadas e testadas para HEV utilizando ensaio imunoenzimático e reação em cadeia pela polimerase. Os genótipos foram identificados por sequenciamento parcial da ORF1 do HEV seguida de análise filogenética. Regressões logísticas identificaram fatores de risco independentemente associados à exposição ao HEV. No total, 79 (18,1%) PWUCC foram expostos ao HEV: 73 (16,7%) para IgG e 6 para IgG e IgM. O RNA HEV foi detectado nas seis amostras fecais e em duas amostras de sangue das PWUCC com IgM. O genótipo 3 do HEV foi identificado em todas as amostras. Os fatores associados à exposição ao HEV foram: renda mensal baixa, moradia instável (por exemplo, sem-teto), uso de crack ≥ 40 meses e uso compartilhado de equipamentos de crack e cocaína. O presente estudo fornece informações iniciais do status epidemiológico da infecção pelo HEV em PWUCC numa área remota no norte do Brasil. Implicações claras e diversas necessitam urgentemente serem implementadas nas redes de saúde e assistência social com intuito de conter a dispersão do HEV e de outros patógenos e para fornecer melhores condições de saúde à população em geral, em especial às PWUCC.

  • LUNA GABRIELA SANTIAGO MONTEIRO
  • AVALIAÇÃO DA INTEGRIDADE AMBIENTAL AO LONGO DE UM GRADIENTE DE URBANIZAÇÃO NO RIO CEREJA, PARÁ, BRASIL

  • Data: 03/06/2022
  • Mostrar Resumo
  • A biodiversidade de água doce está em declínio global devido a diversos estressores
    antropogênicos que causam mudanças rápidas no ambiente. Os ecossistemas de água doce do Brasil são mais vulnerais a impactos devido a falta de proteção legislativa. No Brasil, a rica biodiversidade de água doce está ameaçada pelo aumento do desmatamento e a urbanização não planejada que estão se espalhando progressivamente por toda a Amazônia brasileira, especialmente em córregos e riachos, ocasionando perda de habitats aquáticos. Dessa maneira, a avaliação biológica combinada com a avaliação de habitat e qualidade de água é uma ferramenta eficaz para avaliação rápida. O impacto de urbanização crescente foi avaliado no Rio Cereja, Bragança, Pará, Brasil, usando o Índice de Diversidade de Hábitats Ripários (RHDI), a abundância e composição (estrutura) da fauna de macroinvertebrados bentônicos e variáveis físico-químicas da água e sedimento em cinco áreas semi-urbanas e cinco áreas urbanas com análises multivariadas usando GNU-R 4.0.4. Ordenação por escalonamento multidimensional não métrico e gráficos de abundância ranqueada foram usadas para descrever variação na estrutura da fauna. Os padrões multivariados da fauna e do habitat foram comparados usando as funções bioenv() e envfit(). Anova multivariada por permutação (permanova) foi usada para comparar padrões na fauna e no habitat entre as dez áreas do Cereja e as três classes de RHDI (Natural, Alterada, Impactada). Árvores de inferência condicional de classificação e regressão foram usadas para verificar se os táxons da fauna e as
    variáveis de habitat identificadas como importante podem prever corretamente as classes e pontuações de RHDI. As áreas semi-urbanas foram classificadas como naturais, apresentando maiores pontuações RHDI e a maior diversidade, 36 dos 38 táxons da fauna. Chironomidae foi a família mais abundante, diminuindo em abundância com menor RHDI, sugerindo que algumas espécies ou gêneros desta família podem ser sensíveis à urbanização. A estrutura faunística variou entre as áreas e entre as classes RHDI e foi associada a menor condutividade (µs/cm), pH, temperatura (˚C), cascalho (%), areia grossa (%), turbidez (FAU) e areia média (%) e maior profundidade (m) em áreas naturais, das quais a condutividade explicou a maior parte da variação (envfit, R2 = 0,75, P = 0,001). O grau de urbanização, medido pelo RHDI, está associado à abundância, composição e equidade da fauna de macroinvertebrados bentônicos, e também a alguns aspectos da qualidade da água e do substrato, podendo ser útil para a rápida identificação de impactos, monitoramento da recuperação de áreas degradadas e manutenção de áreas não degradadas ao longo do Rio Cereja.

  • ANTONIO RAFAEL GOMES DE OLIVEIRA
  • VARIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA DINÂMICA E BIOMASSA DO FITOPLÂNCTON EM DOIS ESTUÁRIOS AMAZÔNICOS (NORDESTE DO PARÁ)

  • Data: 29/04/2022
  • Mostrar Resumo
  • Este trabalho teve como objetivo estudar a estrutura da comunidade fitoplanctônica, bem como a influência das variáveis ambientais em escala espacial e temporal sobre a dinâmica destes organismos em dois estuários amazônicos do nordeste do Pará. Para tanto, foram realizadas coletas hidrológicas e biológicas em três estações fixas em cada estuário, sendo C1 (estação interna), C2 (estação intermediária) e C3 (estação externa) localizadas no estuário do rio Caeté-ERC, e T1 (estação interna), T2 (estação intermediária) e T3 (estação externa), no estuário do Taperaçu-ET, durante os anos de 2010, 2011, 2013, 2014 e 2015. As variáveis ambientais como temperatura, salinidade, turbidez e oxigênio dissolvido foram medidos in situ com auxílio de CTDO’s; enquanto as demais variáveis (pH, clorofila-a e nutrientes dissolvidos) foram determinadas em laboratório, através de análises posteriores. As amostras destinadas ao estudo qualitativo do fitoplâncton foram obtidas com o auxílio de uma rede de plâncton de 64 μm de abertura de malha, enquanto àquelas destinadas ao estudo quantitativo e à quantificação da clorofila-a foram coletadas através de garrafas de Niskin. Algumas das amostras do fitoplâncton foram analisadas tanto por microscopia de luz quanto por microscopia eletrônica de varredura. Foram observadas variações espaciais e temporais significativas para salinidade apenas no ERC, enquanto o pH, a turbidez e as concentrações de fosfato, silicato e fosforo total variaram significativamente em ambos os estuários. Foram identificados 154 táxons no ERC e 165 no ET, com predominância das diatomáceas. A espécie Cymatosira belgica foi considerada dominante e muito frequente nos estuários, enquanto os táxons C. lorenziana, Skeletonema costatum, Plagiogrammopsis sp., Psammodictyon panduriforme, Thalassiosira spp., Oedegonium sp., Nostoc sp., Alexandrium sp., Trieres sinensis, T. mobiliensis e T. regia, apresentaram alta representatividade em termos de abundância e frequência e se destacaram entre as estações amostrais, sendo algumas espécies características de cada estuário. A alta salinidade registrada durante o período seco favoreceu a presença de espécies do gênero Trieres. Espacialmente, foram observadas variações significativas para as concentrações de clorofila-a apenas no ERC e variações temporais significativas ocorreram em ambos os estuários, com valores mais elevados durante o período chuvoso. Os valores médios de densidade fitoplanctônica foram mais elevadas no ET (Microfitoplâncton - máx: 1002,2 ± 304,1 x103 cél.L-1; Fitoflagelados – máx: 541,7 ± 144,6 x103 cél.L-1; Fitoplâncton Total – máx: 1543,8 ± 449,7 x103 cél.L-1), que as observadas no ERC (Microfitoplâncton - máx: 632,9 ± 68,7 x103 cél.L-1; Fitoflagelados – máx: 318,7 ± 71,5 x103 cél.L-1; Fitoplâncton Total – máx: 852,1 ± 63,4 x103 cél.L-1). Por outro lado, a diversidade e equitabilidade não apresentaram um padrão similar entre os estuários, com valores levemente superiores durante o período chuvoso no ERC e no período seco no ET. Em ambos os períodos, as diatomáceas foram o grupo dominante devido a sua natureza eurialina, o que propicia elevadas abundâncias em ambientes estuarinos. De forma geral, os resultados obtidos sugerem que a composição e dinâmica fitoplanctônica dos ERC e do ET estiveram relacionadas diretamente a pluviometria, a qual influenciou de forma direta e/ou indiretamente as oscilações das variáveis ambientais. A densidade do fitoplâncton apresentou um padrão similar entre os estuários, enquanto a ocorrência e a distribuição dos organismos mostraram predomínio de algumas espécies em estações específicas de um ou outro estuário, demonstrando assim que as características hidrológicas e geomorfológicas dos mesmos influenciaram também a dinâmica da comunidade fitoplanctônica local durante o período de estudo.

2021
Descrição
  • LEIDIANE COSTA ARAUJO
  • DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS PESCADORES SOBRE A PESCA DE EMBURATEUA NA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE CAETÉ-TAPERAÇU, BRAGANÇA-PARÁ

  • Data: 31/12/2021
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo foi guiado pela Teoria das Representações Sociais, onde as falas dos respondentes representam o conhecimento tradicional dos pescadores mais experientes sobre os emburateuas, através da aplicação de questionários semiestruturados. A análise dos dados agrupou palavras evocadas a partir das falas dos respondentes, organizando-as pela frequência e importância, trabalhando as suas coocorrências, conexidades e correlações. As espécies de peixe (“bagre”, “pacamum” e “tainha”) tiveram a maior representação nos emburateuas pelo índice cognitivo (Cognitive Salience Index) aplicado. O monitoramento das pescarias registrou 15 espécies, com presença de jovens e adultos de quase todas as espécies, principalmente no período chuvoso, com maior ocorrência para as famílias Sciaenidae e Ariidae, incluindo o “mero” (espécie ameaçada). Os respondentes (n=16) são pescadores experientes (prática média de 41 anos), com idade média de 57 anos e ensino fundamental incompleto. A palavra “peixe” é a principal representação das características dos emburateuas por abrigar uma importante assembleia de peixes, enquanto “pescar”, “peixe", “pegar" e “maré” representam o modus operandi nos emburateuas. A análise fatorial mostra que 27,12% da variância traduzem as características físicas dos emburateuas, enquanto 29,22% as atividades pesqueiras. As representações ambientais melhor caracterizaram os emburateuas e as atividades pesqueiras neles praticadas, mostrando a complementariedade entre o conhecimento ecológico local e o acadêmico, evidenciando a necessidade de construção conjunta para o planejamento estratégico da conservação e uso sustentável dessas ecozonas dentro e fora de áreas protegidas na costa amazônica.


  • LEILIANE OLIVEIRA DOS SANTOS ROCHA
  • A vegetação arbórea das matas inundáveis do Rio Caeté e seus afluentes e suas relações com variáveis ambientais ao longo do gradiente de influência de maré na zona costeira amazônica

  • Data: 19/09/2021
  • Mostrar Resumo
  • Foram investigadas as comunidades arbóreas das florestas inundáveis do rio Caeté e de quatro de seus afluentes na zona costeira da região amazônica brasileira. Focamos em dois ambientes: (1) Mata inundável do rio Caeté principal; (2) Matas inundáveis de quatro afluentes do rio Caeté na mesma região. Para (1), o foco foi na estrutura florestal e na composição e distribuição de espécies de árvores ao longo dos gradientes de inundação sob controle das marés e da elevação topográfica. Para  (2), foi em descrever a estrutura da floresta e os padrões de composição da comunidade e sua relação com o regime de inundação e impactos humanos. Usamos parcelas de 15 m de largura que se estendiam (1) entre a beira do rio Caeté e o limite terrestre da mata inundável e que (2) atravessaram toda largura da mata inundável dos afluentes, respectivamente. Para (1), foram estabelecidas quatro parcelas em cada um dos quatro locais dentro da zona de transição entre o curso médio e baixo do rio (área amostral: 9,77 ha). Para (2),  duas parcelas foram instaladas ao longo do médio curso, e duas ao longo do curso inferior de cada afluente (área amostral: 3.045 ha). Para (1) e (2) foram inventariadas todas as árvores com diâmetro na altura do peito (DAP; medido a 1,3 m do solo da floresta) ≥ 5 cm, etiquetadas individualmente, com DAP registrado e altura estimada. Perfis topográficos e status de inundação durante a estação chuvosa e seca foram registrados; foram determinados o tipo de substrato e o teor de matéria orgânica. A gravidade do impacto humano foi documentada. Para (1), a influência das marés diminuiu em direção a montante; a amplitude da maré foi 0 no local mais distante do estuário. Todas as áreas (1, 2) foram inundadas sazonalmente, mas a altura da inundação variou imprevisivelmente de acordo com as chuvas locais. Diferenças na elevação em (1) variaram entre os locais de 2,8 a 5,3 m entre canais mais profundos e áreas planas, mais elevadas. Perfis de (2) mostraram uma topografia predominantemente plana entre diques não inundados; o solo da floresta foi permanentemente inundado durante a estação das chuvas, e 8-54% da área permaneceram úmidos durante a estação seca. Enquanto os parâmetros da estrutura da florestas diferiram entre os locais, nenhuma tendência consistente ao longo do gradiente de influência das marés (1) ou entre curso médio e baixo (2) foi encontrada. Foram registradas em (1) 144 espécies de árvores (com 26 morfo-espécies), 112 em (2). A porcentagem de espécies compartilhadas entre todos os locais de (1) foi de 31% (locais vizinhos:  até 57%). Fabaceae foi a família mais importante (1 e 2); a espécie com maior valor de importância foi Pachira aquatica Aubl. (Malvaceae) em (1), Hydrochorea corymbosa (Ric.) Barneby & J.W. Grimes (Fabaceae) em (2). Em cada local (1 e 2), um subconjunto específico do conjunto de espécies importantes dominaram, mas a ordem de classificação e a composição variaram entre os locais. Metade das espécies em (1) foi representada por <10 indivíduos. Escalonamento Multidimensional Não-métrico e Análise de Correspondência Restrita confirmaram para (1) a influência dos gradientes de marés e elevação na composição das espécies; no entanto, as comunidades de locais vizinhos não estavam claramente separadas. Apenas um pequeno número de espécies em (1) mostrou uma aparente preferência por elevações baixas ou altas ou ao longo do gradiente das marés. Ambas (1) e (2) mostraram efeitos negativos a atividades humanas como retirada de madeira e manejo favorecendo Euterpe oleracea Mart. (açaí), com (2) mais severamente afetado. A necessidade de implementar meios mais eficientes de conservar as matas inundáveis do rio Caeté e os seus afluentes é discutida, tendo em vista o espaço limitado dessas matas e a ocorrência de espécies potencialmente raras pelo menos nas matas de (2).

  • PAULO RONALDO GONZAGA FERREIRA
  • ESTRUTURA POPULACIONAL E DIVERSIDADE GENÉTICA DE Centropomus undecimalis (BLOCH, 1792) EM ECORREGIÕES NO ATLÂNTICO OCIDENTAL TROPICAL

  • Data: 01/09/2021
  • Mostrar Resumo
  • As províncias biogeográficas são formadas por unidades de menor escala chamadas de Ecorregiões, que são definidas pela ação de forças biogeográficas como entrada de água doce, correntes marinhas, ressurgência, diferença de temperatura da água e entrada de nutrientes. Desta forma, esses fatores podem ter um papel determinante na estrutura populacional e fluxo genético de espécies marinhas, influenciando diretamente em sua capacidade de dispersão e conectividade. Reconhecer a efetividade desta Ecorregiões como zonas que abrigam estoques populacionais individualizados pode esclarecer sobre o papel destes fatores ambientais em espécies marinhas. Nesse sentido, usamos neste estudo o camurim (Centropomus undecimalis) como modelo para investigar o papel das Ecorregiões sob suas populações. Este peixe foi selecionado por apresentar uma ampla distribuição geográfica ao longo da costa Atlântica, desde a América do Norte, até a região Sul do Brasil e por apresentar ciclo de vida diretamente dependente do ambiente estuarino, com deslocamento entre ambiente de água salobra e salgada durante seu período reprodutivo. Para isso, foram analisados 09 loci microssatélites em 41 indivíduos das Ecorregiões Sudoeste do Caribe, Amazonas e Nordeste do Brasil. As estimativas de estruturação e diversidade genética foram usadas para comparar as três Ecorregiões. As análises revelaram ausência de diferenciação genética ao longo das Ecorregiões sugerindo a existência de um único pool genético para espécie, com intenso fluxo gênico entre as três Ecorregiões. Além disso, não foram observadas diferenças significativas entre os parâmetros de diversidade genética das Ecorregiões analisadas. Desta forma, podemos afirmar que os fatores que diferenciam as Ecorregiões não são suficientes para impedir a conectividade entre os estoques de C. undecimalis ao longo da porção norte da América do Sul.

  • JOAO VICTOR LEITE ALCANTARA
  • FILOGENIA, DELIMITAÇÃO DE ESPÉCIES E FILOGEOGRAFIA DO GÊNERO Isopisthus Gil, 1862, COM ÊNFASE EM Isopisthus parvipinnis GIL, 1862 (TELEOSTEI, SCIAENIDAE) DO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL

  • Data: 31/08/2021
  • Mostrar Resumo
  • O gênero Isopisthus, contém duas espécies válidas: Isopisthus parvipinnis, distribuída no Atlântico Sul ocidental, e Isopisthus altipinnis distribuída no Leste do Pacífico. A primeira possui ampla distribuição geográfica, ocorrendo desde a Costa Rica até Santa Catarina, no Sul do Brasil. Um recente estudo de delimitação de espécies sugeriu a presença de duas linhagens de I. parvipinnis na Costa Norte do Brasil, no entanto, foram analisados poucos indivíduos desta área restrita. Dessa forma, o presente trabalho se propõe a avaliar as relações filogenéticas, a delimitação de espécies e o padrão filogeográfico de Isopisthus, com ênfase em I. parvipinnis. Foram geradas árvores de Máxima Verossimilhança e Inferência Bayesiana, a partir de 1370 pares de bases do DNA mitocondrial (COI) e nuclear (EGR-1 e GNRH3-1), e todas as análises apoiaram a presença de três clados de Isopisthus, com elevado suporte estatístico, sendo um com Isopisthus altipinnis e dois com I. parvipinnis do Atlântico, designados Linhagens I e II. Testes coalescentes de delimitação de espécies (BPP) também recuperaram os três grupos como espécies potenciais. Adicionalmente, testes de delimitação de espécies utilizando a COI (GMYC e ABGD) apoiaram a ocorrência de três potenciais espécies no gênero Isopisthus. No entanto, a análise de bPTP, delimitou cinco potenciais espécies, sendo duas no Pacífico e três no Atlântico, com a terceira Linhagem proximamente relacionada à Linhagem I identificada nas análises filogenéticas. As análises filogeográficas e populacionais, realizadas com a COI (613 pb) e Região Controle (804 pb), foram congruentes em identificar três linhagens no Atlântico e duas no Pacífico. O tempo de divergência estimado sugere que as espécies de Isopisthus do Atlântico e Pacífico se originaram por vicariância devido ao soerguimento do Istmo do Panamá, há cerca de 3 Ma. Por outro lado, a diversificação das linhagens do Atlântico data do Pleistoceno, sendo a Linhagem II a primeira a divergir há cerca de 1,8 Ma (Desvio: 1,2 - 2,5 Ma), enquanto a separação das Linhagens I e III data de 1 Ma (Desvio: 0,5 – 1,5 Ma). Esta diversificação pode estar associada à fragmentação de habitats isolando populações que divergiram, durante os períodos glaciais. Além disso, dentro da Linhagem I, é evidente a subdivisão com populações das áreas ao Norte/Nordeste sendo distintas daquelas do Sul/Sudeste da distribuição, que pode ter sido proporcionada por adaptações à distintos padrões de temperatura superficial marinha nestas áreas. Por outro lado, não foi evidenciada subdivisão populacional dentro das Linhagens II e III, o que pode estar associado à amostragem. Finalmente, nossos resultados sugerem que a diversidade de espécies de Isopisthus é subestimada e que revisão taxonômica deve ser realizada no gênero.

  • LEILANE DE FREITAS BRITO
  • PROTOCOLOS FORENSES PARA IDENTIFICAÇÃO DE BAGRES DO GÊNERO BRACHYPLATYSTOMA (PIMELODIDAE- SILURIFORMES) DE IMPORTÂNCIA COMERCIAL NO BRASIL.

  • Data: 30/08/2021
  • Mostrar Resumo
  • Os bagres da família Pimelodidae, Brachyplatystoma filamentosum (filhote), Brachyplatystoma vaillantii (piramutaba) e Brachyplatystoma rousseauxii (dourada) possuem grande relevância econômica no Brasil, especialmente na região Amazônica, onde são vendidos in natura e sob a forma de filés congelados. Estas espécies possuem similaridade morfológica, dificultando sua identificação, problema que é acentuado quando estas são comercializadas processadas. De fato, há registros de substituições no comércio de filés das três espécies, com evidências de fraude comercial, pois as substituintes foram espécies de menor valor econômico. Portanto, o presente trabalho objetivou desenvolver protocolos baseados em PCR multiplex para identificar B. rousseauxii, B. vaillantii e B. filamentosum. Foram utilizados dois bancos de sequências das regiões mitocondriais Citocromo oxidase C subunidade I (COI) (565 pb) e Região Controle (950 pb) contendo os táxons alvo e outros Siluriformes, principalmente membros da família Pimelodidae proximamente relacionados a estes. Foram desenvolvidos primers diretos, espécie específicos, que quando combinados com primers reversos universais produziram fragmentos capazes de discriminar inequivocamente as espécies alvo nos ensaios multiplex. No protocolo de COI foram amplificados fragmentos de aproximadamente 254 pb para B. rousseauxii, 405 pb para B. vaillantii e 466 pb para B. filamentosum, enquanto no protocolo da Região Controle gerou 290 pb para B. filamentosum, 451 pb para B. vaillantii e 580 pb para B. rousseauxii. Em todas as reações foram inseridos primers de 16S rDNA para servir como controle e estes resultaram em fragmentos de aproximadamente 650 pb para o protocolo COI e aproximadamente 160 pb para o da Região Controle. Não houve amplificação cruzada entre os táxons alvo, nem com outras seis espécies de Siluriformes comercializados com os táxons alvo na Amazônia. Os protocolos também se mostraram sensíveis para a amplificação dos fragmentos espécie específicos em concentrações de até 1 ng/µL, com exceção de B. vailantii, cujo fragmento da Região Controle foi detectado com até 10 ng/µL de DNA. A validação dos protocolos em filés congelados apresentou o mesmo padrão obtido nas amostras in natura. Portanto, os protocolos desenvolvidos são eficientes, robustos, sensíveis, rápidos e custo efetivos para a discriminação das espécies comercializadas in natura e como filés congelados. Desta forma, sugerimos que estes podem ser utilizados pelas empresas processadoras, para certificação de seus produtos, e pelas agências governamentais, para a fiscalização e prevenção de fraudes.

  • PATRICIA FERNANDA DA SILVA MENDONCA
  • ESTRUTURA FILOGEOGRÁFICA E ASPECTOS POPULACIONAIS DE Attila spadiceus (PASSERIFORMES:TYRANNIDAE).

  • Data: 20/08/2021
  • Mostrar Resumo
  • A espécie Atilla spadiceus é um passeriforme da família Tyrannidae, constituída atualmente por 12 subespécies que ocorrem em uma ampla distribuição ao longo da região Neotropical, abrangendo desde o Leste do México a Oeste da Cordilheira dos Andes, Bioma Amazônico e uma faixa da Floresta Atlântica Brasileira. Sua atual classificação subespecífica basea-se em dados fenotípicos de coloração de plumagem. Os poucos estudos a nível molecular envolvendo esta espécie foram realizados para exploração comparativa de aves em grande escala, usando apenas uma região do genoma mitocondrial, não havendo um enfoque diretamente na investigação espaço-temporal da espécie, provocando uma lacuna no entendimento da sua história evolutiva. Nesse sentido, surgem alguns questionamentos sobre Attila spadiceus: i) Quantas linhagens independes existem dentro da espécie? ii) Quais hipóteses biogeográficas melhor explica sua diversificação? Com isso, o objetivo geral do estudo buscou compreender o padrão filogeográfico de Attila spadiceus, por meio de uma análise multilocus, a partir de uma ampla amostragem da América Central e América do Sul. No presente estudo foram realizadas análises filogeográficas e demográficas. Dentre os resultados obtidos, foram recuperadas duas linhagens principais distribuídas em lados opostos da Cordilheira dos Andes, a Linhagem Transandina e a Linhagem Cisandina. Em relação ao clado transandino, não houve a formação de subestrutura genética relacionada as principais áreas endêmicas descritas para a América Central, contradizendo padrões genéticos observados para aves na região. De forma similar, para a Linhagem Cisandina, não houve formação de agrupamentos internos correspondentes as bacias hidrográficas, que são responsáveis por grande parte das divergências aviária no bioma Amazônico. As subespécies que formam o clado cisandino, uma pertencente à Floresta Amazônica (Attila spadiceus spadiceus) e outra a Floresta Atlântica (Attila spadiceus uropygiatus), que foram recuperadas como uma estrutura única, no qual a diagonal de vegetação aberta não gerou divergência entre ambas. As linhagens demonstraram mudanças demográficas nos últimos 50 mil anos, em um período acometido de mudanças ambientais causada pela dinâmica do clima, ocorridas no Pleistoceno, gerando alterações na vegetação da região Neotropical. Este evento, possivelmente, proporcionou Attila spadiceus a dispersar-se, combinando também a este processo, a sua capacidade ecológica de ocupar diferentes regiões.

  • RONYLSON JOSE DA SILVA E SILVA
  • DETECÇÃO E CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DOS VÍRUS DAS HEPATITES B E D EM PESSOAS QUE USAM DROGAS ILÍCITAS NA REGIÃO AMAZÔNICA 

  • Data: 06/08/2021
  • Mostrar Resumo
  • Mundialmente, a infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) é um problema de saúde pública. Estima-se que dois bilhões de pessoas já foram expostas ao HBV e que 257 milhões são portadores crônicas da infecção. Entre tais portadores, estima-se que cerca de 15 a 20 milhões também foram infectados pelo vírus da hepatite D (HDV). A progressão das formas crônicas da infecção pelo HBV e HDV podem acarretar doenças hepáticas mais graves como câncer hepatático. Estudos epidemiológicos são cruciais para identificar problemas e indicar com eficácia possíveis soluções em saúde pública, especialmente problemas relacionados a agentes infecciosos. Nesta dissertação, investigou-se a presença dos vírus da hepatite B (HBV) e D (HDV) em pessoas que usam drogas ilícitas (PWUDs) na região amazônica, onde são endêmicos e a cobertura vacinal contra o HBV ainda é muito limitada. No primeiro capítulo, uma introdução geral da literatura sobre esses dois vírus hepatotrópicos é apresentada, assim como uma justicativa e objetivos para a realização de um estudo epidemiológico. No segundo capítulo, um manuscrito é apresentado. Nesse estudo transversal foi feita a detecção e caracterização genética do HBV e o HDV numa amostra de 1.074 que PWUDs. Por meio de ensaios sorológicos e moleculares, uma alta exposição ao HBV (32,2%) foi registrada, inclusive casos de infecção oculta de HBV (2,5%). A partir de análises filogenéticas foram identificados os genótipos e subgenótipos do HBV, tendo os subgenótipos A1 (45,4%), A2 (7,8%), D3 (10,4%), D4 (14,3%) e F2a (7,8%) como mais frequentes. Mutações de escape vacinal (G130R, P120L, and A128V) e de resistência à antivirais (M204I) também foram identificadas. Entre 77 PWUDs com HBV-DNA, testes laboratoriais detectaram anticorpos anti-HDV (19,5%) e RNA- HDV (11,7%). A predominância do genótipo 3 (88,9%) foi observada entre as PWUDs com RNA-HDV. Nossos achados são preocupantes e apresentam implicações claras para o diagnóstico, a prevenção e o tratamento dos portadores desses vírus hepatotrópicos, assim como para a saúde das populações na região amazônica.

  • RAYNARA COSTA MELLO
  • ESTRUTURA POPULACIONAL E DIVERSIDADE CRÍPTICA DE ESPÉCIES DO COMPLEXO Rhinella marina FITZINGER, 1826

  • Data: 27/07/2021
  • Mostrar Resumo
  • As espécies do grupo R. marina encontram-se amplamente distribuídas na região neotropical e possuem uma história taxonômica complexa, marcada por diversas mudanças e politomias. Estudos prévios mostram que a dificuldade na resolução da história evolutiva do grupo resulta da morfologia conservada e eventos de hibridização no passado, o que dificulta a delimitação das espécies por meio de métodos taxonômicos baseados em morfologia e apenas DNA mitocondrial. Há diversas evidências que suportam que este grupo de sapos neotropicais é constituído por um conjunto de espécies crípticas, visto a dificuldade em delimitar padrões morfológicos diagnósticos bem definidos. Desse modo, métodos moleculares baseados em um conjunto abrangente de marcadores moleculares são fundamentais para definir os limites de espécies e consequentemente do status taxonômico de cada uma delas. O presente estudo teve como objetivo analisar a relações filogenéticas para o clado amazônico (R. marina, R. poeppigii, R. diptycha e R. horribilis), com o intuito de resolver questões levantadas em estudos anteriores, como a delimitação da linhagem RAB2 encontrada na região amazônica e identificada morfologicamente como R. marina, além de detectar possíveis linhagens crípticas ao logo de suas distribuições. As análises multilocus, baseadas em três marcadores nucleares (RPL3, RPL9 e C-myc) e um mitocondrial (Cytb), forneceram suporte para definir a linhagem RAB2 como R. poeppigii, uma espécie já descrita para o grupo, mas de ocorrência não registrada para a região amazônica. Além disso foi possível verificar a existência uma nova linhagem à oeste dos Andes evolutivamente independente das demais espécies do clado (denomida RSP). Desse modo, o presente estudo fornece importantes informações acerca da distribuição e diversidade do grupo, e possibilita que investigações futuras sejam realizadas para a delimitação da linhagem RSP e possíveis novas linhagens, além da introgressão do genoma mitocondrial que é um dos assuntos chave para a compreensão do processo de hibridização destas espécies.

  • BARBARA DE FATIMA OLIVEIRA DA SILVA
  • Diatomoflora presente no conteúdo estomacal de Crassostrea gasar (Bivalvia: Ostreidae) (Adanson, 1957) cultivada no estuário do rio Emboraí Velho (Nordeste Paraense)

  • Data: 30/06/2021
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo investigou a dieta das ostras da ostreicultura instalada no estuário do rio Emboraí Velho (Augusto Corrêa-PA), restringindo o enfoque das análises as microalgas pertencentes ao grupo das diatomáceas, uma vez que elas constituem a maior parte da alimentação destes organismos. Dessa forma, com objetivo de conhecer a biologia alimentar das ostras, foram realizadas análises do conteúdo estomacal de 60 indivíduos adultos da espécie Crassostrea gasar (Adanson, 1757). Amostras adicionais para análise da diatomoflora do estuário foram coletadas para realização de estudos comparativos a fim de avaliar se as ostras cultivadas se alimentam de forma indiscriminada ou se existe algum processo seletivo no processo de ingestão. Para isso, foram realizadas coletas de água em ciclos nictemerais em intervalos de 3 horas na subsuperfície da coluna d’água. Com intuito de verificar a influência das variáveis hidrológicas da região sobre a distribuição das diatomáceas identificadas, primeiramente os valores de temperatura, salinidade e turbidez da água foram medidos in situ com auxílio de um CTDO, enquanto para os nutrientes dissolvidos (NO-3, NO2-, PO₄³⁻ e SiO2) e concentrações de clorofila-a foram coletadas amostras adicionais de água com auxílio de garrafas de Niskin. Posteriormente, estas variáveis foram testadas estatisticamente de modo a se avaliar as relações existentes entre as variáveis abióticas e biológicas. Os resultados obtidos revelaram que as variáveis hidrológicas exerceram forte influência sobre a distribuição das diatomáceas, uma vez que, os maiores valores médios de densidades ocorreram durante o mês de dezembro (período seco - 1167,70 ± 995,63 x 103 céls.L-1), estando estes valores relacionados à redução pluviométrica, a qual contribuiu para águas menos turvas, favorecendo a atividade fotossintética. A disponibilidade de nutrientes, durante ambos os períodos sazonais, tornou o ambiente propício para o desenvolvimento microalgal. As concentrações de silicato atingiram maiores valores médios durante o mês de junho (97,6 ± 35,2 μmol.L-1), sendo este nutriente essencial para a composição das frústulas das diatomáceas. As espécies C. belgica e Thalassiosira sp. foram responsáveis pela maior contribuição algal, apresentando maiores valores de abundância relativa e frequência de ocorrência durante todo o período de estudo. Estas mesmas espécies ocorreram frequente e abundantemente nas amostras oriundas dos estômagos das ostras analisadas. De forma geral, se pode inferir que as condições hidrológicas do estuário do rio Emboraí Velho contribuíram para o desenvolvimento das diatomáceas estudadas, as quais proporcionaram uma dieta abundante e rica em nutrientes para as ostras.

  • RAFAEL DE JESUS DA SILVA FERREIRA
  • DIETA E ECOMORFOLOGIA DE POTAMOTRYGON ORBIGNYI (CASTELNAU, 1855) NA MAIOR ILHA FLUVIAL DA AMAZÔNIA BRASILEIRA

  • Data: 28/06/2021
  • Mostrar Resumo
  • Potamotrygon orbignyi é uma espécie de arraia de água doce pertencente à família Potamotrigonidae, na qual apresenta ampla distribuição nos rios sul-americanos, podendo ocorrer em praias com potencial turístico, como é observado na praia do pesqueiro, Soure, PA. Características como o alto grau de policromatismo permite que esta espécie utilize de recursos destes locais estuarinos fortemente influenciados pelas variações sazonais. Diante disso, para compreender a ecologia trófica associada a morfologia desta espécie foram examinadas as variações morfológicas entre os indivíduos de Potamotrygon orbignyi bem como seus padrões de dieta por sexo, período e entre locais na Ilha do Marajó, Amazônia Brasileira. Nas coletas, realizadas entre dois períodos sazonais mais marcantes: seco e chuvoso, redes de arrasto com 20 e 25mm de abertura da malha entrenós e espinhéis foram utilizadas para a diminuição da seletividade e captura de espécimes de distintos tamanhos. Em laboratório, os espécimes foram identificados e mensurados no intuito de obter medidas lineares para cálculo dos atributos ecomorfológicos que foram submetidos a análise de componentes principais (PCA) e correlação de Spearman e para análise de dieta os estômagos foram removidos e determinados o grau de repleção e caracterização dos itens alimentares. Após análise multivariada permutacional, do cálculo do índice de Morisita e análise de Amudsen foram encontradas leves diferenças no consumo de itens bem como nas estratégias adotadas pela espécie que, mesmo com alto valor de sobreposição, minimizam a competição por recursos. Diferenças significativas na dieta da espécie foram encontradas entre períodos sazonais sugerindo que a espécie possui habito generalista e alta plasticidade, podendo alimentar-se de acordo com a disponibilidade de recursos.

  • JOÃO VICTOR DE MORAES SOUZA PINHEIRO
  • Composição, densidade e biomassa fitoplanctônica no estuário do rio Emboraí Velho, Norte do Brasil

  • Data: 25/06/2021
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo visou avaliar a dinâmica espacial e temporal do fitoplâncton no estuário do rio Emboraí Velho (Augusto Corrêa, Pará, Brasil), relacionando-a às variáveis ambientais e ao cultivo de ostras local. Dados de precipitação foram obtidos do IMENT-PA (estação Tracuateua), enquanto amostragens foram realizadas em duas estações fixas (E1 e E2) situadas ao longo do estuário, em ciclos nictemerais de 25 horas, durante os meses de janeiro, abril, agosto e novembro (2018) e abril, junho, setembro e dezembro (2019), totalizando 144 amostras. Amostras destinadas ao estudo das variáveis ambientais e do fitoplâncton foram coletadas na subsuperfície com garrafas de Niskin. A altura das marés, temperatura, salinidade e turbidez foram medidas in situ com CTDO’s. O pH foi determinado através de um pHmetro eletrônico e as concentrações de oxigênio e nutrientes dissolvidos (NO2 -, NO3 -, PO4 -, SiO4 -, nitrogênio total e fósforo total), e de clorofila-a por meio de técnicas espectrofotométricas. Câmaras de sedimentação foram montadas para cada amostra e analisadas em invertoscópio (400x), com os organismos contabilizados e classificados até o menor nível taxonômico possível. A partir dos dados de densidade obtidos, calculou-se a frequência de ocorrência, abundância relativa, diversidade e equitabilidade das espécies, sendo os dados abióticos e biológicos submetidos a métodos de exploração e análises estatísticas uni e multivariadas (ACC). A precipitação apresentou perfil sazonal acentuado, com valores elevados no primeiro semestre de cada ano e mais baixos no segundo semestre. A temperatura, salinidade, pH, concentrações de nitrito e fósforo total variaram sazonal e interanualmente, enquanto o oxigênio dissolvido variou entre as estações de amostragem, e a turbidez, nitrato e silicato, apenas entre os períodos sazonais. O ortofosfato apresentou variações sazonais e espaciais, e o nitrogênio total e as concentrações de clorofila-a (indicador de biomassa), apenas variações interanuais. Foram registrados 220 táxons pertencentes a 7 divisões, com as Bacillariophyta sendo as mais representativas do microfitoplâncton (178 táxons), seguidas por Myozoa (19), Cyanobacteria (8), Chlorophyta (6), Euglenozoa (4), Charophyta (3) e Ochrophyta (2). Os organismos identificados foram classificados maioritariamente como marinhos (91,8%), sendo geralmente marinhos e litoralis. Cymatosira belgica ocorreu em todas as amostras (100%), sendo muito frequente e dominante. A diversidade variou de muito baixa a baixa e o valor máximo (médio) de equitabilidade foi de 0,63 ± 0,08 (E1, chuvoso/2018), com distribuição pouco equitativa das espécies identificadas ao longo do estudo. As elevadas densidades de C. belgica registradas durante o presente estudo, principalmente em dezembro de 2019, contribuiu para a dominância do microfitoplâncton em relação aos fitoflagelados, pois esta espécie é epibentônica e eurialina, sendo bem adaptada às condições encontradas nos ambientes costeiros amazônicos. Densidades mais baixas na estação E1 do estuário possivelmente estiveram relacionados à herbivoria realizada pelas ostras do cultivo local, contudo, estudos contínuos e mais específicos precisam ser realizados para confirmar definitivamente esta hipótese. A ACC demonstrou que Cymatosira lorenziana e S. costatum se agruparam com às amostras do período chuvoso e se correlacionaram positivamente com a temperatura, turbidez, concentrações de nitrito, nitrato e clorofila-a, enquanto C. belgica revelou ser bem adaptada as condições do estuário, correlacionando-se positivamente com as concentrações de silicato e de fósforo total.

  • ADRIA DAVIS PROCOPIO
  • INFLUÊNCIA DO EVENTO EL NIÑO 2015/16 NA TAXA DE PRODUÇÃO DE Acartia tonsa E Acartia lilljeborgii (COPEPODA, CALANOIDA) EM UM ESTUÁRIO AMAZÔNICO (TAPERAÇU, NORTE DO BRASIL)

  • Data: 07/06/2021
  • Mostrar Resumo
  • Estudos que estimam a biomassa e produção de organismos do zooplâncton em estuários são fundamentais para se compreender o fluxo de energia nesses ecossistemas, os quais possuem extrema importância ecológica, social e econômica. Assim, o objetivo do presente estudo foi estimar os efeitos do evento climático anômalo El Niño 2015/2016 na dinâmica de produção dos copépodos Acartia tonsa e Acartia lilljeborgii em um pequeno estuário amazônico no litoral Amazônico. Dados de variáveis hidrológicas (temperatura, salinidade, turbidez e clorofila-a) e de organismos do zooplâncton foram obtidos em dez campanhas, realizadas entre junho de 2014 e setembro de 2016. Nos anos de 2015 e 2016, os valores anuais de precipitação foram mais baixos em relação à média histórica, e a salinidade por sua vez também foi maior neste período, alcançando valores acima de 36 durante o período seco. Embora a A. lilljeborgii exiba maior tolerância aos altos valores de salinidade, em relação a sua congênere, a biomassa e a produção desta espécie foi afetada nos meses em que a salinidade superou 36. Estes resultados demonstram que eventos extremos como o El Niño, podem causar sérias consequências em pequenos estuários como o Taperaçu, influenciando assim a dinâmica populacional dos organismos planctônicos e consequentemente toda a sua cadeia trófica, tornando esse tipo de ambiente, vulnerável a essas mudanças climáticas. 

  • ALEXYA CUNHA DE QUEIROZ
  • Feeding Ecology Of Mimetic Juveniles Of Oligoplites Palometa (Cuvier, 1833) Observed In An Amazonic Tidal Channel


  • Data: 07/06/2021
  • Mostrar Resumo
  • Many juvenile fish make use of estuaries as shelters during the initial stages of 99 life, where they first settle, feed and develop as adults. Some of these species adopt 100 behavioral strategies to maximize their chance of survival, including mimesis, through 101 which some fish species deceive both potential predators and preys. Juveniles of the target 102 species, the Maracaibo leatherjack Oligoplites palometa (Cuvier, 1833) are leaf mimetic 103 as a strategy to minimize the predation risk. Nevertheless, adults are relatively important 104 for human consumption, studies approaching its ecology, especially while juveniles, are 105 still scarce, as occurs with many other juveniles estuarine fish species. The present study 106 analyzed the behavioral patterns and feeding diet of juvenile O. palometa during daylight, 107 in a tidal channel in the estuary of Caeté river, NE Pará (Brazil). Our results show that 108 seasonal periods are associated with behavioral patterns and food items. During the dry 109 season, juvenile fish have active feeding behavior, through foraging while performing a 110 mimetic swimming pattern, as well as presenting a strong relationship with the abundance 111 of food items in diet. During the rainy season, a relatively smaller frequency in both 112 behavioral patterns (attack, drifting swimming pattern, swim and submerge) and food 113 items was observed. However, a higher diversity of food items and behaviors was 114 observed in the rainy season. Mimetic juvenile O. palometa presented zooplanktivore 115 habits, feeding mainly on Copepoda, especially the Order Harpacticoida. The lunar cycle 116 is associated with the composition of the diet, where Brachyura, Clupeidae larvae and 117 unidentified Crustacea were more frequently found during full, waning and new moon 118 respectively. Our results describe the behavioral strategies and diet of juvenile O. 119 palometa, in relation to season and lunar cycle, discussed in relation to seasonal variation 120 in habitat, prey availability and development stage of the species.

  • FABIO DA SILVA FIGUEIREDO
  • Diversidade de Monogenoidea (Platyhelminthes) parasitos de espécies de Pimelodídeos (Actinopterygii, Siluriformes) da Costa Nordeste Paraense

  • Data: 03/06/2021
  • Mostrar Resumo
  • Os bagres pimelodídeos representam um dos grupos mais diversos de Siluriformes de águas continentais da região Neotropical, com 114 espécies válidas conhecidas. Várias espécies da família são reconhecidamente importantes do ponto de vista econômico, como recurso alimentar, pesca esportiva ou aquariofilia. O conhecimento sobre a diversidade parasitária destes bagres, abrange vários grupos de metazoários parasitos, destacando-se os platelmintos da classe Monogenoidea por sua riqueza e diversidade. Os pimelodídeos, abrigam a mais diversa fauna de monogenóideos dactilogirídeos entre os Siluriformes neotropicais, com atualmente 54 espécies válidas incluídas em 10 gêneros. Todavia, apesar desse conhecimento, apenas ~27% dos pimelodídeos foram estudados em busca de seus monogenóideos, sugerindo que uma diversidade ainda maior venha a ser descoberta. Sendo assim, o presente trabalho objetivou inventariar a diversidade de monogenóideos parasitos de Pimelodidae ocorrentes em rios pertencentes a costa Nordeste Paraense, com a descrição de novas espécies e/ou redescrição de espécies, elevando assim, o conhecimento da diversidade de parasitos monogenóideos para Amazônia Oriental. No total, oito novos dactilogirídeos foram descritos, sendo: Dactylogyridae gen. 1 sp., Vancleaveus sp. n. de Pseudoplatystoma cf. fasciatum; Dactylogyridae gen. 2 sp. de Hypophthalmus cf. marginatus; Dactylogyridae gen. 3 sp. de Pseudoplatystoma cf. tigrinum; Ameloblastella sp. n., Demidospermus sp. n. C de Hypophthalmus sp.; Demidospermus sp. n. A, Demidospermus sp. n. B de Pimelodus ornatus. Também, foi reportada pela primeira vez a ocorrência de Pavanelliella pavanellii Kritsky & Boeger, 1998 em rios da costa Nordeste Paraense.

  • NATALIA DO SOCORRO DA SILVA SOUSA
  • IMPACTOS NA QUALIDADE DA ÁGUA DE UM ESTUÁRIO TROPICAL AMAZÔNICO (CAETÉ-BRASIL) PROVOCADO POR ALTERAÇÕES NATURAIS E ANTRÓPICAS

  • Data: 29/04/2021
  • Mostrar Resumo
  • Esta tese de doutorado inclui dados hidrológicos, microbiológicos e de uso e ocupação territorial do município de Bragança. A cidade de Bragança está localizada no nordeste paraense e tem crescido de forma rápida e desordenada nas últimas décadas, o que vem resultando em sérios problemas nos seus corpos hídricos, principalmente no estuário do Rio Caeté (setor mais urbanizado) e no Rio Cereja. Por sua vez, nos últimos anos, os eventos climáticos são mais frequentes e intensos, o que pode agravar a situação ambiental destes corpos hídricos. Com base nisto, a hipótese desta tese foi que o crescimento acelerado associado à falta de gestão pública adequada esteja comprometendo a qualidade das águas em estudo e que durante os eventos climáticos a situação é agravada. O estudo compreende dados de sete anos de coleta de campo que coincidiram com diferentes eventos climáticos. Assim, o objetivo principal desse estudo foi compreender como os eventos climáticos podem afetar a qualidade da água de corpos hídricos localizados em uma cidade costeira sem um planejamento urbano adequado. Os setores estudados do estuário do Rio Caeté e do Rio Cereja incluem áreas com baixa, moderada e alta influência humana. Os setores mais urbanizados foram aqueles que apresentaram as águas mais tróficas e contaminadas por coliformes termotolerantes. Por sua vez, a precipitação foi um importante fator natural que controlou as oscilações das variáveis hidrológicas. Os resultados da tese mostram que no estuário do Rio Caeté, durante os diferentes eventos climáticos, as variáveis hidrológicas apresentaram padrão de oscilação oposto quando comparados os eventos mais secos e mais chuvosos. Nos eventos mais secos foram registrados os maiores valores de nutrientes e clorofila-a. A ausência de saneamento básico e o rápido crescimento populacional justificam os maiores valores de nutrientes, clorofila-a e coliformes termotolerantes no setor mais urbanizado de Bragança. Por sua vez, o rio Cereja também parece contribuir com estes altos valores no setor mais urbanizado do estuário do Rio Caeté, uma vez que o mesmo desagua próximo ao centro de Bragança. Um comparativo entre anos anteriores com anos mais recentes mostrou um aumento dos efeitos negativos do crescimento populacional, juntamente com o aumento da descarga de efluentes para qualidade das águas superficiais em estudo. Como resultado, as águas destes corpos hídricos foram consideradas impróprias para qualquer tipo de uso nas áreas sob fortes pressões antrópicas. Medidas de gestão foram propostas para melhorar a qualidade destes corpos de água, entretanto faz-se necessário que os instrumentos de gestão do município sejam utilizados para recuperar a qualidade da área em estudo.

  • LARISSA SAMPAIO DE SOUZA
  • HISTÓRIA FILOGEOGRÁFICA E TAXONOMIA DO GÊNERO Pipra (LINNAEUS, 1764)

  • Data: 27/04/2021
  • Mostrar Resumo
  • A avifauna é alvo de muitos estudos filogeográficos com o intuito de entender os processos evolutivos envolvidos no cenário de diversificação, especialmente no bioma Amazônico. Espécies politípicas e com ampla distribuição são bons modelos para o entendimento destes processos. O gênero Pipra é um grupo de manakins pertencentes à família Pipridae, apresenta três espécies com divisões subespecíficas, ampla distribuição e seus habitantes vivem em ambientes sazonalmente alagáveis (floresta de várzea) e florestas de galeria. Atualmente sua classificação é baseada mediante seus caracteres fenotípicos e de distribuição, sendo composto pelas espécies: Pipra fasciicauda, Pipra aureola e Pipra filicauda. As relações de ancestralidade desse complexo já foram inferidas com base em caracteres morfológicos, moleculares e comportamentais, apoiando o seu monofiletismo. Entretanto, informações filogenéticas intraespecíficas baseadas em dados moleculares existem somente para Pipra fasciicauda. Partindo desse princípio, os objetivos desta tese foram: averiguar a ocorrência de hibridização entre P. fasciicauda e P. aureola; estabelecer as relações intraespecíficas de P. aureola; inferir as relações de ancestralidade existente entre todas as Linhagens encontradas nas três espécies em questão. Juntamente a essa abordagem, procuramos entender os padrões filogeográficos que atuaram no processo de diversificação dessas aves amazônicas, permitindo avaliar o papel desempenhado pelos fatores sobre os mecanismos evolucionários e históricos. Para isso, utilizamos dados integrados de plumagem e molecular multiloci, envolvendo 119 espécimes, contemplando 10 dos 11 táxons descritos deste gênero. Nossos dados confirmaram a hibridização entre P. fasciicauda e P. aureola, com a descrição de uma nova área de hibridização; relatamos a existência de três Linhagens em P. aureola, a saber: P. aureola aureola, P. aureola flavicollis e P. aureola borbae, com o táxon P. a. aurantiicollis apresentando compartilhamento de traços fenotípicos e genéticos com P. aureola aureola e P. aureola flavicollis, sendo considerado um grupo de origem híbrida; a filogenia do gênero Pipra revelou a existência de sete clados, corroborando a existência de três Linhagens em P. fasciicauda, três Linhagens em P. aureola e apenas uma em P. filicauda, sendo esta, a primeira a divergir dentro do gênero. A monofilia foi registrada somente para espécie P. filicauda e as duas outras espécies apresentaram parafilia, baseado nas relações observadas entre suas Linhagens. A divergência recente entre P. aureola e P. fasciicauda reflete diretamente nos aspectos comportamentais, evolutivos e de vocalização que ainda se apresentam semelhantes entre si, sendo fatores importantes para o cruzamento interespecífico. Assim como também a existência de áreas simpátricas, pois atuam como um agente preponderante para o contato e, consequentemente, favorecendo a hibridização. Em relação a diversificação dessas espécies, a que foi apontada para P. fasciicauda e P. filicauda, sugere que os rios sejam proponentes diretos nesse processo, enquanto, P. aureola, o direcionamento é que as oscilações climáticas ocorridas no período do Plioceno-Pleistoceno, coincidente com a diversificação desses táxons, tenham tido papel crucial nesse padrão encontrado, visto que o dinamismo no perfil geomorfológico promoveu a criação de diferentes ambientes disponíveis e que consequentemente coordenaram a distribuição dos táxons. Outro aspecto importante nas relações dentro desse gênero foi o encontrado entre P. aureola borbae e a Linhagem que inclui P. f. purusiana, P. f. saturata e P. f. fasciicauda consideradas táxons irmãos. Elas mantêm simpatria na região central do rio Madeira, e considerando o cenário, hipotetizamos que apesar das diferenças nos caracteres de plumagem, esses táxons que apresentam divergência recente, intercruzaram, sendo postulado a existência de introgressão. Portanto, nesse contexto de diversificação, sugerimos que o gênero Pipra tenha mudanças taxonômicas, baseado nas Linhagens encontradas nesse estudo, aumentando o número de espécies válidas e resolvendo questões de parafiletismo.

  • ANA CARLA BARROS DE SOUZA
  • SISTEMÁTICA MOLECULAR DE Paralonchurus (ACANTHURIFORMES: SCIAENIDAE)

     

  • Data: 29/03/2021
  • Mostrar Resumo
  • O gênero Paralonchurus (Sciaenidae, Peciformes) é formado por seis espécies marinhas, sendo cinco com ocorrência restrita ao Pacífico Oriental (P. dumerilii, P. goodei, P. petersii P. peruanus e P. rathbuni), e uma espécie restrita ao Atlântico Ocidental (P. brasiliensis). Contudo, a validade do gênero como um grupo monofilético vem sendo questionada, e vários estudos realizados somente com dados morfológicos são discordantes. O presente trabalho foi delineado com uma abordagem de filogenia molecular para esclarecer o posicionamento taxônomico do gênero na família, e avaliar as relações filogenéticas entre as espécies. Foi obtido o mitogenoma completo das espécies Paralonchurus dumerilii e de Paralonchurus brasiliensis, e os 13 genes codificantes de proteínas (PCGs) do DNAmt foram usados para obter árvores filogenéticas para comparar P. dumerilii e P. brasiliensis com outros representantes da família Sciaenidae, revelando um posicionamento basal no clado dos cianídeos. Para uma análise filogenética incluindo as cinco espécies de Paralonchurus disponíveis, Lonchurus lanceolatus e os grupos externos, foram analisadas sequencias de DNA de dois loci mitocondriais e dois loci nucleares. Foram realizadas análises filogenéticas de Máxima Verossimilhança (ML) e Inferência Bayesiana (BI), estimativas de divergências genéticas, e tempo de divergência dos principais eventos de diversificação dos grupos. Os resultados demonstraram que Paralonchurus não constitui um grupo monofilético, mostrando estreita relação com Lonchurus, em um arranjo das espécies com quatro clados distintos, com acentuada distância genética e tempos de divergência bastante antigos. Com base nos resultados, sugerimos a reclassificação taxonômica das cinco espécies de Paralonchurus, e de Lonchurus lanceolatus, representadas no estudo, em uma proposta com quatro gêneros distintos, a saber: Lonchurus (L. lanceolatus e L. petersi), Bragantinus, gênero novo (B. brasiliensis e Bragantinus peruanus); Zaclemus (Z. goodei), e Polycirrhus (P. dumerilii).

  • BRENO PORTILHO DE SOUSA MAIA
  • ANÁLISE DA PESCA INDUSTRIAL DE CAMARÕES MARINHOS NA COSTA NORTE DO BRASIL: RELAÇÕES ENTRE A VARIABILIDADE CLIMÁTICA E A UTILIZAÇÃO DE DISPOSITIVO DE REDUÇÃO DE IMPACTOS ECOLÓGICOS

  • Data: 26/03/2021
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo relacionou a variabilidade climática marinha à produtividade pesqueira do camarão rosa e avaliou a eficiência do painel de malha quadrada como dispositivo de redução de fauna acompanhante (DRFA), nas redes de arrastos da frota camaroeira industrial que atua na costa norte do Brasil. Foram utilizadas séries temporais de dados de desembarque e produção pesqueira de janeiro de 2010 a dezembro de 2016 e dados ambientais de reanálises. As análises estatísticas empregadas foram correlação cruzada, ondeleta cruzada e análises multivariadas. Os resultados mostram que a temperatura da superfície do mar, o vento, a descarga do rio Amazonas e eventos de grande escala como El Niño/La Niña o fluxo de calor no Oceano Atlântico (GITA) se relacionam de maneira diferente com a produção pesqueira de camarão. Os picos de desembarques pesqueiros foram registrados durante a estação de cheia do rio Amazonas e o fluxo de calor na direção Sul no Oceano Atlântico, isto é, a fase negativa do Gradiente de Temperatura da Superfície do Mar Inter- hemisférico no Oceano Atlântico. O modelo de RDA mostrou que a CPUE de camarão está relacionada positivamente à descarga do rio Amazonas, à temperatura da superfície do mar e ao componente zonal do vento e negativamente ao GITA, com 94% de explicação. A ondeleta cruzada indicou uma defasagem de seis meses entre a vazão do rio Amazonas e a pesca do camarão. Essa análise mostrou também que o GITA está em fase oposta à pesca do camarão. Por outro lado, a regressão múltipla indicou que a descarga do rio Amazonas e o campo de vento foram os fatores que mais contribuíram na produção de camarão. Foi feita a avaliação da eficiência do painel de malha quadrada na redução da fauna acompanhante durante um cruzeiro experimental numa embarcação da frota industrial camaroeira. Em uma das redes foi confeccionado o painel de malha quadrada medindo 0,90 m de comprimento e 0,50 m de largura, com malhas 100 mm de tamanho de barra entre-nós-opostos inserido na parte superior do ensacador habitualmente utilizado pela frota. Foram realizados 24 arrastos experimentais. A produção total de cada arrasto foi classificada como: (i) “espécie alvo” – os camarões; (ii) byproduct a parte da ictiofauna acompanhante que possui valor comercial; (ii) bycatch a parte descartada ao mar. Da captura total, 12,5% foram de camarões, 16,4% de byproduct e 71,0% de bycatch. A avaliação da eficiência do dispositivo apresentou diferença significativa na captura de camarão (Teste t: p= 0,018). A maior redução média de captura em biomassa ocorreu com bycatch (4,48%) seguida do camarão (3,80%) e byproduct (-12,85%). O valor negativo significou que a rede com malha quadrada capturou 12,85% a mais de espécies que compõem a parte que é aproveitada da captura incidental byproduct comparada com a rede sem o dispositivo. A utilização de dispositivos redutores de fauna acompanhante pode ser uma eficaz alternativa para a mitigação dos impactos ecossistêmicos dessa pescaria. Essa pesquisa deve contribuir para a criação de políticas públicas na melhoria da gestão do setor pesqueiro do camarão.

  • FARLEY DARLAN DOS SANTOS FERNANDES
  • MESOZOOPLÂNCTON DO ESTUÁRIO DO EMBORAÍ VELHO (NORTE DO BRASIL) 

  • Data: 25/03/2021
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo investigou as variações espacias e temporais (anuais, sazonais e mensais) da composição e densidade da comunidade mesozooplanctônica do estuário do Emboraí Velho (Norte do Brasil), correlacionando-as com as variáveis hidrológicas e biológicas. As coletas foram realizadas durante marés de sizígia, em duas estações fixas localizadas ao longo do estuário (estação superior-E1 e médio-E2), nos meses de janeiro, abril, agosto e novembro de 2018, e abril, setembro e dezembro de 2019. As amostras do zooplâncton foram obtidas através do arrasto horizontal de redes cônicas de plâncton com aberturas de malha de 200 μm (equipadas com fluxômetros mecânicos), ao longo de um período de 25 h, em intervalos regulares de 3 horas, resultando em um total de 144 amostras. Simultaneamente, as medidas de temperatura e salinidade foram determinadas através de CTDO’s, sendo os registros realizados a cada 10 minutos. Adicionalmente, foram coletadas amostras subsuperficiais de água, através de garrafas de Niskin, para determinação do pH, turbidez, concentrações de oxigênio dissolvido-OD, concentrações de nutrientes dissolvidos e de clorofila-a. Durante o período estudado, os níveis de precipitação foram os principais responsáveis pelas oscilações dos componentes hidrológicos e biológicos, uma vez que o ecossistema apresenta baixo fluxo de água doce de origem fluvial. As águas do estuário do Emboraí Velho variaram de mesohalinas a euhalinas, apresentando elevadas temperaturas, turbidez, concentrações de oxigênio dissolvido e nutrientes dissolvidos, e moderadas concentrações de clorofila-a. O mesozooplâncton do estuário do Emboraí Velho esteve constituído por representantes dos filos Sarcomastigophora, Annelida, Cnidaria, Mollusca, Echinodermata, Arthropoda, Chaetognatha e Chordata, dentre os quais destacaram-se os seguintes táxons: Acartia lilljeborgii, Pseudodiaptomus, copepoditos de Acartia, copepoditos de Pseudodiaptomus, Euterpina acutifrons, Oikopleura dioica, e larvas de Gastropoda. De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que o mesozooplâncton do estuário do rio Emboraí Velho pode ser considerado típico de regiões estuarinas amazônicas dominadas por manguezais, e que as variações espaciais e temporais observadas em suas densidades, bem como nas concentrações de nutrientes inorgânicos, estão influenciadas pelas taxas de precipitação, as quais atuam diretamente sobre as flutuações de salinidade e consequentemente sobre a estrutura e dinâmica desta comunidade.

  • DIEGO SIMEONE FERREIRA DA SILVA
  • BIVALVES DE ÁGUA DOCE AMAZÔNICOS: RELAÇÃO COM FUNÇÕES ECOLÓGICAS, DIVERSIDADE AQUÁTICA, HIDRODINÂMICA E HABITAT, E A FORMA DA CONCHA

  • Data: 18/03/2021
  • Mostrar Resumo
  • Bivalves desempenham funções ecológicas importantes em ecossistemas de água doce, que estão associadas ao seu comportamento de filtração e biodeposição, e podem influenciar a cadeia alimentar do rio e a qualidade do habitat. Bivalves vivem parcialmente ou completamente enterrados no sedimento e variações na hidrodinâmica do rio podem influenciar sua distribuição e padrões na forma da concha. Na Amazônia, que sofre extensas modificações feitas por humanos, há pouca ou nenhuma informação sobre a distribuição, habitats adequados e funções ecológicas desempenhadas por bivalves de água doce. Isso é preocupante pois as assembleias de bivalves de água doce estão diminuindo em todo o mundo e as modificações da paisagem na Amazônia, principalmente para pastagens e urbanização, podem acelerar esse declínio. Este é o primeiro estudo na Amazônia a descrever a associação dos bivalves com a cadeia alimentar do rio, usando macroinvertebrados bentônicos, e com a qualidade do habitat. Também, é o primeiro a usar variáveis hidráulicas complexas associadas ao leito do rio para investigar habitats adequados, distribuição e padrões na morfologia da concha de bivalves de água doce Amazônicos, e usar variáveis da paisagem para descrever declínios na densidade dos bivalves. Os resultados evidenciaram que bivalves estão fortemente associados a aumentos na abundância e diversidade taxonômica e funcional dos macroinvertebrados, especialmente para tricópteros que são fragmentadores e predadores, diferindo dos padrões encontrados em rios temperados. Esses padrões estão fortemente associados à alta densidade dos bivalves. O efeito dessas associações está relacionado com a filtração que influência positivamente a qualidade da água, e a biodeposição de matéria orgânica no sedimento, que é uma importante fonte de alimento para macroinvertebrados bentônicos. Os resultados também mostraram que Castalia ambigua e Anodontites elongatus ocorrem em áreas com menor heterogeneidade do substrato e leito de rio mais estável, em períodos de vazões altas e baixas. No entanto, declínios na densidade dos bivalves são observados em áreas com maiores modificações da paisagem, principalmente na escala de floresta ripária associada à urbanização. A hidrodinâmica do rio também está associada a variações na forma da concha de Castalia ambigua, que difere fortemente entre áreas de baixa e alta energia hidráulica. Em resumo, este estudo destacou a importância dos bivalves de água doce da Amazônia para manter uma assembleia de macroinvertebrados diversa e a qualidade do habitat, especialmente na escala de floresta ripária. Essas descobertas são valiosas porque promovem suporte para a inclusão explicita de bivalves de água doce Amazônicos como prioridade nos planos de conservação aquática da região.

  • MANOEL LUCIANO AVIZ DE QUADROS
  • PADRÃO DE DESENVOLVIMENTO E MORFOLOGIA FUNCIONAL DOS APÊNDICES BUCAIS E ESTÔMAGO DE LARVAS E PRIMEIRO JUVENIL DE CAMARÕES MACROBRACHIUM SPENCE BATE, 1868 DE DESENVOLVIMENTO LARVAL LONGO.

  • Data: 04/03/2021
  • Mostrar Resumo
  • Camarões do gênero Macrobrachium Spence Bate, 1868 possuem grande importância ecológica e comercial, tanto na aquicultura quanto na exploração dos estoques naturais. No cultivo destes crustáceos, a larvicultura é a fase mais complexa pois, requer tecnologia adequada e eficiente controle da alimentação. Estudos morfológicos dos apêndices bucais e das estruturas internas do estômago de larvas de crustáceos têm grande importância pois, podem revelar informações importantes sobre os hábitos alimentares das espécies. Desse modo, tais estudos podem viabilizar a escolha de alimentos adequados, podendo influenciar positivamente na qualidade do cultivo e, consequentemente, contribuir com o aumento na taxa de sobrevivência e crescimento larval, como já observado em estudos anteriores. Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo descrever e ilustrar os principais aspectos morfológicos dos apêndices bucais e do estômago de camarões do gênero Macrobrachium, relacionando à funcionalidade dessas estruturas ao longo de todo o desenvolvimento ontogenético das espécies. A ênfase do estudo foi direcionada à caracterização das cerdas, descrição das principais modificações morfológicas e determinação da funcionalidade do sistema digestivo das espécies M. equidens, M. carcinus, M. surinamicum, M. rosenbergii e M. acanthurus. Foi elaborada uma descrição padronizada para os principais tipos de cerdas e estruturas que atuam nos processos digestivos ao longo do desenvolvimento ontogenético das larvas. As alterações morfológicas observadas na estrutura e configuração dos tipos de cerdas encontradas nos apêndices bucais e estômago durante o desenvolvimento ontogenético, evidenciaram um padrão de desenvolvimento relativamente constante entre as espécies analisadas bem como entre outras espécies congêneres. As transformações ocorridas entre os estágios larvais iniciais, zoea I e II, foram mais evidentes, seguidas por modificações na disposição e acréscimo no número de cerdas até o último estágio larval e, posteriormente, na metamorfose para o primeiro juvenil. Foram registradas muitas semelhanças na morfologia dos apêndices bucais e estômago das larvas entre as espécies investigadas, bem como em relação às descrições larvais de outras espécies congêneres. No primeiro estágio larval, as espécies apresentaram apêndices bucais pouco desenvolvidos, com ausência ou número reduzido de cerdas e outras estruturas, bem como estômagos rudimentares, desprovidos de cerdas, sem válvula cardiopilórica e sem filtro pilórico, indicando limitação funcional e, consequentemente, ausência de alimentação neste estágio. A partir do segundo estágio larval, as modificações foram significativas e ocorreram de forma muito similar entre as espécies comparadas. Os apêndices bucais apresentaram-se mais complexos que o estágio anterior, destacando-se o acréscimo no número de dentes nas mandíbulas, bem como na variedade e quantidade de cerdas presentes nas maxílulas, maxilas e maxilípedes. Os estômagos das larvas zoea II também apresentaram alterações morfológicas relevantes, com câmaras cardíacas e pilóricas nitidamente individualizadas, válvulas cardiopilóricas robustas circundadas por inúmeras cerdas e presença do filtro pilórico. Tais estruturas podem proporcionar, a partir deste estágio, maior eficiência no processo alimentar das larvas. Já nos estágios subsequentes até o último zoea, todas as espécies analisadas apresentaram apêndices bucais e estômagos mais especializados, com acréscimo no número e tipos de cerdas, evidenciando o aumento na capacidade de captura e digestão de alimentação exógena. Após a metamorfose para o primeiro juvenil (pós-larva) foram observadas alterações morfológicas semelhantes em todas as espécies analisadas, como: o incremento de cerdas em todas os apêndices bucais e estômagos, mandíbulas robustas, maxilípedes com endópodos maiores, diminuição no tamanho dos exópodos, expansão da câmara cardíaca do estômago, filtro pilórico mais especializado, e ausência de ossículos ou dentes laterais no estômago. Essa restruturação reflete a transição do hábito de vida planctônico para bentônico, onde as espécies passam a explorar uma ampla variedade de nutrientes disponíveis no ambiente. Por fim, os resultados obtidos neste estudo fornecem subsídios para a melhor compreensão do comportamento alimentar das espécies analisadas.

2020
Descrição
  • YRLAN SOUSA DE OLIVEIRA
  • O uso de espécies crípticas do complexo Rhinella marina (Bufonidae: Anura) para o estudo de diversidade genética e especiação

  • Data: 30/12/2020
  • Mostrar Resumo
  • As espécies do Complexo Marina são excelentes modelos para estudos biogeográficos, pois são amplamente distribuídas no Neotrópicos, além de diferentes espécies serem específicas de um determinado bioma. Além disso, a introdução da espécie R. marina na Austrália pode fornecer importantes dados para o teste de hipóteses acerca dos efeitos do efeito fundador e variabilidade genética. Assim, entender a dinâmica de dispersão e especiação deste grupo é de grande interesse biogeográfico, visto que, estudos recentes têm demonstrado que a espécie Rhinella marina tem grande capacidade adaptativa e uma excelente aptidão para se estabelecer em novos ambientes. O presente trabalho buscou, através de comparações entre populações de espécies do complexo Rhinella Marina, testar hipóteses acerca do efeito fundador na Austrália (R. marina), assim como especiação na América do Sul (R. jimi). Para o teste de especiação foram utilizados um gene mitocondrial, além de 12 loci de microssatélites e regiões intrônicas. A partir de análises filogenéticas observou-se que R. jimi possui um ancestral comum com amostras de R. marina (linhagem da margem direita do Amazonas), sendo que as análises indicam forte migração entre esta e R. jimi. Para se testar os efeitos da diversidade na Austrália foi utilizado um gene do MHC, classe I Alfa 2. As análises comparativas entre amostras da Austrália, e de diversas espécies do complexo Marina de regiões de ocorrência natural demonstraram que há existência de polimorfismo ancestral, além de uma baixa variabilidade genética para este marcador, o que explica a baixa variabilidade nas amostras da Austrália. O presente trabalho reforça a necessidade de estudos comparativos entre os indivíduos de áreas nativas x introduzidas, para o teste correto de hipóteses.

  • MAYARA TATIANE BARROS VIEIRA RABELO
  • VARIAÇÃO TEMPORAL E VERTICAL NO EFLUXO DE CO2 DO TRONCO DE ESPÉCIES ARBÓREAS DE MANGUE, NA PENÍNSULA DE AJURUTEUA, BRAGANÇA, COSTA AMAZÔNICA BRASILEIRA

  • Data: 14/12/2020
  • Mostrar Resumo
  • Os manguezais desempenham um papel importante na regulação do clima, sequestrando e estocando quantidades significativas de carbono, dessa forma, auxiliando no balanço das emissões antrópicas desse gás de efeito estufa. No intuito de melhor entender o papel das florestas de mangue nesse cenário, o presente estudo analisou o efluxo de CO2 (ECO2) do tronco das árvores de Avicennia germinans, Rhizophora mangle e Laguncularia racemosa, espécies dominantes nos manguezais da península de Ajuruteua, Bragança, e ao longo da costa amazônica brasileira, considerando a variação i) temporal (ao longo do dia, mês e ano) e ii) vertical (ao longo do fuste). Da mesma forma, o presente estudo avalia a influência de fatores abióticos e bióticos, como: salinidade intersticial do solo, precipitação pluviométrica e temperatura do ar e do tronco sobre essas variações, além de testar a acuidade dos resultados obtidos para extrapolações através dos métodos que utilizam i) apenas o diâmetro à altura do peito (DAP) das árvores ou ii) os diferentes pontos ao longo do fuste. Para estimar o ECO2 do tronco foi utilizado um analisador portátil de gás por infravermelho (IRGA) Licor-840 e câmaras cilíndricas para acoplar ao tronco. As medidas foram tomadas de março de 2019 a fevereiro de 2020. A variação no ECO2 do tronco ao longo do dia apresentou os valores mínimos entre 01:00 e 7:00 h para as três espécies de mangue (1,09 a 2,16 μmol CO2 m-2s-1) e os máximos entre 14:00 e 16:00 h para A. germinans e L. racemosa (4,70 a 1,75 μmol CO2 m-2s-1), enquanto que para R. mangle as maiores taxas foram registradas às 20:00 h (1,57 μmol CO2 m-2s-1). A temperatura do tronco e do ar seguiram tendências similares ao ECO2 do tronco com máximas entre 12:00 e 16:00 h (30,8 ± 1,88 oC) e mínimas entre 03:00 e 05:00 (26,8 ± 1,26 oC). O diâmetro do tronco apresentou correlação positiva com o ECO2 apenas para R. mangle e L. racemosa. Quanto à variação vertical, as estimativas de ECO2 obtidas no DAP apresentaram valores médios superiores àqueles obtidos ao longo do fuste somente para A. germinans (2,08 ± 1,17 e 1,71 ± 0,99 μmol CO2 m-2s-1, respectivamente) e L. racemosa (1,45 ± 0,74 e 1,27 ± 0,67 μmol CO2 m-2s-1, respectivamente). A variação temporal no ECO2 do tronco ficou evidente tanto ao longo do dia e nos meses monitorados ao longo de um ciclo anual, com as maiores estimativas registradas durante o período seco. A salinidade intersticial do solo apresentou maiores valores (28,3 ± 0,61 a 35,2 ± 0,41) durante os meses do período seco, com diminuição dos valores de ECO2 do tronco nas três espécies de mangue expostas à salinidade acima de 30. A extrapolação das estimativas obtidas usando apenas as medidas de efluxo do DAP resultou em superestimativa do ECO2 anual do tronco das árvores para a atmosfera em comparação às medições obtidas no plano vertical ao longo do tronco, cujos valores mostraram diferenças de 6%, 16% e 28% para R. mangle, A. germinans e L. racemosa, respectivamente. Os valores anuais de ECO2 do tronco estimados pelos métodos baseados nas medidas obtidas através i) do DAP e ii) ao longo do tronco foram de 77,4 a 471,3 mol CO2 m-2 tronco-1 ano-1 e de 55,9 a 395,0 mol CO2 m-2 tronco-1 ano-1, respectivamente. Tais resultados sugerem que as estimativas com base nos diferentes pontos ao longo do fuste sejam utilizadas para obter estimativas mais precisas, reduzindo as incertezas no balanço de carbono tanto para o compartimento “tronco” quanto para a floresta de mangue como um todo.

  • ANTONITA SANTANA DA SILVA
  • Sistemática, biogeografia e limites interespecíficos no gênero Dendrocolaptes (Aves: Dendrocolaptidae)

  • Data: 23/11/2020
  • Mostrar Resumo
  • O gênero Dendrocolaptes é um dos mais amplamente distribuídos da família Furnariidae, a qual inclui os arapaçus. As espécies deste gênero distribuem-se pelo Neotrópico ocorrendo desde o México até à Argentina. Mais de 20 táxons foram descritos em Dendrocolaptes com base em caracteres morfológicos e de plumagem e até então, nenhuma filogenia bem resolvida e representativa quanto à cobertura taxonômica estava disponível para o gênero. A falta de filogenias robustas e densamente amostradas taxonomicamente para Dendrocolaptes impediam inferências confiáveis sobre a diversidade real de espécies do gênero e sua história evolutiva. Para a reconstrução de filogenias desse gênero foram sequenciados neste estudo 2.741 pares de base de genes mitocondriais e nucleares de 16 dos 23 táxons (espécies e subespécies) atualmente considerados válidos de Dendrocolaptes e, a partir de análises com diferentes abordagens (bayesianas e coalescentes), foram aqui propostas as primeiras filogenias para o gênero com uma ampla cobertura taxonômica. Nossos dados sugerem alterações na taxonomia de Dendrocolaptes em relação aos arranjos propostos anteriormente, apoiando um novo tratamento taxonômico que reconhece 12, ao invés de apenas cinco espécies, todas diagnosticadas tanto por caracteres moleculares como fenotípicos. Destas cinco espécies reconhecidas anteriormente, apenas D. picumnus foi recuperada aqui como parafilética, justificando um estudo mais detalhado das relações filogenéticas e os limites das linhagens dentro do complexo de D. picumnus como um todo. Para esse fim, amostramos 106 espécimes pertencentes à nove dos 13 táxons reconhecidos para o grupo. Nossos resultados não apoiaram a monofilia dos grupos de subespécies “amazônico” e “montano” para a espécie politípica D. picumnus, indicando ainda que pelo menos um táxon “montano” pertence à mesma linhagem evolutiva que o táxon do “Chaco”. Essa relação destaca uma conexão histórica entre as biotas andina e chacoana não anteriormente reconhecida no gênero Dendrocolaptes. De um modo mais amplo, os resultados apóiam uma origem amazônica para o gênero Dendrocolaptes, com eventos de colonização independentes e posterior diferenciação em ambientes de florestas secas e montanos em toda região Neotropical, concentrados no Pleistoceno médio e tardio.

  • ANDREZA LUCIA SANTIAGO SOMBRA SANTOS
  • Beneficiamento artesanal do Caranguejo-Uçá na Costa Amazônica Brasileira: aspectos socioeconômicos, ambientais e tecnológicos na utilização de resíduos.

  • Data: 16/11/2020
  • Mostrar Resumo
  • Os manguezais têm grande importância socioeconômica, sendo a extração de seus recursos as principais formas de exploração. Comunidades adjacentes a RESEX Mar Caeté-Taperaçu apontam a agricultura e a coleta do caranguejo como as duas mais importantes fontes ocupação no estuário. A forma de comercialização mais encontrada do caranguejo-uçá é vivo ou carne (massa) de caranguejo congelada. A retirada da carne de caranguejo (catação) ocorre de forma artesanal, sem padronização das condições higiênico-sanitárias, geração de grande volume de resíduos e, muitas vezes, com a participação do trabalho infantil. Somente duas microempresas, que estão localizadas na Comunidade da Vila do Treme, município de Bragança, atuam em conformidade com a Lei Estadual no 7.565, de 25 de outubro de 2011 e possuem registro na Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (ADEPARÁ) para produção e comercialização da carne do crustáceo dentro do estado do Pará. Todavia, a classificação de “produto artesanal” diminui das microempresas, frente a Secretaria Municipal do Meio Ambiente do município de Bragança, o rigor e a responsabilidade no que diz respeito a obrigatoriedade de um projeto ambiental para destinação dos resíduos gerados na atividade. Esta pesquisa visou sugerir uma alternativa para aproveitamento dos resíduos de caranguejo que são depositados em locais inadequados na comunidade do Treme, contribuindo dessa forma para amenizar o impacto ambiental nos manguezais, rios, lençol freático e nos animais que dependem direta e indiretamente desse ecossistema. A ação desenvolvida nesta pesquisa foi produzir argamassa com a inserção do pó de exoesqueleto (carapaça) do caranguejo, o qual poderá ser utilizado, em princípio, em diversas aplicações na construção civil para produção de artefatos, ou como insumo para produção destes. Outro aspecto abordado nesta pesquisa foi o levantamento de dados socioeconômicos apresentados por trabalhadores das microempresas (beneficiadoras) do caranguejo-uçá. Buscou-se realizar a leitura socioeconômica e suas interferências na atividade de catação após a instalação de duas beneficiadoras de caranguejo- uçá em uma comunidade pesqueira. Os resultados obtidos foram: i) o resíduo do beneficiamento do caranguejo-uçá, sob a forma de pó da carapaça, apresentou granulometria compatível ao de agregado miúdo (areia); ii) a aplicação do resíduo na proporção 5% mostrou-se mais eficiente em substituição da massa do agregado miúdo produzindo concreto com resistência mecânica média de 28,21 Mpa; iii) as beneficiadoras trouxeram mudanças significativas para os catadores da comunidade estudada, proporcionando melhoria na qualidade de vida gerando mais renda e mais igualdade de oportunidades para ambos os sexos, em especial as mulheres, que não tinham seu trabalho de catação valorizado; iv) as beneficiadoras proporcionaram padronização no processamento e nas condições higiênico-sanitárias do beneficiamento da carne do caranguejo.

  • ANTONIA APARECIDA M DO NASCIMENTO
  • COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DOS MICRONUTRIENTES E ISÓTOPOS ESTÁVEIS DE CARBONO (δ13C) E NITROGÊNIO (δ15N) NOS COMPARTIMENTOS DOS MANGUEZAIS AMAZÔNICOS

  • Data: 12/11/2020
  • Mostrar Resumo
  • Apesar da reduzida riqueza de espécies comparada a outras florestas tropicais, as florestas de mangue são consideradas uma das mais produtivas ao redor do mundo. A alta produtividade dos manguezais tem relação direta com o desenvolvimento estrutural das florestas e do acúmulo de biomassa acima do solo, consequente da produção de serapilheira. Tal produção é expressa pela quantidade de material senescente que cai das plantas e por sua taxa de decomposição, via atividade microbiana. No entanto, a composição química dos componentes da serapilheira pode dificultar o processo de decomposição e, consequentemente, retardar a liberação de nutrientes para o sistema. Assim, a determinação da composição elementar e isotópica de carbono e nitrogênio na vegetação (viva e morta) e no solo dos manguezais tem sido utilizada como uma ferramenta relevante para investigar as fontes e o caminho da matéria orgânica para melhor entender a ciclagem de nutrientes via os diferentes compartimentos desse ecossistema. O presente estudo objetivou determinar e comparar os teores dos micronutrientes (Cu, Zn, Fe e Mn) dos diversos compartimentos da serapilheira (Folha, Partes Reprodutivas e Galho) das duas espécies de árvores mais dominantes da costa amazônica brasileira: Rhizophora mangle L. e Avicennia germinans (L.) L., bem como descrever a distribuição desses teores considerando a variação interanual. De maneira complementar, verificou-se a variação dos teores de carbono e nitrogênio nos caminhos descritos pelos diferentes componentes da floresta de mangue que utilizam as folhas verdes e jovens das árvores, passando pelas folhas amarelas e senescentes da serapilheira até o material em decomposição no solo da floresta. Também foi analisada a variabilidade da razão isotópica de (δ13C) e (δ15N) entre os diversos compartimentos (Folha Jovem, Folha Senescente, Madeira Viva, Material de Origem Lenhosa (MOL) e Solo] das três principais espécies de mangue da áreas estudada: R. mangle, A. germinans e Laguncularia racemosa (L.) C.F. Gaertn. O trabalho de campo foi realizado na península de Ajuruteua, leste do Estado do Pará, costa amazônica brasileira. Os resultados mostraram que dentre os componentes Folha apresenta o maior teor de micronutrientes (Fe, Zn, Cu e Mn) quando comparado aos demais compartimentos da serapilheira. A sequência de concentração dos micronutrientes para Folha e Galho em A. germinans foi a mesma (Fe>Mn>Zn>Cu), enquanto houve variação nos primeiros elementos para o componente Folha em R. mangle (Mn>Fe>Zn>Cu). Os micronutrientes apresentaram variação sazonal, com os maiores valores registrados no final e início da estação chuvosa e seca, respectivamente. O teste de Kruskall-Wallis (H) mostrou diferença significativa entre os componentes para todos os micronutrientes analisados para ambas as espécies, A. germinans e R. mangle. Quanto aos valores isotópicos foi constatado que os componentes lenhosos (Madeira e MOL) foram mais enriquecidos em δ13C do que Folha (-28,23 ± 0,16‰) e Serapilheira (-28,13 ± 0,11‰). Avicennia germinans foi a espécie mais enriquecida em δ13C nos compartimentos do sistema, provavelmente devido à sua alta capacidade fotossintética e eficiência no uso da água. Os valores de δ13C do Solo foram mais enriquecidos do que os valores isotópicos de Folha, podendo estar relacionado à não contribuição de Folha ao montante de carbono existente no compartimento Solo. O compartimento Folha Senescente das três espécies de árvores de mangue apresentou teor de N inferior ao de Serapilheira e Folha Verde e valores mais altos da razão de C/N. A variação na razão de C/N para todas as espécies, de Folha Verde para Folha Senescente indica que houve reabsorção de nitrogênio tanto para R. mangle (de 68%) quanto para A. germinans (62%) e L. racemosa (53%). Os valores máximos de δ15N de todos os compartimentos foram encontrados em Folha e na espécie A. germinans. Uma quantidade maior de nitrogênio nas folhas de A. germinans pode estar relacionada ao fato desta espécie utilizar a glicinbetaína como um soluto compatível para a tolerância ao sal, bem como devido às suas características morfológicas/anatômicas. O valor máximo de δ15N nas folhas pode ser interpretado como uma indicação de abundância relativamente alta de nitrogênio nos manguezais, reiterando o fato de que as florestas tropicais são mais enriquecidas em δ15N comparativamente aos outros tipos de floresta.

  • EZEQUIAS PROCOPIO BRITO
  • LEVANTAMENTO BIOLÓGICO PORTUÁRIO E AVALIAÇÃO DE RISCO DE INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES INVASORAS VIA ÁGUA DE LASTRO NA ZONA PORTUÁRIA DE SANTARÉM, RIO TAPAJÓS

  • Data: 30/10/2020
  • Mostrar Resumo
  • As regiões portuárias representam os principais sítios de inoculação e dispersão de espécies invasoras via água de lastro. Esta tese objetivou avaliar a distribuição sazonal das variáveis limnológicas, do inctiopâncton, dos crustáceos decápodes e de moluscos na Área de Influência Direta (AID) do porto de Santarém, bem como realizar a avaliação de risco de introdução de espécies não indígenas (NIS) no rio Tapajós. As variáveis limnológicas foram aferidas na subsuperfície da coluna d‟água. Foram mensurados a temperatura, oxigênio dissolvido, pH, condutividade elétrica, turbidez, fosfato, amônia, nitrato, nitrito e clorofila-a. O ictioplâncton foi capturado com redes de plâncton com abertura de malha de 300 µm, no mesmo período de coleta das variáveis limnológicas. Os crustáceos foram capturados com armadilhas fixas, puçás e peneiras entre fevereiro de 2016 e janeiro de 2017. Os moluscos foram coletados com espátulas, amostrador de sedimento, draga e peneiras entre janeiro e dezembro de 2018. A ANOVA (one way, p <0,05) foi utilizada para avaliar o efeito das fases
    do regime hidrométrico do rio Tapajós (enchente, cheia, vazante e seca) sobre as variáveis limnológicas, densidade larval, abundância absoluta e abundancia relativa do ictioplâncton. A PCA possibilitou o ordenamento das variáveis limnológicas, considerando as fases hidrométricas. A influência das variáveis limnológicas sobre a densidade do ictioplâncton foi avaliada por meio de uma RDA. A riqueza, índice de diversidade de Shannon e dominância das assembleias de crustáceos e moluscos foram estimados. A ANOVA explicou as diferenças nos valores de abundância dos crustáceos e moluscos entre locais de captura e fases hidrométricas. A avaliação de Risco (AR) foi conduzida para portos doadores de água de lastro ao porto de Santarém, entre 2014 e 2019. A AR incluiu uma análise de Similaridade Ambiental e de espécie-específica. Também foram analisados os formulários de água de lastro deste período. Os valores de pH, oxigênio dissolvido e nitrato apresentaram diferença significativa entre as fases hidrométricas. O ictioplâncton foi composto por oito espécies representadas, principalmente, pelas famílias Engraulidae, Hemiodontidae e Achiridae. Foram capturados 1371 espécimes de crustáceos, distribuídos em seis espécies e 903 espécimes de moluscos agrupados em nove espécies. Foram descarregados 3.650.018,6 t de água de lastro no porto de Santarém. Cerca de 83,1% do volume total descarregado foram submetidos a troca oceânica. Os navios oriundos dos portos estuarinos de Rotterdam, Cabedelo, Aughinish e Montoir e das bioregiões do mar Mediterrâneo e do Atlântico Oeste apresentaram alto risco de introdução de espécies devido à presença de organismos capazes de se estabelecer no rio Tapajós. O monitoramento regular da biota aquática no entorno dos principais portos
      
    amazônicos deve ser realizado para prevenir a introdução de NIS. Estes resultados servem como base para a tomada de decisão sobre a construção de novos portos na Amazônia e como referência para programas de monitoramento e controle de invasões biológicas, conforme recomenda a Convenção Internacional para o Controle e Gerenciamento da Água de Lastro e Sedimentos de Navios.


  • ELIZETE DE SOUZA NOGUEIRA
  • CARACTERIZAÇÃO DE GENES CANDIDATOS A BIOMARCADORES COMO FERRAMENTA PARA AVALIAÇÃO DE TOXIDEZ PARA O CAMARÃO-DA-AMAZÔNIA 

     

  • Data: 31/08/2020
  • Mostrar Resumo
  • Macrobrachium amazonicum ocorre na América do Sul desde regiões continentais até as costeiras, em diferentes tipos de ambientes aquáticos. É altamente consumido devido a qualidade da proteína e abundância. A espécie é bentônica, de ciclo de vida relativamente curto, podendo favorecer o seu uso como bioindicadora. Dessa forma, é importante determinar a sanidade do pescado em relação aos riscos de acúmulo de poluentes em seus tecidos. É necessário padronizar marcadores que possam ser usados para detectar precocemente respostas a poluentes em seus tecidos em doses subletais. Nesse estudo foram realizadas buscas de enzimas atribuidas aos mecanismos de defesa contra o estresse oxidativo em resposta a xenobióticos, no genoma funcional de 12 bibliotecas de cDNA de M. amazonicum. Foram caracterizadas as enzimas: catalase (Ma-CAT), superóxido dismutase (Ma-SOD), glutationa peroxidase (Ma-GPX) e glutationa s-transferase (Ma-GST). Os alinhamentos das sequências codificantes (CD) foram pareadas com as sequencias de outras espécies de crustáceos, apresentando alta similaridade (>60%) para as quatro enzimas analisadas. Foram identificados os sítios ativos e simuladas as conformações espaciais das proteínas. Ma-CAT exibiu toda região codificante, correspondendo a 535 aminoácidos (aa), massa molecular de 60.6 kDa e estrutura terciária do tipo 20α e 12β. Ma-SOD exibiu toda região codificante, com 286 aa, massa molecular de 34.7 kDa e estrutura terciária do tipo 10α e 3β. Ma-GST exibiu toda região codificante, com 262 aa, massa molecular de 29.2 kDa e estrutura terciária do tipo 11α e 4β. Ma-GPX apresentou toda região codificante, com 186 aa, massa molecular de 21.2 kDa e estrutura terciária do tipo 8α e 9β. Posteriormente, foram delineados e sintetizados marcadores (primers) para avaliar expressão dessas enzimas em juvenis do camarão-da-amazônia, expostos a doses subletais de glifosato (Roundup). A CL50 de 96h foi de 86,25 mg/L e para validar os marcadores os camarões foram expostos a concentrações subletais de Roundup. 

  • LAIANE MARIA DOS SANTOS RODRIGUES
  • Efeitos da falta de saneamento básico no município de Bragança sobre a qualidade das águas do estuário do rio Caeté (Pará)

  • Data: 10/08/2020
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo foi realizado no estuário do rio Caeté e teve como objetivo entender se as condições quanto à presença de coliformes termotolerantes pioram ou não no espaço de uma década. A hipótese deste estudo é que as condições da qualidade do Caeté pioraram em uma década, devido à falta de investimentos em saneamento básico e devido ao aumento populacional. O modelo de gestão DPSWR foi aplicado e incluiu duas variantes ambientais (precipitação e descarga fluvial). Amostras hidrológicas e microbiológicas foram coletadas em oito pontos de coleta, tanto no período seco quanto no período chuvoso, durante as fases de marés enchentes e vazantes dos anos de 2013-2014 e 2018-2019. Os resultados mostraram que o setor é o mais afetado com 100% das amostras apresentando valores acima de 1.100 NMP 100 mL-1 de coliformes termotolerantes, entretanto a condição imprópria para os usos (seguindo a legislação vigente) foi encontrada para outras variáveis e ao longo de todo o estuário. A situação é mais crítica no período chuvoso. Mesmo estando em área protegida e tendo o Plano Diretor do Município elaborado a quase duas décadas, o plano de esgotamento sanitário não foi implementado. Comparado com estudos realizados a mais de uma década, a contaminação do estuário do Caeté se intensificou. De acordo com a legislação vigente, todos os tipos de usos estão comprometidos, ao mesmo tempo que as atividades seguem ocorrendo normalmente. Esta situação afeta a saúde da população e compromete as atividades econômicas lá existentes e medidas precisam ser urgentemente tomadas. A realidade encontrada no estuário do rio Caeté pode ser encontrada em outros municípios costeiros amazônicos, com similar densidade demográfica.

  • FABRICIA NOGUEIRA DA PENHA
  • CONTRIBUIÇÕES PARA A CONSERVAÇÃO DO PIRARUCU: GENÉTICA DE POPULAÇÕES NO LESTE DA AMAZÔNIA E AVALIAÇÃO GENÉTICA DO MANEJO PARTICIPATIVO

  • Data: 02/08/2020
  • Mostrar Resumo
  • O pirarucu (Arapaima gigas) é uma das mais emblemáticas espécies de peixe da região amazônica, vem sendo historicamente ameaçada pela sobrepesca, com drásticas reduções populacionais, principalmente nos locais próximos aos grandes centros urbanos. Diversos estudos analisaram a estrutura populacional da espécie, com ênfase para a bacia do Amazonas e Araguaia-Tocantins, entretanto pouco se conhece acerca dos estoques que habitam a região de confluência desses sistemas hídricos. Considerando a redução dos estoques de pirarucu, a pesca manejada começou a ser desenvolvida há mais de duas décadas, visando a conservação da espécie e a manutenção da atividade pesqueira pelas comunidades amazônicas, sendo a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá pioneira nessa atividade, com resultados positivos na recuperação dos estoques e na valorização da pesca artesanal. Apesar disso pouco se conhece sobre o impacto da retirada anual de cerca de doze mil peixes das reservas (Mamirauá e Amanã) na diversidade genética do estoque. Temos como objetivo ampliar o conhecimento acerca da estrutura populacional dos pirarucus que habitam o baixo Amazonas e baixo Tocantins, assim como dimensionar o efeito de uma década de pesca manejada na variabilidade genética e na estrutura da população de pirarucu na Reserva Mamirauá. Para alcançar o primeiro objetivo, foram analisados 114 pirarucus provenientes de seis localidades na região leste da Amazônia através de onze loci microssatélites e sequências da região controle do mtDNA. As análises indicaram significativa diferenciação genética, sugerindo a presença de três populações identificadas como: Baixo Amazonas-Marajó, Lago Piratuba e Baixo Tocantins, sem fluxo gênico significativo entre as mesmas, com índices de diferenciação variando de moderados a altos, indícios de gargalos populacionais recentes e diversidade mais elevada para a população do Baixo Amazonas-Marajó. Para avaliar o impacto de uma década de pesca manejada foram genotipados 120 pirarucus de Jarauá e Maraã, Reserva Mamirauá, provenientes de duas despescas com intervalo temporal de dez anos (2004 e 2014). As análises de onze loci microssatélites indicaram que não houve perda de diversidade nem alteração da estrutura populacional. Esse resultado sugere que o manejo participativo do pirarucu, com a captura de no máximo 30% do total de adulto, está sendo capaz de manter os níveis de diversidade genética sem alterações significativas. As estratégias de conservação devem considerar a estrutura populacional observada e os padrões de diversidade ao longo do leste da Amazônia. Além disso, os dados genéticos reforçam que as estratégias adotadas através do manejo participativo na RDS Mamirauá permitiram a recuperação das populações de pirarucus.

  • JERONIMO COSTA MARQUES NETO
  • PROSPECÇÃO IN SILICO DO mtDNA de Macrobrachium amazonicum A PARTIR DE DADOS DO TRANSCRIPTOMA DA ESPÉCIE

  • Data: 28/07/2020
  • Mostrar Resumo
  • O camarão-da-amazônia Macrobrachium amazonicum é uma espécie nativa do Brasil que desperta singular atrativo para a produção em larga escala, devido ao conjunto de características que favorecem seu desenvolvimento em cativeiro. Além disso, é um dos pescados mais requisitados em feiras e mercados paraenses, tornando seu comércio rentável. Existem diferentes populações da espécie distribuídas em locais distintos no Brasil, algumas dessas são isoladas por barreiras naturais e não apresentam contato uma com as outras. O isolamento a longo prazo pode gerar novas espécies e alguns trabalhos já propõe isso dentro do gênero Macrobrachium, porém o baixo valor de divergência reportado nesses estudos tem deixado dúvidas quanto a validação dos novos indivíduos. Nesse cenário, o DNA mitocondrial (mtDNA) pode oferecer respostas mais robustas sobre esses problemas, uma vez que apresenta bom poder de resolução em análises filogenéticas e está presente em todos os eucariotos. Desse modo, o objetivo desse estudo foi obter o genoma mitocondrial para a espécie M. amazonicum da bacia costeira do Pará e comparar com o mtDNA de outras espécies disponíveis nos bancos de dados públicos. Até o momento existem somente cinco mtDNA completos para o gênero depositados nesses bancos de dados. Para M. amazonicum foi obtido o mtDNA via transcriptoma. O mesmo apresenta 37 regiões: 13 codificadores de proteínas, 22 tRNAs e duas subunidades do RNA ribossomal (12S e 16S). O fragmento obtido via montagem De Novo apresentou 14960 pb. Um dos tRNAs estava incompleto (tRNAIle), e a região controle (D-loop) não foi recuperada, apresentando uma lacuna de 793 pb. O depósito das sequências noss bancos de dados auxiliará em futuras análises filogenéticas entre diferentes populações da espécie. 

  • ALISON HONORIO DE OLIVEIRA
  • Avaliação da estrutura genética-populacional do Soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni): um endemismo brasileiro criticamente ameaçado

     

  • Data: 27/07/2020
  • Mostrar Resumo
  • A espécie Antilophia bokermanni Coelho & Silva, 1998, denominada popularmente como Soldadinho-do-araripe, é uma ave pertencente à família Pipridae, que compreende um grupo de aves com ampla distribuição neotropical, conhecidos como tangarás, dançarinos ou manakins. Esta ave foi descrita para o meio científico no final da década de 90, sendo atualmente considerado o membro mais ameaçado de extinção de sua família, classificada como “Criticamente em perigo”, de acordo com os critérios da IUCN. Esta tese envolveu alguns aspectos genéticos desta espécie e foi dividida em quatro capítulos: no primeiro é abordado uma introdução geral com um enfoque nas pesquisas moleculares já realizadas com as espécies de Antilophia; no segundo capítulo fizemos uma identificação individual e relação familiar para a espécie; no terceiro capítulo foi realizada uma comparação da eficiência entre microssatélites e SNPs na análise de parâmetros de diversidade genética; no quarto capítulo foi realizada uma bioprospecção e avaliação de polimorfismo de microssatélites resgatados a partir de UCEs. Nossos principais resultados foram: os doze loci microssatélites propostos geraram um kit tecnológico eficiente na genotipagem das 82 amostras de A. bokermanni, além de que pode ser ampliado o seu número amostral para genótipos exclusivos; foi possível determinar e caracterizar cada indivíduo particularmente, bem como realizar uma análise de parentesco dentro de grupo familiar, determinando até possíveis pais/filhos e irmãos; os marcadores microssatélites são marcadores acurados e demonstram precisão ao diagnosticar a diversidade gênica dentro do gênero Antilophia; na bioprospecção dos primers sintetizados especificamente para o gênero Antilophia provenientes de UCEs, todos foram monomórficos. Consideramos com estes estudos que, mesmo diante do advento das metodologias do sequenciamento da nova geração, os microssatélites são ainda eficazes em estudos da biologia ambiental e da genética populacional de A. bokermanni e sua utilização auxiliará na preservação tanto do Soldadinho-do-araripe, como terá reflexos diretos na preservação da biodiversidade da Chapada Nacional do Araripe. 

  • AILSON NUNES SALES
  • POLYSTOMATIDAE (PLATYHELMINTHES, MONOGENOIDEA) PARASITOS DE PHYSALAEMUS EPHIPPIFER (STEINDACHNER, 1864) (ANURA, LEPTODACTYLIDAE): UM ESTUDO DE TAXONOMIA INTEGRATIVA

  • Data: 16/07/2020
  • Mostrar Resumo
  • A Amazônia brasileira concentra uma grande riqueza de espécies de anfíbios, sendo representada por aproximadamente 250 espécies válidas reportadas para esta região. Entretanto, o estudo sobre a fauna parasitológica desses organismos para a Amazônia ainda é extremamente raro, principalmente com relação a determinados grupos de parasitos, como por exemplo os platelmintos monogenóideos. O nosso conhecimento da diversidade deste grupo de parasitos se limita a quatro espécies de polistomatídeos, saber, Polystoma knoffi Du Preez and Domingues, 2019 e Polystoma travassosi Du Preez e Domingues, 2019 de Trachycephalus nigromaculatus Tschudi, 1838 e Trachycephalus mesophaea (Hensel, 1867), respectivamente ambos encontrados no sudeste do Brasil, Polystoma cuvieri Vaucher, 1990 reportada para o anuro Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 e Polystoma lopezromani Combes e Laurent reportada para Trachycephalus typhonius (Linnaeus, 1758) ambos da região sul do Brasil (i.e., Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná). Coletas foram realizadas nos anos de 2017 a 2019 na região nordeste do Pará onde foram reportados espécimes de Polystoma parasitando a bexiga urinária de Physaleamus ephippifer (Steindachner, 1864) que aqui são descritos como uma nova espécie. Este parasito e seu respectivo hospedeiro foram analisados no presente trabalho, que visou estudar o desenvolvimento ontogenético do parasito através de experimentos de infecção parasitária, assim como utilizar a taxonomia integrativa a partir de marcadores moleculares (i.e., mtDNA) e caracteres morfológicos (i.e., histologia, quetotaxia, ultraestrutura) para avaliar o status taxonômico dos polistomatídeos encontrados em P. ephippifer.

  • THAYNARA DA SILVA LOPES LIMA
  • A INFLUÊNCIA DOS GRANDES RIOS NA HISTÓRIA BIOGEOGRÁFICA E DIVERSIFICAÇÃO DOS PLATIRRINOS AMAZÔNICOS

  • Data: 21/06/2020
  • Mostrar Resumo
  • A Parvordem Platyrrhini está presente exclusivamente no continente americano, os táxons encontram-se amplamente distribuídos, do México a Argentina, adaptados aos diversos biomas, contudo a maior concentração está na floresta amazônica, fato que gera muitas hipóteses que buscam explicar a grande diversidade de primatas e também de outros grupos biológicos presentes no bioma Amazônico. A biogeografia histórica é uma grande ferramenta para esse questionamento, ajudando a elucidar a influência do meio na diversificação da biota. Neste trabalho, fizemos a reconstrução filogenética e biogeográfica a partir de dados moleculares para onze gêneros pertencentes aos macacos do novo mundo. No primeiro capítulo, apresentamos uma introdução geral sobre a ferramenta que utilizamos para o estudo, as principais hipóteses debatidas na literatura para o bioma Amazônico e uma breve revisão taxonômica, distribuições geográficas, hipóteses filogenéticas e inferência de tempo de divergência entre as espécies, propostas na literatura para cada gênero. No segundo capítulo investigamos as relações filogenéticas para gêneros da pavordem Platyrrhini que habitam a Amazônia, juntamente com o tempo de divergência e a reconstrução da história biogeográfica para testar a influência da formação das bacias hidrográficas amazônica durante o Plio-Pleistoceno na diversificação dos platirrinos. Analisamos 65 táxons pertencente a 11 genêros, que resultaram em 24 cladogênesede de táxons em margens opostas dos rios (Solimões, Amazonas, Negro e Madeira), em 75% dos casos, a hipótese de diversificação pelo surgimento dos grandes rios nos últimos três milhões de anos foram suportadas. Entretanto, também observamos eventos cladogenéticos entre espécies ou subespécies que possuem datação ainda mais recente, demonstrando prováveis dispersões através dos rios. 

  • LUCIANE DE CARVALHO NOGUEIRA
  • ESTUDO METAGÊNOMICO E ISOTÓPICO DE Pagrus pagrus (LINNAEUS, 1758) COLETADOS NO SISTEMA DE RECIFE AMAZÔNICO 

  • Data: 29/05/2020
  • Mostrar Resumo
  • O grande sistema recifal Amazônico (GARS) é considerado um ambiente que abriga uma grande diversidade de peixes, onde a espécie Pagrus pagrus, amplamente distribuída ao longo do Oceano Atlântico, faz uso deste bioma. Estudos metagenômicos e com isótopos estáveis têm fornecido dados importantes para se compreender a dinâmica trófica dos organismos, assim como a relação entre microbioma e hospedeiro. Desta forma, este estudo buscou analisar o conteúdo microbiano do intestino e quantificar os isótopos estáveis de intestinos e músculos de P. pagrus, a fim de compreender a dinâmica ecológica desta espécie encontrada no sistema de recifes amazônicos. Os indivíduos foram coletados em dois pontos distintos, dentro e fora do GARS, assim como esponjas, água, sedimentos e parâmetros oceanográficos foram coletadas em diversos pontos. As análises isotópicas sugerem que, mesmo sem diferença estatística nos valores de isótopos de δ13C e δ15N entre as estações, os indivíduos coletados dentro do GARS apresentam maior plasticidade alimentar. Proteobactérias (40,7%), Planctomycetes (24%), Firmicutes (14,9%), Cianobactérias (6,5%) e Actinobactérias (4,5%) foram os grupos mais abundantes nos metagenomas. O perfil metagenômico de peixes dentro do GARS também apresentou diferenças marcantes quando comparado com os perfis de peixes fora do GARS. Dictyopteris undulata foi a única espécie observada no intestino de P pagrus, e este é o primeiro registro conhecido nessa área de estudo. Os dados isotópicos também sugerem uma importante e eficiente fixação e transferência de carbono continental neste ambiente marinho da foz do rio Amazonas. Por fim, o uso da metagenômica revelou um complexo e dinâmico microbioma em P. pagrus, e em associação a dados de isótopos estáveis, mostraram ser excelentes ferramentas para avaliar aspectos tróficos da espécie, sua adaptação ecológica e da funcionalidade do GARS como um todo. 

  • CARLOS ROBSON COSTA CRUZ
  • INFLUÊNCIA DO REGIME POLIMODAL DE INUNDAÇÃO SOBRE AS TAXAS DE DECOMPOSIÇÃO DE FOLHAS DE ESPÉCIES ARBÓREAS SELECIONADAS EM UMA FLORESTA DA AMAZÔNIA COSTEIRA. 

  • Data: 13/05/2020
  • Mostrar Resumo
  • Parte significativa do carbono fixado anualmente nas florestas termina por compor a serapilheira que se deposita sobre o solo. O processo de decomposição da serapilheira é função vital para a manutenção do ecossistema, pois disponibiliza novamente os nutrientes ao ambiente. Fatores climáticos e ambientais podem interferir nas taxas de decomposição, afetando a ciclagem de nutrientes e a produtividade do ecossistema, entre eles, a hidrologia. A maioria da literatura disponível têm demonstrado que a taxa de decomposição da serapilheira de folhas é mais rápida em ambientes aquáticos do que em terrestres adjacentes. Em contraponto, outros experimentos, realizados na Amazônia, obtiveram resultado oposto, verificando em ambientes aquáticos menor taxa de deterioração das folhas. Nesse contexto, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a influência das inundações periódicas, provocada pela maré e pelas cheias sazonais, nas taxas de decomposição de folhas em uma floresta com pulsos polimodais de inundação na Amazônia costeira. O estudo foi realizado em um trecho da planície de inundação da margem sudeste do leito principal do rio Caeté, Bragança PA. Usou-se separadamente material foliar de três diferentes espécies de Fabaceae (Zygia cataractae, Macrolobium angustifolium e Vatairea guianensis), exposto em bolsas de tecido de malha plástica com aberturas de 2 × 2 mm. Conjuntos de bolsas foram dispostos sobre o chão em quatro parcelas, integrando pontos de coleta distribuídos em terrenos ‘altos’ e ‘baixos’, proporcionando diferentes condições de inundação. O experimento foi realizado duas vezes, uma iniciando no período de estiagem e outro no período chuvoso, e contou com 18 coletas para a determinação da massa remanescente, dado que foi usado para o calculo das taxas de decomposição. As folhas de V. guianensis foram as mais rápidas a se degradar, seguidas por M. angustifolium e Z. cataractae, respectivamente. O experimento do período chuvoso, quando o nível da inundação na planície foi maior, apresentou as maiores taxas de decomposição. Em ambos os experimentos todas as espécies tiveram decaimento mais acelerado de massa nas zonas “baixas” do que nas “altas”, indicando que o maior período de inundação pode favorecer o processo de decomposição, contrapondo-se a estudos realizados nas da Amazônia central e ocidental 

  • MAYARA CORREA DE ASSIS
  • ASPECTOS BIOECOLÓGICOS DE BRYCONOPS MELANURUS (BLOCH, 1794) EM PEQUENOS RIACHOS NO NORDESTE PARAENSE

  • Data: 25/04/2020
  • Mostrar Resumo
  •  O objetivo deste estudo foi investigar a bioecologia de Bryconops melanurus em quatro riachos do nordeste paraense, com o intuito de estimar a relação peso comprimento, fator de condição e a dieta alimentar da espécie. Os indivíduos (n=211) foram capturados trimestralmente entre novembro de 2015 a agosto de 2016 através de redes de arrastos (2m de comprimento, 1m de altura e 2mm de abertura da malha entrenós). A relação peso-comprimento foi determinada a partir da seguinte equação com adaptações: Wt = a.Lb  e o fator de condição foi determinado utilizando a equação proposta por Vazzoler : K=Wt/Lb .Para a caracterização dos hábitos alimentares foram realizadas análises qualitativas e quantitativas, determinando-se a frequência de ocorrência (FO%) e o percentual volumétrico (VO%). Esses valores foram utilizados para calcular o Índice de Importância Alimentar proposto por Kawakami & Vazzoler. Análise de variância multivariada permutacional (PERMANOVA), utilizando o índice de dissimilaridade de Bray-Curtis e 10.000 permutações foi utilizada para testar diferenças nos valores de peso e comprimento e nas categorias alimentares entre os períodos sazonais, meses e fases dos indivíduos e para visualizar as variações na composição da dieta foi realizado um escalonamento multidimensional não-métrico (nMDS) e ANOSIM com o auxílio do software GNU-R. O comprimento padrão e peso médio dos exemplares analisados corresponderam a 34,4±12,19mm e 0,89±2,23g, respectivamente. O valor de b da relação peso-comprimento foi >3, indicando crescimento alométrico positivo para ambos os sexos, enquanto que os valores do fator de condição sugeriram que o pico energético ocorreu no período chuvoso, época de maior oferta de alimento para a espécie. A espécie estudada consumiu 114 itens alimentares. Em todos os riachos a categoria representada por partes de insetos foi a mais expressiva da dieta. A categoria representada por insetos aquáticos foi mais expressiva no período chuvoso enquanto que os insetos terrestres predominaram no período de estiagem. Já a categoria representada por algas filamentosas só ocorreu no período chuvoso e a categoria representada por material vegetal predominou em maio/2016. A categoria representada por microcrustáceos foi a menos importante da dieta (PERMANOVA, Pseudo-F = 3.08, P < 0.001). Entre as fases de desenvolvimento foi registrado maior ingestão de categorias vegetais nos indivíduos jovens e uma maior ingestão de insetos nos adultos. Tal fato reflete um mecanismo de coexistência existente entre os indivíduos da espécie para minimizar a competição. Contudo, os itens provenientes da mata ciliar se mostraram de grande importância para a alimentação da espécie, sendo indispensável práticas de conservação e recuperação das áreas de mata ciliar, visto que a permanência da zona ripária sustenta o equilíbrio biológico que é fundamental para a preservação da diversidade.

  • ANTONIA ALESSANDRA BRAGA
  • TRANSPORTE DE SEDIMENTOS E PROVENIÊNCIA DA MATÉRIA ORGÂNICA NA INTERFACE CANAL DE MARÉ E MANGUEZAL NA COSTA AMAZÔNICA, BRAGANÇA (PARÁ, BRASIL)

  • Data: 24/04/2020
  • Mostrar Resumo
  • Este estudo foi realizado no canal de maré Furo Grande (FG) em uma área de manguezal localizado a 200 km da foz do rio Amazonas, um importante ambiente de conexão entre os dois importantes estuários (Caeté e Taperaçu) do Estado do Pará. O principal objetivo deste estudo foi a compreensão da origem da matéria orgânica (MO) e o transporte dos sedimentos no canal de maré Furo Grande e manguezal adjacente, com base na hidrodinâmica, sedimentologia e caracterização isotópica e pigmentar do material particulado em suspensão e sedimentos em deposição. As coletas foram realizadas nos períodos chuvoso e seco, em marés de sizígia. O canal de maré demonstrou ser um importante ambiente de conexão, de alta energia hidrodinâmica, atuando como transportador de MO entre o manguezal e oceano, que recebe forte influência da sazonalidade, promovendo as maiores concentrações de material particulado em suspensão (MPS) e menores de oxigênio com água menos salina no período chuvoso. A variação sazonal também influenciou na distribuição granulométrica do sedimento de mangue, e apresentou sedimento mais arenoso e com menor concentração de MO no período chuvoso. As análises das composições elementares (C/N), isotópicas (δ13C e δ15N) demonstraram entrada mista de fontes de MO (marinha e terrestre). A maior contribuição da MO presente no sedimento é produzida pela própria vegetação de mangue, e para o MPS as fontes terrígenas exercem maior influência. A concentração pigmentos foram influenciados pela ação direta das chuvas sobre o manguezal através do escoamento superficial no solo do mangue, o qual transportaram grandes quantidades de clorofila b para o canal FG. A maior concentração de MPS e o alto grau de degradação da MO nas marés vazante e baixa revelam a importante contribuição do sedimento do manguezal para o canal.

  • THAYNARA RAELLY DA COSTA SILVA
  • VARIAÇÃO INTERANUAL DO ZOOPLÂNCTON EM UM ESTUÁRIO TROPICAL: A INFLUÊNCIA DO EVENTO EL NIÑO 2015/16

  • Data: 15/04/2020
  • Mostrar Resumo
  • A influência do evento El Niño 2015/16 sobre as variáveis ambientais e a estrutura da comunidade zooplanctônica foi investigada em um estuário tropical (Taperaçu, norte do Brasil). Especificamente, este estudo teve como objetivo explorar a resposta das espécies dominantes e índices ecológicos (diversidade, uniformidade e riqueza) às mudanças temporais no regime de chuvas e nos parâmetros hidrológicos em um cenário de meso-macro marés tropicais. Para tanto, foram realizadas oito campanhas de campo, entre setembro de 2014 e junho de 2016, com as amostras de zooplâncton coletadas em três estações fixas usando redes cônicas (120 μm), sendo as amostras de água e de zooplâncton analisadas por métodos padronizados. Durante o presente estudo, as variáveis físicas, químicas e biológicas da água foram diretamente afetadas pelas diminuições nos níveis de chuva resultantes da ação do evento El Niño. Isto ocasionou um aumento da salinidade e reduções das concentrações dos nutrientes inorgânicos dissolvidos e da biomassa fitoplanctônica na área estudada. Estas condições tiveram um efeito direto sobre a dinâmica mensal do zooplâncton como um todo, e em particular dos copépodos Acartia lilljeborgii (5.066±8.124 ind m−3, p<0,0001) e Euterpina acutifrons (880,81±1.490 ind m−3, p<0,0001), e do apendiculário Oikopleura dioica (724,04±1.153 ind m−3, p<0,05), os quais estiveram significativamente relacionados aos elevados valores de salinidade, pH e temperatura, apresentando picos de densidade em meses de El Niño. Taxas elevadas no recrutamento dos náuplios de copépodos foram também observadas durante esses meses, com as maiores densidades larvais sobrepondo-se ao das formas adultas dominantes. Os efeitos das condições climáticas anômalas (baixa pluviosidade) também se refletiram na redução da diversidade (2,45±0,61 bits ind-1, p<0,001) e equitabilidade (0,57±0,14, p<0,001), o que não afetou apenas a estrutura da comunidade zooplanctônica, mas pode também ter ocasionado mudanças na dinâmica trófica estuarina em seus níveis mais altos.

  • GREICYELLEM SANTANA FERREIRA
  • Filogenia molecular e biogeografia da família Ephippidae (Teleostei, Ephippiformes) baseadas em análise Multiloci.

  • Data: 09/04/2020
  • Mostrar Resumo
  • Ephippidae compreende uma pequena família de peixes marinhos que engloba oito gêneros e quinze espécies, distribuídas em praticamente todas as costas tropicais e subtropicais do mundo. As relações evolutivas dentro da família são escassas e não existem análises filogenéticas com base em  dados moleculares que traduzem as relações destes organismos. Com isso, este estudo testou hipóteses sobre a relação dos efipídeos a partir de uma filogenia com espécies de diferentes regiões biogeográficas, através de informações de três genes mitocondriais e quatro genes nucleares. Nosso conjunto de dados concatenados (nuDNA + mtDNA) resultou em uma matriz com um total 4,501 pb, 1995 pb dos genes mitocondriais (COI + 12-16S) e 2506 pb dos nucleares (EGR1, Plagl, Tmo e Rodopsina). Foram incluídas também sequências de espécies disponíveis em bancos de dados públicos para complementar as análises. As topologias de ML e de BI foram congruentes e com base nos elevados valores de suportes (ML > 90; BI > 0.95), sugerem que os Efipídeos constituem linhagem monofilética. As relações filogenéticas inferidas revelaram três grupos, distribuídas de acordo com as diferentes regiões biogeográficas que estão inseridas, compreendendo os gêneros. O gênero monoespecífico Zabidius novemaculeatus foi recuperado como grupo-irmão das espécies de Platax. Nossas análises também evidenciaram a monofilia dos gêneros neotropicais Paraseptus panamensis e Chaetodopterus (C. faber e C. zonatus). As duas análises foram unânimes em recuperar Tripterodon orbis e Ephippus orbis como grupo irmão de todas as outras espécies da família. As análises de estimativas de divergência nos mostrou que diversificação inicial de Ephippidae ocorreu durante o Paleogene, no início do Eoceno, há aproximadamente 49 Mya. As análises de reconstrução da área ancestral mostraram, no geral, que os os modelos que consideram o “+ J” apresentam melhores ajustes em comparação aos modelos correspondentes que não incluem o “+ J”, indicando que o efeito fundador e a dispersão tiveram uma influência importante na biogeogeografia desse grupo e nesse cenário, o Indo-Pacífico apresenta a maior probabilidade de ter sido a região biogeográfica ancestral da família. Nossas análises evidenciaram também uma relativa congruência entre as relações filogenéticas e os padrões comportamentais miméticos apresentados por grande parte das espécies da família Ephippidae, sendo possível observar que as espécies que apresentam comportamento mimético estão agrupadas em um único clado na topologia.
  • ANA LUCIA BIONDO DA COSTA
  • PRESSÕES ANTRÓPICAS E NATURAIS E SUAS IMPLICAÇÕES NA SEGURANÇA HÍDRICA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAETÉ (PARÁ, BRASIL)


  • Data: 08/04/2020
  • Mostrar Resumo
  • A bacia hidrográfica do rio Caeté vem sofrendo ao longo dos anos com diferentes problemas ambientais promovidos tanto por fatores naturais como antrópicos, sendo estes potenciais geradores de riscos para a segurança hídrica da região. Neste contexto é indispensável o monitoramento de indicadores da saúde ambiental, tais como a qualidade da água, bem como aspectos sociais, portanto o objetivo principal desta dissertação foi analisar os impactos das pressões antrópicas e naturais sobre a bacia do rio Caeté e suas implicações na segurança hídrica. Para tanto, foram analisados temporalmente e espacialmente parâmetros físico-químicos e microbiológicos em amostras superficiais e subterrâneas de água, coletadas ao longo da bacia, como também foram investigadas as principais demandas socioeconômicas, e problemáticas enfrentadas pelas populações locais para garantirem o recurso hídrico na região. Estas informações qualitativas foram levantadas, através do diagnóstico participativo feito pela metodologia SWOT, trabalho de campo e referencial bibliográfico. A partir dos resultados, observou-se que com o passar dos anos a contaminação microbiológica aumentou significativamente, sendo este estado, consequência direta e indireta da falta de infraestrutura de saneamento básico, do descarte irregular de resíduos e do crescimento populacional na região. Desta forma, a segurança hídrica na bacia está distante de ser alcançada, porém existem caminhos prioritários que devem ser seguidos para subsidiar medidas de melhorias nas condições de vida das populações e dos ecossistemas encontrados na bacia em estudo. As medidas sugeridas relacionam-se com a implantação de ações voltadas para a restauração das funções ambientais na bacia e gestão efetiva do recurso hídrico, através da recuperação de nascentes e matas ciliares, ordenamento territorial e saneamento básico. Espera-se que este trabalho contribua para subsidiar ações públicas e da sociedade, em geral voltadas para a correta gestão das águas, garantindo a segurança hídrica e minimizando os impactos gerados pelas pressões antrópicas e naturais na bacia hidrográfica do rio Caeté.

  • MADSON LUCAS GALVAO DE BRITO
  • RELAÇÃO DA QUALIDADE DA MADEIRA DAS ESPÉCIES DE MANGUE COM OS SEUS USOS TRADICIONAIS NA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA CAETÉ-TAPERAÇU, BRAGANÇA - PARÁ

  • Data: 07/03/2020
  • Mostrar Resumo
  • O manguezal é reconhecido como um dos ecossistemas mais produtivos e de grande relevância por fornecer uma ampla variedade de bens e serviços às comunidades estuarino-costeiras em todo o mundo. Alguns estudos já relataram o conhecimento ecológico local das comunidades tradicionais sobre o uso dos produtos da madeira dos manguezais, mas nenhum estudo confrontou esse conhecimento com dados científicos atuais sobre as propriedades tecnológicas da madeira, validando a adequação desses usos tradicionais. A grande maioria dos respondentes, cerca de 98%, afirma que a madeira das árvores é usada para usos domésticos (familiar) e cujas finalidades e aplicações foram ensinadas pelos mais idosos da comunidade (57%). As espécies de mangue mais exploradas na costa amazônica brasileira são Rhizophora mangle, usada principalmente para produção de energia (“carvão”) cuja madeira possui alta densidade (0,83 g m-3), Avicennia germinans por suas propriedades repelentes (“lenha ”) e Laguncularia racemosa para construção civil (“ barraco”) devido ao seu fator anisotrópico normal (1,55), apetrechos de pesca (“curral”) e criação animal (“cercado”). Nossos achados mostram que o uso das espécies de mangue está de acordo com o conhecimento técnico-científico vigente, exceto o uso de R. mangle para construção civil, cujo alto fator anisotrópico (2,85) torna esta espécie inadequada para esse fim. A falta de informações científicas sobre a qualidade da madeira de L. racemosa no contato contínuo com a água impossibilitou avaliar sua adequação a esse uso. Conhecer melhor a adequação do uso do recurso madeireiro aos dados científicos é essencial para auxiliar na implementação das ações de manejo em favor das espécies arbóreas utilizadas. Isso promove um melhor planejamento e garante um uso adequado para cada espécie de mangue, o que é essencial para os manguezais neotropicais, cujos usos múltiplos deixam a floresta sob pressão seletiva de exploração. O entendimento da adequação do uso da madeira de mangue, de acordo com suas propriedades tecnológicas, também é de fundamental importância para orientar os atores envolvidos no processo de implementação de políticas locais, o que, consequentemente, promove um uso mais sustentável, garantindo a subsistência dos usuários e, ao mesmo tempo, a manutenção da biodiversidade e as funções dos manguezais.

  • GABRIEL MONTEIRO DE LIMA
  • Identificação de microRNAs e caracterização dos potenciais genes-alvo em morfotipos do camarão-da-amazônia Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862).


  • Data: 03/03/2020
  • Mostrar Resumo
  •  

    O camarão-da-amazônia - Macrobrachium amazonicum apresenta como característica do desenvolvimento ontogenético a presença de morfotipos nos machos adultos (TC, CC, GC1 e GC2). Estes possuem padrões fisiológicos distintos (crescimento, coloração, metabolismo, digestão, excreção), podendo serem alvos da regulação da expressão gênica. No presente estudo nós utilizamos o Sequenciamento de Nova Geração (NSG), na plataforma Ilumina HiSeq 2500, para identificação dos miRNA, expressos nos tecidos muscular e sistema reprodutor, dos morfotipos TC e CC de M. amazonicum. Foram identificados quatro miRNA conservados (Mam-miR-6236, Mam-miR-2b, Mam-miR-1 e Mam-miR-12) associados a cinco potenciais genes-alvo, envolvidos nas vias funcionais de crescimento celular (Serine/threonine-protein kinase mTOR) no morfotipo TC e aspectos reprodutivos em CC, como biossíntese hormonal (Delta(24)-sterol reductase), controle da divisão celular (Division Cycle 14A e Meiotic Recomnation 11) e comportamente de corte (cAMP-specific 3',5'-cyclic phosphodiesterase 4). Sugerindo que os caracteres manifestados por TC e CC podem ser resultado da regulação gênica pós-transcricional, via miRNA. Esses dados colaboraram com o desenvolvimento do pacote tecnológico de M. amazonicum, possibilitando estudos futuros que envolvam a elaboração de ferramentas moleculares, aplicadas a otimização de aspectos produtivos na espécie.


  • FRANCISCO DAS CHAGAS MIRANDA DE CARVALHO NETO
  • Variação espaço-temporal do fitoplâncton do estuário do Emboraí velho (Nova olinda - PA)

     


     

     


  • Data: 28/02/2020
  • Mostrar Resumo
  •  

    O presente estudo teve por objetivo avaliar a influência das variáveis físicas e químicas da água sobre a composição, densidade e biomassa fitoplanctônica no estuário do Emboraí Velho. As coletas foram realizadas em campanhas de 25 horas, em 2 estações amostrais fixas, durante marés de sizígia, nos meses de janeiro e abril (período chuvoso), agosto e novembro (período seco) de 2018. Os valores de temperatura e salinidade foram obtidos in situ com auxílio do CTDO’s, enquanto que para a determinação do pH, oxigênio dissolvido, turbidez, nutrientes dissolvidos e concentração de clorofila-a foram coletadas amostras na subsuperfície da água, com auxílio de garrafa de Niskin. Para o estudo qualitativo do fitoplâncton, as amostras foram coletadas através de arrastos horizontais realizados na coluna d’água, com auxílio de redes cônicas de plâncton (64 µm). Para o estudo quantitativo, foram coletadas amostras subsuperficiais através das garrafas de Niskin, as quais foram posteriormente analisadas em laboratório. Foram observadas variações sazonais para alguns os parâmetros hidrológicos, sendo os valores de turbidez (128,3 ± 116,2 UNT) significativamente mais elevados no período chuvoso, enquanto que a temperatura (28,7 ± 0,3°C), a salinidade (25,6 ± 6,3), o pH (7,7 ± 0,5) e as concentração de oxigênio dissolvido (5,6 ± 0,9 mg.L-1) apresentaram valores mais elevados durante o período seco. As concentrações de nitrito e nitrato apresentaram maiores valores no período chuvoso (0,34 ± 0,14 µmol.L-1 e 9,85 ± 2,45 µmol.L-1, respectivamente), enquanto os valores de fosfato inorgânico (0,18 ± 0,05 µmol.L-1) e silicato (36,57 ± 10,58 µmol.L-1) foram mais elevados durante a período seco. Foram identificados 189 táxons distribuídos entre os filos Bacillariophyta, Miozoa, Cyanobacteria, Chlorophyta e Euglenophyta, destacando-se as diatomáceas (89,4%). A espécie com maior abundância relativa foi Trieres chinensis (14,0%, pouco abundante) e a espécie mais frequente foi Skeletonema tropicum Cleve (95,0%, muito frequente). As densidades apresentaram os maiores valores durante o período seco, sendo o microfitoplâncton a fração firoplanctônica quantitativamente dominante neste período. As concentrações de clorofila-a (13,9± 9,28 mg.m-3) foram mais elevadas durante o período chuvoso. A análise de agrupamento resultou na formação de dois grupos sazonalmente definidos. A salinidade, turbidez e o nitrato foram os principais controladores da densidade e biomassa fitoplanctônica do local. Os resultados obtidos sugerem que a dinâmica da comunidade fitoplanctônica no estuário do Emboraí Velho esteve fortemente influenciada pela pluviosidade da região, pois a mesma influencia diretamente a hidrodinâmica e a dinâmica fioplanctônica local.


  • KEBER SANTOS COSTA JUNIOR
  • Aproveitamento da Biodiversidade e Cultura Alimentar Amazônica: produção de conserva de Camarão-da-Amazônia ao molho de tucupi e jambú


  • Data: 20/02/2020
  • Mostrar Resumo
  •  

    A Amazônia compreende um grande mosaico biológico, hídrico e mineral. Tais riquezas podem ser alternativas o desenvolvimento regional. O trabalho buscou a produção de conservas artesanais de camarão-da-amazônia ao molho de tucupi e jambu. O experimento consistiu na esterilização térmica a 121 °C com tratamentos em diferentes tempos de exposição, 15, 20 e 25 minutos (T1, T2 e T3) e mais um tratamento a 15 minutos utilizando o camarão com casca (T4). As análises realizadas objetivaram averiguar a seguridade, qualidade nutricional e sensorial do produto. Aplicou-se analise sensorial de escala hedônica a 40 provadores não treinados e análise centesimal seguindo a metodologia Adolf Lutz (2008). A análise de rendimento e perda de peso por cocção foram calculadas pela diferença de peso após o processamento. Realizou-se analises microbiológicas para Coliformes, Estafilococos, Salmonella e Clostridium ao longo de 12 meses, também se avaliou o pH e os valores de Bases Nitrogenadas Totais (NBVT). A Análise de Perfil de Textura (TPA) foi realizada utilizando 10 replicadas, para cada tratamento utilizando apenas os tratamentos sem casca. As análises colorimétricas foi realizada em triplicata utilizando a matéria prima in natura e processada, fazendo uso, também, apenas os tratamentos sem casca. Os dados foram submetidos pela análise de estatística ANOVA (p < 0.05). A análise sensorial apresentou diferenças significativas nos atributos Aceitação Global (AG), sabor, intenção de compra e frequência de consumo, sendo T1 e T2 os tratamentos que obtiveram os melhores resultados diferindo dos demais. Os resultados da análise centesimal evidenciaram o elevado valor proteico dos produtos, superiores 16%. O rendimento foi reduzido conforme a aplicação de calor, tendo T4 valor significativamente superior (77,42%), entre os tratamentos. A perda por cocção foi acentuada com a aplicação do calor, tendo o T4 melhores resultados (22,58%) diferindo dos demais. Nenhuma amostra, no intervalo de 12 meses, apresentou desenvolvimento microbiológico, evidenciando o sucesso do processo de esterilização comercial. Os resultados de NBVT evidenciaram a inabilidade do produto com casca, pois apresentou valores acima do permitido pela legislação brasileira (<30 mg N/100g). O TPA apresentou variação significativa para os atributos coesividade, gomosidade e mastigabilidade, sendo o T3 variando dos demais (T1 e T2). A análise colorimétrica apontou uma variação de cor significativa do camarão fresco, de acinzentado para rosado, no processado. O tucupi e o jambu apresentaram escurecimento após o tratamento térmico.


  • RUBEM MANOEL COELHO PESSOA
  • IMPORTÂNCIA DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA QUALIDADE AMBIENTAL E GESTÃO SUSTENTÁVEL DO TURISMO NO LITORAL AMAZÔNICO, PARÁ, BRASIL. 

     

  • Data: 03/02/2020
  • Mostrar Resumo
  • As praias são os ambientes mais atrativos dentro das áreas costeiras. Para manter o seu  equilíbrio econômico, social e ambiental necessitam de adequados processos de gerenciamento com enfoque na sustentabilidade. As praias da Zona Costeira Amazônica Brasileira, em especial as localizadas no litoral paraense são ambientes de alto interesse turístico, recebendo anualmente milhares de visitantes durante dos principais períodos recreacionais (férias escolares e feriados prolongados). Entretanto, dada a falta de planos de gestão costeira ao longo desse trecho de costa, estes ambientes ficam sujeitos a diversas pressões e conflitos que afetam o meio natural, a comunidade receptora e o turismo local. Nesse cenário, as Unidades de Conservação (UC) presentes na zona costeira paraense atuam como importantes instrumentos de promoção da sustentabilidade e preservação ambiental. Neste estudo, se avaliou a participação das UC nos processos de gestão sustentável do turismo costeiro dentro de três praias paraenses (Ajuruteua, Pesqueiro e Princesa), considerando as condições de gerenciamento, qualidade da água, planejamento urbano, segurança praial, dentre outros. A praia de Ajuruteua é considerada um Polígono de Exclusão dentro da Resex Marinha Caeté-Taperacú, enquanto que as praias de Pesqueiro e Princesa estão inseridas, respectivamente, dentro de áreas de Resex e Área de Proteção Ambiental. Entretanto, conflitos e pressões socioambientais foram identificados dentro destas praias e estes foram originados por fatores naturais (clima, hidrologia e hidrodinâmica), antrópicos (ocupação irregular, degradação de ambientes naturais, superlotação, etc.) e falta de gestão pública (planejamento, saneamento, tratamento de esgotos, etc.). Neste estudo é demonstrado que as UC são importantes ferramentas para o desenvolvimento sustentável das populações tradicionais e atividades turísticas, uma vez que a qualidade ambiental das praias protegidas pelas UC conta com a participação da gestão participativa entre os órgãos ambientais (ICMBio e SEMAS) e a comunidade local. Por outro lado, para que os processos de gestão nestas praias sejam eficazes e eficientes são necessárias a criação de planos de gerenciamento praial, assim como investimentos públicos no que concerne ao tratamento de esgoto, limpeza, segurança praial (equipes de salva-vidas, sinalização, informação e zoneamento), monitoramento da qualidade da água, planejamento urbano, dentre outros, visando o desenvolvimento sustentável das comunidades receptoras e do setor turístico local.

  • CINTYA CASTRO DE ABREU
  • Influência do ambiente na memória espacial, reconhecimento de objeto e contagem de células Telencefálicas em Teleósteo

  • Data: 31/01/2020
  • Mostrar Resumo
  • Carassius auratus é um peixe teleósteo que tem sido amplamente utilizado em estudos comportamentais. No entanto, pouco se sabe sobre possíveis influências ambientais no desempenho de tarefas de aprendizado e memória. Aqui, investigamos essa questão em C. auratus e procuramos correlação potencial entre exercício e enriquecimento visuoespacial com o número total de glias e neurônios telencefálicos. Para esse fim, machos e fêmeas foram alojados por 183 dias em um aquário enriquecido (EE) ou em ambiente empobrecido (IE). O EE continha brinquedos, plantas naturais e um fluxo de água de 12 horas / dia para exercício voluntário, enquanto o IE não possuía nenhuma das opções acima. Um terceiro aquário mais labirinto foi usado para testes de reconhecimento espacial e de objetos. Diferentes pistas visuais em 2 de seus 4 braços foram usadas para guiar os peixes a atingir os critérios para concluir a tarefa. O teste consistiu em 30 sessões e foi concluído quando cada animal realizou três escolhas corretas consecutivas ou sete alternadas, a cada dez tentativas. As taxas de aprendizado revelaram diferenças significativas entre os peixes EE e IE. O fracionador óptico foi utilizado para estimar o número total de células telencefálicas coradas com cresil violeta. Em média, o número total de células nos indivíduos do EE foi maior do que o número de células mantidas no IE (P = 0,0202). Sugerimos que o enriquecimento ambiental influenciou significativamente a aprendizagem espacial e as habilidades de memória dos peixes dourados, e isso pode estar associado a um aumento no número total de células telencefálicas.

2019
Descrição
  • TAIANY NOGUEIRA FERNANDES
  • Neurogênese adulta na formação hipocampal do Maçarico Pintado (Actitis Macularius) ao longo da invernada


  • Data: 30/11/2019
  • Mostrar Resumo
  • Actitis macularius, conhecido como “maçarico pintado” é uma ave migratória da família Scolopacidae, nativa do hemisfério norte, durante a migração os animais contam com mecanismos de navegação, como bússolas naturais, mapas e marcos visuais, até alcançar o hemisfério Sul, onde encontram seus sítios de parada que dispõem de recursos nutricionais necessários para repor suas reservas energéticas utilizadas durante o voo. Com o objetivo de avaliar a neurogênese adulta na formação hipocampal da espécie durante o período de invernada nós capturados 15 indivíduos na ilha de Otelina, zona costeira tropical do norte do Brasil distribuídos em três grupos amostrais, animais recém-chegados; em repouso migratório e prestes a migrar de volta ao hemisfério norte. As secções foram imunomarcadas por Duplacortina (neurônios recém-nascidos), e as células positivas foram quantificadas e o volume foi estimado na formação hipocampal através da análise estereológica. Não foram encontradas diferenças significativas para os valores de volume, da formação hipocampal entre os hemisférios cerebrais ou entre as janelas amostrais. Houve diferença significativa entre o número de neurônios novos da formação hipocampal entre o período de pós migração e o repouso migratório em ambos os hemisférios cerebrais. Houve diferença significativa na densidade de neurônios apenas na formação hipocampal esquerda. Observamos diferença significativa entre as médias de peso indivíduos durante a invernada. De forma geral, a invernada estimula a neurogênese na formação hipocampal do maçarico pintado representando uma preparação para a migração primaveril.


  • ANDRESSA JISELY BARBOSA RIBEIRO
  •  

    Autenticação de pescadas (SCIAENIDAE – Perciformes) processadas, comercializadas no estado do Pará, por meio de métodos forenses baseados em DNA.


  • Data: 22/11/2019
  • Mostrar Resumo
  •  

    O pescado é uma das principais fontes de proteína da população mundial e, através do processamento distintas formas de apresentação destes produtos chegam ao consumidor, com valor agregado, maior durabilidade, qualidade sensorial e praticidade. No entanto, o processamento remove traços diagnósticos facilitando a substituição e erros de rotulagem. Adicionalmente, muitos gêneros da família Sciaenidae são morfologicamente similares e de distribuição simpátrica, não havendo padronização na nomenclatura vernacular e comercial destas espécies, com valores de comercialização bem distintos. A soma destes fatores pode levar à substituição e erros de rotulagem. Portanto, o presente trabalho teve como objetivos: i) avaliar a autenticidade de produtos procesados dos cianídeos de maior interessse comercial vendidos no estado do Pará sob a designação de “pescada amarela” (Cynoscionacoupa) e “pescada-branca” (Plagioscionsquamosissimus e Cynoscionleiarchus), e ii) desenvolver um protocolo de identificação rápida, baseado em PCR multiplex, para autenticação de tais produtos. A partir da porção barcode da Citocromo Oxidase C subunidade I (COI) foram avaliados 145 filés de “pescada amarela” e 143 produtos processados de “pescada branca” e os resultados revelaram taxas de substituição de 47,59% e > 70% para “pescada amarela” e “pescada-branca”, respectivamente. No geral, as substituintes foram espécies de cianídeos de baixo ou sem valor comercial, o que caracteriza fraude. A partir de um fragmento de 1209 pb do gene COI, foram desenvolvidos iniciadores reversos espécie específicos, que foram combinados com um iniciador universal direto, para a identificação inequívoca das espécies alvo e suas substituintes através da PCR multiplex. Nos dois ensaios multiplex realizados foi possível identificar precisamente as espécies alvo (C. acoupa e P. squamosissimus, C. leiarchus) e suas substituintes (Nebris microps, Macrodon ancylodon, Cynoscion microlepidotus, Plagioscion auratus e Cynoscion virescens). Nossos resultados confirmam a sensibilidade e especificidade do DNA barcode na autenticação de peixes processados e o protocolo multiplex desenvolvido fornece uma alternativa rápida e de baixo custo que pode ser adotada por empresas, para certificação de seus produtos, ou por agências governamentais na investigação de substituição envolvendo as espécies em estudo, prevenindo fraudes e garantindo a segurança do consumo.

     

     


  • JOICIANE NASCIMENTO DE OLIVEIRA
  • DNA Mitocondrial para investigar aspectos genéticos de Snappers (lutjanidae – Perciformes) do Atlântico Sul Ocidental.

  • Data: 07/11/2019
  • Mostrar Resumo
  • A família Lutjanidae é representada por numerosas espécies de peixes marinhos que habitam água de regiões tropicais e subtropicais em todo mundo. São encontradas habitando recifes de corais e associados, em uma ampla variação de profundidade, de 20m até 500m. São em sua maioria predadores ativos e se alimentam, principalmente, de outros peixes, moluscos e crustáceos. Atualmente, são reconhecidas 135 espécies e 21 gêneros, distribuídas em cinco subfamílias, das quais, a Lutjaninae se destaca, por abrigar o maior número de espécies de alto valor econômico. Das 12 espécies ocorrentes ao longo da costa brasileira, cinco estão com status de sobrexploradas e são apontadas como espécies ameaçadas pela União Internacional para a conservação da Natureza (IUCN). Estudos de diversidade molecular e estrutura genética tem fornecido subsídios para a criação de políticas de conservação de espécies ameaçadas, e têm revelado dados preocupantes para espécies de peixes marinhos, inclusive para lutjanídeos. No presente trabalho, foram analisados cerca de 800 indivíduos de cinco espécies de lutjanídeos da costa do Atlântico Ocidental, são eles: Lutjanus analis, Lutjanus purpureus, Lutjanus synagris, Lutjanus vivanus e Ocyurus chrysurus, a partir de regiões do genoma mitocondrial. Os resultados obtidos reforçaram o indicativo de padrão de panmixia para os lutjanídeos ao longo da costa brasileira, e para a espécie L. analis foi observado um único estoque genético da porção Norte à porção Sul do Atlântico ocidental. Com exceção da espécie L. synagris, que apresentou valores baixos de diversidade genética, as demais apresentaram valores de moderados à altos, e para todas foram observados desvios significativos de neutralidade, associados ao processo de expansão populacional, que se iniciou durante o pleistoceno, reforçando a eficiência da Região Controle (RC) para abordagens populacionais. Além disso, a RC também se revelou um excelente marcador espécie-específico, com potencial Barcode para Lutjanidae.

  • THAINARA OLIVEIRA DE SOUZA
  •  

    Estudos genético-populacional de Antilophia Galeata (AVES: Pipridae): um endemismo das florestas de Galeria do Cerrado


  • Data: 30/09/2019
  • Mostrar Resumo
  •  

    A espécie Antilophia galeata (Lichtenstein, 1823), conhecida popularmente como soldadinho, pertence ao grupo de pássaros neotropicais da família dos piprídeos. Esta espécie apresenta distribuição ampla no Bioma Cerrado, na porção central do Brasil, leste da Bolívia e nordeste do Paraguai. É considerada como espécie endêmica e típica de matas de galeria deste bioma, mostrando estreita relação com ambientes de matas úmidas. Com a degradação da formação vegetal do Cerrado e, consequentemente, das matas de galeria presentes, as populações de A. galeata podem estar sofrendo diretamente o efeito deste ação, uma vez está acontecendo a diminuição da sua área de ocorrência. Seu atual status de conservação, classificada como não preocupante, pode não refletir a verdadeira realidade desta ave, pois estudos mostram quebra de conectividade de muitas áreas de matas de galeria dentro das diferentes bacias hidrográficas que ocorrem no Cerrado. Conhecendo os efeitos que a fragmentação do habitat pode ocasionar nas populações, como perda de variabilidade e aumento das chances de eventos de endogamia, realizamos um estudo filogeográfico e genético populacional para a A. galeata. O presente estudo foi dividido em quatro capítulos, onde inicialmente foi feito uma fundamentação teórica sobre área de ocorrência da espécie em estudo, seguido por três trabalhos baseados em análises multiloci, utilizando regiões variáveis do DNA mitocondrial (I domínio hipervariável da região controle) e nuclear (microssatélites), com o objetivo de avaliar a estrutura populacional e a diversidade genética das espécies do gênero Antilophia com enfoque em A. galeata. Primeiramente, fizemos o desenvolvimento de marcadores microssatélites para o gênero Antilophia utilizando o DNA da espécie-irmã de A. galeata, a criticamente ameaçada A. bokermanni para realizar a caracterização da diversidade genética e estrutura populacional para ambas as espécies do gênero. Posteriormente utilizamos Antilophia galeata como modelo para o entendimento evolutivo da paisagem do Cerrado, avaliando a estrutura populacional e diversidade genética em larga escala utilizando o I domínio Hipervariável (HDI) da região Controle do genoma mitocondrial. E finalizamos com uma avaliação mais criteriosa sobre a distribuição genética e a contemporânea diversidade para esse manakin neotropical considerado comum no seu habitat, sendo esse o primeiro estudo filogeográfica para essa espécie abrangendo toda sua área de ocorrência.


  • JOYCE CARDIM DE OLIVEIRA
  • Caracterização morfológica e molecular de Mixosporídios (cnidaria: Myxosporea) Parasitos de peixes comercializados na cidade de Bragança, Costa Amazônica Brasileira

  • Data: 05/09/2019
  • Mostrar Resumo
  • Os peixes possuem uma variedade de patógenos que muitas vezes, não apresentam sinais clínicos. Dessa forma, nas últimas décadas tem aumentado consideravelmente a importância dos estudos relacionados com microparasitos e outros patógenos de organismos aquáticos principalmente nos hospedeiros com potencial para comercialização e o cultivo, devido ao aumento significativo destas atividades no Brasil e no mundo. Este estudo descreve as características morfológicas e moleculares de microparasitos em peixes comercializados Mugil rubrioculus, Macrodon ancylodon, Bagre marinus, Micropogonias furnieri, Scomberomorus brasiliensis e Trichiurus lepturus, da região bragantina, Pará, Brasil. Os peixes foram adquiridos na feira livre de Bragança em coletas mensais. Os espécimes foram necropsiados e examinados em estereomicroscópio e microscópio de luz. Fragmentos de órgãos parasitados e/ou cistos de microparasitos foram coletados e processados para as técnicas de análise morfológica (microscopia de luz) e biologia molecular (Filogenia). Os resultados estão dispostos em três manuscritos, um já publicado e dois submetidos. Indivíduos de todas as espécies de peixes investigados apresentaram microparasitos pertencentes ao filo Cnidaria, sendo uma nova espécie de microparasito dos filamentos branquiais (Myxobolus bragantinus n. sp.) em M. rubrioculus, uma parasitando musculatura esquelética (Kudoa yasai n. sp.) em M. ancylodon e por Kudoa spp. no músculo esquelético em M. furnieri, B. marinus, S. brasiliensis e T. lepturus. Estudos sobre microparasitos em peixes da região amazônica são indispensáveis para o conhecimento das ocorrências, caracterização morfológica, descrição de novas espécies, potencial patogênico nos hospedeiros e casual risco para os consumidores. Os resultados destas investigações podem contribuir para futuros planos de gestões que envolvem a qualidade de produtos comercializados em feira livre da região norte do Brasil.

  • IVANA BARBOSA VENEZA
  • Filogenia Molecular de Lutjaninae e Análise Filogeográfica de Lutjanus Alexandrei (LUTJANIDAE – Perciformes) do Atlântico Ocidental


  • Data: 30/08/2019
  • Mostrar Resumo
  •  

    Lutjanidae é uma família de peixes marinhos que engloba 21 gêneros e 135 espécies, distribuídas ao longo dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico. As relações filogenéticas dos Lutjaninae, maior e mais diversa subfamília do grupo, são incertas. Além disso, a espécie Lutjanus alexandrei, endêmica da costa nordeste do Brasil, não foi inclusa em nenhuma hipótese filogenética até o presente, tampouco teve sua população estudada em relação aos processos filogeográficos que influenciaram sua distribuição. Assim, realizamos dois trabalhos baseados em análises multilocos, integrando DNA mitocondrial e nuclear, com diferentes enfoques. Num primeiro momento, fizemos uma análise das espécies de Lutjaninae do Atlântico ocidental, direcionada para a controversa relação entre Lutjanus, Rhomboplites e Ocyurus, além de alocarmos filogeneticamente L. alexandrei e datarmos sua origem. Nesse âmbito, as árvores filogenéticas baseadas em 4,4 kb incluindo DNA mitocondrial e nuclear de 11 espécies corroboraram a sinonímia entre os monotípicos e Lutjanus. Para a datação de L. alexandrei, análises baseadas em 3,0 kb e 53 espécies, validaram geneticamente a espécie e a colocaram como irmã de L. apodus, da qual se separou entre 2,5 – 6,5 milhões de anos, o que provavelmente foi provocado pela barreira representada pelas descargas dos rios Amazonas e Orinoco. Na segunda parte da tese averiguou-se a estrutura e conectividade genética da população, além da história demográfica de L. alexandrei, em que recuperamos altos índices de variação genética e a existência de um único estoque genético, o que poderia ser explicado por dados de sua bioecologia, tais como dispersão larval, tempo de fase larval pelágica, entre outros, que poderiam contribuir substancialmente para a compreensão dos resultados aqui encontrados. Por fim, a história demográfica e os testes de neutralidade apontaram que L. alexandrei passou por expansão populacional durante o Pleistoceno. Este trabalho representa a mais robusta análise multiloci direcionada para a sinonimização dos três gêneros de Lutjaninae do Atlântico Ocidental e a primeira hipótese filogenética a propor um posicionamento e origem para L. alexandrei, além de ser a primeira análise filogeográfica realizada para a espécie de Lutjanidae mais recente descrita para o Atlântico ocidental.

     

     


  • CLARISSE MENDES ELERES DE FIGUEIREDO
  •  

    Investigação de variabilidade de coloração nas asas de borboletas (lepidoptera: Nymphalidae) do gênero Heliconius em uma zona de Híbridos no Panamá


  • Data: 08/08/2019
  • Mostrar Resumo
  • A hibridização é um fenômeno definido como o cruzamento entre indivíduos de populações diferentes que seguem regras adaptativas distintas. Pressões seletivas podem afetar a viabilidade de híbridos férteis, e isto é especialmente notável nas chamadas Zonas de Hibridização, regiões de troca genética entre duas espécies parapátricas onde ocorrem híbridos naturais. Zonas de Hibridização de borboletas do gênero Heliconius recebem uma atenção maior devido à forte convergência fenotípica do grupo, onde espécies formam anéis miméticos aposemáticos para afastar predadores, e uma das mais estudadas zonas de hibridização de Heliconius é a do Panamá, entre H. erato hydara e H. e. demophoon. Devido à importância evolutiva de estudarmos híbridos e ao papel que manchas de cor desempenham em Heliconius, nós decidimos investigar a variação na banda vermelha da asa anterior ao longo desta zona híbrida entre H. e. hydara e H. e. demophoon. Para tanto, coletamos dados de 175 indivíduos capturados nesta Zona de Hibridização e utilizamos técnicas modernas de análise de cor utilizando valores RGB e técnicas mais tradicionais de morfometria geométrica combinadas com venação alar. Análises de Componente Principal foram realizadas para cada técnica, e ambas indicaram que não existe separação entre os grupos. Houve uma diferença entre os resultados para cada técnica, com o resultado da morfometria geométrica tradicional apresentando uma sensibilidade maior. Além disso, houve uma discreta segregação de grupos por elevação. Este trabalho reforça a necessidade de técnicas integradas de identificação combinando dados de padrão de coloração, tão importantes para o grupo estudado, com dados genômicos e bioquímicos a fim de melhor estudar as interações entre grupos miméticos em Heliconius.

  • JOSE DIEGO GOMES
  • A complexa inter-relação da coluna d´água e o substrato na plataforma continental e o desenvolvimento de Recifes Mesofóticos ao largo da foz do Rio Amazonas.


  • Data: 24/07/2019
  • Mostrar Resumo
  • A plataforma continental amazônica constitui um ambiente altamente energético, onde a circulação é originada pela ação conjunta e complexa dos ventos alísios, ondas, marés e da própria descarga do rio Amazonas. Estudos recentes demonstraram a existência de um extenso sistema de recifes mesofóticos nesta região, a pesar das condições supostamente adversas. Especialmente concentrados a profundidades de 70 a 200 m, estes sistemas recifais divergem dos sistemas recifais clássicos em vários aspectos. O presente estudo investigou as características da coluna d’água e do fundo que definem este ambiente e que estariam controlando sua abrangência. Foram realizadas três expedições para coleta dos dados, a primeira entre maio/junho de 2017 (oeste, próximo à pluma), a segunda campanha em abril de 2018 (central) e a última campanha em julho de 2019 (sudeste). Nessas campanhas foram realizados perfis compostos por 9 a 13 estações incluindo perfilagem vertical de temperatura, salinidade, pH, oxigênio dissolvido, turbidez e eventualmente clorofila-a, assim como coletas de sedimento de fundo. O espaçamento entre as estações foi de ~10 milhas náuticas. Foi possível observar uma clara influência da pluma do rio Amazonas (PRA) no perfil a oeste (2017) e no perfil central (2018), em termos de salinidade e turbidez. Foram identificadas três massas d’água: a primeira relacionada dinâmica da pluma do rio Amazonas (AP), a água tropical (TW) e a Central do Atlântico Sul (ACAS). Os dados de sedimentologia mostraram que entres os perfis de 2017 e de 2018 se distinguem pelos teors de lama e carbonato, indicando a existência de um ambiente transicional entre os dois setores (área de pluma e não-pluma). As amostras do perfil mais a sudeste (campanha 2019) são constituídas basicamente por carbonatos a partir de 60 km da costa, com predomínio de areia próximo à costa. Utilizando-se a análise de componentes principais (PCA), ficou evidente que os teores de carbonato estão fortemente ligados a profundidade. A sedimentação siliciclástica predomina na proximidade da costa e, portanto, em águas rasas. A turbidez apresenta forte correlação com o percentual de lama no fundo, tamanho médio de grão e teor de matéria orgânica. Percentual de areia e salinidade se correlacionam intensamente com a distância (transversal) da PRA. A integração de dados da coluna d’água, do fundo e da meiofauna comprovam que no perfil central (2018) a turbidez é pouco expressiva e a luz não seria o fator limitante, porém recifes mesofóticos não ocupam plenamente a faixa de profundidade potencial de sua ocorrência. Neste caso, as mudanças do fundo arenoso e o soterramento esporádico seriam limitantes. Os resultados apresentados aqui sugerem ainda que os recifes de uma maneira geral (sejam mesofóticos ou de água rasa) apresentam uma tendência de expansão para menores profundidades ao sul. Mais ao sul notou-se o franco domínio da sedimentação carbonática e da ocorrência de recifes mesofóticos, com ocorrência significativa de rodolitos e esponjas em profundidades de ~30 m até a quebra de plataforma. Na faixa de 20–30 m parecem predominar os recifes de água rasa, como parte do Parcel Manoel Luís. Nesse perfil não foi observada a influência da PRA (ou qualquer outra influência fluvial). Longitudinalmente na plataforma também se identificou a tendência de expansão de recifes mesofóticos e recifes de água rasa de leste para oeste, uma vez que as condições da coluna d’água se mostraram favoráveis, ou pelo menos não limitantes. A escassez de substratos consolidados para recifes de água rasa (e.g., corais escleratinídeos) ou a elevada dinâmica do substrato inconsolidado para recifes mesofóticos (e.g., rodolitos e esponjas), parecem ser os limitantes desta possível expansão. Novas datações demonstram em caráter definitivo que o recife mesofótico está vivo na área de estudo, e os dados de meiofauna aqui apresentados, reforçam esta afirmativa, indicando uma grande riqueza de espécies e capacidade de adaptação desse sistema e uma tendência de expansão.

  • ADAM RICK BESSA DA SILVA
  • Filogeografia e o papel da hibridização na especiação: Implicações sobre a história evolutiva de espécies do complexo Rhinella marina


  • Data: 13/07/2019
  • Mostrar Resumo
  • O termo biodiversidade abrange toda a variedade de vida na Terra, e inclui desde aspectos genéticos a ecossistemas, e pode abranger os processos evolutivos e ecológicos. Ao longo de dois séculos, um padrão frequentemente revelado em estudos de comunidades biológicas, demonstrou a tendência de elevação da diversidade de espécies dentro regiões tropicais em relação aquelas de latitudes mais altas. No entanto, a partir de análises ecológicas mais detalhadas, observou-seque o padrão de distribuição global de diversidade pode ofuscar o fato de que esta variação também ocorre dentro de faixas latitudinaismais restritas e, neste contexto, estudos multidisciplinares podem auxiliar na estimativa da diversidade em diferentes escalas. Um aspecto importante relacionado a isto são os estudos filogeográficos e de zonas híbridas. Os primeiros podem descrever cenários evolutivos originados em diversos ambientes, a fim de identificar processos naturais que promovem a divergência entre as populações. Já o segundo tema consiste em laboratórios naturais”para avaliar o status taxonômico e os processos envolvidos na especiação e manutenção dos limites de espécie.

     

    No primeiro artigo desta tese foram utilizados cerca de 3 mil marcadores obtidos a partir de sequenciamento de fragmentos deDNA associadosa sítios derestrição (RAD sequencing). Estes foram utilizados para testar a influência de fatores extrínsecos e intrínsecos sobre a estrutura e padrão de introgressão em uma zona híbrida entre dois sapos Neotropicais (R. jimi e R. schneideri) ao longo de um transecto na transição Caatinga-Cerrado. A caracterização da zona híbrida sustentou uma “zona de tensão” submetida a uma elevada seleção efetiva média contra os híbridos; juntamente com os dados de modelagem de nicho ecológico, o que conjuntamente demonstraram o movimento desta zona híbrida. Os dados conjuntamente apoiam sinais de isolamento reprodutivo entre as linhagens.

    O segundo artigo consistiu em uma extensa investigação sobre o papel da vicariância e dispersão na história evolutiva entre duas linhagens intimamente relacionadas (R. horribillis e R. marina) a partir de mtDNA, marcadores intrônicos e microsatélites. Os resultados produziram suportes que confirmam o status taxonômico de R. horribilis, que permaneceu controverso por mais de um século. No entanto, o cenário evolutivo recuperado pelas análises de Computação Bayesiana Aproximada (ABC) e sustentam uma divergência relativamente recente conduzida pelo modelo de isolamento com fluxo gênico (IMa). Este estudo contribui com as primeiras inferências baseadas em marcadores nucleares sobre a história evolutiva destas espécies.

     

     


  • LUIS FERNANDO SOARES DELGADO
  • APORTE DO GPR NO ESTUDO DO ASSOREAMENTO DO CANAL DE MARÉ URUMAJÓ (AUGUSTO CORRÊA – PARÁ)

  • Data: 28/06/2019
  • Mostrar Resumo
  • O canal de maré do Urumajó estudado neste trabalho é um dos canais que desemboca no estuário do rio Caeté de comprimento 50 km (nascente - foz, próximo da cidade de Augusto Côrrea e bacia hidrográfica de 544 km²). Este trabalho analisou a existência de indícios de assoreamento neste canal aplicando um estudo integrado das ferramentas Ground Penetrating Radar (GPR), batimetria e análise sedimentológica. Através do GPR foi possível em geral imagear a morfologia do canal de maré estudado e identificar formas geológicas (bancos, barras de meandro, vales), indícios de assoreamento, processos erosivos e acúmulo dos sedimentos no canal durante a comparação dos radargramas. Os resultados obtidos com a batimetria (perfis L8, L9, L10/nascente e L1, L2 e L3/desembocadura do canal no estuário do rio Caeté) permitiram identificar indícios de assoreamento como: degradação da mata ciliar. O assoreamento foi devido à ação antrópica, em decorrência das diversas atividades nas margens do canal, (pecuária, agricultura, moradias, portos etc) que tem ocasionado um recuo das margens. Na parte central do canal de maré (pontos L4, L5 e L6) foram identificados acúmulos de sedimentos devido provavelmente à influência da maré. O canal de maré estudado caracterizou-se por apresentar no período chuvoso de 2018 sedimentos do tipo areia (30%) e lama (70%). No período seco de 2018 a variação é quase a mesma: 28% de areia e 72% de sedimento lamoso. Nas margens do canal foi predominante a presença de sedimento lamoso. Já no período seco houve um aumento na presença de sedimento lamoso na região a montante do canal. O fenômeno de assoreamento identificado ao longo do canal estudado é predominantemente do tipo antrópico devido a vários fatores identificados: existência de pequeno porto de pescadores, casas, desmatamento da mata ciliar, agricultura, pecuária, etc.

  • KELLE DE NAZARE CUNHA
  • Parasitos Monogenoidea (Platyhelminthes) do Bagre Sciades herzbergii Bloch, 1794 (Actinopterygii – Ariidae) como Bioindicadores de Alteração Ambiental no Litoral Amazônico Brasileiro

  • Data: 21/06/2019
  • Mostrar Resumo
  • A diminuição da qualidade ambiental do litoral amazônico brasileiro está associada principalmente ao processo de ocupação urbana desordenada, provocada instalação de indústrias e terminais portuários ao longo dos rios, estuários e baías que são responsáveis pelo despejo de efluentes diversos nos corpos hídricos dessa região. A área de manguezal encontrada nessa faixa da costa é reconhecida por sua importância em escala global, pela exuberância de suas florestas de mangue e por possuir a maior linha contínua de manguezais do mundo. A exposição prolongada ou crônica a esses efluentes pode alterar a composição e a estrutura biológica do ambiente. Por consequente a diminuição da integridade ambiental da área. Dessa maneira, o grau de diversidade
    biológica pode ser utilizado como um indicativo da qualidade ambiental, ou seja, qualquer distúrbio no hábitat pode acarretar alteração na diversidade das espécies. Essa premissa também pode ser aplicada para avaliar a biodiversidade de uma comunidade parasitária. Diante desse cenário, é possível utilizar os parasitos Monogenoidea (Platyhelminthes) do hospedeiro S. herzbergii como bioindicadores associando os índices parasitários à condição nutricional, à disponibilidade de recursos alimentares do hospedeiro e às condições ambientais de canais de maré de estuários amazônicos? Para responder a essa pergunta realizou-se a captura deste bagre nos canais de maré de duas áreas, uma impactada, próxima à região portuária de São Luís (MA), e outra área de
    referência, no estuário do Caeté em Bragança (PA). Utilizou-se a ANOVA fatorial para verificar a influência do local e da sazonalidade sobre a abundância de parasitos, às variáveis ambientais, aos dados biométricos e à dieta do bagre. Foram realizadas análises de redundância para verificar a influencia das variáveis ambientais sobre a frequência da infestação por parasitos Monogenoidea e sobre o índice de importância dos itens alientares do bagre. Foram coletados 4.265 espécimes de monogenóideos pertencentes às espécies: Chauhanellus boegeri, Chauhanellus susamlimae, Calceostomella herzbergii, Chauhanellus velum e outra espécie de Dactylogyridae gen. sp. Os índices de infestação parasitária em S. herzbergii apresentaram padrões similares de distribuição para C. susamlimae, C. boegeri e C. velum nas áreas de estudo. A abundância de C. herzbergii foi correlacionada positivamente à sazonalidade e ao local de captura do bagre (p<0,05). O Monogenoidea C. herzbergii ectoparasito de S. herzbergii pode ser utilizado como bioindicador de ecossistemas estuarinos com baixos niveis de degradação ambiental. As condições predominantes na área de referência foram caracterizadas por elevados valores de salinidade e clorofila-a durante o período de estiagem (p<0,05). A turbidez dos canais de maré da baía de São Marcos apresentou valores elevados devido à dragagem do canal de navegação. O S. herzbergii apresentou estratégia alimentar especializada, hábito alimentar carcinófago, com presas predominantes de caranguejos (Brachyura) quando as condições ambientais foram favoráveis a predação visual. A estratégia alimentar desse bagre mudou para generalista quando a turbidez da água foi elevada. A condição nutricional do bagre foi superior no período de estiagem, na área de referência, quando apresentou estratégia alimentar especialista e hábito alimentar carcinófago.

  • ADRIANA DO SOCORRO BARROSO REIS
  • Dinâmica temporal da produção de serapilheira em uma várzea de maré do médio rio Caeté

  • Data: 21/06/2019
  • Mostrar Resumo
  • O objetivo deste trabalho foi quantificar e descrever a dinâmica da produção de serapilheira em uma mata inundável do médio rio Caetéentre as comunidades Tauari e Chaú, município de Bragança, Pará, Brasil. Foram delimitadas 16 parcelas de 20 30 m, cada uma com seis subparcelas de 10 m×10 m, e uma cesta coletora (0,45 m2) foi instalada no centro de cada subparcela (n=96). A altura topográfica das parcelas foi mapeada para servir como "proxy" para a inundação. O conteúdo das cestas foi recolhido em intervalos quinzenais. Em laboratório, foi triado e seco em estufa.Fragmentos de folhas foram separados por tipos e, onde possível, associados com espécies vegetais encontradas na área. A produção de serapilheira foi de 12,3±18,9 t·ha-1 (média com desvio padrão) (outubro de 2017 a abril de 2019). A queda de serapilheira total não mostrou indícios de uma forte sazonaliade. A maior parte da serapilheira consistiu de folhas (54,6%), galhos (20,8%) e frutos (9,5%). Diferenciou-se 207 tipos de serapilheira, 197 desses pertenciam a folhas. Desse conjunto, 79 foram de espécies de lianas, 3 e 7 de hemiepífitas e epífitas, respectivamente. A espécie individual que mais contribuiu à serapilheira foliar total foi Macrolobium angustifolium(Fabaceae; 5,2%), seguida por Licania macrophylla (Chrysobalanaceae; 4,8%); as folhas de cada uma das demais espécies identificadascontribuíram≤ 3,3%. A queda de folhas das espécies foi contínua, porém apresentava em algumas espécies oscilações características com padrões mono ou bimodais, provavelmente associadas com troca de folhas e/ou períodos com estresse elevado durante a estação seca. O grau de sincronia dos picos entre as cestas variou entre as espécies, mas foi baixo na maioria dos casos.Cestas instaladas em terreno topograficamente mais alto apresentaram taxas de queda de serapilheira levemente maiores. Além da altura topográfica, a vazão do rio mostrou um efeito significativo à queda de folhas.

  • TAINAR ROCHA BARRETO
  • Diversidade de Monogenoidea (Platyhelminthes: Neodermata) parasitos de cinco espécies de Characidae (Actinopterygii, Characiformes) da Bacia do rio Guamá, Pará.


  • Data: 05/06/2019
  • Mostrar Resumo
  • Esta dissertação é apresentada seguindo as regras estabelecidas pelo Programa de Pós-Graduação em Biologia Ambiental da Universidade Federal do Pará, sendo separada em introdução geral e um capítulo. Este último é apresentado no formato de artigo. Na introdução geral é apresentada uma breve contextualização sobre a diversidade de peixes com ênfase em peixes dulcícolas da Ordem Characiformes, destacando sua diversidade, distribuição, hábitat e relações filogenéticas. Além disso, destacou-se também a importância dos estudos parasitológicos para esta ordem de peixes, enfatizando a diversidade de parasitas para a família Characidae, mais especificamente a diversidade de parasitos da classe Monogenoidea da Família Dactylogyridae (Platyhelminthes, Cercomeromorpha). A seguir, são apresentados os objetivos e métodos utilizados para a obtenção dos dados que culminou nos resultados que foram utilizados para elaboração de um artigo, o qual será submetido posteriormente para publicação. No Capitulo I, seis novas espécies de monogenóideos pertencentes aos gêneros Characithecium Mendoza-Franco, Reina & Torchin, 2009 (três espécies), Jainus) Mizelle, Kritzky & Crane, 1968 (duas espécies) e Notozothecium Boeger & Kritsky, 1988 (uma espécie) são descritas para drenagens da bacia hidrográfica do rio Guamá da região Nordeste Paraense. Aqui, também, é registrada pela primeira vez a ocorrência de Characitheciumcostaricensis (Price & Bussing, 1967) parasitando caracídeos de águas continentais sul-americanas. Por fim, uma chave de identificação de monogenóideos parasitos de Characidae é apresentada.


  • MARCOS ALEXANDRE BORGES MONTEIRO
  •  

    Valoração dos manguezais na reserva extrativista marinha de caeté-taperaçu, costa amazônica brasileira: uma perspectiva social e econômica.



  • Data: 30/05/2019
  • Mostrar Resumo
  • Os manguezais são essenciais para os extrativistas estuarino-costeiros por serem uma fonte permanente de recursos para a sua sobrevivência. No entanto, existe uma preocupação global direcionada aos benefícios econômicos dos recursos disponíveis nesse sistema. E no intuito de entender como o bem-estar humano é influenciado pela mudança na qualidade ou quantidade de bens e serviços ecossistêmicos, o presente trabalho tem o objetivo de estimar o valor dos bens e serviços do manguezal, por meio da valoração econômica dos seus recursos naturais. O trabalho de campo foi realizado nas comunidades dentro dos limites (Bonifácio e Castelo) e no entorno (América e Tamatateua) da Reserva Extrativista Marinha (RESEX-Mar) de Caeté-Taperaçu localizadas no município de Bragança, Pará, costa amazônica brasileira. Questionários com perguntas estruturadas e semiestruturadas foram elaborados e aplicados. A percepção dos extrativistas estuarino-costeiros foi avaliada com respeito ao valor de uso (VU) que foi estimado em R$ em R 11.724.745.500 ; o valor de não uso (VNU) ou valor de existência (VE), através da disposição a pagar (DAP) e do trabalho voluntário (TV) para a recuperação do manguezal, utilizando o método de valoração contingente, sendo estimado em R$ 103.950.000,00. Além disso, a maioria (92%) dos respondentes afirmou que ajudaria com taxas mensais de até R$ 10,00 (49%) para restabelecer o manguezal, caso o mesmo sofresse algum impacto negativo, bem como, estariam dispostos ao trabalho voluntário semanal de até 2 horas para limpeza e replantio (39%). O valor econômico total (VET) dos bens e serviços do manguezal da RESEX- Mar como um todo foi estimado em R$ 11.828.695.500,00 ou de R$ 278.393,19 ha. Por fim, o presente estudo contribuiu com informações sobre os benefícios da valoração do manguezal, através das estimativas oriundas das percepções dos moradores da RESEX-Mar Caeté-Taperaçu sobre a viabilidade de uma análise dos custos para possível recuperação do ecossistema, além de deixar valores como referência para o estabelecimento de penalidades ou compensações financeiras que, por ventura, possam ser aplicadas em função de impactos ambientais negativos.



  • JESSICA CONCEICAO NASCIMENTO DERGAN
  • Topografia e dinâmica hidrológica moldam a comunidade arbórea de uma várzea de maré na amazônia Oriental?

  • Data: 30/05/2019
  • Mostrar Resumo
  •  

    O presente estudo analisou dinâmica hidrologica, topografia e comunidade arbórea em um trecho de floresta de várzea de maré do médio rio Caeté, Bragança-PA, Amazônia Brasileira. A amostragem foi realizada em 1,32 ha (8 parcelas ao longo de quatro transectos); foram incluidas árvores com diâmetro à altura do peito ≥ 5 cm. Foi feito um levantamento datopografia ao longo dos transectos e dentro das parcelas, por meio de um medidor de distância a laser com funções de nivelamento. Dentro de parcelas, piezômetros (a 2 m de profundidade) foram instalados para monitorar o nível do lençol freático através de leituras manuais e sensores de pressão com dataloggers. A inundação da superfície foi medida por réguas instaladas em 10 estações ao longo de dois dos transectos. O nível do lençol freático foi alto durante o máximo dadescarga do rio na estação chuvosa e caiu temporariamente abaixo de 2 m na estação seca. No entanto, inundação do solo da floresta durante a estação seca foi registrada ocasionalmente durante as marés altas. O pulso de maré era visível nas medições automáticas do lençol freático. Durante a estação chuvosa, as marés altas, juntamente com os eventos de queda de chuva, levaram a altos níveis de inundação (de 2 m a 4 m), mas a floresta não foi continuamente inundada. Elevações variaram dentro do intervalo de 1 m a 4 m; nível de inundação e lençol freático mudaram de acordo com a altura topográfica. No levantamento florístico foram identificados um total, 101 (morfo-)espécies foram amostradas. Espécies com altos valores de importância foram Macrolobium angustifolium, Macrolobium pendulum, Virola surinamensis, Pachira aquatica e Licania macrophylla. A diversidade de espécies foi moderadamente alta em comparação com outros habitats de florestas inundáveis na região da Amazônia Oriental. A composição da comunidade arbórea mudou com a topografia (como proxy de inundação), mas apenas uma pequena parte da variação observada foi explicada por este fator. Além disso, a distribuição de espécies arbóreas selecionadas ao longo do gradiente de elevação indicou que várias espécies preferiram um intervalo específico de elevações, mas nenhum limite forte foi detectado.


  • ANTONIA SILVIA LIMA DA COSTA
  • Filogeografia e estrutura populacional do Mapará Hypophthalmus edentatus SPIX & AGASSIZ, 1829 (Pimelodidae, siluriformes) na bacia do Araguaia-Tocantins.




  • Data: 29/05/2019
  • Mostrar Resumo
  •  

    O mapará (Hypophthalmus edentatus) é um recurso pesqueiro distribuído nas bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins, onde é uma das espécies de bagres altamente explorada nas pescarias comerciais. Esta é uma espécie migradora abundante na bacia Araguaia-Tocantins, ecossistema que se encontra altamente fragmentado, possuindo barreiras naturais, como cachoeiras e corredeiras, e antrópicas, como barragens hidrelétricas, fato que pode alterar a estrutura populacional de peixes, especialmente os migradores. Desta forma, o presente estudo objetivou avaliar a variabilidade genética, estrutura populacional, padrões filogeográficos e história demográfica de H. edentatus na bacia do Araguaia-Tocantins. Foram sequenciados 547 pares de bases da região controle do DNA mitocondrial de 179 indivíduos amostrados a montante e jusante da Usina Hidrelétrica de Tucuruí. Foram observados altos índices de diversidade genética nas populações (h= 0,94-0,98; π= 0,014-0,019), sugerindo que as modificações ambientais, bem como a pressão de pesca, não comprometeram em curto prazo a diversidade genética dessas populações, de forma que a variação observada pode ser resultado da diversidade da espécie ao longo do tempo evolutivo. A rede de haplótipos, análise de variância molecular (AMOVA) e BAPS apresentaram resultados similares evidenciando ausência de subdivisão populacional em H. edentatus. Portanto, pode-se inferir que provavelmente há fluxo gênico, com adultos, larvas ou ovos sendo transportados no sentido montante-jusante, seguindo as correntezas das cachoeiras e corredeiras, ou pela abertura dos vertedouros da barragem da Usina hidrelétrica de Tucuruí, no período das cheias. A baixa diferenciação observada entre Conceição do Araguaia e Cametá, com algumas das populações amostradas, pode ser resultado da deriva genética, ou do contato com metapopulações da bacia Amazônica, especialmente no caso de Cametá. As avaliações de história demográfica revelaram um processo de expansão populacional no Pleistoceno, há cerca de 15 mil anos no período interglacial OIS1, o que pode ter sido resultado das mudanças nas condições ambientais e disponibilidade de habitat para o crescimento das populações de H. edentatus. Nossos resultados podem ser utilizados como base para elaboração de futuros planos de manejo, de forma que a integridade genética da espécie seja mantida, mesmo com a intensa modificação de habitats, por ação antrópica, na bacia do Araguaia-Tocantins.


  • ANNA KAROLINA OLIVEIRA DE QUEIROZ
  • Filogeografia e estrutura populacional de Plagioscion squamosissimus Heckel, 1840 nas bacias Amazônica e Araguaia - Tocantins.

  • Data: 28/05/2019
  • Mostrar Resumo
  • A pescada branca, Plagioscion squamosissimus, é nativa da Amazônia e naturalmente distribuída nas bacias do Orinoco, Amazonas, Araguaia-Tocantins, assim como em rios das Guianas. Estudos sugerem que adaptações aos gradientes hidroquímicos dos rios da bacia Amazônica explicam a estruturação observada entre as populações da espécie. Portanto, o objetivo do presente trabalho foi de ampliar os conhecimentos sobre os aspectos genéticos da pescada branca a partir da região controle do DNA mitocondrial, avaliando a estrutura populacional e seu padrão filogeográfico nas bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins. Foram avaliados 579 pares de bases da região controle de 362 indivíduos, de rios de águas brancas e claras coletados nas bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins. Todos os resultados revelaram três linhagens altamente diferenciadas que coexistem em um mesmo sistema de rio, enquanto dentro das linhagens indivíduos de diferentes localidades e tipos de água foram proximamente relacionados. Portanto, estes resultados refutam a hipótese de que os gradientes hidroquímicos dos rios são responsáveis pelos padrões de estruturação populacional em P. squamosissimus. O padrão observado, no entanto, pode estar relacionado às diferenças no tempo reprodutivo entre os distintos grupos, de forma que a seleção natural divergente poderia estar agindo nas adaptações ecológicas dos indivíduos, levando à redução do fluxo gênico entre as populações. Altos índices de diversidade genética foram observados para a região controle na maior parte das populações, o que pode estar relacionado com o contato secundário entre indivíduos de diferentes linhagens genéticas. Avaliações da história demográfica sugerem que as distintas linhagens de P. squamosissimus passaram por expansões populacionais no Pleistoceno, durante períodos interglaciais, quando as condições ambientais se tornaram favoráveis para o crescimento demográfico. Considerando a presença de grupos geneticamente diferenciados na área avaliada, os resultados gerados no presente estudo são de grande importância e devem ser considerados na elaboração de planos de manejo para a conservação de P. squamosissimus.


  • VANDO JOSE COSTA GOMES
  • O PAPEL DOS "FUROS" DE MARÉ NA EVOLUÇÃO DE UM SISTEMA ESTUÁRIO-MAGUEZAL-BARREIRA ARENOSA (SETOR LESTE DA COSTA AMAZÔNICA).

  • Data: 24/05/2019
  • Mostrar Resumo
  •  

    O setor leste da Zona Costeira Amazônica é conhecido como Costa de Manguezais e Estuários de Macromaré da Amazônia (CMMA). A grande diversidade e rápida evolução desse setor de costa está relacionada à intensidade dos fatores físicos e geológicos atuantes. A CMMA é formada por diversos estuários e penínsulas de planície costeira que evoluem a partir da emersão de barreiras arenosas, resultando na formação de amplos canais de maré (furos) que interligam os estuários. Neste contexto este trabalho tem como objetivo avaliar o papel dos furos de maré na formação e evolução da área, onde estes seriam de fundamental importância para o acúmulo e transferência de sedimentos finos em todo o setor. Porém, estes furos de maré produziriam convergência de transporte em seu interior como resultado da progradação da onda de maré por ambos os lados/estuários, o que resultaria em seu fechamento e formação de dois canais de maré convencionais associados a cada um dos estuários. Controversamente, vários canais, em diferentes estágios evolutivos, mantém a conexão. Assim, foram investigados o “Furo do Taici” e o “Furo Grande”, parte da península de Ajuruteua, Bragança-PA. Os dados utilizados para a elaboração do presente trabalho foram coletados em campanhas amostrais nos dois canais de maré, durante os períodos de seca e chuva, e incluem levantamentos de velocidade de corrente, concentração de sedimentos em suspensão, sedimentos de fundo, dados batimétricos e medições de nível d’água. Os resultados mostraram que a pesar de ser o canal mais antigo da península, o Furo do Taici corresponde a uma conexão efetiva entre os estuários, transferindo sedimentos lamosos na ordem de 2.250 toneladas anualmente do Caeté para o Taperaçu. Isto ocorreria durante a fase de maré de enchente, quando em um intervalo de tempo de aprox. 2h não haveria convergência no interior do Furo do Taici. A investigação do Furo Grande, substancialmente mais recente que o Furo do Taici apresentou convergência de transporte em seu interior, porém as diferenças entre suas extremidades, i.e., estuários do Caeté e Taperaçu, estariam resultando na gradual migração da convergência em direção ao Taperaçu, o que levaria com o tempo ao não- fechamento do furo como antecipado inicialmente e observado no Taici. A manutenção da conectividade seria parte fundamental da circulação de sedimentos finos na CMMA, onde a difusão e transporte de lama originária da pluma do rio Amazonas de oeste para leste, e a desigualdade das fontes locais de lama seria balanceada pelos fluxos de lama pelos furos de maré, dependendo da propagação da maré de leste para oeste e das diferenças entreestuários conectados, contribuindo significativamente para a retenção de sedimentos e aparente homogeneidade entre as diferentes penínsulas da CMMA.


  • ANA BEATRIZ BRITO DIAS
  • RISCOS E PERIGOS EM PRAIAS ESTUARINAS E MARINHAS DO LITORAL AMAZÔNICO

  • Data: 30/04/2019
  • Mostrar Resumo
  • As zonas costeiras são espaços frequentemente utilizados para as práticas recreacionais e turísticas, especialmente as praias arenosas, no entanto ainda são insuficientes as medidas de gestão que priorizam a segurança praial. Com isso, o objetivo dessa dissertação foi avaliar os riscos naturais e antrópicos de sete praias do litoral paraense (Pesqueiro, Murubira, Colares, Marudá, Princesa, Atalaia e Ajuruteua), com a finalidade de sugerir medidas de gerenciamento que visem a segurança dos veranistas. As coletas foram feitas nos setores leste e oeste da Baía do Marajó e entre as baias do Marajó-Gurupi nos meses de junho/julho, entre 2009-2017. Medidas hidrodinâmicas (marés, ondas e correntes) e morfodinâmicas (perfil e sedimentologia) foram realizadas, bem como avaliação dos riscos naturais e antrópicos, com base no número de ocorrências registradas pelos salva-vidas e registros fotográficos. As ocorrências registradas mostraram que os maiores riscos naturais estão relacionados à elevada energia hidrodinâmica, à alta declividade praial e à presença de afloramentos rochosos e de animais que causam lesões aos veranistas. Enquanto os principais riscos antrópicos estão relacionados à ocupação desordenada, ao despejo de resíduos sólidos e esgoto, à presença de veículos na zona de intermarés e ao sistema de segurança oferecido pelos salva-vidas/bombeiros. Os dados fornecidos pelos salva-vidas revelam que grande parte das ocorrências registradas nos meses de férias estão relacionados: (i) acidentes causados pela ausência de sinalizações quanto à presença de afloramentos rochosos, canais, condições oceanográficas, entre outros; (ii) acidentes causados pela ausência de zoneamento de áreas destinadas às práticas esportivas, (iii) a falta de uma melhor preparação e aumento do contingente de bombeiros/salva-vidas. A utilização da ferramenta DPSIR (Driver, Pressure, State, Impacts e Response) mostrou-se eficaz na identificação das medidas de gestão costeira relacionadas à segurança praial. Foi sugerida a criação do plano estadual de segurança nas praias, visando o planejamento do espaço costeiro, a melhoria da infraestrutura e o monitoramento das condições ambientais, a fim de melhorar o potencial turístico da zona costeira paraense.

  • TAYSE NASCIMENTO DO ROSARIO
  • Descrição morfológica dos primeiros estágios larvais de duas espécies de camarões do gênero Leptalpheus Williams, 1965 (Decapoda, Alpheidae), com novo registro de ocorrência para a costa amazônica brasileira


  • Data: 30/04/2019
  • Mostrar Resumo
  • O gênero Leptalpheus Williams, 1965 é composto atualmente por 17 espécies conhecidas, todas encontradas vivendo em associação com crustáceos decápodos das famílias Callianassidae Dana, 1852, Axianassidae Schmitt, 1924 e Upogebiidae Borradaile, 1903. Estas espécies são facilmente reconhecidas pelas características morfológicas dos quelípodos (quela), sendo extremamente assimétricos e normalmente dobrados. Por serem muito pequenos e possuírem hábitos extremamente crípticos, seus aspectos biológicos e ecológicos ainda são pouco conhecidos. Além disso, das 17 espécies do gênero Leptalpheus, nenhuma espécie teve seu desenvolvimento larval descrito por completo ou parcialmente na literatura. Até o presente momento, a distribuição destas espécies ocorre principalmente na poção ocidental do Atlântico e leste do Pacífico. No Brasil, apenas duas espécies do gênero Leptalpheus foram registradas: L. axianassae Dworschak & Coelho, 1999, encontrado nos estados do Ceará, Pernambuco, Bahia e São Paulo, e L. forceps Williams, 1965, com registros para os estados do Ceará, Paraíba, Sergipe e Bahia. O presente estudo apresenta uma nova ocorrência de L. forceps para o litoral brasileiro e o primeiro registro de L. marginalis Anker, 2011 para o Brasil e costa ocidental do Atlântico. Além disso, a presente contribuição apresenta pela primeira vez uma descrição e ilustrações detalhadas dos primeiros estágios larvais (zoea) de ambas as espécies, cultivadas sob condições de laboratório. Foram coletados um total de 360 indivíduos (222 machos, 37 fêmeas não ovígeras e 101 fêmeas ovígeras) de L.forceps e somente 48 espécimes (38 machos, 2 fêmeas não ovígeras e 8 fêmeas ovígeras) de L. marginalis do interior de 3.000 tocas pertencentes ao camarão callianassídeo Lepidophthalmus siriboia Felder & Rodrigues, 1993, em uma zona entre marés localizada na península de Ajuruteua, nordeste do Estado do Pará. No laboratório, foram obtidos 5 estágios larvais de L. forceps e 4 estágios de L. marginalis independente da presença ou tipo de alimento testado, havendo total mortalidade das larvas ao atingirem o estágio de zoea V ou IV, respectivamente. Embora estes resultados indiquem um possível comportamento lecitotrófico, a mortalidade larval nestes estágios específicos sugere uma mudança para o comportamento planctotrófico e/ou a necessidade de itens alimentares mais específicos e/ou condições abióticas mais favoráveis para o completo desenvolvimento larval de ambas as espécies. Ao comparar o primeiro estágio de zoea entre as espécies, a zoea I de L. forceps se diferencia de L. marginalis pela presença de antênula com 3 estetos; exopodo da antena 6- segmentada; maxilula apresentado 2 cerdas simples no endito coxa, 1 cerda simples no endito basal, e endopodo com 2 cerdas simples; endopodo da maxila com 1 cerda plumosa e 2 cerdas simples, e exopodo com 4 cerdas plumosas; primeiro maxilipede com 2 espinhos no protopodo; segundo maxilipede com 2 espinhos no protopodo, endopodo com 3 cerdas simples e 1 cerda denticulada, e exopodo com 1 cerda simples; terceiro maxilipede sem cerdas ou espinhos no protopodo, e endopodo com 3 cerdas denticuladas. Ao comparar o primeiro estágio larval de ambas às espécies de Leptalpheus com as larvas de outras espécies de camarões alfeídeos (gêneros Alpheus, Synalpheus, Athanas e Automate) registrados na costa brasileira, observam-se diferenças morfológicas quanto à presença, quantidade, disposição e tipos de cerdas em alguns apêndices, sendo necessária uma análise conjunta dos caracteres para que as espécies sejam identificadas corretamente. O estilo de vida críptico e a dificuldade na obtenção destes animais talvez sejam os principais motivos dos poucos estudos realizados com estas espécies. Além disso, a falta de material adequado para a identificação dos estágios larvais também dificulta sua correta diagnose, sendo muitas vezes classificados genericamentecomo larvas de decápodos. Sendo assim, é imprescindível que trabalhos sobre desenvolvimento e morfologia larval sejam realizados, não somente para ampliar o conhecimento sobre a diversidade, comportamento e dispersão larval, como também para a elaboração de chaves de identificação para os organismos coletados no ambiente pelágico.

  • GABRYELE MALCHER FREIRE
  • AVALIAÇÃO GENÉTICA DE PIRARUCUS Arapaima sp. DAS BACIAS AMAZÔNICA E ARAGUAIA-TOCANTINS

  • Data: 28/04/2019
  • Mostrar Resumo
  • O pirarucu, Arapaima sp., é um peixe de grande importância socioeconômica, que possui uma ampla distribuição, ocorrendo nos principais afluentes das bacias dos rios Amazonas, Essequibo e Araguaia-Tocantins. Nos últimos anos, diferentes estudos genéticos foram realizados buscando contribuir com informações que auxiliem em medidas de conservação e a atividade de piscicultura da espécie. Porém, alguns destes ou possuem uma baixa amostragem ou estão restritos apenas a uma das bacias na área de ocorrência, de forma que, até o momento, este é um dos poucos trabalhos que compila dados das duas bacias (dos rios Amazonas e Araguaia-Tocantins), com uma ampla amostragem e utiliza marcadores hipervariáveis (microssatélites) para avaliar o perfil genético de pirarucus ao longo de sua distribuição natural. Dessa forma, no intuito de compreender os parâmetros de diversidade genética e verificar o nível de estruturação genética populacional ao longo dessas bacias, foram analisados 184 exemplares de pirarucus de 13 localidades distribuídas ao longo das bacias, utilizando 11 loci microssatélites. Os resultados indicaram uma maior diversidade genética para os pirarucus das localidades da bacia do Amazonas, quase o dobro do encontrado para os pirarucus da bacia do Araguaia-Tocantins, com destaque para Jarauá e Prainha que apresentaram 62% (Ra: 3.30; Ho: 0.51) e 59% (Ra: 3.33; Ho: 0.65) da diversidade de alelos observados, respectivamente. A análise bayesiana indicou a existência de dois níveis de estruturação populacional: um primeiro nível separando dois grandes estoques, bacia do Amazonas e bacia do Araguaia-Tocantins (ΔK=2), e um segundo nível separando cinco populações dentro desses grandes estoques (ΔK=5), sendo três destas dentro da bacia do Amazonas (Alto, Médio e Baixo Amazonas) e duas na do Araguaia-Tocantins (Rio Tocantins e Rio Araguaia). Dessa forma são indicadas duas Unidades de Manejo (MU) independentes que necessitam de estratégias de conservação específicas, respeitando os níveis de estruturação encontrados. Destacando-se, principalmente, a necessidade de planos de manejo para as populações da bacia do Araguaia-Tocantins, que apresentaram os menores índices de diversidade genética e estão sendo severamente sobreexploradas.

  • ELIANE BARROZO SILVA
  • INFLUÊNCIA DA PLUVIOMETRIA NA DIETA ALIMENTAR DE Moenkhausia collettii (STEINDACHNER, 1882) EM PEQUENOS RIACHOS AMAZÔNICOS DE ORDENS DISTINTAS


  • Data: 29/03/2019
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo objetivou caracterizar a composição da dieta alimentar da espécie Moenkhausia collettii em indivíduos de diferentes classes de tamanhos, afim de analisar possíveis variações temporais na alimentação em igarapés de ordens distintas do nordeste paraense. As coletas foram realizadas entre novembro de 2015 a agosto de 2016. Os peixes foram capturados durante o período diurno utilizando-se redes de arrastos (2m de comprimento, 1m de altura e 2mm de abertura da malha entrenós). O grau de repleção para cada estômago foi determinado por avaliação visual e os estômagos foram classificados em uma escala de 0 a 3. A dieta foi caracterizada através da frequência de ocorrência e do índice de análise volumétrica, utilizados para calcular o índice de importância alimentar. Foi determinada as preferências alimentares da espécie estudada. Foi aplicado teste paramétrico (ANOVA), visando verificar diferenças significativas na composição da dieta dos indivíduos e árvores de classificação foram desenvolvidas para verificar padrões na dieta da espécie entre os igarapés de ordens distintas e classes de comprimento. Foram analisados 812 indivíduos com tamanhos entre 11,6 e 51,5 mm de comprimento padrão. A espécie ingeriu grande quantidade de itens alimentares, somando um total de 112 itens que foram agrupados em 23 categorias, com predominância da categoria alimentar Material Digerido, seguido de Insetos Partes e Algas Filamentosas. A espécie foi classificada como onívora com estratégia de alimentação generalista. Em ambos os períodos sazonais, os itens de origem autóctone apresentaram maior importância na dieta. Nos igarapés de 1ª ordem, os itens de origem alóctone foram mais importantes (IAi = 0,5221), já nos de 4ª ordem, itens autóctones apresentaram maior importância na dieta da espécie (IAi = 0,6171). De acordo com a árvore de classificação, Algas Filamentosas foram positivamente associadas aos igarapés de 4ª ordem, ao período seco e aos indivíduos de maiores tamanhos, já a categoria Material Digerido esteve relacionada aos igarapés de 1ª ordem, enquanto Insetos partes foi positivamente associado aos indivíduos de menor tamanho, aos igarapés de 1ª ordem e ao período chuvoso. As demais categorias alimentares registradas não apresentaram diferenças significativas devido às leves diferenças registradas entre elas. A diversidade de itens consumidos de origem autóctone e alóctone nos igarapés de ordens distintas estudados, independente do período sazonal e ao longo das classes de tamanho analisadas reforça a importância da vegetação ripária como fonte de recurso direta ou indireta para a espécie, fazendo-se necessário, o desenvolvimento de medidas de proteção para esses ecossistemas, visando a preservação da vegetação ripária, bem como a conservação de toda a comunidade aquática.

     

     


  • ALANA SANTOS DO ROSARIO
  • Macrobrachium amazonicum pode ser usado como espécie bioindicaodra para exposição ao cádmio, usando o metalotioneína como marcador?

  • Data: 28/03/2019
  • Mostrar Resumo
  • Macrobrachium amazonicum possui uma ampla distribuição na América do Sul, ocorrendo em ambientes continentais e costeiros. A espécie é rústica, sendo capaz de se adaptar bem em rios, lagos, represas e viveiros de cultivo. É sócioeconomicamente importante na região Norte do Brasil, contribuindo com a renda e alimento de milhares de famílias. Devido a esse conjunto de atributos, o objetivo do estudo foi propor a espécie como potencial bioindicador uasando a metalotioneína como marcador. Essa proteína tem papel de transportar íons metálicos do metabolismo e desintoxicar as células de metais pesados. Foi realizada a caracterização da metalotioneina (Mt) de M. amazonicum (Ma-Mt). Posteriormente, foi verificada a sua vulnerabilidade a exposição ao cádmium e determinado se a expressão da Ma-Mt aumenta em resposta a esse poluente, na água e no alimento. Foi obtida toda a área codificante (ORF) da Ma-Mt, correspondendo a 62 aminoácidos, com registro de 17 cisteínas, apresentando 100% de similaridade com a Mt de M. rosenbergii. O camarão-da-amazônia mostrou-se vulnerável ao cádmium, havendo mortalidade em baixas concentrações, tanto na água quanto no alimento. Também não ocorreu aumento visível da expressão da Ma-Mt. Portanto, M. amazonicum tem limitada capacidade de se desintoxicar e acumular esse poluente, diminuindo o risco alimentar. Desse modo, essa proteína tem papel ineficiente como marcador de poluição pelo cádmio, para uso de M. amazonicum como bioindicador.

  • RAIMUNDO DARLEY FIGUEIREDO DA SILVA
  • Delimitação molecular de espécies de Lutjanídeos (Perciformes) do Atlântico Ocidental e Pacífico Leste

  • Data: 25/03/2019
  • Mostrar Resumo
  • Mesmo com a difusão do uso das tecnologias de Sequenciamento de Nova Geração, que permitem a obtenção de uma elevada quantidade de loci, o uso de um ou poucos loci gênicos ainda é frequente em questões de delimitação de espécies e em vários campos da biologia comparada. No presente estudo, foram usados algoritmos unilocus de delimitação de espécies para indivíduos de Lutjaninae e multilocus para Lutjanus campechanus e Lutjanus purpureus. Para os algoritmos unilocus, observam-se incongruências entre métodos. ABGD, PTP e mPTP tendem a estimar um menor número de espécies. Os métodos filogenéticos- coalescentes com limiar único foram congruentes para um mesmo número de linhagens. Por outro lado, algoritmos com múltiplos limiares tendem a estimar um número maior de espécies potenciais. Em relação à delimitação entre L. campechanus e L. purpureus, as metodologias coalescentes de delimitação molecular de espécies são congruentes para um cenário com L. purpureus e L. campechanus como unidades distintas. Apesar disso, existe um aparente fluxo unidirecional de troca gênica, no sentido L. campechanus para L. purpureus. L. campechanus possui tamanho efetivo populacional cerca de três vezes menor que L. purpureus. Em casos onde existem acentuadas diferenças de tamanho efetivo populacional é difícil a distinção do fluxo de genes e separação incompleta de linhagens, devido aos efeitos distintos da deriva nas duas populações. Assim é coerente afirmar que L. campechanus e L. purpureus são distintas unidades evolutivas, com o compartilhamento gênico existente entre essas sendo causado por grandes diferenças de tamanho efetivo nas duas populações.

     

     


  • PAULO CESAR DA COSTA VIRGULINO JUNIOR
  • Biomassa abaixo do solo em uma floresta de Avicennia germinans (L.) L. anãs na península de Ajuruteua, Bragança, Costa Amazônica Brasileira

  • Data: 28/02/2019
  • Mostrar Resumo
  • Os modelos alométricos para a estimativa de biomassa de florestas de mangue anão foram desenvolvidos apenas para a biomassa acima do solo (AGB), enquanto estimativas de biomassa abaixo do solo (BGB) têm sido negligenciadas. Essas últimas são ferramentas relevantes para melhor entender os mecanismos de estocagem de carbono nessas florestas, além da sua importância para o seu uso e manejo dos recursos dos manguezais. O nosso objetivo principal foi estimar a biomassa abaixo do solo total e dos compartimentos das árvores de Avicennia germinans (L.) L. anãs na península de Ajuruteua, leste da costa amazônica brasileira. Equações alométricas para estimar BGB total e dos compartimentos (coroa e raízes) foram desenvolvidas para três diferentes classes de altura das árvores. A biomassa total da árvore foi estimada com a soma de valores de AGB estimados usando modelos já existentes para A. germinans na região. Os melhores modelos apresentaram as formas linear e potência enquanto diâmetro foi o preditor mais importante, cujos indicadores revelaram seu alto poder preditivo. Nossos resultados mostraram que a contribuição das estimativas de BGB aumentou da menor para a maior classe de altura com 46,7 e 52,7%, respectivamente. Os valores de BGB dessas florestas foram de aproximadamente 86,9 Mg ha-1 (48,6%) e 91,7 Mg ha-1 (51,4%) de AGB, com a razão (BGB/AGB) aumentando com a média da altura das árvores. A biomassa total nos 812 ha de florestas de A. germinans anãs na península de Ajuruteua foi de145 Gg. Nossos dados sustentam o fato de que as florestas de mangue possuem grande quantidade de BGB, contribuindo com uma considerável porção para a biomassa total dos manguezais, ajudando assim a reduzir as incertezas da produção e distribuição de biomassa nas florestas de mangue.

  • LENITA SOUSA DA SILVA
  • Biomonitoramento de riachos de cabeceira da bacia hidrográfica do Rio Caeté (PA) utilizando macroinvertebrados bentônicos

  • Data: 27/02/2019
  • Mostrar Resumo
  • Esta tese, composta por três artigos científicos, descreve sobre a situação ambiental de riachos de primeira ordem (cabeceiras) da bacia hidrográfica do rio Caeté no nordeste do Estado do Pará, demostrando a aplicabilidade do uso de macroinvertebrados bentônicos associados com a qualidade da água e características do ambiente ripário como ferramentas de avaliação. Também, identifica os principais impactos antrópicos em torno da bacia, decorrentes especialmente de atividades de agricultura, pastagem, mineração e urbanização. Estas informações podem servir como subsídio para programas de biomonitoramento, além de ajudar na elaboração de medidas de manejo e conservação de riachos de cabeceira da Amazônia Oriental. A Introdução Geral apresenta uma abordagem conceitual sobre bacias hidrográficas, ecossistemas dulcícolas lóticos e lênticos e também sobre a importância de macroinvertebrados como bioindicadores da condição ambiental. No primeiro artigo que abrange o Capítulo I da tese, foram realizadas avaliações da integridade ecológica de dez riachos de cabeceira da bacia do Caeté, usando famílias de macroinvertebrados e grupos funcionais, qualidade da água e um Índice de Diversidade de Hábitats Ripários (RHDI). As amostragens de campo foram realizadas nos três meses mais representativos do período chuvoso amazônico (Março, Abril e Maio) e nos três meses do período seco (Setembro, Outubro e Novembro) do ano de 2016, totalizando 540 réplicas. A estrutura de macroinvertebrados foi distinta para riachos naturais, mas similar em riachos alterados e impactados. Os números de famílias de macroinvertebrados, especialmente os de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera (EPT) foram maiores em riachos naturais. As maiores correlações com a pontuação do RHDI foram positivas para o número de famílias EPT e porcentagem de Fragmentadores, e negativas para a dominância Berger-Parker e abundância de Chironomidae. Nos riachos alterados e impactados, os táxons tolerantes (principalmente Chironomidae e Tubificidae) e porcentagem de Predadores foram predominantes. Nos locais naturais, a porcentagem de cascalho, a concentração de oxigênio dissolvido, o pH e o teor de matéria orgânica foram maiores, enquanto nos locais alterados e impactados, a turbidez e a porcentagem de areia foram maiores. Desse modo, constatamos que o uso de métricas de EPT e Chironomidae, associados com as pontuações do RHDI, facilitam o monitoramento rápido e confiável dos riachos de cabeceira do leste da Amazônia e pode ser geralmente aplicável a outros riachos de baixa ordem tropicais. O segundo artigo inserido no Capítulo II, faz uma abordagem do desempenho de dois índices biológicos baseados em macroinvertebrados (Biological Monitoring Working Party - BMWP e Family Biotic Index – FBI) usados na avaliação da qualidade da água de seis riachos de cabeceira da Bacia do rio Caeté. O BMWP distinguiu a qualidade das águas dos riachos naturais dos demais níveis de impacto RHDI, mas não distinguiu bem a qualidade de água entre os níveis alterado e impactado. O FBI teve um melhor desempenho, demonstrando diferentes classes de qualidade da água em cada nível de impacto do RHDI. Maiores valores de matéria orgânica, cascalho e oxigênio dissolvido foram associados a riachos com qualidade de água Excelente, enquanto, valores mais elevados de turbidez, condutividade, foram relacionados às águas de qualidade menor. Neste contexto, recomenda-se o uso do Índice Biótico de Família (FBI) para ser utilizado em programas de biomonitoramento para avaliar a qualidade da água de riachos de cabeceira na Amazônia, pois este índice apresentou melhor eficácia, fácil aplicação, baixo custo, sendo também mais associado com as características ecológicas do ambiente aquático. O terceiro artigo que abrange o Capítulo III, faz uma descrição pela primeira vez, sobre o efeito de pequenas barragens na estrutura da assembleia de macroinvertebrados e na qualidade da água de riachos de baixa ordem no leste da Amazônia. Abundância e composição de famílias de macroinvertebrados e variáveis físico-químicas da qualidade da água foram comparadas entre cinco riachos sem barragens (habitat de riachos) e cinco riachos com barragens (habitat de reservatório) da bacia do rio Caeté. A diversidade de macroinvertebrados foi menor nos reservatórios, onde a temperatura, a condutividade e a turbidez foram elevadas e a abundância de táxons tolerantes (Chironomidae, Chaoboridae e Tubificidae) foi alta. No habitat de riachos, o oxigênio dissolvido e o pH foram mais altos, a diversidade foi maior e a abundância de táxons sensíveis (famílias EPT e Elmidae) foi alta. Como a construção de pequenas barragens afeta diretamente a integridade ecológica de riachos de baixa ordem, a regulação e o gerenciamento são necessários para a conservação dos riachos de cabeceiras amazônicos. A Conclusão Geral da tese apresenta os principais achados e perspectivas para a conservação dos riachos de cabeceira, além de sugestões sobre os métodos usados nesta pesquisa, para serem analisados e possivelmente utilizados no futuro, em programas de controle ambiental e na gestão de sistemas aquáticos de baixa ordem na Amazônia Oriental.

  • RODRIGO PETRY CORREA DE SOUSA
  • Estudos citogenômicos com peixes estuarinos da zona costeira amazônica

  • Data: 25/02/2019
  • Mostrar Resumo
  • Nos últimos anos a citogenética de peixes tem se expandido significativamente, e vêm contribuindo substancialmente para ampliação do conhecimento sobre a biodiversidade marinha, evolução, conservação de espécies e estoques pesqueiros, assim como para uma maior compreensão da estrutura cromossômica. Todavia ainda existe uma negligência de estudos para determinados grupos de peixes, em especial para organismos marinhos e estuarinos. Dando ênfase as espécies estuarinas, estes são organismos que necessitam de uma série de adaptações afim de sobreviver nos ambientes tão dinâmicos que são os estuários, podendo assim apresentar padrões citogenéticos bem mais interessantes para compreensão da evolução e diversificação cariotípica. Neste contexto, visando não somente ampliar o conhecimento de dados citotaxonômicos de espécies estuarinas, mas também fornecer informações sobre os eventos evolutivos que atuaram sobre o genoma físico das espécies, foram analisadas quatro espécies de peixes, pertencentes a três ordens. Entre a ordem Batrachoidiformes, a espécie Batrachoides surinamensis; para Perciformes, Centropomus undecimalis; e para Elopiformes foram representados por Elops smithi e Megalops atlanticus. Os dados citogenéticos obtidos consiste na primeira caracterização cromossômica de muitas das espécies analisadas, além de ser o primeiro estudo realizado com uma ampla variedade de marcadores citogenéticos. Como resultados, foram observados uma série de indícios de uma variedade de rearranjos cromossômicos (Fusões, Fissões, Inversões, Duplicações, Translocações, entre outros) que permitiram compreender os processos de diferenciação e evolução cariotípica nas espécies. Além disso foram identificados padrões filogenéticos e marcadores citotaxonômicos, bem como evidências da influência do habitat na diversificação e organização do genoma das espécies.

  • TARCISIO AUGUSTO DA SILVA COSTA
  • Revisitando a filogenia das lulas loliginídeas. Uma melhor cobertura taxonômica resolve relacionamentos entre os gêneros Doryteuthis Naef, 1912, e Lolliguncula Streenstrup, 1881, e a posição filogenética de Pickfordiateuthis Voss 1953, ajudando a entender a biogeografia das lulas americanas.


     

  • Data: 22/02/2019
  • Mostrar Resumo
  •  A biogeografia de lulas de loliginídeos americanos tem melhorado nos últimos anos, mas alguns táxons chave ainda estão ausentes. Dado que as filogenias mais precisas e as estimativas de tempos de divergência para ancestrais comuns dependem fortemente de uma boa cobertura taxonômica, reavaliamos essas lulas à luz de novas amostras aumentando a cobertura geográfica e taxonômica, incluindo mais amostras e novas espécies de Lolliguncula, inclusive de Pickfordiateuthis. Novas sequências foram produzidas para os marcadores COI, 16S e Rodopsina para essas amostras usando métodos padrão para atualizar nosso conjunto de dados existente. Os dados foram analisados utilizando uma série de métodos de delimitação de espécies e análises filogenéticas rigorosas e estimativas de tempos de divergência entre clados. Dentro de Lolliguncula recuperamos cinco linhagens monofiléticas - L. argus, L. diomedeae, L. panamensis, L. brevis Atlântico Norte e L.brevis Atlântico Sul. Com exceção do uso de baixos limiares de divergência na ABGD, os métodos de delimitação de espécies só identificaram quatro dessas espécies como espécies distintas, agrupando L. argus e L. diomedeae como uma única espécie. No entanto, considerando o monofiletismo recíproco, a estimativa recente do tempo de divergência e os diagnósticos morfológicos, nos abstivemos de sinonimização de L. argus dentro de L. diomedeae, considerando-os, muito recentemente, espécies divergentes. Pickfordiateuthis é identificado como intimamente relacionado ao gênero Doryteuthis, mas com apenas uma espécie representada havia pouco apoio para sua localização exata, como parte de uma politomia juntamente com dois clados de Doryteuthis. Outras amostras de espécies e potencialmente mais marcadores serão necessários para resolver o seu exato posicionamento. Finalmente, a biogeografia dos loliginídeos americanos é discutida, onde a cladogênese basal em Lolliguncula e Doryteuthis ocorre entre as costas do Atlântico e Pacífico cerca de 45 mya, com subsequente especiação entre os continentes norte e sul-americano em ambos os litorais em torno de 20 mya associados com mudanças no fundo do mar durante a formação do Caribe. Finalmente, a recente especiação entre L. argus e L. diomedeae está associada ao fechamento final do istmo panamenho e à formação do golfo da Califórnia como um corpo de água isolado do Pacífico Oriental tropical pelas correntes oceânicas resultantes.

2018
Descrição
  • JOHN LENNON SILVA GOMES
  • Cadeia Produtiva do Caranguejo-uçá (Ucides Cordatus Linnaeus, 1763) no Município de Bragança, Nordeste Paraense, Costa Amazônica Brasileira

  • Data: 31/12/2018
  • Mostrar Resumo
  • A cadeia produtiva do caranguejo-uçá do município de Bragança, nordeste do Pará foi estudada a partir de dados quantitativo e qualitativo, através de entrevistas abertas e fechadas e utilizando o método bola de neve, para acessar o universo dos atores envolvidos na pesca do caranguejo-uçá. De 1000 entrevistas prévias foram identificados 653 pescadores/catadores, dos quais 393 alimentaram o banco de dados do presente estudo (Bacuriteua=70, Caratateua=106, Tamatateua=103 e Treme=114). O perfil socioeconômico revela um grupo com baixa escolaridade (fundamental incompleto), com 83 mulheres envolvidas, apresentando faixa etária entre 35 e 39 anos e a maioria não é representada por qualquer entidade de classe. A atividade de pesca implica na extração de 192 caranguejos homem-1 dia-1, com pescadores que possuem cerca de 20 anos de trabalho nessa cadeia, recebendo de 0,3 a 5,4 salários mínimos em 2017 (R$917,00 reais). Os pescadores usam material de proteção manufaturadas (calça, luva, bota, camisa, chapéu e tabaco), apetrechos (gancho e redinha) e técnicas de captura (braceamento). Utilizam vários métodos para locomoção até o sítio de trabalho (a pé, bicicleta, carro, canoa, ônibus e barco), com tempo de deslocamento de 10 minutos a 12 horas e tempo médio efetivo de trabalho de 5 horas para a extração de caranguejo com tamanho médio de 7,33±0,44, acima do estabelecido por lei. A cadeia possui seis níveis de agentes de comercialização: produtor primário (PP), atravessador primário (A1), atravessador secundário (A2), marreteiro (C1), marreteiro (C2-Supermercado; C2-Restaurante; C2-Empresa de Beneficiamento) e consumidor final (CF). O caranguejo é vendido in natura e beneficiado (carne e/ou pata) dependendo do Polo, variando o preço unitário entre R$ 0,30 a 0,55 centavos. A quantidade estimada de caranguejos que é comercializado para fora de Bragança-PA é de 19.966.499,90 de caranguejos (2.352,05 toneladas) gerando R$ 11.525.473,00 reais em um ano, esses dados é de 604 participantes da cadeia. As rotas que os produtos gerados nessa cadeia perfazem inicia nas comunidades dos Polos atravessam o município de Bragança-PA e alcançam as outras cidades do Estado, cruzando as fronteiras da costa amazônica brasileira em direção aos Estados do Amazonas, Ceará, Bahia, Rio de Janeiro São Paulo e além. A cadeia ainda oprime os produtores primários (pescadores e catadores) com distribuição das margens de lucro de forma desigual, sendo de até 8 vezes menor a renda dos produtores primários, embora recebam em média um pouco mais do que um salário mínimo vigente. A atualização de informações dessa natureza é uma ferramenta essencial para que a invisibilidade da mulher nessa cadeia, a baixa remuneração, a ausência de contratos formais que promovem o acesso aos direitos laborais, sejam utilizados para reverter o cenário das incertezas e dificuldades de se atuar em cadeias de comercialização na zona costeira amazônica, como a cadeia do caranguejo-uçá.

  • ADILA KELLY RODRIGUES DA COSTA
  • Efeitos de eventos climáticos sobre variáveis hidrodinâmicas e hidrológicas em um estuário amazônico (Estuário do Taperaçu)

     

  • Data: 28/12/2018
  • Mostrar Resumo
  • Os efeitos de eventos climáticos têm se tornado cada vez mais intensos e frequentes, podendo gerar diversos transtornos ambientais e sociais. Desta forma, os objetivos deste estudo foram conhecer as respostas das variáveis hidrodinâmicas e hidrológicas, aos diferentes cenários climáticos (anos típicos, Drought, El Niño e La Niña), entre abril/2012 e abril/2017, em um estuário amazônico. O estuário do Taperaçu é relativamente raso, não recebe descarga direta de rios, entretanto está conectado ao estuário do Caeté, através do canal de maré do Taici. Para este trabalho foram realizadas 21 campanhas, com duração de 25 horas cada, em três estações. Variáveis climatológicas, hidrodinâmicas e hidrológicas foram estudadas espaço-temporalmente, sendo descritas em três artigos. . Para o primeiro artigo foram realizadas coletas entre junho/2012 e junho/2013. As variáveis hidrológicas foram controladas pela precipitação e pelas marés, e a água foi mais salina e oxigenada, com concentrações reduzidas de nutrientes dissolvidos e clorofila-a quando a precipitação diminuiu. O segundo artigo investigou a variação espaço-temporal da salinidade no estuário, entre abril/2012 e março/2015. A salinidade atingiu seu maior pico na estação seca, especialmente no setor inferior (40), os menores valores (< 10) foram registrados na estação chuvosa, no estuário superior. Os anos de seca (2012-2013) apresentaram maior salinidade em comparação com 2014-2015 O terceiro artigo mostrou que em condições normais, as águas do Taperaçu foram mais turvas e ricas em nutrientes e clorofila-a. Em 2012-2013, um evento Drought tornou as águas mais salinas e ricas em fósforo. Durante o El Niño de 2015-2016 as águas foram ligeiramente mais quentes, mais alcalinas, e com baixos valores de amônia. Em 2017, as fortes chuvas registradas durante o evento La Niña resultaram em menor salinidade e maiores concentrações de nutrientes dissolvidos, turbidez e biomassa fitoplanctônica. A conexão com o estuário do Caeté, manguezais, zonas úmidas adjacentes e amplitude das marés, contribuíram significativamente para o influxo de águas ricas em nutrientes para o estuário, principalmente durante os períodos de maior precipitação. Acreditamos que o efeito destes eventos, além de afetar diretamente a disponibilidade de nutrientes e biomassa fitoplanctônica, também afetará a composição dos organismos planctônicos e a produção pesqueira na região. Sugere-se ainda que estes efeitos sejam semelhantes a outras áreas, não apenas da costa amazônica, mas também em regiões equatoriais com características similares.

  • SANAE NOGUEIRA HAYASHI
  • Uso e conservação dos manguezais na Costa Amazônica Brasileira: uma abordagem a partir de sensoriamento remoto

  • Data: 30/11/2018
  • Mostrar Resumo
  • Os manguezais desempenham papel ecológico essencial para a manutenção da zona costeira e são de grande importância socioeconômica para as comunidades tradicionais locais. Apesar disso, suas florestas de mangue e zonas de apicum estão sendo alvo das ações antropogênicas, os quais exigem a aplicação de medidas preventivas de proteção e manejo. O presente estudo teve como principal objetivo analisar o uso e a conservação dos manguezais na costa amazônica brasileira utilizando uma abordagem a partir de sensoriamento remoto. Imagens do satélite RapidEye, no período de 2011-2015, foram processadas e classificadas para identificar, mapear e quantificar a área de conversão de manguezal e apicum em diferentes formas de uso, gerando mapas de cobertura e uso do solo. Também foram analisados os padrões espaciais dessas atividades antropogênicas e os fatores ambientais atuantes na perda dos manguezais. Para isso, foram utilizados dados globais de assentamentos humanos e mapeamento da rede viária de estradas na região. Por fim, este estudo investigou o potencial do Sistema Nacional de Áreas Protegidas para a conservação dos manguezais ao longo da área de estudo. Os resultados revelam que as florestas de mangue representam aproximadamente 92% (7.210,07 km2) da costa amazônica brasileira, enquanto os apicuns e as áreas com diferentes usos cobrem 7% (542,88 km2) e 1% (67,11 km2), respectivamente. A expansão urbana e a construção de estradas foram as principais causas da perda dos manguezais nessa região, impulsionadas por uma pressão antrópica local, em virtude do estabelecimento de assentamentos em áreas limítrofes entre as áreas de terra firme, florestas de mangue e apicuns. Nas zonas de apicum, a maior representatividade de uso ficou por conta das lagoas de produção de sal marinho. Mesmo que a área de estudo apresente baixa ocupação humana e baixa ocorrência de uso, os resultados apontam que a rede de estradas pavimentadas é o fator ambiental mais atuante na redução dos manguezais na região. Além do mais, ao longo de 2.024 km de estradas pavimentadas, as estradas sem pavimentação (17.496 km) apresentam maior acessibilidade aos manguezais, já que aproximadamente 90% das ocorrências do uso aconteceram nos primeiros 3 km de distância dessas estradas. Apesar disso, as Unidades de Conservação criadas na região desempenham um importante papel para a proteção desses manguezais e seus apicuns, principalmente em função da implantação das RESEXs. A grande maioria das florestas de mangue (84,4%) e salinas (91,5%) está localizada dentro das áreas protegidas, e as atividades humanas são mais comuns fora do que dentro dessas áreas. No geral, os manguezais da zona costeira amazônica estão ainda bastante conservados, pois menos de 1% de sua área é afetado por atividades antrópicas. Isso enfatiza a importância de investir esforços de prevenção para manter a preservação desse ecossistema, e contribuir para estabilidade e desenvolvimento de uma das maiores áreas de manguezal do mundo.

  • LUANA DA LUZ DOS REIS
  • Filogenia molecular e história biogeográfica dos saguis da Floresta Atlântica Callithrix (Cebidae, Callitrichinae)

  • Data: 23/11/2018
  • Mostrar Resumo
  • O gênero Callithrix ou saguis de tufo na orelha é composto por seis espécies distribuídas em formações vegetais distintas como florestas úmidas e fechadas (Mata Atlântica) e florestas tropicais secas e abertas (Caatinga e Cerrado). A origem biogeográfica que explique a atual ocorrência das espécies nestas florestas é desconhecida e permanecem em discussão as hipóteses evolutivas entre as espécies do grupo, principalmente para espécies mais recentes. As análises moleculares disponíveis utilizam com ênfase o DNA mitocondrial de Callithrix sendo escasso o uso de marcadores mais conservados e livres de homoplasia. Com base nestes dados, análises mais robustas que delimite as espécies nestes principais biomas tornam-se fundamentalmente importantes para o grupo que atualmente inclui espécies em risco de extinção. Neste contexto inferimos a filogenia de Callithrix utilizando inserções de elementos Alu e propomos uma delimitação das espécies e história biogeografia do grupo. Nossos resultados foram unânimes em recuperar o monofiletismo já proposto para o gênero. As espécies C. jacchus e C. penicillata foram agrupadas como espécies irmãs sendo baixos os suportes que propõe prováveis eventos de especiação e delimitação de duas espécies. C. Kuhlii teve como centro de origem o norte da floresta atlântica e apresenta-se como grupo irmão das espécies mais recentes. C. aurita representa o primeiro grupo a diversificar na floresta atlântica. As análises de coalescências sugerem a delimitação de duas linhagens independentes, C. aurita e C. geoffroyi, respectivamente ao sul e norte da floresta. A origem de Callithrix ocorreu no sul da Floresta Atlântica em três milhões de anos na transição do Plio-Pleistoceno. Eventos vicariantes, como períodos de fragmentação florestal, formação de rios e dispersões para a Caatinga e Cerrado a partir do norte da floresta atlântica explicam a atual distribuição das espécies.

  • LUCIANA ALVES DA LUZ
  • Filogenia molecular e biogeografia de saimiri (Platyrrhini: Cebidae) com base em dados nucleares e mitocondriais

  • Data: 23/11/2018
  • Mostrar Resumo
  • Os macacos-esquilo (Cebidae: Saimiri) são pequenos primatas do Novo Mundo (Platyrrhini). O gênero Saimiri foi descrito por Voigt em 1831 e desde então várias revisões taxonômicas e sistemáticas foram sugeridas por diversos autores. Além da abordagem molecular tradicional (sequências de DNA de genes nucleares - exons e introns, e mitocondriais), recentemente novas abordagens sobre a filogenia dos Platyrrhini têm sido propostas com o uso de marcadores livres de homoplasia e exclusivos de primatas, que são as inserções Alu. O presente trabalho objetivoureavaliar as relações filogenéticas entre táxons de Saimiri e estimar o tempo de divergência e a história biogeográfica com base em dados nucleares de regiões Alu e de um gene mitocondrial. Foram estudados 13 espécimes de Saimiri, com base em sequencias de DNA de 26 segmentos nucleares de inserções Alu específicos para Saimiri, e de um gene mitocondrial (Citocromo b completo). As análises filogenéticas apoiaram a divisão tradicional de Hershkovitz (1984), evidenciada pela formação de duas unidades evolutivas distintas: 1) macacos-esquilo do grupo Romano (S. b. boliviensis, S. b. peruviensis e S. vanzolinii) e 2) macacos-esquilo do grupo Gótico (S. sciureus, S. collinsi, S. cassiquiarensis, S. macrodon e S. ustus). Os maiores índices de distância genética foram observados entre os indivíduos do grupo Romano e os táxons S. sciureus e S. macrodon 2 do grupo Gótico. Baseados nos resultados obtidos e no Conceito Filogenético de Espécie sugerimos o reconhecimento das seguintes espécies e subespécies: S. boliviensis (S. b. boliviensis, S. b. peruviensis), S. vanzolinii, S. sciureus (norte do rio Amazonas e Ilha de Marajó), S. collinsi (sul do rio Amazonas), S. cassiquiarensis (S. c. cassiquiarensis, S. c. macrodon) e S. ustus. A reconstrução dos cenários biogeográficos e o tempo de divergência indicaram que eventos de vicariância e dispersão foram responsáveis pela diversificação inicial dos macacos-esquilo, a partir de um ancestral amplamente difundido na Amazônia, com eventos subsequentes de diferenciação entre os táxons ocorridos no Plio-Pleistoceno (3.3-1.2 Ma), antese/ou durante o estabelecimento do rio Amazonas e seus principais afluentes.

  • JONAS DA PAZ AGUIAR
  • Variação e rastreamento genético de tambaqui, Colossoma macropomum (Cuvier, 1818), selvagem e de centrais de reprodução do Brasil

  • Data: 09/11/2018
  • Mostrar Resumo
  • Aquicultura vem apresentado um grande crescimento no mundo em grande parte pelo aumento da produção de peixes. No Brasil, o Colossoma macropomum, tem sido a espécie nativa mais cultivada impulsionada pela produção da região norte do país. Assim como em outras espécies o crescimento da produção tem sido acompanhado pelas preocupações quanto a perda da variabilidade genética nos cultivos, hibridação intraespecífica com as populações selvagens e a necessidade de rastreamento dos indivíduos produzidos. Neste trabalho nós avaliamos a variabilidade genética e a capacidade de rastreamento dos indivíduos de sete estações de reprodução e um estoque selvagem utilizando doze microssatélites e sequências da região controle do DNA mitocondrial. Foram encontrados níveis reduzidos de variabilidade genética nas estações de reprodução, exceto para estação de reprodução de Santarém. A variabilidade genética encontrada para o estoque selvagem foi alta. Também foram encontrados altos índices de FST e DEST entre a maioria das estações reprodução e o estoque selvagem. A drástica redução da variabilidade genética encontrada nas estações pode estar associada com o pequeno número de fundadores, longo tempo de cultivo e ausência de manejo reprodutivo. A renovação do plantel e a adoção de práticas de manejo reprodutivo são recomendados. A utilização de indivíduos de estações de reprodução que apresentam altos índices de diferenciação com os estoques selvagens em tanques rede ou represas na Amazônia deve ser evitados. Na avaliação da capacidade de rastreamento genético os métodos de verossimilhança plena e bayesiano foram os mais eficientes para a identificação individual e identificação populacional, respectivamente. Para a identificação populacional a maior parte das estações de reprodução pode ser potencialmente utilizadas através do método bayesiano. Enquanto que a utilização da identificação individual no rastreamento carece do aumento do número de marcadores para a maioria das estações, exceto Santarém, em razão da baixa variabilidade genética das estações de reprodução. Aplicação do sistema de rastreamento para o C. macropomum integrado com outros métodos de identificação é viável em termos técnicos e econômicos.


  • CAMILA MORAES GOMES
  • Espécie: definição, delimitação e diversidade críptica com base em copépodos do gênero Acartia (A. tonsa Dana, 1849 e A. lilljeborgi Giesbrecht, 1889)

  • Data: 31/10/2018
  • Mostrar Resumo
  • Acartia tonsa Dana, 1849 e A. lilljeborgi Giesbrecht, 1889 são duas espécies congêneres de Acartia que podem ser encontradas em simpatria em muitos estuários na costa brasileira. A existência de diversidade genética críptica está bem documentada para A. tonsa, tanto em macro quanto em microescala geográfica, embora ainda exista carência de informações, e soma-se a este fato que para A. lilljeborgi não existem dados genéticos disponíveis. Neste trabalho, a partir da utilização de marcadores mitocondriais foi constatado a existência de diversidade genética críptica para A. lilljeborgi na costa norte-nordeste do Brasil. Com relação a A. tonsa, a análise de DNA mitocondrial possibilitou verificar a existência de pelo menos seis espécies/linhagens distintas ocorrendo no Oceano Atlântico, no entanto há necessidade de mais estudos para confirmar o status taxonômico destas. E por último, A. tonsa e A. lilljeborgi foram usadas como organismos modelo aplicados a aula de conceitos de espécie, com ênfase nos conceitos: morfológico, ecológico, biológico e filogenético. Os resultados mostraram que a utilização destes fornece um excelente caso de estudo para o uso do conceito de espécies em sala de aula. Ressalta-se que a mesma metodologia pode ser aplicada para outros pares de espécies, desde que se enquadrem nas premissas aqui adotadas. De modo geral, os resultados deste trabalho são de grande importância para o incipiente conhecimento que ainda existe acerca da comunidade planctônica.

  • LUCAS SILVA DE SIQUEIRA
  • O transcriptoma do telencéfalo de Calidris pusilla revela dimorfismos sexuais nos níveis de expressão gênica

  • Data: 19/10/2018
  • Mostrar Resumo
  •  

    O maçarico-rasteirinho Calidris pusilla é uma espécie de ave migratória que realiza um voo ininterrupto de sua região de estadia até seu local de invernada sobre o oceano atlântico. Dentro dos fatores que culminam na migração, as características genéticas mostram-se de grande relevância. Neste trabalho realizou-se análise do transcriptoma do telencéfalo pois este representa o conjunto dos genes que estão sendo expressos dentro dos mecanismos neurais relacionados à migração. A expressão diferencial entre grupos de aves migratórias de diferentes sexos pode revelar quais genes estão relacionados ao comportamento migratório ligado ao sexo e se há dimorfismo sexual na regulação gênica da migração. Para isso, uma montagem De novo do transcriptoma foi realizada e posterior análise de expressão diferencial. Os transcritos expressos diferencialmente entre os sexos foram anotados e confrontados com bancos de dados de vias metabólicas para entender os processos biológicos que são agonizados e antagonizados durante a migração. Destes transcritos a ubiquitina B/C e a ribonuclease K foram anotados e expressos diferencialmente. Nota-se forte influência do metabolismo de lipídeo, sinalização dos receptores ativados por proliferadores de peroxissoma e processos de proliferação e diferenciação dos neurônios e células da glia. Evidencia-se neste trabalho, além da expressão diferencial ligada ao sexo que machos da espécie C. pusilla apresentam fatores de restrição a proliferação celular e agonistas para a diferenciação das células progenitoras em células neurais em maiores níveis no grupo de aves pós-migrantes em relação aos invernantes.

  • MIRIAN ALINY MELO GUIMARAES
  • Diversidade de monogenoidea (Platyhelminthes) parasitos das brânquias de ciclídeos (Cichliformes: Cichlidae) de duas bacias da Amazônia Oriental, Brasil.

  • Data: 30/09/2018
  • Mostrar Resumo
  • Esta dissertação é apresentada seguindo as normas estabelecidas pelo Programa de Pós-Graduação em Biologia Ambiental (PPGBA) conforme ABNT, Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Bragança, em uma introdução geral e um capítulo no formato de artigo. Na introdução geral é apresentada uma breve contextualização da diversidade de peixes de águas continentais neotropicais focando a diversidade de peixes pertencentes à Cichlidae (Cichliformes) e seus parasitas metazoários, destacando a diversidade de parasitas da Classe Monogenoidea (Platyhelminthes, Cercomeromorpha). Enfatizada a importância dos parasitos monogenóideos em ciclídeos neotropicais e a interação parasita-hospedeiro. Em seguida, são apresentados os itens chaves que correspondem aos objetivos e metodologia geral utilizada para a obtenção dos resultados que culminou com a elaboração de um artigo, que será submetido à publicação. O Capítulo I, trata das descrições de dezesseis espécies (4 novas) de monogenóideos pertencentes a Gussevia Kohn & Paperna, 1964, Sciadicleithrum Kritsky, Thatcher & Boeger, 1989 e Trinidactylus Hanek, Molnar & Fernando, 1974 parasitando os arcos branquiais de ciclídeos do nordeste paraense. Aqui, também, Sciadicleithrum e Gussevia têm suas respectivas diagnoses emendadas, assim como a apresentação de uma chave de identificação para as espécies de monogenóideos parasitas de ciclídeos neotropicais.

  • JACKSON ANDRE LIMA OLIVEIRA
  • Previsão das áreas de ocorrência do complexo Rhinella granulosa (Amphibia, Anura: Bufonidae) através de modelos de nicho ecológico

  • Data: 31/08/2018
  • Mostrar Resumo
  • A modelagem de nicho ecológico prevê a distribuição potencial de uma espécie e permite identificar os fatores abióticos relacionados aos padrões de ocorrência, fornecendo importantes informações a respeito do nicho fundamental de um organismo. Além do mais, é uma excelente ferramenta para testar o conservadorismo de nicho entre espécies pertencentes a um mesmo clado. Neste trabalho, foi utilizado o complexo de espécies de sapos denominado Rhinella granulosa que possui ampla distribuição na América do Sul e Panamá, apresentando registros de hibridização em áreas de simpatria. Os modelos de nicho ecológico foram construídos com o objetivo de estimar a distribuição potencial de espécies do grupo, identificar os principais fatores ambientais relacionados à ocorrência e indicar as áreas potenciais de simpatria na América do Sul. Além disso, testes de sobreposição, equivalência e similaridade de nicho entre pares de espécie que hibridizam foram realizados para verificar a hipótese de conservadorismo de nicho. Os mapas preditivos demonstram que a distribuição potencial das espécies do grupo R. granulosa corresponde a áreas abertas de vegetação, assim corroborando com sua distribuição conhecida. Os resultados obtidos demonstram que a variável altitude está fortemente associada à distribuição da maioria das espécies e cobertura vegetal possui maior contribuição na distribuição de duas espécies do grupo. Áreas potenciais de simpatria foram identificadas, no entanto, apresentaram baixo grau de sobreposição de nicho para a maioria dos pares. Os maiores valores de sobreposição foram observados entre pares de espécies irmãs exibindo certo grau de conservadorismo de nicho no grupo.

  • EMYLLE DE SAIDA MESQUITA PAIXAO
  • Estimativa da necromassa lenhosa acima do solo em florestas de mangue na Costa Amazônica Brasileira

  • Data: 31/08/2018
  • Mostrar Resumo
  • Resíduos lenhosos são um importante componente nos ecossistemas florestais, porém seu papel em florestas úmidas, principalmente no manguezal, é pouco compreendido. Aqui nós conduzimos a primeira investigação acerca do estoque e teor de carbono dos Resíduos Lenhosos Grossos (RLG; ≥7,5 cm) e Finos (RLF ≤7,5 cm) para florestas de mangue no Brasil, para tanto, foram utilizados os métodos de Interseção de Linha (MIL) e Parcela (MP). Nossos resultados mostraram que volume e massa foram diferentes entre os dois métodos somente nos RLG.Nossas estimativas revelaram que a razão C:N é inversamente proporcional à decomposição da madeira das espécies arbóreas de mangue (R. mangle, A. germinans e L. racemosa). Isto é corroborado por nossos dados sobre a densidade da madeira morta. Nossos achados sobre a necromassa lenhosa refletem o importante papel desse compartimento na capacidade das florestas de mangue não perturbadas em capturar e armazenar carbono, além de envolverem relevantes implicações para as estimativas dos estoques e fontes de carbono, em função dos impactos do uso da terra sobre as florestas de mangue.

  • JESSICA NATALIA DOS SANTOS SILVA
  • Hidrodinâmica e transporte de sedimentos em suspensão no setor da confluência entre o Rio Xingu e o Rio Amazonas

  • Data: 31/08/2018
  • Mostrar Resumo
  • O rio Amazonas e seus afluentes sofrem intensa influência de maré, associada ao seu baixo relevo e apesar da gigantesca vazão fluvial, caracterizando seus baixo-cursos como Rios com Maré. As variações no nível de água, tanto no Amazonas, quanto nos tributários do baixo curso, como é o caso do rio Xingu, refletem não somente a grande variação sazonal de nível e vazão, mas também das marés semidiurnas que alcançam pelo menos 800 km a montante. Nesse contexto, este trabalho apresenta estudo da hidrodinâmica e transporte de sedimentos na área de confluência do rio Xingu com o rio Amazonas, associados à morfologia da ria fluvial, bem como do comportamento das variáveis hidrológicas. Os dados utilizados na elaboração do presente trabalho foram coletados em três campanhas amostrais, durantes período de alta descarga sólida e enchente do rio Amazonas (Fevereiro de 2016), de baixa descarga líquida e sólida (Novembro do mesmo ano) e por fim no período de alta descarga líquida (Junho de 2018), todos em marés de sizígia. Quanto a propagação da maré, este trabalho comprovou que nos três períodos existe efetiva variação de maré na confluência do rio Xingu com o rio Amazonas, e que esta atinge uma distância de pelo menos 162 km a montante, muito próximo do local de implantação da UHE de Belo Monte. Por outro lado, os resultados mostraram que a altura de maré é fortemente controlada, na confluência, pela vazão do rio Amazonas, onde esta atinge 1,23 m na vazão mínima, e 0,44 m na vazão máxima, com valor coerente de 1,02 m na situação intermediária. Os resultados também demonstram que já no interior da ria do Xingu, a propagação da maré é controlada pela área da seção transversal e suas variações. Os resultados de hidrodinâmica e transporte de sedimentos indicaram importantes fluxos a montante, além dos esperados fluxos a jusante do tributário rio Xingu no tronco principal do rio Amazonas. Esses fluxos foram da ordem de 287 toneladas por ciclo de maré no período de mínima vazão, 831 toneladas por ciclo de maré no período de enchente/máxima descarga de sedimentos do Amazonas, e 214 toneladas por ciclo de maré no período de cheia do rio. Não obstante, nos três casos a resultante calculada foi positiva, ficando em torno de 1600 toneladas por ciclo de maré nos períodos de enchente e cheia de rio, e apenas 100 toneladas por ciclo de maré no período de mínima vazão. Os resultados mostram ainda que potencialmente o transporte do rio Amazonas para o rio Xingu seria intenso durante todo o ano. Existe circulação tanto barotrópica quanto baroclínica. Durante os períodos de baixa vazão, a circulação barotrópica é particularmente intensa, enquanto que durante os períodos de alta vazão do Amazonas, a circulação baroclínica é intensificada. Em situações de enchente do rio, ambas forçantes são importantes. Uma vez que nesse período o Amazonas se encontra com uma maior carga de sedimentos, os fluxos são mais intensos nesse período. Os resultados de hidrodinâmica indicam ainda que a vazão do rio Xingu é o principal limitador do volume de sedimentos que pode ser transportado do rio Amazonas para o rio Xingu, o que indica que mudanças no regime hídrico do rio Xingu a jusante da UHE de Belo Monte, em função desta, é extremamente crítica para a confluência Amazonas/Xingu, especialmente no período de baixa vazão. Acredita-se que este trabalho representa uma importante contribuição para o entendimento da dinâmica e transporte no Rio com maré do Amazonas e Xingu.

  • TALITA NAIFF ROBERT
  • Variação sazonal e intermareal na hidrodinâmica de um canal de maré profundo no setor leste da Costa Amazônica

  • Data: 31/08/2018
  • Mostrar Resumo
  • O presente trabalho trata de um estudo da hidrodinâmica de um canal de maré localizado no setor leste da Zona Costeira Amazônica (ZCA), em uma região onde atividades neotectônicas resultaram em estuários e canais com maiores profundidades que outras áreas da ZCA, como no caso do Canal do Muriá, estudado aqui. O objetivo principal deste estudo foi caracterizar sazonalmente a hidrodinâmica do canal do Muriá, ou seja, em um período de pouca incidência de chuvas, e correlacionar com os resultados adquiridos anteriormente durante o período chuvoso, incluindo também a variação sizígia-quadratura e características hidrodinâmicas intermareais. Neste sentido uma serie de levantamentos de variação de nível d’água, correntes, turbidez, material particulado em suspensão (MPS) e salinidade foram realizados, em diversas escalas espaciais e temporais. Os resultados mostram que existe pouca diferença na maré em termos de variações de nível d’água entre os períodos de seca e chuvas, quando esta se propaga ao longo do canal do Muriá. Os fluxos de água, sal e MPS são bastante complexos, com variações sazonais importantes, embora a propagação de maré em termos de nível d’água não reflita isto. Estas variações parecem refletir as variações sazonais e diferenças entre os estuários do rio Mocajuba e de Curuçá, conectados pelo Canal do Muriá. Os resultados indicam que o transporte efetivo de MPS só ocorre em maré de sizígia, em ambos os períodos sazonais. Em seu conjunto, os dados longitudinais e medidos em cada extremidade, sugerem que existe transporte de MPS de Mocajuba para Curuçá, através do canal do Muriá, enquanto que existiria transporte de sal de Curuçá para Mocajuba. A salinidade apresentou somente variação sazonal expressiva, sem diferenças importantes no ciclo enchente-vazante, e mesmo se comparando sizígia e quadratura. Em todas as situações medidas, a salinidade é maior no lado de Curuçá. No período chuvoso, se havia observado certa convergência no fluxo no canal do Muriá, com a maré enchendo e vazando para ambos os estuários. Porém, no período seco se observou um comportamento diferente, onde durante a enchente a maré é conduzida para dentro do canal do Muriá pelo estuário de Curuçá e chegando até o estuário de Mocajuba, enquanto que durante a vazante não há fluxo do estuário do rio Mocajuba para dentro do canal do Muriá, e todo o fluxo de vazante parece ser conduzido para o estuário de Curuçá. A reduzida deformação da onda de maré ao se propagar pelo canal do Muriá em qualquer das situações avaliadas (período seco-chuvoso, maré de quadratura-sizígia) reflete sua origem estrutural com profundidades substancialmente maiores que a altura de maré, sendo, portanto, um canal profundo. Por outro lado, o processo de fluxo através do canal no período seco, funciona como um mecanismo ‘auto-limpante’, que explica o não preenchimento do mesmo, a pesar de concentrações expressivas de MPS em circulação e o provável longo tempo de existência do canal.

  • RAPHAEL DE SOUZA VALE
  • Análise de correlação entre uso e cobertura do solo e parâmetros físico-químicos da água na bacia do Caeté-Pa, Brasil.

  • Data: 27/08/2018
  • Mostrar Resumo
  • O objetivo deste trabalho foi analisar correlações entre os parâmetros físico-químicos da água de rios de ordem inferior na Bacia do Caeté, na região nordeste do estado do Pará, e o perfil de uso e cobertura do solo em suas áreas de entorno. Para isso, foram selecionados pontos de coleta com medições de oxigênio dissolvido, condutividade, temperatura e de pH a partir de bancos de dados variados disponíveis para a bacia nos períodos de 2009 a 2010 e de 2013 a 2014. Posteriormente, foi gerada uma base digital georreferenciada de drenagem refinada em escala 1:30.000 a partir de Modelos Digitais de Elevação, imagens de satélite Sentinel-2 e bases digitais públicas disponíveis para a área de estudo. Em seguida foi realizado o mapeamento do uso e cobertura do solo para a área de estudo paras os períodos próximos aos de coleta a partir de imagens Landsat 5, 7 e 8, utilizando a Plataforma Google Earth Engine e o Software Spring. Foram delimitadas as bacias de captação para cada ponto de coleta e gerados buffers a partir da base de drenagem incidente nas bacias, que foram cruzados com as bases de uso e cobertura do solo. Foram realizados testes de Mantel para avaliar a qual distância dos rios havia uma correlação mais significativa entre o uso e cobertura do solo e os parâmetros físico-químicos da água. Posteriormente, para a distância mais significativa, foi analisada a relação entre cada variável de uso e cobertura do solo e cada parâmetro físico-química da água através de uma Análise de Correspondência Canônica (CCA). Os resultados dos testes de Mantel mostraram uma correlação leve (R= 0,1953), porém estatisticamente significativa (p<0,05) entre os parâmetros físico-químicos e o uso e cobertura do solo ao considerar a totalidade da bacia. Para esta faixa, foi possível também observar relações entre a condutividade e a presença de formações florestais e áreas de mineração, assim como do pH em relação à presença de áreas alagadas e com atividades agropecuárias.

  • JOSÉ POMPEU DE ARAUJO NETO
  • Kudoa ajurutellus n. sp. em Aspistor quadriscutis na costa Amazônia brasileira

  • Data: 31/07/2018
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo investiga infecção por microparasita encontrado no Bagre-cangatá Aspistor quadriscutis coletado em Bragança, nordeste do Pará. As amostras foram obtidas na praia de Ajuruteua através de coletas realizadas durante 12 meses. Foram observadas infecções por Kudoa na musculatura esquelética de A. quadriscutis. Para identificação do microparasita foram utilizadas técnicas de microscopia de luz e histologia. Foram ainda testadas, a prevalência das infecções parasitárias de acordo com as variações climáticas, sexo e o tamanho do hospedeiro. Nesta espécie, as fêmeas apresentaram maior prevalência parasitária quando comparada aos machos no período chuvoso. Para o período seco, não houve diferença significativa entre os sexos. Registrou-se uma diferença significativa entre os períodos sazonais para os machos, sendo a maior frequência de parasitismo observada no período seco. Com relação às fêmeas não houve, entre elas, variações significativas na prevalência parasitária entre período chuvoso e seco. As análises morfométricas dos esporos e biologia molecular, pelo sequênciamento da região SSU rDNA em A. quadriscutis demonstraram a existência de uma nova espécie de Myxozoa Kudoa ajurutellus sp. n. sendo esta a primeira espécie marinha pertencente ao gênero Kudoa, na região amazônia.

  • KEILA DE ARAUJO LIMA
  • Análise da estrutura genética de Pipra fasciicauda scarlatina Hellmayr, 1915 (Aves: Passeriformes) com ênfase na população disjunta do brejo de altitude no bioma caatinga

  • Data: 30/06/2018
  • Mostrar Resumo
  • A subespécie Pipra fasciicauda scarlatina apresenta uma ampla distribuição geográfica, sendo encontrado em matas de diferentes biomas, como Floresta Amazônica, Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga. As únicas evidências do tangará P. f. scarlatina no bioma Caatinga advêm da Serra de Baturité, nos brejos de altitude cearenses, caracterizando assim uma população isolada nesses enclaves florestais, sem conectividade com as demais populações distribuídas nos outros biomas. No presente estudo utilizamos sequências de mtDNA (ND2, ND3 e COI) e nDNA (I5BF e G3PDH) para analisar a estrutura genética entre a população disjunta de P. f. scarlatina do Nordeste brasileiro (Ceará) com a população do Norte (Pará e Tocantins). Os resultados das análises filogenéticas mostraram um único clado para as duas populações, não havendo monofiletismo recíproco entre os mesmos. Contudo, os dados de estrutura populacional evidenciaram que a população do Nordeste é diferenciada da população do Norte. Essa diferenciação molecular entre as populações disjuntas pode ser resultado do isolamento geográfico em conjunto com ausência de fluxo gênico entre elas, causadas pela formação dos brejos de altitude durante as mudanças climáticas do período do Pleistoceno. Também foi evidenciado que a população do Nordeste apresenta menor diversidade genética, tornando-se necessário que sejam tomadas medidas de preservação para esta população, visto que os brejos são locais que estão sofrendo diferentes tipos de perturbações antrópicas.

  • SANDRIELLEM NATALIA VIEIRA DO NASCIMENTO
  • Limites intraespecíficos e análise filogeográfica em Piculus flavigula (Boddaert, 1783) (Aves: Picidae)

  • Data: 30/06/2018
  • Mostrar Resumo
  • A espécie Piculus flavigula possui três subespécies reconhecidas atualmente: P. f. flavigula, P. f. magnus e P. f. erythropis, com ampla distribuição geográfica na região Neotropical, dividindo-se em duas áreas, a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica. Ainda não há trabalhos que falem sobre os limites dentro da espécie e relações dentre as subespécies. Assim, o presente trabalho visou avaliar os limites intraespecíficos e aspectos filogeográficos da espécie P. flavigula com base em caracteres moleculares, morfológicos e vocais. Para isto utilizamos o marcador ND2 para análises moleculares, morfometria e coloração de plumagem para análises morfológicas, e vocalizações da literatura para análise de canto. Nossos resultados apoiam a ideia de monofilia da espécie e a existência de cinco linhagens, baseado na sua distribuição, genética e coloração de plumagem. Dados morfométricos e vocais não conseguem explicar esta diversificação. Nesta espécie, a diversificação parece ter sido conduzida principalmente pela formação da diagonal seca, de rios amazônicos e por mudanças climáticas no Plio-Pleistoceno.

  • MICHEL SALIN GUTERRES RIBEIRO
  • Aproveitamento dos resíduos sólidos do Caranguejo-uçá: redução do impacto ambiental, caracterização socioeconômica e alternativa de renda para os pescadores e catadores na Vila do Treme, Bragança-Pará, Brasil.

  • Data: 29/06/2018
  • Mostrar Resumo
  • O descarte inadequado dos rejeitos das atividades pesqueiras causam diversos impactos negativos. Este é o caso dos resíduos sólidos provenientes da atividade de beneficiamento do caranguejo-uçá (Ucides cordatus). Nesse cenário, o presente trabalho tem como objetivos descrever o perfil dos atores envolvidos na produção do caranguejo in natura e no seu beneficiamento informal (via atravessadores) ou formal (via empresas locais), além de aproveitar esses resíduos através da produção da farinha e da avaliação da sua qualidade. Das 70 entrevistas realizadas os resultados revelaram que os pescadores, mas não os catadores de caranguejo-uçá da Vila do Treme em Bragança-PA possuem renda inferior a um salário mínimo e ambos possuem baixa escolaridade. A renda dos catadores é diretamente proporcional (R2=0,62 a 0,84) à sua produção, atingindo cerca de 5 kg dia-1de carne. O beneficiamento do caranguejo-uçá produz em torno de 26% de carne e 71% de resíduo sólido, perdendo 2,5% (matéria orgânica e líquido). Na vila do Treme, as zonas de descarte recebem a maioria desse rejeitos, como o Lixão do Mucurão cuja área de 270 m2 contém cerca de 3t de resíduos sólidos oriundos da atividade de beneficiamento da carne do caranguejo-uçá. O aproveitamento desse material sob forma de farinha dos resíduos sólidos do caranguejo é capaz de render (26,8%) de farinha com perda de aproximadamente 4% no processo de moagem. A análise desse material mostrou que os parâmetros mineralógicos são superiores aos teores já registrados para a farinha obtida do caranguejo morto ou pós-mesa proposto por Araújo 2007, com exceção de potássio (K) que não foi detectado nas amostras, sendo também registrada a presença de bolores, leveduras e bactérias mesófilas aeróbias. O aproveitamento dos resíduos sólidos do caranguejo-uçá, através da produção da farinha, mostrou-se como um produto viável e de fácil reprodução em meio às comunidades pesqueiras, mostrando sua relevância na redução do impacto ambiental e seu potencial para aplicações comerciais, além de promover a geração de renda alternativa para essas comunidades tradicionais envolvidas na cadeia produtiva do caranguejo-uçá, como é o caso da vila do Treme, em Bragança-PA.

  • SAMUEL DA COSTA DOS SANTOS
  • Estudo da contaminação de águas subterrâneas no município de Tracuateua (Pará), através de métodos geofísicos e análises de água

  • Data: 21/06/2018
  • Mostrar Resumo
  • Neste estudo foi analisado o estado atual de contaminação em águas subterrâneas no município de Tracuateua (Pará, Brasil) através de um estudo integrado, no qual foram utilizadas metodologias geofísicas e análises de água. Este município caracteriza-se pela utilização de água subterrânea para dessedentação e usos domésticos em virtude das águas do rio Tracuateua, principal rio da região da sede municipal, de apresentam contaminadas ou impróprias para o consumo humano, além de não contar com uma rede de esgoto e de distribuição de água potável capaz de atender completamente a população. A coleta de dados foi realizada no biênio 2017-2018 durante os períodos chuvoso e seco e envolveram dois métodos geofísicos: Radar de Penetração do Solo (GPR) e Eletromagnético Indutivo (EM), além de análises microbiológicas e físico-químicas de água. Os resultados do GPR permitiram identificar zonas de contaminação na subsuperfície provenientes de fossas sépticas, necrochorume e esgoto de valas a céu aberto e que na maioria dos casos atingiram o possível lençol freático detectado a uma profundidade de 6m. O GPR também identificou uma forte depressão que chega até uma profundidade de 3,2 m. Os métodos EM e GPR permitiram identificar áreas ou zonas com maior umidade no solo muito próximas aos recursos hídricos superficiais, como é o caso do Rio Tracuateua e Rio da Passagem. Este método também detectou a ocorrência do afloramento de um corpo granítico característico da região. O EM determinou que os locais com maiores valores de condutividades aparentes correspondem a áreas mais próximas aos referidos rios e que concentram zonas com maior umidade no solo corroborando a identificação destas zonas com o GPR. As análises microbiológicas atestaram que aproximadamente 50% dos locais amostrados estão contaminados e as águas do rio Tracuateua e da Passagem apresentam-se impróprios para o consumo humano, enquanto a análise físico-química constatou que nenhum dos pontos analisados fornece água apropriada para consumo humano de acordo com as exigências do Ministério da Saúde (MS) e do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Os resultados apresentados são de extrema importância para a conservação dos recursos hídricos da sede municipal de Tracuateua e para a manutenção da saúde da população que deles se abastece, uma vez que caracterizam de forma inédita as condições ambientais desses mananciais, podendo servir como embasamento para políticas públicas relacionadas à saneamento básico, bem como para sensibilizar a população sobre a instalação irregular de poços e a destinação inapropriada de esgoto.

  • SAMUEL OLIVEIRA TEIXEIRA
  • Exigência dietética de lisina em juvenis de Tambaqui Colossoma macropomum (Cuvier, 1818)

  • Data: 13/06/2018
  • Mostrar Resumo
  • O crescimento da piscicultura continental deve ser acompanhado pelo desenvolvimento de pesquisas que visem determinar as exigências nutricionais dos peixes com potencial produtivo, como o tambaqui (Colossoma macropomum). Dessa forma, com o presente estudo objetivou-se determinar a exigência de lisina para juvenis de tambaqui. Para isso foram utilizados 150 juvenis de tambaqui com peso inicial de 1,67±0,30g, distribuídos em 15 aquários (300L) em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e três repetições. Foram utilizadas cinco dietas experimentais isoproteicas (30,49 g kg-1) e isoenergéticas (4.118,33 kcal kg-1), suplementadas com L-lisina cristalina,resultando em dietas contendo 11,6; 14,4; 17,3; 20,1 e 22,9 g kg-1 de lisina. Os peixes receberam quatro alimentações diárias correspondentes a 5% da biomassa do aquário, durante 81 dias. Após o término do experimento foi avaliado o desempenho produtivo (ganho de peso, taxa de crescimento específico, consumo médio de ração diário, conversão alimentar, taxa de eficiência proteica, rendimento de carcaça, taxa de sobrevivência, índices hepatossomatico e viscerossomatico), a composição corporal (matéria seca, cinzas, proteína e lipídeos) e as variáveis metabólicas (glicemia, hematócrito e proteína total) e hematológicas (número de eritrócitos, hemoglobina, VCM, HCM e CHCM) dos peixes. Os dados foram submetidos à análise de variância ANOVA One-Way a 5% de probabilidade e, quando apresentaram diferença significativa, foram submetidos às análises de regressão polinomial e Linear Response Platô. Os diferentes níveis de lisina influenciaram (P<0,05) o ganho de peso, a taxa de crescimento especifica e a conversão alimentar, com nível ótimo estimado em 18,7 g kg-1 de lisina. Os níveis de lisina estimados em 18,2 e 22,0 proporcionaram a maior deposição corporal de proteínas e a menor de lipídeos, respectivamente. O consumo de lisina não influenciou as variáveis metabólicas e hematológicas do tambaqui. Portanto, com base no ganho de peso e na analise de regressão polinomial associada à Linear Response Platô, recomenda-se 18,7 g kg-1de lisina em dietas para juvenis de tambaqui.

     

  • GISELLE PAULA SILVA DA SILVA
  • EFEITOS DA INCLUSÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DE ALHO (Allium sativum) EM DIETAS PARA ALEVINOS DE TAMBAQUI (Colossoma macropomum)

  • Data: 13/06/2018
  • Mostrar Resumo
  • Os fitoterápicos têm sido utilizados, por milênios, como forma de tratamentos para doenças, recentemente têm sido aplicados na aquicultura como promotores de crescimento, estimulantes do sistema imune e redutores de estresse, porém ainda são incipientes os estudos sobre a ação dos fitoterápicos em peixes nativos do Brasil. Desta forma, o presente estudo buscou avaliar a influência do óleo essencial de alho (Allium sativum) sobre o desempenho produtivo, a composição corporal e os parâmetros fisiológico e hematológicos de alevinos de tambaqui (Colossoma macropomum). Foi utilizado delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e três repetições. Cento e cinquenta alevinos de tambaqui foram divididos em 15 aquários de fibra (300 L), mantidos em sistema de recirculação de água, dotado de filtro mecânico, biológico e aeração constante. Uma dieta foi formulada e cinco níveis de óleo essencial de alho foram incluídos (0,00; 0,05; 0,50; 1,00 e 1,50 g kg-1). As dietas foram ofertadas aos peixes duas vezes ao dia, na proporção de 5% do peso vivo, durante 82 dias. Ao final do experimento, após jejum de 24 horas, os peixes foram contabilizados, pesados e medidos para determinação dos índices de desempenho produtivo. Foi realizada coleta de sangue de todos os peixe para determinação dos parâmetros fisiológicos e hematológicos. Em seguida, os peixes foram eutanasiados e eviscerados para a determinação dos índices de rendimento da carcaça. Posteriormente, determinou-se a composição corporal. Os dados foram submetidos a análise de variância ANOVA (p<0,05) e, em caso de significância, foi aplicado o tesq\ate de Tukey a 5% de probabilidade. Não houve diferenças significativas para os parâmetros de desempenho produtivo. O teor de lipídeos diminuiu em maiores níveis de inclusão de óleo essencial de alho, a umidade e cinzas não foram influenciados pela adição de óleo essencial de alho. A glicose sanguínea e o número de eritrócitos diminuíram com a inclusão de óleo essencial de alho nas dietas. A taxa de monócitos e eosinófilos aumentaram a partir da inclusão de 0,50 g kg-1 de óleo essencial de alho, enquanto a taxa linfócitos e neutrófilos decresceram. Conclui-se que níveis de inclusão de óleo essencial de alho não influencia o desempenho produtivo, porém promove melhorias na composição corporal, nos parâmetros fisiológicos e hematológicos de alevinos de tambaqui.

  • RENAN LOBATO MARTINS DA SILVA
  • Influência de eventos climáticos sobre variáveis hidrológicas na costa paraense (Ajuruteua-PA, Brasil)

  • Data: 30/05/2018
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo investigou os efeitos dos padrões “atípicos” de pluviosidade (evento de seca, El Niño e La Niña), sobre os componentes hidrológicos na praia de Ajuruteua, norte do Brasil. As variáveis ambientais foram monitoradas durante seis anos, em dezenove campanhas de campo, realizadas entre abril de 2012 e abril de 2017. Os dados de precipitação e velocidade dos ventos foram cedidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia e Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, e os dados de vazão fluvial foram cedidos pela Agência Nacional de águas. As campanhas ocorreram durante as marés de sizígia, ao longo de um período de 25h cada. As elevações dos níveis das marés, as ondas e as intensidades e direção das correntes foram medidas, através de sensores específicos. A salinidade, temperatura e turbidez foram medidas in situ por intermédio de um CTD com sensor de turbidez. Amostras de água foram coletadas para a determinação dos valores de pH, nutrientes inorgânicos dissolvidos, clorofila-a e coliformes termotolerantes, em intervalos regulares de 3 horas, totalizando 171 amostras. De acordo com os dados registrados durante o período de estudo (2012-2017), somente em 2014, a precipitação total foi 2.250 mm, similar à média dos últimos 30 anos (2.373 mm). Nos demais anos foram observados anomalias quanto à precipitação, marcados por eventos de seca em 2012 e 2013, el Niño em 2015 e 2016, e La Niña nos primeiros três meses do primeiro semestre de 2017. Estes dados refletiram diretamente na descarga fluvial e, consequentemente, nas variáveis hidrológicas. Os valores de salinidade, pH e turbidez aumentaram com a redução das chuvas, e padrão oposto foi observado para as demais variáveis analisadas. A salinidade oscilou de 25,54 ± 0,60, na estação chuvosa, e 36,37 ± 0,6, na estação seca, sendo significativamente mais elevada neste último período (U = 0,0; p < 0,001). Comparando as salinidades médias registradas em abril de 2012 (22,00 ± 1,98), 2014 (9,87 ± 0,31) e 2017 (8,07 ± 0,78), um acentuado aumento foi observado para o primeiro ano, quando a precipitação foi menor que às obtidas em 2014 e 2017 (H = 23,2; p < 0,001). As médias mensais para as concentrações de clorofila-a oscilaram entre 1,31 ± 0,64 mg.m-3, em julho de 2016 e 28,50 ± 10,71 mg.m-3 em abril de 2014 (H = 114,5; p < 0,001). As concentrações de clorofila-a foram significativamente mais elevadas em abril de 2014 (ano típico) quando comparadas às concentrações registradas em abril de 2012 (16,47 ± 5,05 mg.m-3, F = 11,6; p < 0,001). Foram registrados picos de (4,14 ± 1,07 μmol.L-1; H = 101,4; p <0,001) e (0,69 ± 0,29 μmol.L-1; H = 83,5; p < 0,001), em abril de 2017 (La Niña). As concentrações para os CDSi (55,77 ± 26,60 μmol.L-1; H = 103,0; p < 0,001) e (0,72 ± 1, 27 μmol.L-1; H = 103,5; p < 0,001) foram superiores em abril de 2012 (evento de seca) e junho de 2015 (, período de El Niño). Os resultados obtidos no presente estudo demostraram contaminações pontuais por coliformes termotolerantes nas águas da praia de Ajuruteua. Durante a fase de enchente (período em que a maré atinge a altura das fossas residenciais e comerciais), as águas apresentaram um índice de contaminação maior (concentrações acima de 1.100 NMP/100 mL-1). Com relação aos dados de coliformes fecais, ao comparar os meses de abril dos diferentes anos, o nível de contaminação da água foi mais baixo durante a ocorrência do evento de seca registrado em 2012 (120 NMP/100 mL-1), quando comparado aos obtidos em 2014 (240 NMP/100 mL-1) e 2017 (1.100 NMP/100 mL-1). Padrão similar foi observado entre as amostras de setembro de 2012 (460 NMP/100 mL-1) e 2014 (1.100 NMP/100 mL-1). Os dados de hidrodinâmica indicaram que durante os períodos de maior energia houve resuspensão do material do fundo para a superfície o que acarretou o aumento das concentrações de algumas variáveis como turbidez e alguns nutrientes inorgânicos dissolvidos. Entretanto, no geral, conclui-se que as flutuações temporais das componentes hidrológicos estiveram diretamente relacionadas com os níveis de precipitação e descarga fluvial, e secundariamente com as condições hidrodinâmicas.

     

  • KELY CRISTINA PIEDADE MARTINS
  • Filogeografia e estrutura genética populacional do dentão Lutjanus jocu (Bloch & Schneider, 1801) (Lutjanidae) do atlântico ocidental

  • Data: 30/05/2018
  • Mostrar Resumo
  • Da ordem Perciformes, a família Lutjanidae compreende 110 espécies amplamente distribuídas em ambientes costeiros, recifes rochosos e estuários ao longo dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico. A subfamília Lutjaninae possui a maior diversidade taxonômica do grupo, incluindo a espécie Lutjanus jocu, e muitos de seus membros já foram modelos em estudos genéticos populacionais e filogeográficos. L. jocu, conhecida por diferentes nomes comuns (e.g., dentão, caranga, carapitanga ou dog snapper) distribuí - se do nordeste dos Estados Unidos (Massachusetts) até o sudeste do Brasil. Sua morfologia, ecologia e características reprodutivas, principalmente sua capacidade dispersiva são similares a outros lutjanídeos, além de relevância no cenário pesqueiro. Contudo, estudos voltados para o conhecimento da arquitetura genética e traços evolutivos de L. jocu disponíveis são poucos. Portanto, o principal objetivo do presente estudo foi avaliar a estruturação populacional, os níveis de diversidade genética e a demografia histórica da espécie ao longo da costa do Brasil por meio de múltiplos loci (RC, Cyt B, D6 e PrS7) e 144 amostras coletadas em seis localidades. Como resultados, o primeiro ponto mostrou que os marcadores utilizados foram satisfatórios por seus níveis de polimorfismo, isto é, apresentaram alto níveis de variação gênica. Altos índices de diversidade genética hipoteticamente estiveram relacionados ao tamanho efetivo expresso pela presente espécie. Segundo que, o padrão homogêneo entre as populações amostradas foi associado a dispersão larval do dentão, bem como, a outros fatores reprodutivos (maturação lenta e a longa fase pelágica) assim respondendo a um cenário de panmíxia e elevada conectividade genética para o Brasil. Ao final, o resultado demográfico mostrou um crescimento no tamanho populacional, datado em aproximadamente 400 mil anos atrás do seu início, congruente ao período do último pleistoceno.

  • SUELLY CRISTINA PEREIRA FERNANDES
  • Ecologia e dinâmica populacional de Genyatremus luteus (Bloch, 1790) na Península de Ajuruteua, Bragança-PA.

  • Data: 28/05/2018
  • Mostrar Resumo
  • Genyatremus luteus é uma espécie demersal, distribuída desde a América Central até o Sul do Brasil, sendo a única espécie reportada deste gênero nestas áreas. Na região estuarina costeira amazônica, faz parte das pescarias comerciais, sendo capturado por diversas artes de pesca, podendo assim comprometer a capacidade da espécie em concluir o seu ciclo de vida e a auto renovação da população local. Neste sentido este estudo propõe caracterizar os aspectos ecológicos como alimentação e biologia reprodutiva da espécie de acordo com a ontogenia. As coletas ocorreram no período de abril/2016 a abril/2017, mensalmente, em cinco áreas de pesca (A1 a A5) na península de Ajuruteua, utilizando-se redes de emalhar e armadilha fixa. Os espécimes foram mensurados o comprimento total (CT) e pesados (g). Nos estômagos foram injetados formol a 10% e posteriormente o conteúdo estomacal de cada indivíduo foi identificado e pesado, classificando-se de acordo com a categoria alimentar. A dinâmica reprodutiva da espécie foi investigada estimando o tamanho de primeira maturação gonadal (L50) e período reprodutivo (índice gonodossomático - IGS e o fator de condição relativo - Kr), relacionando este ao fator ambiental pluviosidade e área. A fim de verificar o período sazonal e local de intensidade reprodutiva da espécie, realizou-se a Análise de redundância (RDA) testando a significância das variáveis (IGS e Kr) que contribuíram para a variabilidade dos dados. Para análise da dieta alimentar, determinou-se classes de tamanho jovens (≤ 14,80) e adultos (≥14,80), a partir do L50 estimado. As fêmeas foram maiores (comprimento e peso) em médias individuais, principalmente no mês de abril. Para ambos os sexos, os resultado de Kr e IGS médio foram equivalentes indicando os meses de junho a setembro como o período de provável desova da espécie, após a diminuição da precipitação na região. O valor do L50 foi estimado em 15,13 cm para fêmeas, 14,29 cm para machos e 14,78 cm para sexos agrupados. As variáveis Kr e o IGS foram estatisticamente significativos, respondendo por 100% da variabilidade dos dados. Demostrando que no período chuvoso, o comportamento da espécie está associado à reprodução em determinadas áreas e engorda e refúgio dos juvenis dos adultos no período seco. Quando visualizado os estômagos 52,66% possuíam algum conteúdo estomacal. O grupo com maior frequência de ocorrência foi material vegetal e o nível de importância da presa demonstrou alga como o grupo mais representativo quanto ao peso e importância alimentar. Observou-se a presença de grupos alimentares como estruturas coralíneas, porífero e ofiuroides. A partir da análise de SIMPER verificou-se o grupo alga como o principal contribuinte para a semelhança dos jovens e adultos. A estratégia alimentar dos adultos foi classificado como generalista e o os jovens apresentaram tendência a especialista, alimentando-se de algas. As análises de agrupamentos demostraram a formação de um grupo de maior similaridade para os jovens e dois grupos para os adultos, demostrando que algumas áreas podem ter características iguais, quanto à disponibilidade de alimento, determinado a ocorrência dos indivíduos jovens e adultos, mesmo em períodos sazonais diferentes.

  • NAYANNA CUNHA DA SILVA
  • Aspectos da biologia reprodutiva em três espécies do gênero Vitex L. (Lamiaceae) da vegetação costeira amazônica

  • Data: 25/05/2018
  • Mostrar Resumo
  • Cabe à biologia reprodutiva estudar todos os aspectos envolvidos na atividade reprodutiva das plantas e compreender o papel evolutivo das estratégias adotadas. A presença das funções feminina e masculina em uma mesma flor, denominada hermafroditismo, ao mesmo tempo em que facilita a polinização cruzada também pode favorecer a autopolinização. Nesse sentido, o desafio da reprodução cruzada passa a ser a disposição ideal entre as funções masculina e feminina sem interferência entre elas. As flores de Vitex são hermafroditas e possuem características morfológicas para a melitofilia. Para este gênero já foram descritos homogamia e autocompatibilidade, hercogamia e dicogamia e autoincompatibilidade, e um leque muito variado de visitantes florais, principalmente abelhas. Na região costeira do Pará foram ocorrem três espécies: Vitex orinocensis, V. guianensis e V. triflora. Os estudos realizados neste trabalho indicam que as três espécies apresentam alguma taxa de autopolinização, porém existem estratégias para favorecer a polinização cruzada, como atraso no horário da receptividade estigmática e mecanismos de autoincompatibilidade. As três espécies possuem períodos diferentes de floração, horário de antese matutino, oferta de pólen e néctar para visitantes florais, e grande riqueza de visitantes florais, embora as abelhas sejam as mais frequentes.

  • MARIANNE CIBELLE DA COSTA SILVA
  • Caracterização de espécimes do gênero Castalia (Bivalvia, hyriidae) do Rio Tocantins através de morfometria geométrica.

  • Data: 30/04/2018
  • Mostrar Resumo
  • Castalia ambigua (Hyriidae) é um bivalve com ampla distribuição nos rios da Amazônia.
    Barros (2015) desenvolveu um estudo genético molecular com espécimes de C. ambigua
    coletados em três localidades do rio Tocantins (Abaetetuba, Baião e Cametá) e descobriu
    que esta espécie é dividida em dois grupos genéticos distintos em cada localidade,
    sugerindo a presença de uma espécie críptica. O objetivo do presente estudo foi verificar,
    através da morfometria geométrica, se existem diferenças na forma das conchas dos
    indivíduos estudados por Barros (2015) em relação aos grupos genéticos. Além disso,
    checar se há diferenças entre os sexos desses espécimes e entre os locais de amostragem.
    A variabilidade morfológica em bivalves de água doce pode dificultar sua correta
    identificação. A morfometria geométrica permite a análise de componentes relacionados à
    forma das estruturas independentemente do tamanho. Marcos anatômicos (landmarks) e
    semi-marcos anatômicos (semi-landmarks) foram identificados na morfologia interna da
    concha esquerda e no contorno da concha fechada de C. ambigua. O sexo e o agrupamento
    genético molecular tiveram pouca influência na forma da concha de C. ambigua. No
    entanto, o efeito da localidade foi maior, especialmente para a análise do contorno fechado,
    mas as diferenças devido as localidades foram pequenas e não corresponderam aos
    agrupamentos genéticos. Tais diferenças na morfologia entre as localidades podem ser
    causadas pela plasticidade fenotípica, como resultado da interação com o meio ambiente.
    Assim, os dados morfológicos apoiam os achados de Barros (2015) de que C. ambigua é
    dividida em duas espécies crípticas com morfologia similar, embora ocorram diferenças
    relativamente pequenas na morfologia entre as localidades.

  • JESSICA CRISTINA SOUZA SILVA
  • Análise comparativa da dieta das espécies Caranx crysos (Mitchill, 1815), Eucinostomus gula (Quoy & Gaimard, 1824) e Micropogonias furnieri (Linnaeus, 1766) capturadas ao longo da costa atlântica, do Panamá ao sul do Brasil

  • Data: 27/04/2018
  • Mostrar Resumo
  •  

    O objetivo deste estudo foi caracterizar e comparar a dieta de Caranx crysos, Eucinostomus gula e Micropogonias furnieri, indivíduos pertencentes a diferentes famílias e que apresentam características morfológicas e ecológicas distintas, com importância econômica e ocorrência expressiva ao longo de toda a costa Atlântica, do Panamá ao Sul do Brasil. As amostras foram obtidas de março/2016 a setembro/2017, através do contato direto com embarcações comerciais e em mercados municipais. Os estômagos foram retirados e o conteúdo analisado através do método volumétrico. A caracterização da dieta foi feita com base na frequência de ocorrência e volumetria, utilizados para calcular o índice alimentar. Foram analisados 266 estômagos, sendo que 11 estavam vazios. Foram 107 de C. crysos, 64 de E. gula e 95 de M. furnieri. O maior percentual dos estômagos estava parcialmente cheio (128=48,12%). Para as três espécies o item dominante foi matéria orgânica animal, este fato está relacionado com o alto grau de digestão de alguns estômagos, bem como, uma possível ingestão acidental de parte do material. A dieta de C. crysos apresentou certa tendência a especialização no consumo de teleostei e crustáceo. Para E. gula houve o predomínio de molusco e crustáceo e para M. furnieri o maior percentual foi de crustáceo e teleostei. Em relação as áreas de amostragem, a região do Panamá apresentou o maior número de itens para C. crysos (102) e E. gula (79), para M. furnieri foi a costa sudeste do Brasil (81). Os resultados do método gráfico de Costello confirmaram a dominância dos itens teleostei (F%=27,50 e V%=74,70) e crustáceo (F%=34,37 e V%=18,76) na dieta de C. crysos, para E. gula foi molusco (F%=13,76 e V%=30,25), seguido por sedimento (F%=20,29 e V%=23,05) e para M. furnieri foi crustáceo (V%=52,37 e FO%=33,89), seguido por teleostei não identificado (V%=29,43 e FO%=20,33). As três espécies são classificadas como generalistas/oportunistas e carnívoras. A dominância de determinadas presas na dieta aparenta ser o resultado de sua posição na coluna d'água e, portanto, sua associação com o substrato. Foi possível identificar um compartilhamento de itens alimentares entre as espécies e entre os diferentes segmentos da costa, demonstrando a interação que ocorre entre estes indivíduos.

  • SORAIA COSTA DE CARVALHO
  •  

    Autenticação molecular dos filés de bagres amazônicos do gênero Brachyplatystoma com o auxílio do DNA barcode

  • Data: 26/04/2018
  • Mostrar Resumo
  •  

    O pescado é uma importante fonte de nutrientes e proteínas, sendo os filés amplamente aceitos no mercado consumidor. Embora o pescado processado tenha maior durabilidade, praticidade e redução da carga microbiana, tal beneficiamento elimina as características morfológicas essenciais para identificação das espécies. Assim, muitos casos de substituições de espécies, seja intencional ou acidental, vêm sendo documentados ao redor do mundo acarretando na rotulagem errônea dos produtos, bem como danos econômicos, ecológicos, éticos e à saúde do consumidor. Desse modo, este estudo teve como objetivo utilizar o DNA barcode para avaliar a autenticidade da rotulagem do filhote (Brachyplatystoma filanentosum), dourada (Brachyplatystoma rousseauxii) e piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii) comercializados filetados no Nordeste paraense, na Amazônia brasileira. Foram sequenciados 615 pb da citocromo oxidase C subunidade I (COI) de 91 lotes totalizando 329 filés. Também foram sequenciadas 12 amostras de peixes inteiros do gênero Brachyplatystoma, Sciades e Macrodon os quais foram identificados com auxílio de literatura especializada. Tais sequências foram utilizadas para a identificação dos filés, juntamente com aquelas disponíveis no BOLD e GenBank. Foi utilizado o critério de identificação adotado pelo BOLD, o qual considera que indivíduos da mesma espécie apresentam similaridade ≥ 98%. Através do DNA barcode foi possível identificar 100% dos filés os quais pertenciam a oito espécies distribuídas entre as famílias Ariidae (Sciades proops e Sciades parkeri), Haemulidae (Genyatremus luteus), Pimelodidae (B. vailantii, B. rouseauxii e B. filamentosum), Sciaenidae (Macrodon ancylodon) e Serrasalmidae (Colossoma macropomum). Os resultados revelaram que a taxa de substituição geral foi de 18%, sendo que a maioria dos filés substituídos foram reembalados pelos supermercados (92%) enquanto 8% foram embalados pelas empresas processadoras. Os filés rotulados como filhote apresentaram a maior taxa de substituição (29%), seguidos daqueles designados como dourada (26%) e piramutaba (9%). Considerando que a maioria das substituições envolviam espécies de menor valor econômico quando comparado com aquela designada no rótulo, sugerimos que tais substituições são de carácter intencional que caracterizam fraude comercial acarretando dano econômico ao consumidor. Também foi identificada a venda mascarada de S. parkeri, a qual é vulnerável de acordo com a IUCN, o que caracteriza danos ecológicos à biodiversidade de peixes amazônicos. Adicionalmente foi possível caracterizar danos éticos com a venda de espécies distintas daquelas rotuladas embora as substituintes apresentassem maior valor de mercado, essa atitude fere a confiança do consumidor e impede que os mesmos façam a escolha consciente do produto. Este trabalho mostrou a eficiência do DNA barcode na identificação molecular dos filés das três espécies de bagres do gênero Brachyplatystoma, revelando ser uma ferramenta molecular sensível e confiável para a autenticação molecular de produtos processados. Portanto, sugerimos que as autoridades governamentais brasileiras adotem esta metodologia para a fiscalização do comércio de produtos pesqueiros, bem como estabeleçam normas mais eficientes para coibir substituições neste setor

  • ERISON DUARTE DE SOUZA
  • Ecologia, composição centesimal e consumo do Neoteredo reynei (Bartschi, 1920) em uma unidade de conservação na costa amazônica brasileira

  • Data: 31/03/2018
  • Mostrar Resumo
  • Os teredinídeos compõe um grupo dos moluscos bivalves perfuradores de madeira e em manguezais desempenham um importante papel ecológico. Na costa brasileira são comumente conhecidos como teredos, turus ou gusanos, com cerca de 22 espécies de teredos em toda a costa brasileira. A espécie predominante na Península de Ajuruteua é o Neoteredo reynei (Bartschi, 1920). Assim como as ostras e mexilhões, são muito utilizados na alimentação humana, principalmente no Norte do Brasil. O presente trabalho caracterizou os aspectos ecológicos, baseando-se na densidade de indivíduos por tronco e a composição centesimal dos turu dos conhecimentos locais acerca do consumo desses organismos. Foram aplicados questionários em três comunidades dentro da RESEX Marinha Caeté-Taperaçu, quanto ao perfil social dos consumidores de turu e suas crenças quanto ao seu consumo. Diferenças sazonais estão associadas com as variáveis ecológicas. A densidade médias dos indivíduos por tronco está fracamente associada a variação de massa seca (g) dos indivíduos e do pH. Por outro lado, de modo significativo, mas negativamente existe variação da salinidade dada pela inclinação do tronco em relação ao solo. Os valores centesimais apontaram percentuais de proteína bruta e minerais brutos são muito próximos de outros moluscos marinhos comumente consumidos, ricos em aminoácidos essências e minerais como cálcio, cobre, ferro, magnésio e zinco, necessários ou auxiliares em diversas funções no organismo humano. Foi verificado que 60% dos entrevistados eram homens e 40% mulheres, onde 9% do total consumem turu por acreditar numa melhora no desempenho sexual, em contraste com os 91% que consomem por achar saboroso, ter melhora no desempenho de suas atividades diárias e prevenção de determinados grupos de doenças. A frequência de consumo era em maior parte uma vez ao mês, e 35% dos entrevistados acreditavam que o consumo de turu beneficiaria na prevenção de doenças respiratórias, imunológicas, digestivas e fraqueza. O valor nutricional dos turus encontrados neste e em outros estudos, sugere que pode haver uma base para a crença de que o consumo de Turus pode ajudar a combater uma série de doenças e enfermidades.

  • MAURA ELISABETH MORAES DE SOUSA
  • Áreas prioritárias para a conservação de sirênios na costa amazônica brasileira baseada na distribuição espaço-temporal, ameaças e características ambientais

  • Data: 28/03/2018
  • Mostrar Resumo
  • A América do Sul é única em relação à ocorrência de duas espécies do gênero Trichechus: o peixe-boi das Antilhas (T. manatus) e o peixe-boi da Amazônia (T. inunguis) (Husar 1978). Dadas as singularidades da Zona Costeira Amazônica Brasileira (ZCAB), aliada à presença de uma área de simpatria entre as duas espécies e o status de “espécies ameaçadas de extinção”, o presente estudo descreve a distribuição de peixes-boi no estuário amazônico no intuito de propor áreas prioritárias para sua conservação na linha costeira do Estado do Pará. Revisão dos registros antigos e atuais desses animais na América no Sul foi realizada, destacando-se àqueles para o estuário do rio Amazonas. Esta revisão gerou o primeiro gazetteer com localizações geográficas dos registros de ocorrência de peixes-boi na América do Sul. Das lacunas na ocorrência de peixes-boi na ZCAB, a região que compreende as reentrâncias dos estados do Pará e Maranhão apresenta condições ambientais adequadas para sua ocorrência. Essas lacunas certamente refletem a falta de pesquisa e não a ausência dos animais nessa região per se. Adicionalmente foram gerados modelos de distribuição de espécie por meio do algoritmo de Máxima Entropia (MaxEnt) para verificar as potenciais mudanças na distribuição de peixes-boi entre as estações ao longo de um ciclo anual na ZCAB. Os modelos preditivos de distribuição de espécies mostraram alta capacidade preditiva tanto para a estação seca (AUC >0.989) quanto para a chuvosa (AUC >0.955), sugerindo uma diminuição na área de vida entre as estações. As variáveis que mais contribuíram para o modelo foram “distância da costa” e “salinidade”. O efeito das variáveis ambientais sobre as ameaças potenciais sobre a ocorrência dos peixes-boi no estuário amazônico foi verificado no intuito de mapear os principais sítios de ocorrência e de maior ameaça para propor as áreas prioritárias para sua conservação. Em 14 anos (2005 – 2018) foram registradas 100 ocorrências de peixe-boi na baía de Marajó. Os resultados mostraram que os animais são mais encontrados em lugares mais rasos (até 1,5 m), em temperatura entre 29-30,5°C e baixa salinidade (até 8), caracterizando as localidades mais registradas para sua ocorrência. Aproximadamente 81% (n = 27) dos locais estudados (n = 33) apresentam disponibilidade de alimento, reforçando o fato de que esses sítios são os locais onde os peixes-boi são mais registrados. Os componentes abióticos (marés e chuva), juntamente com os dados de ocorrência, permitem prever os movimentos diários dos peixes-boi durante um ciclo anual. O número de resgate foi maior em locais com mais atuação de projetos de conservação, possibilitando o registro de ambas as espécies ao longo do estuário amazônico. Tal resultado confirmou a baía de Marajó como área de hibridização entre as duas espécies residentes. As principais condições ambientais e as ameaças aos peixes-boi foram usadas para determinar as duas margens (cerca de 70% incluindo as categorias alta e média) na baía de Marajó como áreas prioritárias para conservação. Por fim, um Refúgio da Vida Selvagem foi sugerido no litoral do segmento de Salvaterra para proteger as duas espécies de peixes-boi, o que é essencial para subsidiar tomada de decisões e políticas públicas relevantes nessa zona híbrida natural.

  • HUDSON CLEBER PEREIRA DA SILVA
  • Estimativas de emissão de metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2) nos solos de manguezal ao longo da península de Ajuruteua, costa amazônica brasileira: fluxos e seus controles.

  • Data: 26/03/2018
  • Mostrar Resumo
  • Taxas de emissões de dióxido de carbono e metano foram mesurados em floresta de mangue tropical. As medidas foram relacionadas a distribuição da vegetação e a frequência de inundação. Os fluxos foram estimados durante as estações chuvosa e seca e entre os diferentes níveis de salinidade e variáveis do solo como o conteúdo de ferro (Fe), carbono (C), matéria orgânica (MO) e nitrogênio (N) e textura do solo para as frações de areia, silte e argila. Os fluxos de CO2 variaram entre 14.28 e 0.02 µmols m-2 s-1, com uma média de 2.52 ± 2.86 µmols m-2 s-1. Os fluxos apresentaram forte e significativa variação entre as estações seca e chuvosa (p<0.01), com as maiores taxas observadas durante o período seco, com Avicennia germinans apresentando uma taxa média de 2.95±3.19 µmols m-2 s-1 durante a estação seca e 1.02±0.37 µmols m-2 s-1 durante a estação chuvosa. Laguncularia racemose apresentou uma emissão media de 3.31±3.60 e 0.87±0.35 µmols m-2 s-1 para as estações seca e chuvosa, respectivamente. Rhizophora mangle apresentaram media de 3.30±3.04 µmols m-2 s-1 para a estação seca e 1.36±0.76 µmols m-2 s-1 para a estação chuvosa. Diferentemente do CO2, os fluxos de CH4 não responderam a mudanças sazonais (p > 0.05). Como esperado, os sítios de Rm apresentaram a maior taxa média 4.37±3.74 mg m-2 d-1, seguidas por Lr, com uma taxa de 4.00±3.68 mg m-2 d-1 e Ag apresentando uma taxa de 2.31±3.07 mg m-2 d-1.

    Os fluxos de CO2 e CH4 foram estimados a partir do solo e de estruturas de pneumatóforos. O sítio P1 apresenta maior elevação e menor frequência de inudação que P2, e emitiu uma média de 1.68±1.09 µmol m-2 s-1 e 1.65±2.19 mg m-2 d-1 para CO2 e CH4. O sítio P2 apresentou uma média de 1.37±0.78 µmol m-2 s-1 e 0.75±1.07 mg m-2 d-1 para os fluxos de CO2 e CH4 a partir do solo. Emissões a partir de pneumatóforos no sítio P1 apresentaram média de 2.89±1.72 µmol m-2 s-1 e 2.01 mg m-2 d-1 para CO2 e CH4. No sítio P2, pneumatóforos emitiram um valor médio de CO2 de 3.01±2.34 µmol m-2 s-1 e fluxo de CH4 de 2.87 mg m-2 d-1. Os fluxos de CO2diferenças altamente significativas entre solos e pneumatóforos (p<0.01). Fluxos de CH4 também responderam significativamente ao tipo de substrato (p<0.01).

    Mensurações de fluxos de CO2 e CH4 abaixo da copa foram tomados durante eventos de inundação e durante a exposição de solos. Três estações de medidas foram escolhidas baseadas na frequência de inundação e e influência da descarga de água doce ou oceânica. De uma maneira geral, os fluxos médios de CO2 foram de 1.22 µmols.m-2.s-1 e 1.52 µmols.m-2.s-1 para solos inundados e em condições de solo exposto, respectivamente. Os fluxos médios de CH4 variaram significativamente de 2.54 e 4.13 mg.m-2.d-1 condições de solo expostos ou inundados. Um efeito significativo do dossel vegetal reduzindo o efeito do vento na perturbação da superfície da água ou a falta de transporte turbulento pode ter reduzido os fluxos de gás para a atmosfera.

  • JOAO FLOR DOS SANTOS NETO
  • Diversidade de Monogenoidea (Platyhelminthes: neodermata) parasitos de três espécies da família Erythrinidae (Actinopterygii, characiformes) de drenagens costeiras do nordeste paraense, Pará, Brasil.

  • Data: 13/03/2018
  • Mostrar Resumo
  •  

    Dezoito espécies (treze novas) de monogenóideos pertencentes aos gêneros Anacanthorus Mizelle & Price, 1965, Constrictoanchoratus Ferreira, Rodrigues, Cunha & Domingues, 2017 e Urocleidoides Mizelle & Price 1964 são reportadas parasitando as brânquiais de Hoplias malabaricus (Bloch, 1794), Hoplerythrinus unitaeniatus (Spix & Agassiz, 1829) e Erythrinus erythrinus (Bloch & Schneider, 1801) de drenagens costeiras do Nordeste Paraense: Urocleidoides sp. n. A, Urocleidoides sp.n. C, Anacanthorus sp. n. A e Urocleidoides sp. n. B de E. erythrinus; Urocleidoides sp. n. B, Anacanthorus sp. n. C, Anacanthorus sp. n. D, Anacanthorus sp. n. E, Anacanthorus sp. n. F, Anacanthorus sp. n. G, Anacanthorus sp. n. H, Anacanthorus sp. n. I de H. unitaeniatus; Urocleidoides sp. n. D, Urocleidoides bulbophallus Ferreira, Rodrigues, Cunha & Domingues, 2017, Urocleidoides cuiabai Rosim, Mendoza-Franco & Luque, 2011, Urocleidoides malabaricusi Rosim, Mendoza-Franco & Luque, 2011, Constrictoanchoratus ptilonophallus Ferreira, Rodrigues, Cunha & Domingues, 2017 e Constrictoanchoratus lemmyi Ferreira, Rodrigues, Cunha & Domingues, 2017 de H. malabaricus. No presente trabalho, espécies de Urocleidoides registradas pela primeira vez parasitando as brânquias de H. unitaeniatus e E. erythrinus, bem como espécies de Anacanthorus são descritas pela primeira vez para eritrinídeos da região Amazônica. Por fim, é apresentada uma chave de identificação para as espécies de monogenóideos parasitos de eritrinídeos, juntamente com uma hipótese filogenética para as espécies de Urocleidoides que ocorrem em Erythrinidae.

  • DIEGO DE ALMEIDA MIRANDA
  • Relações do comportamento migratório com adaptações astrocitárias na formação hipocampal e o polimorfismo do gene adcyap1 em aves do gênero Charadrius.

  • Data: 23/02/2018
  • Mostrar Resumo
  • O estudo do comportamento migratório em aves oferece muitas vantagens à compreensão dos mecanismos neurobiológicos e moleculares subjacentes ao processo de aprendizagem e memória que a migração requer. Além disso, pode oferecer oportunidades únicas em outras áreas de investigação das neurociências e evolução. A migração de aves requer coordenação de diferentes sistemas fisiológicos além de apresentar uma memória visual e sentidos bem apurados e o hipocampo parece estar envolvido no armazenamento, integração e recuperação de todas as informações sobre as orientações necessárias para a migração. Sabendo-se também que o hipocampo representa o mapa cognitivo do ambiente que cerca o animal, os astrócitos são de grande importância para vários processos regulatórios dessa região podendo contribuir para a memória e o aprendizado, assim como, podem sofrer mudanças na quantidade, arborização e funcionalidade sob regulação do PACAP do gene ADCYAP1 onde o polimorfismo dos microssatélites pode regular elementos importantes dos processos pós- transcricionais. O objetivo deste trabalho foi investigar se o número e a morfologia dos astrócitos, assim como, o tamanho dos microssatélites, do gene ADCYAP1, podem estar relacionados à comportamentos migratórios das aves C. semipalmatus e C. collaris. As aves foram coletadas em praias do litoral bragantino. Os números de astrócitos, volume da formação hipocampal e do telencéfalo foram estimados. Como resultados encontramos diferenças significativas na quantidade e na morfologia dos astrócitos da Formação Hipocampal (FH), no volume da FH e do Telencéfalo dos dois hemisférios, assim como no tamanho dos microssatélites do gene ADCYAP1. Diante disso, o grupo migratório apresenta uma quantidade e uma complexidade morfológica de astrócitos maior que o grupo não migratório, assim como, o tamanho maior dos microssatélites em detrimento do esforço do voo transcontinental, a maior exigência da memória espacial e a maior capacidade de voo.

  • CLEYSSIAN NEY PINHEIRO DIAS
  • Inferências filogenéticas e filogeográficas do complexo Lepidothrix iris / nattereri / vilasboasi (Aves: Pipridae)

  • Data: 22/02/2018
  • Mostrar Resumo
  • Lepidothrix é o gênero mais diverso na família Pipridae, com oito espécies reconhecidas. Embora o monofiletismo do gênero tenha sido apoiado por caracteres moleculares e morfológicos, as relações filogenéticas e os limites específicos dentro do gênero são ainda incertas. A espécie Lepidothrix vilasboasi nunca foi incluída em estudos filogenéticos com base em dados moleculares, havendo a suspeita de ser um híbrido entre Lepidothrix iris e Lepidothrix nattereri. No presente estudo, utilizamos sequências de marcadores mitocondriais (ND2 e COI) e nucleares (MYO, G3PDh e I5BF) em uma análise multilocus para determinar as relações e limites interespecíficos entre L. iris, L. nattereri e L. vilasboasi. Os resultados revelaram um padrão complexo, onde eventos de contato secundário após o isolamento e diferenciação genética e fenotípica impossibilitaram a recuperação de monofiletismo recíproco entre os táxons estudados. Os dados mitocondriais indicaram que L. nattereri está dividida em dois grupos não-irmãos. sendo um monofilético e o outro parafilético. Enquanto L. iris iris é mais proximamente relacionado a um dos dois grupos de L. nattereri, L. iris eucephala forma um clado indiferenciado com L. vilasboasi, provavelmente resultado de um processo extensivo de introgressão mitocondrial. Não encontramos evidência de que L. vilasboasi seja resultado de hibridização recente entre L. iris e L. nattereri.

2017
Descrição
  • SUZANE FABIELE DA SILVA COSTA
  • Influência da conectividade entre ambientes costeiros, na oscilação de variáveis hidrológicas, em um estuário sem aporte direto de água fluvial (Estuário do Taperaçu-Pará).

  • Data: 31/12/2017
  • Mostrar Resumo
  • Os estuários amazônicos apresentam uma elevada conectividade entre si ou com outros ambientes costeiros. O estuário do Taperaçu, por exemplo, não possui aporte direto de águas fluviais, entretanto possui conectividade com os campos alagados, através do canal de Tamatateua e com o estuário do Caeté, através do canal do Taici. Desta forma, este estudo teve como objetivo conhecer a influência do fluxo de águas menos salinas provenientes do estuário do rio Caeté e de água doce dos campos alagados, na oscilação das variáveis físico-químicas e de clorofila-a no estuário do Taperaçu. O estudo foi realizado durante um período de El Niño (2016) e La Niña (2017). No campo, cada campanha foi realizada em diferentes condições de chuvas, durante marés de sizígia, tendo duração de 25 horas cada. Equipamentos foram fundeados e amostras de água foram coletadas, simultaneamente, em três estações de coleta. Uma campanha no mês de março de 2017 (período chuvoso) foi realizada no furo do Taici e no canal de Tamatateua, durante o período de enchente. CTD’s com sensores de turbidez foram fundeados, para medir dados de temperatura, salinidade e turbidez. Os equipamentos foram programados para medir dados a cada 10 minutos. Amostras de água também foram coletadas em cada estação de coleta, para obtenção de dados de pH, concentrações de nutrientes dissolvidos e clorofila-a, através de uma garrafa oceanográfica. Os resultados comprovam a influência da conectividade no setor superior do estuário do Taperaçu, que recebe águas menos salinas e mais ricas em concentrações de clorofila-a, oriundas do estuário do Caeté, assim como dos campos alagados. As águas do Caeté aportam uma grande quantidade de compostos de nitrogênio para o Taperaçu, enquanto o canal de Tamatateua aporta ortofosfato. Durante o período da La Niña (abril/17), as águas do Taperaçu foram menos salinas e mais ricas em nutrientes dissolvidos quando comparadas com o mesmo período de 2016. Em 2017, águas estiveram mais turvas e, portanto, mais pobres em biomassa fitoplanctônica. Durante o período de El Niño, a salinidade atingiu valores próximos de 40 no setor inferior, no período seco, entretanto as águas foram mais ricas em biomassa fitoplanctônica no setor superior onde a turbidez foi mais baixa, coincidindo com as elevadas disponibilidades de nitrato. Estes resultados demonstram a influência da conectividade no setor superior do estuário do Taperaçu, bem como a influência dos eventos El Niño e La Niña

  • AMANDA MORAES OLIVEIRA
  • Morfodinâmica da praia de Ajuruteua (Pará, Brasil) sob efeitos de bancos intermareais

  • Data: 31/08/2017
  • Mostrar Resumo
  • A praia de Ajuruteua, localizada na costa nordeste do estado do Pará/Brasil, é um ambiente altamente dinâmico, dominando por macromarés e classificada como dissipativa que atualmente vem apresentando um processo erosivo na região mais urbanizada, associado a formação de bancos arenosos proveniente do delta de maré vazante na foz do estuário do Caeté. Neste contexto, foram realizados levantamentos morfodinâmcos na face de praia nos extremos noroeste e sudeste, assim como na antepraia, incluindo o referido banco arenoso e no canal que o separa da face da praia. Enquanto que levantamentos topográficos na face praial foram baseados no método da estádia, utilizando-se nível e régua, no canal se efetuou levantamentos batimétricos com ecossonda e a topografia do banco foi realizada com DGPS no modo cinemático pós-processado, na porção emersa do banco durante as baixamares. Após análises, notou-se que as variações na morfologia da face de praia estiveram intimamente relacionadas aos ciclos de marés e precipitação com migração de barras arenosas em direção a parte superior do perfil durante o período seco, com perfis rasos variando de 1 a 4 metros. Por outro lado, as variações relacionadas às mudanças de ventos e precipitação foram mais importantes que aquelas relacionadas às variações na altura de maré (e.g. sizígia-quadratura). Os resultados da antepraia demostraram que o canal formado teve profundidades máximas variando de 14 a 18 metros, com poucas mudanças na configuração, onde sua dinâmica pareceu estar mais relacionada com a formação de barras e calhas (ridge and runnel) características de praias dominadas por marés. Quando avaliada as modificações do banco as variações de nível da cota mantiveram-se em torno de 3 metros ao longo dos meses, onde a modificação mais perceptível foi a migração da crista do banco conforme se aproximava do período chuvoso com ventos mais atuantes de nordeste. Contudo, o banco se comporta como uma barreira de sedimentos onde as ondas mais energéticas quebram antes de chegar na linha de costa. Por outro lado, os efeitos das correntes e ação das ondas permitiram a deposição de sedimentos nas extremidades das praias.

  • JONAS BRAGA NAZARE FILHO
  • Fenologia reprodutiva, aspectos da biologia floral e polinizadores de quatro espécies de ouratea aubl. (ochnaceae) na bacia do baixo rio caeté, Bragança, Pará

  • Data: 31/08/2017
  • Mostrar Resumo
  • Foram estudados a fenologia, aspectos da biologia floral e polinizadores de quatro espécies de Ouratea, pertencente a família Ochnaceae, entre outubro de 2015 a dezembro de 2016. As espécies apresentaram antese diurna, com alta viabilidade polínica durante maior parte do dia. Apresentaram padrão de floração anual, com picos entre o meses de outubro e dezembro, flores de pólen com anteras poricidas e síndrome de polinização por vibração. Foram observadas visitas de abelhas pertencentes a seis gêneros, sendo estes Augochloropsis, Bombus, Centris, Melipona, Trigona e Xylocopa. Com exceção de abelhas do gênero Trigona, todos realizaram processo de polinização por vibração.

  • INGRID PADILHA DE SOUZA
  • Estudo das variáveis hidrológicas e microbiológicas em três praias recreacionais estuarinas do litoral amazônico durante um evento el niño

  • Data: 31/08/2017
  • Mostrar Resumo
  • As praias são ambientes deposicionais com grandes atrativos naturais e econômicos. Na zona costeira amazônica, as praias estuarinas de Murubira (Ilha de Mosqueiro), Colares (Município de Colares) e Marudá (Município de Marapanim), no estado do Pará, são utilizadas para recreação principalmente durante os meses de verão amazônico. Este estudo teve como objetivo entender as condições físicas, hidrológicas e microbiológicas e compreender as oscilações espaciais e temporais destas três praias estuarinas, durante um período de El Niño. A praia de Colares é uma praia rural mais abrigada e as praias de Murubira e Marudá são semi-urbanas e estão sob domínio de meso e macromarés. Foram realizadas quatro campanhas de campo durante a maré de quadratura com duração de 13 horas cada, duas no período chuvoso, em julho de 2015 e janeiro de 2016 e duas no período menos chuvoso, novembro de 2015 e agosto de 2016. As elevações das marés foram medidas e as amostras de águas superficiais foram obtidas a cada 3 horas, totalizando 60 amostras, para determinar as variáveis hidrológicas (oxigênio dissolvido, pH, a concentração de nutrientes dissolvidos e clorofila-a) e microbiológicas (coliformes termotolerantes). As condições de mesomarés predominaram. A temperatura da água foi elevada e estável. A salinidade variou sazonalmente e os maiores valores foram encontrados na estação menos chuvosa. Na estação chuvosa, as águas foram mais turvas e bem oxigenadas, o pH foi levemente alcalino e as concentrações médias deortofosfato e fósforo dissolvido totalforam elevadas. Os compostos nitrogenados foram maiores na estação menos chuvosa, coincidindo com os maiores valores de clorofila-a. As concentrações de coliformes termotolerantes observadas foram elevadas para algumas amostras o que reflete a influência antrópica pontual no ambiente. Estes resultados reportam apenas dados obtidos em um ano com défice de chuvas, marcado por um evento El Niño, entretanto este estudo é um excelente referencial para futuros trabalhos a serem desenvolvidos para esta área.

  • DIEGO NOVAES CARNEIRO DA SILVA
  • Estimativa da biomassa acima do solo de uma floresta anã de Avicennia germinans (L.) L. na península de Ajuruteua, Bragança, costa amazônica brasileira

  • Data: 30/08/2017
  • Mostrar Resumo
  • A diferença na morfologia e arquitetura das árvores implica na escolha de medidas estruturais que melhor expressem sua produção. A partir dos três grupos de árvores anãs de Avicennia germinans foram gerados modelos alométricos e estimada a biomassa das áreas de floresta de mangues anões na península de Ajuruteua, Bragança, costa amazônica brasileira. Variáveis dependentes (Folha e Galho/Tronco) e independentes (Diâmetro, Altura, Área da Copa e Volume) foram utilizadas para gerar as equações cujos valores foram preditivos e ajustados. O modelo da equação utilizado foi baseado no logaritmo (biomassa = FC (exp (a + b ln (V)))), com uso de Fator de Correção e acréscimo de outras variáveis independentes, quando necessário. O valor total estimado por área foi de 123,2 Mg ha-¹, enquanto o valor de estimado para toda a área de floresta de mangue anão alcançou 99,9 Gg, cerca de 2,4% da biomassa total estimada para a península de Ajuruteua (4,230 Gg). Os valores estimados para árvores de A. germinans anãs, principalmente do Grupo-03 (Folha=9,2 Mg ha-¹; Galho/Fuste=100,1 Mg ha-¹), quando comparados com aqueles para árvores da mesma espécie em outros sítios da mesma península (Folha=6,18 Mg ha-¹; Galho/Fuste=123,1 Mg ha-¹) são muito similares. Isto certamente está relacionado com a diferença em número de indivíduos por área (densidade=4,440 ind ha-¹) e pela densidade da madeira dessa espécie que é maior (0,85 g cm³) em árvores anãs e inferior nos indivíduos de outros sítios (0,64 g cm³). Os valores estimados são mais elevados para as florestas de mangue anão, mas o porte das árvores é bastante superior ao das árvores em outras regiões do mundo, mostrando a necessidade de melhor entender a contribuição dessas florestas para o cômputo geral de biomassa dos manguezais, determinando sua influência nos estoques de carbono e nas mudanças climáticas globais.

  • CAMILA JACIARA DO NASCIMENTO SOARES
  • Avaliação da diversidade de Centropomus (Centropomidae, Perciformes) do Amapá através de análise molecular e morfológica.

  • Data: 30/08/2017
  • Mostrar Resumo
  • O gênero Centropomus é composto por doze espécies válidas, além de uma recém-descoberta na costa do Amapá, destas seis ocorrem no litoral brasileiro. Os centropomídeos são eurialinos, predadores oportunistas, estuarinos dependentes, e tem a temperatura como fator de limitação (estenotérmicos). As espécies desse gênero possuem morfologia conservada, cuja diferença se baseia em caracteres sutis, fator que pode dificultar sua exata identificação. Um estudo recente que sugere a existência desta nova espécie (Centropomus spn) no Amapá observou a ausência de C. undecimalis, nesta região. Essas duas espécies são morfologicamente similares e geneticamente distinguíveis através de marcadores mitocondriais. Este estudo avaliou a diversidade de espécies do gênero Centropomus na costa do Amapá por meio de metodologias moleculares e morfológicas de identificação. Para isso foram analisadas um total de 54 amostras de origem estuarina, dulcícola e marinha, utilizando os marcadores mitocondriais rRNA 16S e COI, e chaves de identificação morfológica para o gênero. Foi verificada a ocorrência de quatro espécies, sendo Centropomus spn a mais frequente, além de C. ensiferus, C. pectinatus e C. mexicanus. Nenhum exemplar de C. undecimalis foi identificado no Amapá. Foi ainda verificada a ocorrência de Centropomus spn em ambiente marinho, estuarino e dulcícola. A predominância de Centropomus sp e ausência de C. undecimalis sugerem a necessidade de compreender a real ocorrência das espécies desse gênero. A metodologia genética se mostrou de boa aplicabilidade na identificação, desde que existam sequencias de referências para todas as espécies do Atlântico. A análise morfológica foi concordante com a molecular para a maioria das espécies, entretanto para algumas espécies, como entre C. undecimalis e Centropomus spn a diferenciação sutil pode levar a erros de identificação baseada somente em caracteres morfológicas.

  • DIEGO MOIZES GOMES RIBEIRO
  • Efluxo de dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) nos canais de maré dos manguezais da península de ajuruteua, nordeste do Pará, costa amazônica brasileira


  • Data: 29/08/2017
  • Mostrar Resumo
  •  

    Diversos estudos têm revelado que o ecossistema manguezal possui um papel fundamental na dinâmica do carbono, não apenas em termos de sequestro ou exportação, relacionados diretamente com os processos fotossintéticos e respiratórios, mas também com o fluxo de energia e com a ciclagem de nutrientes dentro desse ambiente, contribuindo significativamente para o cômputo total do carbono. O objetivo do presente estudo foi estimar a emissão de CO2 e CH4 na interface água-ar dos canais de maré de maior e menor porte nos manguezais na península de Ajuruteua, Bragança-Pará, costa amazônica brasileira. Os grandes canais não apresentaram diferença significativa em relação ao efluxo de CO2 (Kruskal-Wallis, p = 0,1638). As taxas de efluxos de CO2 variaram de 1,6; 1,8 e 3,2 μmol m-2 s-1 no Taperaçu, Furo Grande e Taici, respectivamente. Houve diferença significativa para o efluxo de CH4 (Kruskal-Wallis, p=0,0048) entre os canais estudados. O efluxo de CH4 foi de 1,6, 1,1 e 0,5 mg m-2 d-1 no Taici, Furo Grande e Taperaçu, respectivamente. As correlações de Spearman (rs) mostraram que a temperatura foi a variável que se correlacionou com os efluxos de CO2 e CH4. Maiores efluxos CO2 ocorreram nos canais de maré com menor salinidade, com tendência similar registrada para os canais restantes, com exceção para o CH4 no Furo grande, que mesmo com um valor de salinidade intermediário o efluxo de CH4 foi registrado em 2,0 mg m-2 d-1, superior ao efluxo dos canais de maré de pequeno porte do Caeté. Os resultados revelaram que a variação no efluxo de CO2 e CH4 entre os canais de maré de grande e pequeno porte foi influenciada pela salinidade, cujos valores elevados acabaram diminuindo o efluxo de CO2, mas especialmente o efluxo de CH4, com exceção nos canais de maré no Furo Grande, que apresentaram maior efluxo de CH4 em salinidade elevada. Em suma, a abordagem aqui apresentada abrange um conjunto de dados que permite a melhor compreensão da importância funcional dos corpos d’água de diferentes tamanhos através das tendências dos efluxos de CO2 e CH4, principalmente considerando-se que as taxas de emissão de gases de efeito estufa a partir dos corpos d’água associados aos manguezais ainda são negligenciadas no balanço do carbono em diferentes escalas.


  • DAYENE SANTIAGO MENDES
  • Efluxo de CO2 e CH4 de necromassa das espécies arbóreas de mangue na Península de Ajuruteua, Bragança, costa amazônica brasileira

  • Data: 28/08/2017
  • Mostrar Resumo
  • A necromassa é um compartimento relevante que influencia um grande número de funções nos ecossistemas florestais, como os manguezais, dentre as quais o armazenamento de C e os ciclos de nutrientes, contribuindo o balanço do carbono das florestas. Nós usamos um analisador de gás por espectropia e câmara dinâmica e fechada para acessar o efluxo de CO2 e CH4 da necromassa em áreas de manguezal da península de Ajuruteua, Bragança, costa amazônica brasileira. As taxas de ECO2 e ECH4 entre sítios variaram significativamente (p-value<0,05) alcançando valores de 0,16±0,31 μmol CO2 m-2 s-1 e 0,22±5,63 CH4 mg m-2 h-1 para a Estiva e 0.30±0.40 μmol CO2 m-2 s-1 e 3.92±3.74 CH4 mg m-2 h-1 para o Taici. Ao contrário não variaram entre as espécies arbóreas, mas influenciaram significativamente as posições da necromassa em relação ao solo. Nos sítios, as variações nas taxas de efluxo de CO2 e CH4 mostraram correlação inversa com a salinidade, enquanto a temperatura, umidade do tronco e N e C:N, nas classes de decomposição, aumentaram à medida em que avança o nível de decaimento da madeira. Nós inferimos que essa tendência na composição elementar é também encontrada em diferentes florestas das regiões Tropical e Subtropical, podendo ser acessadas em escala mundial, principalmente como resultado do aumento da degradação das florestas de mangue cujo efeito pode diminuir o potencial de sequestro e transformar o manguezal numa fonte potencial de emissões de gases de efeito estufa.

  • CAROLINE AYUMI LOBATO TAKAHASHI
  • Otimização da hidrólise enzimática de proteínas de aparas da filetagem de corvina Cynoscion virescens (Cuvier, 1830) e pargo Lutjanus purpureus (Poey, 1875)

  • Data: 21/08/2017
  • Mostrar Resumo
  • No beneficiamento do pescado é gerada uma quantidade considerável de resíduos. Um método eficaz para recuperar proteínas e agregar valor a esses resíduos é o processo de hidrólise, a fim de produzir hidrolisados para consumo humano ou animal. Este estudo teve como objetivo otimizar a hidrólise enzimática de proteínas oriundas de aparas da filetagem de corvina (Cynoscion virescens) e pargo (Lutjanus purpureus), usando a enzima ProtamexTM e Metodologia de Superfície de Resposta (MSR). Na otimização do hidrolisado proteico, foi utilizado um planejamento central compósito com 18 ensaios e as variáveis independentes foram a temperatura (T°C), a relação enzima:substrato (E/S%) e o pH. As variáveis de reposta foram o grau de hidrólise (GH%) em função do tempo de reação, monitorado pelo método pH-stat, e os parâmetros cinéticos (a e b) do modelo empírico que descreve a reação enzimática. As curvas de cinética de hidrólise enzimática mostraram uma alta taxa inicial de reação em até 40 minutos, reduzindo-se lentamente até alcançar uma fase estacionária em 60 minutos. Os dados experimentais da hidrólise enzimática ajustaram-se bem ao modelo cinético de hidrólise, com coeficiente de determinação (R2)  >  0,98 e desvio relativo médio < 5%. A otimização por MSR para valores de GH a 60 minutos de reação mostraram que o R2 para o modelo ajustado foi de 0,97 e 0,84, para corvina e pargo, respectivamente. O GH variou entre 18,53 a 30,16% para a corvina e 14,49 a 23,83% para o pargo. As variáveis que mais influenciaram no GH foram: E/S > T > pH, para a corvina; para o pargo foi observado os mesmos efeitos, porém o pH não foi estatisticamente significativo. O R2 para o modelo ajustado dos parâmetros a e b foi de 0,88 e 0,74 para corvina; entretanto, o pargo apresentou baixo R2 para estes parâmetros (a = 0,72 e b = 0,39). Foi observado que para o substrato corvina, o parâmetro a sofre maior influência dos seguintes efeitos: T > E/S > T x E/S; para o paramentro b as variáveis foram: E/S > T > T x E/S. A condição experimental ótima para validação da hidrólise enzimática para a corvina foi: T = 55°C, E/S = 4,2% e pH = 6,7; para o pargo, a condição ótima foi diferente apenas na T = 65°C. O valor predito pelo modelo na condição ótima, para corvina = 30,19 ± 1,06 e pargo = 24,71 ± 5,35, corroborou com o valor experimental, para corvina = 30,52 ± 0,30 e pargo = 20,38 ± 0,51.

  • DANILO CESAR LIMA GARDUNHO
  • Estimativa de biomassa e carbono acima do solo das espécies arbóreas dominantes nas florestas de mangue da península de Ajuruteua, nordeste do Pará, costa amazônica brasileira

  • Data: 31/07/2017
  • Mostrar Resumo
  • O manguezal é um dos ecossistemas mais produtivos do planeta. Tal produção tem relação direta com o seu desenvolvimento estrutural e acúmulo de biomassa, tanto abaixo quanto acima do solo. O uso de equações alométricas para a quantificação de biomassa acima do solo, por exemplo, tornou-se uma ferramenta comum nos estudos realizados em áreas de manguezal no mundo inteiro. No Brasil, estudos que desenvolvem modelos alométricos para a estimativa de biomassa acima do solo para os manguezais não são muitos, enquanto para a costa amazônica brasileira ainda não foram elaborados. Assim, o presente estudo teve como principal objetivo, além de caracterizar a estrutura dos manguezais da península de Ajuruteua, em Bragança, costa amazônica brasileira, desenvolver equações alométricas para as espécies mais dominantes dos manguezais dessa região [Rhizophora mangle (L.), Avicennia germinans (L.) L., Laguncularia racemosa (L.) C.F. Gaertn.]. Os modelos gerados podem estimar a biomassa total acima do solo, bem como a biomassa dos seus diferentes compartimentos (Tronco, Galho, Folha e Raiz Escora), sendo este último compartimento apenas para as raízes escora de R. mangle. Multiplicando os valores de biomassa pelos percentuais de carbono da madeira das espécies de mangue foi possível fazer a conversão de biomassa em carbono. Outro objetivo foi estimar o incremento de biomassa e carbono ao longo do período de quatro anos de monitoramento de L. racemosa, no intuito de testar a diferença entre as classes de diâmetro do tronco da árvore e a variação entre as estações (seca e chuvosa) e os anos. Da mesma forma objetivou-se estimar a perda de biomassa e carbono efetivada pela construção da rodovia estadual PA-458 e corte seletivo de árvores de mangue. Na caracterização estrutural foram mensurados 16.311 indivíduos, sendo72% de R. mangle, 20% de A. germinans e 08% de L. racemosa, com DAP entre 0,50 a 191 cm e altura de 1 a 27 m. Onde no geral, R. mangle apresentou maior dominância (DoR = 51.1%) e A. germinans maior DAP e Altura, 37.4 cm e 13.0 m, respectivamente. De 154 equações foram selecionados 22 modelos, os quais forneceram os valores de biomassa das espécies onde A. germinans (129,3 Mg ha-1) apresentou maior biomassa e maior teor médio de carbono com 52% (56,91 Mg C ha-1). Quanto ao incremento de biomassa o valor médio obtido para L. racemosa foi de (547,36 g mo-1) e de carbono foi de 214,2 g mo-1, ficando o incremento bem evidenciado nos períodos chuvosos. No que concerne ao acumulo e perdas de biomassa e carbono, a estimativa de biomassa acima do solo para a península foi de 4230 Gg, dos quais A. germinans teve maior representatividade (2130 Gg). A ação antrópica causou uma perda de 117.895,43 Mg de biomassa na área localmente conhecida como Área Degradada, correspondendo a 91% de toda a biomassa perdida. Os valores de carbono seguiram a mesma tendência com relação à perda. Sendo assim, concluiu-se que os modelos selecionados no presente estudo para a estimativa da biomassa acima do solo podem ser usados para estimar a biomassa e o carbono da floresta de mangue ao longo da porção oriental da costa amazônica brasileira. No entanto, é necessário que as florestas em foco apresentem as mesmas características estruturais e ambientais, no intuito de garantir a melhor acurácia e confiabilidade dos resultados. Da mesma forma, concluiu-se que as mudanças nos padrões de pluviosidade afetam o crescimento de L. racemosa. A redução das taxas de pluviosidade é um fator que diminui a produção de biomassa (crescimento da planta) e carbono dessa espécie. Por último, os resultados revelaram que os efeitos antrópicos oriundos da construção da rodovia PA-458, principalmente as consequências advindas desse evento, como a formação de uma grande Área Degradada e a formação de uma Lagoa Salina, além da área cortada para a implantação da rodovia e o corte seletivo ao longo da península de Ajuruteua causam a perda de um valor considerável de biomassa e carbono, cujos efeitos negativos promovem um acréscimo acelerado das emissões de carbono para a atmosfera, diminuindo o estoque de carbono do ecossistema e contribuindo para o aquecimento global, além de favorecer a redução dos recursos e serviços inerentes aos manguezais da costa amazônica brasileira.

  • RACHEL MACEDO DA SILVA SEREJO
  • Padrões de diversidade e biogeografia de plantas de dunas costeiras na Amazônia

  • Data: 31/07/2017
  • Mostrar Resumo
  • As restingas situadas na costa norte do Brasil são usualmente adjacentes ao manguezal ou circundado por ele. Desde a década de 1980 as pesquisas em vegetação de restingas nessas áreas têm aumentado; entretanto, a biogeografia e processos ecológicos que governam a sua diversidade de plantas ainda permanecem desconhecidos. Recentemente tem sido reconhecido que as condições ambientais em áreas de dunas de planícies arenosas costeiras são limitantes para o desenvolvimento de espécies de plantas. No entanto, estudos mais recentes têm demonstrado que, por trás dos efeitos ambientais determinísticos, eventos estocásticos desempenham um papel importante para os padrões de diversidade e distribuição das espécies nas comunidades. O principal objetivo desta tese é analisar a diversidade e a biogeografia de espécies de plantas em áreas de restinga da costa do Pará focando em: (1) uma comparação de áreas de florestas de dunas isoladas distribuídas pela costa da Amazônia em relação às propriedades do solo e padrões de diversidade e dominância de plantas lenhosas; (2) apresentar uma listagem florística atualizada das plantas com sementes de áreas de dunas do Pará baseada em inventários próprios, levantamentos de herbários e revisão da literatura disponível; e (3) apresentar o atual conhecimento em licófitas e samambaias de áreas de restingas do Pará. Foram realizados inventários florísticos e estruturais em sítios de restingas no Pará. A estrutura florestal foi realizada na praia do Buraco, Camarauaçu e Apeú-Salvador, três sítios isolados da terra firme por extensos manguezais. Com relação ao objetivo 1, o sítio Camarauaçu se caracterizou pela menor diversidade e uma comunidade de árvores estritamente oligárquica. O segundo sítio praia do Buraco foi incomum em termos de baixa beta diversidade e com leve composição da comunidade divergente, como indicado por ordenção via Escalonamento Multidimensional Não Métrico (NMDS). A maioria das espécies foi generalista de ampla distribuição; a filtragem ambiental é responsável pela reduzida diversidade comparada à sítios costeiros menos expostos. Diferenças na composição de espécies entre os sítios são atribuídas à efeitos estocásticos na dispersão a longa distância. Em relação ao objetivo 2, foram registradas novas ocorrências para as restingas do Pará; a hipótese que muitas espécies são generalistas de ampla distribuição foi confirmada. Muitas espécies são naturalmente distribuídas nas áreas de terra firme da Amazônia, mas a ordenção NMDS sugere que existem pequenas diferenças florísticas entre restingas situadas nos dois setores geológicos da costa do Pará, plataforma do Pará e bacia Bragança-Viseu. Em relação ao objetivo 3, uma nova ocorrência para o Pará foi encontrada (a licófita Isoetes triangula U.Weber). Muitas espécies de samambaias e licófitas das restingas são (semi-)aquáticas. Todas as espécies possuem ampla distribuição no continente e podem ocupar uma variedade de hábitats. Como em plantas com sementes, a baixa diversidade de samambaias/licófitas é provavelmente uma expressão da filtragem ambiental e, parcialmente, das habilidades de dispersão.

  • PAULO TADEU AMORIM DE FREITAS SILVA
  • Hidrodinâmica e sedimentologia de um grande tributário do rio Amazonas sob influência da maré (rio Tapajós – Amazônia brasileira)

  • Data: 29/07/2017
  • Mostrar Resumo
  •  

    A costa amazônica é impactada por uma intensa influência da maré, que em associação a baixo relevo, faz com que o rio Amazonas e alguns de seus grandes tributários, sejam enquadrados na categoria de tidal river. Os efeitos combinados da geometria, das marés, e da extensa rede de drenagem resultam em uma sedimentação maciça na região. Nesse contexto, este trabalho apresenta o primeiro estudo detalhado da variação de maré, da sedimentologia e morfologia do fundo do Rio Tapajós, buscando compreender o papel da morfologia e das marés nos padrões de distribuição e dinâmica de sedimentos na área. Os principais dados utilizados na elaboração do presente trabalho, foram coletados em duas campanhas amostrais, durante os períodos de baixa e alta descarga, com levantamentos de dados de nível d’água, vazão durante ciclos semi-diurnos (13 horas) e amostragem de sedimentos de fundo. As medições do nível d’água no curso inferior do Tapajós indicam que a incursão da maré oceânica poderia atingir até 320 km a montante da confluência da Amazonas-Tapajós durante períodos de baixa descarga, quando as maiores variações no nível da água foram registradas. Assim, as marés semi-diurnas se propagam e causam variação de nível d’água ao longo do Tapajós por até 1.100 km da foz do rio Amazonas, o que pode representar a maior incursão das marés no mundo. Apesar, do efeito da maré na área não resultar em reversão do fluxo, seu efeito sobre as medições de vazão instantânea, foram notórios, chegando a mostrar até um período estofo de maré durante a fase de enchente. Em outras palavras, o fluxo instantâneo caiu para níveis próximos de zero a maré de enchente e a descarga durante a maré de vazante alcançou valores de 12.500 m3/s durante o período de descarga baixa e 18,000 m3/s durante o período de alta descarga, na estação 30km próxima a confluência com o Amazonas. Durante alta descarga, apenas pequenas variações do fluxo foram observadas na seção transversal superior, e estas não foram necessariamente associadas à maré. As variações das marés não só influenciam fortemente os processos hidrodinâmicos, como também afetam o transporte de sedimentos em suspensão. Com relação à distribuição dos sedimentos de fundo no baixo Tapajós, destaca-se o fato de se assemelhar a um embaiamento estuarino típico, marcando uma morfologia peculiar e complexa. As análises revelaram que a morfologia e a hidrodinâmica resultam em uma armadilha de sedimentos perfeita, pois a energia de entrada de materiais no Tapajós, oriundo da bacia do Tapajós a montante e do Amazonas na desembocadura, é mais alta que a energia de saída, incapaz de redisponibilizar os sedimentos para o canal principal do Amazonas. Os padrões de distribuição mostram sedimentação massiva de lama no lago/ria, enquanto o setor entrelaçado (braided-straight) do rio Tapajós transporta sedimentos finos, mas principalmente areias, construindo um delta na extremidade a montante da ria, no setor de transição. Na confluência (foz), os diques do rio Amazonas bloqueiam o Tapajós, e as variações do nível da água em função das marés, também favorecendo o transporte de sedimentos lamosos do rio Amazonas para a Ria do Tapajós. No entanto, a ação das ondas na Ria cria setores em constante erosão, com características semelhantes às de praia nas margens, fato que torna ainda mais atípico e diverso os tidal rivers e a dinâmica de sedimentos da Amazônia.

  • WELLINGTON NASCIMENTO TRINDADE
  • Influência de forças físicas e atividades antrópicas em uma planície de maré equatorial (Vila dos Pescadores, Pará, Brasil)

  • Data: 28/07/2017
  • Mostrar Resumo
  • A costa da Amazônia é influenciada por diferentes forças físicas, como macromarés, ondas e elevados níveis de precipitação e descarga fluvial. A alta energia hidrodinâmica e/ou a ocupação territorial não planejada neste setor amazônico é responsável pela destruição de construções/infraestrutura, bem como de ambientes naturais. Para entender os efeitos das marés e ondas na dinâmica de uma pequena vila de pescadores protegida por uma extensa planície de maré arenosa, bem como conhecer a variabilidade morfodinâmica daquela planície, fatores físicos e aspectos sociais foram estudados focando diferentes condições climatológicas. Oito campanhas foram realizadas para estudar as condições hidrodinâmicas e morfodinâmicas entre 2012 e 2014. O estudo ocorreu durante um período atípico de precipitação (seca, 2012/2013) e sob condições normais (2014). O desenvolvimento local é limitado, particularmente pela falta de adequados serviços e infraestrutura. Este fato, juntamente com as forças físicas, é responsável pela destruição de estruturas e ambientes naturais. Por este motivo, vários moradores precisam ser deslocados para áreas protegidas. Neste estudo, a variabilidade morfodinâmica temporal foi marcada por condições de alta energia durante os períodos de preamar, principalmente nos equinócios. Por outro lado, os eventos de menor energia foram observados quando os ventos sopraram com menor intensidade (estação chuvosa), exceto durante o período da superlua em junho de 2013. Quanto às condições morfodinâmicas, quando a elevação da maré está acima de 2 m, prevalece à condição modificada por maré, quando a elevação da maré está abaixo de 2 m prevalece à condição dominada pela maré e quando as ondas atingem valores mais altos, prevalece à característica dominada por ondas. O processo de erosão mais intenso ocorreu durante os períodos de maior energia de onda, na zona de maior exposição (P2), durante o ano de seca de 2013. Como as forças físicas são semelhantes às de outras áreas costeiras da Amazônia, espera-se que os resultados do presente estudo possam contribuir para a compreensão dos efeitos específicos de tais condições naquela costa altamente recortada por baías, assim como em outras áreas costeiras equatoriais com características ambientais e sociais similares. A implementação de um Plano de Gerenciamento Costeiro, considerando conflitos / perdas e benefícios / lucros são necessários para este e outros setores da Amazônia.

  • NAYARA CRISTINA BARBOSA MENDES
  • Uso do hábitat por espécies da família Ariidae e Auchenipteridae (Siluriformes) e produção pesqueira de ariidae na Península Bragantina, litoral Amazônico

  • Data: 21/07/2017
  • Mostrar Resumo
  • A partir de coletas biológicas realizadas na região bragantina, foram obtidas amostragens de indivíduos da Família Ariidae e Auchenipteridae, com o objetivo de estudar o uso do hábitat e produção pesqueira das famílias na região. O capítulo primeiro, objetiva elucidar de que maneira as espécies das duas famílias utilizam o estuário. O capítulo posterior tem objetivo de caracterizar a pesca e conhecer a produção de Ariidae desembarcada na costa Norte do Pará, especificamente na península bragantina. Para tais pesquisas, foram pensados dois desenhos amostrais. O local de coleta do primeiro capítulo foi o estuário do rio Caeté, cujo levantamento de dados aconteceu de setembro de 2012 a setembro de 2013. As coletas ocorriam sempre nas marés de sizígia num período de 12 horas com redes de tapagem em dois locais (canais de marés), Furo Grande e Furo do Taici. Para o segundo capítulo as informações foram coletadas por meio do projeto Estatística Pesqueira do estado do Pará através de coletas censitárias, com fomento do extinto Ministério de Pesca e Aquicultura em convênio com a extinta Secretaria de Pesca do Estado do Pará no período de abril de 2008 a novembro 2010 nos principais locais de desembarque da região bragantina. As espécies Cathorops spixii e Sciades herzbergii foram as mais abundantes nas capturas, “e ainda pela relativa importância do Furo do Taici como local de alimentação e crescimento”. É importante ressaltar que ambas as famílias utilizam o estuário em alguma parte do seu ciclo de vida. Para o segundo capítulo tem-se que os desembarques de Ariídeos realizados na costa Norte, são caracterizados como de pequena escala, visto que os barcos de pequeno porte e canoas a vela foram os mais significativos nos resultados, não deixando de lado a importância da variação sazonal para a produção das espécies, bem como as artes de pesca utilizadas, as quais são consideradas fatores seletivos.

  • DIONISO DE SOUZA SAMPAIO
  • Ostreicultura no Nordeste Paraense: estado atual e perspectivas futuras.

  • Data: 14/07/2017
  • Mostrar Resumo
  • No primeiro artigo (Capítulo 1), foram avaliados os aspectos relacionados à cadeia de suprimentos de ostra no estado do Pará. Entre 2013 e 2014, foram realizadas pesquisas em sete associações envolvidas na cultura da ostra através de entrevistas com o presidente de cada associação, bem como com 56 membros (72% do total). Dados secundários foram obtidos com a permissão de relatórios de gestão do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Pará. As associações Agromar, Nova Olinda e Aquavila, Lauro Sodré destacam-se do resto devido às suas maiores áreas em crescimento e produção total em 2013. No entanto, as associações menores são mais eficientes com maior produção por unidade de área. Embora as associações tenham crescido em número desde 2006, juntamente com o aumento da capacidade e produção devido à assistência do governo, em comparação com outras regiões do Brasil, elas precisam ser melhor organizadas internamente. As associações devem ser menos dependentes do financiamento público e desenvolver mais parcerias com empresas privadas. Além disso, deve haver co-participação ativa no desenvolvimento de legislação e políticas públicas que regulam a cultura de ostra e a proteção de bancos naturais de ostras. No segundo artigo (Capítulo 2), o presente estudo investigou as características físico-químicas da água em todas as unidades de cultivo de ostra no Pará. A salinidade, a temperatura (oC), o potencial de oxidação-redução (mV), o pH, o oxigênio dissolvido (mg.l-1), a profundidade (m) e a concentração de clorofila-a (mg.m3) foram medidos in situ, tanto na estação seca de 2013 como na estação chuvosa de 2014. Todas as variáveis, exceto a profundidade, foram significativamente maiores na estação seca. A salinidade média, que variou de 2,4 a 46, é a variável mais importante que explica a variação entre associações em relação à estação, data de amostragem em cada estação e estado da maré. No entanto, o oxigênio dissolvido, pH e profundidade também foram importantes. As unidades de cultivo de ostra no Pará podem ser definidas em termos de qualidade da água como adequadas para a colheita de sementes da natureza (menor salinidade e pH), ou para o crescimento de adultos (maiores valores de salinidade, pH e profundidade). No terceiro artigo (Capítulo 3), o assentamento, o tamanho da semente, o desenvolvimento larval no laboratório, o crescimento e os aspectos da comercialização de ostras cultivadas foram investigados de 2012 a 2016 em cinco unidades de cultivo no Pará, durante períodos variando de 6 a 12 meses. O comprimento da semente diferiu entre dezembro de 2014 (21 mm) e abril de 2015 (12 mm) e menor tamanho aparece associado a uma maior precipitação. O número de sementes nativas foi maior na área em crescimento, enquanto a abundância de sementes exóticas foi baixa. O desenvolvimento larval é melhor em salinidades de 16 e 21, em que o estágio pediveliger apareceu após 53 dias. O crescimento de ostra em cultivo foi variável, mas o tamanho do mercado foi atingido em pelo menos 4 meses em Agromar, Aappns e Asapaq. A mortalidade variou de 19% a 46%, comparável a outras cultivos de C. gasar. A massa de ostra varia mensalmente e entre culturas, e está relacionada à seleção de tamanho pré-venda. Em média, ostras nas classes Baby e Médio são 77% e 80% de concha. Aquavila é adequado para a colheita de sementes, enquanto Agromar tem a menor mortalidade e é adequado para o crescimento. A maioria das ostras vendidas na Agromar está dentro dos limites da classe, enquanto aquelas vendidas na Aquavila são maiores.

  • DARCY DE NAZARE FLEXA DI PAOLO
  • Cajueiro: agroextrativismo e relações sociais de gênero em contexto socioambiental na Amazônia paraense

  • Data: 05/07/2017
  • Mostrar Resumo
  • A presente tese teve como objetivo principal identificar e analisar, no âmbito do agroextrativismo e no contexto das relações sociais de gênero, as principais atividades produtivas geradoras de renda e aquelas destinadas ao autossustento, em sua articulação com os ciclos produtivos dos recursos naturais utilizados e os arranjos familiares que são construídos no âmbito da comunidade Cajueiro, situada nos limites da Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu/Amazônia Paraense. E os objetivos específicos: compreender como se articulam as principais práticas agroextrativistas e as relações sociais de gênero que as envolvem; identificar como homens e mulheres atuam nas atividades relacionadas ao uso dos recursos naturais voltadas ao autossustento e aquelas voltadas à comercialização; investigar as relações de poder que permeiam por entre as regras estabelecidas a partir da presença da Resex e o cotidiano dos moradores e identificar os problemas mais críticos relacionados à vida na comunidade, na percepção dos atores sociais locais. Como recorte teórico destaca-se a contribuição de Michel Foucault, especificamente no que diz respeito à noção de relações de poder. Teve como base a pesquisa qualitativa e como técnicas de coleta de informações em campo: observação participante, entrevista semiestruturada, grupo focal e roda de conversa. Conclui-se que o agroextrativismo constitui a base das atividades produtivas na comunidade em estudo, tendo na agricultura familiar maior representatividade. Destaca-se também a pesca, com vários tipos de peixes e de camarão e também a captura do caranguejo. Tais atividades são realizadas de acordo com o movimento produtivo e reprodutivo dos recursos naturais utilizados, os quais implicam em arranjos familiares, ancorados, por sua vez, nas relações sociais de gênero. E, não obstante as implicações de poder que as circunda, a referida comunidade, a exemplo da maioria das denominadas populações tradicionais, não se deixa sujeitar, renovando-se e resistindo em sua forma de viver, ainda que tal forma contrarie o contexto global vigente.

  • CLOVIS NIVALDO DA COSTA SOUSA JUNIOR
  • Análise do processo de assoreamento do rio Aturiaí (Pará), aplicando ferramentas geofísicas/geológicas e socioambientais

  • Data: 29/06/2017
  • Mostrar Resumo
  • Neste trabalho foi analisado o processo de assoreamento do rio Aturiaí, Augusto Corrêa (Pará, Brasil) através de um estudo integrado, no qual se utilizaram metodologias geofísicas, geológicas e socioambientais. O rio Aturiaí é um dos maiores e mais importantes cursos d’água do município de Augusto Corrêa (Pará). Durante o desenvolvimento deste trabalho, foi aplicado o método geofísico Radar de Penetração do Solo (GPR). Também foram realizadas análises granulométricas de amostras de sedimentos coletados no rio Aturiaí, além de ter sido aplicado um estudo socioambiental no local. Este estudo teve uma duração de dois anos, alternando a coleta de dados entre os períodos chuvosos e secos. Os resultados obtidos mostraram indícios da existência de assoreamento do rio Aturiaí e que o mesmo tem um caráter antrópico nas proximidades da Vila, onde as atividades humanas causam um impacto direto na dinâmica fluvial. As atividades da pecuária, agricultura e a construção de moradias modificam consideravelmente as adjacências do rio, que tem a sua mata ciliar cada vez mais degradada, deixando-o cada vez mais exposto à deposição de sedimentos. Entretanto o fenômeno estudado mostra indícios de um caráter mais natural quando nos deslocarmos da Vila em direção à desembocadura do rio. A interferência humana nessa região dimini consideravelmente, ficando restrita a atividades como a instalação de currais, que são os principais promotores de acúmulo de sedimento ao longo do leito do rio. A influência da maré nas áreas distantes da Vila é bem maior e nos seus períodos de calmaria também parecem propícios para a formação de bancos de areia. Já nos seus períodos mais agitados, a mesma pode erodir as margens e retrabalhar o sedimento acumulado.

  • INDIRA ANGELA LUZA EYZAGUIRRE
  • Avaliação holística da dinâmica dos serviços ecossistêmicos dos manguezais e suas representações ambientais: um estudo de caso na Reserva Extrativista Caeté-Taperaçu, costa amazônica brasileira

  • Data: 28/06/2017
  • Mostrar Resumo
  • Os manguezais oferecem diversos serviços ecossistêmicos que influenciam no bem-estar humano das comunidades estuarino-costeiras, principalmente as tradicionais. No entanto, a degradação dos manguezais vem aumentando por causas naturais e antropogênicas, assim como a forma de gestão não sustentável. Os principais fatores de transformação do ecossistema de manguezal são causados pelos conflitos socioambientais na gestão, já que os serviços do manguezal são recursos comuns para as comunidades tradicionais. As relações territoriais destas comunidades dependem da qualidade e quantidade dos serviços ecossistêmicos, da mesma forma as dinâmicas sociais, econômicas e políticas, como é o caso do sistema de classificação nos manguezais do Peru e do Brasil (Santuário e Reserva respectivamente). Nesse contexto, o objetivo geral do presente trabalho foi avaliar holisticamente os serviços ecossistêmicos do manguezal no Peru e no Brasil, além de avaliar as representações ambientais das comunidades estuarino-costeiras no manguezal da Reserva Extrativista no Brasil. Os resultados evidenciaram a classificação de quatro classes de serviços: suporte, provisão, regulação e culturais em ambas unidades de conservação. Não foram encontradas diferenças significativas em ambos os países (χ2=0,465; p>0,05), mas, por outro lado, encontraram-se semelhanças e diferenças na governança ambiental do manguezal em ambos paises. Da mesma forma, as representações ambientais de nove comunidades estuarino-costeiras na RESEX Mar foram avaliadas. A partir do relato dos moradores locais, pode-se concluir que o conhecimento sobre “o que o manguezal é”, “sua função” e “o que a RESEX é” está relacionado com fatores como: i) o nível de educação, idade, gênero, atividade socioeconômica (pescadores artesanais, pescadores de caranguejo ou marisqueiras) e ii) as categorias de serviços ecossistêmicos, seguindo a distribuição discursiva das evocações ambientais. Finalmente, a identificação das representações ambientais e os serviços ecossistêmicos definem o êxito dos projetos de conservação através da inclusão participativa dos atores sociais-chave e da consulta sobre a implementação de politicas públicas para a gestão ambiental do manguezal dentro da sua governança.

  • THAMARA PEREIRA DE ANDRADE
  • Efeito da abertura de malha sobre a avaliação da composição  e dinâmica populacional dos copépodos em um estuário  tropical amazônico

  • Data: 19/06/2017
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo teve como objetivo investigar o efeito do uso de redes de plâncton com diferentes aberturas de malha na determinação da composição e dinâmica populacional dos copépodos no estuário do Taperaçu, localizado na região costeira amazônica, norte do Brasil. As coletas foram realizadas com o auxílio de redes cônicas de plâncton de 120 e 300 µm (providas de fluxômetros), através de arrastos horizontais simultâneos na subsuperfície da coluna d’água nos meses de junho, setembro e novembro de 2013, e abril de 2014, em três estações fixas distribuídas ao longo do estuário (setor superior-S1, médio-S2 e inferior-S3), em intervalos regulares de 3 horas, por aproximadamente 25h, totalizando 216 amostras. As variáveis hidrológicas, temperatura, salinidade e turbidez da água foram obtidas in situ por intermédio de CTDO`s, com sensores de turbidez, enquanto que amostras adicionais foram coletadas para a determinação em laboratório do pH, e concentrações de clorofila-a e nutrientes dissolvidos. Um total de 21 espécies de copépodos foram identificadas, estando todas presentes nas amostras de 120 µm e apenas dezenove nas amostras de 300 µm. Dentre estas, Acartia tonsa (29,8%), Acartia lilljeborgi (38,4%) e Pseudodiaptomus marshi (6,1%) foram abundantes nas redes com malha de 300 µm, enquanto Paracalanus quasimodo (10,3%) e Oithona oswaldocruzi (6,9%) foram abundantes nas redes com malha de 120 µm. Observou-se também para esta malha o recrutamento de náuplios de Copepoda (24,7%) e copepoditos de A. tonsa (8,3%) e A. lilljeborgi (15,9%), os quais mostraram elevada contribuição relativa (AR%) no número total de copépodos. Quanto aos valores de densidade das espécies dominantes, apenas P. quasimodo (7,87±31,36 a 7426,55±58554,75 ind.m-3; U=958,50, p<0,001), O. oswaldocruzi (5,50±23,53 a 2193,42±5,50 ind.m-3; F=12,73, p<0,001), bem como os copepoditos de A. tonsa (19,95±85,02 a 384,74±3754,27 ind.m-3; F=96,50, p<0,001) e A. lilljeborgi (18,86±39,12 a 918,28±6269,97 ind.m-3; F=49,39, p<0,001) apresentaram diferenças significativas entre malhas utilizadas, com os menores valores registrados nas amostras coletadas com redes de 300 µm, reforçado pela subestimação superior a 95% comparadas as abundâncias relativa obtidas com a malha de 120 µm. Considerando as duas aberturas de malha utilizadas nas coletas do zooplâncton, os resultados obtidos para as estimativas de biomassa e taxas de produção da maioria das espécies dominantes de copépodos basearam-se nos dados obtidos para a densidade. Os índices ecológicos (diversidade, equitabilidade e riqueza de espécies) não diferiram significativamente entre as malhas utilizadas. A Análise de Correspondência Canônica (ACC), juntamente com as análises de Correlação de Spearman, sugerem que os picos de densidade de algumas espécies estiveram associados as maiores tolerâncias às variações de salinidade. Adicionalmente, os dados analisados sugerem que a qualidade e a quantidade de alimento disponível, bem como a hidrodinâmica do estuário, conduzidas pela sazonalidade das chuvas, influenciaram a variabilidade espaço-temporal dos organismos estudados. Os resultados obtidos demonstram que a utilização de métodos de coleta distintos, e em especial a utilização de redes de plâncton com diferentes aberturas de malha, resulta em diferentes estimativas de densidade, biomassa e produção do mesozooplâncton, constituindo, desta forma, uma potencial fonte de “erro” quando não se leva em consideração o grupo alvo a ser coletado e suas respectivas dimensões, ou mesmo os diferentes estágios ontogenéticos presentes na área de estudo.

  • LEILIANE MONTEIRO DA SILVA
  • Variação espacial e temporal da biomassa e produção dos copépodos Acartia tonsa Dana, 1849 e Acartia lilljeborgi Giesbrecht, 1889 no estuário do rio Caeté (Litoral Amazônico)

  • Data: 19/06/2017
  • Mostrar Resumo
  •  

    O presente trabalho teve como objetivo estudar as variações espaciais e temporais (mensais e sazonais) da densidade, biomassa e produção dos Acartiidae (Acartia tonsa e A. lilljeborgi), relacionando-as com as variáveis hidrológicas, biológicas e hidrodinâmicas do estuário do rio Caeté (nordeste do Pará-Brasil). As coletas de plâncton foram realizadas através de arrastos horizontais nictimerais (25 horas) em intervalos de três horas na camada subsuperficial da coluna d´água com auxílio de redes cônicas de plâncton (200 µm). Estas coletas ocorreram durante marés de sizígia, em três estações fixas localizadas ao longo deste estuário, nos meses de setembro/2014 e dezembro/2014 (período seco), março/2015 e junho/2015 (período chuvoso), setembro/2015 e dezembro/2015 (período seco). As variáveis hidrológicas, tais como temperatura, salinidade e turbidez foram medidos in situ por intermédio de CTDO`s, enquanto que para as demais variáveis (pH e concentrações de clorofila-a) coletas adicionais de água foram realizadas para posteriores análises em laboratório. Foram observadas variações espaciais, mensais e sazonais para a temperatura da água, salinidade e turbidez, com valores médios máximos de 29,42±0,25 °C; 37,97±0,07 e 1099,37±356,58 UNT, respectivamente, os quais foram significativamente mais elevados durante o período seco, exceto para os valores de turbidez que foram mais elevados no período chuvoso. O pH e as concentrações de clorofila-a apresentaram diferenças significativas espaciais e mensais, com valores médios de 8,80±0,34 e 45,68±20,00 mg.m-3, respectivamente. As oscilações nos regimes de precipitação e as flutuações nas variáveis hidrológicas e hidrodinâmicas influenciaram diretamente a densidade, biomassa e produção de A. tonsa (0,019±0,054 ind.m-3 a 312,71±817,97 ind.m-3, F= 5,199, p<0,000; 0,121x10-3±0,363x10-3 mgC m-3 a 885,59±2396,36 mgC m-3, F= 5,211, p<0,000; modelo Hirst-Sheader: 227,44±612,92 mgC m-3 d-1, F= 5,637, p<0,000; modelo Hirst-Bunker: 253,68±693,29 mgC m-3 d-1, F= 6,462, p<0,000) e A. lilljeborgi (0,0 ind.m-3 a 478,33±1169,26 ind.m-3, F= 5,737, p<0,000; 0,0 mgC m-3 a 1896,10±3656,94 mgC m-3, F= 4,754, p<0,000; modelo Hirst-Sheader: 405,92±777,62mgC m-3 d-1, F= 4,406, p<0,000; modelo Hirst-Bunker: 507,28±1001,39 mgC m-3 d-1, F= 4,691, p<0,000) no estuário do rio Caeté. Para A. lilljeborgi foram observadas variações significativas espaciais, mensais e sazonais, no entanto, para a espécie A.tonsa apenas diferenças espaciais e mensais foram observadas. As variações do comprimento médio do prossoma de A. tonsa e A. lilljeborgi foram mais elevados durante o período chuvoso, enquanto que os menores valores foram observados no período seco. Quanto aos juvenis, os estágios CIV de A. tonsa (43,79±117,16 mgC m-3, F=2,804, p˂0,003; modelo Hirst-Sheader: 13,30±35,37 mgCm-3 dia-1, F=2,400, p<0,01; modelo Hirst-Bunker: 14,61±39,84 mgC m-3 dia-1, F= 2,680, p<0,004) e CV de A. lilljeborgi (46,38±123,30 mgC m-3, F= 4,856, p˂0,000; modelo Hirst-Bunker: 33,19±89,96 mgC m-3 d-1 F= 5,093, p<0,000; modelo Hirst-Sheader: 112,92±2,84 mgC m-3 d-1, F= 4,296, p<0,000) apresentaram os maiores valores de biomassa e produção, com diferenças significativas espaciais, mensais e sazonais. Em relação aos adultos (CVI), as fêmeas de ambas as espécies mostraram elevados valores de biomassa e produção (A. tonsa: 593,27±1.571,89 mgC m-3, F= 7,368, p˂0,000; modelo Hirst-Sheader: 147,72±390,76 mgC m-3d-1, F= 5,455, p<0,000; modelo Hirst-Bunker: 165,00±442,34 mgC m-3d-1, F= 6,307, p<0,000; A. lilljeborgi: 1.719,49±3.386,79 mgC m-3, F=4,074, p˂0,000; modelos Hirst-Sheader: 362,44±711,47, F=3,800, p>0,000; Hirst-Bunker: 452,70±873,20, F=4,134, p>0,000), apresentando diferenças significativas entre os meses, as estações de coleta e os períodos sazonais. Esta alta produtividade obtida no presente trabalho (independentemente do modelo global utilizado) pode estar relacionada às características particulares do referido estuário, tais como ampla disponibilidade de alimentos (fitoplâncton, matéria orgânica em suspensão e microzooplâncton) e águas ricas em nutrientes, o que pode favorecer o desenvolvimento e reprodução das duas espécies estudadas, já que os Acartiidae são considerados onívoros e capazes de sobreviver e reproduzir na presença de diferentes tipos de alimentos. Diante disto, pode-se assumir que estas espécies desempenham um papel importante como produtores secundários no estuário do rio Caeté, contribuindo para a transferência de energia para os níveis tróficos superiores, tais como, peixes zooplanctófagos e invertebrados carnívoros.


  • JISLENE BRITO MATOS
  • Comunidade fitoplanctônica de praias, baías e regiões portuárias do litoral maranhense: domínio de espécies autóctones ou evidências de bioinvasão?

  • Data: 16/06/2017
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo teve como objetivo estudar a estrutura fitoplanctônica, bem como a influência das variáveis ambientais sobre a dinâmica desta comunidade em três praias amazônicas do estado do Maranhão, e verificar, através do monitoramento das águas da região portuária da Baía de São Marcos e de lastro de navios que atracaram no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira (TMPM), se está ocorrendo a introdução de novas espécies fitoplanctônicas nesta região costeira do litoral amazônico. Para tanto, foram realizadas coletas dos dados hidrodinâmicos, hidrológicos e biológicos em três praias de São Luís nos anos de 2008 e 2009, enquanto que na região portuária da Baía de São Marcos foram avaliadas a comunidade fitoplanctônica e as variáveis hidrológicas da baía nos anos de 2012 e 2013. Para o monitoramento e a identificação das espécies fitoplanctônicas na água de lastro de navios que atracaram no TMPM, amostras foram coletadas nos tanques de lastro nos anos de 2012 a 2014. Nas praias de São Luís foi registrado um total de 177 táxons, sendo algumas diatomáceas quali ou quantitativamente importantes, dentre elas Asterionellopsis glacialis (Castracane) Round, Coscinodiscus jonesianus (Greville) Ostenfeld, Dimeregramma minor (Gregory) Ralfs ex Pritchard e Odontella regia (Schultze) Simonsen. A densidade fitoplanctônica total (máx. 1274,3 x 103 céls.L-1) e as concentrações de clorofila-a (máx. 20,9 mg.m-3) foram significativamente elevadas nos meses chuvosos. Além disso, a densidade fitoplanctônica total e das parcelas estudadas (microfitoplâncton e fitoflagelados) apresentaram diferenças significativas entre as praias estudadas. Na região portuária da Baía de São Marcos, a comunidade fitoplanctônica apresentou 186 táxons, sendo observada a ocorrência de Chaetoceros danicus Cleve, Coscinodiscus wailesii Gran & Angst, Pleurosira laevis (Ehrenberg) Compère e Planctonema lauterbornii Schmidle, referidas pela primeira vez para a costa maranhense, bem como de alguns representantes de microalgas potencialmente nocivas e tóxicas. A biomassa fitoplanctônica foi significativamente elevada nos meses chuvosos (11,6 ± 7,8 mg.m-3), enquanto que a densidade fitoplanctônica não exibiu padrões sazonais, apresentando picos de densidades em alguns meses do período seco, bem como em alguns meses chuvosos. Na água de lastro dos navios amostrados foram registradas 215 espécies fitoplânctônicas, sendo a maioria das espécies consideradas oceânicas (36,6%). Entretanto, várias espécies costeiras, bem como algumas de água doce, ainda não registradas no litoral maranhense foram também observadas. Espécies consideradas potencialmente tóxicas, tais como as diatomáceas Pseudo-nitzschia pungens (Grunow ex Cleve) Hasle, P. seriata (Cleve) H.Peragallo e o dinoflagelado Protoperidinium crassipes (Kofoid) Balech, bem como alguns representantes de gêneros tóxicos como os dinoflagelados Alexandrium e Gymnodinium também foram obervados na água de lastro. A densidade fitoplanctônica na água de lastro apresentou valores de até 140,4 x 103 céls.L-1 e a diversidade específica foi alta na maioria dos navios analisados. Para as praias de São Luís, os resultados obtidos sugerem que a variação na composição e na densidade do fitoplâncton nas praias estudadas esteve determinada pela interação existente entre o forte hidrodinamismo e o regime pluviométrico local, modulando as demais variáveis ambientais. Além disso, a forte influência antropogênica observada nestas praias urbanas também interferiu na dinâmica das comunidades fitoplanctônicas locais. Na Baía de São Marcos, os principais fatores reguladores da dinâmica fitoplanctônica foram a salinidade e as concentrações de nutrientes dissolvidos, as quais estiveram fortemente influenciadas pelo regime pluviométrico e pela hidrodinâmica local. Além disso, a ocorrência de espécies referidas pela primeira vez para este litoral, bem como de microalgas potencialmente nocivas e tóxicas sugere a necessidade de estudos contínuos da comunidade fitoplanctônica da área portuária da Baía de São Marcos. O monitoramento realizado na água de lastro de navios que atracaram no TMPM aponta para a possibilidade de introduções de espécies, demonstrando que a água de lastro constitui o principal processo introdução nesta área. Por outro lado, ressalta-se a importância da elaboração de estratégias de monitoramento que permitam a identificação e o acompanhamento de espécies invasoras marinhas presentes na água de lastro de navios que atracam no TMPM e em outros ambientes amazônicos a fim de mitigar problemas oriundos da introdução de espécies alóctones na região.

  • DANILLO JORGE FIGUEIREDO DA SILVA
  • Delimitação molecular de espécies dos pargos vermelhos (Lutjanidae – Perciformes) do Atlântico Ocidental e Pacífico Leste

  • Data: 02/06/2017
  • Mostrar Resumo
  • Métodos de delimitação de espécies estão ficando cada vez mais importantes em biologia, especialmente se tratando de questões relacionadas à conservação da biodiversidade e biologia sistemática. Neste contexto, a utilização destas abordagens se torna necessária para criação de planos de manejo. A família Lutjanidae representa um dos recursos pesqueiros marinhos mais explorados. Neste estudo foi comparado quatro métodos de delimitação de espécies em um grupo de três espécies de pargo do Atlântico Sul (L. purpureus, L. vivanus e L. buccanella) e uma do Pacífico (L. peru). Os métodos comparados são baseados em similaridade de distância genética ou em árvores: GMYC, PTP, BPP e ABGD. Adicionalmente, nós inferimos as relações evolutivas dentro deste grupo usando uma abordagem multilocus. Foram sequenciados quatro marcadores moleculares, dois mitocondriais e dois nucleares. Em geral todos os métodos suportaram a existência de quatro espécies de pargos, consistentemente com a taxonomia morfológica. Algumas incongruências na delimitação de espécies ocorreram entre as metodologias devido a fatores como a escolha de métodos de reconstrução filogenética (máxima verossimilhança ou agrupamento de vizinhos) e os priors de árvore (priors colescente ou Yule). A comparação entre o DNA mitocondrial e nuclear revelou que o DNAmt é mais adequado que o DNAnu para discriminar espécies quando se usa limiar de similaridade genética. Com base na análise de distância genética, podemos supor que a espécie L. buccanella descende a partir de uma linhagem mais antiga que a linhagem que deu origem ao trio L. purpureus, L. peru e L. vivanus. A análise da árvore de espécie recuperou este último grupo como sendo monofilético, com a espécie L. vivanus como grupo irmão do par L. peru e L. purpureus, que são consideradas espécies germinativas. No geral, esse estudo é congruente com a taxonomia baseada em morfologia dos pargos vermelhos analisados.

  • GUSTAVO BEZERRA DE MOURA
  • Conhecimento ecológico local sobre os invertebrados dos manguezais da reserva extrativista marinha Caeté-Taperaçu, Bragança, costa amazônica brasileira

  • Data: 31/05/2017
  • Mostrar Resumo
  • Os extrativistas estuarino-costeiros das comunidades de dentro e do entorno da área da Reserva Extrativista Marinha (RESEX Mar) Caeté-Taperaçu usam os recursos dos manguezais para alimento e comercialização, principalmente os crustáceos e os moluscos. No intuito de entender a representação ambiental desses invertebrados, o presente estudo objetivou acessar o conhecimento ecológico local dos extrativistas estuarino-costeiros das comunidades Taperaçu-Campo e Tamatateua sobre os invertebrados terrestres e aquáticos que habitam o ecossistema manguezal. Foram realizadas 18 entrevistas semiestruturadas utilizando o método de bola de neve, onde o primeiro contato indicou os seguintes. Foram registradas 127 citações de invertebrados cuja classificação no menor nível taxonômico possível totalizou 24 táxons. Os invertebrados foram separados em grupos por similaridade taxonômica gerando seis grupos. A Infraordem Brachyura foi o grupo mais citado com 43% das evocações, seguido pelo Filo Mollusca (34%), classe Malacostraca (15%), Insecta (4%), Polychaeta (4%) e Aracnida (1%). As nuvens de palavras mostraram que os vocábulos mais evocados para a infraordem Brachyura e filo Mollusca referentes ao seu Habitat foram “lama” e “buraco” e “pau” e “mangue”, respectivamente, enquanto para a Morfologia e Dimorfismo Sexual os termos “unha” e “vermelho” foram os mais citados para os braquiúros, enquanto “branco” e “cabeça” para os moluscos. Com relação à Alimentação as palavras em evidência foram “folha” e “mangue” para os braquiúros e “mangue” e “pau” para os moluscos, enquanto para Reprodução “ficar” e “fêmea” e “não” e “saber”, respectivamente. Em geral, os resultados mostraram que os respondentes possuem maior conhecimento sobre a ecologia dos invertebrados que eles usam como alimento e geram renda, como o caranguejo-uçá (Ucides cordatus) e sururu (Mytella sp.). De fato, os extrativistas estuarino-costeiros que usam os recursos dos manguezais da Reserva Extrativista Caeté-Taperaçu possuem rico conhecimento ecológico local sobre os invertebrados associados a esse ecossistema, principalmente quando são consideradas as diferentes características analisadas como o local onde são encontrados, sua aparência, comportamento alimentar e reprodutivo, o que na maioria das vezes é compatível com o conhecimento científico existente sobre os táxons relatados pelos respondentes.

  • CRISTINEY DOS SANTOS
  • Macrofauna bentônica e variáveis limnológicas associadas ao desmatamento ripário e sazonalidade em riachos de primeira ordem

  • Data: 30/05/2017
  • Mostrar Resumo
  • Em ecossistemas aquáticos tropicais, macroinvertebrados bentônicos são fortemente influenciados pela integridade da vegetação ripária. O objetivo deste estudo foi investigar em riachos tropicais de planície de primeira ordem se o desmatamento ripário e o período do ano estão associados a estrutura das assembleias de macroinvertebrados bentônicos. Macroinvertebrados e variáveis físicas e químicas da água foram coletadas nos riachos Camutá, Cururutuia e Fazendinha, na zona inferior do rio Caeté, Pará, Brasil durante o período seco e chuvoso em sítios com baixo, médio e alto grau de desmatamento ripário. Comparações entre os três tipos de sítios, sugerem que o desmatamento pode alterar a estrutura da macrofauna, eliminando táxons sensíveis a aumentando abundância de táxons tolerantes. Temperatura da água, concentração de oxigênio dissolvido, pH e vazão foram os fatores significativamente associados com a composição taxonômica. A temperatura da água foi significativamente maior em sítios com alto grau de desmatamento no riacho Camutá. O pH, condutividade e vazão variaram significativamente entre os períodos nos três riachos. O número de indivíduos foi significativamente maior em sítios com alto desmatamento e no período seco apenas no riacho Camutá. Famílias de Ephemeroptera, Trichoptera e Coleoptera (Scirtidae) foram associados a Baixo desmatamento e Tubificidae, Naididae e Glossiphonidae a Alto. O desmatamento é um importante fator estruturador de assembleias bentônicas nestes riachos de planície tropical de primeira ordem. Devido a importância de riachos de primeira ordem no ciclo hidrológico e funcionamento do ecossistema, é essencial a gestão adequada de zonas ripárias em riachos, a fim de conservar a diversidade biológica e recursos aquáticos para presentes e futuras gerações.

  • DANIELA DE NAZARÉ TORRES DE BARROS
  • Do manguezal à escola, da cartilha à multimídia:  o uso da animação no ensino da educação básica na  zona costeira da amazônia brasileira

  • Data: 29/05/2017
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo utiliza as novas mídias e tecnologias como recurso didático no intuito de verificar o seu efeito na aprendizagem, levando em consideração o conhecimento prévio dos discentes do 5º ano do Ensino Fundamental de escolas públicas da zona rural no município de Bragança-Pará. A pesquisa de campo foi realizada em duas escolas situadas no entorno de áreas de manguezal, onde a prática do extrativismo faz parte do cotidiano dos habitantes locais. Foi utilizado um questionário com perguntas dissertativas para acessar o conhecimento prévio sobre o conteúdo “Ecologia” utilizando como tema o ecossistema manguezal. Na fase seguinte, os discentes foram submetidos a uma aula formal sobre esse conteúdo e testados, então o mesmo procedimento foi realizado após a exibição da animação sobre o mesmo conteúdo. Os resultados da análise de variância de Friedman, para ambas as escolas, apresentaram diferença significativa (Fr=10,2; gl=2; p<0,01) entre as duas fases da pesquisa. Considerando os dois momentos de aquisição de conhecimento (“formal” e “animação”), a análise post hoc entre a fase “animação” e a fase “formal” mostrou diferença significativa (p<0,05) para ambas as escolas. Além do mais, houve um aumento de cerca de 20% das respostas certas entre elas. Isto implica em uma melhora substancial no desempenho do discente sobre o tema proposto, ressaltando que o uso de um recurso pedagógico embasado no conhecimento tradicional possui maior eficácia e melhor contribuição, refletindo positivamente no aprendizado do discente.

  • PATRICK DOUGLAS CORRÊA PEREIRA
  • Neuroecologia de aves da família charadriidae: Estudos arquitetônicos, estereológicos e filogenéticos

  • Data: 29/05/2017
  • Mostrar Resumo
  •  

    As espécies Charadrius semipalmatus e Charadrius collaris pertencem ao grupo das batuíras (Família Charadriidae), que são aves migratória e não migratória respectivamente, que utilizam a costa norte brasileira para forrageio. Nas aves migratórias, o hipocampo é importante para recuperar memórias relacionadas aos locais de parada, bem como os detalhes de ambos os habitats de reprodução e invernada. O hipocampo executa um papel importante no processamento de memória espacial destes organismos, tornando-os excelentes modelos para investigar o efeito do comportamento nesta região. Este trabalho tem o objetivo investigar se as respostas adaptativas do hipocampo ao comportamento migratório estão relacionadas com a migração e/ou com o padrão evolutivo entre espécies migrantes e não migrantes pertencentes ao gênero Charadrius. Os indivíduos de C. collaris e C. semipalmatus foram coletados em ilhas do litoral bragantino utilizando redes de neblina. As aves foram medidas, anestesiadas, identificadas enquanto espécies utilizando suas características morfológicas, tiveram amostras de tecido muscular coletadas e foram perfundidas por via transcardíaca. O encéfalo foi cortado no plano coronal, as secções foram coradas pela técnica de Nissl e imunomarcadas para NeuN, DCX e C-fos. Os números de células, volume da formação hipocampal e volume do soma celular foram estimados através do Fracionador Óptico, Cavalieri Estimator e Nucleator, respectivamente. O DNA total foi extraído para posterior sequenciamento do fragmento citocromo oxidase c subunidade I (COI) para gerar arvores filogenéticas de inferência Bayesiana, máxima verossimilhança, medidas de distância genética e analises dos contrastes filogenéticos. Os resultados mostraram que a anatomia da formação hipocampal observada em C. semipalmatus e C. collaris corrobora o observado para as aves em geral. Os resultados estereológicos evidenciaram que a espécie migratória possui maior volume da formação hipocampal, número de neurônios maduros e neurogênese, quando comparado a espécie não migratória, entretanto não houve diferença no volume dos somas de neurônios e células em atividade. Os resultados moleculares demonstraram não haver correlação entre as características da formação hipocampal e as distâncias evolutivas entre aves migrantes e não migrantes, indicando que as diferenças no número de células assim como o volume da formação hipocampal não ocorrem em razão da distância filogenética entre as espécies. Diante disso, evidencia-se a existência de diferenças neuroanatômicas na formação hipocampal de aves migrantes e não migrantes. E exclui-se os fatores divergência evolutiva como responsáveis por estes arranjos arquitetônicos.


  • CAMILA DE NAZARE ARAUJO CARDOSO
  • Delimitação de áreas prioritárias à conservação em ilhas do Estuário do Guajará (Pará) a partir de dados biológicos de camarões palaemonidae (Crustacea, Decapoda) capturados com matapi

  • Data: 23/05/2017
  • Mostrar Resumo
  • O presente trabalho teve como objetivo estudar a variabilidade espacial da densidade, diversidade e padrões reprodutivos de crustáceos Decapoda, assim como a complexidade ambiental e o uso do habitat das espécies para a definição de áreas prioritárias à conservação. Para tal, foram realizadas coletas trimestrais entre outubro de 2013 a agosto de 2014 nos períodos chuvoso (dezembro a agosto) e seco (junho a novembro), utilizando a arte de pesca artesanal mais comum na região e bastante direcionada à captura de camarões Palaemonidae, o matapi. Foram capturados 13407 espécimes, distribuídos em 6 famílias, onde foi observado uma elevada riqueza de espécies, especialmente no período de chuvas, classificando a área amostrada como de alta à muito alta prioridade à conservação. A abundância relativa, que foi obtida através da captura por unidade de área em número (CPUAn) e em biomassa (CPUAb), refletiu prioridades alta e muito alta na porção mais ao norte da área de estudo. Quanto ao uso do habitat, notou-se que a região das ilhas estudadas é usada principalmente como berçário mais intensamente no período seco. Os maiores valores de percentual de reprodução foram observados na porção sul da área amostrada nas duas estações. A grande maioria das espécies capturadas se classificou como onívora e a maior quantidade de guildas tróficas foi observada no período chuvoso. As curvas de abundância e biomassa elucidaram que as ilhas de Cotijuba e Combu traduzem maior sensibilidade ambiental e o espectro de tamanho, que mostrou que a maioria dos indivíduos capturados esteve abaixo de 20 mm de comprimento da carapaça, traduzindo quase toda a área estudada como de alta a muito alta prioridade à conservação. Sabendo-se do intenso uso de matapis na região estudada, as informações obtidas no presente trabalho podem ainda ser utilizadas como base para gestão do uso dessa armadilha como medida de conservação do estoque de crustáceos, sobretudo as espécies alvo como é caso de Macrobrachium amazonicum. Neste contexto, a metodologia aplicada usando a ferramenta SIG, possibilitou a geração de mapas que permitiram visualizar possíveis cenários que podem ser trabalhados na gestão de forma mais específica, considerando as particularidades de cada local.

  • ANA CAROLINA AVIZ DOS SANTOS
  • Investigação de zonas de contato entre linhagens críptica de Chatogekko amazonicus Andersson, 1918 (Sphaerodactylidae, Gekkota), através da inclusão de nova amostragem ao longo da bacia amazônica, utilizando de inferênrias moleculares.

  • Data: 13/05/2017
  • Mostrar Resumo
  • Lagartos são excelentes modelos para a investigação dos padrões biogeográficos e filogenéticos, haja visto que apresentam baixa capacidade de dispersão em comparação a outros grupos de vertebrados, além de serem taxonomicamente diversificados e relativamente abundantes. Chatogekko amazonicus é uma espécie amplamente distribuída ao longo da bacia amazônica, tornando-se importante na investigação dos padrões biogeográficos e filogeográficos dessa região. O objetivo deste trabalho consistiu em ampliar a área amostrada dos trabalhos anteriormente descritos, afim de encontrar possíveis zonas de contato entre as linhagens. A metodologia consistiu na amplificação do gene 16S (mitocondrial) e Cmos (nuclear) de 125 indivíduos distribuídos ao longo da região para posterior análises filogenéticas. As áreas de distribuições das linhagens foram ampliadas e foram identificados uma zona de contato entre as linhagens A e E, próximo ao rio Trombetas, na população de Óbidos Trombeta. A diversificação do grupo data do Mioceno tardio, momento de incursões marinhas e formação da drenagem atual do rio Amazonas e coincidindo ainda, com o tempo de diversificação de vários outros táxons sul americanos. Nossos resultados ainda sugerem que o rio Amazonas é uma barreira parcial no isolamento geográfico das linhagens A e B. Este estudo fornece novos dados acerca das áreas de distribuição destas linhagens, assim como, zonas de contato entre linhagens. Desta forma, os presentes dados são importantes para a delimitação das áreas das linhagens de Chatogekko amazonicus, assim como para a determinação de áreas de zonas de contatos que possam ser usadas em futuros estudos.

  • FLAVIA GISANE SOARES DA SILVA
  • Avaliação da estrutura de macroinvertebrados bentônicos em riachos urbanos e rurais de São Miguel do Guamá, estado do Pará, utilizando substratos artificiais

  • Data: 28/04/2017
  • Mostrar Resumo
  • A biodiversidade de cursos de água doce têm declinado devido à degradação do habitat e poluição orgânica, especialmente em áreas urbanas. O biomonitoramento com macroinvertebrados bentônicos complementa a avaliação da qualidade da água, especialmente quando a poluição é orgânica. A estrutura macrofaunal bentônica foi avaliada em riachos tropicais urbanos e rurais de planície utilizando substratos artificiais nos períodos chuvoso e seco de 2011, 2012 e 2015/2016 em São Miguel do Guamá, Pará, norte do Brasil. Entre 45 táxons, 81% da abundância foi representada por Naididae e Tubificidae, ambos indicadores de córregos urbanos, e Chironomidae, que dominaram toda a amostragem. A macrofauna é menos diversificada em riachos urbanos com baixo teor de oxigênio dissolvido, pH baixo e alta condutividade e zona riparia degradada. A diversidade é maior no período chuvoso, possivelmente associada a maior disponibilidade de hábitats e alimentos, e nos riachos rurais com menores níveis de degradação do habitat. Famílias com as maiores abundâncias na zona rural foram Ampullariidae, Hydrachinidae, Elmidae, Hydroptilidae, Polycentropodidae, Ephemerellidae, Leptophlebiidae, Metretopodidae e aquelas registradas apenas nessa zona foram Palaemonidae, Hydropsychidae, Limnephilidae e Ephemeridae. Os riachos rurais têm menor variação ambiental, maior qualidade biológica da água e curvas de abundância ranqueada que são mais equitativas do que em riachos urbanos. Não houve diferenças sazonais na estrutura macrofaunal, com as abundâncias dos três táxons dominantes sendo semelhantes nos dois períodos, no entanto, algumas famílias como Corduliidae (zona urbana), Brachycentridae, Leptoceridae, Mollanidae e Synlestidae (zona rural), foram exclusivas do período chuvoso e a família Calopterygidae que ocorreu somente no seco. Os substratos artificiais mostram uma macrofauna mais abundante e diversa do que a amostragem manual do sedimento e, portanto, são mais eficientes na biomonitorização da degradação do habitat e da poluição orgânica em riachos de planície tropical.

  • LEILTON WILLIANS RIBEIRO LUNA
  • Estudo genético e modelagem da distribuição de nicho climático das espécies do gênero antilophia (Aves: Pipridae)

  • Data: 27/04/2017
  • Mostrar Resumo
  • Para determinar um cenário hipotético que explique a diversificação das duas espécies do gênero Antilophia, realizamos comparações moleculares multilocus e modelagem de distribuição de espécies para os dois taxa, os quais os machos possuem distintos padrões de coloração da plumagem e distribuições geográficas alopátrica, apesar do alto grau de similaridade genética indicada por estudos recentes. Foram analisados três fragmentos mitocondriais e três nucleares. Os resultados indicam uma clara diferença na diversidade genética das duas espécies, mas com amplo compartilhamento de haplótipos em todos os marcadores analisados, refletindo a ausência de monofilia recíproca, presumivelmente devido à relativamente recente e ainda incompleta separação das duas espécies. Os modelos de distribuição paleoclimáticos, juntamente com o perfil genético observado, indicam um recente processo de divergência por isolamento geográfico nas populações ancestrais das duas espécies. Esse cenário coincide com os recentes eventos climáticos da diagonal seca da América do Sul, que envolve as florestas de galeria do bioma Cerrado e os enclaves de floresta úmida das florestas tropicais sazonalmente secas da Caatinga, entre o Pleistoceno tardio e o Holoceno médio.


  • MAYRA SOUSA DO NASCIMENTO
  • Etnotaxonomia e morfologia dos peixes da família mugilidae (Teleostei:Perciformes) na costa norte do Brasil

  • Data: 19/04/2017
  • Mostrar Resumo
  • Diante da importância social, econômica e ecológica das espécies do gênero Mugil, este trabalho, que encontra-se estruturado em dois capítulos, buscou, no primeiro, estudar o desempenho da morfometria linear na discriminação de espécies do gênero Mugil da costa Norte brasileira. As coletas foram realizados de novembro de 2011 a julho de 2014, na Península de Ajuruteua-PA e um ponto na Baía de São Marcos-MA. Dos 805 espécimes analisados, 316 eram M. curema, 273 M. brevirostris, 33 M. incilis, 25 M. liza e 158 Mugil spp. Posteriormente, 23 medidas foram aferidas para cada exemplar. A análise de componentes principais (PCA), a validação cruzada e análise de cluster foram realizadas a partir dos dados transformados, com o intuito de verificar a robustez dos caracteres para a identificação de Mugilídeos. Sete variáveis obtiveram as melhores correlações. Das cinco espécies estudadas, M. incilis foi a mais diferenciada. M. brevirostris e Mugil. spp possuem grupos centróides próximos. Na análise de agrupamento foi possível observar a formação de dois grupos, onde o primeiro é formado por M. liza e M. incilis. A validação cruzada demonstrou elevada eficácia na identificação a partir das características selecionadas na PCA (98,26% com a identificação prévia). Apesar de apresentarem diferenças estatísticas e um elevado percentual médio de classificação de indivíduos por espécies, as diferenças macroscópicas ligadas a variação da forma das espécies do gênero Mugil são muito sutis. O segundo capítulo buscou identificar as principais características utilizadas pelos pescadores artesanais da Reserva extrativista Caeté Taperaçú, Bragança, Pará, para a identificação das espécies da família Mugilidae, ocorrentes na região, buscando fornecer ferramentas para a identificação rápida destes peixes. Foram aplicados questionários semiestruturados a 28 pescadores sendo que, a maioria destes (65%), moram na vila desde o nascimento e estão envolvidos na atividade pesqueira há no mínimo 12 anos. Oito genéricos folk foram identificados pelos pescadores, dentre eles, ‘Tainha’, que foi o nome vernacular mais utilizado para definir o gênero Mugil. Cada espécie científica tem pelo menos dois genéricos folk e um específico folk. Mugil curema, Mugil rubrioculus e M. trichodon tiveram a mesma definição, ‘Tainha chata’. A etnoespécie ‘Caica’ foi citada pelo menos uma vez para a maioria das espécies científicas. Porém, este nome é mais frequentemente citado para a espécie Mugil brevirostris, que é a menor espécie ocorrente na região Norte. As principais características utilizadas pelos pescadores eram morfológicas, entretanto, caracteres comportamentais também foram levadas em consideração. Tais resultados devem ser considerados para a elaboração de chaves etnotaxonômicas que facilitem a identificação rápida das espécies do gênero Mugil capturadas em pescarias artesanais e industriais da região.

  • FERNANDA DE NAZARE PEREIRA GOMES
  • Estrutura populacional de Leontocebus weddelli (Deville, 1849) (Primatas, Callitrichinae) das regiões de Rondônia e Peru, por meio de marcadores mitocondriais

  • Data: 25/03/2017
  • Mostrar Resumo
  • Inicialmente classificado como Saguinus, o gênero Leontocebus teve sua taxonomia revista recentemente e atualmente agrupa nove espécies. Este gênero possui ampla distribuição na Amazônia Peruana e em parte da Amazônia Equatoriana, Boliviana e Brasileira. Uma das explicações para a distribuição de primatas amazônicos diz respeito à dispersão a partir de refúgios florestais do Pleistoceno. Diversos estudos biogeográficos sugerem que os rios Amazônicos podem atuar como barreiras, assim como os refúgios pleistocênicos, são os grandes responsáveis pela atual distribuição de vários grupos de vertebrados, inclusive primatas. Foi obtido um fragmento de 1336 pares de base do genoma mitocondrial (Região Controle + Citocromo b) de espécimes de Leontocebus weddelli coletados nas margens direita e esquerda do Rio Jamari (Rondônia - Brasil) e de dois pontos amostrais do Peru (Rio Madre de Dios e Rio Tambopata), estando estes pontos de amostragem localizados nas áreas de endemismo Rondônia e Inambari, respectivamente. Desta forma, este trabalho tem como objetivo avaliar o padrão de estruturação genética populacional nos extremos da distribuição desta espécie e testar se as hipóteses de rios/refúgios pleistocênicos tiveram alguma influência no padrão de estrutura e variabilidade genética desta espécie. Todas as análises do presente estudo evidenciam estruturação genética entre as duas regiões de amostragem (Peru e Brasil). Nota-se a ausência de compartilhamento de haplótipos entre as localidades do Peru e Brasil. O compartilhamento de haplótipos foi observado apenas entre os pontos amostrados no Brasil, evidenciando que o Rio Jamari não representa uma barreira para esta espécie de primata neotropical. Além disso, os dados demonstram a existência de três clusters estabelecidos em Rondônia, destes dois demostram-se misturados entre as margens direita e esquerda do Rio Jamari, sendo apenas um cluster exclusivo da margem direita. De acordo com as estimativas do tempo de divergência, a diversificação de L. weddelli do Peru e Rondônia ocorreu a cerca de 821.000 anos atrás, esta separação provavelmente ocorreu como consequência da formação do complexo sistema de drenagem da bacia. As duas regiões de amostragem são separadas pelos rios Beni e Mamoré, afluentes do Rio Madeira. Contudo, apenas a hipótese dos rios como barreiras não explica todo o padrão de estruturação genética observado no presente estudo, dentro de Rondônia observa-se a formação de três clusters distintos de L. weddelli que se diversificaram nos últimos 370.000 anos e estes não possuem nenhuma barreira física evidente. O isolamento em refúgios florestais do Pleistoceno parece ter sido o fator mediador da diversificação destes clusters, esta hipótese tem sido largamente discutida no processo de especiação de várias espécies, incluindo primatas. Tal estruturação genética é corroborada pela existência de possíveis áreas de refúgios florestais no estado de Rondônia, próximo a Porto Velho tal como postulado por Haffer & Prance (2002). Este é o primeiro trabalho que analisa o padrão de estruturação populacional de L. weddelli e o relaciona com o processo de diversificação na área de ocorrência da espécie.

  • ITALO ANTONIO DE FREITAS LUTZ
  • Variação temporal da captura de elasmobrânquios desembarcados em Bragança-Pa e estimativa de um modelo preditivo da produção de tubarões no litoral norte/nordeste do Brasil

  • Data: 13/03/2017
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo está estruturado em dois capítulos. O primeiro capítulo teve como objetivo caracterizar a variação temporal das capturas de elasmobrânquios desembarcados em um pólo pesqueiro na costa Norte do Brasil, e constatar as variáveis que influenciam nas flutuações da CPUE. Dados censitários de desembarques pesqueiros foram catalogados de abril de 2008 a outubro de 2010 em 11 portos na península de Ajuruteua, a partir de formulários semiestruturados. As embarcações e apetrechos de captura foram enquadradas em categorias que foram testadas separadamente e de forma combinada. Foram identificados cinco tipos de embarcações, e 14 diferentes formas de captura. Registrou-se um total de 2359 desembarques, 789 em 2008, 1.243 em 2009 e 327 em 2010, com uma produção total de 354 t. Para tubarões/cações as maiores produções ocorreram no ano de 2009, com barcos de médio porte, para raias, a maior produção ocorreu no ano de 2009, na categoria de barco canoa motorizada. Os resultados da Ancova indicam que a CPUE depende das variáveis transformadas por logaritmo: precipitação, dias de mar, tripulação, tipo de barco e categoria da arte de pesca. É perceptível a redução dos desembarques de elasmobrânquios, ao longo dos anos, na península de Ajuruteua-PA, o que ocorre, aparentemente, em resposta ao decréscimo da densidade dos estoques. O segundo capítulo teve como objetivo estimar um modelo preditivo da produção de tubarões no litoral Norte/Nordeste brasileiro. Catalogou-se dados sobre a produção de tubarões capturados como bycatch da pesca licenciada de emalhe na área costeira no Norte e Nordeste do Brasil, desembarcados em portos estratégicos de quatro estados da região entre os anos de 1995 e 2007. Registrou-se um total de 5.781 desembarques, com produção total de 2.062,69 toneladas de tubarões. As oscilações de produção são evidentes em praticamente todos os estados, com alta produção entre 1998 e 2000 no estado do Pará, associada a um aumento no número de desembarques e do esforço pesqueiro. O rendimento máximo sustentável estimado foi de pouco mais de 320 toneladas para 21.416 dias de mar. A julgar pelos dados estipulados para os quatro municípios do Pará, as capturas estão muito além do máximo desde 2009, demonstrando um esforço superior ao máximo sustentável. Por fim, o investimento na obtenção de dados pesqueiros detalhados deveria ser uma ação prioritária na gestão pesqueira. No entanto, na região Norte, que inclui o estado com a maior produção extrativista de pescado do país, ainda carece de iniciativas desta natureza.

  • WELLINGTON MATHEUS GOMES DE LIMA
  • Composição das capturas de uma nova pescaria industrial e estudo sobre o estado da pesca marinha desembarcada na costa norte do Brasil de 1995 a 2010 por meio da reconstrução de dados estatísticos

  • Data: 13/03/2017
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo foi estruturado em dois capítulos. O primeiro teve como objetivo elucidar a composição da captura das embarcações licenciadas para atuar com a licença para 'peixes diversos'. Para isso, as pescarias industriais licenciadas foram acompanhadas por observadores de bordo, entre a fronteira da Guiana Francesa com o Brasil e a divisa dos Estados do Piauí e Ceará, nos períodos de janeiro, abril e julho de 2013 e em abril, maio, agosto e setembro de 2014. Foram capturados 115,505 kg de pescado, distribuídos em 22 espécies. O período seco foi o mais representativo com total de 49.183 kg, seguido do período transição (43.152 kg) e em menor representatividade o chuvoso (23.170 kg). Macrodon ancylodon evidencia ser a espécie alvo destas capturas, a julgar pelos volumes produzidos (79,6%). Considerando que a licença para peixes diversos foi instituída como alternativa às pescarias de camarões marinhos no defeso, reitera-se a necessidade de um monitoramento efetivo dos volumes e espécies capturadas tendo como base que são registradas espécies de baixa resiliência na riqueza deste novo sistema. O segundo capítulo teve como objetivo verificar se as pescarias na costa Norte brasileira já tendenciam suas produções a um fenômeno descrito como “declínio das cadeias alimentares pesqueiras”. As informações obtidas são referentes a desembarques ocorridos nos estados do Amapá e Pará nos períodos de 1995 a 2010. Os resultados demonstram que a produção no Pará chegou a quase 2.400 toneladas em 2002 sofrendo uma queda significativa total até 2010, o contrário ocorreu no estado do Amapá com um incremento da produção a partir de 2008. Nas categorias ecológicas de grandes, médios e pequenos pelágicos é perceptível um aumento abrupto no volume desembarcado no ano de 2009, posteriormente, houve oscilações da produção dessas categorias, com exceção dos pequenos pelágicos. Os peixes demersais, Chondrichthyes e crustáceos apresentaram um aumento na produção no ano de 2002 e oscilações nos anos seguintes. No estado do Amapá, o nível trófico médio das espécies desembarcadas foi constante, entretanto, no Pará, um declive acentuado foi observado entre os anos de 1995 e 1997, e a partir de então, foi possível observar flutuações que mantiveram a amplitude dos níveis tróficos entre 2.3 e 2.5. Com isso, é possível inferir que há um nítido decréscimo dos níveis tróficos das espécies desembarcadas no período

  • ANDREY JEFERSON FERREIRA BATISTA
  • Geometria, morfologia e sedimentologia de cordões litorâneos  da praia da princesa (Ilha de Maiandeua/Pa – Brasil) e sua relação  com a topografia antecedente

  • Data: 05/03/2017
  • Mostrar Resumo
  • Esta dissertação tem como alvo de sua pesquisa a Praia da Princesa na planície costeira de Algodoal, Ilha de Maiandeua, Município de Maracanã, onde foram investigados a evolução dos processos sedimentares e a topografia com o objetivo de entender o padrão de variação da linha de costa local. A área de estudo está dentro do contexto da região amazônica, com regime de macromarés (variação entre 3,8 e 5,5 m ao longo do ano), ondas com altura de 0,4 a 1,3 m, clima de característica tropicais, quente e úmido, com temperaturas variando entre 24°C e 32°C e média de precipitação anual entre 2300mm e 2800 mm. Os valores de topografia foram obtidos através de dados de SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) e a estratigrafia foi investigada a partir dos radargramas obtidos com a utilização de GPR (Ground Penetrating Radar) em perfis ao longo da região em questão. Na região os perfis apresentaram radargramas com boa definição, devido a presença de sedimento arenoso e seco e foi possível observar as variações no padrão sedimentar principalmente nos perfis mais longos e de forma mais bem definida no perfil perpendicular à linha de costa. Foram encontrados indícios da formação da barreira transgressiva em cenário de nível de mar relativamente estável e posterior progradação da linha de costa pelo intenso aporte de suprimento sedimentar arenoso trazido pelo mar. Também é possível notar a presença de dois pacotes de diferentes de areia: aquele constituído da areia depositada na face praial ou no pós-praia pela ação das ondas e correntes e que é responsável pela progradação da costa e o pacote eólico, onde a areia é transportada formando os lençóis arenosos que estão transgredindo em direção ao continente. Estes resultados evidenciam um cenário de costa progradante com características transgressivas, situação que já foi observada em outros pontos da costa do nordeste paraense.

  • ELVIS SILVA LIMA
  • As corredeiras da volta grande do rio Xingu, Amazônia: uma barreira para Castalia ambigua (Bivalvia, Unionida, Hyriidae)?

  • Data: 21/02/2017
  • Mostrar Resumo
  • Castalia ambigua é uma espécie de bivalve de água doce Neotropical que depende dos peixes para a sua dispersão, aos quais parasita em sua fase larval. Pouco se conhece sobre as consequências de barreiras naturais sobre a diversidade genética dos bivalves amazônicos e, com a construção da Hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, abaixo das corredeiras da Volta Grande, faz-se urgente estudar as espécies deste rio, especialmente no entorno da hidrelétrica. O presente estudo visou comparar geneticamente populações de C. ambigua coletadas à jusante e à montante das corredeiras a fim de verificar se estas eram homogêneas, além disso foi investigada a presença de heteroplasmia do DNA mitocondrial. A amostragem foi consistuída por 113 indivíduos coletados em cinco sítios à montante (N= 49) e três à jusante (N= 64), que foram identificados e sexados. O DNA foi extraído do músculos adutores e das gônadas. Foram sequenciados os fragmentos de DNA mitocondrial (mtDNA) do gene da citocromo c oxidase subunidade I (COI) e do DNA nuclear da região espaçadora do transcrito interno 2 (ITS2). Os resultados obtidos a partir das sequências da COI mostraram a presença de heteroplasmia (mtDNA M e F) nas gônadas dos machos e apenas mtDNA F em seus músculos. As fêmeas apenas apresentaram a linhagem mtDNA F em ambos os tecidos. Estes resultados foram consistentes com a existência de DUI nesta espécie. Foi verificada que há estruturação entre as populações coletadas à jusante e à montante das corredeiras, tanto para as sequências de COI de mtDNA F, como nas de mtDNA M e nas do ITS2. A datação, baseada nas sequências de COI mtDNA F sugere que a separação entre as populações à jusante e à montante ocorreu há cerca de 10 milhões de anos atrás (Mioceno). Estes dados são de importância para elaboração de projetos de manejo e conservação nessa área, já que a mesma está sendo alvo de grandes impactos ocasionados pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

  • DIEGO SIMEONE FERREIRA DA SILVA
  • Estrutura da assembleia de macroinvertebrados e densidade de bivalves de água doce em meandros de um rio amazônico.

  • Data: 16/02/2017
  • Mostrar Resumo
  • Este estudo investigou a fauna de macroinvertebrados de meandros com bancos de bivalves, no rio Caeté, norte do Brasil, para determinar se há diferenças espaciais na estrutura da assembleia de macroinvertebrados e identificar as variáveis físico-químicas mais fortemente associadas com macroinvertebrados e a densidade de bivalves de água doce. A estrutura da assembleia de macroinvertebrados (abundância, composição, número de famílias e grupos funcionais), densidade de bivalves de água doce, e variáveis físico-químicas, foram registradas em duas zonas no meandro, denominadas a curva do meandro (MB) e o centro do meandro (MC), com baixa e alta velocidade da água, respectivamente. Abundância de macroinvertebrados não variou entre zonas, mas em ambas as zonas, abundância foi positivamente associada com baixos valores de pH e alta condutividade elétrica. Baixa velocidade da água em MB foi associada com o aumento significativo do número de famílias de macroinvertebrados, grupos funcionais e altas densidades de bivalves, como também diferenças na composição de macroinvertebrados e baixos valores de dominância. Nas zonas MB e MC, 28 e 13 famílias foram encontradas das quais 20 e 5 contribuíram para 98.8% da abundância total, respectivamente e 16 foram exclusivas da zona MB. Herbívoros, fragmentadores, raspadores, coletores, sugadores, predadores e filtradores ocorreram na zona MB, enquanto na zona MC, apenas herbívoros, coletores e filtradores foram presentes. Adicionalmente, valores de conteúdo de matéria orgânica e silte foram maiores na MB. Surpreendentemente, não teve diferenças na assembleia de macroinvertebrados entre áreas com diferentes densidades de bivalves, mostrando que mesmo onde bivalves são escassos, sua presença é importante para a manutenção da diversidade aquática. No rio Caeté, habitats com baixa energia hidrodinâmica nos meandros, são importantes para a diversidade taxonômica e funcional de macroinvertebrados, como também estabelecimento e manutenção de bancos de bivalves.

2016
Descrição
  • LUCIANA ALMEIDA WATANABE CASTRO
  • Análise do transcriptoma e identificação de micrornas em diferentes tecidos de pirarucu, Arapaima gigas (Schinz 1822), utilizando sequenciamento de nova geração

  • Data: 15/12/2016
  • Mostrar Resumo
  • O pirarucu (Arapaima gigas) é considerado o maior peixe de escamas de água doce do mundo e uma das espécies mais emblemáticas da Amazônia. Possuem características que lhe conferem potencial para tornar-se uma das principais espécies da aquicultura brasileira, entretanto, a ausência de dimorfismo sexual no estágio juvenil dificulta o manejo reprodutivo do pirarucu em cativeiro. Além disso, é uma espécie que possui um sistema de reprodução complexo com maturação sexual tardia, formação de casais,construção de ninhos, desova parcelada e cuidado parental realizado pelo macho. Baseado nessas informações o presente trabalho tem como objetivo analisar o transcriptoma e identificar microRNAs (miRNA), utilizando a tecnologia de sequenciamento de nova geração (NGS), para gerar informações sobre a genômica funcional, úteis para o desenvolvimento de novas técnicas que aperfeiçoem a reprodução do pirarucu em cativeiro. O sequenciamento das bibliotecas de DNA complementar (cDNA) obtidos para os tecidos de pele, fígado, ovário e testículo foram realizados nas plataformas GS FLX sequencer 454 (Roche), HiSeq 2000 e 2500 (Illumina), os quais geraram reads que foram montados através da metodologia de novo. Foram identificados um elevado número de genes específicos e compartilhados para ambos os sexos e tecidos analisados. A anotação funcional do Gene Ontology revelou que maioria dos transcritos e alvos dos miRNAs mais expressos foram classificados no domínio de processos biológicos, onde são incluídos genes que codificam produtos essenciais para manutenção vital dos organismos. As interações dos miRNAs e seus potenciais genes alvos mostraram que as vias mais enriquecidas estão relacionadas à transcrição, reforçando a importância da síntese proteica nas células, tecidos e órgãos. As análises de expressão diferencial baseadas nos valores de RPKM (reads per kilobase per million mapped reads), P-value e Log2 Fold Change, revelaram que os perfis gênicos da pele e gônadas são distintos entre os sexos, mas similares entre o fígado de pirarucus juvenis. Foram identificados vários genes envolvidos na determinação e diferenciação sexual (dmrt1, sox9, wt1, folxl2, wnt4). Os dados deste transcriptoma obtidos por NGS revelou-se uma técnica robusta para identificação de genes diferencialmente expressos entre machos e fêmeas juvenis de pirarucu, ampliando os recursos genômicos disponíveis para a espécie A. gigas possibilitando estudos futuros que envolvam os processos de reprodução.

     

  • MARIA DE FATIMA GOMES CUNHA
  • Caracterização do transcriptoma e identificação de miRNAS em diferentes tecidos da espécie Amazônica Colossoma macropomum (Cuvier, 1818), utilizando sequenciamento de nova geração

  • Data: 15/12/2016
  • Mostrar Resumo
  • Colossoma macropomum é um peixe símbolo da Amazônia, considerado o segundo maior da América do Sul, com notável importância na aquicultura por todas as suas positivas adaptações ao cativeiro. Tem sido extensivamente cruzado com outras espécies da linhagem do pacu, produzindo híbridos interespecíficos como o tambacu. A espécie apresenta genoma ainda desconhecido e no capo da genômica funcional poucos são os dados disponíveis. Por isso, a pesquisa teve por finalidade caracterizar o transcriptoma de tecidos diferenciados na espécie amazônica C. macropomum, em comparação com seu híbrido tambacu e identificar os miRNAs presentes no fígado e pele da espécie, através do sequenciamento de nova geração (NGS). As plataformas NGS utilizadas correspondem a 454 Roche e Illumina (HiSeq 2000 e 2500), com utilização da estratégia De Novo para a montagem do transcriptoma. O conjunto de dados obtidos foram submetidos a programas computacionais para avaliar a qualidade das sequências, a anotação functional dos trancritos e as Categorias do Gene Ontology, além de verificar a interação dos miRNAs identificados aos seus possíveis genes alvos e vias de sinalização. Obtivemos um considerável número de transcritos com anotação functional, que estavam principalmente relacionados ao domínio processos biológicos, de acordo com o resultado da análise do GO. Identificamos vários genes compartilhados entre os três tecidos, porém, levando em consideração os valores de P (<0,001) e Fold change Log2, encontramos diversos genes com especificidade de tecido e notável sobre expressão. Os genes identificados estão associados a funções já descritas por estudos anteriores, como sistema imune, pigmentação, reprodução, metabolismo, além de vários genes ainda não caracterizados. Observamos acentuadas divergências gênicas entre a espécie C. macropomum e o híbrido tambacu, que podem ser levadas em consideração no manejo desses organismos. Na rede de interação dos miRNAs mais expressos, observamos uma maior ligação dos genes alvos às vias de sinalização relacionadas aos processos metabólicos e de transcrição, que apresentam respectivamente, grande importância na degradação e síntese de substâncias e, na formação da molécula de RNA (fundamental para que ocorra a síntese de proteínas). O estudo mostra que as plataformas utilizadas no trabalho são ferramentas robustas para a descoberta de genes em espécies não modelos e marca o início de muitos trabalhos que podem ser desenvolvidos visando o manejo e conservação da espécie.


  • ANTONIO RAFAEL GOMES DE OLIVEIRA
  • Variação interanual do fitoplâncton no estuário do rio caeté.

  • Data: 13/12/2016
  • Mostrar Resumo
  • Este trabalho teve como objetivo estudar as variações espaciais e temporais da comunidade fitoplanctônica, relacionando-as com as oscilações das variáveis ambientais no estuário do rio Caeté (Pará, Brasil). As coletas foram realizadas durante ciclos nictemerais em três estações fixas localizadas ao longo deste estuário, durante os anos de 2013 (outubro), 2014 (abril e setembro) e 2015 (março) em intervalos de seis horas, durante 24 horas. Os parâmetros hidrológicos, tais como temperatura, salinidade e turbidez foram medidos in situ, com auxílio de CTDO’s, enquanto que as demais variáveis (pH, clorofila-a e nutrientes dissolvidos) foram determinadas através de análises posteriores de amostras subsuperficiais de água obtidas nas estações de coleta. As amostras destinadas ao estudo qualitativo do fitoplâncton foram obtidas através de arrastos horizontais na coluna d’água realizados com o auxílio de redes de plâncton (64 μm), enquanto que para o estudo quantitativo foram coletadas amostras de água da subsuperfície. Foram observadas variações espaciais e sazonais para a salinidade, nitrato, fosfato e silicato, com valores significativamente mais elevados durante o período seco, enquanto que a turbidez foi mais elevada no período chuvoso. Espacialmente, foram observadas variações significativas para o pH e as concentrações de nitrito. Interanualmente, durante o período seco, entre os anos de 2013 e 2014, foram observadas poucas variações para os valores das variáveis hidrolórfgicas ao longo do estuário, sendo registradas variações significativas apenas para pH (máx: 8,73–S3), turbidez (máx: 457,89 NTU–S1) e concentrações de nitrato (máx: 20,00 µmol.L-1–S2), com valores mais elevados observados em 2014. As concentrações de nitrito (máx: 2,97 µmol.L-1–S2) e fosfato (máx: 0,70 µmol.L-1–S3) foram mais elevadas em 2013. Durante o período chuvoso, entre 2014 e 2015, apenas as concentrações de fosfato não apresentaram diferenças significativas, enquanto que para as demais variáveis hidrológicas foram registradas amplas variações ao longo do período estudado. Foram identificados 198 táxons, pertencentes aos filos Bacillariophyta, Dinophyta, Chlorophyta, Cyanobacteria, Charophyta e Ochrophyta, destacando-se o domínio do grupo das diatomáceas (80,8%). Dentre estas, as espécies Coscinodiscus jonesianus (Greville) Ostenfeld, Coscinodiscus perforatus Ehrenberge Dimeregramma minor Gregory se destacaram como muito frequentes e pouco abundantes, exceto esta última espécie que foi considerada abundante (50,73%). A densidade fitoplanctônica total oscilou de 359,83 ± 51,01 x 103 cél.L-1 na estação-S1 a 571,90 ± 312,02 x 103 cél.L-1 na estação-S3, ambos valores registrados durante o período seco, sendo observadas variações espaciais significativas apenas para o grupo dos fitoflagelados (máx.: 236,90 ± 23,24 x 103 cél.L-1–S2; F= 18,30; p < 0,05). Durante o período seco dos anos de 2013 e 2014 foram observadas diferenças significativas para a densidade total, concentrações de clorofila-a, para o microfitoplâncton e para os fitoflagelados, com densidades médias mais elevadas em 2013. Durante o período chuvoso de 2014 e 2015 foram observadas variações significativas para a densidade do fitoplâncton total, microfitoplâncton, fitoflagelados e a biomassa fitoplanctônica, com maiores valores médios registrados em 2015, por outro lado a diversidade e equitabilidade foram significativamente maiores em 2014 (máx.: 2,31 ± 0,39 bits.cél-1; 0,46 ± 0,08). A análise de cluster evidenciou a formação de dois grupos espacialmente diferenciados. A análise de componentes principais (ACP) ratificou a distribuição espacial das amostras e evidenciou que a salinidade, turbidez e as concentrações de nitrato, fosfato e silicato definiram os principais componentes desta análise, sendo as principais variáveis controladoras da dinâmica fitoplanctônica. Os resultados obtidos sugerem que a composição, biomassa, distribuição e densidades fitoplanctônicas no estuário do Caeté estiveram influenciadas diretamente pela precipitação e pelo elevado aporte fluvial, os quais influenciaram de forma direta e/ou indireta as variáveis hidrológicas, principalmente o aporte de nutrientes dissolvidos, favorecendo assim o desenvolvimento fitoplanctônico no estuário em estudo.

  • ADELSON SILVA DE SOUZA
  • Efeitos do estresse nutricional na sobrevivência e no período de desenvolvimento do estágio de megalopa em caranguejos braquiúros da região amazônica

  • Data: 27/10/2016
  • Mostrar Resumo
  • No final do desenvolvimento meroplanctônico, o estágio transicional de megalopa é responsável pelo povoamento e manutenção das populações de crustáceos decápodos em diferentes hábitats e condições tróficas. O presente estudo teve como objetivo avaliar experimentalmente a vulnerabilidade nutricional na transição da fase de vida meroplanctônica e investigar as consequências do estresse nutricional larval para o desenvolvimento juvenil de caranguejos Brachyura. O primeiro estudo experimental (Capítulo II) demonstrou que embora as megalopas de S. curacaoense e S. rectum possuem grande capacidade de resistência a longos períodos iniciais de inanição, a amplitude dos efeitos da indisponibilidade de alimento é menor em S. curacaoense, não afetando o período de desenvolvimento até a metamorfose. Ambas as espécies também foram capazes de alcançarem com sucesso o estágio de caranguejo juvenil após um curto período de alimentação inicial de 1 ou 3 dias, nos quais demostraram distinta habilidade de reduzir o tempo de desenvolvimento até a metamorfose. No geral, as duas espécies apresentaram uma baixa vulnerabilidade nutricional, indicando pouca necessidade de alimento ou atividade alimentar durante o assentamento e metamorfose. Interpretou-se então que esta capacidade poderia favorecer substancialmente as chances de sobrevivência para fase juvenil bentônica associada a um menor período de desenvolvimento no plâncton, evitando assim os efeitos negativos do retardo da metamorfose larval nos estágios subsequentes de caranguejos juvenis. No segundo estudo experimental (Capítulo III) foi evidenciado que as taxas de sobrevivência das megalopas de Uca cumulanta são afetadas durante períodos relativamente curtos de privação nutricional e a ocorrência de efeitos negativos sobre a duração do desenvolvimento não dependeu somente do período de inanição, mas também do momento de exposição a ela. Além disso, notou-se que as megalopas necessitam de longos períodos de alimentação para atingirem alta porcentagem de metamorfose. Estimou-se então que durante o desenvolvimento pré-metamórfico, as larvas apresentaram um nível intermediário de dependência por disponibilidade de alimento. Além disso, foi evidenciado que a privação nutricional larval pode afetar o desenvolvimento dos estágios iniciais de caranguejos juvenis de U. cumulanta. Os efeitos latentes ou efeitos negativos transferidos do estágio pré-metamórfico, reduziu o tamanho corporal dos juvenis recém-metamorfoseados, além de influenciar o período de muda para o segundo estágio Juvenil. O estresse nutricional ainda foi capaz de afetar o tamanho e o incremento de muda em alguns estágios posteriores de juvenis, demonstrando que as diferentes condições alimentares durante o estágio pré-metamórfico de megalopa podem promover uma variação no desenvolvimento dos juvenis. O último estudo experimental (Capítulo IV) evidenciou que as megalopas de Ucides cordatus podem resistir a períodos relativamente longos de indisponibilidade de alimento, no entanto a taxa de sobrevivência é reduzida progressivamente seguida de aumento no atraso do período de desenvolvimento até a metamorfose para caranguejo juvenil. Além disso, as larvas apresentaram grande capacidade de realizar a metamorfose após curto período de alimentação (3 dias). A análise de vulnerabilidade nutricional indicou que as megalopas possuem uma baixa necessidade de alimento, podendo garantir assim maior autonomia para a localização do habitat adequado para o assentamento e metamorfose no ambiente bentônico. No entanto, quando as megalopas vivenciaram curtos períodos de alimentação, verificou-se que também pode ocorrer a produção de efeitos latentes resultando na diminuição do tamanho corporal dos juvenis recém-metamorfoseados de U. cordatus.

  • NATALIA DA ROCHA LEITE
  • Distribuição espaço-temporal da comunidade zooplanctônica no estuário do Taperaçu (Bragança-Pará-Brasil): biomassa e produção secundária das principais espécies de copépodos

  • Data: 24/10/2016
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo objetivou estudar a composição e a distribuição da comunidade zooplanctônica no estuário do Taperaçu avaliando, em escala temporal e espacial, a contribuição das principais espécies de copépodos para a biomassa e produção em termos de carbono orgânico no ambiente em estudo. Para tanto, foram realizadas coletas bimestrais (zooplâncton e variáveis hidrológicas) de junho de 2012 a junho de 2013, em três estações fixas situadas ao longo do estuário, totalizando 117 amostras. A comunidade zooplanctônica do Taperaçu foi aparentemente homogênea, não sendo detectadas variações significativas relacionadas aos ciclos circadianos (dia/noite) e de maré (enchente/vazante), no que se refere aos atributos biológicos. Elevados valores de densidade de Paracalanus quasimodo, Labidocera fluviatilis, e Pseudodiaptomus marshi foram observados. A ausência de um padrão nictimeral e de maré, esteve possivelmente relacionada às características morfodinâmicas do estuário do Taperaçu, tais como a presença de bancos de areia em sua porção central, a ausência de uma descarga fluvial, a pequena área de captação, as baixas profundidades e as fortes correntes de maré, as quais facilitam os processos de mistura horizontal e vertical da coluna de água. Quando analisados em uma escala mensal e espacial, foi observada a influência dos períodos sazonais sobre a dinâmica desses organismos, estando estas diretamente relacionadas às variações da salinidade, turbidez e concentrações de clorofila-a. A comunidade zooplanctônica esteve dominada pelos copépodos, em especial Acartia tonsa (22.230,9±46.145,7 ind.m-3), Acartia lilljerborgi (4.011,6±10.326,5 ind.m-3), P. marshi (3.267,3±4.565,1 ind.m-3), P. quasimodo (9.270,7±17.593,3 ind.m-3) e Oithona oswaldocruzi (30.221,9±28.328,4 ind.m-3), juntamente com Oikopleura dioica (15.284,6±26.060,6 ind.m-3). A diversidade média das espécies variou de 2,0±0,6 bits.ind-1 a 3,8±0,4 bits.ind-1, enquanto que a equitabilidade variou de 0,5±0,1 a 0,7±0,03. De modo geral, a variabilidade temporal (mensal e sazonal) e espacial observada na estrutura e dinâmica populacional do zooplâncton esteve principalmente relacionada às flutuações nas taxas de precipitação, as quais afetaram diretamente a salinidade da água e, consequentemente, a densidade desses organismos. Adicionalmente, conclui-se que a presença de espécies tipicamente marinhas, tais como P. quasimodo e Oikopleura dioica pode estar relacionada ao aumento significativo da salinidade, resultado da redução das chuvas em 2012. A biomassa e produção de A. tonsa e A. lilljeborgi estiveram diretamente relacionadas à precipitação local, visto que A. tonsa apresentou elevados valores durante todo o período, e não apenas no período chuvoso, como anteriormente observado neste mesmo estuário. Os estágios imaturos (C1-C5) de A. tonsa foram as formas dominantes, com destaque para o estágio C4 (839,88±1.518,80 mgC.m-3), enquanto que para A. lilljeborgi os mais elevados valores foram obtidos para os adultos (499,95±1.347,84 mgC.m-3). As taxas de produção secundária obtidas foram mais elevadas do que àquelas descritas para outros estuários localizados ao redor do mundo, podendo estes resultados estarem associados as elevadas temperaturas registradas durante todo o ano, bem como a observação de águas ricas em nutrientes e matéria orgânica particulada derivados dos manguezais adjacentes ao Taperaçu. De forma geral os resultados obtidos indicam que a influência das variações climáticas sobre as variáveis hidrológicas, em especial a temperatura, salinidade, bem como sobre as concentrações de clorofila-a foram os principais responsáveis pela dinâmica das espécies mesozooplanctônicas identificadas no estuário do Taperaçu.

  • ANDERSON THIAGO DO NASCIMENTO
  • Variação morfodinâmica durante marés de quadratura e sizígia em uma praia arenosa de macromaré da costa amazônica.

  • Data: 30/09/2016
  • Mostrar Resumo
  • O objetivo deste estudo é conhecer a variação espaço-temporal da morfodinâmica na praia de Ajuruteua, a partir de monitoramento durante marés de quadratura e sizígia sob diferentes condições climatológicas. Foram realizadas quatro campanhas para a obtenção de dados hidrodinâmicos, morfológicos e sedimentológicos em julho/2013, setembro-outubro/2013, novembro-dezembro/2013 e março-abril/2014. Estas campanhas aconteceram na transição de marés de quadratura para sizígia durante períodos equinociais e não equinociais. Sensor de maré e ondas (TWR-2050) foi fundeado a ~ 1,7 m de profundidade, durante o período de baixa mar, para coletar dados de elevação de maré, altura significativa da onda, energia da onda e período da onda. Para os dados de onda, o equipamento foi programado para obter 512 medidas a uma frequência de 4 Hz durante 10 min. Os valores de elevação da maré foram corrigidos de acordo como nível médio de redução (2,75 m) fornecido pelo Departamento de Hidrografia e Navegação (DHN), fundeadouro de Salinópolis. Os levantamentos topográficos ocorreram a partir de quatro transectos perpendiculares à linha de costa, estendendo-se desde as dunas ou infraestrutura urbana até 1,5 m de profundidade em condições de maré baixa, possibilitando calcular a declividade da praia em estudo. Simultaneamente, leituras topográficas e coletas superficiais de sedimentos foram realizadas (totalizando 405 amostras), e posteriormente analisadas em um granulômetro à laser (separados a intervalos de ½ ɸ). Dados de ondas offshore (altura significativa da onda, período da onda e energia da onda), bem como direção e velocidade de ventos foram obtidos do National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), estação equatorial norte – 41041 (14°19'43" N 46°4'55" W), referentes aos meses do período coletado. Os resultados mostram que os meses que registraram os níveis mais baixos de precipitação foram entre agosto de 2013 e janeiro de 2014, sendo outubro, novembro e dezembro o trimestre menos chuvoso, com níveis de precipitação pluviométrica que não superaram os 2 mm, com temperaturas médias de 29ºC e intensidades máximas de ventos acima de 9 m/s. Fevereiro e maio de 2014 foram os meses mais chuvosos, com valores de precipitação normalmente superiores a 400 mm, temperaturas médias ligeiramente mais baixas (26 e 27ºC) e ventos alcançando ~ 6 m/s. A predominância da direção dos ventos foi de NE, mas houve presença de ventos vindos de outras direções. As menores alturas de onda Hso foram registradas em setembro/2013 (~ 2 m) e as maiores em dezembro/2013 (~ 4 m). A elevação do nível da água em Ajuruteua varia de 4 a 6 m. As menores variações de elevação foram observadas no período transicional de julho (período não equinocial e de ventos com baixa intensidade), enquanto as maiores elevações foram registradas durante os equinócios (março/abril e setembro/outubro) e durante períodos não equinociais, mas com presença de ventos de forte intensidade (dezembro). Em decorrência da presença de barras e bancos arenosos nas adjacências da praia de Ajuruteua, as ondas offshore antes de alcançarem a linha de costa são moduladas pela elevação da maré. Durante a maré baixa, as ondas offshore rompem nas barras/bancos de areia não atingindo a zona de surf, resultando em um ambiente nearshore de baixa energia. A presença de bancos de areia também causa assimetria da maré, que passa cerca de 7 horas vazando e 5 horas enchendo. Esta diferença é maior quando a variação da elevação da maré é maior, i.e., durante os equinócios e períodos de não equinócios marcados por ventos fortes. Nestes casos, a praia pode permanecer horas com ondas Hs inferior a 0,5 m. Com relação aos grãos, o diâmetro médio variou de 2,1 a 2,7 ϕ (areia fina). Estatisticamente, os grãos apresentaram distribuição simétrica, variando de bem selecionados a moderadamente bem selecionados, e de platicúrtica a mesocúrtica. As maiores variações tanto a curto (dias) quanto a médio (meses) espaço de tempo ocorreram nos perfis P1 (com mais intensidade) e P2 (com menos intensidade). De uma forma geral, a praia apresentou característica de praia modificada por maré, quando a elevação da maré foi superior a 2 m, e de planície de maré quando a elevação da maré foi inferior a 2 m de altura.


  • MARLANA CRISTINA QUEIROZ DA SILVA
  • Dinâmica de crescimento de Laguncularia racemosa (L.) C. F. Gaertn. em manguezais da península de Ajuruteua, Pará, Brasil.

  • Data: 16/09/2016
  • Mostrar Resumo
  • Este estudo centra-se na ocorrência de anéis de crescimento e a utilização de métodos dendrocronológicos para avaliar a influência da precipitação e da salinidade da água do solo sobre o crescimento da espécie arbórea de manguezal Laguncularia racemosa (L.) C. F. Gaertn. em dois sítios das florestas de manguezal do estuário do Rio Caeté, Bragança, Pará, Brasil. O sítio 1 é um fragmento de manguezal, situado no baixo estuário, portanto recebe maior influência de águas marinhas. O sítio 2 estar na porção mais interna do estuário, próxima a um canal, portanto é um manguezal salobro. Em novembro de 2010, marcações cambiais foram aplicadas a cinco árvores no sítio 1. As árvores foram derrubadas em novembro de 2014 e o caráter anual e macroscopicamente visível, mudanças periódicas na morfologia da madeira (formação de anel de crescimento) foi estabelecida após a identificação das cicatrizes da marcação cambial em discos de madeira polida. O incremento diamétrico do tronco de dez árvores foi monitorado quinzenalmente a partir de janeiro de 2012 a dezembro 2015, por cintas dendrométricas permanentes no sítio 1. Correspondentes salinidades da água do solo foram obtidas a partir de 10 e 50 cm de profundidade. Discos de madeira foram coletados entre 2010 e 2014 a partir de 14 árvores adicionais com diâmetros entre 5,4 e 16,8 cm dos sítios 1 e 2 e a contagem dos anéis e as medições da largura dos anéis foram obtidos por um sistema de medição de anel de árvore (LINTAB, Rinntech). Correlações entre salinidade da água do solo e precipitação no sítio 1 foram positivas para 50 cm (r = 0,87, p <0,001), mas negativa para 10 cm (r = 0,80, p <0,001) profundidade; salinidade variou de 29 a 49 no sítio 1 (medições próprias) e de 10 a 17 (dados de literatura) no local 2. Incremento em diâmetro foi positivamente correlacionado com a precipitação (r = 0,71, p <0,001) e a salinidade em 50 cm (r = 0,73, p <0,001) e negativamente com a salinidade de 10 cm (r = -0,63, p <0,001) profundidade; o crescimento foi interrompido durante a estação seca. O incremento médio anual diamétrico foi de 3,1 ± 0,15 mm (n=10). Os anéis de crescimento foram formados devido a mudanças sazonais nas proporções do espaço ocupado pelos vasos e parênquima axial paratraqueal. Limites de anéis de crescimento distintos foram encontrados unicamente no sítio 1; no sitio 2, onde a salinidade da água intersticial é baixa, a visualização do limite de anéis foi impossibilitada. No sítio 1, a largura média radial dos anéis foi de 4,52 ± 1,27 mm (n=8). A idade das árvores variou entre 9 e 20 anos. A curva média do índice da largura dos anéis não mostrou correlação significativa com a precipitação total (r = 0,23; p < 0,31). No entanto, quando se retirou os anos de 2003 e 2009, anos com precipitação acima de 2900 mm, a correlação com os dados de precipitação foi significativa entre o índice de crescimento e a precipitação total (r = 0,38; p < 0,01) e com a precipitação do período chuvoso (r = 0,32; p < 0,01). O crescimento respondeu a eventos de ENSO, com incremento reduzido durante o período seco de El Niño e o aumento do incremento durante anos chuvosos de La Niña, respectivamente. No entanto, as taxas de crescimento foram menores do que o esperado durante anos extremamente chuvosos (> 2.900 mm).

  • ANGELA CRISTINA ALVES REIS
  • Lençol freático e salinidade como fatores limitantes para comunidades de plantas de planícies costeiras

  • Data: 08/09/2016
  • Mostrar Resumo
  • Este estudo fornece uma nova análise dos potenciais fatores ambientais que controlam as mudanças na vegetação em planícies costeiras arenosas com dunas. Nosso estudo se concentrou na mudança da vegetação de campo ao longo do gradiente topográfico, com fatores abióticos associados, entre a região de preamar e as margens de dunas. Na restinga da Vila Bonifácio, Península de Ajuruteua, Bragança, Pará, Brasil, foram escolhidas duas áreas de amostragem. Em cada área foram instalados conjuntos de poços de três diferentes profundidades, na região da preamar, na margem de uma duna e em elevação intermediária. A dinâmica do lençol freático e a variação da salinidade da água subterrânea nos poços foram monitorados. Amostras de solo foram retiradas em diferentes posições ao longo do gradiente preamar-duna entre superfície e profundidade de 50 cm para a determinação de parâmetros granulométricos, conteúdo de água, conteúdo de matéria orgânica e salinidade da água intersticial. A dinâmica das comunidades herbáceas foi monitorada através da estimativa da cobertura vegetal por espécie em parcelas de 1 m² ao longo de duas transecções por área, estendendo-se entre a região da preamar e a duna, próximo dos poços. A elevação topográfica dos conjuntos de poços e das parcelas do levantamento de vegetação foi determinada. A variação do lençol freático, além de expor relação com a sazonalidade da precipitação, respondeu ao gradiente topográfico (elevação baixa: nível de água mais próximo da superfície) e à distância da linha da preamar (influência de pulsos de maré diminuindo). A salinidade na água dos poços apresentou os maiores valores próximo à linha da preamar e menores valores próximo da duna. Valores distintos de salinidade entre poços de diferentes profundidades indicaram a existência de uma camada de água doce sobre a água salina (cunha salina) dentro da água subterrânea próximo às dunas. Conteúdo de água, matéria orgânica e salinidade foram significativamente relacionados à topografia e profundidade do solo. As espécies estudadas ocorreram em todas as transecções na mesma faixa de elevação. As espécies associadas à porção mais salina do campo, por influência da maré, formaram um grupo distinto das espécies ocorrentes em maiores elevações. Limitam-se assim as espécies estudadas a um determinado nicho pelo nível de salinidade que podem tolerar. A dominância de algumas espécies herbáceas em determinadas elevações levou à formação de zonas visualmente distintas, porém, agrupamentos de espécies bem definidos não se mostraram na região menos exposta ao ambiente salino. Durante o período seco houve perdas na cobertura vegetal próximo às dunas. Isso indica que o nível lençol freático é o fator limitante para herbáceas que ocorrem em áreas mais elevadas. Esses resultados podem ser indicativos da mudança que se espera da vegetação por alterações climáticas, como diferenças no regime de chuvas e oscilações do nível das marés.

  • DIOGO SANTOS DE LAVAREDA MEDEIROS
  • Análise filogeográfica de Ceratopipra rubrocapilla e C. erythrocephala (Aves: Passeriformes) nos neotropicos através do uso de sequenciamento de nova geração e gene mitocondrial


  • Data: 03/09/2016
  • Mostrar Resumo
  • O objetivo do presente trabalho foi realizar uma comparação espacial e temporal entre os padrões de diversificação populacional de duas espécies de Ceratopipra que compartilham características ecológicas similares. Nesse trabalho foi aplicada a técnica de Sequenciamento de Nova Geração (NGS) através da metodologia de Genotipagem por Sequenciamento (GBS), além de sequenciamento do gene mitocondrial citocromo b. Foram realizadas diversas análises populacionais, incluindo análises de modelagem computacional para comparar o status filogeográfico observado com diferentes cenários simulados. Em relação a C. rubrocapilla, a análise demonstrou uma fase inicial de separação (alopatria), seguida de contato secundário e fluxo gênico, sugerindo que o padrão de clina para esta espécie representa uma especiação incompleta. O padrão filogeográfico observado para C. erythrocephala demonstrou um padrão tipo anel de diversificação (especiação em anel). Neste, há dois grupos principais na Amazônia que não são completamente isolados, pois há uma zona de contato entre essas através do baixo Rio Negro, onde a área endêmica de Jaú representa uma população contendo ambos grupos. Os padrões filogeográficos descritos para essas duas espécies são complementares no entendimento do processo de especiação da bacia Amazônica. Eles demonstraram um complexo padrão envolvendo isolamento (vicariância) e dispersão, sendo que estes podem ser explicados pela complexa interação entre habitats de florestas húmidas e florestas secas durante o Pleistoceno, assim como pelas as potenciais barreiras para o isolamento das populações, como os rios ou áreas montanhosas e de cerrado.


  • CUSTÓDIO FERNANDES EVANGELISTA JÚNIOR
  • Opiliões (Arachnida-Opiliones) da área de endemismo Belém e uma nova espécie de Phalangodidae cavernícola para a Amazônia

  • Data: 31/08/2016
  • Mostrar Resumo
  • A floresta Amazônica é a maior e mais diversa do mundo, entretanto esta floresta é tão diversa quanto desconhecida. Mesmo depois de séculos de trabalhos a riqueza e a distribuição geográfica dos grupos animais e vegetais permanecem mal estudados. Infelizmente, uma boa parcela da biodiversidade conhecida e também desconhecida está sendo afetada por atividade humanas e vem gerando preocupação por parte da comunidade científica que tem proposto ações voltadas a conservação da biodiversidade da Amazônia através da criação de um robusto banco de dados sobre a riqueza e a distribuição dos organismos neste ecossistema. Um dos vários grupos zoológicos pobremente conhecidos nessa região são os opiliões. Estes são animais inofensivos para o ser humano e também desconhecido do público geral devido aos seus hábitos crípticos e noturnos. Vivem comumente no folhedo, debaixo de troncos apodrecidos e pedras entre raízes, dentro de buracos, sobre vegetação baixa e dentro de cavernas. Opiliones constitui uma das 11 ordens da classe Arachnida e o monofiletismo do grupo é bem aceito pelos especialistas. Apresenta a terceira maior riqueza de espécies com cerca de 6400 espécies ficando atrás apenas das ordens Acari e Araneae. São cosmopolitas (exceção da Antártida) mas possuem maior diversidade nas regiões tropicais do globo e onde sua maior diversidade é registrada para a Floresta Atlântica. Entretanto o conhecimento dos opiliões na Amazônia é extremamente pobre sendo até considerado nulo por alguns autores. Os poucos trabalhos realizados na região estão concentrados na calha do Rio Solimões-Rio Amazonas, na FLONA de Caxiuanã e nas localidades próximo de Belém. Portanto, é notável a carência de estudos voltados a diversidade dos opiliões nesta região. Este trabalho apresenta dois trabalhos voltados para o conhecimento desta ordem de aracnídeos no estado do Pará. No primeiro trabalho é apresentado um inventário preliminar de opiliofauna da Área de Endemismo Belém. Esta área é a menor das oito áreas presentes na Amazônia que foram concebidas após quase dois séculos de estudos e discussões acerca dos padrões de distribuição da biodiversidade que ocorre na Amazônia. No trabalho foram amostradas oito localidades espalhadas pela Área de Endemismo. Os resultados puderam ser comparados a três trabalhos de inventários padronizados para a região. Observou-se que a diversidade de espécies observada no presente trabalho, assemelha-se àqueles apresentados nos trabalhos anteriores realizados em regiões próximas como os de Pinto-da-Rocha e Bonaldo 2006, Tourinho 2007 e Bonaldo et al 2009. Mais detalhadamente foram encontrados novos padrões de distribuição e contribuição das espécies e novos registros da distribuição de algumas espécies e gêneros. Também foi oferecida a lista preliminar com 31 espécies para a área registrada nas amostragens padronizadas deste trabalho. Por fim, são discutidas as principais dificuldades para os estudos iniciais da fauna de opiliões para a região. No segundo trabalho é descrita uma espécie coletada na maior caverna da região a Caverna Paraíso. A nova espécie pertence ao gênero Guerrobunus e à família Phalangodidae. Este é um registro importante pois tanto o gênero quanto a família não possuem registros válidos para a América do Sul, além do que esta é uma espécie cavernícola troglomórficas que apresenta fortes indícios de ser uma espécie troglóbia. Desta forma será a primeira espécie de opilião troglóbia para o estado do Pará e para a Caverna Paraíso que além de um registro novo também passa a ter automaticamente um status de relevância máxima somando força para sua conservação.

  • MARCELA PIMENTEL DE ANDRADE
  • Influência do evento la niña 2011 sobre a estrutura da comunidade dos copépodos em um estuário amazônico

  • Data: 31/08/2016
  • Mostrar Resumo
  • Oithona oswaldocruzi (169.090 ± 254.609 ind.m-3; p < 0,0001), Pseudodiaptomus acutus (301.133 ± 518.065 ind m-3; p < 0,05), Pseudodiaptomus marshi (329.391 ± 563.009 ind.m-3; p > 0,05), Oithona hebes (40.888 ± 64.893 ind.m-3; p < 0,05) e Acartia tonsa (10.680 ± 13.877 ind.m-3; p > 0,05), no mês de fevereiro. Observou-se também uma elevação na taxa de recrutamento de náuplios de copépodos durante este mês (3.088,309 ± 5.206,645 ind.m-3; p < 0,05), resultando, consequentemente, em valores mais elevados que os observados para as formas adultas. Este aumento na densidade foi responsável também pela redução dos valores de diversidade (2,4 ± 0,5 bits.ind-1; p < 0,05) e riqueza (9,7 ± 2,5). Este padrão anômalo na pluviosidade não só afetou a estrutura das comunidades dos copépodos, mas pode também ter provocado alterações na dinâmica alimentar em níveis mais elevados da teia trófica, tais como os representados por peixes zooplanctívoros. De forma geral, pode-se concluir que as variações temporais observadas na estrutura da comunidade dos copépodos foram principalmente controladas pelo efeito conjunto das variáveis climatológicas e hidrológicas, as quais modularam a dinâmica populacional destes organismos no estuário estudado.

  • CLAUBER SANTIAGO GALVÃO DOS REIS
  • Caracterização morfo-sedimentológica e hidrodinâmica de um canal profundo entre estuários de macromaré na costa amazônica, Brasil.


  • Data: 22/07/2016
  • Mostrar Resumo
  • Os cursos de maré, entre os quais os canais, desempenham função de conectores e distribuidores de água, sedimentos, sal, nutrientes, organismos e mesmo poluentes entre os estuários e demais ambientes costeiros. O canal do Muriá está localizado no município de Curuçá, nordeste do Pará, interligando os estuários de Curuçá e Mocajuba, apresentando características que indicam um controle estrutural, associado à atividade neotectônica, incluindo reativação de falhas de orientação NE-SW e NW-SE ocorridas no Neógeno e Quaternário. Assim, a morfologia, sedimentologia e hidrodinâmica do Canal do Muriá seriam fundamentalmente diferentes de outros canais de maré que interconectam estuários na Zona Costeira Amazônica (ZCA), especialmente na região da Bacia Bragança-Viseu. Com o objetivo de caracterizar a hidrodinâmica e morfo-sedimentologia desse canal de maré, foram feitas medições de velocidades de correntes, nível d´água, salinidade, turbidez e material particulado em suspensão (MPS) ao longo do canal. Também foi efetuado o levantamento batimétrico, para o conhecimento de sua morfologia, e foram coletadas 41 amostras de fundo para caracterização sedimentológica. Os resultados demonstram que a salinidade, o MPS, a turbidez, assim como as velocidades de correntes de maré, apresentou pouca variação ao longo do canal, porém com valores substancialmente maiores em condições de marés de sizígia. As correntes de maré apresentaram sentido de propagação na direção do estuário do rio Curuçá para o estuário do rio Mocajuba e comportamento tendendo a simetria, em função da morfologia, apresentando altas profundidades (e.g. > 15 m), e grandes áreas de seções transversais. Os sedimentos apresentaram-se como pobremente selecionados com assimetria variando espacialmente de muito positiva a muito negativa. A média foi de areia fina, mas com ocorrência de sedimentos lamosos e grossos, incluindo areias médias a cascalho. Concluiu-se o canal do Muriá apresenta fontes de sedimento diversas, incluindo lamas de manguezal, areias finas a muito finas da plataforma continental, e areias grossas e cascalho da erosão do embasamento. Sua hidrodinâmica e sedimentologia são controladas por sua estrutura/morfologia, que por sua vez, sendo um canal profundo e reto (sinuosidade de 1,0852) e com afunilamento na porção média. Diferenças de velocidade de corrente e MPS entre sizígia e quadratura sugerem que sedimentos mais finos decantam no canal na quadratura e são ressuspensos e transportados durante a sizígia, explicando a manutenção da profundidade do canal, mas não determinando sua própria existência, já que os fluxos observados não seriam capazes de escavar o embasamento cascalhoso local. O canal do Muriá representa importante elo de conectividade entre estuários adjacentes e suas características reforçam sua formação e evolução sendo influenciadas por atividade neotectônica.


  • BÁRBARA MACIEL BRANCHES SOARES
  • Diversidade de monogenóideos (Platyhelminthes, Neodermata) de dois componentes da ictiofauna Neotropical: Loricariidae (Siluriformes) e Gymnotiformes de drenagens costeiras do nordeste paraense e baixo Xingu-Iriri

  • Data: 04/07/2016
  • Mostrar Resumo
  • Os peixes são os vertebrados que apresentam os maiores índices de infecções por parasitos, devido a características próprias do meio aquático, que representa um ambiente favorável para a propagação e a penetração de patógenos, além de propiciar outros fatores de relevante importância para sobrevivência de cada grupo de organismos parasitos. Apesar das últimas décadas os estudos relacionados com parasito e outros patógenos de peixes apresentarem avanços e relevância consideráveis, o conhecimento sobre parasitos que afetam peixes neotropicais é considerado incipiente, principalmente para peixes loricariídeos (Siluriformes) e gimnotiformes. Decerto, utilizando como exemplo os platelmintos monogenóideos, revisões recentes mostram que, apesar da grande diversidade dos peixes supracitados, apenas 4% das espécies para estes dois grupos de hospedeiros foram investigadas para parasitas monogenóideos. São conhecidas 34 espécies de monogenóideos para loricariídeos e nove espécies para Gymnotiformes. Neste contexto, é inquestionável que qualquer esforço para documentar a diversidade de monogenóideos parasitos de loricariídeos e gimnotiformes elevará o conhecimento sobre nossa biodiversidade, principalmente se tratado de grupos taxonômicos pouco estudados. Este trabalho teve como objetivo implementar um levantamento da diversidade de monogenóideos para loricariídeos e gimnotiformes em diferentes bacias do nordeste paraense, e para bacia do rio Xingu. Além disso, descrever prováveis espécies novas para Loricariidae e Gymnotiformes. Como resultado do capítulo II, oito espécies de dactilogírideo e duas espécies de girodactilídeo previamente descritas para loricariídeos e gimnotifomes são reportadas pela primeira vez para novos hospedeiros e novas regiões geográficas. Duas novas espécies de monogenóideos parasitos de arcos branquiais de loricariídeos coletados no Baixo Xingu- Iriri e uma nova espécie de parasitos de arcos branquiais de Gymnotiformes coletados na bacia de Maracanã são aqui descritas: Unilatus sp. nov. A deScobinancistrus aureatus Burgess, 1994, Unilatus sp. nov. B para Panaque armbrusteri Lujan, Hidalgo e Stewart, 2010 e Urocleidoides sp. nov. para Brachyhypopomus sp.

  • CLEIDE BARBOSA MARQUES DE SOUSA
  • Desempenho, composição corporal e higidez de juvenis de cachandiá (Pseudoplatystoma punctifer Castelnau, 1855 x Leiarius marmoratus Gill, 1870) alimentados com dietas com diferentes níveis de inclusão de chá verde (Camelia sinensis)

  • Data: 01/07/2016
  • Mostrar Resumo
  • O cachandiá (Pseudoplatystoma punctifer X Leiarius marmoratus) é um híbrido recentemente introduzido na piscicultura brasileira com poucos estudos relacionados à nutrição. Desse modo, esse estudo busca avaliar a eficiência alimentar, o desempenho produtivo, índices corporal, composição centesimal, perfil fisiológico e o perfil hematológico de juvenis de cachandiá alimentados com dietas contendo diferentes níveis de inclusão do fitoterápico Camellia sinensis. O experimento durou 90 dias, no qual 150 peixes (14,96±2,4 g) foram divididos em um delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e três repetições. As folhas C. sinensis foram moídas e adicionadas aos ingredientes da dieta, de modo que cada dieta foi suplementada com 0,0; (controle), 0,5; 1,0; 1,5 e 2,0 g.kg-¹ de chá verde. O desempenho produtivo, eficiência alimentar e os índices hepatossomático, índice vicerossomático, rendimento de carcaça, e índice gordura-viscerossomático não foram afetados (p>0,05) pela inclusão de chá verde na dieta de juvenis de cachandiá. Não houve efeito (p>0,05) dos níveis de inclusão de chá verde na dieta sobre a umidade, cinzas e proteína corporal de juvenis de cachandiá. Por outro lado, tanto o lipídeo corporal quanto o hepático foram influenciados (P<0,05) com os níveis de inclusão de chá verde na dieta. Menores teores de lipídeos corporal e hepático foram observados nos peixes alimentados com todas as dietas suplementadas com o fitoterápico. Houve efeito significativo dos níveis de inclusão de chá verde das dietas sobre a glicemia e proteína total. Os valores de glicemia foram reduzidos com o aumento da inclusão de chá verde na dieta, enquanto que para proteína total houve aumento. Já os teores de triglicerídeo e colesterol não foram afetados (P>0,05) pela adição de diferentes níveis de inclusão do fitoterápico chá verde nas dietas de juvenis de cachandiá. Em relação às variáveis hematológicas, não houve efeito significativo dos níveis de inclusão do chá verde da dieta sobre o hematócrito, hemoglobina, hemoglobina corpuscular média e concentração de hemoglobina corpuscular média. Houve influência significativa (P<0,05) apenas para o número de eritrócitos e volume corpuscular médio. Os resultados obtidos para juvenis de cachandiá foram positivos, uma vez que atuou para reduzir o teor de lipídeo no músculo e no fígado, além de promover a redução de glicose e o aumento de proteínas totais.

  • LAÍSE SANTIAGO DE AZEVEDO
  • Caracterização da concentração e perfil de ácidos graxos do caranguejo-uçá (Ucides cordatus) (Ucididae) em períodos de diferentes atividades biológicas na costa atlantica amazônica

  • Data: 28/06/2016
  • Mostrar Resumo
  • O caranguejo-uçá (Ucides cordatus) tem grande importância ecológica e econômica, ficando entre os itens de maior consumo alimentar na região norte e nordeste do Brasil. Sua principal fonte de alimentos são as folhas em senescência que são estocadas e consumidas em suas galerias. O caranguejo-uçá possui crescimento lento e leva de dois a três anos para amadurecer reprodutivamente. Portanto é necessário conhecer sua composição bioquímica, tanto visando um manejo sustentável dessa espécie, quanto à ciência e tecnologia de alimentos. Assim, em termos de composição química, os ácidos graxos desempenham vários papéis biológicos em diferentes estágios de vida dos crustáceos. A composição de ácidos graxos é influenciada por fatores ambientais, dieta, idade e sazonalidade e pode variar de espécie para a espécie. Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito da variação estacional sobre a concentração de ácidos graxos no caranguejo-uçá ao longo de um ano, no estuário rio Caeté, região bragantina, Pará. Oito coletas foram feitas, sendo duas englobando os períodos de reprodução e ecdise e duas coletas antes e após esses períodos. Em cada coleta, 30 indivíduos adultos foram capturados, sendo 15 machos e 15 fêmeas, totalizando 240 indivíduos. Músculos e hepatopâncreas foram liofilizados e analisados por cromatografia gasosa para a determinação do perfil de ácidos graxos. Análise de Componentes Principais e Análise de agrupamento hierárquico foram aplicadas sobre os ácidos graxos a fim de encontrar padrões de formação dos grupos. Dentre os ácidos monoinsaturados, o que mais se destacou foi o ácido oleico e para a classe dos poli-insaturados o de maior concentração foi o linoleico. No músculo, foram identificados 5 ácidos graxos sendo, em geral, os de maiores concentrações os ácidos linoleico, oleico e palmítico que representavam juntos uma concentração variando de 61,37% a 73,73% nas fêmeas, e entre 60,93% a 75,70% nos machos. Não houve variação nos tipos de ácidos graxos entre os sexos. O hepatopâncreas possui maiores quantidades de ácidos graxos indicando sua grande importância durante o metabolismo dos crustáceos. Para as fêmeas foram encontras maiores concentrações de ácidos graxos antes da ecdise e menores durante o período reprodutivo, enquanto que nos machos as maiores variações ocorreram no período que antecede a ecdise, constatando que machos e fêmeas possuem comportamento diferenciado na utilização de reservas energéticas. Nos músculos, a maior concentração de ácidos graxos esteve presente após a ecdise. Resultados indicaram a separação dos grupos referentes a reprodução e pós reprodução nas fêmeas; por outro lado, nos machos os grupos separados foram ecdise e pós reprodução. Foram encontrados 16 ácidos graxos presentes no hepatopâncreas, sendo o ácido palmítico o de maior concentração nos machos (22,25% a 33,72%) e nas fêmeas (24,97% a 31,74%). Esse estudo indicou que ao longo do ano as concentrações dos ácidos graxos no caranguejo uçá tem um comportamento bem diferente nos dois tecidos estudados e as principais variações ocorrem durante os períodos de reprodução e intermudas.

  • JULYA CAROLINE MESQUITA DOS SANTOS
  • Filogenia de Hypophthalmus (Pimelodidae – Siluriformes), utilizando marcadores de Dna mitocondrial e nuclear, revela especiação críptica em H. marginatus na bacia amazônica.

  • Data: 16/06/2016
  • Mostrar Resumo
  • Pertencendo à diversificada família de pimelodídeos neotropicais, o gênero Hypophthalmus Cuvier, 1929 é composto atualmente por quatro espécies de bagres de água doce: H. marginatus; H. edentatus; H. fimbriatus; e H. oremaculatus. Estas espécies são conhecidas popularmente como maparás e ocorrem nos principais rios e afluentes da Bacia Amazônica, do Orinoco, nos rios da Guiana e Suriname e no caso de H. oremaculatus, também na Bacia do Paraná. Estes pimelodídeos têm porte mediano e são facilmente identificados devido ao corpo alongado, totalmente liso e a presença barbilhões mentonianos e maxilares. São espécies migradoras e têm destaque na pesca continental da região Amazônica. O presente trabalho visou avaliar as relações filogenéticas entre as espécies do gênero, através do sequenciamento de regiões mitocondriais (Citocromo Oxidase C subunidade I - COI) e nucleares (Gene Ativador de Recombinação 2 - Rag2, Gene codificador da cadeia pesada da α-miosina - Myh6, Gene Adenoma Pleomórfico- like 2 - Plagl2 e Gene da Glicosiltransferase - Glyt) de 42 indivíduos coletados em diferentes rios da Bacia Amazônica e do Paraná. Análises de Parcimônia, Verossimilhança, Inferência Bayesiana e árvore de espécie confirmam a monofilia do gênero. Todas as análises apoiaram a estreita relação entre H. edentatus e H. oremaculatus, e alguns resultados indicaram hibridização entre estes táxons. Porém, não foi possível definir as relações entre o clado H. edentatus/H. oremaculatus com as demais espécies do gênero. Todas as análises mostraram duas linhagens reciprocamente monofiléticas dentro de H. marginatus, apoiadas por elevado suporte estatístico e por divergência genética similar ou superior à observada entre as espécies de Hypophthalmus. As duas linhagens ocorrem em simpatria e não são diferenciadas por características morfológicas aparentes, o que sugere especiação críptica no táxon. Estes resultados sugerem a necessidade de revisão taxonômica para a descrição e validação da nova espécie dentro de H. marginatus identificada pelo presente trabalho.

  • ROSIGLEYSE CORREA DE SOUSA FELIX
  • Capacidade de carga recreacional e qualidade ambiental em praias estuarinas da costa amazônica.

  • Data: 14/06/2016
  • Mostrar Resumo
  • A costa amazônica é um ambiente rico em recursos e paisagens naturais de grande valor ecológico. Dentre esses ambientes estão as praias estuarinas, que são importantes áreas para atividades recreacionais no estado do Pará. Desta forma, este trabalho de tese apresenta resultados das condições da qualidade recreacional e da capacidade de carga em três praias estuarinas (Murubira, Colares e Marudá). Os principais problemas ambientais e sociais registrados estão relacionados à falta de planejamento urbano. Embora estas praias apresentem uma alta capacidade de visitação, a densidade de visitantes excede os limites toleráveis, principalmente em decorrência da contaminação bacteriológica e da falta ou ineficiência de serviços/infraestrutura. A falta de saneamento básico, por exemplo, e à presença de inúmeros emissários de esgotos têm contribuído para as altas concentrações de coliformes termotolerantes, odor forte e contaminação visual. Sob condições de moderada energia hidrodinâmica (alturas de maré de sizígia entre 3 e 5 m e alturas de onda Hs 1-2,0 m), a contaminação nestas praias ocorre de forma pontual (principalmente quando a maré alcança a área de despejo de esgoto). Por outro lado, as condições de moderada energia hidrodinâmica, muitas vezes associadas a construções irregulares têm causado mudanças no perfil praial, destruição de edificações, e degradação de ambientes, como dunas e manguezal. Outros problemas estão relacionados à presença de resíduos sólidos e à falta de planejamento nas atividades recreativas que deveriam incluir: zoneamento de atividades, maior número de salva-vidas, sinalizações, etc., e que podem evitar acidentes para os banhistas (afogamento, acidentes com lancha, jet ski, arraias, etc.). O diagnóstico socioambiental que resultou na adaptação da equação de Capacidade de Carga Recreacional e na aplicação do modelo DPSIR das praias estuarinas estudadas são ferramentas essenciais para o desenvolvimento de futuros programas de gestão costeira a nível estadual e municipal. Os procedimentos adotados neste estudo podem ser aplicados a outras praias estuarinas da costa amazônica, onde medidas de gestão costeira são necessárias para melhorar a regulamentação e planejamento do uso dos ambientes costeiros da região amazônica.

  • TÁRCIA FERNANDA DA SILVA E SILVA
  • Inferências filogenéticas da subfamília stelliferinae (Sciaenidae – Perciformes) no atlântico sul ocidental utilizando marcadores mitocondriais e nucleares

  • Data: 23/05/2016
  • Mostrar Resumo
  • Os cianideos são um grupo diverso e amplamente distribuído em regiões tropicais, subtropicais e temperadas do globo. Todos os trabalhos corroboram a monofilia da família, porém não existe um consenso entre as relações intergenéricas e interespecíficas dentro do grupo, é o caso da subfamília Stelliferinae. O presente trabalho utilizou marcadores de DNA mitocondrial e nuclear para avaliar as relações filogenéticas entre os gêneros de Stelliferinae e testar a hipótese de especiação de Ophioscion punctatissimus. Foram geradas árvores filogenéticas baseadas em 3711 pares de bases do DNA mitocondrial (rDNA 16S e COI) e nuclear (Rodopsina, EGR1 e RAG1), com 14 espécies representantes de cinco dos seis gêneros da subfamília Stelliferinae (Bairdiella, Corvula, Odontoscion, Stellifer e Ophioscion). Todos os resultados confirmam a monofilia da subfamília Stelliferinae e demonstram que Bairdiella/Corvula/Odontoscion são proximamente relacionados e é grupo irmão do clado Stellifer/Ophioscion. Os resultados também apoiam a não monofilia de Stellifer e Ophioscion, no entanto as relações interespecíficas destes gêneros não foram plenamente elucidadas. Dentro de Ophioscion, foi observada a separação de duas linhagens de O. punctatissimus que também é corroborada pelas análises filogeográficas e populacionais, sugerindo que estas são espécies distintas. Um dado interessante é que a linhagem I O. punctatissimus é mais próxima de O. scierus do oeste do Pacífico que da linhagem II de O. punctatissimus. Os eventos de diversificação do tempo do ancestral comum recente (TMRCA) do clado O. scierus/O. punctatissimus LI e O. punctatissimus LII data de 2,8 Ma, enquanto o tempo do TMRCA do clado O. scierus/O. punctatissimus LI data de 1.2 Ma, ambos os processos de cladogênese podem estar associados à formação do Ístmo do Panamá, ocorrido há cerca de 3 Ma. Estes resultados nos levam a sugerir que os táxons dentro de O. punctatissimus tenham se originado de ancestrais distintos e, devido à similaridade morfológica, uma das linhagens foi identificada erroneamente como O. punctatissimus.

  • RAFAELLA LIMA ALVES
  • Transcriptoma do Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862) na fase larval

  • Data: 20/05/2016
  • Mostrar Resumo
  • Macrobrachium amazonicum é um camarão de água doce classificado como uma espécie eurialina, com populações distribuídas em ambientes costeiros e continentais. Durante o desenvolvimento larval dos indivíduos costeiros é necessário migrar para água salobra, necessitando de diferentes mecanismos osmorregulatórios. Larvas no estágio zoea I toleram água doce e não apresentam órgãos osmorregulatórios, zoea V necessitam de água salobra e apresentam brânquias, enquanto que as pós-larvas voltam a tolerar água doce. Para investigar sobre os genes expressos putativos para regulação osmótica foi obtido o transcriptoma de larvas nos estágios zoea I, V e pós-larvas (PL), utilizando o sequenciador Ion TorrentTM. Foi obtido um total de 11.481.928 de reads, somando as três bibliotecas. Após a montagem e anotação foram obtidos 985 genes com função conhecida e foram acrescentados 650 fragmentos com CDs (codificantes de aminoácidos) não pareados nos bancos de dados públicos. Foram identificados 39 genes putativos para regulação osmótica, agrupados em três categorias: transportadores de íons e substâncias (8), energia e metabolismo (22) e resposta ao estresse (9). Entre os transportadores 6 são bombas de prótons, dos quais destacam-se a presença de Na+/k+ATPase e V-ATPase, 1 ATP biding cassette e 1 Sollute carrier family. Dos relacionados ao metabolismo foram registrados 6 mitocondriais (Citocromooxidase), 6 do metabolismo de lipídeos (Fatty acid) e via glicolítica, importantes no armazenamento e produção de energia através do ATP e 5 do metabolismo de aminoácidos e síntese de proteínas. Por último, a categoria resposta ao estresse destaca-se a presença de HSP70, que atua como chaperona. Este estudo, possibilitou a descoberta de genes que foram expressos durante a ontogenia, contribuindo para a compreensão de processos osmorregulatórios da espécie.

  • CÁSSIA PANTOJA ROCHA
  • Prospecção de genes putativos para enzimas digestivas a partir de uma biblioteca de cdna do hepatopâncreas de Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862)

  • Data: 20/05/2016
  • Mostrar Resumo
  • Macrobrachium amazonicum vem se tornando atrativo para a aquicultura por apresentar crescimento rápido, altas sobrevivências e boa aceitação no mercado. Muitos estudos tem focado no desenvolvimento da tecnologia de cultivo para a espécie, no entanto, a nutrição e a fisiologia são aspectos pouco explorados. Assim, este estudo teve como objetivo obter transcritos de genes putativos para enzimas digestivas a partir de uma biblioteca de cDNA do hepatopâncreas de M. amazonicum, sequenciada na plataforma Ion TorrentTM. Foram registrados fragmentos de nove genes identificados como enzimas digestivas, atuando em diferentes substratos: proteínas, carboidratos e lipídeos. Foi registrada a presença de endoproteases e exoproteases no hepatopâncreas, indicando um maquinário preparado para a digestão de alimentos ricos em proteínas. Além disso, o grupo funcional de digestão de carboidratos foi o mais representativo, em que M. amazonicum possui enzimas relacionadas a digestão de amido, quitina e celulose. Os achados sugerem que a espécie está preparada para aproveitar uma dieta rica em proteínas e carboidratos, com nutrientes de origem vegetal e animal, podendo auxiliar nas decisões da escolha dos ingredientes para elaboração de uma dieta mais adequadas ao maquinário enzimático do M. amazonicum.

  • LANNA JAMILE CORRÊA DA COSTA
  • Investigação sorológica do Rabies lyssavirus em morcegos e conhecimentos e práticas relativas à zoonose raiva em localidades de risco no nordeste do estado do Pará, Amazônia brasileira.

  • Data: 13/05/2016
  • Mostrar Resumo
  • Apesar da importância ecológica dos morcegos eles também podem estar associados à determinadas doenças, atuando como transmissores como no caso da raiva, uma encefalomielite viral aguda, transmitida, principalmente, pela inoculação do vírus presente na saliva do animal infectado. Devido ao seu hábito alimentar, o morcego hematófago Desmodus rotundus está entre os principais transmissores, sendo o responsável pelos surtos de raiva humana ocorridos em 2004 e 2005, nos estados do Pará e Maranhão. Assim, o presente trabalho teve como objetivos i) a realização de uma investigação sorológica do Rabies lyssavirus (RABV) em morcegos e ii) a avaliação do conhecimento e das práticas relacionadas à doença desenvolvidas por moradores de localidades de risco da mesorregião Nordeste do Pará. Primeiramente, procurou-se identificar a ocorrência de circulação viral e variação interanual na soroprevalência de anticorpos contra o RABV em morcegos em locais com registros de ataques de D. rotundus aos animais, e, apesar de não ter sido detectada infecção rábica, mais da metade dos morcegos (64%) estavam soropositivos. Também foi identificado um aumento significativo (p<0.001) no percentual de morcegos soropositivos de um ano (38%) para o seguinte (86%), indicando a possível ocorrência de um pico de infecção viral recente entre os morcegos. Em um segundo momento, com a avaliação do conhecimento e das práticas relacionadas a raiva desenvolvidas por moradores de comunidades rurais com e sem registros de casos de raiva em humanos, constatou-se baixa probabilidade desses moradores saberem se prevenir contra essa zoonose. Com esses resultados e com os relatos de alguns moradores pode-se concluir que a falta de conhecimento foi um importante fator na ocorrência dos surtos supracitados e que ainda persiste entre esses moradores. Isso, associado à circulação do RABV em locais onde existem ataques aos animais, aumenta a probabilidade de ocorrência de novos casos da doença. Portanto, é fundamental a implementação de intervenções educacionais com a população, partindo principalmente das entidades de saúde pública.

  • GUILHERME DA CRUZ SANTOS NETO
  • Estudos filogenéticos e populacionais de bivalves hyriidae do estado do Pará baseado em dados moleculares.

  • Data: 09/05/2016
  • Mostrar Resumo
  • A atual filogenia dos Hyriidae da América do Sul é baseada somente em dados morfológicos. Contudo, a morfologia de bivalves de água doce é altamente variável devido tanto a fatores genéticos quanto ambientais. O estudo utilizou sequências de DNA, mitocondrial (COI e 16S) e nuclear (18S-ITS1) para a análise em filogenética de nove espécies de Hyriidae Neotropicais, coletados de 15 rios Sul-americanos, e sequências de Hyriidae da Austrália e Nova Zelândia obtidas do GenBank. Os resultados das análises de filogenia molecular apoiam a proposta taxonômica tradicional, baseada em morfologia, para a Subfamília Hyriinae da América do Sul, atualmente dividida em três tribos: Hyriini, Castaliini e Rhipidodontini. As árvores filogenéticas baseadas em sequências nucleotídicas de COI revelaram pelo menos quatro grupos geográficos de Castalia ambigua: nordeste da Amazônia (rios Piriá, Tocantins e Caeté), Amazônia central, incluindo C. quadrata (rios Amazonas e Aripuanã), norte (rio Trombetas), e C. ambigua do Peru. As distâncias genéticas sugerem que algumas espécies podem ser crípticas. Entre os Hyriini, o conjunto inteiro de dados moleculares geraram árvores filogenéticas que indicam que Paxyodon syrmatophorus e Prisodon obliquus estão mais relacionados, seguidos por Triplodon corrugatus. O relógio molecular, baseado em COI, concorda com o registro fóssil dos Hyriidae Neotropicais. Estima-se que o ancestral dos Hyriidae da Australásia e Neotropicais viveu a aproximadamente 225 milhões de anos atrás (Maa). Triplodon corrugatus é um bivalve de água doce (Hyriidae) endêmico das bacias dos rios Amazonas e Orinoco. Nosso conhecimento sobre as diversidades dos hyriideos em nível de espécie e intraespecífico ainda é pobre. Foram investigadas as diversidades de T. corrugatus dos rios Tapajós, Amazonas, Tocantins, Irituia e Piriá, localizados no nordeste da Amazônia brasileira. Exceto pela população de Irituia, onde um único haplótipo COII-COI foi fixado, todas as outras populações apresentaram médias a altas diversidades haplotípicas e todas tiveram baixas diversidades nucleotídicas. Irituia é um rio impactado que necessita urgentemente de restauração a fim de reestabelecer o fluxo gênico e a diversidade genética dos moluscos, que ocorre pela dispersão via peixe hospedeiro. Os índices de fixação par-a-par indicaram que todas as populações estavam estruturadas, exceto para as comparações entre os rios Tapajós e Amazonas, e Amazonas e Tocantins, o que pode ser explicado pelo modelo de migração "stepping-stone". A AMOVA detectou que 81.28% da variação foi entre as populações. Entretanto, a análise do STRUCTURE apenas corroborou a diferenciação da população do rio Piriá, que é mantida em alopatria devido ao atual isolamento entre este rio e as bacias dos rios Amazonas e Tocantins. As análises filogenéticas sugerem que a dispersão de T. corrugatus ao longo do rio Amazonas ocorreu do oeste para o leste.

  • BEATRIZ FERNANDA CHINCHILLA CARTAGENA
  • Contribuição ao conhecimento da filogenia do gênero Sphoeroides, à filogeografia da espécie Sphoeroides testudineus, e à identificação de espécies na família tetraodontidae (Tetradontiformes)

  • Data: 30/04/2016
  • Mostrar Resumo
  • A família Tetraodontidae é composta por 27 espécies, difundidas em águas marinhas, salobras e doces, com ampla distribuição geográfica. Suas relações filogenéticas não estão totalmente resolvidas. O mesmo se aplica ao gênero Sphoeroides, para o qual não há estudo filogenético específico, embora seus representantes sejam inseridos em estudos para a família. Avaliou-se portanto peixes da família Tetraodontidae sob três enfoques usando abordagens moleculares. inicialmente, realizou-se uma filogenia de Sphoeroides, o terceiro gênero mais especioso da família com cerca de 20 espécies distribuídas nos oceanos Atlântico e Pacífico. Para esta abordagem foram utilizados os marcadores mitocondriais 16S e citocromo oxidase I (COI) bem como os exons dos genes nucleares proteína do córtex do ectoderma-neural (ENC1) e zinc finger of the cerebellum (zic1) para 12 espécies do gênero. No geral evidenciou-se uma proximidade filogenética entre Sphoeroides testudineus (linnaeus, 1758) e Sphoeroides annulatus (Jenyns, 1842), mas pouca resolução para as demais espécies analisadas. Outra abordagem envolveu S. testudineus, um dos baiacus mais frequentes na costa do Atlântico Ocidental, com distribuição desde os EUA (Nova Jersey) até o sul do Brasil (Santa Catarina). Análises populacionais e filogeográficas foram conduzidas utilizando-se os marcadores mitocondriais ATPase, citocromo oxidase I (COI) e região controle (RC). Tais análises demonstraram estruturação de S. testudineus, observando-se doishaplogrupos geneticamente distintos, correspondentes à distribuição norte-sul da espécie. Demonstrou-se ainda um possível processo de recente expansão demográfica, provavelmente relacionada a eventos paleogeográficos do Pleistoceno/Holoceno, que modificaram o cenário ocupado por essa espécie. Finalmente, visando contribuir para uma melhor discriminação de espécies da ordem Tetraodontiformes, cerca de 400 espécimes foram avaliados por meio de sequências da citocromo oxidase I, comumente utilizada para identificação de espécies pela abordagem de “DNA barcoding”. Os resultados da análise molecular foram concordantes com a identificação morfológica para todos os táxons avaliados. Nas árvores filogenéticas geradas foram encontradas evidências de complexos de espécies em Lagocephalus laevigatus (Linnaeus, 1766), Sphoeroides spengleri (Bloch, 1785), Sphoeroides testudineus, Sphoeroides annulatus e Sphoeroides pachygaster (Muller & Troschel, 1848). Verificou-se portanto, que além de responder com eficiência à proposta inicial – identificar espécimes – o DNA barcoding pode ser ferramenta útil na indicação de estruturação de populações.


  • AURYCEIA JAQUELYNE GUIMARAES DA COSTA
  • Inferências genéticas na família eleotridae (Gobiiformes: Gobioidei) da região neotropical baseadas em dados mitocondriais e nucleares



  • Data: 29/04/2016
  • Mostrar Resumo
  • A família Eleotridae é formada por 35 gêneros e aproximadamente 155 espécies válidas amplamente distribuídas em ambientes estuarinos e de água doce das regiões Neotropical, África e Indo-Pacífico. O conhecimento das espécies no âmbito ecológico, comportamental e genético ainda é negligenciado, principalmente em relação às espécies crípticas do gênero Eleotris, nomeadamemte passíveis de erros com base em identificação taxonômica. Dado este cenário, esta tese teve como primeiro objetivo avaliar a diversidade genética das espécies crípticas do gênero Eleotris, aplicando análises genéticas com base no gene COI e em dois fragmentos nucleares. Os resultados identificaram duas novas linhagens crípticas de cinco localidades da costa do Brasil, com diferenças genéticas apoiadas por altos valores de divergência e de suporte estatístico. Os eleotrídeos neotropicais foram incluídos em poucos trabalhos de filogenia baseados apenas em DNA mitocondrial, e as relações filogenéticas resultantes tiveram substanciais incongruências entre si. Desta forma, o segundo objetivo foi realizar filogenia dos eleotrídeos do Neotrópico baseada em sequencias de genes mitocondriais e nucleares. Sugeriu-se Microphilypnus como grupo-irmão dos demais eleotrídeos da região Neotropical. Foi identificado um grupo bem apoiado que emergiu a relação de parafilia de Gobiomorus em relação à Hemieleotris, além da íntima relação das espécies Calumia godeffroyi e Bunaka gyrinoides com os Eleotris da região Neotropical. O tempo de diversificação estimado para a origem dos eleotrídeos neotropicais correspondeu ao Mioceno, e apoiou a diferenciação de aproximadamente 17,7 milhões de anos entre a separação das espécies de Microphilypnus dos demais eleotrídeos. A terceira abordagem desta tese esteve no âmbito da região neotropical como área de endemismo para as espécies de eleotrídeos, os quais estão amplamente distribuídos nesta zona biogeográfica. Assim, o objetivo foi avaliar a diversidade molecular das espécies com base no gene COI, utilizando tanto sequências produzidas para este estudo, quanto as depositadas nos repositórios genômicos BOLD e GenBank. Os resultados mostraram a formação de 23 clados, nos quais observaram-se as formações de duas diferentes linhagens da espécie Gobiomorus dormitor, três linhagens divergentes de Dormitator maculatus, três linhagens de Eleotris fusca e três linhagens diferentes de Microphilypnus, todas apoiadas por elevados valores de bootstrap, probabilidade a posteriori e divergências nucleotídicas. Este estudo mostra a descoberta de formas crípticas que indicam a riqueza de espécies na família Eleotridae, bem como a presença de grupos parafiléticos, os quais requerem revisão sistemática

  • DNILSON OLIVEIRA FERRAZ
  • Análise filogeográfica do complexo Pipra fasciicauda (Hellmayr, 1906) (Aves: Pipridae).

  • Data: 28/04/2016
  • Mostrar Resumo
  • A espécie P. fasciicauda é atualmente composta por cinco subespécies com ampla distribuição geográfica na região neotropical, mas inexistem trabalhos que visem avaliar os seus limites intraespecíficos e as relações filogenéticas do táxon. Para a espécie, dados comportamentais, morfológicos e de distribuição foram usados para a definição da atual taxonomia. O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise filogeográfica do complexo Pipra fasciicauda, buscando compreender sua história evolutiva por meio de marcadores moleculares. Para isso, utilizamos três subespécies das cinco existentes para P. fasciicauda. Foram selecionados três marcadores mitocondriais (ND2, ND3 e COI) e três regiões nucleares (I5BF, Myo2 e G3PDH). Os resultados apoiam a monofilia da espécie P. fasciicauda e a existência de duas linhagens, além da divisão em clados que apóiam a existência de três populações estruturadas. Análises baseada em delimitação de espécies também apoia a diferenciação de dois clados em P. f. scarlatina (Amazônia e Caatinga). Em P. fasciicauda a diversificação parece ter sido grandemente influenciada pela formação dos grandes rios amazônicos e pela constituição de refúgios devido às mudanças climáticas no Pleistoceno. Nossas análises sugerem que alguns clados subespecíficos encontrados possam representar novos táxons e apontam para a necessidade do incremento de dados morfológicos, bioacústicos e comportamentais, a fim de verificar a necessidade de alteração taxonômica.

  • DERLAN JOSÉ FERREIRA SILVA
  • Variação temporal em assembleias de peixes em igarapés das drenagens costeiras do nordeste do Pará, Amazônia Oriental

  • Data: 15/04/2016
  • Mostrar Resumo
  • Com objetivo de investigar como a estrutura e composição das assembleias de peixes variam ao longo do tempo e indicar quais características ambientais estão melhor correlacionadas à estruturação temporal da ictiofauna em igarapés com dimensões físicas distintas, distribuídos em cinco bacias hidrográficas, na região Nordeste do Pará, foram amostrados trimestralmente entre novembro de 2008 e agosto de 2015, utilizando método de amostragem padronizado. Estas localidades foram agrupadas em dois conjuntos de igarapés baseado na variação de suas dimensões físicas (1ª a 4ª ordem), para comparar a respostas da fauna às mudanças temporais. A maioria dos igarapés de menor ordem não apresentou um padrão sazonal claro em relação às variáveis hidrológicas (profundidade, largura e correnteza), enquanto os igarapés de maior ordem apresentaram mudanças claras e regulares para estas variáveis durante o ano. Apesar da diferenças hídricas sazonais entre os igarapés de dimensões distintas, a estrutura das assembléias de peixes foi relativamente estável entre os anos, mas a intensificação das atividades antrópicas no ambiente fluvial podem alterar esta estabilidade temporal. Os igarapés de menor ordem também tenderam a apresentar pouca variação sazonal na estrutura e composição dessas assembléias. Entretanto, as mudanças sazonais sobre abundância e diversidade da ictiofauna aumentam conforme a ordem dos igarapés aumenta.

  • PABLO MARCELO VILHENA COSTA
  • Lições aprendidas a partir do projeto de recuperação de manguezal  REDEMA, na costa amazônica brasileira.

  • Data: 02/04/2016
  • Mostrar Resumo
  • O projeto REDEMA (Restauração de Manguezais Degradados) teve como objetivo, promover metodologias para a recuperação das áreas degradadas de manguezal na península de Ajuruteua, Bragança-Pará, via educação ambiental, com a participação das comunidades. O objetivo do presente estudo foi verificar o efeito das atividades e ações realizadas pelo projeto REDEMA sobre os moradores das comunidades de Tamatateua e Taperaçu-Campo, sob o ponto de vista ambiental e socioeconômico. Foram realizadas entrevistas sobre as atividades desenvolvidas e aspirações, sendo os respondentes divididos em cinco categorias: i) Pesquisadores, ii) Professores, iii) Alunos, iv) Monitores e v) Voluntários. O presente estudo concluiu que os comunitários reconhecem a importância do Projeto REDEMA e sabem descrever as práticas realizadas junto ao ecossistema de manguezal. No entanto, é importante notar que nem todos os partícipes perceberam os benefícios teórico-práticos nos dias atuais, denotando o não empoderamento a partir da reconstrução das suas memórias.

  • MARÍLIA DAS GRAÇAS MESQUITA REPINALDO
  • Mapeamento dos ambientes de manguezal do sistema estuarino Caravelas-Nova Viçosa – Ba (Resex de Cassurubá) através de clasificação orientada a objetos geográficos: subsídios para proteção e manejo

  • Data: 30/03/2016
  • Mostrar Resumo
  • As florestas de mangue constituem um ecossistema costeiro tropical conhecido pelo seu importante papel ecológico e pela sua alta produtividade primária. Visando promover a proteção dos manguezais e o manejo sustentável dos seus recursos, o reconhecimento e mapeamento de diferentes ambientes e gêneros arbóreos do manguezal apresenta grande relevância ecológica. O objetivo desse trabalho é reconhecer os diferentes ambientes e gêneros arbóreos do manguezal e quantificar sua distribuição espacial, a fim de contribuir com a proteção e manejo do ecossistema manguezal do sistema estuarino Caravelas-Nova Viçosa (RESEX de Cassurubá, Bahia). Para isso, foram utilizadas imagens do satélite RapidEye e dados de elevação (missão SRTM), analisadas a partir da abordagem de classificação de imagens orientada a objetos. Para validação da classificação, foram coletados 407 pontos independentes de verificação (ICPs), dos quais 53 pontos eram do gênero Laguncularia, 114 de Rhizophora e 45 de Avicennia, totalizando 212 pontos coletados na classe floresta de mangue. Foram coletados também 53 ICPs no ambiente de manguezal herbáceo/ecótono, 42 em planícies hipersalinas e 100 em corpos hídricos. A análise de acurácia da classificação dos ambientes costeiros mostrou que dos 407 pontos coletados em campo, 344 foram classificados corretamente, resultando em uma acurácia global de 0,85. Se considerarmos apenas as classes referentes aos gêneros de mangue, que somam 212 amostras, a acurácia registrada é 0,74. O valor do índice Kappa global obtido na classificação dos ambientes costeiros foi de 0,81, enquanto o índice Kappa por classe foi de 0,65 para a classe Laguncularia, 0,77 para Rhizophora, 0,93 para a Avicennia, 0,72 para manguezal herbáceo/ecótono e 0,97 para planície hipersalina. O valor apresentado para o índice Tau foi de 0,82. Esta abordagem mostrou-se eficaz para mapear os diferentes ambientes costeiros, assim como os diferentes gêneros de mangue (Laguncularia, Rhizophora e Avicennia) do ecossistema manguezal. Os resultados obtidos nesse trabalho poderão ser utilizados no manejo sustentável de recursos de importância socioambiental que ocorrem nos diferentes ambientes do manguezal da RESEX de Cassurubá. Esse trabalho também pode ser usado como baseline para o monitoramento da dinâmica e conservação da RESEX de Cassurubá, contribuindo na discussão sobre ampliação dos limites da RESEX, uma vez que parte da área de manguezal mapeada no sistema estuarino estudado está fora dos limites dessa unidade de conservação.

  • RENATA DO SOCORRO CORREA BALDEZ
  • Caracterização de marcadores microssatélites e estudo de estruturação genética espacial e temporal em populações de Crassostrea gasar, Adanson 1757

  • Data: 18/03/2016
  • Mostrar Resumo
  • A ostra Crassostrea gasar têm uma ampla distribuição ao longo das águas estuarinas tropicais do litoral da América do Sul e África e o valor econômico desta espécie tem levado a um aumento no número de fazendas de cultivo de ostras, especialmente ao longo da costa brasileira. A necessidade de mais informações sobre a diversidade genética dos bancos naturais de C. gasar do norte do Brasil é justificada pela intensificação de cultivos de ostras nesta região e no nordeste do Brasil. Foi desenvolvida uma biblioteca genômica de microssatélites enriquecidos (CT/GT) para C. gasar e doze novos loci polimórficos foram isolados e caracterizados. Os marcadores foram amplificados com sucesso em 25 indivíduos de C. gasar e em 11 indivíduos de Crassostrea rhizophorae (amplificação cruzada). Um total de 300 espécimens de C. gasar (50 indivíduos por coleta) com comprimento entre 3 e 5 cm foram amostrados em Salinópolis, Curuçá e São Caetano de Odivelas, na costa norte do Brasil, em duas ocasiões, com intervalo de 10 meses (amostragem I e II, respectivamente). Dos doze loci de microssatélites caracterizados, nove foram escolhidos para genotipagem de todas as amostras de DNA das C. gasar coletadas. Históricas reduções drásticas no tamanho populacional foram observadas nestas populações da costa norte. Um grande número de alelos raros foi encontrado, mas nas nossas análises, não foram detectados eventos de gargalo de garrafa, sugerindo que a redução do tamanho populacional observada sazonalmente não tem sido substancial para reduzir a variabilidade genética. As análises par-a-par dos índices de fixação Fst e a AMOVA locus-por-locus detectaram heterogeneidade entre as ostras dos diferentes sítios amostrais. Entretanto, análise temporal global dos indivíduos dos três sítios agrupados mostrou que houve homogeneidade entre a amostragem I e II. Estes resultados podem ser explicados pela predominância do recrutamento local na ausência de barreiras físicas ao fluxo gênico, com apenas um pequeno número de ostras em atividade de reprodução em cada sítio. Este estudo mostra evidências que sugerem que o manejo comercial que vem sendo desenvolvido pelas associações de ostreicultura, com a translocação de sementes de C. gasar de Curuçá para engorda em outros locais da costa do estado do Pará, não afeta negativamente a diversidade desta espécie na natureza.

  • YRLAN SOUSA DE OLIVEIRA
  • Análise filogeográfica de Rhinella major Müller & Hellmich, 1936 (Amphibia, Anura, Bufonidae) na região amazônica.

  • Data: 15/03/2016
  • Mostrar Resumo
  • A Amazônia é uma área de grande concentração de biodiversidade. O gênero Rhinella é um representante desta biodiversidade, sendo o mais diversificado gênero de sapos dentro da família Bufonidae. Estes apresentam uma ampla distribuição, estando presente em quase toda a América Latina. O grupo de sapos Rhinella granulosa é composto por 13 espécies, sendo que de acordo com a IUCN, todos são ainda considerados como uma única espécie, e assim, a maioria destas espécies não possui classificações quanto ao seu status na referida lista. No presente trabalho foram utilizados marcadores mitocondriais e nucleares para analisar o padrão filogeográfico da espécie R. major nas duas margens do Rio Amazonas. Foram observados dois grupos de haplótipos mitocondriais, onde não se observou compartilhamento de haplótipos e fluxo gênico. Da mesma forma, evidenciou-se através de análises de reconstrução demográfica um declínio populacional recente na área amostrada. Os presentes resultados somados ao fato de que a região em destaque é altamente impactada por ações antrópicas, reforça a necessidade de que planos de conservações para estes grupos são de suma importância para a conservação desta espécie na Amazônia.

  • RAFAELLA SIMÃO DE FARIA
  • Emissão de CO2 via respiração do solo nos manguezais da península de Ajuruteua, Bragança, costa amazônica brasileira

  • Data: 11/03/2016
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo quantificou as trocas gasosas entre o solo e a atmosfera nos manguezal ao longo da península de Ajuruteua, Bragança, costa amazônica brasileira. O trabalho de campo foi desenvolvido em três sítios de trabalho: Furo do Taici, Bosque Anão e Furo da Estiva. As medições de CO 2 emitido pelo solo foram feitas utilizando-se da metodologia de câmaras de concentração acopladas a um analisador de CO 2 com infravermelho (IRGA), modelo LICOR-840. Os dados foram testados quanto a normalidade e homocedasticidade através do teste de Shapiro-Wilk e Levene, respectivamente. A análise dos componentes principais (ACP) foi utilizada para reduzir e eliminar sobreposições das variáveis abióticas físicas e químicas. A análise granulométrica classificou o Furo do Taici como Franco Argilo Arenoso, o Furo da Estiva como Franco Arenoso e o Bosque Anão como Franco Argilo Arenoso. O gradiente de salinidade vai do Furo do Taici, o menor valor médio (16,5), até o Bosque Anão com 44,29. No cômputo geral, os valores médios registrados para a emissão de CO2 do solo variou de 1,45 μmols.m-2.s-1, no Furo do Taici a 0,69 μmols.m-2.s-1 no Bosque Anão, sendo a diferença entre eles significativa (KW, H=10,28; gl=2; p=0,0058). A análise comparativa das variáveis do solo entre os sítios mostrou-se significativa para quase todas as variáveis, exceto para Temperatura do Solo e Salinidade. Os resultados também mostraram que os fluxos de CO2 variaram em média 0,51 μmols.m-2.s-1 entre os sítios, com a maior variação registrada entre os sítios Furo do Taici e Bosque Anão. De fato, o efluxo de CO2 mostrou-se inversamente proporcional aos valores de intensidade pluviométrica, sendo esse efeito melhor capturado nos manguezais do Bosque Anão onde essas duas variáveis foram melhor correlacionadas (R2=0,87; p<0,05). Portanto, os resultados mostraram que a emissão de CO2 dos solos dos manguezais para a atmosfera é inversamente proporcional à salinidade, haja vista as taxas de intensidade pluviométrica influenciarem diretamente os valores de salinidade do solo nos manguezais da península.

  • ANTONIO RICARDO DA COSTA VIRGULINO
  •  

    Características fotossintéticas de três espécies arbóreas dominantes em um manguezal da Amazônia brasileira.

  • Data: 11/03/2016
  • Mostrar Resumo
  •  

    Características fotossintéticas de três espécies arbóreas de mangue: Rhizophora mangle L. (Rhizophoraceae), Avicennia germinans (L.) L. (Acanthaceae), e Laguncularia racemosa (L.) c.f. Gaertn (Combretaceae), foram investigadas entre dois sítios de trabalho com diferentes salinidades na Península de Ajuruteua, costa amazônica brasileira. As campanhas para medições das trocas gasosas foram realizadas entre os meses de Junho a novembro e para acessar a copa das árvores foram utilizadas torres de andaimes a cada campanha. Para a determinação das curvas de A-Ci, utilizou-se um sistema portátil de fotossíntese (IRGA LI-6400XT, LI-COR, Lincoln, NE, USA). Baseado no modelo bioquímico de Farquhar e colaboradores (Farquharet al. 1980, von Caemmerer 2000). Os resultados mostraram que a espécie R. mangle apresentou maiores valores de Ma e menor eficiência fotossintética, enquanto que A. germinans apresentou relação inversamente proporcional entre as variáveis Ma e Vcmax nos dois sítios. A comparação entre os valores das variáveis da assimilação fotossintética das três espécies mostrou a maior eficiência fotossintética para plantas do Furo do Taici, que possui menor média de salinidade. As taxas fotossintéticas de A. germinans foram maiores comparadas com L. racemosa e R. mangle nos dois sítios de trabalho.


  • PAULO RODOLFO FERREIRA CUNHA
  • Associação do caraguejo-uçá Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) com os bosques de mangue e análise do seu potencial extrativo no munícipio de Viseu- Pará

  • Data: 10/03/2016
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo focalizou a relação entre o caranguejo-uçá e a distribuição das espécies vegetais arbóreas que formam os bosques de mangue no município de Viseu- Pará, dando-se ênfase ao potencial extrativo desse recurso para os extrativistas estuarino-costeiros dessa região. Nove pontos de coleta foram escolhidos através de entrevistas aplicadas aos pescadores de caranguejos locais. Os pontos foram georreferenciados e inseridos em uma base cartográfica para elaboração de mapas temáticos da distribuição espacial das espécies arbóreas de mangue e da largura da carapaça e densidade do caranguejo-uçá. O estudo botânico foi realizado em três transecções de 100 m paralelas e com intervalos de 20 m. Em cada transecção foram abertas cinco parcelas contíguas de 20x20 m (400 m2). De todas as árvores de mangue foram medidos DAP (cm) e Altura Total (m). Dos caranguejos foram medidos a Largura da carapaça (cm) e Peso (g), enquanto a Densidade foi estimada pelos métodos de contagem de galerias (CG; galerias.m-2) e contagem dos indivíduos (CI; ind.m-2). A análises de variância foram realizadas para os atributos da vegetação e do caranguejo-uçá em separado, bem como correlação entre esses atributos. Do total de 4545 registros, R. mangle obteve 2587 (56,9%), A. germinans 1625 (35,7% e L. racemosa 333 (7,3%). Avicennia germinans foi a espécie mais dominante em 70% dos pontos de coleta que foram considerados em desenvolvimento e o restante maduros.O método de contagem que melhor representou a densidade de Ucides cordatus foi o CG. Nesses bosques o solo tende a ser menos inconsolidado, tornando mais difícil o processo de extração do caranguejo-uçá pelo método do braceamento, o que, no caso do presente estudo, ambos poderiam ter contribuído para essa discrepância na proporção sexual. Os bosque de L. racemosa são pouco procurado pelos pescadores, pois para esses pescadores a baixa densidade e o menor tamanho dos caranguejos fazem com que esses bosques sejam raramente procurados para essa atividade.

     

  • CRISTINA PANTOJA ROCHA
  •  

    Características morfofisiológicas do desenvolvimento ontogenético de camarões do gênero Macrobrachium (Decapoda: Palaemonidae) da região amazônica.

     


  • Data: 26/02/2016
  • Mostrar Resumo
  •  

    As espécies do gênero Macrobrachium apresentam tipos distintos de desenvolvimento larval. Espécies de ciclo longo são tipicamente diádromas e necessitam da água salobra para completar a metamorfose, enquanto que as de ciclo larval abreviado completam o ciclo em água doce e portam grande reserva endógena. Entretanto, M. amazonicum pode completar o desenvolvimento larval em água doce para populações continentais e em água salobra para populações costeiras. Nos dois casos, apresenta ciclo longo, sendo considerado uma exceção. Assim a presente tese teve como objetivo, investigar aspectos morfofisiologicos do desenvolvimento ontogenético de camarões do gênero Macrobrachium da região Amazônica. Foi realizada a descrição da morfologia do sistema digestório da espécie M. acanthurus que apresenta ciclo longo e M. jelskii, de ciclo abreviado. A partir desses dados foi inferido a possível existência de lecitotrofia e funcionalidade desse sistema ao longo do desenvolvimento ontogenético. Além disso, foi levantada a hipótese de que M. amazonicum de uma mesma população genética (costeira da Amazônia) apresenta plasticidade biológica para salinidade em resposta ao ambiente que ocupa. A morfologia do sistema digestório de M. acanthurus revelou ausência de funcionalidade digestiva em zoea I. Nesse estágio os apêndices bucais e estômagos são desprovidos de cerdas ou estruturas rígidas, conferindo comportamento lecitotrófico obrigatório. No entanto, em zoea II há o aumento no número de cerdas nos apêndices bucais e uma clara diferenciação do estômago, com o registro de filtro pilórico em forma de colmeia. Nos estágios subsequentes essas estruturas tornam-se especializadas, evidenciando a capacidade de captura e digestão de alimentação exógena. M. jelskii possui apêndices bucais e estômagos rudimentares e não funcionais em zoea I e II, conferindo comportamento lecitotrófico obrigatório nessa fase. Em zoea III essas estruturas tornam-se mais complexas e funcionais para a alimentação. Esses resultados corroboraram os ensaios comportamentais de ponto de não retorno e ponto de saturação de reserva, que testou a inanição na fase larval e evidenciaram alto potencial endotrófico, com reservas vitelogênicas suficientes para conclusão da metamorfose na ausência de alimentação. Ou seja, em zoea III a lecitotrofia pode ser considerada facultativa. Para as larvas de M. amazonicum foi investigado o comportamento osmorregulatórioem animais oriundos de ambiente de várzea e de estuário. Foram avaliadas a sobrevivência e longevidade de larvas em inanição nas salinidades 0, 2, 5, 10, 20 e 30. Em paralelo foram cultivadas larvas, com fornecimento de alimento, nas salinidades 5, 10 e 20. As larvas mostraram tolerância a água doce em zoea I, independente da origem dos animais, sugerindo uma estratégia para migrarem ao ambiente com influência salina. No entanto, larvas de várzea são capazes de se desenvolver em todas as salinidades testadas, enquanto que as estuarinas não chegam a pós-larvas em água doce. Esses resultados indicam que larvas de M. amazonicum possuem plasticidade biológica, em que as larvas de várzea podem ser facultativamente hololimnéticas e as estuarinas são tipicamente diádromas. Além disso, as larvas originadas de ambiente estuarino apresentaram maior sobrevivência em salinidade 20, sugerindo uma adaptação para ambientes com maior oscilação de salinidade. Além disso, foi visto que em salinidade 5 as larvas de várzea apresentam produtividade maior que 60 PL/L. Já as larvas de estuário revelam maior resistência à maiores salinidades. Os resultados obtidos neste documento de tese fornecem subsídios para adequar o manejo alimentar na fase larval de M. jelskii e M. acanthurus, assim como promover redução de custos quanto ao uso de água salgada natural ou artificial no cultivo de M. amazonicum.


  • ADRIANNE DOS SANTOS FREITAS
  •  Filogeografia e estrutura genética populacional de Menticirrhus americanus Linnaeus, 1758 (Sciaenidae - Perciformes) ao longo da costa do atlântico sul ocidental, utilizando a região controle do Dna mitocondrial.

  • Data: 11/02/2016
  • Mostrar Resumo
  •  Estudos baseados em dados do DNA mitocondrial têm sugerido que espécies que apresentam ampla distribuição geográfica podem exibir algum nível de estruturação genética. Desta forma, a espécie M. americanus foi escolhida como objeto do presente estudo, visto que é uma espécie estuarino dependente e que apresenta uma ampla distribuição geográfica, indo dos Estados Unidos a Argentina, tais características sugerem uma possível estruturação populacional. No presente estudo foi analisado um fragmento da Região Controle do mtDNA de 224 indivíduos de 11 localidades da costa Atlântica da América do Sul (do Pará, no Brasil, ao Rio da Prata, no Uruguai). Os resultados revelaram a ocorrência de 3 grupos distintos dentre as populações: o grupo I, inclui as populações do Norte e Nordeste do Brasil; o grupo II, as populações das regiões brasileiras Sudeste e Sul; e o grupo III, com as populações do Uruguai. Dos 113 haplótipos identificados, 16 pertencem exclusivamente as populações do Uruguai, 67 são exclusivos do grupo I e 27 são exclusivos do grupo II, sendo apenas 3 haplótipos compartilhados entre os grupos I e II. Ficou evidente a completa separação das populações do Uruguai das do Brasil. Entretanto com relação as populações da costa brasileira há uma pequena estruturação envolvendo populações do sul-sudeste e norte-nordeste, sugerindo a existência de fluxo gênico recente ou mesmo a existência de um polimorfismo ancestral. Esse padrão filogeográfico pode ser decorrente da existência de barreiras ao fluxo gênico na altura do estado do Espírito Santo, coincidente com a cadeia de montanhas Vitória – Trindade, que pode estar atuando como barreira ao fluxo gênico em razão de fenômenos biológicos, físico-químicos decorrentes de mudanças climáticas, eventos de oscilação do nível do mar do Pleistoceno, etc., e mais ao Sul na altura do Rio da Prata, a Zona de Convergência Brasil/Malvinas, formada pelas correntes do Brasil e das Malvinas. Estas correntes se formam próximo à desembocadura do Rio da Prata e provocam mudanças físico-químicas (temperatura, salinidade da água, etc.) e mesmo biológicas (alteração na biodiversidade fitoplanctônica) na região, que podem ter proporcionado, às populações de M. americanus, adaptação às condições locais. Assim, os resultados aqui apresentados corroboram parcial ou totalmente outros estudos que mostraram que as características biológicas, geomorfológicas e hidrodinâmicas do Atlântico Sul Ocidental podem promover a estruturação genética de populações em peixes.


  • DIVINO BRUNO DA CUNHA
  • Caracterização genética e morfológica de espécies de sapos Rhinella marina, R. schneideri e R. jimi (anura: bufonidae): estudo de zona híbrida.

  • Data: 19/01/2016
  • Mostrar Resumo
  •  

    As espécies Rhinellamarina, Rhinella schneideri e Rhinella jimi são amplamente distribuídas na América do Sul, fornecendo uma excelente oportunidade para se investigar de híbridização. Estudos recentes têm sugerido um padrão de introgressão unidirecional do mtDNA de R. schneideri para populações de R. marina no sul do Rio Amazonas. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo principal o estudo de zonas de contatos e hibridizações entre estas espécies. Foram analizados 207 indivíduos coletados em 17 localidades, configurando um transecto entre os do Maranhão, Tocantins e Goiás. Foi realizada uma abordagem em larga escala usando sete loci de microssatélites, seis SNPs diagnósticos e um caractere morfológico espécie específico. Primeiramente, foram detectados padrões de introgressões ao longo do Cerrado, onde alelos de R. marina foram detectados em populações de R. schneideri. No entanto, uma análise mais ampla demonstrou que estas populações de R. schneideri eram na verdade a espécie R. jimi. Foram observadas fortes discordâncias entre os dados moleculares e morfológicos, onde a presença deglândulacloacal (caracter específico de R. jimi) foi detectada emindivíduosgeneticamenteidentificadoscomoR.jimieR.schneideriamostradosao sul noslimites dobiomaCerrado. A área de introgressão observada foi de cerca de ≈450 km de comprimento, na qual indivíduos de R. jimi compartilham alelos típicos de R. schneideri em um ou mais loci, sendo que híbridos F1, F2 e Backcrosses recentes foram encontrados apenas em uma área estreita próxima das regiões de Palmas e Taquarussu. Da mesma forma, uma análise envolvendo várias populações na margem sul do Amazonas mostrou que existe na verdade uma espécie críptica relacionada ao R. schneideri na Amazônia. Esta espécie encontra-se em diversas localidades em simpatria com R. marina e sinais de hibridizações foram encontrados. De uma maneira geral, os resultados mostram que potenciais espécies crípticas tendem a mascarar os sinais de hibridizações, e assim, o presente estudo demonstrou que a inferência de processos evolutivos entre estas podem enviesar os resultados e conclusões.

2015
Descrição
  • NORMA CRISTINA VIEIRA COSTA
  • Gênero, geração e saberes na pesca artesanal costeira- estuarina amazônica: dois sexos, lugares de gênero e múltiplas idades.

  • Data: 10/12/2015
  • Mostrar Resumo
  • Propõe-se aqui fazer uma discussão em torno das relações de gênero e de geração presentes nas atividades de pesca artesanal. Trata-se de problematizar, a partir de uma pequena comunidade da Amazônia Oriental (Comunidade de Bonifácio, Bragança – Pará) de que forma essas relações estão sendo (re) construídas e representadas pelas pessoas desse contexto social.Para tanto, o trabalho de campo, que contou com entrevistas parcialmente estruturadas, grupos focais, associação livre, associações livres, observação do cotidiano da comunidade serviram como suporte na aproximação e na compreensão do fenômeno pesquisado. Ainda nesse sentido, a participação na rotina de várias famílias da comunidade, incluindo alimentação conjunta, pescarias, atividades domésticas e de manutenção dos instrumentos de pesca, fizeram parte do percurso metodológico. Assim, foi possível perceber que na Comunidade de Bonifácio o uso dos espaços e dos recursos naturais está rigidamente estruturado a partir da hierarquização de gênero – isso é de homem, aquilo é de mulher. Há trânsito de homens e de mulheres no variado conjunto de tarefas executadas na localidade (confecção e conserto de instrumentos de pesca, captura, processamento do pescado, por exemplo). Mas esse trânsito não pode ser lido apressadamente, como se indicasse que não há uma divisão sexuada do trabalho e que a sociedade não se estrutura nas relações de gênero.Também, foi percebido como a organização etária, a partir de grupos de idades, é também uma construção cultural. E embora essa organização varie de sociedade para sociedade, ela está presente em todas elas, o que em certa medida, acaba definindo, ainda na infância, os saberes, os valores, os papéis e os lugares de gênero e de geração, inclusive nas atividades pesqueiras. Por fim, nota-se que nas comunidades aonde se materializa a pesca artesanal são diversas as relações em rede – relações de gênero, relações de geração, relações com a natureza – que estruturam as diferentes formas complexas de manejo do ambiente social, cultural, simbólico, ambiental.

  • NATALIA DO SOCORRO DA SILVA SOUSA
  • Influência do despejo de esgoto doméstico na qualidade das águas do rio Caeté e do rio Cereja (Bragança-Pará)

  • Data: 25/11/2015
  • Mostrar Resumo
  • Esta pesquisa foi realizada em dois ambientes amazônicos: o estuário do rio Caeté e o rio Cereja, ambos localizados no município de Bragança-Pará-Brasil. Estes ambientes são influenciados por fatores naturais e antrópicos, como a descarga de esgoto in natura, lançado diariamente nestes corpos hídricos. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos negativos do crescimento populacional e a falta de saneamento básico na qualidade da água do estuário do rio Caeté e do rio Cereja, através de análises físico-químicas e microbiológicas. No estuário do rio Caeté, as estações de coletas foram definidas de acordo com os locais de saída de esgoto e ocupação antrópica (de Bragança à comunidade do Caratateua), enquanto que as estações do rio Cereja foram definidas de acordo com o grau de ocupação antrópica às margens do rio (desde a região próxima a nascente até a sua foz), sendo as coletas realizadas em diferentes condições climáticas. No estuário do rio Caeté foram realizadas quatro campanhas em marés de sizígia, sendo coletadas 22 amostras de água em cada campanha, em 11 estações de amostragem. No rio Cereja foram realizadas três campanhas em seis estações de amostragem. As amostras de água foram utilizadas para análises de clorofila a, pH, nutrientes dissolvidos e totais, e coliformes termotolerantes. Durante as coletas, foi utilizado um CTDO para medir dados de temperatura da água, salinidade, turbidez, oxigênio dissolvido e taxa de saturação de oxigênio. Em seguida, estes parâmetros foram enquadrados na resolução CONAMA, para o corpo de água a qual se destinam. Os índices tróficos foram determinados pelo TRIX (estuário do rio Caeté) e IET (rio Cereja). Além disso, foi realizado um cálculo de produção per capita de efluentes para estimar a quantidade de esgoto lançado diariamente no estuário do rio Caeté. Análises estatísticas foram realizadas para verificar possíveis interações entre as variáveis hidrológicas e microbiológicas. Mapas foram construídos a fim de mostrar os principais tipos de uso e os impactos observados no estuário do rio Caeté e do rio Cereja. Os parâmetros no estuário do rio Caeté e do rio Cereja variaram em função da climatologia, das condições naturais e antrópicas. Os resultados mostraram baixas variações de temperatura e pH nos dois períodos sazonais e entre as estações. A turbidez permaneceu elevada durante a pesquisa no estuário do rio Caeté, devido à forte influência hidrodinâmica, associada ao despejo de esgoto, enquanto que no rio Cereja, a turbidez foi mais elevada nas estações de coleta mais contaminadas. A redução da precipitação ocasionou um aumento da salinidade das águas do Caeté, principalmente nas estações com maior influência marinha. O oxigênio dissolvido foi mais elevado na estação seca (maior hidrodinâmica), enquanto que no rio Cereja as águas estiveram sob condições de hipóxia. As concentrações de nitrogênio inorgânico, nitrogênio total e fósforo orgânico foram mais elevadas nas estações localizadas nos setores mais urbanizados, enquanto os demais nutrientes dissolvidos foram mais abundantes nas estações de maior salinidade. No caso do rio Cereja, as concentrações de nutrientes aumentaram de acordo com o grau de ocupação antrópica. A contaminação por coliformes termotolerantes nos ambientes estudados foi maior nos setores mais urbanizados da cidade. O Caeté apresentou nível trófico elevado, devido às condições naturais e antrópicas que favoreceram ao aumento de nutrientes e clorofila a, enquanto o rio Cereja apresentou condições mesotróficas de eutrofização. O lançamento de esgoto no estuário do rio Caeté é maior no setor urbano da cidade, onde a produção de esgoto é elevada. A ausência de saneamento básico e de uma rede de esgoto no município de Bragança, associada ao aumento da população são os principais fatores que contribuem para a contaminação e degradação dos corpos hídricos estudados. Para tanto, ações de intervenção são necessárias para mitigar os problemas referentes à qualidade das águas do estuário do rio Cereja e do estuário do rio Caeté.

  • LUZINETE LOURENÇO DA SILVA
  • Riqueza e abundância de galhas em mangues plantados de Avicennia germinans (L.) L.: Testando a hipótese da arquitetura da planta

  • Data: 05/11/2015
  • Mostrar Resumo
  • A hipótese da arquitetura da planta prediz que variações na complexidade estrutural da planta hospedeira influenciam a comunidade de insetos herbívoros, sua dinâmica e desempenho. Nós tentamos verificaro efeito da arquitetura da Avicennia germinans(L.)L.sobre a riqueza e abundância dos morfotipos de galhas em sítios de mangue plantado na península de Ajuruteua, Bragança, costa amazônica brasileira. As amostragens foram realizadas em cinco sítios usando 10 indivíduos e 20 ramos apicais por indivíduo. Os atributos estruturais (variáveis explicativas) e a riqueza e abundância de galhas (variáveis resposta) foram estimados e analisados com regressão múltipla através de modelos lineares generalizados (GLM). Vinte e dois morfotipos de galha foram registrados com a ocorrência de 16 em todos os sítios. Um total de 7.602 galhas com média de 1,3±0,4 galhas por folha foi registrado. Os morfotipos MF7 e MF4 foram os mais abundantes e representaram menos de 40% do total. Embora A. germinans seja uma planta super-hospedeira, o parasitismo das espécies indutoras de galha não afetou o seu desenvolvimento ou sua sobrevivência. Este fato somado à previsibilidade e atratividade do recurso aos artrópodes galhadores podem explicar a alta riqueza e abundância de morfotipos de galhas associadas a A. germinans nos manguezais. Contudo, a complexidade arquitetônica dessa espécie arbórea do mangue não influenciou a riqueza, apenas a abundância de morfotipos de galha, corroborando parcialmente com a hipótese da complexidade estrutural em sítios de mangue plantados.

  • FRANCISCO PEREIRA DE OLIVEIRA
  •  

    Análise da percepção dos extrativistas estuarino-costeiros sobre o zoneamento da extração do caranguejo-uçá (Ucides cordatus) e da madeira nos manguezais da resex-marinha Caeté-Taperaçu, Pará, Costa Amazônica Brasileira


  • Data: 23/10/2015
  • Mostrar Resumo
  •  

    A pesquisa intitulada “Análise da percepção dos extrativistas estuarino-costeiros sobre o zoneamento da extração do caranguejo-uçá (Ucides cordatus) e da madeira nos manguezais da RESEX-Mar Caeté-Taperaçu, Bragança, costa amazônica brasileira” ocorreu no período de março de 2012 a março de 2015. O objetivo foi compreender as formas de apropriação e uso desses dois recursos dos manguezais da referida costa, assim como zonear suas principais áreas intensificadas pela exploração. A coleta foi realizada a partir da percepção dos extrativistas estuarino-costeiros (n=80), com idade acima de 18 anos. A partir de então, foram realizadas entrevistas por meio do instrumento questionário, com perguntas (semi)estruturadas para traçar o perfil de apropriação e uso desses recursos como atividades produtivas. Pôde-se identificar que existem cerca de 700 pessoas que praticam a pesca do caranguejo-uçá como a principal atividade produtiva nos manguezais da RESEX-Mar. Identificou-se também que os extrativistas estuarino-costeiros são especializados em mais de uma atividade produtiva. A escolaridade desses atores sociais foi considerada baixa e suas atividades produtivas ligadas ao ecossistema de manguezal ocorrem o ano todo, com exceção no período do defeso do caranguejo-uçá, e, parte da produção é destinada à comercialização. Os mesmos percebem alguns impactos negativos com relação ao extrativismo nos manguezais da referida RESEX-Mar. Todavia, inferem indicativos de recuperação como replantio das áreas degradadas e coleta sistemática dos resíduos sólidos. Porém, fatores como a falta de oportunidades formais de emprego e a baixa escolaridade, fazem com que percebam como a única alternativa de renda, a prática do extrativismo nos manguezais. Importante achado foi o zoneamento de 32 áreas de pesca intensiva do caranguejo-uçá e, 20 áreas de corte da madeira de mangue nos manguezais da RESEX-Mar. As zonas de exploração do caranguejo-uçá (n=32) foram georreferenciadas e plotadas no Programa ArcGis e gerados mapas, assim como a caracterização das áreas por meio dos fatores fácil e difícil acesso. Nessas áreas, abria-se uma parcela de 100m x 25m, depois a dividia em quatro parcelas (25 x 25m) e realiza-se a contagem das galerias. Em seguida, os espécimes pescados para a comercialização eram medidos (largura da carapaça), num total de 150 indivíduos por área, o que totalizaram 4.800 indivíduos. Os resultados apresentaram que as áreas de fácil acesso (FA) são as que possuem o menor caranguejo-uçá (> 6,0 cm e < 7,3 cm), e, portanto as mais intensificadas na exploração, enquanto que as áreas de difícil acesso (DA) possuem o maior caranguejo-uçá (≥7,3 cm). Analisado esse resultado pela Regressão Logística, demonstrou-se ser bastante significativo, onde existe a probabilidade de aproximadamente 92% de ocorrer o caranguejo-uçá grande nas zonas de DA e 25% nas zonas de FA. No geral, o tamanho médio do caranguejo-uçá na península é de 7,3 cm de largura da carapaça. Os extrativistas estuarino-costeiros identificaram as 20 principais zonas de corte da madeira de mangue, o que foi possível georreferenciá-las, a considerar as três principais espécies de mangue da península de Ajuruteua Rhizophora mangle, Avicennia germinans e Laguncularia racemosa. Em cada zona de corte, abria-se uma parcela de 10m x 10m, para retirar as medidas dos atributos estruturais dos bosques de mangue, tanto das árvores vivas quanto dos troncos cortados. A partir de então, foi possível determinar a intensidade de corte para cada uma das três espécies de mangue, assim como gerar um índice de corte (Ic) para os manguezais da RESEX-Mar de Bragança, com a identificação do grau de impacto (baixo, médio e alto) desse corte. Nesse sentido, a espécie arbórea com maior audiência de corte foi a Laguncularia racemosa, seguida pela Avicennia germinans e a Rhizophora mangle, justificada o uso como as espécies preferidas para a confecção de currais de pesca. O Ic revelou que os manguezais da RESEX-Mar Caeté-Taperaçu está submetido ao médio impacto, com predição ao alto se continuar o corte com a mesma audiência encontrada por este estudo. Por fim, os resultados e discussão permitiram a inferência de que alguns indicadores de conservação e manejo capazes de minimizar a pressão que ora passa esses manguezais dessa RESEX-Mar. Esses indicadores versam para a oferta de oportunidades de alternativa de renda, reconhecimento e regulamentação por parte dos órgãos governamentais da categoria pescador do caranguejo-uçá para acesso aos direitos previdenciários, à saúde, à aposentadoria e à escolarização específica para os extrativistas estuarino-costeiros, a considerar o ciclo sazonal de suas atividades produtivas.


  • MAYARA TATIANE BARROS VIEIRA RABELO
  • Salinidade e espessura da casca como fatores críticos na variação do efluxo de CO2 do tronco das espécies arbóreas de mangue na costa amazônica brasileira

  • Data: 16/10/2015
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo teve como objetivo principal, estimar as diferenças nas taxas de CO2E dos troncos entre as três principais espécies arbóreas de mangue, além de verificar se a salinidade da água intersticial, a espessura da casca e a temperatura do tronco atuam como fatores limitantes no CO2E para esse compartimento das florestas de mangue da costa amazônica brasileira. O CO2E mediu 0,76 µmol m-2 s-1 para Rhizophora mangle, 1,26 µmol m-2 s-1 para Laguncularia racemosa e 2,02 µmol m-2 s-1 para Avicennia germinans, com R. mangle diferenciando-se significativamente das outras duas espécies. Essa relação mostrou-se inversa quando da análise da espessura da casca e, por isso, assume-se que espécies com a casca mais espessa apresentam menor difusão do CO2 para a atmosfera. Não houve correlação significativa do CO2E do tronco com o diâmetro do tronco, mas sua temperatura foi positiva e significativamente correlacionada com o CO2E somente para L. racemosa (rs2 = 0,47). A salinidade da água intersticial não teve correlação com o CO2E, embora tenha sido observado uma tendência do CO2E do tronco ser maior em salinidades intermediárias (de 15 a 30), em contraste, ambos os extremos de salinidade são correlacionados com as menores taxas de CO­2E. A respiração anual do compartimento tronco para a floresta de mangue da região estudada foi de 2,80 Mg C ha-1ano-1, o que representa aproximadamente 10 % da respiração total, incluindo outros componentes da respiração autotrófica.

  • DANIELLEN RAMOS LEITE
  • ESTRUTURA FILOGEOGRÁFICA DE Habia rubica (VIEILLOT 1817) (AVES CARDINALIDAE) DA AMÉRICA DO SUL ATRAVÉS DE MARCADORES MULTILOCI

  • Data: 01/09/2015
  • Mostrar Resumo
  • A espécie Habia rubica é uma ave neotropical pertencente à família Cardinalidae, sendo amplamente distribuída, pode ser encontrada desde o México na América do Norte até o sul da América do Sul. Atualmente são descritas 17 subespécies para este táxon, sendo por isso considerada uma espécie politípica. Recentemente, um trabalho com dados moleculares propôs a divisão em três filogrupos profundamente divergentes, tendo sido apontado a existência de subespécies. No presente estudo foi realizado análises filogeográficas com 80 indivíduos, 68 oriundos do bioma Amazônico e 12 da Mata Atlântica, por meio de marcadores de sequencias mitocondriais (COI, Cit b e ND2) e nucleares (Mio-int2, G3pdh-int11 e β-fibint7). Dentre os resultados obtidos, confirmaram a idéia de que populações desses dois biomas representam táxons distintos, sendo que no grupo da Mata Atlântica foi observada a subdivisão em dois subgrupos filogenéticos que não coincidem com a descrição das duas subespécies descritas para esta região, estando um dos subgrupos relacionado a uma área de refúgio descrita para a Mata Atlântica. Em relação às amostras da Amazônia, foi refutada a ideia da existência das três subespécies, visto que as populações amazônicas de H. rubica podem ser subdivididas em apenas dois grupos, distribuídos um a ocidente e outro a oriente no bioma Amazônico, sendo este padrão de distribuição provavelmente relacionado a eventos ocorridos no período do Mioceno no qual a região oriental teria mantido seus sistemas de deposição mais estáveis enquanto que o Ocidente experimentou uma história sedimentar mais dinâmica. Estes eventos geológicos pode ter sido responsável pelas diferenças na paisagem que também podem ter atuado na diferenciação das populações de H. rubica na Amazônia. Os dois haplogupos amazônicos apresentam ainda uma região de simpatria que coincide, em parte, com uma zona de hibridização descrita para os interflúvios dos rios Tapajós e Teles pires, resultado provável do processo de expansão populacional como evidenciado também pelos resultados de demografia.

  • LILIA SUZANE DE OLIVEIRA NASCIMENTO
  • Estudos genéticos com microssatélites apoiando o manejo da ostreicultura em reservas extrativistas (e entornos) do nordeste do Pará

  • Data: 31/08/2015
  • Mostrar Resumo
  • No estado do Pará, a espécie Crassostrea gasar é cultivada em localidades que, em geral, encontram-se inseridas em Reservas Extrativistas Marinhas (RESEX). É comum a prática de translocação de "sementes" da localidade de Lauro Sodré (município de Curuçá), o qual faz parte da RESEX Mãe Grande de Curuçá, para as demais localidades. O presente estudo buscou investigar, a partir da genotipagem de 07 loci de microssatélites, se haveria homogeneidade genética entre amostras de ostras coletadas em Lauro Sodré e as populações nativas de localidades receptoras de “sementes” como Santo Antônio de Urindeua (município de Salinópolis), São Caetano de Odivelas (RESEX Mocapajuba) e Nova Olinda (município de Augusto Corrêa; RESEX Araí Peroba), sendo que em Nova Olinda se encontra a principal produção de ostras comerciais cultivadas do estado do Pará. Também foram adicionados às análises os dados de São João de Pirabas, por apresentar potencialidade para ostreicultura. Altos níveis de diversidade genética foram verificados nas cinco populações, diversidade esta que se manteve constante ao longo de um período de 10 anos. Foram apontados desvios significativos do equilíbrio de Hardy-Weinberg na maioria dos locais amostrados, que podem ser explicados pela presença de alelos nulos na maioria dos locus, característica bastante comum em bivalves. Os valores de FST, RST e o resultado da AMOVA, indicaram não haver diferenciação genética significativa entre os locais. O resultado do STRUCTURE e da análise discriminante do componente principal (DAPC) apontaram homogeneidade entre as populações amostradas, embora os gráficos de frequências alélicas observadas mostrem pequenas flutuações nas frequências dos alelos de Nova Olinda e São João de Pirabas. No entanto, as mudanças nas frequências gênicas foram bastante discretas, a ponto de não serem capazes de causar estruturação e podem ser explicadas por oscilações das frequências gênicas no decorrer das gerações, já que as amostras destas localidades foram coletadas dez anos antes. O estudo mostrou, do ponto de vista genético, que as ostras podem ser manejadas entre os estuários da região sem causar impacto a diversidade genética daquelas encontradas na natureza, em razão de perfazerem um estoque homogêneo

  • BRUNO ANDRADE DA SILVA
  • FILOGEOGRAFIA E ESTRUTURA POPULACIONAL DA PESCADA-GOETE (Cynoscion jamaicensis - SCIAENIDAE) DO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL UTILIZANDO ABORDAGEM MULTILOCUS.

  • Data: 31/08/2015
  • Mostrar Resumo
  • A pescada-goete, Cynoscion jamaicensis, é um membro da família Sciaenidae que apresenta ampla distribuição, habitando fundos lamosos e arenosos desde o Panamá e Antilhas até a costa da Argentina. Contudo, ao longo de sua área de ocorrência existem diferentes características oceanográficas, climáticas e geomorfológicas que podem influenciar na conectividade entre as suas populações. Portanto, o presente trabalho utilizou uma abordagem multilocus, com marcadores mitocondrial (região controle) e microssatélites (seis locos) para avaliar a estrutura genético-populacional e filogeografia da espécie ao longo do Atlântico Sul ocidental. A diversidade genética foi de moderada a elevada para todas as populações ao nível do DNA mitocondrial, mas baixa heterozigosidade foi registrada para as populações ao sul o que pode ser devido à pressão pesqueira sofrida pelos estoques ao sul. Os resultados revelam sub-divisão populacional entre populações do norte (Amapá e Pará) e do sul (Bahia ao Rio Grande do Sul) da distribuição avaliada, o que pode estar associado às adaptações ecológicas dos grupos às condições ambientais distintas nas suas áreas de ocorrência. Avaliações de história demográfica sugerem que os grupos ao norte e ao sul passaram por expansão populacional, que teria ocorrido no Pleistoceno, provavelmente resultado das oscilações climáticas que promoveram alterações nas condições hidrológicas e na disponibilidade de habitats para espécies marinhas e costeiras no Atlântico Sul ocidental. Por fim a existência de dois grupos geneticamente diferenciados ao longo da área avaliada faz necessário que estes sejam manejados como unidades distintas para garantir o potencial evolutivo das populações e da espécie.

  • TARCISIA MAYARA DA SILVA ARAUJO
  • USANDO DNA BARCODE PARA IDENTIFICAR PRIMATAS DE RONDÔNIA.

  • Data: 30/08/2015
  • Mostrar Resumo
  • Os primatas do Novo Mundo vivem nas florestas tropicais do continente americano e têm uma grande importância para a ciência. As restrições da identificação das espécies baseadas nas chaves morfológicas indicam a necessidade de um novo método para reconhecer um táxon válido. A utilização do DNA barcode para este fim vem encontrando sucesso em vários grupos (por exemplo, invertebrados, pássaros, peixes e mamíferos). Para primatas do Novo Mundo, o estudo desta técnica de DNA barcode é promissor e existem aspectos práticos para sua utilização, como a identificação das espécies, pois muitas são bastante parecidas morfologicamente. O objetivo deste trabalho foi caracterizar geneticamente por meio da ferramenta DNA barcode oito espécies de primatas que ocorrem na área onde foi construída a Usina Hidrelétrica de Samuel, em Rondônia, Brasil (Aotus azarae, Ateles chamek, Callicebus brunneus, Leontocebus weddelli, Mico rondoni, Pithecia mittermeieri, Saimiri ustus e Sapajus apella). Foi obtido um total de 600 pb dos espécimes coletados neste estudo. O DNA barcode foi eficaz para caracterizar os primatas do Rio Jamari, em Rondônia, Brasil. A baixa divergência nucleotídica das espécies A. azarae e A. infulatus indica que estas são provavelmente a mesma espécie. A. chamek é uma espécie válida. C. brunneus pode estar espécie está passando por um processo de estruturação populacional. L. weddelli e M. rondoni são cada uma espécie válida. P. mittermeieri e P. monachus apresentaram baixa divergência, não podendo ser consideradas duas espécies. Saimiri ustus faz parte de um complexo parafilético. S. apella tem uma divergência haplotípica significativamente baixa em relação a S.macrocephalus não existindo suporte para a separação em duas espécies. O Rio Jamari não foi barreira geográfica para nenhuma das espécies amostradas com indivíduos da margem direita e margem esquerda, pois todas as espécies compartilharam pelo menos um haplótipo, havendo, portanto, populações homogêneas em Rondônia.

  • CARLA GAMA DA COSTA
  • COMPOSIÇÃO E DINÂMICA DA COMUNIDADE ZOOPLANCTÔNICA DA BAÍA DE SÃO MARCOS (MARANHÃO, COSTA NORTE DE BRASIL).


  • Data: 28/08/2015
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo teve por objetivo analisar as variações sazonais (período seco e chuvoso) e interanuais (entre os anos de 2012 e 2013) da comunidade zooplanctônica, em três estações de amostragem na baía de São Marcos (Ilha de São Luís, Maranhão), de modo a elucidar os padrões temporais e espaciais de variação destes organismos e suas inter-relações com as variáveis hidrológicas e climatológicas. A temperatura da água, a salinidade, o pH e as concentrações de oxigênio dissolvido foram obtidas através de um sensor multianalisador. O zooplâncton foi coletado através de arrastos horizontais na subsuperfície da água com auxílio de uma rede cônica de plâncton com malha de 120 µm. Os resultados demonstraram a ausência de diferenças espaciais nas variáveis abióticas e bióticas analisadas durante o estudo, atribuída à pequena distância entre as estações de coleta (cerca de 1 km). Por outro lado, foram observadas variações temporais nos dados abióticos e na densidade das espécies dominantes em função dos diferentes períodos sazonais e diferentes anos de estudo, as quais foram conduzidas pelas oscilações da salinidade que é influenciada diretamente pelos níveis de precipitação. A variação sazonal da densidade zooplanctônica variou entre 93±90 ind/m³ (período seco) e 1.785±2.768 ind/m³ (período chuvoso). Nos diferentes anos de estudo, a densidade total do zooplâncton, no ano de 2012, oscilou de 71±55 ind/m³ a 2.559±3.575 ind/m³ e, no ano de 2013, a densidade variou de 24±20 ind/m³ a 2.208±3.703 ind/m³. As espécies mais representativas, em termos de densidade, foram os copépodos Paracalanus quasimodo, Euterpina acutifrons e Oithona oswaldocruzi. Organismos meroplanctônicos, como larvas de poliquetas, apresentaram elevadas densidades durante os períodos de maior precipitação. Um processo de sucessão foi observado na abundância relativa dos principais táxons, pois no período seco houve a substituição de P. quasimodo por E. acutifrons e de larvas de poliquetas por outros indivíduos do meroplâncton, como por exemplo, larvas de cirrípedes, moluscos e outros crustáceos. Durante o presente estudo, destacou-se a dominância de organismos costeiros. Tal dominância foi decorrente da contribuição de águas marinhas, as quais determinaram o caráter alcalino das mesmas nas diferentes estações de amostragem. De forma geral, os níveis de precipitação foram inferiores aos observados na média histórica. A composição e a distribuição temporal da densidade dos organismos zooplanctônicos na baía de São Marcos estiveram diretamente relacionados à pluviometria local, a qual pode ser considerada a principal responsável pela consequente oscilação das variáveis hidrológicas, tais como a salinidade, sendo esta última o fator controlador da dinâmica destas comunidades no ambiente em estudo.


     

     


  • ALINE BEZERRA DA SILVA
  • Oscilações espaço-temporais de nutrientes dissolvidos e clorofila-a em um estuário amazônico durante marés de quadratura (Estuário do rio Caeté, Bragança-Pará).
  • Data: 27/08/2015
  • Mostrar Resumo
  • Este estudo foi realizado no estuário do Caeté, que está localizado na Costa oriental da Amazônia, no norte do Brasil. O estudo teve como objetivo compreender as oscilações espaciais e temporais das variáveis físicas, químicas e biológicas das águas do estuário. O estuário do Caeté possui alta descarga fluvial e é dominado por meso/macromarés. O mesmo está sob forte pressão antrópica, principalmente em seu setor superior. Cinco campanhas de campo foram realizadas, três no período chuvoso, em junho de 2013 e abril e junho de 2014, e dois na estação seca, em outubro e dezembro de 2013. As campanhas foram realizadas durante a maré de quadratura ao longo de um período de 25 horas, em três estações de amostragem situadas nos setores superior, médio e inferior do estuário. Oscilações nos níveis de água foram medidas por sensores de pressão. Temperatura, salinidade, turbidez, oxigênio dissolvido (OD), e taxa de saturação de oxigênio (OD%) foram medidas através de CTDs equipados com OD e sensores de turbidez. Garrafas oceanográficas de Niskin foram utilizadas para obter amostras superficiais a cada 3 horas. Estas amostras foram utilizadas para determinar o pH, nutrientes dissolvidos e concentrações de clorofila-a. Durante as marés de quadratura, as oscilações nos níveis de água foram típicas de mesomarés (2-4 m). As temperaturas da água foram bastante elevadas e estáveis ao longo do estudo (27-28,5ºC). Salinidade variou consideravelmente entre as estações chuvosa (6,95 ± 10,72) e seca (21,04 ± 14,31). Durante a estação chuvosa, o valor médio de turbidez da água foi de 132,06 ± 172,36 UNT, e as concentrações médias de clorofila-a (12,77 ± 13,34 mg m-3), amônia (2,61 ± 1,74 μmol L-1) e nitrogênio total (25,53 ± 12,45 μmol L-1) foram maiores do que às registradas durante a estação seca. Na estação seca, a água foi mais salina e melhor oxigenada. O setor superior foi mais rico nas concentrações de clorofila-a (15,45 mg m-3 ±15,75). Em geral, as maiores concentrações de nutrientes dissolvidos e clorofila-a foram encontrados entre os setores superior e médio, como consequência da presença de manguezais e da descarga de esgoto. Os valores encontrados foram elevados, mesmo as coletas tendo sido realizadas no período de quadratura e em uma época de “seca”.
  • SAVIA MOREIRA DA SILVA
  • Caracterização populacional e estimativa de parentesco entre peixes-boi marinhos Trichechus manatus (Linnaeus, 1758) usando marcadores microssatélites.

  • Data: 25/08/2015
  • Mostrar Resumo
  • O peixe boi marinho (Trichechus manatus), atualmente classificado como em perigo e vulnerável, conseqüência de fatores antrópicos passados e atuais, intensificado pelo considerável número de encalhes principalmente de filhotes. A região nordeste tem os maiores índices de encalhes no Brasil, conseqüência de suas áreas de estuário e manguezal estarem bastante degradadas. Este trabalho buscou caracterizar geneticamente a população da costa leste do Ceará e Oeste do Rio grande do Norte, e inferir sobre a estruturação populacional e grau de relacionamento entre os indivíduos encalhados. Foram analisados 37 indivíduos entre filhotes e adultos e amplificado dez loci microssatélites amplamente utilizados em análises populacionais para essa espécie. Foi constatada uma baixa diversidade genética, com média de 3,2 alelos/locus e heterozigosidade média de 0.381. Não foi observada estruturação ao longo da área estudada. A análise de relacionamento entre os indivíduos, não foi capaz de definir a relação entre a maioria destes (57,5%). Entretanto dentre as estimativas suportada pelas análises foi possível observar que a grande maioria dos pares analisados apresenta algum grau de parentesco (34,4%), enquanto somente 4,1% das díades foram de indivíduos não aparentados. A ausência de informações sobre possíveis pais, assim como a baixa diversidade genética desta população parecem ser os principais causadores dessa elevada taxa de relacionamento inconclusivo. O elevado número de indivíduos aparentados pode ser resultado de população pequena, que concorda com as hipóteses de gargalo de garrafa relatado para a espécie. No presente estudo também foi possível refutar a hipótese de gêmeos monozigóticos entre os indivíduos analisados, sendo sugerido que se trata de gêmeos dizigóticos. Além disso, também foi confirmado o caso de duplo encalhe de um mesmo filhote. Dentre os indivíduos mantidos vivos, foram identificados os que apresentam maiores divergência genética, sendo esta informação relevante para direcionar o processo de reintrodução dos mesmos.

  • ERICK GILVANI RODRIGUES VASCONCELOS
  • Comparando índices de diversidade potencialmente informativos para conservação: Impactos de mudanças climáticas nos clados monofiléticos delphinidae e mysticeti.


  • Data: 20/08/2015
  • Mostrar Resumo
  • Reconhecer padrões de distribuição é uma importante ferramenta para se entender os processos por trás da estruturação de comunidades e planejar respostas diante das mudanças climáticas, especialmente no contexto da elevação da temperatura e acidificação dos oceanos. O uso de índices adequados de avaliação do estado dessas comunidades é essencial para que se possam traçar medidas de conservação efetivas da diversidade genética e taxonômica. A disponibilização de dados filogenéticos de clados monofiléticos permite a utilização de novas abordagens de investigação de padrões e respostas ambientais, uma vez que seu uso combinado com diferentes índices tradicionais pode ajudar a desvendar padrões que de outra forma poderiam permanecer ocultos. Este trabalho avaliou a informação obtida para diversos índices disponíveis no programa Biodiverse para investigar dois modelos de distribuição previamente validados (anos 2000 e 2050) baseados em Adequabilidade de Ambiente Relativo (RES > 0) para dois clados monofiléticos distintos e funcionalmente diferentes de cetáceos: filtradores (Mysticeti) e predadores ativos de médio porte (Delphinidae). Os mapas resultantes apresentam grupos de índices com respostas similares: diversidade básica (riqueza, Shannon, Simpson, Rao, diversidade filogenética), endemismo (endemismo ponderado e endemismo filogenético ponderado, por exemplo), turnover e dissimilaridade (Jaccard e Jaccard filogenético), e medidas que integram relações filogenéticas com proximidade filogeográfica (TD, VarTD e NRI, NTI). A maioria dos padrões observados são similares aos encontrados pelas análises de índices tradicionais, ou seja, a versão filogenética resulta em um padrão similar ao índice tradicional correspondente. Os resultados mostram a influência das mudanças climáticas previstas tanto sobre Mysticeti quanto Delphinidae, com expansões e retrações esperadas de áreas apresentando valores mais elevados para os índices. A classe final de índices filogenéticos identificou áreas de valor elevado que não foram sugeridas pelos outros índices, e que não possuem equivalentes nos índices tradicionais, podendo prover informação extra para futuras ações de conservação se o valor de tais áreas for reconhecido ao lado das medidas tradicionais existentes.


  • SAMIA JAMILLY REIS DA SILVA
  • FILOGEOGRAFIA E ESTRUTURA POPULACIONAL DE Macrodon ancylodon DO ATLÂNTICO OCIDENTAL TROPICAL UTILIZANDO MARCADORES MOLECULARES

  • Data: 15/08/2015
  • Mostrar Resumo
  • Macrodon é um gênero da família Sciaenidae. Até a última década tinha uma única espécie com ocorrência ao longo do Atlântico Sul Ocidental, Macrodon ancylodon, com uma distribuição desde a Venezuela à Argentina. Entretanto, dados moleculares revelaram a existência de duas espécies para esta área, como produto de especiação alopátrica. Assim, a atual área de ocorrência de M. ancylodon se estende da costa da Venezuela ao nordeste do Brasil, estado da Bahia, enquanto que a nova espécie, revalidada como M. atricauda distribui-se desde a costa do estado do Espirito Santo, Brasil, até a Argentina. No presente trabalho, utilizando marcadores mitocondriais e nucleares, avaliou-se a estrutura populacional e filogeografia de M. ancylodon, com o intuito, principalmente, de testar a hipótese de diferenciação genética para esta espécie ao longo de sua área de ocorrência, uma vez que análises prévias sugeriram subestruturação populacional. Os resultados baseados em dados mitocondriais mostraram a existência de dois estoques genéticos, denominados de grupos A e B, com uma sútil diferenciação entre os dois grupos. O estoque "A" inclui as localidades da Venezuela, Amapá, Pará e Piauí, e "B" inclui Pernambuco, Sergipe e Bahia. A diferenciação em dois estoques parece ser consequência da ramificação da corrente sul equatorial. Sobre a diferenciação dentro de cada estoque, os resultados indicam que o grupo A pode ter sofrido redução populacional seguida de expansão. Já para o grupo B, pode-se inferir que seja reflexo do pequeno tamanho amostral da população de Pernambuco, uma vez que outros testes não corroboram esse padrão. Para os dados nucleares, apenas o FST para o intron Miostatina revela uma possível diferenciação entre a Venezuela e as demais localidades amostradas. As demais análises recuperam uma população panmítica ao longo de sua distribuição. As análises com os dados nucleares não excluem a existência dos dois estoques, como mostrados pelo gene Cytocromo b. A explicação é que os loci nucleares possuem coalescência mais ancestral em relação ao DNA mitocondrial, sendo assim, podem não evidenciar processos recentes de separação de linhagens.

  • KAREN DAYANNE CORREA FERREIRA
  • HISTÓRIA FILOGEOGRÁFICA E PARASITOLÓGICA COM ENFOQUE EM MONOGENÓIDEOS (PLATYHELMINTHES) DE Hoplias malabaricus (CHARACIFORMES: ERYTHRINIDAE) PROVENIENTES DE DRENAGENS COSTEIRAS DO NORDESTE PARAENSE

  • Data: 14/08/2015
  • Mostrar Resumo
  • Hoplias malabaricus Bloch (Characiformes, Erythrinidae), comumente chamado de traíra, é conhecida pelo seu hábito alimentar carnívoro e por ser amplamente distribuído pela região Neotropical. Os diversos estudos citogenéticos e filogeográficos têm corroborado com a hipótese de que esta espécie representa um “complexo de espécies”. A traíra também é conhecida por apresentar a maior riqueza parasitária dentre os peixes marinhos e de água doce de águas brasileiras. Atualmente, são conhecidas 69 espécies de parasitos para H. malabaricus, sendo que deste total, os monogenóideos representam 12% desta diversidade. Informações sobre a diversidade de monogenóideos parasitando H. malabaricus são conhecidas para região da Amazônia Ocidental, bacias da região Sul, Sudeste e Centro–oeste do Brasil, todavia, nada se conhecia sobre a diversidade destes parasitos de traíras para drenagens costeiras da Amazônia Oriental. Desta forma, este projeto visou abordar dados moleculares e parasitológicos (identificação taxonômica) de Hoplias malabaricus, buscando a interação de ambos os componentes de estudo, em contraste com a sua história no cenário paleohidrológico. Como resultado do Capítulo I, foram descritas uma espécie nova de monogenóideos pertencente ao gênero Urocleidoides e um Gênero novo espécie nova parasitando H. malabaricus, assim como foram feitas a lista de ocorrência de espécies de parasitos monogenóideos das brânquias destes hospedeiros para as localidades amostradas. No Capítulo II, como resultado, os dados moleculares de Hoplias malabaricus demostraram uma alta divergência molecular entre populações de drenagens costeiras do nordeste paraense, principalmente para as localidades de Viseu (Bacia do Gurupi) e Irituia (Bacia do Rio Guamá). Por outro lado, os dados atestam que houve o compartilhamento de haplótipos de Bragança (Bacia do Rio Caeté) e Irituia (Bacia do Rio Guamá). A divergência molecular entre populações de H. malabaricus quando comparadas com a composição parasitológica foram congruentes para algumas bacias, pois algumas espécies de monogenóideos como Urocleidoides sp2 e Gênero n. sp2. n ocorreram apenas na localidade de Irituia, enquanto que Anacanthorus sp. ocorreu para as localidades do Piriá, Viseu e Bragança, visualizando–se um padrão de interação parasito/hospedeiro.

  • HANNA TEREZA GARCIA DE SOUSA MOURA
  • VARIÁVEIS HEMATOLÓGICAS E FISIOLÓGICAS DE Cichla SPP E Crenicichla SPP DE ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS AMAZÔNICOS SUJEITOS A IMPACTOS ANTRÓPICOS.

  • Data: 14/08/2015
  • Mostrar Resumo
  • Os peixes podem ser utilizados como biomarcadores de qualidade ambiental de ecossistemas aquáticos por apresentarem respostas fisiológicas à ação de agentes estressores como forma de reestabelecer a homeostase ambiental. Foram escolhidos dois ciclídeos do gênero Cichla spp e Crenicichla spp, pois ambos sãobiomarcadores ambientais por serem carnívoros de topo e não exercerem movimentos migradores. Este estudo objetivou avaliar a qualidade da água em áreas impactadas (Barcarena) e conservadas (Abaetetuba), assim como, identificar possíveis implicações nas alterações fisiológicas e hematológicas desses dois gêneros em ambientes impactados e preservados. As coletas foram realizadas nos igarapés Curuperê-Dendê, considerado impactado, e no rio Arapiranga, preservado. No capítulo I, verificou-se a influência da sazonalidade regional e antrópica sobre as variáveis limnológicas dos igarapés Curuperê-Dendê e do rio Arapiranga. Os igarapés sofreram maior influência do desmatamento das matas ciliares, rejeitos industriais e dos efluentes domésticos da comunidade local. Os igarapés Curuperê-Dendê apresentaram temperatura, pH, condutividade e turbidez mais elevados que o rio Arapiranga. As concentrações de oxigênio dissolvido e de fósforo foram maiores no mês de transição chuvoso/seco. A concentração de N-amoniacal foi maior no período seco. No capítulo II, verificou-se as possíveis alterações fisiológicas e hematológicas nos gêneros Cichla spp e Crenicichla spp causadas pelos diferentes métodos de captura. Utilizou-se a linha e anzol, rede de emalhar e tarrafa para a captura dos peixes e verificou-se que a rede mostrou inadequada para captura, pois ativa o eixo hipotálamo-hipófise-células interrenais e o eixo hipotálamo-sistema nervoso simpático-célualas cromafins, desencadeando uma série de respostas secundárias que interferem na homeostase. No capítulo III, avaliou-se as possíveis alterações fisiológicas e hematológicas em peixes destes gêneros causadas pelos impactados ambientais ocorridos no igarapé Curuperê-Dendê. As variáveis abióticas, turbidez e temperatura foram as que mais estressaram e alteraram as variáveis fisiológicas e hematológicas destes peixes, principalmente a hemoglobina, CHCM, hematócrito e eritrócito.

  • BRENO PORTILHO DE SOUSA MAIA
  • Variação espaço-temporal da captura de camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis, Pérez Farfante, 1967) e sua fauna acompanhante em pescarias industriais na costa norte do Brasil.

  • Data: 17/07/2015
  • Mostrar Resumo
  • A costa Norte do Brasil é considerada um dos mais importantes bancos camaroneiros do mundo, tendo o camarão-rosa como espécie alvo da frota industrial que atua nessa região. Este trabalho objetivou analisar a influencia de variáveis ambientais (batimetria, fotoperíodo, tipo de substrato e precipitação) sobre a produção de camarão rosa e realizar o levantamento da composição e distribuição da ictiofauna acompanhante proveniente de pescarias industriais de camarão-rosa, a partir de dados da pesca industrial, no período de maio de 2010 a junho de 2011. Foram monitorados sete embarques, totalizando 151 dias de viagem, contabilizando 461 lances. Considerou-se as seguintes subdivisões da costa Norte do Brasil: Plataforma Continental do Pará (CPA); Foz do Rio Amazonas (FAM); e Plataforma Continental do Amapá (CAP). Em relação a produção, os resultados da Ancova indicam que a co-variável 'precipitação' explica a maior parte da variação da CPUE (kg.h-1), seguido em ordem decrescente de importância pelos fatores área, fotoperíodo e tipo de substrato. Entre as áreas avaliadas, a foz do Amazonas (FAM) apresentou a maior CPUE, seguida da plataforma continental do Amapá (CAP) e plataforma continental do Pará (CPA). A análise do fotoperíodo demonstrou que os arrastos diurnos apresentam maior produtividade. Em relação a cobertura sedimentar do substrato, a região de Lama fluvial (LF) apresentou maior valor médio de CPUE, seguida de Ondas de areia transgressiva (OAT) e baixios de areia transgressiva (BAT). A variação da CPUE na costa Norte seguiu uma dinâmica sazonal correlacionada com o ciclo de chuvas na região, com maiores valores no período chuvoso. Em relação fauna acompanhante, a ordem mais abundante foi Perciformes (68,91 %). A família Sciaenidae se destacou com 55,89% de ocorrência e a espécie mais representativa foi Macrodon ancylodon (23,48%). A FAM e CAP são áreas com maior diversidade biológica, maior densidade por espécies e composição da íctiofauna semelhante. Essa similaridade, entre FAM e CAP, pode ser explicada pelo efeito da corrente das Guianas, que transporta grande parte da descarga dos rios da bacia Amazônica ao longo da costa do Amapá, resultando em uma região de elevada produtividade. Considerando a extensão da costa Norte onde fatores ambientais incidem de forma distinta ao longo da mesma sugere-se a implementação de medidas conservacionistas como o zoneamento da pesca do camarão rosa, definindo as áreas apropriadas para captura do recurso garantindo a sustentabilidade da atividade. O monitoramento de pesca de arrasto de camarões na costa norte do Brasil poderá contribuir na manutenção dos estoques de espécies típicas da fauna acompanhante deste recurso, como Macrodon ancylodon e Stellifer rastrifer que, devido a elevada frequência de ocorrência nas pescarias, sofrem maior impacto desse sistema de pesca.


  • CARLINE BARROSO CORREA
  • DESEMPENHO ZOOTÉCNICO E COMPOSIÇÃO CORPORAL DE ALEVINOS DE TAMBAQUI Colossoma macropomum (Cuvier, 1818) ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE EXTRATO DE CHÁ VERDE Camellia sinensis.


  • Data: 03/07/2015
  • Mostrar Resumo
  • Os efeitos dos fitoterápicos tem sido amplamente estudado em rações para animais terrestres, sendo inexistente trabalhos com o objetivo de melhorar o desempenho e a composição corporal de espécies de peixes nativos do Brasil. Desta forma, com este estudo objetivou-se avaliar o desempenho produtivo e a composição corporal de alevinos de tambaqui, Colossoma macropomum, alimentados com dietas contendo diferentes concentrações de extrato de chá verde, Camellia sinensis. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e três repetições. Foram utilizados 300 alevinos, divididos igualmente em 15 caixas de 300L, mantidos em sistema de recirculação e temperatura constante. Os tratamentos foram constituídos de cinco dietas experimentais, incluindo a dieta controle, contendo 0,00; 0,05; 0,30; 0,55 e 0,80 g/kg (extrato fenólico de chá verde por Kg de ração). As rações foram ofertadas aos alevinos duas vezes ao dia, na proporção de 5% do peso vivo, durante 90 dias. Ao final do experimento, após jejum de 12 horas, os peixes foram contabilizados, pesados e medidos para determinação dos índices de desempenho. Em seguida, os peixes foram eutanasiados e eviscerados para a determinação dos índices hepatossomáticos, viscerossomáticos e rendimento de carcaça. Posteriormente, determinou-se a composição corporal, assim como as variáveis de retenção de proteína e lipídio. Os dados foram submetidos a uma ANOVA (P<0,05) e, em caso de significância, foi aplicado o teste de Tukey a 5% de probabilidade. Não houve influência significativa (P>0,05) dos níveis de polifenóis de chá verde sobre as variáveis de desempenho, assim como para os índices hepatossomático, viscerossomático e de rendimento de carcaça. Observou-se efeito significativo sobre a diminuição do lipídio corporal e hepático e aumento do teor proteico. Também houve efeito significativo sobre a retenção de lipídio corporal, no qual os peixes alimentados com as dietas que continham as concentrações de 0,55 g e 0,80g de extrato de chá verde apresentaram menor retenção de lipídio corporal. Assim, conclui-se que a inclusão de 0,55 g de extrato de chá verde/kg de ração diminui a gordura corporal e hepática, assim como promove o aumento dos níveis de proteína corporal de alevinos desta espécie.

  • CLAUDIO PADILHA DA SILVA FILHO
  • Resíduos sólidos e os impactos socioambientais no rio Cereja: Subsídios para a gestão sustentável em Bragança - PA.

  • Data: 30/06/2015
  • Mostrar Resumo
  • A geração de resíduos sólidos urbanos e sua destinação final é um problema mundial. O crescimento dos centros urbanos, a explosão demográfica e os conflitos socioambientais da humanidade têm sido os principais responsáveis pela pressão antrópica sobre os recursos hídricos na maioria das cidades. Este trabalho tem como objetivo avaliar a distribuição e a composição gravimétrica de resíduos sólidos urbanos (RSU) depositados às margens do rio Cereja no município de Bragança-PA. Foram distribuídos ao longo de 3,5 km do trecho urbano do rio 5 pontos distintos para a coleta de RSU durante o período chuvoso e seco. Foi realizada a análise da composição gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos, aplicação de questionário sobre percepção ambiental aos moradores do entorno do rio e as métricas do indicador de integridade ambiental (iia) nos pontos de coletas. A composição gravimétrica de RSU no período chuvoso foi composta de borracha (37%), metal (23%), vidro (13%) e papel/papelão (9%). No período seco, destacaram-se plástico polimerizado/rígido (35%), metal (28%), poliestireno (19%). O iia do rio Cereja apresentou classificação de médio a pobre em relação à diversidade de hábitats. Na caracterização ambiental, o ponto de coleta apresentou melhor estado de conservação foi o ponto 1(P1) e o ponto de coleta de pior estado de conservação foi P4 . A análise gravimétrica de RSU descartado ao longo do rio apresentou percentual significativo (67%) de material passiveis de reciclagem. Nota-se a necessidade de programa de educação ambiental a fim de promover ações de que reduzam e separem o RSU na fonte geradora, incentivo a reciclagem, coleta, tratamento e destinação final adequada.

  • LILIANE SOUSA DA MATA
  • VARIAÇÃO NA FORMA DE BIVALVES DA TRIBO PRISODONTINI (HYRIIDAE) DE RIOS DO LESTE DA AMAZÔNIA, BRASIL.

  • Data: 19/06/2015
  • Mostrar Resumo
  • As espécies de bivalves de água doce da ordem Unioniformes apresentam grande variabilidade morfológica, o que dificulta sua correta identificação, comprometendo a eficácia de programas de monitoramento e conservação. Medidas morfométricas clássicas, ou seja, comprimento, altura e espessura da concha, são geralmente insuficientes para distinguir populações e/ou espécies. Estes problemas podem ser superados utilizando um método morfométrico geométrico, que permite a análise da forma geral do indivíduo de forma mais detalhada, independentemente do seu tamanho. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a variação na forma das conchas das espécies de Prisodontini, Triplodon corrugatus, Paxyodon syrmatophorus and Prisodon obliquus entre diferentes rios do leste da Amazônia no estado do Pará, Brasil. Foram selecionados 22 landmarks distribuídos no contorno e interior da concha. As análises morfométricas mostraram que a forma das conchas difere significativamente entre espécies e entre indivíduos da mesma espécie. As maiores diferenças ocorreram entre os indivíduos dos rios Tapajós, Amazonas e Tocantins, que possuem uma forma mais achatada dorsoventralmente, em comparação com os indivíduos de Trombetas, Irituia e Piriá, que possuem uma forma mais arredondada. As maiores variações nas conchas ocorreram nos landmarks 1 (projeção alar anterior), 4 (extremidade do processo alar anterior dorsal), 6 (margem posterior) e 7 (margem ventral). Os dados obtidos sugerem que a morfologia de Triplodon corrugatus, Paxyodon syrmatophorus e Prisodon obliquus pode ser influenciada pelas características do fluxo de água de cada hábitat, uma vez que as conchas apresentaram características que são normalmente observados em mexilhões de água doce a partir de ambientes lóticos e lênticos.

  • DANIELLE CRISTINA BULHOES ARRUDA
  • Crescimento e desenvolvimento juvenil de caranguejos (decapoda: brachyura) estuarinos da região amazônica .

  • Data: 30/04/2015
  • Mostrar Resumo
  • O crescimento e o desenvolvimento juvenil de 4 espécies de crustáceos Brachyura que ocorrem na Amazônia foram investigados com ênfase no crescimento absoluto e na morfologia dos pleópodos. Em laboratório, os juvenis de Panopeus americanus, Acantholobulus bermudensis, Sesarma rectum e Armases rubripes foram cultivados individualmente e acompanhados diariamente quanto à muda e/ou mortalidade. Todas as espécies foram cultivadas ao menos até seus pleópodos alcançarem a forma final. Assim, P. americanus, A. bermudensis, S. rectum e A. rubripes foram cultivados até o juvenis IX, VIII, XIX e XI, respectivamente. As quatro espécies apresentaram crescimento indeterminado, no qual o período de intermuda e a carapaça aumentaram, enquanto que a porcentagem de incremento do tamanho após mudas consecutivas diminuiu ao longo do desenvolvimento juvenil. Nestas espécies, o surgimento e desenvolvimento dos pleópodos ocorreu em diferentes estágios: em P. americanus e A. rubripes, os pleópodos característicos para cada sexo surgiramno estágio de juvenil V e alcançaram sua forma final nos estágios juvenis VIII e IX respectivamente. Em A. bermudensis eles surgiram precocemente, no segundo estágio juvenil, e no juvenil V já estavam completamente formados, enquanto que em S. rectum eles surgiram apenas no 12º estágio juvenil e somente no 19º estavam completamente desenvolvidos. Os pleópodos de alguns estágios juvenis de S. rectum haviam sido descritos anteriormente, assim como os pleópodos de A. rubripes, no entanto importantes distinções foram encontradas e estas são concernentes principalmente ao número de cerdas e segmentações e padrão de distribuição das cerdas. Vários detalhes envolvidos durante o crescimento e desenvolvimento das espécies investigadas são descritas e discutidas com prévios estudos relatados ao cultivo de braquiúras reportados na literatura.

  • DANIELLY BRITO DE OLIVEIRA
  • BIOLOGIA LARVAL, DINÂMICA POPULACIONAL E PRODUÇÃO SECUNDÁRIA DOS ADULTOS DE UPOGEBIA VASQUEZI NGOC-HO, 1989 (DECAPODA, GEBIIDEA, UPOGEBIIDAE).

  • Data: 24/04/2015
  • Mostrar Resumo
  • Upogebia vasquezi é a uma das espécies mais abundantes dentre os talassinóideos (Axiidea e Gebiidea) da costa amazônica, sendo uma espécie-chave na cadeia trófica aquática na região. A despeito da sua importância, muito pouco é conhecido sobre a sua ecologia, principalmente em relação à biologia larval e reprodutiva. O objetivo desta pesquisa foi descrever os estágios de desenvolvimento larval e analisar o efeito da salinidade sobre os estágios larvais de U. vasquezi, além de estimar os parâmetros de dinâmica populacional, a produção secundária e a taxa de renovação da população adulta dessa espécie na região estuarina amazônica. As fêmeas ovadas para os experimentos de desenvolvimento larval em laboratório e os espécimes para o estudo de dinâmica populacional e produção secundária, foram coletados na zona entremarés da região estuarina de Marapanim, Pará, Brasil. Em relação ao desenvolvimento larval, Upogebia vasquezi passa por quatro estágios de zoea e uma megalopa, assim como a maioria das espécies de Upogebia. As principais variações morfológicas interespecíficas encontradas entre as zoea de U. vasquezi e as congêneres, foram o padrão de segmentação do endópodo antenular e número de estetos, o número de cerdas no escafognatito e a presença ou ausência de palpo mandibular. Os resultados relativos à análise do efeito da salinidade sobre o desenvolvimento larval de U. vasquezi em laboratório, e da abundância larval em ambiente natural ao longo de um gradiente estuarino salino, forneceu informações sobre a estratégia reprodutiva adotada pela espécie na região. Tanto os resultados obtidos em laboratório quanto in situ, indicam que as condições ótimas para a sobrevivência larval de U. vasquezi são de salinidades intermediárias e elevadas (20 – 35). Portanto, indicam que possivelmente essa espécie adota estratégia de exportação larval das águas estuarinas, com re-invasão das megalopas para assentamento, assim como o padrão mais comumente relatado para Upogebia. A capacidade de completar o desenvolvimento larval em salinidades intermediárias é de suma importância para a dispersão das larvas de U. vasquezi na extensa Plataforma Continental Amazônica, caraterizada pela flutuação sazonal da salinidade regida pelo regime pluviométrico. Com o estudo de dinâmica populacional, verificou-se que U. vasquezi teve menor comprimento máximo teórico e maior constante de crescimento em relação às congêneres, de latitudes mais elevadas. Por outro lado, a expectativa de vida estimada para a maioria das espécies foi relativamente próxima, independentemente da latitude. A produção estimada para U. vasquezi foi relativamente próxima a de outros talassinóideos. Por outro lado, a taxa de renovação foi maior (P/B = 2,14), indicando um rápido crescimento individual e maior frequência de indivíduos de tamanhos menores/intermediários na população. Upogebia vasquezi foi o primeiro decápode que teve a produção secundária e taxa de renovação estimados na região equatorial, e também a primeira estimativa para o ambiente de praia estuarina da costa norte brasileira.

  • JAIME DA COSTA PANTOJA
  • PESCA ARTESANAL: OLHARES SOBRE TRABALHO E RELAÇÕES INTERGERACIONAIS DE PESCADORES E PESCADORAS NA COMUNIDADE DE QUATIPURU MIRIM – TRACUATEUA – PARÁ.

  • Data: 20/04/2015
  • Mostrar Resumo
  • O presente trabalho traz resultados discutidos e abordados sobre a temática “Pesca artesanal: olhares sobre trabalho e relações intergeracionais de pescadores e pescadoras na comunidade de Quatipuru Mirim, Tracuateua, Pará” objetivando caracterizar o perfil sócio econômico e educacional, de pescadores e pescadoras, tais como: categorização; variáveis (idade, escolaridade, gênero, atividade econômica ou renda complementar) atividades produtivas; produtos extraídos da pesca artesanal, e ecossistema manguezal assim como, das relações intergeracionais entre pescadores e pescadoras. O estudo se deu no período de 2013 e 2014 na comunidade de Quatipuru Mirim. Os agentes sociais, foco da pesquisa foram os pescadores artesanais (homens e mulheres) que fazem uso dos recursos da pesca e extrativismo do ecossistema manguezal, no total de N=51 informantes adultos, sendo 27 masculinos e 24 femininos, destes 39 na faixa etária de 10 a 40 anos e 12 a partir de 41 anos. O número de jovens informantes foi no total de 39 informantes sendo 18 (masculino) na faixa etária de 10 a 16 anos e 21 anos a partir de 11 a 29 anos. Os procedimentos metodológicos utilizados a partir da abordagem qualitativa, com o uso do instrumento questionário com perguntas (semi)estruturada e aplicado por meio da entrevista, e, quantitativa, com resguardo à estatística descritiva. Adicionalmente, observação direta em campo, conversas informais e participação nas atividades lúdicas. A análise dos dados se deu por meio do tratamento estatístico, através dos programas Word e Excel 2010. Os resultados revelam que os pescadores artesanais estão classificados nas modalidades: 1) pescadores de mar, com idade entre 20 a 40 anos, 2) pescadores e pescadoras de beirada ou subsistência, com idade entre 10 a 60 anos. A maioria possui escolaridade nos níveis inicias do ensino fundamental. O trabalho, a título de conclusão, apresentou ainda quatro impressões: a primeira, secundarização do trabalho da mulher na pesca, visto que, aparece associada ao trabalho doméstico e complemento da renda familiar; segundo, o impacto causado pela evolução tecnológica na atividade pesqueira artesanal transformando paulatinamente os pescadores e pescadoras em produtores de mercadoria, cuja produção advém de sua força de trabalho; terceiro, a aprendizagem e transmissão de saberes na pesca, dá-se sob dois condicionantes: (1) acontece por meio de saberes repassados da geração adulta, por meio da técnica experienciada ao longo dos anos na pesca; (2) a aprendizagem, na maioria das vezes, configura-se pela educação informal, ou seja, não há a intenção de ensinar, embora o aprender acontece somente pela observação e pelo fazer na pesca. Quarto, relações intergeracionais na atividade pesqueira em Quatipuru Mirim: (1) os adultos (homens e mulheres) apresentaram o desejo de não continuar na atividade pesqueira desde que tivessem oportunidade de trabalhar em outra atividade; (2) para os pescadores de mar a pesca não constitui prioridade, sobretudo, para os mais jovens; (3) os adultos (pescadores de mar e pescadores de beirada) percebem o trabalho da mulher na pesca como extensão do trabalho doméstico; (4) os jovens, apresentaram, na maioria das vezes, não continuar a profissão dos pais. Por fim, concluiu-se que ainda há muito que se discutir e analisar acerca da temática em foco, visto que a categoria intergeracional na pesca artesanal têm sido pouca investigada na sociedade do conhecimento. 

  • LIDIA NOGUEIRA SILVA
  • ANÁLISE GENÉTICA DO GÊNERO Scinax (ANURA: HYLIDAE): SISTEMÁTICA MOLECULAR, CARACTERIZAÇÃO CROMOSSÔMICA E FILOGEOGRAFIA.

  • Data: 20/04/2015
  • Mostrar Resumo
  • O gênero Scinax (Anura: Hylidae) possui atualmente 114 espécies descritas, ampla distribuição, e sua diversidade está associada a diferentes habitats que suas espécies podem ocupar, desde áreas abertas até florestas. Dois clados de espécies são reconhecidos nesse gênero: Scinax catharinae, com a maioria das espécies ocorrendo na Mata Atlântica, e Scinax ruber, com ampla distribuição em diferentes biomas. Neste trabalho analisamos geneticamente espécies de Scinax que ocorrem em diferentes biomas brasileiros. As análises citogenéticas das espécies pertencentes ao clado Scinax ruber, demonstraram o número diploide de 2n=24 cromossomos e número fundamental de FN=48. A região organizadora de nucléolo foi identificada na maioria das espécies no cromossomo 11, característico das espécies pertencentes ao clado S. ruber, contudo as espécies da região amazônica Scinax garbei e Scinax boesemani apresentaram a marcação no cromossomo oito. Verificamos diferenças cromossômicas na espécie S. eurydice, nas populações da Bahia e de São Paulo. A identificação molecular confirmou a presença de uma espécie candidata pertencente ao clado S. catharinae na porção sudoeste do Cerrado brasileiro, na Chapada dos Guimarães, Mato Grosso. Na Mata Atlântica a presente análise reconheceu 16 espécies de Scinax, e destas, cinco foram consideradas espécies candidatas (UCS e DCL). Os morfotipos Scinax sp.1, Scinax sp.2 e Scinax sp.3 foram confirmadas e foi revelado a existência de duas espécies crípticas na espécie nominal Scinax argyreornatus. Na região amazônica 17 espécies foram identificadas, através do DNA barcode, destas oito são espécies candidatas (UCS e DCL) e cinco espécies foram observadas em áreas ainda não relatadas. Espécies crípticas foram detectadas nas espécies nominais S. garbei e S. nebulosus, que pelas análises genéticas formaram três e cinco agrupamentos, respectivamente. As espécies S. chiquitanus, S. proboscideus, além de táxons ainda não descritos, identificados em estudos anteriores, foram reconhecidos em áreas ainda não relatadas da região Amazônica. Duas espécies candidatas foram reveladas nesse trabalho: Scinax sp. 4 e Scinax sp. 5. A estrutura genética e o processo de diversificação de diferentes populações da espécie Scinax x-signatus foram estudados, e os dados revelaram três grupos de populações com ausência de fluxo gênico entre estes. O primeiro grupo foi formado por amostras coletadas em diferentes localidades da Caatinga (CAA) e Mata Atlântica (MA), e o segundo e o terceiro grupo foram formados por amostras da Amazônia, localidades de Bragança e Capanema (AM G1) e Santarém, Alter do Chão e Soure (AM G2). Possivelmente o fluxo gênico entre os grupos CAA+MA e Amazônia foram interrompidos devido às diferenças ambientais entre esses biomas (mais significativas do que as diferenças entre a Caatinga e Mata Atlântica), e além disso, evidenciamos o isolamento das populações amazônicas, AM G1 e AM G2, devido a uma barreira geográfica (Rio Tocantins). Os resultados desse trabalho comprovam a eficiência das ferramentas genéticas na identificação de espécies em áreas endêmicas do Brasil.

  • JOAO EMILIO ALVES DA COSTA
  • RELAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS EM UMA COMUNIDADE REMANESCENTE QUILOMBOLA, NA AMAZÔNIA PARAENSE (VILA MARIANA/VISEU – PARÁ).

  • Data: 26/03/2015
  • Mostrar Resumo
  • Este estudo faz parte de um trabalho de maior amplitude que objetivou a elaboração do Relatório Antropológico de Vila Mariana, reivindicado por moradores desta comunidade junto à Fundação Palmares. Esse relatório antropológico é a base para a titulação definitiva da comunidade de Vila Mariana como remanescente quilombola.  A pesquisa focaliza, principalmente, as mudanças enfrentadas pelas comunidades rurais e mais detalhadamente na comunidade quilombola de Vila Mariana, ocorridas nas últimas décadas, sobre tudo, a partir das políticas modernizantes instauradas pelo regime militar, e a efetiva participação do Estado e dos movimentos sociais nessa dinâmica. Neste contexto, o trabalho aborda, principalmente, as questões socioambientais discutidas sob a visão sistêmica e destaca os processos de estruturação de relações, ocupação, dinâmica social, territorialização e re-territorialização a partir da perspectiva coletiva e individual dos integrantes da comunidade.  Ainda, discute o estimulo da capacidade resiliente-adaptativa, motivado por estas interferências, na manutenção e reprodução de suas características tradicionais. A pesquisa etnográfia indica que a condição de estresse social incitado pela interferência de agentes externos na comunidade causou fortes perturbações e condicionou certas alterações na ordem social pré-estabelecida na comunidade, o que modificou, em boa medida, a dinâmica socioambiental local. No entanto, em função da sua efetiva capacidade resiliente-ecológica a comunidade mostra-se ativa na emissão das respostas às interferências e mantém vivo seu caráter etnossocial.

  • ZILAH THEREZINHA DE SOUZA ARAUJO
  • PROCESSO PARTICIPATIVO DA MULHER NA CADEIA PRODUTIVA DO MEXILHÃO Mytella charruana (D’Orbgny, 1846) NA COMUNIDADE VILA NOVA, BRAGANÇA-PA.

  • Data: 26/03/2015
  • Mostrar Resumo
  • O estudo da divisão sexual do trabalho na cadeia produtiva do mexilhão Mytella charruana em Vila Nova, Bragança – PA foi desenvolvido no período de julho de 2013 a fevereiro de 2014 a janeiro de 2014, com o principal objetivo de analisar a participação e a valorização da mulher nas atividades desse processo. Para tal optou-se por duas  categorias de análise:  comunidade tradicional e divisão sexual do trabalho, tendo como fundo a cadeia produtiva do mexilhão Mytella charruana. A pesquisa seguiu os princípios do método qualitativo, tendo como amostra dez famílias, que foram selecionadas em função de organizarem as atividades de extração do molusco num mesmo local. Usou-se como instrumento metodológico a técnica efeito bola de neve, para identificação das lideranças e formação do grupo amostral; a entrevista, o questionário, a conversa informal, a observação participativa, além de registros fotográficos. A investigação resultou na identificação do trabalho da mulher e do homem na cadeia produtiva: coleta, catação e comercialização do mexilhão Mytella charruana, concluindo-se que a partir do momento que o produto começou a ser inserido no mercado, o homem ficou responsável pela coleta, pela fase inicial e final da catação e pela comercialização do molusco, cabendo a mulher o preparo do espaço para o recebimento do produto após a coleta, a limpeza de cada molusco, a catação de resíduos depois da primeira peneiragem, da organização da catação revisada de cada concha para retirada de possível massa retida, somando às atividades domésticas cotidianas. Embora o trabalho da mulher, a higienização rigorosa no trato do mexilhão seja considerado o diferencial para a preferência dos compradores da região, a maior valorização é dado ao trabalho do homem, considerado o mantenedor da casa. Foram avaliadas as diferenças no comprimento da concha de M. charruana entre os meses estudados, onde houve diferenças significativas entre janeiro e fevereiro (p < 0,05). A investigação apontou para indícios de exploração desordenada desse recurso natural, que precisa de normatização e cuidados para o manejo, a fim de assegurar a manutenção do estoque.

  • VANDO JOSE COSTA GOMES
  • DINÂMICA LONGITUDINAL DE ESTUÁRIOS DE MACROMARÉ NA AMAZÔNIA ORIENTAL E ZONAS DE TURBIDEZ MÁXIMA.

  • Data: 09/03/2015
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo investigou 5 sistemas estuarinos (Caeté, Urumajó, Taperaçu, Mocajuba e Gurupi) do setor oriental da costa amazônica, que apresentam características distintas entre eles (geologia, tamanho da bacia de drenagem e descarga fluvial), fazendo com que estes apresentem comportamentos hidrodinâmicos distintos, mesmo possuindo algumas similaridades com certa regularidade ao longo da costa (e.g., clima e regime de marés). Avaliando longitudinalmente os cincos ambientes em relação à variação do MPS (material particulado em suspensão), salinidade e a propagação da maré dinâmica (Gurupi e Mocajuba) em diferentes condições climáticas (estações seca/chuvosa). Mais especificamente correlacionar às condições hidrodinâmicas únicas de cada um dos ambientes estudados com a eventual formação, e suas variações espaço-temporais, de uma Zona de Turbidez Máxima (ZTM), fenômeno o qual contribui de forma significativa para a evolução dos sistemas estuarinos. Em relação à seção transversal da porção média de cada estuário, nota-se que a redução da área entre a maré média a maré baixa foi de 42 % para o Gurupi, 52 % para o Caeté, 60 % para o Urumajó, denotando a gradual redução de importância da vazão fluvial. Para o estuário do Taperaçu, com avançado processo de preenchimento, esta redução é de 93%, enquanto que o estuário do rio Mocajuba a redução foi de 18 %, como resposta de um canal bastante profundo controlado estruturalmente. A existência de uma ZTM nos estuários amazônicos é um dos fatores que retem e induzem a deposição dos sedimentos finos no leito estuarino  principalmente nas faixas intermareais, sendo também é responsável pela disponibilização das lamas estuarinas para as áreas de mangue, uma vez que os rios da região são de águas pretas que são pobres em sedimento em suspensão. Para os estuários amazônicos pode se afirmar que a salinidade é um bom indicador da ocorrência e localização da ZTM, mas sua formação é resultado de um complexo balanço entre a forçante de maré e a vazão fluvial, combinado com a geometria/morfologia estuarina, e todos estes fatores variam espacialmente entre os estuários e variam temporalmente em todos eles em diferentes escalas (e.g. sizígia/quadratura & seca/chuvas).

  • ELIELTON MONTEIRO DA SILVA
  • ESTUDO DO PREENCHIMENTO SEDIMENTAR DAS CABECEIRAS DO ESTUÁRIO DO TAPERAÇU, BRAGANÇA/PA (ZONA COSTEIRA AMAZÔNICA)

  • Data: 07/03/2015
  • Mostrar Resumo
  • O setor oriental da Zona Costeira Amazônica (ZCA) é caracterizado principalmente por um regime de macromarés, chuvas abundantes e um baixo relevo. Existe uma extensa planície costeira, que inclui vários estuários (como o Taperaçu), planícies de maré, praias influenciadas por maré e grandes florestas de mangue desenvolveram-se principalmente durante os últimos cinco mil anos, como resultado da estabilização do nível do mar, ou uma grande redução no aumento da velocidade durante o Holoceno. Com a estabilização no Holoceno do nível do mar na ZCA, o suprimento de sedimentos da plataforma continental, empurrado em direção à costa pelas ondas e marés, tem gradualmente preenchido os estuários, especialmente quando a descarga fluvial é particularmente baixa, como o Taperaçu. Neste estuário, o processo de preenchimento, ainda em curso, é notável em sua porção superior, a qual já foi convertida em pântanos e campos. O objetivo deste estudo foi investigar este processo de preenchimento da cabeceira do estuário Taperaçu, com base em furos e perfis de sub-superfície, usando o sistema chamado "Rammkernsonde” (RKS) e o SIR-3000 / sistema de GSSI, respectivamente, somando sete furos e cerca de 40 metros de registro, bem como 3 km de GPR. Foram analisadas a granulometria das amostras de sedimento (75 amostras) e idades (19) de C-14 de pontos estratégicos nas camadas. Como hipótese inicial considerou-se que as cabeceiras do Taperaçu foram preenchidas durante o Holoceno, e que a área seria uma espécie de laguna durante as fases iniciais do afogamento pelo nível do mar da costa. Uma vez que se observa no presente um grande transporte e preenchimento por areia do estuário do Taperaçu, era esperado que o preenchimento das suas cabeiras fosse composto principalmente por areia. No entanto, os resultados revelaram um cenário diferente. Os perfis indicam mistura de areia e lama, muitas vezes em camadas intercaladas, associada à circulação de maré em ambiente estuarino, canais e planícies de maré / manguezal. Em geral, os sedimentos eram compostos por 65% de areia e 35% de lama. Além disso, importante discordância de idade foi encontrada dentro do pacote de sedimentos do Quaternário, revelando que o preenchimento é composto de fato por dois envelopes diferentes de lamas de estuário/mangue, sendo o superior do Holoceno e o inferior do Pleistoceno. A lama holocênica inclui normalmente os 5 metros superiores, e sua base foi datada em 7.595 ± 25 a. cal. A.P., e da sua parte superior foi assumida como sendo bastante recente (~ décadas). As lamas do Pleistoceno corresponderiam à Penúltima Transgressão (ou seja, ~120 mil a. A.P.) e várias datações dessas camadas superaram o limite do método de datação do C14 (ou seja, 43.500 a. A.P.). Os resultados como um todo mostraram que durante o nível do mar alto no Pleistoceno, bem como durante toda a estabilização do nível do mar Holoceno a área era semelhante à atual, com um preenchimento gradual do estuário por areias da plataforma interna e lamas (de origem ainda incerta), onde os canais são gradualmente convertidos em manguezais e estes tornam-se pântanos salinos e campos. Além disso, a falta de um verdadeiro rio torna possível preservar parcialmente o preenchimento do Pleistoceno, mostrando que este processo de preenchimento é muito mais complexo do que geralmente é esperado em estuários e, por sua vez, estuários não são simplesmente ambientes efêmeros, mas sim episódicos e recorrentes.

  • IVANA BARBOSA VENEZA
  • AUTENTICAÇÃO MOLECULAR DE FILÉS DE PARGO E PROTOCOLO FORENSE PARA LUTJANÍDEOS (LUTJANIDAE – PERCIFORMES).

  • Data: 02/03/2015
  • Mostrar Resumo
  • A demanda por frutos do mar tem aumentado notavelmente, e devido a isso, segmentos industriais tem diversificado a forma de apresentação do pescado, oferecendo produtos processados como filés, por exemplo. Tal tendência por um lado estimula o consumo, mas por outro diminui sua confiabilidade, uma vez que pescados processados apresentam altas taxas de substituição. O processamento remove partes do corpo utilizadas no reconhecimento das espécies, e então a identificação fica comprometida, especialmente em um grupo de peixes com grandes semelhanças morfológicas, como é o caso dos pargos ou vermelhos da Família Lutjanidae. Tais peixes tem grande interesse econômico mundialmente, e no Brasil a espécie mais procurada é o Pargo – Lutjanus purpureus. Existem vários outros fatores que propiciam a substituição dessa espécie: captura conjunta a outros lutjanídeos, registro estatístico impreciso, nomenclatura popular despadronizada e rotulagem inadequada do produto filetado. Portanto, o presente trabalho investigou se os filés comercializados em supermercados de Bragança-PA, sob o rótulo de “Pargo”, pertenciam de fato a espécie L. purpureus. Através da metodologia de DNA barcode, foi possível detectar que 22% dos filés amostrados correspondiam à espécie Rhomboplites aurorubens, lutjanídeo de baixo valor comercial na região. Os resultados apontam para a necessidade de prevenir práticas dessa natureza, e fornecem subsídio para auxiliar no combate a substituições, junto a órgãos competentes, indústrias e supermercados. Apesar da eficácia da técnica de DNA barcode para identificação, há metodologias mais práticas e baratas que vêm sendo sugeridas para a elaboração de protocolos de autenticação de produtos pesqueiros, como aqueles baseados em PCR multiplex. Tendo em vista os inúmeros relatos de fraudes em produtos derivados de lutjanídeos, foi desenvolvido um protocolo de identificação forense por padrão de bandeamento, para três das principais espécies de vermelhos comercializadas no Brasil: L. purpureus, L. synagris e Ocyurus chrysurus. Esse protocolo representa uma alternativa a ser aplicada tanto pela fiscalização, na busca por substituição, como na proteção dos direitos do consumidor; quanto na rotina de setores comerciais e industriais, no sentido de controlar a qualidade e garantir a autenticidade dos produtos.

  • RAIMUNDO DARLEY FIGUEIREDO DA SILVA
  • ANÁLISES POPULACIONAIS EM Lutjanus purpureus (POEY, 1866) DA COSTA ATLÂNTICA OCIDENTAL A PARTIR DE MARCADORES MOLECULARES.

  • Data: 02/03/2015
  • Mostrar Resumo
  • Organismos marinhos com ampla distribuição são excelentes modelos para a o entendimento de padrões de conectividade genética histórica. Lutjanus purpureus, ou pargo, como a espécie é popularmente conhecida, é um Teleósteo marinho pertencente à família Lutjanidae. A espécie distribui- se desde Cuba até o Nordeste do Brasil, sendo frequentemente encontrada sobre fundos rochosos e arenosos. Possui elevada importância econômica, no entanto poucos são os estudos disponíveis acerca da arquitetura genética da espécie. Dos principais objetivos do presente estudo, o primeiro trata do desenvolvimento e caracterização de iniciadores do tipo EPIC, para abordagens populacionais em L. purpureus, e outros teleósteos marinhos. A caracterização de regiões genômicas com polimorfismo suficiente para análises populacionais torna-se fundamental para estudos genéticos com múltiplas regiões não ligadas. Foram obtidos oito iniciadores, boa parte deles possuindo altos níveis de variação genética. Iniciadores EPIC possuem a vantagem de serem aplicáveis em um vasto nível taxonômico, assim estes iniciadores foram testados e amplificados em organismos de outros agrupamentos taxonômicos, portanto um indicativo de que podem ser usuais em abordagens intraespecíficas para vários grupos de peixes marinhos. O segundo objetivo principal foi avaliar questões sobre diversidade genética, demografia e conectividade genética histórica para L. purpureus, utilizando múltiplos loci (DNA mitocondrial e nuclear). Encontrou-se elevados índices de diversidade genética, provavelmente correlacionados a um elevado tamanho efetivo apresentado pela espécie. O pargo aparentemente demonstra elevados níveis de homogeneidade genética ao longo da região estudada, o que é coerente com traços biológicos da espécie tais como desova em mar aberto e desenvolvimento pelágico. Em relação a aspectos da demografia histórica, é apresentado um cenário de crescimento populacional, cujo início é datado de aproximadamente 170 mil anos, sendo esse período congruente com um período de máxima glacial para a região do Atlântico ocidental.

  • JAMILLE DE ARAUJO BITENCOURT
  • ANÁLISE DAS RELAÇÕES EVOLUTIVAS E FILOGENÉTICAS DA FAMÍLIA ACHIRIDAE (TELEOSTEI: PLEURONECTIFORMES) A PARTIR DE MARCADORES CITOGENÉTICOS E MOLECULARES

  • Data: 24/02/2015
  • Mostrar Resumo
  • Os Pleuronectiformes são um grupo de peixes peculiar, com características anatômicas extraordinárias e que tem despertado grande interesse em diversas áreas da ciência. Contudo, estudos genéticos na ordem estão concentrados em espécies de importância comercial e as relações filogenéticas e evolutivas em famílias como Achiridae permanecem pouco conhecidas. Os representantes dessa família incluem um número relativamente pequeno de espécies com ampla distribuição em regiões estuarinas, dulcícolas e marinhas, características que os tornam ideais para uma análise filogenética ampla. Adicionalmente, os dados citogenéticos disponíveis, embora restritos, demonstram acentuada variabilidade cromossômica, raramente registrada em grupos predominantemente marinhos. As informações sobre as relações intergenéricas em Achiridae são ainda mais reduzidas e um consenso em relação ao monofiletismo e origem do grupo ainda não foi alcançado. A fim de testar o potencial da análise cromossômica para taxonomia e sistemática de Achiridae, dados citogenéticos foram obtidos para Trinectes inscriptus, 2n=42 (8m/sm+34st/a); Achirus achirus, 2n=33/34 (17m/sm+16st/a,X1X2Y em machos e 16m/sm+18st/a, X1X1/X2X2 nas fêmeas); T. microphthalmus e A. declives, 2n=36 (12m/sm+24a), A. lineatus 2n=40 (18m/sm+22st/a) e T. paulistanus 2n=42 (10m/sm+32st/a). Regiões organizadores de nucléolos (RONs) simples e intercaladas por blocos ricos em GC foram identificadas na maioria das espécies, com exceção de T. microphthalmus (dois pares portadores de DNAr 18S). Os genes de RNAr 5S foram mapeados apenas em Trinectes inscriptus (braços curtos de um par subtelocêntrico) e A. achirus (braços curtos de 10 a 12 cromossomos para machos e fêmeas, respectivamente). Em ambas as espécies a sintenia das duas classes de DNAr foi observada, permitindo a identificação de eventos como transposição, e inferências sobre a origem do cromossomo Y. Ainda, o padrão de distribuição de heterocromatina foi exclusivo para cada espécie, reforçando a dinâmica evolutiva do genoma dos Achiridae e demonstrando a eficiência dos marcadores cromossômicos na citotaxonomia. Os dados citogenéticos obtidos também sugerem problemas na caracterização prévia de A. declives, conforme corroborado pela análise de sequências do gene Citocromo Oxidase I (COI). De fato, a análise do COI permitiu identificar com precisão as espécies de Achiridae como grupos reciprocamente monofiléticos. Por fim, sequências desse gene foram analisadas simultaneamente com outros dois genes mitocondriais (16S e 12S) e dois nucleares (Rodopsina e Rag 1) para a reconstrução filogenética da família usando Máxima Parcimônia (MP), Máxima Verossimilhança (ML) e Inferência Bayesiana (BI). Os resultados obtidos recuperaram a família Achiridae como monofilética e refutaram algumas relações internas inferidas com dados morfológicos prévios. As topologias geradas trouxeram contribuições importantes para a família, com destaque para o não monofiletismo dos gêneros Achirus e Trinectes, e a estreita relação entre Hypoclinemus mentalis e Achirus achirus, os quais devem ser sistematicamente reavaliados. Agrupamentos entre espécies dulcícolas, estuarinas e marinhas também foram observados e sugerem que os representantes da família surgiram no estuário e evoluíram independentemente para ambientes mais caracteristicamente marinhos ou dulcícolas. Ainda, as árvores de MP e BI foram utilizadas numa análise comparativa com dados citogenéticos, os quais foram mapeados na filogenia molecular. Os resultados evidenciaram que os rearranjos cromossômicos não constituem sinapomorfias para reconstrução filogenética e parecem ter ocorrido isoladamente nas diferentes linhagens da família.

  • JOSE DIEGO GOMES
  • CARACTERIZAÇÃO HIDRODINÂMICA DO ESTUÁRIO DO RIO GURUPI.

  • Data: 23/02/2015
  • Mostrar Resumo
  • Os cerca de 20 estuários do setor nordeste da Zona Costeira Amazônica são caracteristicamente moldados e tem sua hidrodinâmica controlada pelo regime de macromarés e importantes variações sazonais das descargas fluviais. Por outro lado, as bacias de drenagem associadas a estes estuários, assim como suas descargas fluviais, variam em até 3 ordens de grandeza, desde dezenas até dezenas de milhares de quilômetros quadrados. Neste contexto o estuário do rio Gurupi se destaca com cerca de 35 mil km2 de bacia de drenagem e uma vazão média de 472 m3/s. O estuário do rio Gurupi possui poucos estudos apesar de sua grande dimensão e importância (socioeconômica e ambiental). O que motivou o desenvolvimento do presente trabalho, voltado para o entendimento de sua morfologia e hidrodinâmica. Assim, foram realizados levantamentos de dados na estação chuvosa (Abril e Maio) e na estação de seca (Novembro) em condições de maré de sizígia, incluindo levantamentos hidrodinâmicos longitudinais (nível d’água, salinidade e material particulado em suspensão-MPS...) e transversais (velocidade de correntes, vazão, nível d’água, salinidade, MPS...), levantamentos morfossedimentares, assim como análise da bacia hidrográfica do Gurupi. Com relação à hidrodinâmica em geral, pode-se afirmar que o estuário do Gurupi apresenta características típicas de um estuário de macromaré, assim como sua morfologia. Por outro lado, os resultados demonstram uma grande importância da vazão fluvial expressa, por exemplo, em termos da relativa baixa variação sazonal, do domínio de correntes de vazante mesmo durante períodos de seca, e da razão de aprox. 6 da vazão de maré comparada com a vazão fluvial máxima, onde o domínio pleno de maré só seria atingido com razões acima de 10. O domínio de vazante em ambos os períodos sazonais indica que o estuário é um exportador de sedimentos, e explica em grande parte a pouca variação sazonal da batimetria e sedimentologia no setor estudado. Apesar da importância da vazão fluvial, a maré se propaga por mais de 100 km em ambos os períodos, sendo isto controlado pela baixa elevação da maior extensão do canal fluvial. Porém, o incremento de vazão fluvial resulta em uma maior e mais rápida atenuação da maré. Os dados de salinidade e MPS mostram um comportamento típico de estuários de macromaré durante o período seco, com uma marcada formação de Zona de Turbidez Máxima. Porem, durante a estação de chuvas, a vazão fluvial “empurra” a ZTM para a região do funil estuarino e a mesma é bastante atenuada, embora as concentrações médias de MPS sejam muito superiores no período de chuvas. Acredita-se que este trabalho tenha sido bem sucedido na caracterização deste estuário importante, mas até então pouco conhecido, mas também revela a necessidade de continuidade dos estudos envolvendo também condições de maré de quadratura e séries temporais mais longas para se melhor entender o papel da vazão fluvial e suas variações sazonais.

  • DAVIDSON CLAYTON AZEVEDO SODRE
  • Filogeografia e modelagem de nicho ecológico de espécies de sapos do gênero Rhinella: definindo novos limites na distribuição das espécies.


  • Data: 19/02/2015
  • Mostrar Resumo
  • Análises filogeográficas ajudam a compreender a influência dos eventos geológicos na distribuição geográficas de espécies. Dentre os sapos do gênero Rhinella, existem 3 espécies próximas que ocupam biomas vizinhos, cuja as relações filogenéticas não são bem resolvidas e apresentam casos de hibridização, são elas: Rhinella marina, Rhinella schneideri e R. jimi. Neste estudo investigamos os padrões filogeográficos de diversidade genética e estrutura populacional destas espécies, aumentado a amostragem de trabalhos anteriores, e incluindo populações de R. jimi. A amostragem abrange a Amazônia Oriental, a Caatinga e pontos no Cerrado. Foram sequenciados três regiões nucleares e um mitocondrial. Os resultados gerados pelas genealogias haplotípica não mostram um separação clara entre R. marina e R. jimi. No entanto, as análises de clusterização demonstraram a existência de três grupos (K=3), e a distribuição espacial destes grupos não correspondem aos limites da distribuição atribuídas previamente às espécies estudadas. A análise do Structure mostra um clina entre a Região Amazônica e a Caatinga, ou seja, entre R. marina e R. jimi. Além disso, as estimativas de migração indicam um alto número de migrantes em direção à Caatinga. Deste modo, concluímos que R. jimi é uma linhagem derivada de R. marina, resultado de uma migração passada, que está evoluindo separadamente. Esta linhagem ocorre em toda a Caatinga e em parte do Cerrado e Amazônia.

  • THAYS DE FATIMA CORREA BRITO
  • Calliphoridae (Diptera, Linnaeus, 1758) associados a  cadáveres de Sus scrofa Linnaeus, 1758 Em Soure, PA

  • Data: 11/02/2015
  • Mostrar Resumo
  • Os dípteros estão frequentemente associados a carcaças animais, participando do processo de decomposição, utilizando a matéria orgânica tanto como fonte proteica como local de cópula e oviposição. Membros da família Calliphoridae, das moscas varejeiras, são encontrados em praticamente todos os ambientes e devido à sua associação com carcaças animais tem sido utilizada em estudos de entomologia forense. Aqui apresentamos um inventário das espécies de moscas varejeiras em duas áreas do município de Soure, estado do Pará, Brasil. O estudo foi realizado em área 1 “Sítio Meu Sossego” e na área 2 (“Fazenda Bom Jesus”), município de Soure, norte do Brasil. Foram coletados 3567 espécimes de califorídeos, representados por cinco espécies: Cochliomyia macellaria (Fabricius, 1775), Chrysomya albiceps (Wiedemann, 1830), Chrysomya megacephala (Fabricius, 1794), Chrysomya putoria (Wiedemann, 1819) e Lucilia cuprina (Wiedemann, 1830). Durante a estação seca e a chuvosa e em ambos as áreas as espécies de C. macellaria e C. albiceps foram as mais abundantes. Não houve diferença na composição e abundância de califorídeos entre as duas áreas. O estágio de decomposição ativa mostrou-se o mais atraente para a maioria das espécies coletadas.

2014
Descrição
  • LARISSA SAMPAIO DE SOUZA
  • FILOGEOGRAFIA DE Celeus undatus (LINNAEUS, 1766) E Celeus grammicus (NATTERER & MALHERBE, 1845) (AVES: PICIDAE) UTILIZANDO MARCADORES MOLECULARES

  • Data: 16/12/2014
  • Mostrar Resumo
  • Celeus é um gênero de pica-pau que comporta o maior número de espécies dentro da família Picidae. Estudos filogenéticos baseados em dados morfológicos e moleculares com representantes deste gênero resultaram em arranjos desarmônicos, havendo relações filogenéticas conflitantes para algumas espécies. Exemplo desse conflito é parafiletismo que envolve Celeus undatus e Celeus grammicus, onde o status taxonômico dessas espécies comporta questionamentos devido à similaridade morfológica, genética e de vocalização que as aproxima, a ponto de serem tratadas com unicidade. Sendo assim, neste trabalho nós verificamos a relação que existe entre essas espécies por meio de análises moleculares. Foram analisados três fragmentos mitocondriais (ND2, Cyt b e COI) e três nucleares (I7BF, G3PDH e Myo2). Nossos resultados evidenciam que não existe monofiletismo recíproco entre os táxons, onde a divergência genética interespecífica é reduzida para os marcadores mitocondriais e ausente para os genes nucleares. Não houve a formação de grupos definidos nas redes haplotípicas, existindo compartilhamento de haplótipos entre as espécies para todos os marcadores, exceto para o ND2. Por conta da presença de haplótipos exclusivos em todos os marcadores e da baixa divergência, as análises conjuntas sugerem que os táxons em questão estão em processo inicial de especiação, uma vez que existem caracteres de diagnose morfológica aceitos pela comunidade ornitológica. Este cenário de recente separação foi confirmado quando realizado o teste de delimitação de espécies com o programa BP&P, apresentando valor de 100% de serem espécies distintas. A própria separação incompleta das duas espécies impediu a realização de inferências filogeográficas a nível de subespécie, sendo estas interpretadas como prováveis artefatos de plasticidade fenotípica do grupo.

  • JULLIANY LEMOS FREIRE
  • DISCRIMINAÇÃO E VARIAÇÃO MORFOLÓGICA DE TRÊS ESTOQUES DO CAMARÃO-DA-AMAZÔNIA Macrobrachium amazonicum (HELLER, 1862) (DECAPODA: PALAEMONIDAE) NA AMAZÔNIA BRASILEIRA.

  • Data: 08/12/2014
  • Mostrar Resumo
  • O camarão-da-Amazônia - Macrobrachium amazonicum - é uma espécie endêmica da região amazônica e é largamente explorada pela pesca artesanal. O presente estudo objetivou compreender o grau de divergência morfológica entre os estoques e os sexos, bem como avaliar a influência dos fatores abióticos sob as dimensões corporais da espécie em três locais da região hidrográfica Tocantins-Araguaia, com diferentes graus de exposição ao mar: Tucuruí, Cametá e Soure (baía do Marajó). Em cada área de amostragem e período sazonal, foram retirados aletoriamente 60 espécimes, totalizando 360 indivíduos machos e fêmeas em proporções iguais. Posteriormente, foram aferidos 21 características morfométricas e 4 variáveis merísticas. As análises apresentaram forte poder de discriminação dos estoques, principalmente entre os pontos mais distantes (Tucuruí e Soure), no qual observou-se que para as fêmeas as características mais significativas foram o ‘Comprimento Total’, ‘Largura da Carapaça’ e a ‘Largura da Palma’; para os machos, a ‘Largura da Palma’ e a ‘Largura do Carpo’ foram os mais significativos para o modelo. O crescimento (alométrico) foi diferenciado entre os estoques. Porém, entre os sexos em cada estoque, o dimorfismo sexual morfológico foi relativamente baixo, sendo que o coeficiente de alometria ‘b’ foi significativo somente para a ‘Comprimento do Cefalotórax’ (Cametá), ‘Largura do Carpo’ e ‘Largura da Palma’ (Tucuruí). Para a análise de variância, mostrou-se significativa, a ‘Altura da Carapaça’. ‘Largura da Carapaça’, ‘Comprimento e Largura do Ísquio’, ‘Comprimento e Largura do Mero’, ‘Largura do Carpo’, ‘Comprimento do Dátilo’, ‘número de dentes na porção superior e na crista basal’ foram significativos na diferenciação dos estoques para fêmeas.  Para os machos, foram o ‘Comprimento do Dátilo’, ‘Largura do Mero’, ‘Largura do Carpo’ e ‘Largura da Palma’. Na análise de redundância, o dimorfismo foi evidente somente quando foram utilizadas medidas lineares, pois ao utilizar a proporcionalidade entre os segmentos corporais, a variável ‘sexo’ não foi significativa, apesar das fêmeas demonstrarem uma maior adaptabilidade morfológica diante das variáveis ambientais. Portanto, este estudo demostrou que os diferentes padrões morfológicos que diferenciam os estoques na área amostrada estão associados às variabilidades ambientais. Desta forma, sugere-se que medidas de ordenamento pesqueiro diferenciado para cada estoque sejam implementadas, pois, estudos já sinalizam um iminente estado de sobrepesca na região Amazônica.

  • RUBEM MANOEL COELHO PESSOA
  • AVALIAÇÃO DA CARGA RECREACIONAL E PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS EM DISTINTOS PERIODOS RECREACIONAIS NA PRAIA DE AJURUTEUA, BRAGANÇA, PARÁ (BRASIL)

  • Data: 31/10/2014
  • Mostrar Resumo
  • O turismo costeiro é uma das mais importantes atividades econômicas na geração de rendimentos financeiros em todo o mundo. O crescimento deste setor tem provocado inúmeros impactos negativos sobre habitats, biodiversidade e comunidade local. Nesse contexto surge o conceito de Capacidade de Carga Recreacional (CCR), e suas múltiplas aplicações, como uma ferramenta de planejamento e gestão costeira que busca avaliar os impactos socioambientais provocados pelo turismo e auxiliar na formulação de políticas públicas que visem diminuir tais impactos. O presente estudo realizado na praia de Ajuruteua entre os anos de 2012 e 2013, durante sete campanhas, compreendendo os feriados prolongados na estação chuvosa, estação seca e período de férias escolares, buscou avaliar espaço-temporalmente os valores de CCR e conhecer a percepção dos usuários quanto aos aspectos oceanográficos, biológicos e sanitários, infraestrutura, serviços e acesso, a avaliação da qualidade da praia, suas motivações para a escolha do local e as principais sugestões para a melhoria do turismo local. A CCR e a percepção dos usuários seguiram metodologias específicas. Os resultados indicam altas densidades de visitantes com valores de CCR abaixo de 5 m2/visitante. No período de férias escolares, principalmente no domingo, na Zona 1. Variações temporais (hora, dia da semana, anual, interanual) e espaciais (zonas x nível da maré local) foram encontradas durante a pesquisa. Em relação à percepção dos usuários, a maioria dos visitantes avaliaram a praia como um ambiente de alta qualidade, revelando bom entendimento das características hidrodinâmicas e oceanográficas locais, assim como diferentes percepções acerca dos aspectos biológicos e sanitários. A avaliação negativa feita para os aspectos de infraestrutura, serviços e acesso refletem as baixas condições destes componentes que são apresentadas no local. Baseado nos resultados, um conjunto de medidas são necessárias e deveriam ser tomadas pelas autoridades locais para melhorar o atual estado da praia de Ajuruteua, tais como: (i) melhorar a infraestrutura local, os serviços e acesso para garantir a satisfação do visitante; (ii) promover diferentes atividades recreacionais em toda a praia afim de evitar a aglomeração e, consequentemente, reduzir os riscos aos banhistas durante os períodos de alta temporada; (iii) impedira a ocupação imediata em dunas e áreas de manguezais; (iv) construir um sistema de tratamento de esgotos; (v) providenciar o fechamento imediato de todas as saídas de esgotos que descarregam efluentes diretamente dentro da praia; (vi) estabelecer um sistema de monitoramento permanente para a qualidade da água da praia usada para a recreação pela população local e turistas; e (vii) Estabelecer a implantação de um sistema diário de coleta de lixo, o qual inclua o aumento no número de lixeiras e pontos de coleta em toda a praia.

  • ADILA KELLY RODRIGUES DA COSTA
  • OSCILAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DAS VARIÁVEIS HIDRODINÂMICAS, HIDROLÓGICAS E DOS NUTRIENTES DISSOLVIDOS NO ESTUÁRIO DO TAPERAÇU-PA (BRASIL).

  • Data: 30/09/2014
  • Mostrar Resumo
  • O Taperaçu está localizado no leste da costa Amazônica (Norte do Brasil). É um estuário relativamente raso, não recebe descarga direta de rios e é caracterizado por alta energia hidrodinâmica. Variáveis climatológicas e hidrológicas (nutrientes inorgânicos dissolvidos, nitrogênio total, fósforo total, clorofila a, entre outros) foram estudadas espaço-temporalmente. Seis campanhas foram realizadas durante as marés de quadratura, entre abril/2012 e junho/2013, incluindo uma estação de chuvas atípica em 2012. As amostras foram coletadas na superfície e no fundo a cada três horas durante um período de 25 horas em três estações localizadas na parte inferior, média e superior do estuário. Os níveis de precipitação em abril de 2012 foram 31% menores em comparação com o mesmo mês de 2011, refletindo os efeitos de um evento El Niño. Concentrações de clorofila a foram maiores durante a estação seca, quando foram registrados os maiores valores de silicato, fosfato e fósforo total. Durante esse período, a temperatura da água foi um pouco mais quente, a salinidade atingiu valores próximos a 40 no setor inferior e as águas foram bem oxigenadas devido à alta atividade fotossintética e presença de ventos de elevadas intensidades. Durante a estação chuvosa, compostos de nitrogênio foram os mais abundantes, mas a produção de fitoplâncton foi aparentemente limitadapela elevada turbidez da água (junho de 2012 e junho de 2013). No geral, a entrada de nutrientes provenientes dos estuários locais, associados a um extenso sistema mangue/campos alagados e a alta energia hidrodinâmica servem para formar um ambiente ricoem nutrientes dissolvidos e produção de fitoplâncton no estuário doTaperaçu durante as marés de quadratura. Durante o primeiro semestre de 2012, muitas variáveis apresentaram valores diferenciados devido à anomalia das chuvas durante aquele período chuvoso. Este estudo sugere ainda que a disponibilidade de nutrientes dissolvidos é possivelmente maior durante as marés de sizígia, quando os níveis da água alcançamas partes mais altas da floresta de mangue e a hidrodinâmica é maior (re-suspensão do fundo para coluna d`água).

  • LUCIANE DE CARVALHO NOGUEIRA
  • ECOLOGIA E PESCA DE Sciades parkeri (TRAILL, 1832) CAPTURADO NA COSTA NORTE DO BRASIL E DESEMBARCADO NO MUNICÍPIO DE BRAGANÇA, PA.

  • Data: 24/09/2014
  • Mostrar Resumo
  • Sciades parkeri é um importante recurso pesqueiro da região Norte do Brasil. Diante da importância ecológica, econômica e social do sistema pesqueiro direcionado a Sciades parkeri ainda são desconhecidas informações primordiais que poderiam subsidiar um manejo mais efetivo. Além disso, levantamentos estatísticos sinalizam para uma diminuição drástica na produção e do tamanho médio de primeira captura, aliado a um aumento exponencial do esforço pesqueiro empregado. Este trabalho contempla a redação de três capítulos separados e apresentados no formato de artigo. No capítulo I foi estudada a Estrutura da população em comprimento e peso, assim como as relações mofométricas e biométricas. A população comercialmente explotada de Sciades parkeri é composta principalmente de fêmeas cujo tamanho e peso foram mais elevados que os machos. Houve um predomínio de indivíduos imaturos durante todo o período amostrado. Proporcionalmente, as fêmeas foram mais predominantes, chegando a 7.67 fêmeas por macho. Para todos os modelos lineares de regressão, foram registradas alometrias negativas, demonstrando que as fêmeas são maiores que os machos. No capítulo II foi estabelecida a categoria trófica através da identificação e frequência de itens alimentares. Sciades parkeri apresenta uma dieta essencialmente carnívora alimentando-se mais frequentemente de crustacea e peixes ósseos. Parece provável que a espécie apresente ao longo do ciclo de vida, uma variação na dieta condizente com a idade. O Capítulo III reflete a estatística de desembarque onde foram analisados os volumes de gurijuba proveniente da frota que desembarca na península bragantina através de dados censitários obtidos do projeto ‘Estatística pesqueira’. Na pesca de Sciades parkeri foram identificados sete categorias de arte de pesca, destas, o espinhel foi o mais frequentemente utilizado. Vários tipos de embarcações estão envolvidas sendo que os barcos de médio porte (BMP) são os mais representativos em volume desembarcado. Foi observado que a média da produção aumenta significativamente no início do período chuvoso local e se estende até os meses de transição. De todos os portos de desembarque, a sede do município de Bragança foi a que obteve a maior média de produção. As pescarias que empregam maior mão de obra obtiveram as maiores médias de produção. As pescarias que tiveram duração de 15 a 20 dias foram as que obtiveram as maiores médias de CPUE. De modo geral, os achados desse manuscrito podem servir de embasamento cientifico na tentativa de otimizar a produção pesqueira da gurijuba frente a capacidade suporte dos estoques.

  • IVAN FURTADO JUNIOR
  • INFLUÊNCIA DE FATORES AMBIENTAIS SOBRE A CAPTURA POR UNIDADES DE ESFORÇO - CPUE E AVALIAÇÃO DE ESTOQUES PESQUEIROS DA COSTA NORTE DO BRASIL.

  • Data: 22/09/2014
  • Mostrar Resumo
  • Foram realizadas modelações da captura por unidade de esforço (CPUE) com a inclusão de fatores ambientais para avaliar seus efeitos e obter séries de CPUE padronizadas respectivamente para cada pescaria utilizando modelos lineares generalizados (GLM), foram utilizadas análises de população virtual (VPA) de Gulland baseadas em tamanho para as espécies acima citadas, foram feitos prognósticos sobre os estoques estudados utilizando os modelos de projeção de Thompson e Bell e foram feitas sugestões sobre as políticas mais viáveis de manejo das pescarias com o controle do esforço de pesca e ou regulamentação das artes de pesca. Os resultados confirmam que os estoques estavam sendo explorados abaixo do nível de captura máxima sustentável (MSY) do ponto de vista biológico, porém acima do ponto de rendimento econômico máximo sustentável (MSE) o que é um forte indício de que as tecnologias de pesca de modo geral devem ser adaptadas à nova realidade para tornarem essas pescarias mais rentáveis e sustentáveis.

  • ERNAN SANTOS RAIOL
  • Estudo da evolução e formação da planície costeira da praia do mupéua, ilha de Maiandeua, Maracanã-Pa.

  • Data: 06/09/2014
  • Mostrar Resumo
  • A zona costeira norte brasileira, durante o Quaternário, tem sido submetida a sucessivos eventos regressivos e transgressivos, com diferenças em relação ao restante do país e que controlam a sedimentação e a morfologia costeira. A zona costeira apresenta variações tanto na energia do vento quanto nas ondas e entre os exemplos dos principais tipos de paisagens/barras incluem cheniers, cordões praiais, cordões de dunas frontais, campos de dunas parabólicas e dunas trangressivas como formas agradacionais, progradacionais e retrogradacionais. Nesse contexto se insere a planície costeira do setor SE da Ilha de Maiandeua, Maracanã-Pará-Brasil. Os dados foram coletados através de perfis ao longo da planície costeira e cordões praias da área com um sistema GPR digital SIR-2000, com antenas de 200 e 400 MHz, as quais têm apresentado os melhores resultados em sedimentos recentes não consolidados, e os registros adquiridos foram tratados nos softwares RADAN 6.6 e REFLEX W. Para o levantamento topográfico da área foi utilizado uma estação total. Identificou-se nos 7 perfis de GPR o total de 8 radarfacies e refletores importantes como plano-paralelos e oblíquos, interpretados respectivamente como o substrato pré-transgressão (e.g. Grupo Barreiras e/ou Formação Pirabas) e fases de progradação de cristas de praia (cordões arenosos). Alguns refletores evidenciam o embasamento (grupo barreiras/pirabas), através de um forte refletor plano-parelelo com grande irregularidade, interpretada como resultado da abrasão durante a transgressão e à presença de laterita, que inclusive aflora em vários locais da área de estudo. A progradação observada revelou uma direção de migração/crescimento para sudeste, indicando que em um passado recente este era o sentido predominante da deriva litorânea neste setor. Conforme a orientação de cada crista de praia, em relação aos ângulos de incidência das ondas, as direções da deriva litorânea e consequentemente da progradação em si, variaram no espaço e no tempo no setor em estudo.

  • HAMILTON BRITO DA SILVA
  • Análise Topográfica da Camada de Células Ganglionares da retina de Apistogramma agassizii (PERCIFORMES: CICHLIDAE).

  • Data: 05/09/2014
  • Mostrar Resumo
  • Os peixes da família Cichlidae são bastante diversificados no mundo, ocupando inúmeros biomas. Por isso, eles são muito estudados no campo científico sendo importantes para pesquisas sobre Evolução. Apistogramma é um gênero muito diverso, cuja característica principal (forte coloração) constitui a base de muitos estudos do gênero, sobretudo comportamentais. Uma espécie bastante estudada, Apistogramma agassizii apresenta hábitos muito peculiares, como por exemplo, um forte dimorfismo sexual, a estratégia do tipo k, além do cuidado parental. As pesquisas com a camada de células ganglionares são essenciais para se compreender diversas funções e especializações da retina das espécies. Apesar de muitos estudos sobre o A. agassizii, não há nada descrito na literatura sobre suas especializações ou a organização dos seus grupos celulares retinianos. Desta forma, através do presente trabalho, procurou-se realizar uma análise quantitativa da topografia da camada de células ganglionares desta espécie. Para isso, dissecou-se inteiramente a retina, preservando-se a orientação. A mesma foi montada sobre uma lâmina e após secar ela foi corada usando-se o protocolo de Nissl. Construiu-se mapas topográficos retinianos assim como o autocorrelograma espacial e o perfil de recuperação de densidade (DRP). Verificou-se também a análise do vizinho mais próximo, a densidade e organização dos grupos celulares em cinco diferentes regiões retinianas (ventral, central, temporal, dorsal e nasal). Observou-se a presença de grandes células ganglionares e que a região ventral foi a que apresentou maior regularidade na distribuição das células cuja análise do vizinho mais próximo evidenciou uma tendência à curva de Gauss, em oposição à temporal que foi a mais aleatória e a curva característica tendeu à de Poisson. As maiores densidades de células foram encontradas na região central. Os dados encontrados são similares comr diversos trabalhos realizados em outras espécies da família Cichlidae. Os resultados do presente trabalho servirão de base para futuras análises sobre outras camadas da retina de A.agassizii, já que existe uma relação entre as diferentes camadas retinianas. Além disso, é possível que se façam mais estudos a respeito das grandes células ganglionares encontradas, cuja função não é bem conhecida entre as diferentes espécies.

  • JOSE JORGE DINIZ DA SILVA JUNIOR
  • OTIMIZAÇÃO DA DESACETILAÇÃO DA QUITINA DO CARANGUEJO-UÇÁ (Ucides cordatus, L., 1763) USANDO RADIAÇÃO DE MICRO-ONDAS.

  • Data: 29/08/2014
  • Mostrar Resumo
  • A quitosana é um biopolímero obtido por processos de desacetilação da quitina. O objetivo deste estudo é a utilização daMetodologia de Superfície de Resposta para otimizar a desacetilação por meio de micro-ondas da quitina extraída do caranguejo-uçá (Ucidescordatus). A variável de resposta a ser otimizada foi o grau de desacetilação (GD) e as variáveis independentes foram: potência; tempo reacional; razão e tempo de maturação. A caracterização dasquitosanas obtidas segundo as condições do plano experimental foi por meio de titulação potenciométrica linear e viscosimetria. A desacetilação da quitina foi bem sucedida com valores de GD acima de 70% que corresponde à faixa dasquitosanas comerciais. A regressão linear múltipla do modelo de superfície de resposta para GD apresentou um bom ajuste com o coeficiente de determinação (R2) igual a 0,89. Os efeitos lineares de todas as variáveis independentes foram estatisticamente significativo (p<0.05) para GD, sendo que o tempo foi a variável com maior efeito para a variação do GD. O peso molecular dos ensaios variou de 304,2 a 1128,7 KDa, e estão de acordo com a faixa encontrada emdiferentes aplicações comerciais de quitosana.Valores de validação experimental concordam bem com os valores preditos pelo o modelo.

  • MARILIA BORGES PALMA
  • DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DO ZOOPLÂNCTON EM DOIS ESTUÁRIOS AMAZÔNICOS (BRAGANÇA-PARÁ-BRASIL)

  • Data: 28/08/2014
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo avaliou e comparou a variação espaço-temporal da composição e densidade da comunidade zooplanctônica de dois estuários Amazônicos (Taperaçu e Caeté) com características hidrodinâmicas e hidrológicas distintas, e avaliou a influência das variáveis físico-químicas sobre as características desta comunidade. As medidas das variáveis físico-químicas e as coletas das amostras para o estudo do zooplâncton foram realizadas em seis estações fixas durante os períodos seco e chuvoso, em marés enchentes de quadradura. As amostras de zooplâncton foram coletadas na sub-superfície da água através de arrastos horizontais com auxílio de redes cônicas (120 μm), às quais foram acoplados fluxômetros mecânicos para a determinação do volume de água filtrada pelas redes. Amostras adicionais de água (400 ml) foram coletadas da sub-superfície para a determinação do pH (pHmetro), turbidez (turbidímetro) e das concentrações de clorofila- a. Os valores de salinidade, temperatura e oxigênio dissolvido foram obtidos in situ com auxílio de um CTDO (modelo XR-420). Um total de 54 táxons foram identificados nos estuários em estudo, sendo os copépodos o grupo mais representativo, representado por O. oswaldocruzi (10,08% na S1/período seco a 35,38% na S3/período chuvoso) e O. hebes (1,47% na S6/período seco a 89,44% na S4/período chuvoso). Um padrão distinto de variação espacial dentro de cada período sazonal foi observado na densidade zooplanctônica total e dos copépodos, com valores aumentando da estação S4 em direção à S6 (Caeté) durante o período seco, e da estação S3 à S1 (Taperaçu) durante o período chuvoso. A análise de agrupamento resultou na formação de dois grupos distintos, determinados principalmente pela salinidade. No estuário do Taperaçu e do Caeté, a pluviometria constitui um dos principais fatores responsáveis pelas oscilações nas variáveis físico-químicas, especialmente na salinidade, a qual tem um efeito direto sobre a dinâmica das comunidades zooplanctônicas locais. Não obstante, a presença de um fluxo contínuo de água doce oriunda do rio Caeté ao longo do ano exerce também uma forte influência sobre comunidade zooplanctônica local, o que não se observa no Taperaçu, uma vez que este estuário recebe água doce dos campos alagados, principalmente durante o período chuvoso. Esta diferença observada no regime hídrico dos referidos estuários, resulta na observação de padrões de variação espacial e temporal distintos tanto para as variáveis hidrológicas quanto para a comunidade zoopalanctônica, sendo, de forma geral, o Caeté um estuário espacialmente e temporalmente heterogêneo, e o Taperaçu um estuário espacialmente homogêneo e temporalmente heterogêneo.

  • ADAM RICK BESSA DA SILVA
  • Isolamento de marcadores microssatélies para o estudo de populações insulares e continentais de Rhinela marina (ANURA, BUFONIDAE) na Amazônia

  • Data: 23/08/2014
  • Mostrar Resumo
  • Estudos em ilhas permitiram uma maior compreensão da dinâmica populacional e processo evolutivo, principalmente devido o reduzido tamanho populacional e isolamento geográfico das mesmas. Ilhas tem sido reconhecidamente um ambiente com os maiores níveis de endemismo no mundo, sendo que as ilhas continentais, comparativamente com ilhas oceânicas receberam uma menor atenção, porém podem se constituir em uma excelente oportunidade para a investigação do processo evolutivo. Apesar de um canários geológico bastante atraente para estudos que visem o entendimento do cenário biográfico na Amazônia, pouco estudos estão disponíveis, revelando a necessidade de um número maior de estudos nesses ambientes. A espécie Rhinella marina pode ser encontrada na grande maioria das ilhas na Amazônia, sendo assim, estudos envolvendo esta espécie podem fornecer um importante panorama do cenário biogeográfico especificamente no contexto insular. No presente estudo foram isolados marcadores microssatélites para a utilização em populações insulares e continentais de R. marina ao longo da costa norte brasileira. Os resultados mostram que as alterações geológicas na linha de costa foram bastante atuantes nas populações, gerando padrões de diferenciação mediante escalas geográficas diferenciadas. As análises revelaram que o rio Amazonas consiste em uma barreira ao fluxo gênico, o que foi confirmado pelas não detecção de fluxo gênico contemporâneo e histórico. Foram observadas subestruturações, revelando isolamento populacional entre as populações insulares e costeiras. Os níveis de divergência entre as populações insulares e as populações costeiras adjacentes foram diferenciadas ao longo da costa, mostrando que as populações podem ter sido submetidas a diferentes cenários para o surgimento diversificação.

  • FERNANDA SILVA DA PAZ
  • Diversidade genética e estrutura populacional do aruanã branco (Osteoglossum bicirrhosum Cuvier, 1829).

  • Data: 19/08/2014
  • Mostrar Resumo
  • O aruanã branco (Osteoglossum bicirrhosum) é um peixe de hábito sedentário e distribuição ampla, podendo ser encontrado nas principais bacias da região Amazônica. Considerando que o conhecimento da variabilidade genética e estrutura populacional das espécies naturais são importantes para a conservação, este trabalho objetivou avaliar a estruturação e variabilidade genética das populações de O. bicirrhosum nas bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins. Para tal, foram sequenciadas parte do gene mitocondrial citocromo b (Cy b), o íntron 1 do gene ribossomal S7 e o íntron 5 do gene ribossomal L3(RPL3íntron5) de 132 aruanãs, sendo 66 de cada bacia.  Os fragmentos totalizando 1695 pb, dos quais, 733pb do Cyt b 627pb do íntron S7 e 335pb do RPL3.  A análise revelou baixos índices de diversidade genética para O. bicirrhosum, tanto para a amostragem total quanto para as duas bacias hidrográficas.  As redes de haplótipos revelaram a ocorrência de haplótipos de alta frequência compartilhados por ambas as bacias e haplótipos exclusivos com baixa frequência.  A análise da variância molecular (AMOVA) para o gene mitocondrial revelou que a maior variação encontrada está dentro das bacias (76%) e não entre elas. A análise bayesiana de agrupamentos revelou um único estoque de O.  bicirrhosum ao  longo  das  duas  bacias.  A divergência mensurável encontrada entre e dentro os diferentes sistemas foi baixa variando entre 0,002 % a 0,07 % para os marcadores analisados.  Assim, os resultados obtidos neste trabalho sugerem que as populações de O. bicirrhosum amostradas ao longo das duas bacias hidrográficas formam uma população panmítica com baixos índices de diversidade genética.  Com base nos presentes achados, recomendamos que estas informações sejam consideradas para elaboração de estratégias de conservação e manejo desta espécie, além da continuidade de estudos utilizando marcadores genéticos mais variáveis.

  • SHIRLENE CRISTINA BRITO DA SILVA
  • ASSEMBLEIA DE TÉRMITAS (INSECTA: ISOPTERA) ASSOCIADA ÀS FLORESTAS DE MANGUE NO MUNICÍPIO DE SOURE, ILHA DO MARAJÓ, PARÁ, BRASIL.

  • Data: 07/08/2014
  • Mostrar Resumo
  • O presente trabalho teve como objetivo descrever a composição e riqueza da fauna de térmitas, bem como suas estratégias alimentares e associações com os diferentes substratos disponíveis nas florestas de mangue do município de Soure, Ilha de Marajó, Pará. O trabalho foi realizado em seis sítios localizados nos manguezais do município de Soure. Para a coleta dos dados sobre a estrutura da vegetação foram delimitadas cinco parcelas contíguas de 20x10 m, nas quais todas as árvores presentes em cada parcela foram mensuradas o CAP e Altura total. Para as coletas de térmitas, em cada sítio foi delimitada uma transecção de 100 x 3 m, subdividida em 10 parcelas (5 x 3 m) com intervalos de 5 m entre cada parcela, sendo o esforço amostral de 1h/pessoa em cada parcela em busca por térmitas nos diferentes micro hábitats presentes no sistema. Desse total, quase 40% (n=367) dos exemplares compreendem espécies de mangue, sendo 330 pertencentes ao gênero Rhizophora spp., o qual apresentou os maiores valores percentuais de Densidade, Dominância e Valor de Importância em todos os sítios, bem como uma correlação significativa entre Densidade e DAP (F=11,7; gl=29; p=0,002). Por outro lado, a vegetação de várzea estuarina apresentou cerca de 60% (n=568), os indivíduos de Pterocarpus amazonicus (n=395) apresentaram os maiores valores com relação aos parâmetros estruturais. Sete espécies pertencentes a três famílias de térmitas (Kalotermitidae, Rhinotermitidae e Termitidae), foram encontradas ao longo de um ciclo anual completo. Assim, três espécies de térmitas foram as mais frequentes: Nasutitermes corniger (n=48), Nasutitermes nigriceps (n=31) e Nasutitermes surinamensis (n=25), todas pertencentes à família Termitidae, representando 84% do total dos registros. A morfoespécie Neotermes sp. foi exclusiva no sítio chamado Praia do Pesqueiro. Em todos os sítios foram registradas cinco espécies de térmitas com hábito alimentar da categoria Xilófago (95,9%), ao passo que duas espécies da Intermediário (4,1%) foram registradas em apenas quatro sítios. Para todos os sítios, houve diferença significativa entre a riqueza de espécies observada e estimada (Jackknife1, F=14,7; gl=1; p=0,003; Chao2, F=38,6; gl=1; p=0,0002). A análise de similaridade mostrou diferença significativa na composição das espécies entre os períodos seco e chuvoso em todos os sítios (ANOSIM, R=0,401; p=0,01), assim como entre os sítios (ANOSIM, R=0,486; p=0,01) em ambos os períodos. No entanto, entre os substratos vegetais não houve diferença significativa (ANOSIM, R=0,025; p=21,2). Por fim, as informações presente aqui podem ser úteis para estudos futuros sobre a diversidade e ecologia da população de térmitas nesse ecossistema.

  • NEIDSON GILIARD VASCONCELOS BARROS
  • DETECÇÃO DE ESPÉCIES CRÍPTICAS E HERANÇA DUPLA UNIPARENTAL NO BIVALVE DE ÁGUA DOCE NEOTROPICAL Castalia ambígua (UNIONOIDA: HYRIIDAE).

  • Data: 28/07/2014
  • Mostrar Resumo
  • Este é o primeiro estudo a detectar tanto espécies crípticas quanto heteroplasmia devido ao padrão de herança dupla uniparental (DUI) em uma espécie de Hyriidae Neotropical. A diversidade molecular de 100 exemplares do bivalve de água doce morfologicamente identificado como Castalia ambigua (Unionoida: Hyriidae) a partir de 3 localidades no rio Tocantins, no estado do Pará, na Amazônico oriental, Brasil, foi examinada usando fragmentos de DNA nuclear (ITS2) e mitocondrial (COI) amplificados e sequenciados a partir de tecidos somáticos e gonadal de machos e fêmeas. Quatro haplogrupos de sequências COI e dois grupos de ITS2 foram evidentes, sugerindo espécies crípticas de C. ambigua, ambas as espécies referidas aqui como os grupos I e II. As relações fêmea:macho foram de 1,6 (grupo I) e 0,6 (grupo II). Foi detectada heteroplasmia em sequências de COI de machos de C. ambigua e em sua espécie críptica. Nossos dados mostram que o sequenciamento de COI é uma ferramenta valiosa para a identificação da espécie (código de barras) em Hyriidae Neotropical, mas também demonstrou que se haplogrupos muito distintos são identificados a partir de sequências de DNA mitocondrial, estudos detalhados adicionais são necessários para explicar essa alta divergência molecular, seja devido a presença de polimorfismos acestral, COI-like pseudogenes, espécies crípticas, ou / e herança dupla uniparental.
  • ALLAN RODRIGO OLIVEIRA RODRIGUES
  • TAXONOMIA E FILOGENIA DE GIRODACTILÍDEOS OVÍPAROS (PLATYHELMINTHES: MONOGENOIDEA) PARASITOS DE LORICARIÍDEOS (OSTARIOPHYSI: SILURIFORMES) DO RIO GUAMÁ, PARÁ, BRASIL.

  • Data: 30/06/2014
  • Mostrar Resumo
  • São descritas cinco novas espécies de girodactilídeos ovíparos parasitas da superfície corporal de peixes da família Loricariidae (Siluriformes) do rio Guamá, Pará, Brasil: Oogyrodactylus sp. n. 1 e Oogyrodactylus sp. n.2 de Farlowella sp. eRineloricaria sp.,  respectivamente; Phanerothecium  sp.  n. de LasiancistrussaetigerArmbruster; Nothogyrodactylus sp. n. deAncistrus sp. Gênero novo sp. n. é aqui proposto para acomodar uma nova espécie de parasito de Cochliodon  sp. Este novo gênero é caracterizado por apresentar órgão copulatório masculino com espinhos; peça acessória; e esclerotizações na abertura da câmara de incubação. É proposta uma hipótese sobre o relacionamento filogenético entre gêneros de girodactilídeos ovíparos eGyrodactylusbaseada em dados morfológicos (comprimento: 28passos; índice de consistência: 89%; índice de retenção: 83%). A presente hipótese recupera os clados (Nothogyrodactylus (Aglaiogyrodactylus(Onychogyrodactylus(Oogyrodactylus , Phanerothecioides(Gyrodactylusvi, Hyperopletes, Phanerothecium, Gênero novo))))). Esta hipótese recupera Gyrodactylus (i.e., girodactilídeo vivíparo) compondo um clado polifilético com três gêneros de girodactilídeo ovíparos, concordando com hipóteses prévias que indicam que a família dos táxons ovíparos (Oogyrodactylidae) não constitui um clado.

  • FABRICIA NOGUEIRA DA PENHA
  • DIFERENTES LINHAGENS DO GIGANTE ARAPAIMA (Osteoglossiformes; Osteoglossidae) REVELAM DIFERENÇAS ENTRE POPULAÇÕES DAS BACIAS AMAZÔNICA E ARAGUAIA/TOCANTINS.
  • Data: 20/06/2014
  • Mostrar Resumo
  • Estudos prévios abordando aspectos populacionais e filogeográficos de Arapaima gigas identificaram diferentes níveis de estruturação ao longo das bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins. Entretanto, em todos estes, poucas populações desta última bacia foram analisadas. No presente estudo foram analisados 121 espécimes provenientes de cinco localidades da bacia Amazônica, além de 111 espécimes provenientes de cinco localidades da bacia Araguaia-Tocantins. Através de marcadores mitocondriais (Citocromob, Região Controle, Citocromo oxidase I e NADH desidrogenase subunidade 2) foram avaliados os níveis de diversidade genética e a presença de subdivisões populacionais. Foi evidenciada uma significativa diferenciação genética entre as duas bacias, com a existência de duas linhagens de pirarucu ao longo da área amostrada, que contribuem de forma diferenciada para a composição genética das bacias. Uma linhagem é exclusiva da bacia Amazônica (Amazônia Oriental), enquanto a outra é encontrada na porção oeste da bacia Amazônica e no sistema Araguaia-Tocantins (Amazônia Ocidental/Araguaia-Tocantins). Foram identificados, ainda, três estoques genéticos com base na exclusividade de haplótipos em cada bacia, sendo na linhagem mais amplamente distribuída (Amazônia Ocidental/Araguaia-Tocantins) observados dois destes estoques. As duas bacias apresentam níveis de variabilidade genética significativamente diferente, sendo altos na bacia Amazônica e baixos no Araguaia-Tocantins. Os níveis de divergência para os quatro marcadores analisados evidenciaram que todos os exemplares analisados pertencem à uma única espécie. É sugerida a ocorrência de duas unidades evolutivas significantes (ESUs) e três unidades de manejo (MUs), as quais devem ser consideradas para a determinação de estratégias de conservação e manejo da espécie.
  • SAMANTHA DA CUNHA SALDANHA
  • USO DO DNA BARCODE NA AVALIAÇÃO DA BIODIVERSIDADE ÍCTICA DE IGARAPÉS DA VOLTA GRANDE NA BACIA DO RIO XINGU, PARÁ, BRASIL

  • Data: 16/06/2014
  • Mostrar Resumo
  • Embora os peixes sejam um importante recurso e represente uma considerável porção da fauna amazônica, sua biodiversidade ainda não é totalmente conhecida. Com base nisso, tornou-se necessário adicionar novas metodologias que pudessem subsidiar os estudos ictiológicos como o sistema de códigos de barras (DNA barcoding), que vem se mostrando muito eficiente para identificação de espécies e detecção de prováveis espécies crípticas. Os trabalhos de levantamento de fauna da bacia do rio Xingu, relatam a ocorrência de cerca de 250-465 espécies de peixes. As identificações morfológicas foram feitas em parceria com o Museu Paraense Emilio Goeldi e posteriormente essas identificações foram confirmadas para averiguar a aplicabilidade do DNA barcoding na identificação de espécies conhecidas e possíveis espécies crípticas. Foram obtidas e analisadas 200 sequências do gene Citocromo Oxidase subunidade I (COI) de 95 espécies pertencentes a 48 gêneros. A distância K2P média entre indivíduos dentro das espécies foi de 0,41% em comparação à 17,04% entre espécies dentro de um mesmo gênero. No geral, portanto, há 41X mais variação média entre espécies de um mesmo gênero que entre os indivíduos de uma mesma espécie. Todas as espécies puderam ser diferenciadas por sua sequência COI, ainda que as identificações morfológicas não puderam as classificar além do nível de gênero. O presente estudo evidenciou que as espécies de peixes da bacia do rio Xingu podem ser identificadas de forma eficiente através da utilização de código de barras do DNA, e que a biblioteca de DNA barcode pode ser usada para aplicações subsequentes em ecologia e sistemática. Notamos em nossos resultados possíveis especiações crípticas em Otocinclus hasemani, Cyphocharax spilurus, Iguanodectes spilurus e Bryconops affinis em diferentes pontos dentro da bacia, devido as características da drenagem com inúmeros fatores de isolamento, possivelmente o isolamento geográfico atuou na separação dessas espécies. Foi observado nesse trabalho que a ferramenta barcoding pode facilmente ser utilizada como apoio paralelo a morfologia, pois se mostrou muito eficiente na identificação de indivíduos de acordo com a localidade. 

  • ANA CLAUDIA GUIMARAES ROCHA
  • O USO DA FERRAMENTA DE DNA BARCODING PARA IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR DE PEIXES DE IGARAPÉS DA REGIÃO COSTEIRA DO NORDESTE PARAENSE.

  • Data: 16/06/2014
  • Mostrar Resumo
  • A identificação de espécies utilizando ferramentas moleculares tem crescido nos últimos anos, devido à sua praticidade e bons resultados. O gene mitocondrial citocromo c oxidase subunidade 1 mostrou resultados satisfatórios na identificação de espécies animais, o que o torna uma excelente alternativa para identificar a ictiofauna de bacias da região Neotropical. A Bacia Amazônica, que é a mais diversa em número de peixes, ainda apresenta uma grande diversidade de espécies desconhecidas. Diante disto, este trabalho teve como objetivo principal identificar as espécies peixes de igarapés da região costeira do nordeste do Pará, Amazônia Oriental, utilizando o DNA barcoding, com espécimes coletados entre os anos de 2008 e 2011. Foram obtidas 516 sequências, pertencentes a 126 espécies, 72 gêneros, 29 famílias e 7 ordens. A distância K2P média intraespecífica total foi 1,10% e entre as espécies do mesmo gênero foi 10,19%. Nove espécies (Apistogramma cf. caetei, Crenicichla aff. saxatilis, Hyphessobrycon copelandi, Hypopygus lepturus, Iguanodectes spilurus, Mastiglanis asopos, Moenkhausia oligolepis, Nannostomus trifasciatus e Otocinclus hoppei), apesar de monofiléticas, apresentaram divergência intraespecífica maior que 2%. A espécie Astyanax bimaculatus formou um grupo parafilético com Astyanax aff. fasciatus. Os subgrupos formados supõem a existência de 13 novas espécies. Muitas espécies apresentaram uma estruturação filogeográfica, principalmente com os indivíduos da bacia do Guamá, o que pode estar relacionado com a história paleogeológica da região. Os resultados confirmam a utilidade do DNA barcoding para a identificação de espécies de peixes desta região e ressaltam o valor de dados de DNA barcoding para outros tipos de análises, incluindo neste caso a recuperação de estrutura filogeográfica de forma consistente entre diversas espécies.

  • YSLAINE SORAYA ROCHA DE SOUZA
  •  

    Certificação molecular de filés de Dourada e Piramutaba por meio de sequências de DNA e de PCR multiplex.


  • Data: 12/06/2014
  • Mostrar Resumo
  •  

    O presente estudo teve por objetivo testar a eficiência de sequencias de DNA do gene mitocondrial 16S para a certificação de filés de peixes rotulados como Dourada e Piramutaba, comercializados em Supermercados de Belém, Pará. Dourada e Piramutaba pertencem ao grupo dos grandes bagres migradores amazônicos, da família Pimelodidae, sendo nominadas cientificamente como Brachyplatystomarousseauxii e Brachyplatystoma vaillantii, respectivamente. Além da certificação por meio das sequencias de 16S, o trabalho se propôs a desenvolver um protocolo com base em PCR multiplex, para proporcionar uma análise mais rápida das amostras em estudos futuros. Foram analisadas 101 peças de filés de peixes , pertencentes a 12 lotes coletados de maneira aleatória no ano de 2012, incluindo-se na análise as amostras controles de B. rousseauxii e B. vaillantii, além da comparação com sequências do Genbank. Foram encontrados 10 haplótipos distintos de 16S, sendo quatro para a Dourada (Brachyplatystoma rousseauxii), quatro para a Piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii), e dois para uma terceira espécie, identificada por meio de sequências do Genbank como pertencente ao bagre que é conhecido popularmente na região como Cambéua (Notariusgrandicassis). Dos 12 lotes analisados, apenas três apresentaram inconsistências de rotulagem: um lote de rotulado de Piramutaba, mas que continha amostras de Dourada; um segundo lote rotulado como Dourada, mas que continha amostras de Piramutaba; e um terceiro lote cujo rótulo era de Piramutaba, mas que continha amostras do bagre Cambéua. O delineamento da PCR Multiplex mostrou-se eficiente para discriminar as três espécies em uma reação simples, podendo vir a auxiliar em trabalhos futuros de certificação molecular dos filés destas espécies em nossa região. Uma recomendação importante deste estudo é que seja exigida a colocação do nome científico das espécies nas embalagens de filés de peixes a serem comercializadas.


  • FRANCISCA RYANE BEZERRA DA SILVA
  • DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL DO FITOPLÂNCTON EM DOIS ESTUÁRIOS AMAZÔNICOS (PARÁ-BRASIL).

  • Data: 30/05/2014
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo teve por objetivos realizar uma análise comparativa da comunidade fitoplanctônica de dois estuários amazônicos (Taperaçu e Caeté) e avaliar as inter-relações existentes entre os organismos fitoplanctônicos e os parâmetros ambientais. Para tanto, foram realizadas coletas hidrológicas e biológicas em seis estações fixas ao longo dos dois estuários, sendo as estações: E1 região interna, E2 porção intermediária e E3 região da desembocadura do estuário do Taperaçu, E4 região interna, E5 porção intermediária e E6 região da desembocadura do estuário do Caeté. As coletas ocorreram em marés enchentes de quadratura, nos meses de outubro de 2010, fevereiro, abril, junho, agosto e outubro de 2011 (estuário do Taperaçu), setembro e novembro de 2010, janeiro, maio, julho e outubro de 2011 (estuário do Caeté). As amostras destinadas ao estudo qualitativo do microfitoplâncton foram obtidas com o auxílio de uma rede de plâncton de 64 μm de abertura de malha, enquanto que aquelas destinadas ao estudo quantitativo e à quantificação da clorofila a foram coletadas através de uma garrafa de Niskin. A temperatura e salinidade da água foram medidas in situ e amostras adicionais de água foram coletadas para posterior análise das variáveis hidrológicas (oxigênio dissolvido, pH, turbidez, nutrientes dissolvidos) em laboratório.  Foram observadas variações sazonais para a salinidade, concentrações de oxigênio dissolvido, pH e concentrações de nitrito e fosfato, com valores significativamente mais elevados, em todos os casos, no período seco, enquanto que as concentrações de amônia foram mais levadas no período chuvoso. Foram identificados 145 táxons, com predominância das diatomáceas. As espécies Ditylum brightwellii (T. West) Grunow, Odontella sinensis (Greville) Grunow, Pseudo-nitzschia sp., Rhizosolenia setigera Brightwell e Thalassionema frauenfeldii (Grunow) Hallegraeff se destacaram como muito frequentes em todas as estações amostrais. A densidade fitoplanctônica total apresentou valores significativamente mais elevados (F= 10,90; p<0,05) no período chuvoso (413±199 x 103 céls L-1), sendo o mesmo padrão observado para os fitoflagelados (268 ± 122 x 10-3 céls L-1; F= 30,64; p<0,05). A análise de agrupamento (Cluster) evidenciou a formação de dois grupos influenciados por diferenças espaciais. A análise dos componentes principais (ACP), ratificada pelos valores de correlação (coeficiente de Spearman), revelaram que a salinidade e os nutrientes dissolvidos foram as variáveis controladoras da distribuição, abundância e dinâmica sazonal dos organismos fitoplanctônicos. Os resultados obtidos sugerem que a composição e distribuição dos organismos fitoplanctônicos dos estuários estudados estiveram relacionadas diretamente a pluviometria e as variações dos parâmetros hidrológicos. A densidade fitoplanctônica apresentou um padrão similar em ambos os estuários (valores mais elevados durante o período chuvoso), enquanto que a ocorrência e a distribuição dos organismos estudados apresentou uma variação espacial evidenciada pelo predomínio de algumas espécies em estações específicas de um ou outro estuário, demonstrando assim que as características hidrológicas e geomorfológicas dos mesmos influenciaram a dinâmica da comunidade fitoplanctônica local durante o período de estudo.

  • NELANE DO SOCORRO MARQUES DA SILVA
  • DIVERSIDADE GENÉTICA E HOMOGENEIDADE ENTRE POPULAÇÕES DE Mytella guyanensis AMPLAMENTE SEPARADAS AO LONGO DA COSTA BRASILEIRA.

  • Data: 23/05/2014
  • Mostrar Resumo
  • Foram amostrados 12 populações de Mytella guyanensis (N = 306) de diferentes  localidades ao longo da costa brasileira visando analisar os níveis de variação genética e investigar se estas são geneticamente homogêneas. As sequências nucleotídicas do fragmento nuclear 18S-ITS1 foram utilizadas como marcador espécie-específico. Sequências de COI revelaram um total de 77 haplótipos e H1 foi o mais frequente em todas as populações. Os demais haplótipos diferem de H1 por 1 a 3 substituições nucleotídicas. Todas as populações brasileiras de M. guyanensis, com exceção de Aracaju, passaram por gargalos de garrafa seguidos de expansão demográfica em momentos distintos no passado sugerindo que eles foram causados por eventos locais. A homogeneidade genética foi observada entre oito populações ao longo da costa brasileira, incluindo as mais distantes. No entanto, quatro populações (Luís Correia, Porto do Mangue, Jaguaripe e Vitória) se apresentaram geneticamente estruturadas, provavelmente como resultado de gargalos de garrafa e fluxo gênico restrito devido a eventos locais independentes. Estes resultados e o elevado número de haplótipos privativos encontrados em cada população mostra a importância do recrutamento local para esta espécie de mexilhão e que os projetos de conservação devem ser focados na população local. Considerando as mudanças na paisagem costeira devido à poluição, destruição do manguezal, a chegada de espécies exóticas e assim por diante, o estudo defende que o remanescente da diversidade genética desta espécie amplamente distribuída deve ser reconhecido e conservado.

  • ABNER DIAS SALES
  • FOTOPERÍODO E FREQUÊNCIA ALIMENTAR NA LARVICULTURA DO PEIXE ORNAMENTAL Betta splendens (REGAN, 1910).

  • Data: 22/05/2014
  • Mostrar Resumo
  • Com o trabalho objetivou-se avaliar o crescimento, a uniformidade e a sobrevivência de larvas de Bettasplendens, submetidos a distintos fotoperíodos e frequências de alimentação.Quatrocentos e oitenta indivíduos com 4,53 mg ± 0,32 e 5,51 mm ± 0,58 foram distribuídas aleatoriamente em 48 recipientes plásticos de 1L na densidade de 10 larvas/ L em um delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições, em esquema fatorial 6 x 2, sendo seis fotoperíodos (0L:24E; 6L:18E; 12L:12E; 16L:8E; 20L:4E; 24L:0E) e duas frequências de alimentação (duas e quatro vezes ao dia). As larvas foram alimentadas com Artemia na proporção de 800 náuplios/ larva/ dia. Ao final de 15 dias, todas as larvas foram eutanasiadas, contabilizadas, pesadas e medidas para obtenção dos dados de crescimento, uniformidade e sobrevivência. Houve interação do fotoperíodo e frequência de alimentação sobre a taxa de sobrevivência (P<0,05). No entanto, o fotoperíodo não influenciou a sobrevivência das larvas que foram alimentadas duas vezes ao dia (P>0,05), influenciando apenas as que receberam alimentação quatros vezes ao dia (P<0,05). As larvas que receberam quatro alimentações diárias apresentaram maior sobrevivência quando expostas aos fotoperíodos de 0L:24E, 6L:18E e 12L:12E, não diferindo estatisticamente entre si. Apenas o fotoperíodo influenciou o crescimento das larvas de beta (P<0,05), sendo que as submetidas ao fotoperíodo de 12L:12E e 16L:8E apresentaram o maior crescimento. Assim, visando a facilidade do manejo, assim como a diminuição dos custos de produção, o fotoperíodo de 12L:12E, associado com a frequência de alimentação duas vezes ao dia, é a forma mais indicada para a larvicultura de beta.

  • CAMILA MORAES GOMES
  • USO DE ANÁLISE MULTILOCI EM POPULAÇÕES DE Pseudopaludicola canga Giaretta & kokubum, 2003 (ANURA: LEIUPERIDAE) PARA DETERMINAÇÃO DE ESPÉCIES CRÍPTICAS: IMPLICAÇÕES PARA DELIMITAÇÃO DE ESPÉCIE E CONSERVAÇÃO.
  • Data: 12/05/2014
  • Mostrar Resumo
  • A rã Pseudopaludicola canga é encontrada predominantemente na Serra dos Carajás, sudoeste da bacia Amazônica, Brasil, em uma área bastante impactada pela mineração. No presente estudo nós usamos múltiplas análises que demonstram a ocorrência desta fora da Serra do Carajás, entre os rios Araguaia e Tocantins. Além disto foi possível verificar ainda que as populações da Serra Sul e N8 em Carajás são compostas por pelo menos três diferentes linhagens ou ESUs. Com relação a marcadores específicos, foi verificado que a Região Controle (mtDNA) desta espécie passou por um processo de evolução em concerto. Esse marcador mostrou variaveís níveis de estruturação genética, como mostrado pelo padrão de exclusividade de grupos de repetições em uma determinada área. Assim, as repetições observadas na Região Controle podem ser usadas como marcadores em estudos filogeográficos de P. canga. Além disso, nossos resultados são importantes do ponto de vista da conservação, quando é levado em consideração o elevado risco de extinção para muitas populações locais desse pequeno anfíbio, devido a fragmentação do habitat, como resultado de extensa ação antrópica nesta área.
2013
Descrição
  • ARTHUR LUIZ RAIOL DE BRITO
  • ECOLOGIA TRÓFICA DE SEIS ESPÉCIES DE ANUROS EM UMA ÁREA DOMINADA POR FLORESTAS DE MANGUE NA AMAZÔNIA BRASILEIRA.

  • Data: 30/12/2013
  • Mostrar Resumo
  • A maioria dos anuros é considerada como predador generalista, devido a sua dieta refletir a disponibilidade das presas. Entretanto, sua alimentação pode ser influenciada também por fatores ecológicos e morfológicos. Aqui nós avaliamos as relações tróficas no intuito de descrever a composição da dieta de seis espécies de anuros que vivem em simpatria e verificar o efeito da amplitude e sobreposição de nicho sobre a partição desse recurso em áreas dominadas por florestas de mangue. Observamos que os maiores valores de sobreposição foram entre espécies taxonomicamente semelhantes, entretanto essa tendência não foi verdadeira para todas as espécies. Nossos resultados mostraram que entre as seis espécies estudadas, três são especialistas em formiga (H. raniceps, L. macrosternum e P. cf. canga) duas são não especialistas em formiga (P. hipocondrialis e D. nanus) e uma generalista (S. x-signatus). Entretanto, outros testes que envolvem a coleta de informações mais detalhadas sobre a eletividade da dieta podem melhorar o entendimento de como os anuros usam os recursos disponíveis em seu ambiente, além de melhor determinar as tendências que os anuros noturnos apresentam quanto ao modo de forrageio.

  • CLEONILDE DA CONCEICAO SILVA QUEIROZ
  • Filogenia Molecular e Genética de Populações de Sardinhas Neotropicais a partir do DNA Mitoconfrial
  • Data: 04/12/2013
  • Mostrar Resumo
  • A ordem Clupeiformes, pertence à divisão Teleostei e a classe Osteichthyes, e encontra-se atualmente dividida em subordem Denticipitoidei e subordem Clupeoidei. Peixes pertencentes a esta ordem são conhecidos vulgarmente como sardinhas, arenques, e manjubas, exibem corpo achatado ou roliço, alimentam-se de plâncton e vivem agrupados em grandes cardumes. Possuem hábitat primariamente marinho,costeiro ou pelágico, no entanto existem algumas espécies estuarinas e de água doce. É um grupo muito importante na pescaria comercial em todo o mundo. A história evolutiva das sardinhas neotropicais foi investigada a partir da genética molecular, utilizando como ferramenta regiões do DNA mitocondrial. Geramos duas filogenias, uma da subordem Clupeoidei do Atlântico Neotropical e outra exclusivamente para os apapás da família Pristigasteridae do Atlântico e Amazônia, também investigamos a estrutura genética de populações da manjuba Opisthonema oglinum ao longo de toda a costa brasileira. Na filogenia de Clupeoidei, foi verificado que o gene mitocondrial 16S recuperou asrelações taxonômicas propostas anteriormente. As duas abordagens filogenéticas apontaram para o monofiletismo das famílias Engraulidae e Pristigasteridae, e a provável parafilia de Clupeidae. Não existe separação de Pristigasteridae em subfamílias. Pois, inclusão dos táxons Chrirocentrodon bleekerianus, Ilisha amazonica, Pellona harroweri,Pristigaster cayana e Odontognathus mucronatus pela primeira vez em uma filogenia molecular revelaram uma grande politomia dentro desta família. A filogenia molecular dePristigasteridae foi realizada a partir dos genes mitocondriais 16S, COI e Cit b, este estudo revelou o monofiletismo do gênero Pellona, sendo otáxon marinho mais primitivo que as espécies de estuárioe água doce, provavelmente a sardinha marinha adentrou ambientes estuarinos e dulcícolas. Neste trabalho também foi investigada a variabilidade genética do clupeídeo O. oglinum de toda acosta brasileira a partir da região controle do mtDNA, os resultados mostraram que a espécie encontra-se em equilíbrio genético e evidenciaram a existência de um único pool gênico, pois não foi observada estruturação genética significativa, o fluxo gênico entre as populações analisadas foi altíssimo. Os testes de neutralidade indicaram expansão populacional. É possível inferir que a sardinha bandeira da costa atlântica brasileira constitui um único estoque geneticamente homogêneo, largamente distribuído geograficamente.
  • EMARIELLE COELHO PARDAL
  • OSCILAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE VARIÁVEIS HIDRODINÂMICAS E HIDROLÓGICAS, EM PERÍODOS DE QUADRATURA, EM UM ESTUÁRIO AMAZÔNICO (TAPERAÇU-PA)
  • Data: 31/08/2013
  • Mostrar Resumo
  • Para conhecer a dinâmica natural do Taperaçu, este estudo teve como objetivo caracterizar espaço-temporalmente as oscilações das variáveis hidrodinâmicas e hidrológicas ao longo de 15 meses de coleta. Dados de precipitação, intensidade dos ventos e temperatura do ar foram obtidos, através do Instituto Nacional de Meteorologia, entre outubro de 2010 e dezembro de 2011. Coletas de campo foram realizadas a cada dois meses durante marés de quadraturas, em três setores (inferior, médio e superior) do estuário, entre outubro de 2010 e dezembro de 2011. Um CTD foi fundeado no setor médio para realizar medidas de salinidade, temperatura da água e oscilação do nível d’água durante 25 horas. Uma embarcação foi utilizada para coletar amostras de água com uma garrafa de Niskin, para posterior obtenção de dados de pH, material particulado em suspensão, nutrientes dissolvidos e clorofila a, durante ciclos de enchentes, nas camadas superficial e fundo. Simultaneamente, foram utilizados um correntômetro (para medir a intensidade das correntes) e um CTDO (para obter dados de salinidade, temperatura, turbidez, oxigênio dissolvido e oxigênio saturado). Os ciclos de maré foram assimétricos com períodos de vazante mais longos do que os períodos de enchente. A oscilação do nível d’água foi de até 4,0 m, sendo esta registrada em outubro de 2011. As correntes de maré alcançaram uma velocidade máxima de 1,2 m/s (outubro de 2011). A temperatura da água foi alta e constante com valores mensais entre 27,0 e 30,0°C. A salinidade apresentou uma ampla variação entre as estações chuvosa e seca (2 a 38). Em geral, o estuário apresentou águas bem oxigenadas (setores inferior e médio), turvas, com altas concentrações de clorofila a e nutrientes dissolvidos. Altas concentrações de nutrientes dissolvidos foram encontradas durante a estação chuvosa contribuindo para os blooms fitoplanctônicos. Com relação a todas as variáveis estudadas, pequenas variações foram encontradas entre as amostras superficiais e de fundo. Com os dados obtidos foi possível concluir que a amônia foi a fração nitrogenada preferida pelo fitoplâncton, o qual poderia ser explicado o aumento da biomassa primária em função ao aumento das concentrações de amônia. Como o estuário do Taperaçu não possui fonte de contaminação antrópica, e está localizado dentro de uma importante área de manguezal, esta floresta pode ser considerada como a principal fonte de nutrientes dissolvidos para o sistema local. Além disso, as altas concentrações de nutrientes e de clorofila a podem também ter sido resultado da re-suspensão de material do fundo quando as correntes foram mais intensas (principalmente em outubro de 2011). Estes processos são mais intensos em eventos equinociais.
  • EZEQUIAS PROCOPIO BRITO
  • ANÁLISE DE RISCO DE INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES EXÓTICAS VIA ÁGUA DE LASTRO DE NAVIOS QUE OPERAM NO TERMINAL MARÍTIMO DE PONTA DA MADEIRA (SÃO LUÍS/MA)
  • Data: 31/08/2013
  • Mostrar Resumo
  • A água de lastro de navios é o principal vetor de transferência de espécies exóticas entre regiões costeiras. A introdução de organismos em hábitats fora de seus limites naturais pode causar danos à saúde humana, perda da biodiversidade e prejuízos às atividades econômicas. O Terminal Marítimo de Ponta da Madeira - TMPM (São Luís/MA) é o segundo porto brasileiro no “ranking” de movimentação de cargas. O objetivo desse trabalho foi avaliar o risco de introdução de espécies exóticas na baía de São Marcos, por meio da água de lastro de navios que operam no TMPM. A avaliação de risco foi realizada através dos métodos Globallast (2004) e Caron (2007). Além desses métodos, foi realizado o monitoramento das variáveis físicas, químicas e biológica da água de lastro dos navios, no período de maio/2012 a maio/2013, e a análise dos formulários de água de lastro das embarcações que atracaram no TMPM, em 2011. Os resultados mostraram que Ponta da Madeira é um porto receptor de água de lastro com um volume deslastrado em 2011 de 27.296.524 m3. A maioria dos comandantes procedeu conforme a legislação brasileira quanto ao procedimento de troca oceânica da água de lastro. Os portos localizados na Ásia foram as principais fontes primárias de água de lastro ao TMPM. A análise de risco conduzida pelo método GloBallast identificou sete portos de “altíssimo” e “alto” risco, sendo que seis desses foram portos brasileiros. A avaliação proposta por Caron (2007) classificou 21 portos de “alto” risco. A baía de São Marcos está sujeita à introdução de organismos exóticos devido ao grande volume, frequência de deslastro, presença de espécies de risco nos portos de origem do lastro e alta similaridade ambiental com os portos de origem. Os resultados deste estudo sugerem que as medidas para o gerenciamento da água deslastrada no TMPM devem dar especial atenção à navegação de cabotagem, por conta do risco de introduções secundárias na baía de São Marcos.
  • GABRIEL DOS SANTOS MIRANDA FILHO
  • Caracterização de gelatinas de peles de quatro espécies de peixes da Costa Norte Brasileira e otimização de sua extração.
  • Data: 30/08/2013
  • Mostrar Resumo
  • O aproveitamento integral dos resíduos da indústria pesqueira tornou-se uma exigência ambiental e tecnológica no mundo inteiro. Uma das formas de aproveitamento é a utilização de peles para produção de gelatina, um hidrocolóide altamente versátil com aplicações em várias indústrias. Este trabalho teve como objetivo inicial caracterizar e avaliar as gelatinas extraídas de peles de gurijuba (Ariusparkeri), uritinga (Sciades proops), pescada amarela (Cynoscionacoupa) e pescada-gó (Macrodon onscylodon). Em seguida, objetivou-se determinar as condições ótimas de extração da espécie cuja gelatina apresentou melhor desempenho em termos de rendimento e viscosidade. Para tanto, foram analisados o rendimento de extração, conteúdo de hidroxiprolina, viscosidade cinemática e força de gel das amostras. O rendimento de gelatina foi maior nas espécies gurijuba, uritinga e pescada amarela, não ocorrendo, contudo, diferenças significativas entre estas. Para o teor de hidroxiprolina não houve diferença significativa entre as espécies (p>0.05), entretanto, as medidas de viscosidade e força de gel apresentaram diferença significativa entre as espécies (p<0.05). Maiores viscosidades foram obtidas para gelatinas de pele de uritinga (45.1 mSt), enquanto que para força de gel, as gelatinas de pele de pescada amarela foram as mais expressivas (207 g). De maneira geral, os resultados indicam que a pele de uritingapode ser utilizada para a subsequente otimização das condições de extração usando a metodologia de superfície de resposta (MSR). A concentração de NaOH (X1), de ácido acético (X2), temperatura (X3) e tempo de extração (X4) foram escolhidas como variáveis independentes, enquanto que as variáveis de resposta foram rendimento (Y1) e viscosidade (Y2). Observou-se que (X2), (X3) e (X4) apresentam influencia significativa sobre o rendimento, enquanto que para a viscosidade, (X3) e (X4) apresentam efeitos significantes (p<0.05). Os resultados indicam que o aumento da temperatura e o prolongamento do tempo de extração propiciam melhores rendimentos, entretanto, produzem a redução da viscosidade da gelatina. Utilizando funções de otimização simultânea de resposta para a viscosidade e rendimento, com desejabilidade máxima para ambas,as condições ótimas encontradas foram: X1= 1.00 M, X2= 0.18 M, X3= 62.6 ºC, X4= 2.7h. Os valores preditos pelo modelo foram: Y1= 22.6 %, Y2= 50.6 mSt. Os valores experimentais foram: Y1= 21.7 % e Y2 = 27.6 mSt. Os resultados mostraram a eficiência da MSR na otimização da extração de gelatina.
  • TAMILLA YVELISE MATOS CUNHA
  • Filogeografia e limites intraespecíficos em Cnemotriccus fuscatus (WIED, 1831) (aves: tyrannidae)

  • Data: 23/08/2013
  • Mostrar Resumo
  • A espécie Cnemotriccus fuscatus (AVES: TYRANNIDAE) compõe um gênero de ave monotípico com ampla área de distribuição dentro da América do Sul. Esta espécie é encontrada em uma grande variedade de ambientes, incluindo áreas de caatinga arbórea, matas secundárias, matas de várzea, campinas e campinaranas. Além disso, possui populações com consideráveis diferenças de plumagem e tipos de vocalizações, sendo atualmente reconhecidas sete subespécies para este táxon. Nesta pesquisa foram avaliadas, por meio de dados genéticos, seis das sete subespécies de C. fuscatus provenientes de diferentes biomas brasileiros. Com uso de marcadores mitocondriais (ND2 e Cyt-b) e nuclear (17BF) foram realizadas análises para a obtenção de topologias (Máxima Verossimilhança e Inferência Bayesiana), rede de haplótipos, matrizes de divergência e tempo de separação dos ramos encontrados. Os resultados recuperaram o monofiletismo para C. fuscatus e possibilitaram a identificação de dois clados, apoiados por altos valores de suporte. O clado1, inicialmente atribuído a C. f. bimaculatus, C. f. beniensis e C. f. fuscatior, aqui designado como clado C. bimaculatus, encontra-se restrito à formações de cerrado, caatinga, complexos ripários de áreas abertas nos grandes rios Amazônicos, no nordeste e no centro do Brasil. O clado 2, chamado de C. fumosus, foi constituído por indivíduos pertencentes às subespécies C. f. duiade e C. f. fumosus, sendo estes restritos à formações de campinas e campinaranas na Amazônia setentrional e ocidental. Além destes uma linhagem distinta foi identificada, C. Fuscatus que confirmou sua restrição ao Bioma da Mata Atlântica, em altitudes relativamente baixas. O monofiletismo entre estes três grupos é consistente não apenas com a diferenciação ecológica entre os clados, mas também com diferenças vocais, onde há três grandes padrões pelo menos, consistentes com os limites entre estes clados. Além disto, foram encontrados seis haplogrupos condizentes em parte com a divisão de subespécie apresentadas pela literatura, não havendo compartilhamento de haplótipos entre estes, mas com casos de parafiletismo. O período de diversificação de C. fuscatus corresponde ao Pleistoceno, onde as oscilações climáticas deste período possivelmente levaram aos padrões de variação encontrados hoje neste grupo.

  • JUCARA DA SILVA CORDEIRO
  • Assembleia de aranhas (arachnida, araneae) associadas à restinga e ao manguezal na península de Ajuruteua, Bragança, Pará

  • Data: 21/08/2013
  • Mostrar Resumo
  • A faixa costeira amazônica abriga diversos ambientes dentre os quais estão os manguezais e restingas. Até o momento, nenhum estudo sistematizado sobre a araneofauna nesses dois ambientes foi realizado na costa amazônica. Assim, o presente estudo teve como objetivo registrar as assembleias de aranhas em áreas de restinga e manguezal ao longo da península de Ajuruteua, Bragança, PA. Foram realizadas seis coletas, no período de março-novembro/2012, três na estação chuvosa e três na seca, sendo selecionados três sítios em cada ecossistema. As aranhas foram coletadas com auxílio de guarda-chuva entomológico e coleta manual. Coletou-se um total de 197 amostras compostas de 1643 indivíduos, sendo que 117 amostras (59,39%) apresentaram indivíduos adultos (n=464). No manguezal foram capturadas 324 (69,8%) aranhas e na restinga 140 (30,2%). Foram obtidas 67 morfoespécies distribuídas em 20 famílias, 19 da infraordem Araneomorphae e uma da infraordem Mygalomorphae As fêmeas (n=243) corresponderam a 52,4% do inventário, enquanto os machos (n=221) a 47,6%. No manguezal registrou-se 324 indivíduos de 39 espécies distribuídas em 11 famílias, 16 espécies foram comuns à restinga, portanto, o manguezal teve 23 espécies exclusivas e as famílias que apresentaram maior número de espécies foram Salticidae (n=13) e Tetragnathidae (n=8). Quanto ao número de indivíduos, as famílias Theridiidae (24,07%), Araneidae (23,46%), Tetragnathidae (13,27%), Pholcidae (12,65%), Salticidae (11,73%) e Nephilidae(10,49%) foram as mais abundantes. A restinga apresentou o menor número de indivíduos (n=140), entretanto para este ambiente obteve-se maior número de espécies (n=28) e as famílias Salticidae, Theridiidae e Araneidae foram as que apresentaram os maiores valores de riqueza, enquanto as famílias Salticidae (17,14%), Theridiidae (15,71%), Linyphidae (13,57%), Miturgidae (13,57%), Araneidae (10,71%) e Pholcidae foram as mais abundantes. A análise de similaridade ANOSIM, mostrou que houve diferença significativa entre os ecossistemas (R=0,137; p<0,001). A rotina SIMPER identificou Manogea porracea como a espécie dominante para o inventário, apresentando um valor de 46,1% de contribuição, e mostrou a restinga como o ambiente que apresenta melhor distribuição de espécies. As análises estatísticas também não encontraram diferença entre as estações climáticas. A análise de Escalonamento MultiDimensional (2D Stress=0,24), de forma complementar à análise ANOSIM, mostrou que não houve diferença significativa entre os valores de abundância registrados na estação seca e chuvosa (R=0,021; p> 0,05). A restinga apresentou maior valor para o índice de Shannon, H’=3,25, enquanto o manguezal apresentou o maior valor para densidade (0,0005 ind . m -2 ), no entanto o teste Z mostrou que não houve diferença estatística entre os dois ambientes, tanto para a diversidade (Z=2082; p>0,05) quanto para a densidade (Z=4550; p>0,05). Nenhum dos estimadores de riqueza Chao1 e Bootstrap e Jackknife1 e Bootstrap alcançaram uma assíntota para o manguezal e restinga, respectivamente. As nove guildas registradas estão distribuídas em quatro grupos (corredoras, caçadoras, tecedoras e emboscadeiras), sendo que três não estão presentes no manguezal. A maior riqueza de espécies de aranhas na restinga parece ser resultado da diversificação e complexidade da vegetação. Por outro lado, a abundância das aranhas construtoras de teias no manguezal pode estar relacionada à maior oferta de alimento associada às condições climáticas, que parecem favorecer essa guilda.


  • PRISCILA SUELYNE BARBOSA FEITOSA
  • CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL, CONSERVAÇÃO E GÊNERO: UM ESTUDO COM PESCADORAS EM BRAGANÇA, NO NORDESTE PARAENSE (BRASIL)
  • Data: 20/08/2013
  • Mostrar Resumo
  • Este trabalho teve o objetivo de investigar a relação entre o conhecimento ecológico local de pescadoras e a conservação dos recursos naturais, na Vila dos Pescadores, Bragança, Pará, Brasil. A pesquisa de campo ocorreu no período de agosto/2011 a dezembro/2012, tendo 14 pescadoras participando da pesquisa. A pesquisa é de caráter qualitativo, com entrevistas semi-estruturadas e observação participante. Os dados com possibilidades de serem quantificados foram organizados em tabelas e gráficos, usando o programa Microsoft Office Excel 2007. Os dados qualitativos foram examinados e descritos a partir da análise da fala da entrevistada. Os resultados apresentados revelam que a pesca se dá na beira-mar e em áreas como cabeceiras (locais em que os peixes se reproduzem) e emburateuas (áreas de elevada produtividade pesqueira). Apenas duas pescadoras relataram que se distanciam mais da beira-mar. Os instrumentos de pesca consistem na linha, que é realizada durante todo o ano, e a pesca com rede de emalhe, durante as principais safras. Os principais recursos pesqueiros capturados são: sardinha (Anchovia clupeoides), bagre (Arius spp.), pescada gó (Macrodon ancylodon) e uricica (Cathrops spixii). De um modo geral verificou-se que as pescadoras, detêm um saber sobre as espécies capturadas e suas devidas áreas de pesca e instrumentos de captura. Constatou-se que as mulheres aplicam pelo menos uma prática de conservação, empregando redes com malhas que não capturem espécies juvenis. Verifica-se, então, que elas contribuem para o manejo dos recursos pesqueiros. Desta forma, este estudo destaca o papel fundamental do conhecimento ecológico na obtenção de dados plausíveis para o manejo da pesca a partir do conhecimento das pescadoras.
  • MAYARA ALVES DE BRITO
  • USO DO CÓDIGO DE BARRAS DO DNA (COI) PARA AVALIAR A AUTENTICIDADE DA ROTULAGEM DE FILÉS DE PESCADA BRANCA (SCIAENIDAE) COMERCIALIZADOS EM SUPERMERCADOS DE BELÉM-PA
  • Data: 20/08/2013
  • Mostrar Resumo
  • Os peixes estão entre as principais fontes de proteína animal consumida pelos humanos e, dentre os produtos processados, os filés são os mais comercializados. Apesar de maior praticidade no preparo, aceitação no mercado consumidor e aumento do valor agregado, a remoção de características morfológicas durante o processamento dificulta a identificação das espécies e aumenta a probabilidade de substituições, intencionais ou não, e rotulagens errôneas na cadeia produtiva do pescado. Este trabalho teve como objetivo avaliar a presença de espécies substituituídas nos filés rotulados como pescada branca vendidos nas principais redes de supermercados de Belém, Pará, na Amazônia brasileira, onde duas espécies são conhecidas sob esta denominação vernacular (Cynoscion leiarchus e Plagioscion squamosissimus). Foram produzidas sequências de um fragmento do gene COI correspondente a região DNA barcoding (577 pb) para 137 filés foram comparadas com sequências de um banco de dados cujos espécimes, de Sciaenidae e Lutjanidae, foram identificados por morfologia, além de sequências referência dos bancos de dados do Genbank e BOLD. O DNA barcoding foi capaz de identificar inequivocamente 90% dos filés avaliados os quais pertenciam à espécies de Sciaenidae (Plagioscion squamosissimus, Macrodon ancylodon, Menticirrhus americanus, Nebris microps e Cynoscion microlepidotus) Lutjanidae (Lutjanus purpureus e L. synagris) e Serranidae (Cephalopholis fulva). Estes resultados demonstram elevada taxa de substituição de espécies, a qual chega a 100% se levarmos em consideração que os filés vendidos deveriam ser de C. leiarchus, e 76,6% de fraude se considerarmos que o conteúdo das embalagens deveria pertencer a P. squamosissimus. Considerando que as substituições foram feitas por espécies de menor valor de mercado ou aquelas capturadas na fauna acompanhante das pescarias comerciais, podemos sugerir que estas foram intencionais e caracterizam fraude comercial com o objetivo de aumento dos lucros por parte das empresas processadoras. Portanto, os resultados demonstram e eficácia e sensibilidade do DNA barcoding para identificação de espécies e avaliação de erros de rotulagem e nos leva a sugerir que o Brasil adote leis mais rigorosas e implemente mecanismos de investigação na cadeia produtiva do pescado para coibir a fraude e proteger os direitos do consumidor.
  • ANDRESSA JISELY BARBOSA RIBEIRO
  • AVALIAÇÃO DAS RELAÇÕES FILOGENÉTICAS DO SUPRAGÊNERO STELLIFER (SCIAENIDAE, PERCIFORMES) ATRAVÉS DE MARCADORES MITOCONDRIAIS E NUCLEARES
  • Data: 19/08/2013
  • Mostrar Resumo
  • O supragênero Stellifer faz parte da família Sciaenidae e é composto pelos gêneros Stellifer, Odontoscion, Ophioscion e Bairdiella. As espécies deste supragênero são de pequeno porte e abundantes em fundos lamosos e arenosos ao longo do Atlântico Sul ocidental. Uma vez que as propostas filogenéticas para este grupo, baseadas em morfologia e moléculas, apresentam inconsistências ou não definem as relações evolutivas entre os táxons este estudo teve como objetivo utilizar marcadores nucleares (TMO-4C4, Rodopsina e RAG1) e mitocondriais (rRNA 16S e COI) para avaliar as relações filogenéticas entre as espécies do supragênero Stellifer de ocorrência no Atlântico sul ocidental. Foram obtidos 2723 pares de bases para 36 indivíduos e as árvores de máxima parcimônia, máxima verossimilhança, inferência Bayesiana e Árvore de espécies geraram topologias similares apoiando a monofilia do supragênero e a estreita relação entre Stellifer/Ophioscion e Bairdiella/Odontoscion. Os resultados também demonstram que gênero Stellifer não é monofilético e é constituído de duas linhagens distintas, onde uma delas é mais próxima de Ophioscion que de seus congêneres. Dentro de Ophioscion foi observada elevada diferenciação entre indivíduos do Norte e Sudeste do Brasil, consistente com subdivisão populacional ou até mesmo processo de especiação. Considerando os resultados das filogenias e aqueles de distância genética, onde espécies de Stellifer apresentam divergências similares ou maiores que entre os demais gêneros avaliados sugerimos que todos os táxons deveriam ser alocados em um único gênero e que uma ampla revisão taxonômica seja realizada no supragênero Stellifer.
  • JOÃO RODRIGUES DA SILVA
  • DIAGNÓSTICO DA VEGETAÇÃO DE DUAS MATAS COSTEIRAS NA BAÍA DE JAPERICA, PARÁ, BRASIL.

  • Data: 30/07/2013
  • Mostrar Resumo
  • No litoral da Amazônia brasileira são escassos os estudos enfatizando variações na florística e estrutura de matas costeiras em relação às variáveis físico-químicas de solo. Para ampliar esse conhecimento, realizou-se o levantamento florístico e estrutural do estrato arbóreo de duas matas altas inundáveis de planícies costeiras, na baía de Japerica (Ilha Grande/Quatipuru‑PA e Ilha do Coco/Primavera-PA), litoral nordeste do estado do Pará-Brasil. Amostrou-se em 0,8 ha, todas as árvores com DAP≥10 cm presentes em oito parcelas não‑contíguas de 20 × 50 m (quatro em cada mata, delimitadas, duas a duas), nas áreas inundáveis e não-inundáveis em cada sítio. Também foram realizadas análises químicas e granulométricas dos solos das áreas inundáveis e das não-inundáveis (0‑10 e 20‑40 cm de profundidade). Foi registrado um total de 414 indivíduos pertencentes a 34 famílias, 60 gêneros e 82 espécies. A Ilha Grande apresentou índice de diversidade de Shannon (H') de 3,58, densidade média e área basal média, por subparcela de 10x10 m, de 560 ind.ha-1 e 27,5 m².ha-1, respectivamente. Na Ilha do Coco, os valores correspondentes para H', densidade média e área basal média, foram 3,50, 477,5 ind.ha-1 e 20,6 m².ha-1, respectivamente. As famílias com maior riqueza específica para os dois sítios foram Fabaceae, Chrysobalanaceae, Malpighiaceae e Myrtaceae. Destacaram-se com maior valor de importância (VI) as espécies Atallea maripa (Aubl.) Mart., Parahancornia amapa (Hub.) Ducke, Aniba citrifolia (Nees) Mez, Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand., Humiria balsamifera Aubl. e Vochysia inundata Ducke. As espécies Calophyllum brasiliense Cambess., Symphonia globulifera L. f., Couepia guianensis Aubl., Hirtella burchellii Britton e Chaunochiton kapleri (Sagot ex Engl.) Ducke mostraram distribuição preferencial por áreas inundáveis. A diferenciação da composição florística e estrutural entre as áreas inundáveis e as não-inundáveis dos sítios amostrados foi influenciada pela saturação hídrica e fertilidade do solo.

  • EDILENE SANTOS DE ALMEIDA
  • IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ESPÉCIES DE LUTJANIDAE (PERCIFORMES) USANDO O PERFIL DE ÁCIDOS GRAXOS
  • Data: 26/07/2013
  • Mostrar Resumo
  • Atualmente a exploração do pescado em diversos lugares do mundo destinado à produção de alimentos tem demonstrado uma significativa importância. Por sua vez, a caracterização química de pescados é importante não só para a nutrição humana, como para a ciência de tecnologia de alimentos, e até mesmo para a identificação de espécie e caracterização de estoques pesqueiros. Neste estudo objetivou-se determinar a composição centesimal e o de perfil de ácidos graxos (AGs), visando avaliar o potencial nutritivo, assim como utilizá-lo como ferramenta para a identificação de três espécies de peixes da família Lutjanidae: Lutjanus Purpureus, Lutjanus synagris e Ocyurus chrysurus. A espécie L. synagris apresentou o maior teor de proteínas (18,23%) e a espécie O. chrysurus o maior teor de lipídios (4,25%).O ácido graxo predominante dentre os AGs nos tecidos das três espécies foi o ácido palmítico com valores entre (18,12 a 24,08%) no tecido muscular, (20,99 a 25,11%) no tecido cardíaco e (19,30 a 25,64%) no tecido cerebral. Dentre os monoinsaturados o que predominou foi o ácido oléico com valores variando entre 8,97 a 21,40% nos três tecidos estudados. Para a classe dos poliinsaturados o ácido que predominou foi o docosahexaenóico no tecido muscular (14,75 a 19,83%), no tecido cardíaco (11,02 a 14,47%) e no tecido cerebral (16,61 a 20,75%). Em relação à qualidade nutricional do perfil lipídico das três espécies, a razão n-6/n-3 foi de 0,09 a 0,10. A razão∑PUFAs/∑SFAs dos peixes estudados foi 0,80 para o O.chrysurus, 1,05 L.synagris e 1,33 para o L. purpureus. Os valores dos índices IA e IT ficaram abaixo de 0,66 e 0,35 respectivamente. Inversamente a estes índices está a razão dos ácidos graxos hipocolesterolêmicos e hipercolesterolêmicos (HH), que foi de 1,67 no O.chrysurus, 1,93 no L.synagris e 2,22 no L.purpureus. O modelo estatístico multivariado (PCA) empregado para analisar o perfil de ácidos graxos nos tecidos das três espécies estudadas, demonstrou que o tecido cerebral é o que melhor ajuda a discriminar as espécies. A espécie O.chrysurus obteve uma separação mais pronunciada das demais por meio do perfil lipídico no tecido cerebral, entretanto a espécie L. purpureus obteve uma melhor discriminação através do tecido muscular. Já a espécie L. synagris demonstrou uma sobreposição do perfil lipídico em relação às demais, principalmente no tecido cerebral.
  • TAYANA MARIA CABRAL FERREIRA
  • EFEITO DE BORDAS NATURAIS E ARTIFICIAIS NA ASSEMBLÉIA DE FORMIGAS DOS MANGUEZAIS.

  • Data: 19/07/2013
  • Mostrar Resumo
  • Estudos recentes indicam que a fragmentação de hábitats e a criação de bordas artificiais tem promovido mudanças na diversidade de formigas, favorecendo a introdução de espécies sinantrópicas e alterando as relações interespecíficas. Neste cenário, nós examinamos a influência de bordas artificial e natural, apontando as diferenças na riqueza e na frequência de ocorrência da assembléia de formigas associada aos manguezais, com ênfase nas espécies sinantrópicas. Nós amostramos a mirmecofauna ao longo de transecções de 180 m, com intervalos de 30 m, a partir da borda para dentro do manguezal. Utilizamos dois tipos de armadilhas atrativas, destinadas a capturar formigas na copa, tronco e superfície do solo, além de coletas manuais. O inventário registrou 45 espécies, 13 delas comuns às duas áreas. A composição de espécies de formigas foi similar entre os estratos da floresta, em ambos os tipos de borda. A riqueza não foi influenciada pelo tipo ou distância da borda, enquanto a frequência de ocorrência de formigas foi significativamente maior no sítio com borda artificial. Nove espécies de formigas sinantrópicas foram registradas (20% do total) e representadas regularmente ao longo das transecções, tornando-se elementos dominantes em todos os estratos florestais amostrados. Nossos resultados indicam que a fragmentação ocasionada pela construção de rodovia favorece a ocorrência de espécies de formigas sinantrópicas em áreas de manguezal.

  • JOSY ALESSANDRA BARRETO BARBOSA
  • Revisão taxonômica de Saimiri sciureus (Linnaeus, 1758) (Cebidae, Platirrinos) a partir de análises do gene Cytb
  • Data: 18/07/2013
  • Mostrar Resumo
  • O gênero Saimiri é dividido atualmente em cinco espécies: S. sciureus, S. boliviensis, S. oerstedii, S. ustus e S. vanzolinii. Saimiri sciureus, por sua vez, é descrito com pelo menos quatro subespécies, mas cuja taxonomia tem sido motivo de debate nos últimos anos. O presente estudo se propôs a investigar a taxonomia de S. sciureus da porção mais oriental da sua distribuição, da região que engloba a Ilha do Marajó e a parte sul do Rio Amazonas, desde a margem direita do Rio Xingu até a zona costeira do Pará. Esta análise foi realizada com sequências de mtDNA de 1140 pb do gene Citocromo b de 57 indivíduos representantes das espécies e subespécies do gênero Saimiri. Foram geradas rede de haplótipos, divergências nucleotídicas e árvores filogenéticas, estas pelos métodos de Máxima Verossimilhança e inferência Bayesiana. Adicionalmente foram estimados os tempos de divergência dos principais eventos de diversificação do gênero. Foram recuperados 37 haplótipos, com divergências nucleotídicas de até 5%. Tanto a rede de haplótipos como as árvores filogenéticas demonstraram que S. sciureus não é monofilética, e, com base nas topologias e nas divergências nucleotídicas concluiu-se que S. sciureus pode ser dividida em pelo menos cinco espécies: S. macrodon, S. cassiquiarensis (sinônimo de S. albigena), S. sciureus (Guianas), S. collinsi (Ilha do Marajó e parte do sul do Amazonas), e Saimiri sp (interflúvio Xingu/Tocantins). Usando o mesmo critério genético, S. boliviensis, S. ustus e S. oerstedii também podem ser também validadas como espécies distintas. A única espécie descrita e não estudada aqui foi S. vanzolinii. A nova classificação para Saimiri seria composta então de nove espécies, considerando-se preliminarmente S. vanzolinii como espécie válida até que estudos filogenéticos sejam feitos com esta espécie.
  • MARIA DE LIMA GOMES
  • Treme: gênero e trabalho em uma comunidade extrativista da região costeiro-estuarina do Pará
  • Data: 01/07/2013
  • Mostrar Resumo
  • Treme: gênero e trabalho em uma comunidade extrativista da região costeiro-estuarina do Pará é resultado do estudo desenvolvido no período de agosto de 2011 a janeiro de 2013, na Vila do Treme, no entorno da Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçú, no município de Bragança–PA, com o principal objetivo de verificar as mudanças ocupacionais e o envolvimento das mulheres nessas mudanças na comunidade. De abordagem qualitativa, na qual se elegeu, para análise, três categorias: a memória, o gênero e o trabalho. Para isso foram organizados três grupos: dos mais idosos, na faixa de 80 a 97 anos (N = 9), o dos idosos, na faixa de 60 a 79 anos (N = 5) e dos adultos, na faixa etária de 40 a 59 anos (N = 4), para coleta das narrativas das memórias. Contudo também se usou o quantitativo, quando foram aplicados questionários em 24% dos domicílios da comunidade, para identificação da atual ocupação econômica da Vila. Como resultados, constatou-se que a comunidade teve início nos primeiros anos de 1900, quando os moradores, pela proximidade das águas, se dedicaram a pesca, mas dividindo trabalho com a agricultura familiar, sob a responsabilidade da mulher. Nos meados de 1960 iniciou o processo da coleta do caranguejo, que foi aumentando, nos anos 70, e na agregação de valor ao produto, em 1983, foi implantado a catação: local do beneficiamento do caranguejo, tendo a mulher como trabalhadora remunerada. A partir dos anos 90, com a intensificação e expansão da atividade houve mudança na organização da catação do caranguejo, que passou a ser catado nos domicílios, sob a responsabilidade da mulher. Atualmente a coleta (masculina) e o beneficiamento (masculino e feminino) do caranguejo é a atividade predominante na vila, e, embora ainda mantenha a tradição do pescado, praticamente abandonou a agricultura. Portanto, na atualidade, a ocupação econômica da Vila do treme está baseada principalmente, na coleta e beneficiamento do caranguejo, na qual há forte divisão social e sexual do trabalho.
  • LARISSA BRITO MARTINS
  • CARACTERIZAÇÃO DE UM PEPTÍDEO SIMILAR À INSULINA ESPECÍFICO DA GLÂNDULA ANDROGÊNICA DE Macrobrachium amazonicum (HELLER, 1862)
  • Data: 14/06/2013
  • Mostrar Resumo
  • Macrobrachium amazonicum é uma espécie nativa amplamente distribuída na América do Sul que apresenta potencial para Aquicultura. Atualmente existe tecnologia ajustada para o cultivo dessa espécie, no entanto estudos fisiológicos, importantes para estratégias de manejo, ainda são escassos. Em crustáceos, alguns hormônios influenciam na taxa de crescimento e reprodução, em que a descoberta da Glândula androgênica (AG) foi determinante na compreensão desses processos. A AG é um órgão exclusivo dos machos, que secreta um hormônio responsável pela diferenciação sexual além de ser indutor do crescimento. Nos últimos anos foi verificado que as AGs de crustáceos decápodes expressam um peptídeo similar à insulina (IAG), mas até o momento esse hormônio não foi registrado para o camarão-da-amazônia. Portanto, o objetivo desse estudo foi identificar e caracterizar o peptídeo similar à insulina em M. amazonicum, bem como verificar em quais tecidos de machos e/ou fêmea esse gene é expresso. Os resultados da RT-PCR demonstraram que esse gene foi expresso exclusivamente na glândula androgênica de machos, não estando presente em nenhum dos tecidos testados em fêmeas. O fragmento obtido é formada por 745pb, codificando 181 aminoácidos, sendo denominado Mam-IAG. A estrutura do gene consiste em Sinal peptídeo, Cadeia B, Peptídeo C e Cadeia A, apresentando uma estrutura linear, típica da família dos peptídeos similares à insulina. A posição dos resíduos de cisteínas das Cadeias B e A foram altamente conservados entre o M. amazonicum e outros decápodes. A sequência de aminoácidos do Mam-IAG apresentou alta similaridade com M. rosenbergii (90%) e M. niponnense (88%), resultados que que foram corroborados pelas análises filogenéticas. Apesar da homologia na organização estrutural, os peptídeos similares à insulina de crustáceos possuem grande variabilidade, entretanto foram registrados 2 sítios de cisteínas que foram exclusivos nos espécimes do gênero Macrobrachium. Os resultados obtidos para o camarão-da-amazônia poderão contribuir para futuras investigações sobre a funcionalidade do Mam-IAG e vislumbrar possíveis estratégias de manejo do cultivo. Para M. rosenbergii foram determinadas implicações desse gene no crescimento dos machos e manutenção das características sexuais secundárias, viabilizando possíveis manipulações biotecnológicas.
  • ELMECELLI MORAES DE CASTRO
  • Invasão do camarão exótico Macrobrachium equidens na costa da Amazônia
  • Data: 13/06/2013
  • Mostrar Resumo
  • Macrobrachium equidens é um camarão nativo da região do Indo-Pacífico que habita tipicamente ambientes marinhos e estuarinos, podendo também ser encontrado em água doce. Na Nigéria foi registrado como invasor na década de 1980 e recentemente foi registrado uma ocorrência no Estuário do Rio Caeté, localizado na região costeira da Amazônia brasileira. Este trabalho tem como objetivo determinar o status da invasão da espécie exótica M. equidens, identificando a área de ocorrência, biologia reprodutiva e variabilidade genética. Para tanto foram realizadas coletas em oito municípios, desde a ilha do Marajó até a divisa com o Maranhão. Foram obtidos dados morfométricas, biologia reprodutiva e aquisição de tecido para analises moleculares. Para avaliação da variabilidade genética foi utilizado o marcador mitocondrial Citocromo Oxidase subunidade I (COI). Macrobrachium equidens encontra-se amplamente distribuído na costa do nordeste paraense, apresentando fêmeas ovígeras e juvenis em abundância. Foi observada alta fecundidade e maior frequência de fêmeas ovígeras nos pontos de maior salinidade. Em relação a variabilidade genética, foram encontrados 23 sítios variáveis e 14 parcimoniosos, resultando em 16 haplótipos dos quais 11 são únicos e 5 bastante frequentes na população. Segundo as análises não há qualquer estruturamento nas populações da costa da Amazônia. Como trata-se de uma espécie exótica o efeito fundador explica mais facilmente a presença de dois grupos de alelos mais frequentes em todas as populações, sendo atribuída a variabilidade as populações de origem.
  • RUBENILSON PROCOPIO BRITO
  • Estudo da hidrocarbonetos contaminação na ambiental subsuperfície em postos por de combustiveis, no município de Bragança (PA), usando o método ground penetrating radar (GPR) e a técnica da cromatografia gasosa (CG)

  • Data: 14/05/2013
  • Mostrar Resumo
  • A forma mais comum de armazenamento de combustíveis em postos de abastecimentos de veículos é a utilização de tanques subterrâneos. Os produtos armazenados representam uma importante fonte de contaminação do meio ambiente, que geralmente ocorre por meio de vazamento dos tanques devido à corrosão ou a acidentes no transporte do hidrocarboneto. Os métodos geofísicos podem ajudar de sobremaneira na detecção de plumas de contaminação e representam as melhores respostas ao problema, permitindo tanto sua delimitação rápida quanto a distribuição contínua lateral e em profundidade do contaminante. No município de Bragança, nordeste do Pará (PA), é comum a presença de postos de combustíveis e pouco se sabe dos possíveis danos que estes estabelecimentos podem ocasionar ao solo. O presente estudo apresenta resultados de levantamentos geofísicos usando o método eletromagnético Radar de Penetração de Solo (GPR) e de análises de amostras de água por contaminação de BTEX através da técnica analítica Cromatografia Gasosa (CG). A finalidade deste estudo foi verificar a existência de plumas de contaminação oriundas de vazamentos de combustíveis provenientes de tanques de armazenamento de seis postos de combustíveis no município de Bragança (PA). A justificativa da utilização destes métodos nestes locais se dá por estes serem os mais aplicados neste tipo de estudos para análises da contaminação do solo e da água subterrânea. Neste trabalho verificou-se a existência da contaminação na subsuperfície pelo vazamento dos hidrocarbonetos provenientes dos postos de combustíveis através dos diversos perfis GPR. As análises das amostras de água coletadas validaram os resultados destes levantamentos geofísicos. Dos seis postos estudados, somente dois postos apresentaram contaminação na subsuperfície. Desta maneira o presente estudo demonstra que nas condições geoambientais do município de Bragança (Pará) o método GPR mostrou-se eficaz para detecção de plumas de contaminação de hidrocarbonetos junto as postos de combustíveis.

  • INAE DE BRITO ALBUQUERQUE NASCIMENTO
  • APLICAÇÃO DE MODELO HIDRODINÂMICO 2DH EM CANAIS DE MARÉ DA COSTA LESTE DA ILHA DO MARAJÓ - PARÁ
  • Data: 06/05/2013
  • Mostrar Resumo
  • A Zona Costeira Amazônica Brasileira destaca-se não apenas pelas proporções de seus rios e estuários, porém pela complexa rede de canais a estes associados, a qual submetida a um regime de macro a mesomarés em uma linha de costa de baixa altitude resultam em extensas áreas sujeitas a inundação diária. Porém a influência das planícies de maré e suas redes de canais sobre a hidrodinâmica dos estuários locais ainda é pouco conhecida. Neste cenário, destaca-se a costa leste da Ilha do Marajó, a qual, banhada pela baía do Marajó, possui como principal drenagem de suas planícies costeiras redes de canais de maré. O presente trabalho visou aplicar modelo hidrodinâmico 2DH em dois canais de maré da costa leste da Ilha do Marajó, o canal Andiroba (praia do Pesqueiro, Soure, Pará) e o canal Limão (Vila de Joanes, Salvaterra, Pará), gerando simulação da hidrodinâmica e do transporte sedimentar para 1 ano. Foram gerados cenários com a presença e ausência dos ventos a fim de identificar a influência dos mesmos sobre a hidrodinâmica dos canais. O levantamento de campo mostrou que estes são canais arenosos, bastante rasos sob uma hidrodinâmica alta a muito alta, sujeitos a constante migração lateral associada formação de bancos e barras arenosas. A fim de validar o modelo hidrodinâmico foram monitoradas as correntes de maré e elevação da maré em duas estações fixas, uma a montante e outra na desembocadura de cada canal ao longo de um ciclo de maré. Na desembocadura do canal Andiroba foi observada altura de maré de 3,88m e corrente máxima de 0,62m/s, com correntes de vazante levemente acentuada, enquanto que a montante foi observada altura da maré de 3,64m, com corrente mais intensa durante a enchente atingindo o máximo de 0,94m/s. No canal Limão foram observadas alturas de 2,94m na desembocadura e 2,65m a montante do canal, com máxima intensidade na corrente de 0,69m/s durante a vazante na desembocadura do canal, enquanto que a montante a máxima foi de enchente atingindo 0,87m/s. O modelo hidrodinâmico do canal Limão não apresentou resultados satisfatórios apontando a necessidade de uma melhor representação da área modelada. O modelo hidrodinâmico do canal de maré Andiroba, no entanto, correspondeu aos padrões observados em campo refletindo em bons resultados para o modelo de transporte sedimentar aplicado ao canal, sendo confiável a simulação de cenários futuros para este ambiente. É notável a discrepância entre a abrangência e importância socioeconômica das áreas sujeitas à inundação diária na zona costeira amazônica e o conhecimento sobre a influência destas sobre a hidrodinâmica local, o que torna estudos como este e sua continuidade e aprofundamento um tanto relevante para a região.
  • WILLIANA TAMARA ROCHA DA CUNHA
  • INFERÊNCIAS FILOGENÉTICAS E DATAÇÃO MOLECULAR ENTRE VERMES AVELUDADOS DA FAMÍLIA PERIPATIDAE (ONYCHOPHORA) REVELAM TÁXON ANCESTRAL DA REGIÃO NEOTROPICAL
  • Data: 30/04/2013
  • Mostrar Resumo
  • O filo Onychophora é constituído de animais invertebrados, estritamente terrestres, considerado bastante antigo por apresentar os primeiros registros de seus ancestrais datados do período Cambriano. Os onicóforos habitam florestas úmidas, onde são encontrados dentro do solo, dentro de troncos em decomposição e em microhabitats com alta umidade. Esse comportamento é resultado da tendência à desidratação atribuída principalmente aos espiráculos que ficam continuamente abertos. Os onicóforos são classificados em duas famílias, a Peripatidae e a Peripatopsidae. A família Peripatidae é conhecida pelos problemas ligados a classificação e identificação de espécies, devido principalmente à conservada morfologia e a grande variação de caracteres intraespecíficos. Aspectos estes que têm dificultado no conhecimento da diversidade de onicóforos. No bioma amazônico brasileiro, onde os vermes aveludados são registrados, estudos do grupo dos onicóforos têm sido negligenciados, havendo apenas três espécies descritas, a Macroperipatus geayi, a Epiperipatus tucupi e a Epiperipatus brasiliensis. Neste estudo, foram sequenciados os genes mitocondriais citocromo c oxidase I e a subunidade ribossomal 16S, de espécimes de onicóforos provenientes de dois pontos distintos na Amazônia oriental, ilha e continente, analisados juntos com sequências de espécies disponíveis para os mesmos genes. Reconstruções filogenéticas foram realizadas incluindo também a espécie Eoperipatus sp. proveniente da Ásia como grupo externo. Os resultados possibilitaram a identificação de três linhagens distintas ocorrendo em simpatria e altamente diferenciadas de todas as espécies utilizadas nesse estudo. Os clados apresentam altos índices de divergência genética, variando de 9-13%. Nenhum haplótipo mostrou-se compartilhado entre as linhagens. De acordo com as análises filogenéticas e a datação molecular é apontado um clado amazônico (Clado PA1) como o primeiro membro que divergiu, revelando-se ancestral de quatro gêneros de peripatídeos Neotropicais: Principapillatus restrito a América Central; e Oroperipatus, Peripatus e Epiperipatus presentes na América do Sul e Central, sugerindo que a diversificação dentro da família Peripatidae Neotropical iniciou-se na Amazônia.
  • LEILIANE OLIVEIRA DOS SANTOS ROCHA
  • FLORÍSTICA E USO TRADICIONAL DA VEGETAÇÃO ARBÓREA DE MATAS INUNDÁVEIS NA BACIA DO RIO CAETÉ, PARÁ
  • Data: 29/04/2013
  • Mostrar Resumo
  • Este estudo analisou a florística e o uso tradicional das espécies arbóreas em matas inundáveis próximo ao curso principal do rio Caeté (Araçateua, Bragança) e em matas inundáveis de um de seus afluentes (rio Chumucuí; Cajueiro Grande, Tracuateua). A amostragem foi realizada em uma área de 2,08 e 0,36 ha em Araçateua e Cajueiro Grande, respectivamente; Incluiu árvores com diâmetro à altura do peito de ≥ 4.8 cm. Informações sobre conhecimento popular e o uso das espécies foram obtidas através de informantes-chave (turnê guiada) e entrevistas semi-estruturadas com representantes de 42 famílias com moradia no entorno das áreas de estudo. Foram amostradas um total de 149 espécies (Araçateua: 116; Cajueiro Grande: 67). As espécies que apresentaram os maiores valores de importância foram Euterpe oleracea (VI: 36; açaí) e Symphonia globulifera (VI: 32,1; ananin) para Araçateua e Cajueiro Grande, respectivamente. Apenas uma quantidade pequena das espécies foram usadas pelas comunidades (Araçateua: 23; Cajueiro Grande: 11). A categoria de uso mais citada foi “construção”, seguida das categorias “alimentação” e “medicinal”. Para ambas ás áreas a espécie mais citada para a categoria “construção” foi S. globulifera. Na categoria “alimentação”, E. oleracea foi mais mencionada (citada por > 95% dos entrevistados). Na categoria medicinal, Carapa guianensis (andiroba) foi citada por 75% dos entrevistados para ambas as áreas. Idade, sexo e tempo de moradia dos entrevistados não se correlacionaram ao número de espécies úteis citadas. Espécies frequentemente usadas foram em geral abundantes, exceto C. guianensis (uso madeireiro e medicinal) e Vochysia inundata (Quariba cedro; uso madeireiro). Perspectivas de manejo com base nos resultados apresentados são discutidos.
  • KLEBER DE AZEVEDO SODRE
  • IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR DE FILÉS DE PESCADA-AMARELA
  • Data: 13/04/2013
  • Mostrar Resumo
  • A família Sciaenidae compreende um grupo com dezenas de espécies de peixes, a maioria marinhos e com grande valor comercial. Uma das espécies marinha de maior valor comercial no Brasil é a Pescada Amarela, nome popular atribuído à espécie Cynoscionacoupa. Trata-se de um peixe de grande porte, que ocorre em toda a costa brasileira, sendo muito apreciada para consumo, e cujo preço de mercado durante a pesquisa foi, em média, superior às demais espécies desta família. Considerando-se a importância econômica da pescada amarela, e os relatos da literatura de que é uma prática comum à substituição de espécies de alto valor comercial por outras de baixo valor, o presente estudo determinou a identidade molecular de uma amostra de 104 filés rotulados como pescada amarela, comercializados em supermercados de Belém em 2011 e 2012.Usando para a identificação precisa das espécies o sequenciamento de DNA de um segmento do gene mitocondrial 16S, ficou demonstrado que somente 15,38% dos filés eram da espécie Cynoscionacoupa. Os 84,62% restantes eram de outras quatro espécies de menor valor comercial da família Sciaenidae, a saber: Cynoscionvirescens (corvina), C. microlepidotus (corvina), Plagioscionauratus (pescada preta) e P. squamosissimus (pescada branca). Este nível de substituição está entre os mais altos já relatados na literatura internacional e abre um alerta para a necessidade de uma revisão dos procedimentos de comercialização destes derivados pesqueiros, visando a proteção dos consumidores. Este estudo gerou ainda um protocolo, rápido e de custo inferior ao sequenciamento, com base em PCR-Multiplex, que em menos de uma hora certificou filés das espécies citadas neste estudo.
  • JENNIFER THAYANE MELO DE ANDRADE
  • A MACROFAUNA BENTÔNICA ASSOCIADA COM TRONCOS DE MANGUEZAL.
  • Data: 13/03/2013
  • Mostrar Resumo
  • Ao longo da costa brasileira, o manguezal é um ecossistema de alta relevância ambiental. Moluscos, crustáceos e poliquetas são grupos da fauna diversos e comuns em manguezais de importância ecológica e econômica. O presente estudo tem como objetivo caracterizar a macrofauna associada a troncos de dois manguezais do estado do Pará, norte do Brasil, amostrados em setembro, janeiro e abril, entre 2008 e 2010, em três diferentes distâncias do canal de maré (2, 10, 20 m). Em cada manguezal, uma área de 20 por 250 m foi vistoriada e 5 troncos (diâmetro/comprimento: 10/40 cm) foram selecionados aleatoriamente a cada distância, totalizando 15 troncos por data de amostragem. A macrofauna foi removido, contadas e identificadas. Análise de Variância de três fatores foi utilizada para comparar os valores médios por tronco do número de indivíduos, número de táxons e dominância Berger-Parker da macrofauna entre os manguezais, datas de amostragem e distâncias do canal de maré. Escalonamento não-métrico Multidimensional e Análise de variância por permutação foram utilizados para investigar a estrutura da macrofauna em relação aos três fatores. Um total de 5437 indivíduos foi encontrado nos manguezais, com 85 táxons distribuídos em quatro filos: Mollusca, Annelida, Arthropoda e Nemertea. Abundância aumentou de setembro (1397), através de Janeiro (1459) e Abril (2581), nos manguezais. A espécie mais dominante foi Neoteredo reynei, representando 48% da abundância total. A macrofauna foi representada por organismos estuarinos e terrestres. Não houve diferenças significativas em qualquer variável entre os dois manguezais e entre as três distâncias. Os troncos representam um microhabitat estável para a macrofauna, com pouca variação de umidade, temperatura, salinidade, apesar de diferentes distâncias do canal de maré. No entanto, houve variação significativa na estrutura da macrofauna entre datas de amostragem para as três variáveis, devido as diferenças sazonais da precipitação e salinidade.
  • PAOLA BIANCA PIRES GOMES TABARANA FRANCO
  • Utilização de métodos geofísicos e análises de água para detecção de intrusão salina na Vila dos Pescadores, região costeira bragantina (Pa)

  • Data: 08/03/2013
  • Mostrar Resumo
  • Esta dissertação mostra a aplicação de métodos indiretos e direto para analisar a existência da intrusão salina e seus efeitos na Vila dos Pescadores, Planície Costeira Bragantina (Pará, Brasil). Na realização deste trabalho, foram aplicados como métodos indiretos os métodos eletromagnéticos, conhecidos como o Radar de Penetração do Solo (GPR), com uma antena de 200 MHz de frequência e o método Eletromagnético (EM-34), com antenas de 10 e 20 metros de distância entre as bobinas. No caso do método direto foi considerado a análises físico-química de amostras de água. Os dados geofísicos foram coletados nos períodos chuvoso e não chuvoso do biênio 2011-2012, sendo dois os locais considerados (no campo de futebol e na vila propriamente dita). No caso das amostras de água as mesmas foram coletadas nos poços de distribuição de água na comunidade, durante as marés de sizígia. Em geral, os resultados obtidos com as sondagens, indicam que há intrusão na área. Contudo, os resultados obtidos com as análises de água indicam que ela não afeta os poços, no momento, estando a uma profundidade maior que a dos poços (maior que 5m, profundidade máxima dos poços). O processo de intrusão ocorre favorecido pela erosão ocorrida na vila. Com o contínuo processo erosivo, a tendência é que a parte sul da vila seja tomada pelas água do mar, favorecendo desta forma a intrusão salina para o continente.

  • NADIA MAGALHAES DA SILVA
  • Interação entre a população de Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) e a vegetação arbórea dos manguezais no município de Colares-Pará

  • Data: 04/03/2013
  • Mostrar Resumo
  • O presente trabalho teve como objetivo avaliar a interação do caranguejo-uçá, Ucides cordatus, com a distribuição das espécies arbórea de mangue no município de Colares, Estado do Pará. O trabalho de campo foi realizado em cinco sítios de trabalho com intervalo de distância de no mínimo 3 km. A vegetação foi avaliada em nível de gênero e seus atributos estruturais mensurados. A densidade do caranguejo-uçá foi estimada através da: contagem de galerias (CG) e captura de indivíduos (CI). Atributos biométricos como Peso (P) e Largura da carapaça (LC) foram mensurados para todos os indivíduos capturados em todos os sítios. Na área estudada foram encontradas dois gêneros de mangue Rhizophora e Avicennia, sendo que a primeira predominou na paisagem do local. Os bosques podem ser considerados em sua maioria maduros e o recrutamento de indivíduos jovens evidencia um processo de regeneração natural. A densidade (De) estimada pelo método CG (ANOVA; F=19,53; gl=4; p< 0,001) variaram significativamente entre os sítios, assim como a largura da carapaça (LC) (ANOVA; F=2.97; gl=4; p=0.02). A maioria dos exemplares capturados era do sexo feminino; contudo os de maior porte eram do sexo masculino. Os animais de maior porte foram encontrados nos sítios #05, #02 e #01, em ordem decrescente, onde o acesso é mais difícil e este crustáceo é pouco explorado. A comparação entre os métodos de amostragem da densidade do caranguejo-uçá indicou que o método baseado na captura dos indivíduos é o mais eficiente do que aquele baseado na contagem das galerias. A análise de correlação mostrou que a densidade de caranguejos apresentou relação com a estrutura dos bosques e as áreas onde Rhizophora foi predominante apresentaram as maiores densidades. Em três dos cinco sítios de trabalho (sítios #01, #02 e #05) tamanho dos indivíduos de U. cordatus teve média de 6,3 cm, 6,6 cm, e 6,4 cm, respectivamente. Isto pode indicar que a região de Colares apresenta potencial extrativo imediato do caranguejo-uçá, haja vista o tamanho dos indivíduos ser adequado à regulamentação do tamanho mínimo estipulado pela Portaria do IBAMA Nº.034/03-N (24/06/2003). Assim, o presente estudo visa contribuir com as pesquisas já realizadas nos manguezais do Norte do Brasil, disponibilizando informações que possam subsidiar ações de conservação e preservação dessa espécie comercial, bem como aquelas que promovam o manejo e a manutenção dos manguezais dessa região.

  • ELIENE MARIA GUIMARAES MONTEIRO
  • FILOGENIA MOLECULAR DO GÊNERO Mico POR MEIO DE SEQUÊNCIAS DE DNA DE ELEMENTOS ALU
  • Data: 28/02/2013
  • Mostrar Resumo
  • Os calitriquíneos compreendem um grupo de primatas do Novo Mundo (Platirrinos) com 41 espécies e 60 táxons válidos. A década iniciada em 2000 foi marcada por mudanças na taxonomia de vários platirrinos em decorrência das filogenias geradas a partir de 1993 com base em dados de sequências de DNA, e um dos grupos envolvidos nessas mudanças foi o dos calitriquíneos. O presente estudo foi delineado para abordar a questão do relacionamento entre espécies de Mico, a relação com Cebuella, e a posição de Mico humilis no grupo. Uma base de dados de sequências de DNA foi construída para nove segmentos do genoma nuclear contendo inserções Alu em oito espécies de calitriquíneos amazônicos, totalizando 2918 pares de bases. A reconstrução filogenética posicionou Cebuella pygmaea externamente as espécies de Mico. Mico humilis, por sua vez, aparece como uma linhagem isolada, posicionando-se por fora do agrupamento das outras espécies de Mico. Não foi possível recuperar o monofiletismo de M. humeralifera, M. emiliae, M. argentata, M. mauesi e M. saterei. Com base nas árvores filogenéticas, é possível concluir que C. pygmaea é a linhagem basal seguida de dois grupos constituídos por (i) Mico humilis; e (ii) um grupo politômico, não monofilético, de emergência mais recente, composto pelas demais espécies. Este cenário sugere a ocorrência de hibridização ou polimorfismo transespecífico neste grupo mais recente, já apontada em estudos anteriores baseado em outros marcadores moleculares. Os baixos níveis de divergência nucleotídica sugerem cautela na discussão sobre a mudança de status taxonômico de C. pygmaea e M. humilis, recomendando-se, portanto, mantê-las provisoriamente em seu status original. Palavras-chave: Calitriquíneos amazônicos, Inserções Alu, Filogenia molecular.
  • MARCELO DO VALE OLIVEIRA
  • TRABALHO E TERRITORIALIDADE NO EXTRATIVISMO DE CARANGUEJOS EM PONTINHA DE BACURITEUA, BRAGANÇA-PARÁ
  • Data: 07/02/2013
  • Mostrar Resumo
  • TRABALHO E TERRITORIALIDADE NO EXTRATIVISMO DE CARANGUEJOS EM PONTINHA DE BACURITEUA, BRAGANÇA-PARÁ
  • LENITA SOUSA DA SILVA
  • ESTIMATIVAS DE DENSIDADE E DISPERSÃO ESPACIAL DO BENTOS COM EXTRAPOLAÇÕES DE UNIDADES DE AMOSTRAGEM DIFERENTES
  • Data: 31/01/2013
  • Mostrar Resumo
  • Habitats intertidais são importantes em termos de função ecológica e diversidade e estão sujeitos a mudanças devido a causas naturais e antrópicas. Essas mudanças afetam a abundância e dispersão da biota, no qual a fauna bentônica é de importância ecológica e econômica. Manejo e conservação dos recursos naturais dependem de estimativas confiáveis da densidade e arranjo espacial dos organismos-alvo. Muitos estudos produzem tais dados usando estimativas extrapoladas a partir de pequenas unidades de amostragem que podem não representar fielmente as populações investigadas e, assim, comprometer a gestão e conservação das decisões tomadas. Foi investigada a precisão de extrapolações de densidade e dispersão espacial do bivalve Anomalocardia brasiliana e da macroinfauna de manguezal comparando contagens diretas com contagens extrapoladas a partir de unidades de amostragem menores no campo e no laboratório. Para ambos os tipos de organismos, a extrapolação sempre superestimou a densidade e variações, especialmente quando a diferença entre a área amostrada e extrapolada era grande. Quando a dispersão foi regular, extrapolações foram mais precisas, especialmente quando as densidades foram baixas. Para A. brasiliana, extrapolações da densidade com a média aritmética foram mais precisas, enquanto a média harmônica, foram menos precisas. Em contraste, extrapolações com a média harmônica foram mais precisas para macroinfauna de manguezal, enquanto que a média aritmética e a mediana superestimaram a densidade. Dispersão espacial de A. brasiliana mudou de aleatório para agregada, mas nenhuma mudança na dispersão da macroinfauna de manguezal foi observada (agregada). Os resultados indicam que as extrapolações comumente utilizadas em estudos da macrofauna bentônica superestimam densidades e podem também determinar incorretamente a dispersão espacial. Dada a importância ecológica e funcional do bentos e seu papel na monitorização dos impactos naturais e antropogênicos, o cuidado deve ser tomado para garantir que extrapolações da densidade e dispersão espacial possam ser evitadas ou, quando realizada, deve representar fielmente a população em estudo. A adoção de uma metodologia padrão para a amostragem do bentos no sedimento intertidal é recomendada.
  • LENITA SOUSA DA SILVA
  • ESTIMATIVAS DE DENSIDADE E DISPERSÃO ESPACIAL DO BENTOS COM EXTRAPOLAÇÕES DE UNIDADES DE AMOSTRAGEM DIFERENTES
  • Data: 31/01/2013
  • Mostrar Resumo
  • Habitats intertidais são importantes em termos de função ecológica e diversidade e estão sujeitos a mudanças devido a causas naturais e antrópicas. Essas mudanças afetam a abundância e dispersão da biota, no qual a fauna bentônica é de importância ecológica e econômica. Manejo e conservação dos recursos naturais dependem de estimativas confiáveis da densidade e arranjo espacial dos organismos-alvo. Muitos estudos produzem tais dados usando estimativas extrapoladas a partir de pequenas unidades de amostragem que podem não representar fielmente as populações investigadas e, assim, comprometer a gestão e conservação das decisões tomadas. Foi investigada a precisão de extrapolações de densidade e dispersão espacial do bivalve Anomalocardia brasiliana e da macroinfauna de manguezal comparando contagens diretas com contagens extrapoladas a partir de unidades de amostragem menores no campo e no laboratório. Para ambos os tipos de organismos, a extrapolação sempre superestimou a densidade e variações, especialmente quando a diferença entre a área amostrada e extrapolada era grande. Quando a dispersão foi regular, extrapolações foram mais precisas, especialmente quando as densidades foram baixas. Para A. brasiliana, extrapolações da densidade com a média aritmética foram mais precisas, enquanto a média harmônica, foram menos precisas. Em contraste, extrapolações com a média harmônica foram mais precisas para macroinfauna de manguezal, enquanto que a média aritmética e a mediana superestimaram a densidade. Dispersão espacial de A. brasiliana mudou de aleatório para agregada, mas nenhuma mudança na dispersão da macroinfauna de manguezal foi observada (agregada). Os resultados indicam que as extrapolações comumente utilizadas em estudos da macrofauna bentônica superestimam densidades e podem também determinar incorretamente a dispersão espacial. Dada a importância ecológica e funcional do bentos e seu papel na monitorização dos impactos naturais e antropogênicos, o cuidado deve ser tomado para garantir que extrapolações da densidade e dispersão espacial possam ser evitadas ou, quando realizada, deve representar fielmente a população em estudo. A adoção de uma metodologia padrão para a amostragem do bentos no sedimento intertidal é recomendada.
2012
Descrição
  • LUIS FERNANDO DA SILVA RODRIGUES FILHO
  • IDENTIFICAÇÃO E FILOGEOGRAFIA DAS ESPÉCIES DE TAINHAS DO GÊNERO Mugil E AVALIAÇÃO DO STATUS TAXONÔMICO DAS ESPÉCIES Mugil liza Valenciennes, 1836 E Mugil platanus Günther, 1880
  • Orientador : MARIA IRACILDA DA CUNHA SAMPAIO
  • Data: 23/12/2012
  • Mostrar Resumo
  • Ao longo dos anos, os mugilídeos vêm sendo cada vez mais estudados com o objetivo de gerar conhecimentos sobre sua biologia, ecologia e historia demográfica. Contudo, a identificação e discriminação dos mesmos são bem problemáticas, a ponto de provocar várias revisões taxonômicas devido à grande similaridade morfológica entre as espécies. Mugil liza e Mugil platanus, são duas espécies de mugilídeos que servem como exemplo de tal problemática. Ambas apresentam semelhanças morfológicas extremas e estudos filogenéticos indicam que possam ser uma única espécie, tornando o status taxonômico delas bastante confuso. Fora o fato de elas apresentarem uma baixa divergência genética com a espécie Mugil cephalus. Para muitos autores, essa baixa divergência descreve M. platanus e M. liza como sendo espécies irmãs de M. cephalus, para outros, este arranjo pode representar um complexo de espécies. Este estudo teve o objetivo de discriminar todas as espécies do gênero Mugil que ocorrem na costa atlântica sul-americana, resolvendo questões filogenéticas e filogeográficas. Quanto a identificação, o padrão de bandas estabelecido pelo marcador nuclear 5s rDNA, foi eficiente para separar quatro espécies (M. curema, M. incilis, M. sp. e M. hospes). M. liza, M. platanus e M. cephalus apresentaram o mesmo padrão de bandas, o que pode estar relacionado à baixa divergência genética entre elas. Em relação ao status taxonômico de M. liza e M. platanus, não observamos nenhuma diferença significativa (genética e morfológica), e sim um alto fluxo gênico entre as mesmas. Desta forma recomenda-se, de acordo com a literatura, reconhecer o nome M. liza para validar a espécie, sendo M. platanus sinônimo de M. liza. Entretanto, a região controle do DNA mitocondrial, além de confirma a presença de uma única espécie, também relata possíveis eventos (hibridização, incomplete lineage sorting, etc), provavelmente iniciados durante o Plioceno-Pleistoceno. No entanto, para uma investigação mais precisa sobre a história evolutiva de M. liza, a utilização de marcadores mais variáveis se faz necessário. Neste estudo, confirmamos a existência de um complexo de espécies crípticas em vez de uma única espécie cosmopolita para M. cephalus, onde M. liza deve fazer parte deste complexo. Entre as linhagens observadas para o complexo M. cephalus (linhagem M. liza, linhagem Golfo do México, linhagem Hawaii, linhagens 1, 2 e 3 - Taiwan), uma forte restrição ao fluxo gênico foi identificada para os marcadores mitocondriais. Os resultados aqui apresentados, respondem satisfatoriamente a questões discutidas neste estudo, fornecendo uma chave de identificação molecular precisa para as espécies do gênero. Além de definir problemáticas taxonômicas relevantes não somente para uma melhor compreensão deste táxon, mas para que sirva de base para a pesca e piscicultura destas espécies, principalmente para M. liza e M. curema, que são bastante exploradas com esta finalidade.
  • JOAO BRAULLIO DE LUNA SALES
  • INFERÊNCIAS GENÉTICAS DA FAMÍLIA Loliginidae Lesueur, 1821, COM ÊNFASE NOS GÊNEROS AMERICANOS Doryteuthis Neaf, 1912 E Lolliguncula Steenstrup, 1881 REVELAM A PRESENÇA DE ESPÉCIES CRÍPTICAS NO ATLÂNTICO SUL
  • Data: 20/12/2012
  • Mostrar Resumo
  • A família Loliginidae é formada atualmente por dez gêneros e nove subgêneros, contendo aproximadamente 47 espécies válidas. As espécies são de porte pequeno e médio, sendo encontradas ao redor do mundo em águas quentes e temperadas. Representam um dos maiores grupos de cefalópodes explorados comercialmente pela indústria pesqueira mundial, e algumas espécies sofrem exploração intensivas em várias partes do mundo, devido à excelente qualidade da carne. Entretanto, a sistemática desta família sempre foi alvo de amplos debates devido principalmente à falta de caracteres morfológicos plausíveis para a correta discriminação das espécies dentro da família, como nos gêneros Doryteuthis e Lolliguncula. Este trabalho teve como principais objetivos, primeiramente, testar o gene nuclear 5S rDNA como marcador espécie-específico para identificação rápida e de baixo custo de algumas espécies da família Loliginidae que ocorrem ao longo da costa brasileira. Neste sentido, o marcador foi eficiente na separação de cada espécie analizada, onde as mesmas apresentaram padrões de bandas específicos e sem variação intraespecífica. Em segunda instância, realizar uma filogenia molecular da família Loliginidae, por meio do uso de marcadores mitocondriais e nucleares com o intuito de verificar as relações entre os táxons assim como a possível presença de espécies crípticas dentro da família. Os resultados obtidos apontam que, nas águas do Atlântico Sul, existem pelo menos duas espécies crípticas dentro de D. plei e D. pealei, além de possivelmente, múltiplas espécies crípticas dentro do S. lessoniana, bem como possivelmente no gênero Uroteuthis. Com base nos resultados sugeridos pela filogenia da família, com intuito de esclarecer se a separação genética entre D. plei e D. pealei dos dois hemisférios é apenas uma variação populacional ou efetivamente representam novas espécies, foram realizadas inferências filogeográficas para espécies dos dois continentes utilizando o gene mitocondrial COI. Os resultados apontam que ambas as espécies do Atlântico Sul representam efetivamente duas espécies geneticamente distintas, onde D. plei é separada por 39 mutações entre os espécimes dos dois hemisférios, enquanto D. pealeié separada por 22 mutações. Possivelmente, fatores oceanográficos como a ação da retroflexão da Corrente Norte do Brasil na região entre o Suriname e Guiana criando uma barreira à migração entre os dois hemisférios. Ainda, o período de desova dessas especies coincide com o período de intensificação da retroflexão funcionem como barreira ao fluxo gênico entre as espécies Por fim realizamos a primeira inferência filogenética com genes mitocondriais e nucleares voltada ao gênero Lolliguncula para tentar verificar se geneticamente os espécimes de L. brevis do Norte e do Sul do Atlântico são efetivamente espécies diferentes, como a morfologia parece indicar, além de verificar o posicionamento das espécies dentro da família. Os resultados apontam que as espécies dos dois hemisférios constituem espécies geneticamente distintas e irmãs, dentro do gênero. O posicionamento de L. panamensiscomo espécie mais basal dentro do gênero contradiz a classificação atualmente proposta.
  • MARCIO JOSE OLIVEIRA RAIOL
  • Hábito alimentar de Ageneiosus ucayalensis Castelnau, 1855, Anchoa spinifer (Valenciennes, 1848) e Lithodoras dorsalis (Valenciennes, 1840) no Estuário Amazônico

  • Data: 03/12/2012
  • Mostrar Resumo
  • A determinação do hábito alimentar é um dos principais aspectos estudados sobre a biologia dos peixes, dado que pode gerar subsídios para o melhor entendimento das relações entre a ictiofauna e os demais organismos da comunidade aquática. Esse estudo objetivou caracterizar o hábito alimentar de Ageneiosus ucayalensis e Anchoa spinifer nas baías do Guajará e Marajó (PA). As coletas foram realizadas em setembro de 2007 a dezembro de 2010 , utilizando redes de emalhar (malhas de diferentes tamanhos) com o objetivo de capturar indivíduos de vários tamanhos deferentes - canal principal) e tapagem (canais de maré), durante os períodos de estiagem e de chuva. A dieta foi caracterizada através do Coeficiente de Vacuidade (%CV), Índice de Repleção Estomacal (%IR), Frequência de Ocorrência (%FO), Percentual em Peso (%P) e Percentual em Número (%N), sintetizando os três últimos no índice de importância relativa (IIR). Foram ainda observados a estratégia alimentar e o índice de sobreposição do nicho. As duas espécies apresentaram o menor percentual de estômagos vazios na baía do Guajará e no período chuvoso. A alimentação de A. ucayalensis ocorre particularmente entre as fêmeas e nos canais de maré. Os machos de A. spinifer se alimentam mais que as fêmeas em todos os ambientes. A atividade alimentar de A. ucayalensis para ambos os sexos é significativamente maior na baía do Guajará. Os machos dessa espécie têm maior intensidade alimentar que as fêmeas, ainda que não significativamente, principalmente no período chuvoso. Os machos de A. spinifer têm maiores %IR, ainda que não significativamente, período chuvoso nas duas áreas. Os crustáceos foram dominantes na dieta de ambas as espécies, principalmente Macrobrachium amazonicum e Acetes paraguayensis, seguido de teleósteos. A alimentação de A. ucayalensi difere entre as baías do Guajará e Marajó, ainda que seja similar dentro de cada área ao longo do ano. Por sua vez, a dieta de A. spinifer é similar entre áreas, mas diferente entre períodos climáticos. Não houve sobreposição alimentar entre as duas espécies, ainda que ocorram alguns itens comuns na alimentação como camarões Palaemonidae, caranguejos Grapsidae e peixes Teleostei.

  • GLAUCIA CAROLINE SILVA DE OLIVEIRA
  • DESENVOLVIMENTO DE MARCADORES MOLECULARES E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A GENÉTICA DE CONSERVAÇÃO DA ESPÉCIE CRITICAMENTE AMEAÇADA DE EXTINÇÃO Epinephelus itajara (EPINEPHELIDAE, PERCIFORMES)
  • Data: 01/12/2012
  • Mostrar Resumo
  • O conhecimento sobre a história de vida das espécies é de grande relevância para traçar estratégias de conservação. Desta forma, os marcadores moleculares são ferramentas que podem fornecer alternativas rápidas e precisas para o estudo dos aspectos bio-ecológicos de populações ameaçadas de extinção. Partindo desta conjectura e levando em consideração às ameaças que os membros da família Epinephelidae estão submetidos, esta tese tem como enfoque principal o desenvolvimento de marcadores moleculares que possam ampliar o conhecimento sobre os aspectos populacionais dos Epinelídeos, e testar sua aplicabilidade em estudos populacionais que auxiliem na conservação de Epinephelus itajara. Sendo assim, foram desenhados primers para a amplificação do locus DAB do MHC de E. itajara, assim como doze primers para seis regiões intrônicas de Serranídeos. Para o primeiro locus, foram identificados alta diversidade genética e seleção positiva e purificadora, mostrando que embora as populações estejam em declínio ainda não ocorreu grande redução de alelos neste lócus a ponto de afetar o potencial evolutivo da espécie em termos de resposta imune. Por meio de análise multilocus definiram-se os índices de diversidade genética e fluxo gênico entre uma população de agregado reprodutivo, apreendido em 2011 pelo ICMBio, e duas populações da Costa Norte (praia de Ajuruteua-PA) e Nordeste (Estuário do Rio Potengi-RN) do Brasil. Dessa maneira, detectou-se forte tendência de redução da variabilidade genética e um modelo stepping-stone de fluxo gênico entre estas populações. Entretanto, para o agregado não foi detectado nenhuma migração com as populações estudadas, recebendo apenas a contribuição da população de Ajuruteua, configurando um fluxo gênico unidirecional desta para o agregado. Tais resultados conferem fortes indícios dos efeitos nocivos da pesca aos agregados reprodutivos que podem está impactando a diversidade genética e os padrões de distribuição espacial de E. itajara.
  • ANDRE LUIZ PEREZ MAGALHAES
  • ESTRUTURA E DINÂMICA DOS COPEPODA DE UM ESTUÁRIO AMAZÔNICO(TAPERAÇU, NORTE DO BRASIL)
  • Data: 21/09/2012
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo avalia a variação espacial e temporal (nictemeral, mensal e sazonal) na estrutura da comunidade de copépodos do estuário do Taperaçu (Pará, Brasil), buscando-se compreender como os parâmetros ambientais influenciam nesta variabilidade. Para tanto, foram realizadas coletas nictemerais, mensais e sazonais do plâncton e hidrologia durante os anos de 2004 e 2006, totalizando 88 amostras. A comunidade de copépodos do Taperaçu foi aparentemente homogênea no que se refere às variações espaciais dos seus atributos biológicos, apresentando elevados valores de densidade, biomassa e produção, e uma baixa diversidade de espécies. A falta de um padrão espacial consistente está possivelmente relacionada às características morfológicas e morfodinâmicas típicas deste ecossistema, como a ausência efetiva de descarga fluvial, a presença de uma área de drenagem reduzida, além de baixas profundidades e fortes correntes de maré, as quais facilitam os processos de mistura horizontal e vertical da coluna de água. Quando analisados em uma escala diária (24 h), não foram constatadas variações significativas relacionadas aos ciclos circadianos (dia/noite) e de maré (enchente/vazante). A ausência de variações dia/noite é provavelmente ocasionada pelas baixas profundidades, as quais, associadas às fortes correntes de maré, podem ter contribuído para tornar a coluna d’água relativamente homogênea, eliminando o efeito da migração vertical do zooplâncton nas oscilações da densidade e biomassa dos copépodos. A influência dos diferentes períodos de maré sobre a dinâmica desses organismos não foi também evidenciada, uma vez que o estuário do Taperaçu é fortemente dominado pelo influxo de águas costeiras e marinhas. Durante as campanhas realizadas em 2004, a influência marinha foi consideravelmente maior em virtude da ação do fenômeno El Niño, a qual resultou na redução das taxas de precipitação, afetando a salinidade da água e, consequentemente, a contribuição relativa das espécies para a abundância do zooplâncton total. Ao contrário do observado para as variações de curto prazo, registrou-se um claro padrão mensal e sazonal na estrutura da comunidade dos copépodos, em especial no que concerne às variações na abundância de Pseudodiaptomus marshi, Acartia tonsa e Acartia lilljeborgii, sendo evidenciado um processo de alternância entre as mesmas. Em 2006, P. marshi (6.004,6 ± 22.231,6 ind.m-3; F = 5,0, p < 0,05) e A. tonsa (905,6 ± 2.400,9; F = 14,6, p < 0,001) foram as espécies numericamente dominantes na estação chuvosa, enquanto A. lilljeborgii (750,8 ± 808,3 ind.m-3; U = 413,0, p < 0,01) dominou na estação seca. Durante este ano, mudanças sazonais na contribuição relativa dessas espécies não influenciaram a diversidade (0,5 ± 0,2 to 1,2 ± 0,3 bits.ind-1), a equitabilidade (0,2 ± 0,0 to 0,5 ± 0,3) e a riqueza (4,2 ± 2,3 to 7,8 ± 2,3), as quais foram relativamente homogêneas, apresentando baixos valores, como registrado também em 2004. De modo geral, a variabilidade temporal (mensal e sazonal) observada na estrutura e dinâmica populacional dos copépodos foi principalmente relacionada às flutuações nas taxas de precipitação, as quais afetaram diretamente a salinidade da água e, consequentemente, a abundância, biomassa e produção desses organismos. Adicionalmente, conclui-se que a presença de P. marshi, bem como de outras espécies oligo-mesohalinas na área estudada, talvez seja determinada pela importação de indivíduos provenientes da zona oligohalina do estuário do rio Caeté. Este mecanismo de transferência parece ser um fator chave na estrutura da cadeia alimentar do Taperaçu, bem como na variação temporal da comunidade de copépodos durante o presente estudo.
  • MARCELLA CRISTINA EVER DE ALMEIDA
  • O LUGAR DAS MULHERES NA APROPRIAÇÃO E USO DOS RECURSOS NATURAIS NA COMUNIDADE CARATATEUA, BRAGANÇA, PARÁ
  • Data: 07/08/2012
  • Mostrar Resumo
  • A presente pesquisa objetivou identificar e analisar o lugar atribuído as mulheres na apropriação e uso dos recursos naturais na comunidade de Caratateua, Bragança, Pará, Brasil. A pesquisa foi realizada no período de outubro/2010 a outubro/2011, ocasião em que foram entrevistadas 119 mulheres, o que correspondeu a aproximadamente 22% do total de domicílios (n=537). As entrevistas foram realizadas com o auxílio de roteiros semi-estruturados com perguntas fechadas e abertas. Também foi utilizada a observação participante como metodologia de campo, com o acompanhamento de algumas mulheres aos seus locais de trabalho, sendo realizada, junto com elas, a extração de sururu (Mytella falcata), a captura de caranguejo-uçá (Ucides cordatus), a catação de caranguejo-uçá e algumas atividades agrícolas, além de pescarias e outras situações. Os resultados da pesquisa mostraram que grande parte das mulheres de Caratateua têm no uso dos recursos costeiros a principal fonte de geração de renda e na atividade agrícola o meio de complementar a alimentação. Grande parte das mulheres tem exclusivamente nas atividades extrativistas sua principal fonte econômica, destacando-se a extração e beneficiamento de sururu, o beneficiamento do caranguejo-uçá e a extração de lenha. As mulheres também realizam a pesca de espécies variadas de peixes e dos siris (Callinectes bocourti e C. sapidus) e criação de animais de pequeno porte. E, mesmo as mulheres que relataram não exercer atividades extrativistas como principal fonte de renda, utilizam-se dos recursos costeiros ou da agricultura de alguma forma. Contudo, observou-se que mesmo com essa pluralidade de atividades, as mulheres não consideram suas atividades para geração de renda como trabalho. Suas atividades produtivas mesmo que fundamentais para manutenção do núcleo familiar, tem sua importância minimizadas, e vistas como complemento do trabalho do marido. Dessa forma, todos os trabalhos possíveis de serem realizados em paralelo ao espaço doméstico (considerados de âmbito domestico), como a pesca pra consumo, a catação e beneficiamento de desses recursos costeiros, bem como, a agricultura de subsistência, bem como, todos as atividades “não monetarizados”, ou pagas esporadicamente, não são vistos como trabalho, ficando no âmbito da complementaridade, da ajuda e tendo como base a noção de obrigatoriedade de natureza feminina. É importante destacar que os resultados do presente trabalho mostram que as mulheres da comunidade de Caratateua possuem funções imprescindíveis na cadeia produtiva de alguns recursos básicos como a do caranguejo-uçá e a do sururu. Assim, do universo de participantes da pesquisa, a maioria desempenha atividade extrativista para geração de renda, como é o caso do beneficiamento desses dois recursos, que ficam sob a responsabilidade das mulheres, principalmente no caso do sururu, onde a mulher geralmente participa de todas as etapas do processo produtivo. Considerando os diferentes elos e o fluxo dessas duas cadeias produtivas, os resultados revelaram que a figura do marreteiro é relevante para o processo de escoamento da produção, mas, no entanto, explora o trabalho das mulheres com pagamentos de baixos valores pelo seu trabalho. Contudo, mesmo com a divisão de tarefas entre os sexos bem definida, em Caratateua, a divisão sexual do trabalho não chega a ser condicionante ou limitante, para a realização das atividades, destacando-se constante permutação das atividades entre os sexos, quando necessário ou conveniente, ou seja, o que ocorre é a hierarquização das atividades, com a desvalorização das atividades femininas. Fato que tem suas bases nas formas históricas de opressão e discriminação feminina e que é reforçado, pelas características do trabalho feminino. Pode-se acrescentar como outro agravante, a falta de política pública direcionada para este grupo e atividade específicas, compreendendo a orientação, a circulação de informações e o acompanhamento técnico, além do planejamento participativo e construção e organização do grupo local.
  • FERNANDO PEDRO MARINHO REPINALDO FILHO
  • CONTRIBUIÇÕES DO CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL AO SISTEMA DE GESTÃO COMPARTILHADA DA PESCA EM EMBURATEUAS, NOS ESTUÁRIOS DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE CAETÉ-TAPERAÇU, BRAGANÇA, PARÁ
  • Data: 07/08/2012
  • Mostrar Resumo
  • O conhecimento ecológico local dos pescadores artesanais sobre os “emburateuas”, microhábitats identificados como relevantes para a conservação nos estuários amazônicos foi analisado a fim de identificar elementos que contribuam para a implementação de um sistema de gestão compartilhada adaptativa da pesca no local, na abrangência de uma área marinha protegida, a Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, em Bragança, Pará. Informações foram obtidas de Diagnóstico Rápido Participativo, observações em processos comunitários e na atividade dos pescadores, entrevistas realizadas com aplicação de questionários semi-estruturadas com 23 informantes-chave selecionados como “experts” em 07 comunidades associadas aos estuários locais, além de consultas a literatura científica e documentos oficiais foram o corpo metodológico dessa dissertação. É apresentado o ambiente institucional adotado na área, uma RESEX, e é feita uma caracterização dos instrumentos de gestão implementados. Foram caracterizadas as comunidades locais visitadas e o perfil sociocultural dos pescadores entrevistados. Os emburateuas são reportados como microhabitats estuarinos que desempenham funções de berçário para diversas espécies-alvo das pescarias, manutenção da produtividade pesqueira e de complexas teias tróficas nos estuários, além de manter a visita de espécies migratórias/ raras nos estuários. O conhecimento sobre os emburateuas é rico, transmitido principalmente no ambiente familiar e fornece hipóteses sobre fenômenos relacionados a sua dinâmica geomorfológica e a processos ecológicos. A relevância ecológica desses microhabitats encontrou correspondências na literatura científica, tanto quanto pelas funções ecológicas identificadas, assim como na descrição de microhabitats estuarinos semelhantes na literatura científica para outras áreas do Brasil e do mundo. Para um sistema de gestão compartilhada adaptativa, com foco na promoção da resiliência do sistema socioecológico local, o conhecimento dos experts entrevistados revelou potenciais para o desenvolvimento de experimentos para a gestão das pescarias artesanais. Experimentos para estabelecimento de áreas com restrição de pesca; recuperação de habitats essenciais e da produtividade pesqueira nos estuários e o monitoramento participativo da pesca foram discutidas nesta dissertação a partir da experiência observada e as experiências descritas na literatura científica sobre o tema. Porém, para o fortalecimento da resiliência de tal sistema o desenvolvimento social das comunidades que dependem desses sistemas ecológicos é fundamental. Fragilidade na infraestrutura, serviços e direitos sociais básicos, aliados a um crescimento populacional influenciado também por imigrações de pessoas e tecnologias e ausência de iniciativas coletivas para a proteção da pesca representam diversas ameaças e conflitos ao sistema pesqueiro local. O conhecimento dos pescadores representa uma fonte de resiliência para a pesca nos estuários locais. Para o modelo de gestão adotado no território, uma RESEX, a possibilidade de tomadas de decisão pelos “pescadores locais”, por meio de Resoluções do Conselho Deliberativo da RESEX, e revisões periódicas no atual Plano de Uso, podem contribuir para além de proporcionar espaços para a aprendizagem social, a partir das trocas de experiências e aprendizados entre os diferentes grupos funcionais, estimular à cooperação, valor social imprescindível para o sucesso de um sistema de gestão compartilhada de recursos naturais de base comum, como é o caso da pesca.
  • LAISE DE AZEVEDO GOMES
  • ANÁLISE FISIOLÓGICA E PERFIL BIOACUMULATIVO DA CIANOBACTÉRIA Geitlerinema unigranulatum UFV-E01 NA PRESENÇA DE ARSENATO DE SÓDIO
  • Data: 31/07/2012
  • Mostrar Resumo
  • O arsênio é um metalóide tóxico que se tornou um problema de saúde pública em todo o mundo. Como forma de reduzir a contaminação ambiental por este metalóide, a qual é proveniente de atividades antropogênicas e naturais, a utilização de micro-organismos em processos de biorremediação se tem mostrado uma estratégia promissora. A cianobactéria filamentosa homocitada, Geitlerinema unigranulatum UFV-E01, pertencente à ordem Pseudanabaenales, foi isolada de um ambiente contaminado por arsênio, sugerindo uma habilidade em lidar com o efeito tóxico deste metalóide. Com vista nisso, o presente trabalho objetivou caracterizar a resistência ao arsenato de sódio e quantificar o arsênio total extracelular da cianobactéria G. unigranulatum UFV-E01. As análises de resistência ao arsenato de sódio revelaram que a cianobactéria foi capaz de crescer em até 50 mM por 20 dias. Além disso, a cianobactéria G. unigranulatum UFV-E01 acumulou arsenato de sódio por 10 dias, reduzindo em até 67% o arsênio extracelular. Pelos dados obtidos neste estudo, a cianobactéria G. unigranulatum UFV-E01 foi capaz de resistir a altas concentrações de arsenato de sódio, no entanto outras análises, como a caracterização das vias metabólicas envolvidas no processo de resistência, devem ser realizadas para considerar sua aplicação em ambientes impactados por arsênio.
  • MAURO ANDRE DAMASCENO DE MELO
  • ESTUDOS GENÉTICOS PARA A IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DE OSTRAS DO GÊNERO Crassostrea E DE ESTOQUES DA ESPÉCIE Crassostrea gasar AO LONGO DA COSTA BRASILEIRA
  • Data: 31/07/2012
  • Mostrar Resumo
  • O gênero Crassostrea é constituído por um grande número de espécies de bivalves marinhos distribuídos em regiões de estuário de várias partes do mundo. Quatro são as espécies de ostras do gênero Crassostrea presentes na costa do Brasil, das quais duas são consideradas nativas (Crassostrea gasar e Crassostrea rhizophorae) e duas não nativas ou exóticas (Crassostrea gigas e Crassostrea sp.). A elevada plasticidade fenotípica deste grupo dificulta a identificação das espécies associadas a atividade ostreícola e ao manejo de estoques, o que levou ao desenvolvimento de dois métodos moleculares rápidos e de baixo custo para a identificação destes organismos via PCR (Reação em Cadeia da Polimerase), sendo um para identificação apenas das ostras exóticas e o outro para identificação simultânea de todas as quatro espécies existentes, ambos testados em populações coletadas ao longo da costa brasileira. Para a avaliação dos níveis de estrutura genética das populações de ostras da espécie C. gasar distribuídas no litoral brasileiro, foram desenvolvidos 10 loci polimórficos de marcadores do tipo microssatélites, os quais foram utilizados para avaliar as consequências de um processo de transferência de ostras da espécie C. gasar entre estuários da costa Nordeste e Norte do Brasil, onde foi possível não apenas confirmar a ocorrência do fenômeno antropogênico, mas também a diminuição dos níveis de estruturação genética existente entre estas localidades. Uma análise ampla dos bancos naturais de C. gasar ao longo da costa brasileira evidenciou a existência de níveis significativos de estruturação genética entre os estoques e uma correlação positiva entre a divergência genética e a distância geográfica, alertando para necessidade da utilização de estoques próximos geograficamente quando da necessidade da realização de manejo e introdução de sementes, preservando assim a diversidade local desses bancos naturais
  • MAURO ANDRE DAMASCENO DE MELO
  • ESTUDOS GENÉTICOS PARA A IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DE OSTRAS DO GÊNERO Crassostrea E DE ESTOQUES DA ESPÉCIE Crassostrea gasar AO LONGO DA COSTA BRASILEIRA
  • Data: 31/07/2012
  • Mostrar Resumo
  • O gênero Crassostrea é constituído por um grande número de espécies de bivalves marinhos distribuídos em regiões de estuário de várias partes do mundo. Quatro são as espécies de ostras do gênero Crassostrea presentes na costa do Brasil, das quais duas são consideradas nativas (Crassostrea gasar e Crassostrea rhizophorae) e duas não nativas ou exóticas (Crassostrea gigas e Crassostrea sp.). A elevada plasticidade fenotípica deste grupo dificulta a identificação das espécies associadas a atividade ostreícola e ao manejo de estoques, o que levou ao desenvolvimento de dois métodos moleculares rápidos e de baixo custo para a identificação destes organismos via PCR (Reação em Cadeia da Polimerase), sendo um para identificação apenas das ostras exóticas e o outro para identificação simultânea de todas as quatro espécies existentes, ambos testados em populações coletadas ao longo da costa brasileira. Para a avaliação dos níveis de estrutura genética das populações de ostras da espécie C. gasar distribuídas no litoral brasileiro, foram desenvolvidos 10 loci polimórficos de marcadores do tipo microssatélites, os quais foram utilizados para avaliar as consequências de um processo de transferência de ostras da espécie C. gasar entre estuários da costa Nordeste e Norte do Brasil, onde foi possível não apenas confirmar a ocorrência do fenômeno antropogênico, mas também a diminuição dos níveis de estruturação genética existente entre estas localidades. Uma análise ampla dos bancos naturais de C. gasar ao longo da costa brasileira evidenciou a existência de níveis significativos de estruturação genética entre os estoques e uma correlação positiva entre a divergência genética e a distância geográfica, alertando para necessidade da utilização de estoques próximos geograficamente quando da necessidade da realização de manejo e introdução de sementes, preservando assim a diversidade local desses bancos naturais
  • VITOR AUGUSTO NASCIMENTO BRAGANCA
  • FLORÍSTICA E ESTRUTURA DE VEGETAÇÃO DE CLAREIRAS EM UMA MATA DE RESTINGA ALTA NA RESEX MAR CAETÉ-TAPERAÇU
  • Data: 31/07/2012
  • Mostrar Resumo
  • Este estudo analisou a vegetação de clareiras e seus entornos em um fragmento florestal na Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu, Bragança, Pará. Dois dos três sítios amostrados (CN 1 e CN 2) apresentaram pequenas clareiras causadas por queda de árvores e o terceiro (CA) é caracterizado por uma larga clareira aberta provavelmente por fogo de origem antropogênica. O total da área amostrada correspondeu a 2.1 ha. Em um dos locais de estudo (CN 1), por razões técnicas a amostragem foi realizada em transectos alternados devido a presença de áreas inacessíveis entre elas, enquanto nos outros sítios, a amostragem foi contínua. Árvores com diâmetro a altura do peito (dbh) ≥ 5 cm foram identificados, seu dbh mensurado e sua altura estimada; contudo, a posição das árvores dentro de uma grade de coordenadas foi determinada por análises de distribuição espacial de árvores. Um total de 1.824 árvores distribuídas em 48 espécies, dentro de 36 gêneros com 32 famílias foram amostradas. Os mais altos valores de frequência foram registrados para Cecropia palmata (Urticaceae), Protium heptaphyllum (Burseraceae) e Garcinia madruno (Clusiaceae) no sítio CA, CN 1 e CN 2 respectivamente. A densidade média em cada local foi de 870,4±330,7 ind•ha-1, 858,3±537 ind•ha-1 e 898,4±330,7 ind•ha-1 para CA, CN 1 e CN 2 respectivamente. A maioria das árvores amostradas teve os valores de DAP entre 10 e 25 cm e a altura máxima foi de 29 m. Padrões de densidade para todas as árvores e padrões de densidade específica para espécies selecionadas foram apresentados. A composição de espécies em geral semelhante ao obtido em estudos realizados em florestas costeiras para a mesma região, mostrou que espécies pioneiras como Cecropia palmata e Tapirira guianensis tiveram preferência por áreas com maior abertura de dossel (CA), enquanto espécies ecologicamente “flexíveis” como Protium heptaphyllum e Garcinia madruno foram bem sucedidas na ocupação de pequenas clareiras causada pela queda de árvores das áreas de entorno.
  • ANNA RAFAELLA DOS SANTOS FERREIRA
  • ANÁLISE DA RESISTÊNCIA E BIOACUMULAÇÃO DE ARSÊNIO NA CIANOBACTÉRIA Phormidium sp.
  • Data: 31/07/2012
  • Mostrar Resumo
  • A contaminação ambiental por arsênio vem aumentando nos últimos anos, seja através de fontes naturais ou antropogênicas, o que pode ocasionar uma maior exposição do homem a este composto tóxico. Vários estudos vêm analisando o potencial de espécies cianobacterianas como possíveis biorremediadoras na busca de soluções para diminuir os impactos causados por este metaloide. A cianobactéria filamentosa Phormidium sp. se destaca por apresentar mecanismos bem desenvolvidos de adaptação às diversas condições ambientais. O presente estudo objetivou analisar o perfil de resistência da Phormidium sp. em diferentes concentrações de arsenato de sódio. A cianobactéria foi inoculada em tubos contendo 4 mL de meio BG-11 líquido e diferentes concentrações de arsenato (5, 10, 30, 50, 100, 130, 150, 200 e 250 mM) e sem a presença do metaloide (controle) e cultivadas durante 20 dias a 25ºC, sem agitação e com fotoperíodo de 12/12 horas de luz/escuro. A toxicidade do arsenato para Phormidium sp. foi caracterizada pela inibição do crescimento, sendo este determinado pela concentração de clorofila a. Todas as condições foram realizadas em triplicatas. A determinação do arsênio total presente nas amostras foi obtida através da técnica de espectrometria de emissão óptica com plasma induzido, do Instituto Evandro Chagas. A resistência de Phormidium sp. ao arsenato foi observada em até 50 mM do composto (p>0,05). À partir de 100 mM de arsenato foi observada inibição do crescimento cianobacteriano (p<0,05). As análises da dosagem de arsênio total no meio de cultura mostram que, durante os primeiros dias de experimento, a concentração de arsênio no meio de cultura foi reduzido, seguido de um aumento gradativo na concentração deste metaloide. Provavelmente, esta cianobacteria pode acumular o arsênio e posteriormente excretar este metaloide para o meio extracelular. Os resultados obtidos indicam a capacidade que a cianobactéria Phormidium sp. possui de crescer em meio contendo altas concentrações de arsênio. No entanto, outras análises se tornam fundamental para elucidar as vias metabólicas envolvidas durante o processo de resistência a este metaloide.
  • THAINARA OLIVEIRA DE SOUZA
  • EVIDÊNCIAS DE DUAS LINHAGENS DO MEXILHÃO Mytella charruana (d'Orbigny, 1842) NA COSTA BRASILEIRA, BASEADAS EM SEQUÊNCIAS DO GENE MITOCONDRIAL COI
  • Data: 31/07/2012
  • Mostrar Resumo
  • A espécie Mytella charruana é nativa na América Central e do Sul, onde a sua distribuição no Oceano Pacífico vai do México ao Equador e no Atlântico vai da Colômbia até a Argentina. Essa espécie pertence à família Mytilidae e no Brasil é conhecida popularmente como sururu ou bacucu. Esse mexilhão apresenta uma fase planctônica que permite uma dispersão elevada. A partir de sequências do gene mitocondrial COI de dez populações (N=243) da costa brasileira foram encontradas linhagens mitocondriais patrilinear e matrilinear, consistente com o padrão de herança dupla-uniparental. Considerando apenas a linhagem matrilinear, foram encontradas grandes diferenças entre os haplótipos, sendo que estes foram divididos em dois haplogrupos, um encontrado nas populações da região norte (haplogrupo A) e outro predominante das costas nordeste e leste brasileira (haplogrupo B), exceto pela população de Goiana, localizada no nordeste, que apresentou predominância do haplogrupo A. Os valores das diversidades haplotípicas foram de baixos a altos (0,0833 a 0,7200). Foi encontrada heterogeneidade significativa entre os haplogrupos, responsável por 94,86% da variação, e entre as populações dentro dos dois grupos. As populações da região norte, exceto por Oiapoque, foram homogêneas entre si. Já as populações do nordeste e leste brasileiro estão em neutralidade seletiva, com exceção a população de Antonina que apresentou indícios de gargalo de garrafa. A partir desses resultados três hipóteses foram abordadas: divergência por alopatria e/ou adaptações locais; papéis-reversos invertidos do genoma mitocondrial; e presença de linhagens mitocondriais ancestrais. Os autores defendem a última hipótese como a mais provável.
  • MARIA JAQUELINE SOUSA DE OLIVEIRA
  • EVIDÊNCIA DE DOIS HAPLOGRUPOS DE SEQUÊNCIAS DO GENE MITOCONDRIAL COI EM MEXILHÕES Perna perna (LINNAEUS, 1758) NATURALIZADOS NA COSTA SUL E SUDESTE BRASILEIRA
  • Data: 30/07/2012
  • Mostrar Resumo
  • Perna perna é uma molusco bivalve da família Mytilidae que possui ampla distribuição geográfica. Sua distribuição nativa compreende regiões tropicais e subtropicais da costa africana. Na América do Sul P. perna é considerada uma espécie exótica, provavelmente introduzida desde o período da colonização do Brasil, vindo do continente africano, incrustados em navios negreiros ou em água de lastro. A espécie é encontrada na Venezuela, Uruguai e no Brasil desde a baía Vitória, Espírito Santo, até o Rio Grande do Sul. No Brasil, a espécie possui uma importância na aquicultura, sendo o principal molusco bivalve cultivado. Considerado o seu aspecto econômico e por ser uma espécie introduzida e naturalizada na costa brasileira, o presente estudo tem objetivo caracterizar geneticamente e verificar a estruturação populacional entre amostras desta espécie coletadas na costa brasileira, assim como, tentar inferir sobre a origem das populações fundadoras. Sequências de DNA mitocondrial Citocromo c Oxidase subunidade I (COI) foram utilizadas para avaliar 158 indivíduos amostrados de cinco locais da costa sul e sudeste do Brasil. A população de P. perna apresentou 44 haplótipos para este gene, os quais na rede de haplótipos e árvore filogenética dividiram-se em duas linhagens mitocondriais, haplogrupo 1 (H1 e H2) e haplogrupo 2 (H3 a H44). Comparando os haplogrupos brasileiros com sequências de outras regiões geográficas, obtivemos agrupamento de sequências de COI de P. perna do norte da África (Marrocos e Mauritânia) com o haplogrupo 1, enquanto que as sequências de P. perna da Venezuela e África do Sul ocidental uniram-se ao haplogrupo 2, indicando uma possível rota de colonização dos haplogrupos no Brasil. Apesar da formação de duas linhagens haplotípicas, as amostras das cinco localidades brasileiras, apresentam-se homogêneas, refletindo panmixia dentro das populações e o alto fluxo gênico entre as mesmas.
  • WEMERSON CLAYTON DA SILVA
  • VARIABILIDADE GENÉTICA E ESTRUTURA POPULACIONAL DE Bagre bagre (SILURIFORMES - ARIIDAE) NO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL
  • Data: 27/07/2012
  • Mostrar Resumo
  • VARIABILIDADE GENÉTICA E ESTRUTURA POPULACIONAL DE Bagre bagre (SILURIFORMES - ARIIDAE) NO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL
  • KELLY GONCALVES DA COSTA
  • A DEPENDÊNCIA AO ESTUÁRIO É UMA RESTRIÇÃO AO FLUXO GÊNICO ENTRE POPULAÇÕES DE PEIXES? UM ESTUDO COM Stellifer naso (Jordan, 1889) (PERCIFORMES: SCIANIDAE)
  • Data: 20/07/2012
  • Mostrar Resumo
  • A dinâmica dos estuários torna esses ambientes bastante atrativos para testar o papel dos fatores ecológicos e físicos na diferenciação genética. Neste sentido, a espécie Stellifer naso é considerada um bom modelo biogeográfico para investigar os níveis de variação genética e estrutura populacional, incluindo sua dependência ao ambiente estuarino e limitada capacidade de dispersão por longas distâncias. Nesse estudo, foram investigadas a dinâmica e a intensidade do fluxo gênico de Stellifer naso, com uma amostragem de 149 espécimes de cinco estuários da Zona Costeira Amazônica Brasileira. Para tal, foram utilizadas sequências de DNA da Região Controle Mitocondrial (Dloop). Os índices de diversidade genética observados em todos os estuários apresentaram altos valores de diversidade haplotípica e baixos valores de diversidade nucleotídica, um padrão indicativo de populações que sofreram gargalos com perda de variabilidade genética. Os valores negativos e significativos dos testes de neutralidade apoiaram esta hipótese. O padrão de distribuição visualizado na rede de haplótipos, os valores dos testes de neutralidade Fs e D, e o gráfico de distribuição das diferenças entre os pares de haplótipos com uma curva unimodal suportam a hipótese de que esta espécie experimentou um processo de recente e rápida expansão demográfica. O resultado da AMOVA mostrou que a maior parte da variação genética foi encontrada dentro das populações, evidenciando ausência de estruturação genética entre as populações, com atual fluxo gênico e aparente ausência de barreiras entre os estuários sob estudo. Contudo, foi observado que os haplótipos do Estuário de Gurupi não foram compartilhados com as demais localidades, o que pode ter sido atribuído ao baixo número de indivíduos coletados na área. Embora S. naso seja uma espécie estuarino-dependente e com baixa habilidade de dispersão, a ausência de estruturação genética entre populações da área geográfica estudada pode estar relacionada a mecanismos de dispersão dos adultos. A partir de estimativas de parâmetros sobre taxas de migração, feitas no Software IMa2, foi possível observar um cenário de migração bidirecional com contínuo fluxo gênico entre os diferentes estuários analisados. Com base nesses resultados, conclui-se que a dependência ao estuário não chega a restringir severamente o fluxo gênico entre as populações de Stellifer naso na parte da costa norte brasileira que vai da margem direita da Foz do Amazonas (Soure) até o Maranhão (São Luis).
  • ELLEN REGINA LIMA SOARES
  • O BALANÇO ENTRE IMPACTOS E PRODUÇÃO: QUAIS AMBIENTES ESTÃO OS MELHORES PARA EXTRATIVISMO DE PEIXES ORNAMENTAIS NOS IGARAPÉS DO NORDESTE DO PARÁ?
  • Data: 13/07/2012
  • Mostrar Resumo
  • Com o objetivo de avaliar o potencial econômico de espécies de peixes ornamentais e sua associação com as variáveis ambientais em igarapés da região Nordeste Paraense, foram realizadas coletas durante os anos de 2010 e 2011 em doze igarapés de cinco bacias hidrográficas. Para tanto foi utilizada rede de arrasto (180cm x 90cm e 2mm de malha entre nós adjacentes) durante 90 minutos em cada ponto de coleta. Foram capturados 16.538 indivíduos distribuídos em 4 ordens, 13 famílias e 33 espécies de peixes ornamentais, sendo as ordens predominantes Characiformes, Siluriformes e Perciformes. As espécies mais representativas quanto ao número de indivíduos foram Moenkhausia collettii (35%), Hyphessobrycon rosaceus (20%), Nannostomus beckfordi (8%), Hyphessobrycon heterorhabdus (7%), Hemigrammus ocellifer (5%) e Nannostomus trifasciatus (5%). Juntas, estas espécies totalizaram 80% da amostra. A análise de similaridade realizada com dados de abundância relativa das espécies de peixes ornamentais indicou a existência de diferença significativa entre os igarapés amostrados (ANOSIM; igarapés: R = 0,627, p = 0,01). Quanto aos cálculos de renda relativa, as localidades de Sítio JW e Taciateua estariam relativamente entre as melhores localidades para a pesca ornamental, onde mais de 50% dos indivíduos coletados são de interesse comercial e as rendas relativas estão entre as maiores calculadas. O igarapé Inhangapi se mostrou o menos indicado para a pesca de peixes ornamentais, com um menor percentual de indivíduos ornamentais capturados e menor renda relativa obtida. O padrão de distribuição das espécies ornamentais em relação às características dos habitats mostrou que as espécies de maior valor estão associadas com variáveis distintas. Com esse resultado, não se pode indicar um parâmetro específico do habitat nas localidades estudadas, que indique a presença de espécie ornamental de maior valor.
  • THIELY OLIVEIRA GARCIA
  • EFEITOS DA ESTRUTURA DO HABITAT E DE PAISAGENS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS EM ASSEMBLEIAS DE PEIXES DA AMAZÔNIA ORIENTAL
  • Data: 02/07/2012
  • Mostrar Resumo
  • O objetivo central deste estudo foi avaliar a relação entre as características do habitat do igarapé e o uso e cobertura da terra na composição e estrutura assembléia de peixes de 12 igarapés com diferentes níveis de antropização distribuídos em cinco bacias na Amazônia Oriental. As amostragens de peixes e características do habitat do igarapé foram realizadas trimestralmente entre Setembro de 2010 e Agosto de 2011. Em cada igarapé foi seccionado um trecho 150 metros de comprimento, sendo dividido em trechos de 30 metros para realizar coletas de peixes e dados do habitat do igarapé. Os dados de paisagens foram obtidos através processamento digital de imagem de satélite, a partir da classificação não-supervisionada que possibilitou categorizar três tipos de classes: Floresta Sucessional Secundária/Ombrófila Densa, Uso e Ocupação Urbana e Uso e Ocupação Rural. As informações de paisagens foram quantificadas acima das bacias hidrográficas em três escalas espaciais crescentes, iniciadas a partir das margens dos igarapés. Foi obtido um total de 18.400 espécimes de peixes, referentes a 94 espécies. As assembleias de peixes se estruturaram e responderam de forma diferente às variáveis ambientais e paisagísticas entre os 12 igarapés. Os igarapés Taciateua e Jeju apresentaram valor elevado de indicadores bióticos e foi indicado como possuidores de habitats de boas condições ambientais para espécies. O igarapé Manoel dos Santos apresentou baixos valores de indicadores bióticos, indicado como ambiente em condições de estresse. As variáveis do habitat do igarapé explicaram mais os locais com boas condições ambientais. A paisagem do tipo Uso e Cobertura Rural esteve associada ao local impactado. Na avaliação em menor escala espacial foi detectada paisagem capaz de impactar assembléia de peixes.
  • LUIZ PAULO DE CARVALHO MELO
  • VARIAÇÃO TEMPORAL DO FITOPLÂNCTON DO ESTUÁRIO DO PARACAUARI (COSTA AMAZÔNICA, PARÁ, BRASIL)
  • Data: 29/06/2012
  • Mostrar Resumo
  • O presente trabalho visou analisar a composição e a variação temporal dos organismos da flora fitoplanctônica do estuário do rio Paracauarí, localizado na ilha do Marajó (Pará), e avaliar a influência dos fatores biótico e abióticos sobre sua distribuição. As coletas foram realizadas nictemeralmente, durante os meses de Fevereiro/09, Maio/09, período chuvoso, Agosto/09, Novembro/09, período seco, durante as enchentes e vazantes de sizígia e quadratura. As amostras para a análise qualitativa foram obtidas por meio de uma rede de plâncton de 64 µm de abertura de malha, enquanto que as amostras destinadas às análises quantitativas foram coletadas na subsuperfície da coluna d´água com o auxílio de uma garrafa de Niskin e fixadas em lugol ácido. Os valores de temperatura e salinidade foram medidos in situ com auxílio de um CTD (XR-420), enquanto que para as demais variáveis hidrológicas (oxigênio dissolvido (OD), pH, material particulado em suspensão-MPS e nutrientes dissolvidos), bem como para determinação das concentrações de clorofila a, foram realizadas coletas subsuperficiais de água (0–1 m) com auxílio de uma garrafa de Niskin. A temperatura média da água variou de 28,18°C±0,70 a 29,30°C±0,17 (Fevereiro/2009), apresentando valores significativamente mais elevados nas marés de sizígia (F=8,28; p<0,05) e no mês de Fevereiro/09 (F=8,26; p<0,05). A salinidade média oscilou entre 0,03±0,00 e8,87 ±0,49, exibindo valores significativamente mais elevados no período seco (U=22; p<0,05) e nas marés de sizígia (U=189,5; p<0,05). As concentrações médias de OD oscilaram entre 5,48±0,51 mg.L-1 e 7,99±0,49 mg.L-1, sendo seus valores significativamente mais elevados no período seco (U=33; p<0,05), enquanto que o pH da água manteve-se básico ao longo do período de estudo, variando de 6,98±0,19 e 8,13±0,14 com os valores significativamente mais elevados nas marés de quadratura (U= 244,5; p< 0,05). O (MPS) apresentou médias que oscilaram entre 10,30±12,10 e 120,90±23,08. As concentrações médias de fosfato variaram de 0,11±0,04 µmol L-1 a 0,45±0,13 µmol L-1. As concentrações médias de nitrato dissolvido apresentaram os menores valores durante a enchente de quadratura (QE) do mês de Novembro (0,26±0,11 µmol L-1), enquanto que seus maiores valores foram observados durante a enchente de sizígia (SE) do mês de Maio/2009. As concentrações médias de nitrito de 0,04±0,01 µmol L-1 a 0,44±0,05 µmol L-1 , enquanto que as concentrações médias silicato oscilaram de 9,73±2,62 a 94,11± 24,38 µmol L-1. O fitoplâncton do estuário do Paracauari esteve representado por 39 espécies, distribuídas em 25 famílias e 29 gêneros, pertencentes às divisões Charophyta, Chlorophyta, Dinophyta e Bacillariophyta. Com relação à abundância relativa, a maioria das espécies registradas foi rara, embora muitas delas tenham sido muito frequentes. Os valores médios de densidade fitoplanctônica total oscilaram entre 497,11±302,81 x 10 3 cél L-1 e 2.084,01±997,88 x103 cél L-1, com valores significativamente mais elevados no mês de Maio (U=12; p<0,05). Os fitoflagelados apresentaram densidades médias que oscilaram entre 425,51±302,76 x 103 céls L-1 e 2.012,25±997,71 x 103 céls L-1 com os valores significativamente mais elevados no mês de Maio/2009 (U=11; p<0,05). O microfitoplâncton apresentou valores médios que variaram de 67,83±8,76 103 céls L-1 a 72,33±1,44 céls L-1, sem que fossem observadas diferenças entre os períodos de maré, os meses e os perídos sazonais analisados. A biomassa fitoplanctônica variou de 1,78±1,21 mg m -3 a 21,56±12,83 mg m-3, com valores significativamente mais elevados no período seco (U=204;p<0,05). De forma geral, o estuário do Paracauari mostrou características bem peculiares quando comparado a outros estuários da região, muito embora neste sistema estuarino, bem como em muitos outros da região, as variações de salinidade decorrentes das oscilações das taxas pluviométricas parecem ser o principal controlador da dinâmica temporal das comunidades planctônicas locais. estuarinos ao longo do estudo, sendo o fitoplâncton local representado majoritariamente por espécies neríticas.
  • NAYRA IRES SOZINHO DA SILVA REIS
  • PROCESSOS OCEANOGRÁFICOS E ANTRÓPICOS EM UMA PRAIA AMAZÔNICA (PRINCESA-PARÁ, BRASIL)
  • Data: 28/06/2012
  • Mostrar Resumo
  • Este estudo foi realizado na praia da Princesa que está localizada na Ilha de Maiandeua (47 º 32'05'' e 47 º 34'12'' W, 0 º 34'45'' e 37'30 0 º'' S), na porção nordeste do estado do Pará. A ilha é uma Área de Proteção Ambiental, com uma área de 2378 ha. Os habitantes locais dependem da pesca e da agricultura de subsistência, bem como do artesanato e turismo. A praia possui cerca de 8 km de comprimento e é uma das mais populares da costa amazônica. O objetivo do presente estudo foi conhecer a influência de processos naturais e atividades antrópicas nesta praia de macromaré e fornecer às autoridades locais, diretrizes para a implementação de programas de gestão costeira. Dados antrópicos (uso e ocupação) e naturais (meteorológicos, hidrológicos, hidrodinâmicos, microbiológicos e morfodinâmicos) foram avaliados entre novembro de 2008 e setembro de 2009. Dados meteorológicos (vento e chuva) foram obtidos do Instituto Nacional de Meteorologia entre o período de novembro de 2008 e setembro de 2009. Quatro coletas de mais de 25 horas de duração foram realizadas em períodos de marés de sizígia em novembro de 2008 e março, junho e setembro de 2009. Todas as instalações da praia foram identificadas e georreferenciadas usando um GPS. Um mini correntometro, um CTD, e um medidor de ondas e de marés foram fixados a 4,7 m abaixo do nível médio da maré e programados para coletar médias dos dados a cada 10 minutos. Amostras sub-superficiais de água foram coletadas a cada 3 horas para a medição de dados hidrológico (turbidez, pH e nutrientes dissolvidos) e microbiológicos (clorofila-a e coliformes termotolerantes) com auxílio de uma garrafa oceanográfica de Niskin. No laboratório, as amostras de água foram analisadas de acordo com os métodos específicos apropriados para cada parâmetro. Levantamentos topográficos foram realizados trimestralmente durante o período de estudo. Foram estudadas condições equinociais e não equinociais durante as estações seca e chuvosa para determinar as alterações na morfologia da praia. Parâmetros como alcance de maré (TR), altura modal da onda (Hb), período da onda (T) e velocidade de queda de sedimentos (Ws) foram utilizados de acordo com o modelo conceitual proposto por Masselink e Short (1993). Amostras de sedimento da superfície foram coletadas ao longo do perfil da praia e as amostras foram separadas em laboratório, utilizando um agitador de peneiras (rotap) com peneiras variando de -1,0 a 4,0 Φ. Os veículos motorizados são proibidos na ilha, o único transporte sobre rodas é feitos por carroças. A praia da Princesa é caracterizada pela presença de um pequeno número de construções (bares e casas) nas dunas e zona entre marés. A construção de pousadas ou outros tipos de edifícios nessa praia é estritamente proibido. O esgoto é descartado em fossas precárias construídas nas dunas ou zona entre marés, os resíduos sólidos são despejados nas dunas. Banheiros públicos e chuveiros estão disponíveis apenas nos bares, e seu uso é restrito aos clientes. O consumo de drogas como maconha e cocaína constitui o principal problema social da ilha. Com relação ao clima local, a área apresenta duas estações bem definidas (seca e chuvosa). Durante o período de estudo, a precipitação anual foi de mais de 2000 mm. Os ventos sopraram mais fortes durante a estação seca (principalmente de nordeste), enquanto ventos moderados de nordeste e sudeste foram registrados durante a estação chuvosa. A ilha é margeada por dois estuários, Marapanim e Maracanã e seus ambientes naturais incluem dunas, lagoas e manguezais. Novembro de 2008 (estação seca: menor descarga fluvial) foi caracterizado por apresentar uma alta energia hidrodinâmica, com fortes correntes de maré (até 0,8 m/s) e ondas com alturas de até 1,3 m. Neste mês foram registradas águas mais salinas (até 35), pH alcalino (até 8,5), e com menores concentrações de nutrientes dissolvidos e turbidez (15,81 NTU). Março de 2009 (estação chuvosa: maré equinocial de sizígia) foi também caracterizado por uma energia hidrodinâmica elevada, incluindo ondas de até 1,3 m de altura e fortes correntes de maré (até 0,8 m/s), bem como a maior elevação de maré 5,8m, as mais elevadas concentrações de clorofila-a (até 67,6 mg/m³) e nitrato (até 28,87 μmol/l). Em junho de 2009, o mês de maior descarga fluvial, foi caracterizado por apresentar uma menor energia hidrodinâmica (menor elevação de maré, 4,3 m e correntes de maré de até 0,64 m/s). Neste mês também foram registrados os menores valores de salinidade (4,0) e pH (6,9), enquanto que as concentrações de silicato foram elevadas (até 348,9 μmol / l). O mês de setembro de 2009 (estação seca: maré equinocial de sizígia), também apresentou alta energia hidrodinâmica (altura de maré de 5,8 m e correntes de maré de 0,8 m/s), a maior concentração de fosfato (até 0,92 μmol/l) e nitrito (até 0,49 μmol/l). Com relação aos aspectos morfológicos, esta praia apresenta baixa declividade (1-2º), uma ampla extensão 200-400 m (entre os níveis de maré alta e baixa), com orientação noroeste –sudeste, além de ser composta por areia fina (2,75 e 2,81 Φ). A característica non-barreddissipative predominou durante todo o período de estudo. É possível concluir que as condições climáticas e hidrológicas foram os principais fatores responsáveis pela alta turbidez da água, os altos níveis de oxigênio dissolvido, e as elevadas concentrações de nutrientes dissolvidos e clorofila-a. Apesar de a área de estudo não ter sido afetada por coliformes termotoleranteso uso de drogas e a falta de saneamento básico e coleta de resíduos sólidos são os principais problemas encontrados. Moradores e banhistas vêm sendo alvo de uma série de programas de educação ambiental, e alguns problemas ambientais e sociais já foram resolvidos ou atenuados. No entanto, a fim de garantir a integridade ambiental da praia, os autores sugerem: (i) a construção de um sistema de saneamento adequado público, (ii) a criação de programas de reciclagem de lixo (para reduzir os resíduos sólidos nas dunas), (iii ) incentivos a programas de ecoturismo, (iv) a regulação do uso do solo, e (v) estratégias para controlar o uso de drogas.
  • KETELLYN SUELLEN TEIXEIRA PINTO
  • CONDIÇÕES OCEANOGRÁFICAS, OCUPAÇÃO TERRITORIAL E PROBLEMAS AMBIENTAIS NA PRAIA DO ATALAIA (NORDESTE DO PARÁ, BRASIL)
  • Data: 28/06/2012
  • Mostrar Resumo
  • A conservação e gestão da zona costeira da região amazônica merecem atenção especial, devido à riqueza de seus recursos naturais. O presente estudo visa avaliar os impactos dos eventos naturais e atividades humanas na praia de Atalaia, situada no estado do Pará (Brasil), e o desenvolvimento de diretrizes para a implementação de programas de gestão costeira. Os dados foram coletados entre novembro/2008 e novembro/2010. Quatro conjuntos de variáveis foram avaliados: (i) variáveis físicas (climatologia, hidrodinâmica e morfodinâmica), (ii) variáveis hidrológicas (temperatura da água, salinidade, pH, turbidez, oxigênio dissolvido e nutrientes inorgânicos dissolvidos, clorofila a e níveis de coliformes termotolerantes), (iii) desenvolvimento urbano e (iv) distribuição espacial de serviços e infraestrutura. Os resultados indicam que o clima e as condições hidrodinâmicas foram os principais fatores responsáveis pelas flutuações na qualidade de água, turbidez, oxigênio dissolvido, nutrientes inorgânicos dissolvidos e concentrações de clorofila a. A descarga de esgoto doméstico não tratado foi responsável pela contaminação bacteriológica, embora a rápida turbulência decorrente da alta energia hidrodinâmica do ambiente tenha limitado a contaminação por coliformes termotolerantes. Esta alta energia hidrodinâmica, principalmente durante as marés equinociais de sizígia e a falta de planejamento urbano gera outros problemas, tais como a erosão costeira. A área de estudo é caracterizada por altas taxas pluviométricas (> 1900 mm durante a estação chuvosa), ventos de NE com velocidades médias mensais superiores a 4,36 m/s na estação seca e 3,06 m/s na estação chuvosa, condições de macromaré (alcance da maré > 4,0 m), velocidades moderadas de correntes de maré (superior a 0,5 m/s) e alturas de ondas significantes superior a 1,5 m. Em março e junho (meses chuvosos), a corrente de maré vazante alcançou um máximo de 0,4 m/s. O ciclo de maré foi fracamente assimétrico com a maré vazante durando mais de 6 horas e 40 minutos. A energia das ondas foram fracamente moduladas pela maré baixa devido à atenuação das ondas em bancos de areia. A temperatura da água foi relativamente homogênea (27,4°C a 29,3°C). A salinidade variou de 5,7 (junho) a 37,4 (novembro). A água foi bem oxigenada (superior a 9,17 mg/L), turva (superior a 118 NTU), alcalina (acima de 8,68) e eutrófica (máximo de 2,36 µmol/L para nitrito, 24,34 µmol/L para nitrato, 0,6 µmol/L para fosfato e 329,7 µmol/L para silicato), além de apresentar altas concentrações de clorofila a (acima de 82 mg/m³). As condições naturais observadas no presente estudo indicam a necessidade de uma revisão dos critérios hidrológicos usados para avaliação de praias por agências nacionais e internacionais e sua adaptação para a realidade da costa amazônica. A falta de sistema de saneamento público levou a contaminação bacteriológica e a perda da qualidade da água. Com relação ao estado morfodinâmico, as condições dissipativas foram encontradas durante alta a moderada energia hidrodinâmica (condições equinociais e não-equinociais), porém em novembro as maiores alturas de ondas geraram características de barred dissipative, enquanto nos outros meses características non-barred foram dominantes. Desta forma, o modelo proposto por Masselink & Short (1993) parece não ser ideal para ser aplicado em praias com características similares a praia de Atalaia, na qual a energia das ondas é modulada pela presença de bancos de areia durante algumas fases da maré.
  • IRACELY RODRIGUES DA SILVA
  • INFLUÊNCIA DE PROCESSOS OCEANÓGRAFOS E ATIVIDADES ANTRÓPICAS NA QUALIDADE DAS PRAIAS DE SÃO LUIS: IMPLICAÇÕES PARA O GERENCIAMENTO COSTEIRO
  • Data: 27/06/2012
  • Mostrar Resumo
  • Esta tese apresenta resultados de uma pesquisa sobre a qualidade de praias turísticas, realizada na região metropolitana de São Luís, estado do Maranhão. A cidade de São Luís foi declarada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, entretanto nas últimas décadas, o crescimento urbano ao longo da costa tem causado sérios problemas ambientais em suas praias. O presente estudo analisa a qualidade de quatro praias de São Luís (Ponta d’Areia, São Marcos, Calhau e Olho d’Água), considerando a ocupação territorial, os aspectos climatológicos, morfodinâmicos, hidrológicos, o perfil de usuários, a carga recreacional e a percepção ambiental. As quatro praias apresentam ocupação inadequada em zonas de dunas, intermarés e /ou falésias, e processos erosivos também foram observados. A qualidade da água das praias tem sido comprometida pelo descarte de esgoto lançados in natura, os quais contribuem para os níveis de coliformes termotolerantes acima do padrão permitido pela legislação brasileira. Como uma conseqüência, a capacidade de carga recreacional de cada praia foi influenciada. Os resultados obtidos poderão contribuir com futuros planos de gestão para esta costa e medidas urgentes para minimizar os problemas ambientais encontrados são recomendadas.
  • FABIO BARROSO FERREIRA
  • IDENTIFICAÇÃO DE ASSEMBLÉIAS DE PEIXES: COMBINANDO DADOS MOLECULARES E ECOLÓGICOS SOBRE A ICTIOFAUNA DA COSTA NORTE DO RIO AMAZONAS (ORIXIMINÁ-PRAINHA).

  • Data: 27/06/2012
  • Mostrar Resumo
  • Atualmente a biodiversidade está sendo reconhecida como um importante indicador para a saúde de ecossistemas. Porém, o conhecimento sobre a mesma ainda se encontra limitada por vários fatores como a pouca cobertura espacial e baixa densidade nas amostragens, bem como a capacidade limitada de identificação ou descrição correta das amostras em um curto espaço de tempo. Neste sentido, o uso de DNA barcode tem sido proposto como meio rápido de identificar táxons, que ao mesmo tempo incorpora informações filogenéticas em estudos ecológicos, permitindo comparações de padrões de diversidade entre diferentes regiões. O estudo foi realizado em 13 igarapés localizados ao longo de cinco bacias na região da Calha Norte, Oeste do estado do Pará, Brasil, onde foram capturados um total de 1.965 espécimes de peixes, distribuídos em 146 espécies, 91 gêneros, 29 famílias e 10 ordens, sendo as ordens Characiformes e Siluriformes predominantes em todas as bacias. A bacia do Jauaru, com o ponto P3, e a bacia do Maicuru, com o ponto P14, apresentaram os maiores valores de diversidade. Foram encontradas varias espécies que apresentaram linhagens distintas entre as localidades, indicando divergências históricas. Crenicichla saxatilis mostrou alta variação morfológica, no entanto, quase nenhuma variação nas sequências de barcode, sendo assim considerado um organismo com plasticidade fenotípica significante que pode facilmente se adaptar a uma variedade de ambientes. De forma geral, nossos resultados demonstram a eficácia do DNA barcoding para discriminar as espécies e ajudar determinar a biodiversidade real de uma região, além da sua aplicabilidade nas abordagens de diversidade ecológica, fornecendo resultados adicionais comparado com os índices de diversidade tradicionais.

  • DANIELY DO SOCORRO NOBRE DE SOUZA
  • VARIAÇÃO TEMPORAL DO ZOOPLÂNCTON DE UM ESTUÁRIO TROPICAL (BRAGANÇA- PARÁ - BRASIL)

     

  • Data: 26/06/2012
  • Mostrar Resumo
  • A composição, ocorrência e distribuição do zooplâncton no estuário do Taperaçu (Pará - Brasil) e o efeito das variáveis hidrológicas sobre a comunidade destes organismos foram estudadas nos meses de janeiro, abril, julho e outubro de 2005. As coletas de plâncton ocorreram em uma estação fixa (00º55'06.8" lat. S e 46º44'0" long. W) localizada no canal do estuário do Taperaçu, em intervalos de 3 horas durante um período de 24 horas. As amostras foram obtidas através de arrastos subsuperficiais de 3 minutos realizados com rede de plâncton cônico-cilíndrica de 120 mm de abertura de malha, provida de um fluxômetro que auxiliou na determinação do volume de água filtrada pela rede. Medidas simultâneas de salinidade, temperatura, oxigênio dissolvido e pH foram realizadas na superfície da coluna d’água com o auxílio de um analisador multi-parâmetro (WTW, Model 304i). Durante o período de estudo, o estuário do Taperaçu caracterizou-se por apresentar variações temporais das variáveis hidrológicas (salinidade, temperatura, oxigênio dissolvido e pH) e dos índices ecológicos (diversidade, equitabilidade e riqueza) com valores significativamente mais elevados no período seco. A comunidade zooplanctônica foi representada por 64 taxa, sendo a subclasse Copepoda constituída por 79,2% da densidade total dos organismos coletados. O zooplâncton do estuário do Taperaçu esteve constituído por espécies estuarinas, costeiras e marinhas, destacando-se P. quasimodo, P. marshi, O. oswaldocruzi e O. dioica. Sendo que a espécie P. marshi teve sua ocorrência limitada ao período chuvoso, apresentando correlação negativa com os valores de salinidade (p= 0,001). A espécie O. dioica se correlacionou de forma positiva e significativa com a salinidade (p= 0,001), apresentando valores mais elevados no período seco. A análise de agrupamento revelou que os meses analisados (janeiro, abril, julho e outubro) não representaram de forma clara a sazonalidade da região bragantina no ano de 2005. A redução da precipitação pluviométrica na região influenciou a composição, ocorrência e distribuição dos organismos zooplanctônicos do estuário do Taperaçu, o que foi constatado pelas altas densidades de O. oswaldocruzi e P.quasimodo durante todo o período estudado e também pelo fato das amostras do mês de janeiro terem se agrupado com as do período seco. De uma forma geral, os dados obtidos sugerem que a salinidade, influenciada pela pluviometria, constituiu o fator central na regulação da ocorrência, distribuição e composição das comunidades zooplanctônicas do estuário do Taperaçu e a dominância de espécies marinhas e estuarinas indicam uma forte influência de águas marinhas no presente estuário.

  • DENISE KELLY LIMA SODRE
  • COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE LARVAS E JUVENIS DE PEIXES EM UM ESTUÁRIO AMAZÔNICO (PARÁ, BRASIL)

  • Data: 26/06/2012
  • Mostrar Resumo
  • A zona costeira Amazônica apresenta uma grande diversidade de habitats e riqueza de espécies. Neste sentido, os ambientes estuarinos destacam-se por apresentarem elevadas concentrações de nutrientes e matéria orgânica, que atendem as necessidades nutricionais de diversas espécies, dentre as quais destacam-se os peixes. Um grande número de espécies de peixes possui parte do seu ciclo vital associado a estuários, pois são considerados berçários da natureza, proporcionando alta proteção contra predadores nos estágios iniciais. Com a finalidade de avaliar a distribuição espacial e temporal de larvas e juvenis de peixes no estuário do Taperaçu (norte do Brasil) e sua relação com algumas variáveis ambientais, foram realizadas coletas no período de janeiro a dezembro de 2008 durante marés de sizígia em duas estações fixas no estuário. As amostras foram obtidas com o auxílio de uma rede de plâncton do tipo cônico-cilindrica, com abertura de malha de 500 µm provida de um fluxômetro, durante marés vazante e enchente. Parâmetros ambientais tais como salinidade, temperatura e oxigênio dissolvido na água foram medidos in situ, enquanto pH e turbidez mensurados em laboratório. Não foram observadas diferenças significativas em relação às marés vazantes e enchentes para os fatores abióticos, no entanto valores significativamente mais elevados foram registrados para a salinidade (F=5,34; p<0,05) e o oxigênio dissolvido (F=5,35; p<0,05), durante  o período seco. Um total de 5175 indivíduos foram identificados, pertencentes a 17 famílias e 37 espécies. Considerando os dois locais de amostragem as famílias mais representativas foram Clupeidae, Engraulidae e Sciaenidae. As espécies que dominaram a estrutura da comunidade local foram R. amazonica, A. clupeoides, S. stellifer e M. meeki, as quais destacaram-se tanto em termos de abundância relativa quanto em frequência de ocorrência. A densidade total variou de 0,00 org.100m3 a 436,91 org.100m3  na estação 2, enquanto que na estação 1 estes valores variaram de 6,28 org.100m3 a 696,72 org.100m3. As maiores densidades foram registradas durante o período chuvoso, diferenças significativas foram observadas entre as estações de estudo, sendo os maiores valores registrados na estação mais interna, durante as marés enchentes (F=13,35; p<0,05). Através do ANOSIM, foi possível observar que houve diferenças significativas entre as estações de amostragem e entre períodos seco e chuvoso, no entanto a significância foi maior entre estações de amostragem (R=0,415; p=0,001), que entre períodos sazonais (R= 0,222; p=0,007). De forma geral o estágio de flexão foi o mais abundante em ambos os locais indicando que o estuário é utilizado como área berçário e de criação de varias espécies de peixes. A abundância das principais espécies esteve relacionada ao tipo de preferencial habitat, pois são espécies residentes, ou seja, completam todo seu ciclo de vida dentro do estuário. A estrutura da comunidade larval durante o período de estudo foi influenciada pelo padrão sazonal da salinidade, no entanto apenas este fator não explica a diferença na distribuição da comunidade entre locais de amostragem. Outras variáveis como velocidade das correntes, geomorfologia e hidrodinâmica local devem ser consideradas.

  • REGIANE DO SOCORRO COSTA BESSA
  • COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO TEMPORAL DO ZOOPLÂNCTON DO ESTUÁRIO DO RIO PARACAUARI (ILHA DO MARAJÓ-PARÁ)
  • Data: 25/06/2012
  • Mostrar Resumo
  • Devido à escassez de informações sobre a dinâmica da comunidade zooplanctônica ao longo do ecossistema costeiro amazônico, o presente estudo tem como objetivo principal avaliar a influência das variáveis hidrológicas na composição e abundância do zooplâncton no estuário do rio Paracauari (Norte do Brasil). As amostragens de campo foram realizadas em uma estação fixa (0o44’15.4’’S – 48º31’07.5’’W), com o zooplâncton coletado a cada três meses, de fevereiro a dezembro de 2009, através de arrastos horizontais na sub-superfície na coluna da água, utilizando uma rede de plâncton com 200 μm de abertura de malha, a qual foi acoplada um fluxômetro, a fim de estimar o volume de água filtrada através da boca da rede. Os organismos foram coletados a intervalos regulares de três horas durante um período de 24 horas, resultando um total de 32 amostras. As variáveis temperatura e salinidade foram medidas in situ com o auxílio de uma sonda de Condutividade-Temperatura-e- Profundidade (CTD). Amostras adicionais de 600 ml de água foram coletadas com garrafas oceanográficas de Niskin para determinação em laboratório do potencial hidrogeniônico (pH), oxigênio dissolvido (OD) e concentrações de clorofila-a, a qual foi determinada através da análise espectrofotométrica. Os valores médios (±DP) de salinidade variaram entre 0,58 ± 0,15 (fevereiro) a 8,83 ± 0,44 (dezembro), enquanto que o pH manteve-se levemente alcalino, oscilando entre 7,05 ± 0,04 (dezembro) e 8,10 ± 0,11 (maio). A temperatura da água e OD aumentaram de 28,0 ± 0,51ºC (dezembro) a 29,0 ± 0,33ºC (fevereiro), e 5,63 ± 0,38 mg.L-1 (fevereiro) a 7,08 ± 0,45 mg.L-1 (agosto), respectivamente. As concentrações de clorofila a oscilaram entre 3,16 ± 2,48 mg.m-3 (maio) a 16,41 ± 10,34 mg.m-3 (dezembro). Um total de 35 táxons, distribuídos entre nove Filos (Foraminifera, Cnidaria, Nematoda, Annelida, Arthropoda, Mollusca, Bryozoa, Chaetognatha e Chordata) foram registrados. O filo Arthropoda foi qualitativamente o mais representativo, com a subclasse Copepoda apresentando elevada abundância e número de espécies, dentre as quais Pseudiaptomus richardi, Pseudodiaptomus gracilis, Acartia tonsa e Leptodiaptomus sicilis foram as numericamente dominantes durante o período de estudo. As menores densidades zooplanctônicas foram registradas em maio (351.5 ind.m-3), enquanto que as maiores foram observadas em dezembro (3,774.3 ind.m-3). A ix estação chuvosa foi caracterizada pela predominância de organismos estuarinos, enquanto que durante a estação seca foi observado um domínio de organismos marinhos. P. richardi, larvas de bivalve, larvas de gastropoda e Brachyura (zoea e megalopa) estiveram presentes em 100% das amostras durante este período. As análises de agrupamento mostraram a separação das amostras em três grupos. Tais separações foram relacionadas com as flutuações de salinidade, OD e clorofila-a. Portanto, a variabilidade temporal destes parâmetros mostrou ter afetado diretamente a estrutura da comunidade zooplanctônica no estuário do rio Paracauari.
  • KATIA CRISTINA DE ARAUJO SILVA
  • DIVERSIDADE E ESTRUTURA DAS COMUNIDADES DE CRUSTÁCEOS NA PLATAFORMA CONTINENTAL AMAZÔNICA

  • Data: 15/06/2012
  • Mostrar Resumo
  • Os crustáceos identificados são provenientes de 10 cruzeiros de prospecções pesqueiras realizados pelo navio de pesquisa “Almirante Paulo Moreira”, pertencente ao Centro de Pesquisa e Gestão do Uso dos Recursos Pesqueiros do Litoral Norte (CEPNOR/IBAMA), no período de 1996 a 1998. A área estudada compreende a costa dos estados do Amapá e Pará, inseridos na zona econômica exclusiva do norte do Brasil, aqui denominadas áreas ao norte e ao sul do Cabo Norte, respectivamente. Os exemplares foram capturados com rede de arrasto de fundo para camarão. Depois das coletas foram acondicionados em basquetas com gelo, e etiquetadas, com data, lance de pesca e posição. Os indivíduos foram identificados no laboratório de Crustáceos do CEPNOR e no laboratório de Carcinologia do Departamento de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco, com o auxílio de bibliografia pertinente. Esta tese está composta por seis capítulos. No Capítulo I há uma Apresentação Geral.  No Capítulo II foi verificada que a fauna está composta por 92 espécies distribuídas entre: anomuras (Uroptychus nitidus, Agononida longipes, Munida atlantica, Munida iris, Munida valida, Munidopsis sigsbei, Porcellana sayana, Albunea paretii, Lithodes manning e Paralomis granulosa); camarões dendrobranquiatas (Aristaeopsis edwardsiana, Aristeus antillensis, Farfantepenaeus brasiliensis, Farfantepenaeus subtilis, Mesopenaeus tropicalis,  Penaeopsis serrata, Rimapenaeus constrictus, Rimapenaeus similis, Sicyonia dorsalis, Sicyonia stimpsoni, Sicyonia typica, Solenocera atlantidis, Solenocera geijskesi e Xiphopenaeus kroyeri); camarões carídeos  (Acanthephyra eximia, Exhippolysmata oplophoroides,  Glyphocragon alispina, Glyphocrangon neglecta, Glyphocragon spinicauda, Oplophorus gracilirostris, Nematopalaemon schmitti, Heterocarpus ensifer, Plesionika acanthonotus, Plesionika ensis, Plesionika martia e Psalidopus barbouri); caranguejos (Anasimus latus, Calappa nitida, Calappa ocellata, Calappa sulcata, Cryptosoma bairdii, Dromia erythropus, Hepatus gronovii, Hepatus pudibundus, Hepatus scaber, Holoplites armatus, Leiolambrus nitidus, Libinia bellicosa, Libinia ferreirae, Mithrax hispidus,  Moreiradromia antillensis, Myropsis quinquespinosa, Nemausa acuticornis, Nemausa cornuta, Paractaea nodosa, Paradasygyius tuberculatus, Persephona lichtensteinii, Persephona mediterranea, Persephona punctata, Planes major, Platylambrus serratus, Raninoides laevis, Rochinia confusa, Rochinia crassa, Rochinia umbonata, Stenorhynchus seticornis e Stenocionops spinosissimus); estomatópodes (Lysiosquilla scabricauda, Parasquilla meridionalis, Squilla empusa e Squilla lijdingi); isópodes (Bathynomus giganteus e Bathynomus miyarei); lagostas (Palinustus truncatus, Panulirus argus, Parribacus antarcticus, Scyllarides delfosi, Acanthacaris caeca, Nephropsis aculeata, Nephropsis rosea, Polycheles typhlops e Stereomastis sculpta) e portunídeos (Callinectes danae, Callinectes marginatus, Callinectes ornatus, Chaceon sp., Cronius ruber, Portunus (Anchelous) ordwayi, Portunus (Anchelous) spinicarpus, Portunus (Anchelous) spinimanus, Portunus (Portunus) anceps e Portunus (Portunus) rufiremus). No Capítulo III, foi constatado que os estomatópodos foram mais comuns na plataforma continental externa (60 – 100 m) ao norte e ao sul, na plataforma continental média (40 – 60 m); o grupo foi encontrado preferencialmente em fundo de cascalho na área ao norte e em lama ao sul; ao norte as espécies foram mais abundantes no período seco (junho a novembro), já ao sul, no chuvoso. No Capítulo IV, foi verificado que a maioria dos isópodes foi capturada na divisão mesopelágica do talude (200 – 1.000 m) ao norte e ao sul foram exclusivos nesta divisão; apresentaram preferência por cascalho ao norte e por areia cascalhosa ao sul; ao norte as espécies foram mais abundantes no período seco (junho a novembro) e ao sul no chuvoso (dezembro a maio). No Capítulo V, foi constatado que as lagostas foram mais comuns no talude mesopelágico (200 a 1.000 m) ao norte e na plataforma continental externa (60 a 100 m) ao sul; o grupo foi encontrado preferencialmente em fundo de areia lamosa ao norte e ao sul em areia cascalhosa e areia lamosa; ao norte as espécies foram mais abundantes no período seco (junho a novembro) e ao sul no chuvoso (dezembro a maio). No Capítulo VI (Parte 1), foi verificado que os camarões dendronbranquiatas foram mais comuns na plataforma continental externa (60 a 100 m) ao norte e na média (40 – 60 m) ao sul; o grupo foi encontrado preferencialmente em fundo de cascalho ao norte e ao sul em lama; ao norte as espécies foram capturadas apenas no período seco (junho a novembro) e ao sul preferencialmente no seco (junho a novembro). No Capítulo VI (Parte 2), foi constatado que os camarões carídeos foram mais comuns no talude mesopelágico (200 – 1.000 m) em ambas as áreas; o grupo foi encontrado preferencialmente em fundo de cascalho ao norte e ao sul em areia lamosa; ao norte as espécies foram capturadas preferencialmente no período seco (junho a novembro) e ao sul preferencialmente no chuvoso (dezembro a maio). A área ao norte apresentou uma menor riqueza de espécies em relação ao sul, porém, 34 espécies ocorreram em ambas.

  • WILTON PIRES DE ARAUJO JUNIOR
  • CONECTIVIDADE HIDRODINÂMICA ENTRE DOIS ESTUÁRIOS AMAZÔNICOS DE MACROMARÉ

  • Data: 31/05/2012
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo teve como objetivo principal investigar a conectividade hidrodinâmica entre os estuários do Taperaçu e Caeté através do Canal do Taici, localizado no setor leste da Zona Costeira Amazônica, no Estado do Pará. Foram realizadas medições de altura da maré, velocidade e direção de correntes, salinidade e concentração de sedimento em suspensão (CSS) em cada umadas extremidades do canal. Medições adicionais foram efetuadas também na porção média da extensão do canal. As campanhas foram realizadas durante as estações de seca e chuvosa, em situações de sizígia e quadratura. Os resultados revelaram que, como esperado, o canal do Taici está sujeito a uma forte assimetria de maré, com vazantes notadamente mais longas. De maneira geral, durante a enchente o fluxo de água é direcionado para o interior do canal e manguezais contíguos, fluindo de maneira oposta durante a vazante. Por outro lado, a fase de enchente é mais longa e se inicia antes no lado do Caeté. No ponto localizado na porção média, durante a enchente a água flui para o Taperaçu e durante a vazante flui para o Caeté. As alturas de maré no lado do Caeté foram maiores que no lado do Taperaçu em ambos os períodos do ano, tanto na sizígia quanto na quadratura. As velocidades de corrente de vazante atingiram os valores máximos de 1,5 m.s-¹ no lado do Taperaçu e 1,1 m.s-¹ no Caeté, enquanto que na enchente as velocidades máximas foram de 0,9 e 0,8 m.s-¹ no lado do Taperaçu e Caeté, respectivamente. Os dados mostraram ainda que as variações nos valores de CSS são complexas, podendo estar associadas com a oscilação de nível d’água, velocidade de corrente, disponibilidade local de sedimentos e, em alguns casos, com ocorrência de chuvas. Além da direção das correntes, a salinidade foi um parâmetro muito importante na investigação da conectividade hidrodinâmica, em função do grande contraste entre as águas do Taperaçu (salgada) e do Caeté (salobra). Combinando os dados hidrodinâmicos, CSS e de salinidade, é possível afirmar que existe uma conexão hidrodinâmica entre os estuários do Taperaçu e Caeté através do Canal do Taici. Essa conexão é representada pelo fluxo de água do Caeté para o Taperaçu durante o início da fase de enchente, tanto no período chuvoso, quanto no período seco, tanto em sizígia, quanto em quadratura.Porém, durante o período seco e durante a quadratura, essa conexão é mais restrita, devido ao reduzido volume de água doce presente no sistema e a baixa altura de maré, respectivamente. Embora as medições não tenham ocorrido simultaneamente em ambas as extremidades, foi possível observar que a maré de enchente atinge o lado do Caeté antes do que no lado do Taperaçu, onde o grande preenchimento estuarino retarda o avanço da maré de enchente. Assim, se estabelece um gradiente de pressão pela diferença de nível d’águaem cada um dos estuários, resultando no fluxo de água do Caeté para o Taperaçu. Quando a maré de enchente se estabelece no último, o fluxo Caeté-Taperaçu é interrompido. Na vazante não existe indícios da ocorrência do processo oposto. Portanto, a hidrodinâmica no canal do Taici e o fluxo entre os estuários são controlados pela complexa combinação entre a assimetria de maré, a defasagem de maré entre os estuários, assim como pelo regime sazonal de chuvas, descarga fluvial do rio Caeté e pelas diferenças morfológicas dos estuários.

  • ROSA MARIA DA SILVA RODRIGUES
  • ANÁLISE DA DIVERSIDADE E ESTRUTURA GENÉTICA POPULACIONAL DE TRÊS CIANÍDEOS, Cynoscion acoupa, Macrodon atricauda e Stellifer rastrifer SCIAENIDAE-PERCIFORMES), DO OESTE DO ATLÂNTICO SUL
  • Data: 25/05/2012
  • Mostrar Resumo
  • A família Sciaenidae abriga importantes recursos pesqueiros em nível mundial. Apesar disso, ainda são escassas as informações sobre a dinâmica populacional de muitas espécies, principalmente no que diz respeito aos padrões de diversidade e estrutura genética das populações, dados que podem fornecer subsídio para o gerenciamento pesqueiro. Considerando tais lacunas, o presente trabalho investigou a diversidade genética e estrutura genética populacional de três espécies de cianídeos, Cynoscion acoupa, Macrodon atricauda e Stellifer rastrifer, por meio de marcadores mitocondriais (região controle) e também nuclear (microssatélites), no caso de C. acoupa. As espécies apresentaram graus variados de estruturação genética ao longo da costa brasileira. Para C. acoupa os resultados mostraram dois estoques distintos, com padrões de diversidade genética extremamente diferente entre os estoques norte e sudeste do Brasil, que pode estar relacionado a diferentes eventos demográficos que ocorreram nas populações. Para S. rastrifer as análises revelaram forte estruturação genética entre norte e sul da costa brasileira, influenciada possivelmente por fatores ambientais. Os níveis de diversidade genética do estoque norte de S. rastrifer foram mais elevados do que o estoque sul e ambos apresentaram história demográfica compatível com recente expansão populacional. Em relação a M. atricauda, os resultados revelaram moderada subestruturação genética entre as populações da costa sudeste e sul, podendo ser influenciada pelo hábito de vida da espécie e por características ambientais. O padrão de distribuição da diversidade genética de M. atricauda pode estar ligado a processos históricos de colonização, com expansão das populações do sudeste em direção ao sul. Os resultados do presente estudo corroboram a eficiência dos marcadores moleculares utilizados para discriminação de estoques genéticos e dos padrões de variação genética em uma escala mais refinada.

  • SALENE SAMARA DA COSTA ALENCAR
  • TAXONOMIA, ESTRUTURA POPULACIONAL E FILOGEOGRAFIA DE Larimus breviceps (SCIAENIDAE) DO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL ATRAVÉS DE DADOS MITOCONDRIAIS E NUCLEARES
  • Data: 24/05/2012
  • Mostrar Resumo
  • Larimus breviceps é a única espécie do gênero descrita para o oeste do Atlântico e tem ampla distribuição, que vai das Antilhas Maiores e Costa Rica até Santa Catarina no sul do Brasil. Porém, estudos filogenéticos sugeriram ter ocorrido especiação no oceano Atlântico para este táxon, desta forma uma avaliação abrangente envolvendo populações da maior parte do alcance da espécie, ao longo da costa brasileira, foi realizado com o objetivo de testar a hipótese de especiação para Larimus no oeste do Atlântico sul, bem como para tentar detectar possíveis barreiras ao fluxo gênico das populações e/ou espécies. Sequências de DNA mitocondrial (Cit b, COI e Região controle) e nuclear (Tmo-4C4 e Intron I do fator do crescimento semelhante à insulina), além de análises morfométricas foram utilizadas para avaliar 364 indivíduos amostrados de sete locais da costa brasileira. Nossos resultados mostraram que Larimus, passou por processo de especiação alopátrica dando origem a duas espécies, denominadas grupo I e grupo II, que expandiram seus alcances e hoje coexistem ao longo do Atlântico sul ocidental. A diversificação dos táxons pode ter sido causada por isolamento de populações em refúgios ao Norte e ao Sul da distribuição de Larimus durante glaciações do Mioceno e estes expandiram seus alcances em períodos interglaciais após a temperatura marinha se tornar mais amena. Análises intraespecíficas sugerem que o grupo I pode ser considerado uma grande população panmítica, enquanto que o grupo II possui dois estoques geneticamente diferenciados, denomidados grupo II-A e II-B, onde a temperatura marinha parece ser o fator responsável pela estruturação dos mesmos. Além da diferenciação a nível molecular, as espécies encontradas apresentaram diferenças em relação ao tamanho da cabeça e do corpo, no entanto estas ainda não são tão acentuadas. Ao longo de seu alcance os grupos de Larimus habitam o mesmo nicho ou nichos muito similares e desta forma a seleção estabilizadora pode estar promovendo a retenção de características morfológicas apesar da grande diferenciação genética.
  • YRLENE DO SOCORRO SILVA FERREIRA
  • FILOGEOGRAFIA E ESTRUTURA POPULACIONAL DA PESCADA BRANCA (Cynoscion leiarchus – SCIAENIDAE) DO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL
  • Data: 24/05/2012
  • Mostrar Resumo
  • Embora o ambiente marinho pareça conectado e sem barreiras à dispersão sub-estrutura populacional já foi detectada em muitas espécies marinhas e pode estar relacionada à fatores ambientais, hábitos de vida, requerimentos ecológicos das espécies e a eventos históricos como glaciações. A espécie alvo deste estudo, Cynoscion leiarchus, pertence à família Sciaenidae e se distribui em ampla área, desde o Panamá até o Sudeste do Brasil. Considerando as diferenças hidrográficas, geomorfológicas, oceanográficas e climáticas ao longo da área de ocorrência de C. leiarchus, um estudo filogeográfico é importante para conhecer o grau de conectividade entre os estoques da costa brasileira. Nesse estudo foram utilizados fragmentos da região controle e citocromo b, do DNA mitocondrial, para avaliar a estrutura genética populacional e filogeografia de C. leiarchus ao longo da costa brasileira. Os resultados sugerem dois grupos geneticamente diferenciados, um ao longo das costas Norte e Nordeste do Brasil e outro na costa Sudeste onde adaptações destes às condições termais do ambiente marinho pode ser o fator responsável por este padrão. A história demográfica, os testes de neutralidade e dados de diversidade genética sugerem que expansão populacional ocorreu nestes grupos durante o Pleistoceno.
  • MARIA JOSIANE DA SILVA NERY
  • CARACTERIZAÇÃO DO SOLO E DA UMIDADE EM DOIS TIPOS DE RESTINGA DA COSTA AMAZONICA E A INFLUENCIA DESTES FATORES NO CRESCIMENTO DAS ESPÉCIES VEGETAIS
  • Data: 30/04/2012
  • Mostrar Resumo
  • As restingas estão presentes ao longo da costa nordeste do Pará, Amazônia brasileira. Em geral, ocorrem sobre áreas não atingidas pelas marés altas, porém vizinhas a manguezais e campos inundáveis. Na Península de Ajuruteua, Bragança-Pa, estudos prévios mostraram mudanças na vegetação destas áreas na medida em que aumenta a distância da atual linha de costa. Assim, granulometria, teor de matéria orgânica, coloração e dinâmica hídrica do solo foram investigados em duas áreas da Península de Ajuruteua (uma próxima e uma distante da atual linha de costa). Em locais correspondentes em três regiões ao longo da costa do Pará (Curuçá, Primavera e Augusto Corrêa), foram realizados levantamentos rápidos da vegetação e descrição de solo (granulometria, teor de matéria orgânica e coloração) em áreas próximas e distantes da atual linha de costa. Cada uma destas áreas foi visitada duas vezes durante diferentes períodos do ano para amostragem do solo e vegetação; o material do acervo do Herbário do Instituto de Estudos Costeiros da Universidade Federal do Pará (HBRA) foi utilizado para comparação entre a vegetação de Bragança e as demais áreas. Para a análise do solo, amostras (com duas réplicas) foram extraídas em profundidades de 0-10 cm e 40-50 cm. A granulometria foi realizada através de peneiras, o teor orgânico foi determinado através de comparação do peso seco antes e depois de oxidação com H2O2. Cores de amostras de solo seco foram definidas por comparação com as tabelas de Munsell. O monitoramento do lençol freático, feito apenas em Bragança, foi realizado através da instalação de poços, que foram utilizados também para medir a tensão da água no solo com o uso de tensiômetros. Todas as áreas próximas da praia compartilham vegetação herbáceo-arbustiva com composição florística similar e areia fina como fração predominante do solo. Em contraste, áreas distantes da praia foram dominadas por florestas de composição heterogênea; a fração predominante do solo foi areia muito fina, exceto Curuçá/distante da praia, que exibiu frações de areia mais grossa. O teor de matéria orgânica no solo foi significativamente mais alto na camada superior do solo e também significativamente mais alto nas áreas distantes da praia. Em Bragança, o nível do lençol freático nos locais próximos à praia variou com a precipitação, baixando rapidamente abaixo de 2 m durante a estação seca; na área de estudo distante da praia, o lençol freático mostrou dinâmica similar, mas ficou mais próximo da superfície durante a estação chuvosa. A tensão da água no solo mostrou um aumento negativo da pressão durante a transição para a estação seca; durante esse período, medidas indicaram que o solo estava completamente seco. Diferenças na vegetação entre as áreas próximas e distantes da praia e características correspondentes no solo indicaram um maior estresse ambiental nas comunidade vegetais próximas à praia.
  • ADRIANO AUGUSTO VILHENA MARTINS
  • ANALISE MORFOMÉTRICA DE DIFERENTES POPULAÇÕES DE Rhinella marina (BUFONIDAE, ANURA) DA BACIA AMAZÔNICA.
  • Data: 30/04/2012
  • Mostrar Resumo
  • No presente estudo foi realizadaanálise morfométrica de diferentes populações amazônicas de sapo cururu, Rhinella marina, separadas pelo Rio Amazonas. O estudo foi conduzido utilizando como ferramentas, análises multivariadas tanto a partir de dados morfométricos obtidos à partir de tratos anatômicos, tendo como referência extremidades de estruturas ósseas, quanto com a utilização de análise de morfometria geométrica baseada em marcos anatômicos. Para verificar se existe dimorfismo sexual em cada uma das estruturas estudadas, os dados foram submetidos a análise de variância. Embora os grupos estudados sejam muito semelhantes morfologicamente no tamanho ou na forma, análises multivariadas demonstraram que os grupos apresentam diferenças significativas em vários caracteres estudados. Desta forma, demonstrou-se que as principais diferenças entre as populações preditas estão relacionadas a forma e tamanho de estruturas da cabeça. Conclui-se neste estudo que apesar das diferenças significativas entre os grupos previamente definidos, outros estudos baseados em análise morfométrica e morfológica combinada com informações genéticas e ecológicas são necessárias para a elucidação dos processos que levaram a diferenciação entre estas populações.
  • TAINA CARREIRA DA ROCHA
  • ANÁLISE FILOGEOGRÁFICA DE Xiphorhynchus guttatus DA AMAZÔNIA E MATA ATLÂNTICA A PARTIR DE DOIS MARCADORES MITOCONDRIAIS E UM NUCLEAR

  • Data: 28/04/2012
  • Mostrar Resumo
  • Um número considerável de hipóteses estão sendo propostas ou testadas para explicar a elevada diversidade nos Neotrópicos. No presente estudos, análises filogenéticas e estimativas do tempo de divergência para a superespécie Xiphorhynchus guttatus foram utilizadas a partir de dois marcadores mitocondriais e um nuclear com objetivo de esclarecer incertezas taxonômicas intraespecíficas e verificar os possíveis eventos que atuaram para sua atual distribuição, testando assim algumas hipóteses. Máxima parcimônia, máxima verossimilhança e inferência bayesiana, assim como a árvore de espécie apresentaram basicamente a mesma topologia, onde cinco grupos principais com altos suportes estatísticos foram encontrados.  X. g. polystictus / X. g. guttatus (grupo1) estão mais estreitamente relacionados ao taxon irmã X. susurrans (grupos 2) do que com os demais membros de X. guttatus (grupos 3, 4 e 5) o que foi corroborado pelos níveis de divergência, evidenciando a parafilia da superespécie X. guttatus; a topologia e os níveis de divergência observados no grupo 1 mostra que é inapropriado a atual classificação que reconhece como subespécies as formas polystictus e guttatus. Desta forma os resultados possibilitam a reconhecimento de duas espécies: X. guttatus incluindo todos membros do grupo 1 e X. guttatoides incluindo como subespécies as formas eytoni (grupo 3), vicinalis (grupo 4) e guttatoides (grupo 5). As estimativas do tempo de divergência mostram que os eventos de diversificação começaram no final do Plioceno e continuaram no Pleistoceno, onde provavelmente a formação do rio Amazonas e alguns de seus afluentes (Xingu, Tocantins e Madeira) assim como as mudanças climáticas associada as fragmentações e reconexões das florestas atuaram para atual distribuição e relações filogenéticas

  • MARJANE SOARES FERREIRA
  • CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DO ISOLADO DE Schistossoma mansoni DE ROEDORES SILVESTRES Holochilus brasiliensis DA BAIXADA MARANHANSE ATRAVÉS DE SEQUÊNCIAS DE GENES MITOCONDRIAIS
  • Data: 28/04/2012
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo buscou caracterizar geneticamente parasitos Schistosoma mansoni isolados de roedores silvestres Holochilussp. infectados naturalmente na cidade de São Bento (MA). Uma comparação com isolados do parasito em que não há a presença deste hospedeiro também foi realizada, além de estimar índices de variabilidade genética para os diferentes isolados e constatar hipóteses de infecção dos roedores por cercárias geneticamente distintas ou infecção dos hospedeiros intermediários por mais de um miracídio.O isolamento do DNA genômico foi realizado a partir de vermes íntegros ou de cercárias de três isolados geográficos de S. mansoni. Através da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), foram amplificados fragmentos dos genes mitocondriais citocromo c oxidase subunidade 1 (cox1) e citocromo b (cob), que após sequenciamento, alinhamento e edição corresponderam a sequências com 611 pb e 592 pb, respectivamente, organizadas em três bancos de dados. O banco 1 revelou três mutações de ponto do tipo transições (A-G), sendo um destes sítios de mutação única. O banco 2 apresentou mais uma mutação, um sítio de transversão (G-T), totalizando quatro variações encontradas para os bancos da cox1. O banco 3 apresentou três sítios de variação, todos com transições do tipo A-G e informativos para a parcimônia. Os resultados estimados com ambos os genes para os parasitos do isolado SBE indicaram baixos índices de diversidade haplotípica e nucleotídica. Os índices de diversidade genética para o marcador cox1 não apresentaram valores significativos, mas com o gene cob, mais variável, foi possível verificar uma diferença entre os isolados amostrados.
  • MARCOS ALEXANDRE BORGES MONTEIRO
  • CADEIA PRODUTIVA E CONTABILIDADE SOCIAL DO CARANGUEJO-UÇÁ NA CIDADE DE BRAGANÇA, PARÁ, BRASIL

  • Data: 27/04/2012
  • Mostrar Resumo
  • O presente trabalho estuda a Cadeia Produtiva e a Contabilidade Social do Caranguejo-uçá (Ucides cordatus) na cidade de Bragança – Pará. O trabalho teve início nos principais restaurantes da cidade a partir dos quais foram revelados os diferentes agentes dessa cadeia produtiva até alcançar os pescadores de caranguejo. Além disso, também foram mensurados 4800 espécimes de caranguejos em quatro pontos de comercialização, no intuito de saber se estão de acordo com a Portaria IBAMA Nº 034/03-N de junho de 2003. O presente estudo também identificou as formas de comercialização (formal e não formal) desses agentes sociais e analisou os valores de margens de comercialização do caranguejo-uçá através dos elos dessa cadeia produtiva. Todos os agentes que compõem a cadeia produtiva foram monitorados durante um ciclo anual. Foi utilizada a análise de variância não-paramétrica de Kruskal-Wallis para determinar as diferenças entre as varáveis. Os resultados mostraram seis agentes sociais compondo a cadeia produtiva do caranguejo-uçá na cidade de Bragança: pescador, catador, atravessador1, atravessador2, restaurante e consumidor final. O fluxo dessa cadeia produtiva é ramificado, mas não complexo. A margem de comercialização do caranguejo-uçá, representada pela cadeia produtiva local, constatou que o comércio atacadista (atravessadores) e o mercado varejista (restaurantes) acumulam cerca de 90% dos rendimentos. Dos 4800 caranguejos mensurados, somente 0,7% está abaixo do tamanho permitido por lei. Nos meses (janeiro, fevereiro e março), período do Defeso do caranguejo-uçá não houve uma redução significativa na pesca, no beneficiamento, no transporte e na comercialização desse recurso.

  • LEIDE MARIANA DE SOUZA PUREZA
  • DIVERSIDADE BACTERIANA DE UM AMBIENTE DE ECOSSISTEMAS DE MANGUE AMAZÔNICO
  • Data: 23/04/2012
  • Mostrar Resumo
  • Os manguezais formam uma zona de transição entre os ambientes terrestres, marinhos e de água doce, e hospedam uma grande diversidade de macro e micro-organismos. Nos últimos anos, crescentes impactos antrópicos têm causado a degradação generalizada dos ambientes de mangue. Para analisar a diversidade bacteriana da Lagoa Salina, um corpo artificial de água localizado nos manguezais da Amazônia Oriental, o DNA total foi extraído a partir de amostras de sedimentos e água que foram coletadas de três pontos (P1, P2, P3) localizado dentro do lago. O gene 16S rRNA foi parcialmente amplificado, as moléculas foram separadas utilizando o método de Cromatografia Líquida Desnaturante de Alto Desempenho (DHPLC), e sequenciadas. Os perfis do DHPLC foram bastante distintos entre as comunidades bacterianas aquáticas e sedimentares. Os grupos mais abundantes (> 70%) em todos os locais amostrados foram Proteobactérias e bactérias não classificadas, mas outros filos também foram identificados, incluindo Bacteroidetes, Cianobactérias, Acidobacteria e Firmicutes, Actinobactérias, Chloroflexi, Siprochaetes e TM7. Um total de 24, 15 e 23 UTOs (Unidades Taxonômicas Operacionais) foram observados nas amostras de água de P1, P2 e P3, respectivamente, e nas amostras de sedimento 29, 34, e 52 UTOs. Esta é a primeira análise realizada sobre a diversidade de bactérias da Lagoa Salina, a qual foi criada pela construção de uma estrada dentro de uma área de mangue protegido
  • BRENO EDUARDO DA SILVA BARROS
  • ASPECTOS DA BIOLOGIA ALIMENTAR DO PARU-BRANCO Chaetodipteros faber (TELEOSTEI: EPHIPPIDAE) E COMPARAÇÕES ECOLÓGICAS COM OUTROS EFIPÍDEOS

  • Data: 07/04/2012
  • Mostrar Resumo
  • ASPECTOS DA BIOLOGIA ALIMENTAR DO PARU-BRANCO Chaetodipteros faber (TELEOSTEI: EPHIPPIDAE) E COMPARAÇÕES ECOLÓGICAS COM OUTROS EFIPÍDEOS

  • JOICIANE NASCIMENTO DE OLIVEIRA
  • AVALIAÇÃO POPULACIONAL E FILOGEOGRAFIA DE CAMORIM (C. undecimalis) ATRAVÉS DE MARCADORES GENÉTICOS

  • Data: 03/04/2012
  • Mostrar Resumo
  • A espécie C. undecimalis, popularmente conhecido como camorim, possui uma ampla distribuição, que se estende da Flórida (EUA) ao sudeste do Brasil, e é um importante recurso pesqueiro, muito requisitado pelo mercado consumidor, principalmente para pesca recreativa, além de ser uma espécie bastante promissora para aquicultura. O único estudo populacional realizado com esta espécie detectou subestruturação genética entre localidades da costa da Flórida e interior do Golfo do México e Mar do Caribe. Através do uso de marcadores mitocondriais (Citocromo b e rRNA 16S) e nuclear (FC-1), o presente trabalho avaliou a estrutura populacional e filogeografia de populações de camorim da costa do Atlântico Ocidental (Amapá, Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro). Os resultados obtidos, considerando os diferentes marcadores utilizados, revelaram forte heterogeneidade genética entre a população à Norte da foz do Rio Amazonas (população do Amapá) e as populações à Sul dessa foz (populações do Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro), sem compartilhamento de haplótipos entre os grupos para nenhum dos marcadores genéticos analisados. A presença de estoques genéticos distintos de camorim foi corroborada pelos elevados e significativos valores de Fst par a par (> 0,98) quando se comparou a população do Amapá e as demais pertencentes ao grupo Sul. Além disso, os haplótipos exclusivos de cada grupo formaram clados reciprocamente monofiléticos nas árvores geradas pelos diferentes métodos utilizados (Máxima Parcimônia, Máxima Verossimilhança e Análise Bayesiana). Esta separação foi também observada nas redes de haplótipos. Os níveis de polimorfismo genético para os grupos Norte e Sul foram bastante reduzidos, e as análises demográficas sugerem uma drástica redução no tamanho efetivo populacional com perda severa de diversidade para as populações das duas margens da foz do Amazonas. Medidas de manejos devem ser implementadas para garantir a variabilidade genética dos dois grupos separados pela foz do rio Amazonas.

  • AURYCEIA JAQUELYNE GUIMARAES DA COSTA
  • OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DAS LARVAS DE PEIXES NO ESTUÁRIO DO TAPERAÇU (NORTE DO BRASIL)
  • Data: 07/03/2012
  • Mostrar Resumo
  • Devido à importância dos recursos pesqueiros para a população do norte do Brasil, o presente estudo focou na composição e dinâmica da comunidade do ictioplâncton do estuário do Taperaçu. Dados foram coletados nos setores interno, médio e externo do estuário. Amostras foram coletadas mensalmente entre janeiro e dezembro de 2007 durante as marés enchente e vazante. As amostras de água foram analisadas para a mensuração da salinidade, temperatura, oxigênio dissolvido, pH e turbidez. As larvas de peixes foram coletadas com uma rede de plâncton de malha de 300 μm, acoplada a um fluxômetro, a qual foi arrastada horizontalmente na superfície da água. Salinidade, oxigênio dissolvido, pH e turbidez apresentaram diferenças sazonais significativas. Um total de 2.642 larvas de peixes foi coletado e 15 famílias foram identificadas, com destaque para as famílias Engraulidae (34%), Sciaenidae (33%), Clupeidae (22%) e Gobiidae (6%). A média do número de larvas por amostra variou significativamente entre as estações de amostragem. Em termos específicos, um total de 2.196 larvas de peixes foi identificado em 29 espécies. As espécies mais abundantes em todo o estuário foram Anchovia clupeoides (32,9%), Rhinosardinia amazonica (30,6%) e Cynoscion acoupa (23,7%). Durante a maré enchente e na estação de amostragem mais interna, Cynoscion acoupa apresentou predominantemente larvas em estágio de pós-flexão. A densidade das espécies foi influenciada pelo período sazonal, sendo C. acoupa e A. clupeoides dominantes no período chuvoso e R. amazonica durante o período seco; todas com picos de densidade na estação mais interna do estuário. A maior abundância de larvas no interior do estuário está provavelmente relacionada por sua preferência por áreas rasas e intertidais ricas em nutrientes e com correntes reduzidas, a qual enfatiza a importância dos manguezais como áreas de berçário para estes organismos. Os resultados do presente estudo indicaram que a dinâmica espacial da comunidade ictioplanctônica do estuário do Taperaçu não foi afetada pelas variáveis hidrológicas, mas pareceu estar relacionada às características geomorfológicas locais e processos físicos, como a presença de bancos de areia e a ausência de descarga fluvial, a qual favorece a imigração de larvas de peixes dentro do estuário
  • DANTE HADAD BALLARINI
  • A PERCEPÇÃO DOS MORADORES DE CARATATEUA EM RELAÇÃO À RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA CAETÉ-TAPERAÇU, BRAGANÇA-PARÁ-BRASIL

  • Data: 06/03/2012
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo objetivou acessar a percepção dos moradores de Caratateua (Bragança-PA) em relação à RESEX Marinha Caeté-Taperaçu, visando contribuir para a gestão participativa desta unidade. Foram realizadas 117 entrevistas entre janeiro e julho de 2011, com questões abertas sobre indicadores socioculturais e de percepção. Os dados foram armazenados em planilhas e agrupados em categorias temáticas, sendo que para cada tema foi atribuído um peso numérico. As diferenças entre as percepções foram avaliadas através de correlação de Spearman e análise de Kruskal-Wallis. Os entrevistados eram da faixa etária de 13 a 75 anos, com média de 37,7 anos, e a maioria não completou o ensino fundamental. O tempo de residência é predominantemente superior a 10 anos, com média de 32,9 anos, e a maioria nasceu na comunidade, indicando que quase todos já moravam no local quando da criação da RESEX. A maioria dos entrevistados trabalha na agricultura ou na exploração de recursos naturais, como tiradores e catadoras de caranguejo e pescadores. A maioria dos entrevistados desconhece a unidade, seus limites geográficos e sua finalidade, e muitos acreditam tratar-se de uma fonte de aquisição de benefícios materiais. Não foram observadas correlações entre o grau de conhecimento dos entrevistados sobre a RESEX e o nível de escolaridade, idade, tempo de residência ou sexo dos moradores. A conservação foi a principal forma de cuidar da RESEX citada pelos entrevistados, os quais colocam-se como responsáveis pela unidade ao lado do poder público. Foi observada uma forte ligação afetiva entre os entrevistados e o ambiente, constatada através dos elementos naturais citados com valoração positiva e pelo fato de maioria afirmar que não quer mudar-se do local. A maioria dos entrevistados gostaria que futuramente a RESEX estivesse melhor do que está atualmente e muitos não acreditam que a situação possa piorar, sugerindo que de alguma forma crêem nas atitudes de conservação. A inclusão dos atores sociais e das dinâmicas ambientais locais no processo de tomada de decisão nas áreas protegidas deve ser considerada como fundamental à conservação da natureza. Por isso acreditamos que as informações geradas no presente trabalho podem contribuir ao planejamento e gerenciamento das ações de conservação da RESEX

  • DARLAN DE JESUS DE BRITO SIMITH
  • FATORES FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS ENVOLVIDOS NA INDUÇÃO DO ASSENTAMENTO E METAMORFOSE LARVAL E OS EFEITOS LATENTES DO PROLONGAMENTO DA FASE MEROPLANCTÔNICA NO DESENVOLVIMENTO JUVENIL DO CARANGUEJO-UÇÁ, UCIDES CORDATUS (LINNAEUS, 1763) (DECAPODA, BRACHYURA, UCIDIDAE)

  • Data: 05/03/2012
  • Mostrar Resumo
  • A presente contribuição científica descreve vários estudos experimentais que tiveram como principal objetivo ampliar os conhecimentos relacionados aos fatores físicos, químicos e biológicos envolvidos na transição da fase de vida meroplanctônica para a bentônica e investigar as consequências do prolongamento da fase larval para o desenvolvimento juvenil do caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763). Esta espécie exerce um importante papel ecológico dentro do ecossistema de manguezal, além de representar um dos recursos pesqueiros de grande importância econômica para as populações que vivem no litoral brasileiro. Desde 1997, as populações de U. cordatus vem sofrendo uma mortalidade em massa em decorrência da ‘Doença do Caranguejo Letárgico’ (DCL). Este fato também tem afetado os aspectos sócio-econômicos das populações locais que vivem diretamente da captura desse recurso pesqueiro. No primeiro estudo experimental (Capítulo 2), demonstrou-se que as megalopas de U. cordatus realizam o assentamento e metamorfose em resposta a presença de biofilmes microbianos oriundos do ambiente marinho e estuarino. No entanto, os biofilmes estuarinos tiveram uma atividade indutiva mais forte sobre a metamorfose larval do que os biofilmes do ambiente marinho. Além disso, a magnitude da resposta metamórfica das megalopas aumentou consideravelmente quando ambos os grupos de biofilmes foram associados com os estímulos (‘odores’) químicos conspecíficos liberados pelos caranguejos adultos, indicando um efeito aditivo e sugerindo que os biofilmes são capazes de absorver e armazenar moléculas químicas dissolvidas no meio aquoso. Interpretou-se então que a habilidade adaptativa das megalopas de reconhecer biofilmes de diferentes ecossistemas, assim como também a de responder a vários estímulos ambientais em combinação poderia ser extremamente importante durante o recrutamento larval por facilitar a localização do habitat bentônico adequado para o assentamento definitivo junto à população conspecífica nos manguezais. O segundo trabalho experimental (Capítulo 3) demonstrou que o limite fisiológico de tolerância à baixa salinidade e a resposta metamórfica das megalopas de U. cordatus, a diferentes regimes de salinidade, difere entre populações geograficamente isoladas e que vivem em estuários caracterizados por diferentes condições climáticas e hidrológicas. A tolerância fisiológica e a reposta larval aumentaram significativamente no cultivo quando as megalopas foram expostas aos estímulos emitidos pelos caranguejos conspecíficos em águas com diferentes salinidades. As megalopas do estuário do Rio Caeté (Norte do Brasil) exibiram uma forte eurihalinidade e resistiram ao estresse hiposmótico ao contrário das megalopas produzidas pela população do estuário do Rio Caravelas (Nordeste do Brasil). Neste estudo, o limite fisiológico de tolerância salina das megalopas correspondeu com os limites de baixa salinidade registrados nos respectivos estuários. Os resultados indicaram à ocorrência de uma plasticidade fenotípica na adaptação fisiológica a salinidade ambiental nas megalopas de U. cordatus, o que sugere a existência de populações fisiologicamente diferentes vivendo ao longo litoral atlântico brasileiro. Em um terceiro estudo realizado no laboratório (Capítulo 4), demonstrou-se pela primeira vez que as megalopas de U. cordatus respondem não somente aos estímulos químicos dos caranguejos adultos conspecíficos, mas também àqueles produzidos pelos recrutas juvenis, sugerindo que a liberação destes estímulos é independente da maturidade sexual nessa espécie. A efetividade de tais estímulos produzidos pelos caranguejos juvenis e adultos conspecíficos poderia aumentar as taxas de recrutamento por facilitar o assentamento larval no habitat onde população conspecífica vive. Além disso, os juvenis poderiam auxiliar na recuperação natural de populações impactadas em áreas afetas pela sobre-pesca, onde somente os caranguejos adultos são capturados. No quarto estudo experimental (Capítulo 5), demonstrou-se que a magnitude da resposta metamórfica das megalopas de U. cordatus depende não somente do período em que os estímulos exógenos se tornam disponíveis no ambiente, mas também da duração do período de exposição a eles. O período em que as larvas se tornam fisiologicamente competentes e receptivas aos odores dos caranguejos conspecíficos foi determinado entre 9 e 12 dias de desenvolvimento do estágio de megalopa. Este período de máxima receptividade larval parece estar fortemente relacionado com fases específicas dentro do ciclo de muda das megalopas. Verificou-se também que este período fisiológico de competência larval difere entre indivíduos produzidos por diferentes fêmeas conspecíficas. Além disso, esta variabilidade intra-específica também ocorreu entre megalopas que se desenvolveram através de diferentes números de estágios de zoea (5 ou 6). Sugeriu-se então que um período específico ocorrendo dentro do desenvolvimento do estágio de megalopa, a fêmea de origem e a plasticidade fenotípica nas vias do desenvolvimento larval representam fatores importantes que podem afetar a resposta das megalopas de U. cordatus aos estímulos metamórficos do ambiente. Finalmente, o ultimo estudo experimental (Capítulo 6) evidenciou que o retardo da metamorfose larval pode afetar o desenvolvimento dos estágios iniciais de caranguejo juvenil em U. cordatus. Juvenis que tiveram a metamorfose larval adiada exibiram uma reduzida taxa de sobrevivência, um prolongado período de desenvolvimento, um lento crescimento e um pequeno tamanho corporal quando comparados com indivíduos que sofreram metamorfose mais cedo. Estes efeitos latentes (‘carry-over’) resultantes do retardo da metamorfose larval parecem estar fortemente relacionados ao estresse nutricional causado por uma significativa redução na taxa de ingestão de alimento durante o período fisiológico de competência metamórfica. Este estudo ainda revelou que a magnitude de tais efeitos também pode apresentar uma variação entre indivíduos produzidos por diferentes fêmeas conspecíficas. Tal fato sugeriu um efeito combinado entre o estado maternal, efeitos de condições desfavoráveis durante o desenvolvimento embrionário e/ou fatores genéticos com os efeitos prejudiciais causados pelo retardo da metamorfose larval. Estes efeitos latentes oriundos de condições previamente vividos pelos estágios larvais poderiam afetar a competitividade pelos recursos bentônicos, afetando desta forma a sobrevivência e o crescimento dos estágios juvenis iniciais de U. cordatus. Os conhecimentos científicos obtidos através dos respectivos estudos experimentais aqui descritos poderiam ser utilizados na elaboração de futuros trabalhos relacionados à recuperação natural de populações impactadas, principalmente em áreas drasticamente afetadas pela pressão de pesca e pela mortalidade em massa resultante da DCL. Além disso, o presente estudo poderia ser utilizado para o aprimoramento das técnicas de cultivo larval de U. cordatus em larga ou pequena escala no laboratório.

  • CARLOS MURILO MENDES RIBEIRO
  • MORFODINÂMICA DA FOZ DE UM ESTUÁRIO DE MACROMARÉ NO LITORAL AMAZÔNICO BRASILEIRO

  • Data: 29/02/2012
  • Mostrar Resumo
  • O estudo morfodinâmico da foz do estuário Taperaçu buscou compreender a relação entre as variantes temporais e espaciais dos aspectos sedimentologicos e hidrodinâmicos e suas implicações na morfologia da área. Considerando as características morfodinâmicas do estuário, as quais implicam em tendência de preenchimento da sua bacia, o estudo foi desenvolvido com objetivo deinvestigar a morfodinâmica da foz do estuárioTaperaçu dentro de uma perspectiva evolutiva, focando os processos de transporte de sedimentos com o propósito de entender como a dinâmica na porção externa do Taperaçu rege os processos que agem em sua manutenção. Baseado em dados de variação de salinidade, correntes, sedimento, maré e morfologia, adquiridos em campanhas durante um ano, foram analisados os componentes sazonais das variantes da hidrodinâmica e sedimentologia, e relacionados com a configuração morfológica da foz do estuário. A foz do estuário é uma região bem misturada e sem correntes de salinidade, e demonstrou receber influência de áreas de manguezaise dos processos de evaporação. A configuração da maré na área indicou assimetria com vazante mais longa, entretanto as correntes no canal principal demonstraram receber influência da morfologia local e do fluxo de água drenada de canais de conexão, resultando em intensidades mais elevadas na fase de vazante, inclusive nas marés equinociais de sizígia em período chuvoso, em que as correntes alcançam 1.7 m/s na vazante e atingem 1.23 m/sna enchente. A morfologia da área revelou bancos depositados na porção interna e externa da baia e um canal principal bem definido com cobertura sedimentar predominantemente composta por areia fina. Uma grande área rasa tomada por bancos e canais rasos voltados para a porção leste eleva a topografia nessa região, gerando a drenagem das águas de vazante em direção ao canal principal da foz do Taperaçu. A configuração morfológica e hidrodinâmica da foz do estuário gera um complexo fluxo de correntes de maré no canal principal, resultando em tendência de transporte de sedimento em direção ao mar durante o período seco. Em período chuvoso o transporte de sedimento não ocorre em um sentido prevalente. O aspecto morfológico e as conexões na foz do estuário promovem uma dinâmica favorável à manutenção do sistema Taperaçu.

  • LORENA AZEVEDO TEIXEIRA
  • ANÁLISES MOLECULARES CONFIRMAM O STATUS DE ESPÉCIE INDEPENDENTE PARA O PICA-PAU-DO-PARNAÍBA Celeus obrieni (PICIDAE)

  • Data: 27/02/2012
  • Mostrar Resumo
  • Celeus obrieni, popularmente conhecido como Pica-pau-do-Parnaíba, é a única espécie do gênero Celeus ameaçada de extinção, e endêmico do Brasil. Estudos com C. obrieni possuem grande importância para a ornitologia, pois sua descrição foi baseada em apenas um exemplar, permanecendo por mais de meio século sem novos registros, além de ter sido considerada como subespécie de Celeus spectabilis. Atualmente, vários registros confirmam a presença do Pica-pau-do-Parnaíba em diferentes Estados do Brasil e sua validade taxonômica já é aceita, tendo sido confirmado por dados moleculares de um único exemplar. No presente trabalho, foram realizadas análises moleculares com fragmentos mitocondriais e nuclear para novos exemplares de C. obrieni visando a confirmação de sua monofilia e manutenção de sua linhagem evolutiva distinta, quando comparado com C. spectabilis. Os resultados obtidos confirmaram a monofilia de C. obrieni, onde os arranjos filogenéticos produzidos apoiaram a separação entre C. obrieni e C. spectabilis. Os valores de divergência intra e interespecífica também corrobora a completa distinção entre os táxons, com valores superiores aos encontrados entre C. undatus e C. grammicus, sendo estas duas últimas utilizadas como comparativo nas análises. A estimativa do tempo de separação entre C. obrieni e C. spectabilis sugere que o evento de cladogênese provavelmente ocorreu no Pleistoceno Médio (600 mil anos atrás) durante períodos de flutuações climático-vegetacionais, apoiando a hipótese de conectividade passada entre áreas de savanas tropicais na América do Sul através de um corredor andino. O status de espécie ameaçada, única dentro do gênero Celeus, aponta a necessidade de estudos direcionados para um maior conhecimento deste endemismo das matas de taboca do Brasil.       

2011
Descrição
  • MADSON DOS SANTOS CASTRO
  • PROPAGAÇÃO DA MARÉ NA PORÇÃO SUPERIOR DO ESTUÁRIO DO RIO CAETÉ E SEUS LIMITES (AMAZÔNIA ORIENTAL, PA/BRASIL)

  • Orientador : NILS EDVIN ASP NETO
  • Data: 31/10/2011
  • Mostrar Resumo
  • O estuário do Rio Caeté, localizado na Zona Costeira Amazônica, vem sendo amplamente estudado em sua porção inferior nos últimos anos, servindo inclusive de modelo hidrodinâmico e geomorfológico para o entendimento dos processos nos vários estuários da região. A bacia do Caeté possui uma área de drenagem de aproximadamente 1.946 km², sofrendo grande influência da sazonalidade, tendo como principais processos condicionantes da dinâmica ambiental a energia das macromarés semidiurnas com altura média de 4,8 me alturas máximas superiores a 5,5 m, ocorrendo, portanto, fortes correntes de maré, apresentando um papel de muita importância na circulação local, assim como na descarga fluvial. Por outro lado, a zona de transição entre o domínio franco das marés e o domínio fluvial ainda é pouco conhecido. Com foco na hidrodinâmica local, este trabalho buscou identificar e analisar os efeitos da sazonalidade sobre os padrões de circulação e transporte a partir de dados de vazão, velocidade de correntes, altura de maré e material particulado em suspensão na porção superior do estuário do rio Caeté. A partir dos dados levantados em 2009 e 2010 (material particulado em suspensão), 2010 e 2011 (hidrodinâmica) utilizando-se ADCP (Acoustic Doppler Current Profiler), marégrafos digitais, réguas, garrafas coletoras de água, sonda multiparâmetros e GPS, foi estimada à deformação e atenuação da maré ao longo do alto estuário. Os resultados demonstraram que a maré avança até aprox.74 km (a partir da entrada da baía do Caeté – Vila dos Pescadores) no estuário durante o período de seca/baixa vazão fluvial. Durante o período de chuvas/alta vazão este avanço se reduz em cerca de10 km. Observou se ainda que o decaimento (atenuação) da maré se acentua muito a partir do km 52, em função principalmente da topografia e profundidade do canal, onde nesse setor o leito se torna elevado demais para ser influenciado diretamente pela maré, sendo então a variação de nível d’água a montante deste ponto um reflexo da variação do nível de base na foz do rio. No período de chuvas este processo se intensifica, quando o decaimento da altura de maré se torna exponencial. Os dados no geral demonstraram que a morfologia do canal (elevação e profundidade) é o fator preponderante para o decaimento da maré a montante do km 52, onde a vazão fluvial passa a ser relevante, sendo, portanto, este setor considerado de domínio fluvial. Os dados de MPS revelaram baixas concentrações (e.g. 0,003 g/L), correspondendo a um aporte diário para o estuário da ordem de 10 toneladas de sedimento. Porém, ainda que se considere uma escala de tempo geológica, a fonte fluvial direta corresponderia somente a uma fração reduzida dos sedimentos lamosos depositados à jusante.

  • ADRIA DE CARVALHO FREITAS
  • Potencial extrativo do caranguejo-uçá Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) e a associação dessa espécie com os bosques de mangue, na reserva extrativista marinha de Maracanã, Maracanã – Pa.

  • Orientador : MARCUS EMANUEL BARRONCAS FERNANDES
  • Data: 12/07/2011
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo teve como objetivo avaliar a associação entre a distribuição de ambos, o caranguejo-uçá, Ucides cordatus, e os diferentes bosques de mangue da Reserva Extrativista Marinha de Maracanã, Maracanã – PA, enfatizando o potencial extrativo desse crustáceo na região. O trabalho foi realizado em sete sítios, onde foram caracterizados o solo, a acessibilidade e a salinidade, sendo as parcelas amostrais georreferênciadas para elaboração dos mapas temáticos. A vegetação foi identificada a em nível de gênero e seus atributos estruturais mensurados. A densidade do caranguejo-uçá foi estimada através de dois métodos: contagem de galerias (CG) e captura de indivíduos (CI). Peso (P) e largura da carapaça (LC) foram mensurados para todos os indivíduos capturados em todos os sítios. Foi registrada a ocorrência de três gêneros de árvores de mangue, representados por Rhizophora, Avicennia e Laguncularia. O primeiro foi o gênero botânico mais abundante e dominou a paisagem da RESEXM. Os bosques da área de estudo foram considerados maduros, com alto recrutamento, principalmente no Sítio#02, cujos valores de árvores mortas indicam regeneração desse bosque. Os dois métodos de amostragem populacional utilizados para U. cordatus apresentaram diferença significativa (ANOVA, F=9,46; gl=1; p<0,001), com uma diferença de eficiência em torno de 20%. A densidade (De) por CG e CI e a largura da carapaça (LC) variaram significativamente entre os sítios (ANOVA, (F=12,60; gl=6; p<0,001; F=10,42; gl=6; p<0,001 e F=10,50; gl=6; p<0,001, respectivamente), com animais de maior porte nos sítios #04 e #05. A análise de correlação mostrou que a Densidade de caranguejos apresentou relação com a estrutura dos bosques, sendo que as áreas com predominância de Rhizophora apresentaram maior densidade. A análise de Kernel confirmou a relação entre os parâmetros populacionais de ambos, o caranguejo-uçá e a estrutura da vegetação, mostrando distribuição congruente para as variáveis De e LC dos caranguejos e a vegetação dominante (o gênero Rhizophora). Assim, a forte associação da quantidade (De) e tamanho (LC) dos caranguejos ao longo da RESEXM resulta em um potencial extrativo imediato de 74% da população amostrada, com tamanho superior a 6 cm (tamanho mínimo designado pela Portaria IBAMA No.034/03-N). Por fim, é importante ressaltar que informações do presente estudo são úteis como subsídios técnicos para o manejo desse recurso que é uma das principais fontes de renda para as populações caiçaras do município de Maracanã, Pará.  

  • MIKAELLE DE SOUZA NEVES
  • Hematologia como ferramenta no monitoramento do “status” da cadeia produtiva de oito espécies de Acaris ornamentais (Loricariidae) do médio Rio Guamá, Estado do Pará

  • Data: 28/02/2011
  • Mostrar Resumo
  • O presente trabalho monitorou a saúde de oito espécies de acaris ornamentais capturados e comercializados no Médio Rio Guamá - Pará, através do estabelecimento do quadro hematológico basal, avaliação de estresse de transporte e de infecção por Trypanosoma spp. São elas: ancistrus (Ancistrus sp. - L338), loricaia (Rineloricaia lanceolata - L10), picoto (Hypostomus sp. - L28), bola (Peckoltia oligospila - L06), pleco (Cochilodon sp. - L145), canoa (Lasiancistrus saetiger - L323), assacu (Pseudacanthicus spinosus - L160) e pinima (Leporacanthicus galaxias - L07). As coletas sanguíneas para a determinação do quadro hematológico basal (Capítulos I e II) foram realizadas ainda no local da captura dos peixes, sob o mínimo de estresse possível. Separarou-se as amostras sanguíneas não infectadas para possibilitar comparações com as do após-estresse de transporte (Capítulos III e IV) e também com as infectados por Trypanosoma spp. (Capítulo V). O estresse de transporte estabelecido durou 3h, com densidade de 1,5 peixe/L, simulando o processo de comercialização dos peixes na região e foi avaliado após 0, 6, 24, 48, 72 e 96h. Nos Capítulos I e II, observou-se que o hemograma basal apresentou diferença significativa (p>0,05) entre os as sete espécies de acaris, apesar de estas pertencerem a mesma família e compartilharem nichos ecológicos semelhantes. O estresse de transporte por 3h (Capítulos III e IV) não comprometeu a saúde dos acaris, pois a maioria dos parâmetros hematológicos retornou aos níveis basais em 24h em bola, em 48h em pleco e em 72h em picoto, sendo estes, respectivamente, os períodos mínimos indicados para a aclimatação destes peixes antes de uma nova comercialização. Todas as oito espécies de acaris estudadas estavam infectadas por Tryopanosoma spp. (Capítulo V). Encontrou-se anemia normocítica-hipocrômica em ancistrus e canoa, e anemia macrocítica-hipocrômica em loricaia. Pinimas infectados apresentaram quadro de estresse com linfocitopenia, neutrofilia e monocitose. Assim, os resultados deste ensaio proporcionaram a avaliação da higidez destas espécies de acaris ornamentais através de exames hematológicos, podendo assim subsidiar o desenvolvimento ou a adequação do manejo menos estressante para estes peixes, de forma a auxiliar a sustentabilidade da cadeia extrativista das espécies ornamentais.

     

  • ERICA ANTUNES JIMENEZ
  • A ictiofauna acompanhante da pesca industrial da piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii) no estuário Amazônico

  • Data: 22/02/2011
  • Mostrar Resumo
  • A utilização adequada dos recursos pesqueiros tornou-se ponto crítico nas pescarias mundiais, com destaque para o debate sobre a captura de fauna acompanhante, considerando as várias conseqüências negativas geradas. Particularmente na costa norte do Brasil, a pesca industrial da piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii) por redes de arrasto apresenta alto poder de captura e pouco se conhece a respeito dos efeitos desta atividade sobre sua fauna acompanhante. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é descrever a ictiofauna acompanhante dessa atividade, a fim de auxiliar o manejo e conservação das espécies capturadas acidentalmente, bem como da própria piramutaba. Os dados foram coletados no período de Jan-Dez/09, sendo que para cada lance foram amostradas 5 basquetas aleatórias de pescado. Todos os peixes contidos nas basquetas foram identificados e medidos os comprimentos furcal, total e padrão. As informações foram armazenadas em formulários e, posteriormente, repassadas para um banco de dados relacional. A área de atuação da frota corresponde à região compreendida entre latitudes 00° 03,7' N e 01o 40,7’ N e longitudes 48o 5,7’ W e 49o 54,4’ W, incluindo a região da foz do rio Amazonas, o arquipélago do Marajó e o Cabo Norte (AP). Foram coletados 75.714 indivíduos em 575 lances. A ictiofauna acompanhante representou 29% da captura da frota, sendo constituída por 52 táxons, pertencentes a 22 famílias, sendo que as três principais em termos de riqueza e percentual de indivíduos foram Ariidae, Pimelodidae e Sciaenidae. Pimelodidae apresentou o maior percentual de indivíduos e Sciaenidae, a maior riqueza. Dourada, pescada branca e bagres juntas representaram 69% da captura total e foram consideradas constantes. Embora a safra da espécie- alvo ocorra no 1o semestre, a captura é observada durante todo o ano, conforme já descrito por outros autores na região, pois mesmo com a migração desta população rio acima, a captura continua sobre os indivíduos não migrantes. A composição da captura entre os bimestres é semelhante, como comprovado através das análises de MDS e ANOSIM. Isto ocorre possivelmente porque grande parte das espécies ocorreu na maioria dos bimestres, indicando que a pesca atua sobre os mesmos estoques durante o ano inteiro, embora com alternância entre os picos de abundância das principais espécies. Os índices de diversidade não apresentaram diferenças significativas entre os bimestres. A guilda ambiental com maior riqueza foi a de espécies migrantes marinhas e estuarinas, enquanto a maior abundância foi a de migrantes dulcícolas. Considerando as guildas alimentares, o grupo zoobentívoro apresentou a maior riqueza, enquanto que o grupo piscívoro predominou em abundância. Foi observada relevante captura de indivíduos de pequeno (20 a 30 cm) e médio (30 a 50 cm) porte, sendo que a captura da pescada branca é composta por indivíduos adultos (99%), enquanto a da dourada e da piramutaba, é composta predominantemente por imaturos.

2010
Descrição
  • GRAZIELLE FERNANDA EVANGELISTA GOMES
  • RELAÇÕES FILOGENÉTICAS E ANÁLISES DE ESTRUTURA GENÉTICA POPULACIONAL EM LUTJANÍDEOS DO ATLÂNTICO OCIDENTAL (LUTJANIDAE – PERCIFORMES)
  • Data: 15/12/2010
  • Mostrar Resumo
  • Os lutjanídeos constituem um abundante e diversificado grupo dentro dos perciformes, com distribuição mundial e grande importância econômica. Apesar dos esforços para reconstruir sua filogenia, inúmeras questões permanecem sem definição. Além disso, para muitas espécies como L. purpureus e L. synagris não se tem muitas informações a respeito da estrutura genética das populações, especialmente para a delimitação dos estoques genéticos, fundamental para o gerenciamento pesqueiro. No presente trabalho foram avaliados aspectos da filogenia de lutjanídeos do Atlântico Ocidental e Indo-Pacífico e da estrutura populacional de L. purpureus e L. synagris utilizando fragmentos do genoma mitocondrial. Além disso, analisou-se a similaridade genética entre L. purpureus e L. campechanus para corroborar e complementar dados já publicados por nosso grupo. Os resultados demonstraram que não é possível separar caesionídeos de lutjanídeos, sugerindo que pertençam a uma única família, Lutjanidae, representando os táxons mais derivados, sendo as subfamílias Etelinae e Paradichthyinae os mais basais. Algumas espécies mostraram-se bastante similares como os pargos vermelhos L. peru, L. purpureus e L. campechanus, assim como L. kasmira, L. quinquelineatus e L. bengalensis. Além disso, Ocyurus e Rhomboplites apresentaram-se proximamente relacionados às espécies de Lutjanus, sugerindo que devam ser sinonímias deste gênero. Para L. purpureus observou-se a presença de um único estoque genético para a costa brasileira e entre esta espécie e L. campechanus os resultados em conjunto demonstraram acentuada similaridade genética, além da homogeneidade nos caracteres morfológicos, indicando que possivelmente trata-se de uma única espécie de pargo vermelho distribuída ao longo do atlântico ocidental. Para os estoques de L. purpureus e L. synagris da costa Norte do Brasil observou-se padrões de diversidade genética bastante diferenciados, com elevados e reduzidos níveis de variação, respectivamente. As análises confirmaram a eficiência da região controle mitocondrial para demonstrar perdas de diversidade provocadas por eventos históricos, como ocorreu em L. synagris.
  • ROSIVAN PEREIRA DA SILVA
  • A herpetofauna associada à zona costeira da Amazônia brasileira e o padrão de distribuição espaço temporal de Anuros na Península de Ajuruteua, Bragança-PA

  • Data: 30/09/2010
  • Mostrar Resumo
  • Os répteis e anfíbios possuem registros nos ambientes costeiros em diversos países, incluindo o Brasil. No entanto, nenhum estudo foi desenvolvido na região costeira da Amazônia. A Península de Ajuruteua apresenta diferentes ambientes: manguezal, restingas, campos salinos e fragmentos de floresta de terra-firme em áreas acima do nível das inundações da maré. O presente estudo tem os objetivos de apresentar um inventário da herpetofauna típica da zona costeira do estado do Pará, a composição e distribuição espacial e temporal na temporada de vocalização da anurofauna ao longo de uma estação reprodutiva na península. As amostragens ocorreram entre julho/2008 e junho/2009, com intervalos quinzenais, em três sítios de trabalho, utilizando-se a técnica de Procura Limitada por Tempo (PLT) e Encontros Ocasionais, a PLT totalizou 1296 horas de campo. Foram coletados dados de temperatura do ar, do solo e umidade do ar. A riqueza foi estimada por métodos não-paramétricos, a similaridade quanto à presença de espécies em atividade reprodutiva foi testada por uma análise de cluster. As variáveis abióticas foram correlacionadas com a riqueza mensal e número de espécies vocalizando pelo coeficiente de Spearman. Os substratos utilizados para vocalização foram categorizados quanto ao tipo e altura de empoleiramento e associados com as espécies por uma análise de Correspondência. A sobreposição na utilização vertical dos substratos foi testada por uma análise de Kruskal-wallis. A herpetefauna na península é composta por 26 espécies, sendo 14 anuros e 12 espécies de répteis. Todas as espécies de anuros estimadas foram registradas. S. ruber e L. macrosternum ocorreram em todos os sítios, 11 espécies apresentaram atividade reprodutiva durante o período chuvoso, quatro não foram registradas vocalizando. R. marina e P. hypochondrialis iniciaram suas vocalizações no final do período seco, S. fuscomarginatus iniciou suas vocalizações mais tardia entre todas as espécies. A umidade do ar apresentou correlação com o número de espécies em atividade de vocalização. Diferenças temporais na reprodução foram observadas nas espécies terrestres. Os substratos com estratificação vertical foram exclusivamente utilizados por hilídeos e as famílias Leptodactylidae, Leiuperidae e Bufonidae foram associadas aos substratos terrestres e na água. Houve sobreposição na utilização vertical dos substratos.

  • ERALDO DA SILVA MELO
  • Estrutura populacional dos bosques de mangue e do caranguejo-uçá (Ucides cordatus Linnaeus, 1763) nos manguezais da reserva extrativista marinha de Tracuateua - Pará

  • Data: 29/09/2010
  • Mostrar Resumo
  •  

    Este trabalho tem por objetivo produzir informações sobre a estrutura populacional dos bosques de mangue e do caranguejo-uçá (Ucides cordatus Linnaeus, 1763) nos manguezais da Reserva Extrativista Marinha (RESEXM) de Tracuateua, Tracuateua-Pará. A área de estudo situa-se a 00°49'26,66"S 46°47'43,06"W e possui 127.123 ha, onde foram abertos perfis da vegetação de 100 m em 12 pontos amostrais. Os atributos estruturais foram caracterizados em parcelas de 25x25 m, em cada ponto amostral. Mediu-se altura (m) e Circunferência à Altura do Peito (CAP, cm) das árvores. Foram estimados: Diâmetro à Altura do Peito, Freqüência, Densidade, Dominância e Valor de Importância. Em geral, os bosques de mangue da RESEXM são mistos, bem desenvolvidos, com algumas áreas mais jovens, em desenvolvimento. Os mangues de Tracuateua são dominados por árvores do gênero Avicennia próximo ao continente, enquanto o gênero Rhizophora, inversamente, apresentou elevada dominância às proximidades da linha costeira. Os manguezais dessa região são bem conservados, sendo os poucos registros de árvores mortas um indicativo da sua conservação. As informações sobre a estrutura dos bosques de Tracuateua são chave para o desenvolvimento de planos de manejo dessa unidade de conservação. Para estudo da estrutura populacional do U. cordatus, foram medidas três transecções de 100 m, eqüidistantes 50 m, nos pontos 4, 8 e 12. Em cada transecção foram medidos quadrados de 5x5 m para contagem de galerias e captura de indivíduos para amostragem populacional. Esses indivíduos foram mensurados (Largura e Comprimento da Carapaça, cm), pesados, sexados e agrupados em classes de largura da carapaça. Foram também medidos e agrupados em classes de largura da carapaça 7.950 caranguejos coletados para comercialização nos 12 pontos amostrais visitados Nos pontos 4, 8 e 12 foram contados 3770 galerias das quais foram retirados 2928 caranguejos, sendo em média 2,3 galeria.m-2 e 1,8 caranguejo.m-2, respectivamente. A média de caranguejo.m-2 foi 77,5% da média de galeria.m-2. A biomassa calculada foi de 2,9 t.ha-1. As médias de tamanho e peso dos indivíduos foram de 6,4 cm e 128 g, respectivamente. Um total de 38% das fêmeas e 30% dos machos apresentou tamanho inferior a 4 cm. A maioria dos caranguejos era macho (56,6%), sendo a proporção sexual quase de 1:1, sendo 1,3 machos para cada fêmea. A Captura por Unidade de Esforço foi de 220,83 caranguejo.homem.dia. Dos 7950 caranguejos coletados e comercializados nenhum apresentou tamanho inferior a 6 cm, a média de largura da carapaça foi 8,9 cm. As informações enfatizando a relação entre os atributos morfométricos, a densidade populacional do caranguejo-uçá com a estrutura dos bosques de mangue na Reserva Extrativista Marinha de Tracuateua são importantes para o desenvolvimento de planos de manejo dessa unidade de conservação.

     

  • SUELEN MARIA OLIVEIRA PEROTE
  • Estrutura populacional da floresta de mangue e do caranguejo-uçá, Ucides cordatus (linnaeus, 1763), na reserva extrativista marinha “mãe grande” de Curuçá, Curuçá-Pa

  • Data: 29/09/2010
  • Mostrar Resumo
  • O presente trabalho visa contribuir para o melhor conhecimento dos manguezais da costa paraense, enfatizando a composição e distribuição espacial dos mangues e aspectos da estrutura populacional do caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), nos limites da Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá, Curuçá-PA. Foram investigados cinco sítios de trabalho de forma a cobrir a maior parte da RESEX, com o objetivo de identificar os atributos estruturais da floresta de mangue e realizar uma análise comparativa das dimensões da carapaça de caranguejos capturados comercialmente e de duas técnicas de estimativa de densidade (contagem das galerias e captura direta dos indivíduos). Os resultados apontam a ocorrência de três espécies arbóreas típicas: Rhizophora mangle, Avicennia germinans e Laguncularia racemosa. R. mangle foi a espécie mais abundante e dominou a paisagem da RESEX. Nos sítios localizados nas ilhas (3, 4 e 5) foi registrada a presença de indivíduos de diferentes portes, indicando um processo constante de renovação dos bosques, enquanto nos sítios 1 e 2 a alta densidade de indivíduos de portes menores sugere a presença de bosques jovens ou em regeneração. Todos os sítios apresentaram árvores mortas, evidenciando um processo de mortalidade natural associada à competição interindividual. Contudo, somente o Sítio 1 apresentou indivíduos mortos por ação antrópica, o que explica o alto índice de indivíduos jovens, ou seja, o seu processo de regeneração acentuada, resultado da sua localização próxima às vilas e assentamentos humanos. Nos caranguejos, a análise da largura e comprimento da carapaça e peso demonstrou que existe diferença significativa entre os sítios estudados, sendo os animais de maior porte registrados nos sítios 4 e 5 e os menores no sítio 1, esses mesmos sítios apresentam maiores e menores valores de DAP e altura da vegetação, respectivamente, evidenciando um gradiente espacial. A comparação entre a densidade populacional do caranguejo-uçá realizada através das duas técnicas empregadas revelou diferença significativa, pois o método de contagem das galerias causou superestimativa da população aumentando o número de indivíduos em torno 60%. 

  • WEYDDER TAVARES DA SILVA
  • Análise da variabilidade genética de dois marcadores do genoma mitocondrial em quatro espécies de tubarões da Ordem Carcharhiniformes na costa Norte do Brasil.

  • Data: 31/08/2010
  • Mostrar Resumo
  • Os tubarões estão entre os peixes mais explorados e consumidos em
    todo mundo. Nos últimos anos, eles vêm sendo intensamente explorados,
    devido, entre outros fatores, ao avanço da pesca industrializada e ao advento
    de instrumentos de pesca sofisticados, que possibilitaram maior captura dos
    recursos pesqueiros. Desta forma, muitas espécies de tubarões encontram-se
    hoje ameaçadas de extinção ou em situações de sobrepesca. Na costa Norte
    do Brasil, diversas espécies são comumente observadas nos desembarques
    pesqueiros. O presente estudo teve como objetivo analisar a variabilidade
    genética de quatro diferentes populações de diferentes espécies de tubarões
    da costa norte brasileira comumente observadas nestes desembarques
    (Carcharhinus limbatus, C. porosus, Rhizoprionodon porosus e Sphyrna tudes),
    através da análise da região controle (500 pb) e do gene citocromo b (444 pb)
    do genoma mitocondrial, com o intuito de testar a eficiência destes marcadores.
    Baixos índices de variabilidade nucleotídica foram detectadas para ambos
    marcadores em todas as espécies analisadas, contudo moderados a altos
    níveis de diversidade genética foram encontrados apenas para a região
    controle, exceto S. tudes que apresentou baixos valores para ambos
    marcadores. A maior parte da variação observada na porção 5´ da região
    controle correspondeu apenas a cerca de 230 pb, sendo que em três destas
    espécies (exceto S. tudes), múltiplas substituições (hotspots) em um mesmo
    sítio foram identificadas. Estas mutações claramente enviesam a diversidade
    genética e comprometem diversas análises. O gene citocormo b, devido não
    possuir tais sítios, forneceu valores confiáveis que permitiram a estimativa de
    padrões de expansão demográfica na espécie R. porosus. O presente estudo
    mostrou que o uso destes dois marcadores é fundamental para a real
    estimativa da variabilidade genética, o que é crucial, pois o níveis de
    diversidade podem estar sendo descritos de maneira equivocada e
    comprometem possíveis trabalhos de manejo e conservação das espécies.

  • RENATO DA SILVA BANDEIRA
  • USO DA ANÁLISE FILOGENÉTICA PARA A RESOLUÇÃO TAXONÔMICA DAS ESPÉCIES Lepidothrix nattereri E Lepidothrix iris.
  • Data: 30/08/2010
  • Mostrar Resumo
  • A diversidade de aves na Amazônia é maior que qualquer outra encontrada no mundo, e assim vários são as hipóteses que tentam explicar de que forma tal diversidade foi originada. Para a validação dessas hipóteses, os marcadores moleculares tem mostrado-se ferramentas extremamente robustas e confiáveis. O presente estudo visa explicar a relação filogenética de duas espécies do gênero Lepidothrix (L iris e L. nattereri), com base em sequencias do genoma mitocondrial (rRNA 16S, ND2 e citocromo b), compreendendo um total de 1311 pares de base. Todos os três genes possuiram baixa divergência quanto as diferentes espécies/subespécies, sendo o gene mitocondrial rRNA 16S o marcador que possuiu menor variabilidade genética. Esta baixa divergência entre os táxons impossibilitou maiores conclusões com base em árvores filogenéticas, pois os ramos foram pouco suportados. No entanto, a análise baseada em divergência genética e rede de haplótipos evidenciam que L. iris é parafilética e consequentemente, as duas subespécies (L. i. iris e L. i. eucephala) devam ser reclassificadas como espécies distintas. Além disto, observou-se que os Rios Amazonas e Tapajós são duas barreiras efetivas na separação de diferentes espécies ou populações/subespécies de L. coronata e L. nattereri, respectivamente.
  • NARA GYZELY DE MORAIS MAGALHAES NUNES
  • Conhecimento ecológico local de pescadores do litoral nordeste paraense, como subsídio à conservação do mero Epinephelus itajara (Liechtenstein, 1822)

  • Data: 19/08/2010
  • Mostrar Resumo
  • Conhecimento ecológico local de pescadores do litoral nordeste paraense, como subsídio à conservação do mero Epinephelus itajara (Liechtenstein, 1822)

  • LEONIDAS AMORIM COSTA
  • Influência da presença de currais e de zonas entre-marés sobre um banco de Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) e da macrofauna bentônica associada

  • Data: 22/07/2010
  • Mostrar Resumo
  • Os sistemas bentônicos são frequentemente caracterizados pela presença de engenheiros do ecossistema. Dentre eles estão os bivalves Anomalocardia brasiliana, que em seus extensos bancos são ecologicamente importantes porque fornecem habitats que promovem associação com várias formas bentônicas. Associados a esses engenheiros, estruturas físicas, como a arte de pesca curral, pode contribuir negativo ou positivamente na estrutura ecológica do banco e na hidrodinâmica local. O presente estudo foi realizado na Ilha da Felipa, baixo estuário do rio Emboraí, Pará. Foram realizadas comparações sobre a densidade populacional, comprimento e peso seco estimado de A. brasiliana, e comparações sobre densidade, número de táxons, dominância Berger-Parker e diversidade Shannon-Weiner da macrofauna bentônica entre diferentes zonas de acordo com o período de exposição ao ar (superior, média e inferior), e entre locais com curral e sem curral do banco. Também foram obtidas informações sobre características granulométricas. Em cada zona e em cada local com e sem curral foram demarcadas áreas de onde se retirou aleatoriamente as réplicas. A densidade média de A. brasiliana foi maior na zona média, enquanto o comprimento foi significativamente maior na zona superior, o peso seco decresceu significativamente da zona superior para a inferior. Nenhuma variável da macrofauna foi diferente entre as zonas. A ordenação apresentou um gradiente com sobreposição de réplicas entre a zona inferior, superior e média, por isso a análise de similaridade revelou diferenças significativas. Nenhuma variável sedimentológica diferiu entre as zonas. A densidade de A. brasiliana não diferiu entre locais com e sem curral, porém o comprimento e o peso seco foram menores no local com curral. A densidade, número de táxons e diversidade da macrofauna associada foram significativamente maiores no local sem curral, a dominância foi maior no local com curral. Na ordenação as réplicas do local sem curral são mais similares entre si em relação às amostras do local com curral, por isso houve um gradiente entre locais. A análise de similaridade foi significativa entre os locais. Nenhuma variável sedimentológica diferiu entre locais com curral e sem curral. As diferenças nos atributos populacionais de A. brasiliana são frequentemente relacionados às interações ecológicas intra e interespecífica e a processos hidrodinâmicos. Os efeitos de artes de pesca resultam em alteração da comunidade bentônica em consequência de mudanças na hidrodinâmica do ecossistema local.

     

  • ADRIANA BATISTA PEDALE
  • Toxicidade do metabissulfito de sódio no Caranguejo – uçá Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Decapoda, Ucididae) da região amazônica

  • Data: 15/07/2010
  • Mostrar Resumo
  • Na carcinicultura a utilização da substância química metabissulfíto de sódio tem a finalidade de evitar o aparecimento de melanose nos camarões. Esta substância pode ser nociva para os organismos aquáticos que habitam os ecossistemas costeiros onde este efluente é descartado. No entanto, o efeito toxicológico do metabissulfíto de sódio ainda não é conhecido para caranguejos decápodes. Desta forma, o presente estudo procura investigar a CL 50 - 96 h do metabissulfíto de sódio para o caranguejo-uçá Ucides cordatus Os caranguejos foram coletados nas margens do canal estuarino do Furo Grande na planície costeira bragantina, no nordeste do Estado do Pará, Brasil. Ao chegar no laboratório de Carcinologia, os caranguejos foram aclimatados por sete dias em caixa de polietileno de 300 L contendo água marinha a uma salinidade de 15 com densidade de 35 caranguejos por caixa. Em seguida foram submetidos ao teste preliminar (screening) e posteriormente ao teste definitivo. Para tanto os caranguejos foram expostos a cinco diferentes concentrações (20,0; 38,0; 52,0; 62,0; 86,0 mg/L) mais o controle (0,0 mg/L) em cinco réplicas, contendo dois caranguejos por recipiente (5 L), em sistema estático, durante 96 horas. Simultaneamente ao teste definitivo e utilizando a mesma metodologia foi realizado o teste de referência com o cloreto de potássio (KCl) para validar o lote de organismos-teste utilizado. Foi observado uma correlação negativa com o aumento da concentração do metabissulfito de sódio em relação ao oxigênio dissolvido e ao pH. Ao final desse experimento foram obtidas as seguintes taxas de mortalidades em relação às concentrações de metabissulfíto de sódio: 100% em 86,0 mg/L, 74% em 62,0 mg/L, 52% em 52,0 mg/L, 44% em 38,0 mg/L, não havendo mortalidade em 20,0 mg/L e na solução controle. O valor da CL 50 - 96 h para o Ucides cordatus foi 42,58 mg/L/Na 2 S 2 O 5 . Assim, os resultados desta investigação indicam que o metabissulfito de sódio apresenta elevada toxicidade para o Ucides cordatus, o qual se mostrou eficiente na realização dos testes de toxicidade aguda.

     

  • ORLANDO BASTIAO SURLO GALLI
  • Efeitos toxicológicos do xenobiótico metabissulfíto de sódio em larvas e pós-larvas dos caranguejos (Decapoda: Brachyura), Cardisoma guanhumi l Atreille , 1828 e Ucides cordatus (Linnaeus , 1763).

     

  • Data: 28/06/2010
  • Mostrar Resumo
  • A aquicultura é um sistema produtivo de alimento com grande rapidez, tendo como principais organismos cultivados os peixes, moluscos, anfíbios, crustáceos e plantas aquáticas. A carcinicultura marinha atualmente se encontra como uma das mais produtivas e consequentemente mais impactantes aos ecossistemas costeiros, fato este devido principalmente pelo descarte dos resíduos originários das atividades de produção dos camarões. As condições ambientais como tamanho de costa propiciam um crescimento acima da média se comparado a países com tradição nesta criação. Com a rápida expansão da aquicultura, vem agregada uma lista de problemas ambientais com destaque destaca a eliminação de resíduos contendo metabissulfito de sódio usado na despesca do camarão. O metabissulfito é um sal inorgânico que age de forma redutora ao contato com a água, sequestrando o oxigênio dissolvido, e assim anulando a ação oxidativa com enzimas liberados pelos camarões, evitando a melanose ou “black spot”. O metabissulfito de sódio tem como produto residual o dióxido de enxofre e sulfato ácido de sódio, desta forma, além de deixar a água anóxica, provoca a acidificação da mesma. Os testes de ecotoxicidade, como o teste agudo da CL50... hs, são artifícios empregados para definir qual o efeito toxicológico como também a sensibilidade de organismos que dependem do meio estuarino como as larvas e pós-larvas de caranguejos que habitam o ecossistema manguezal. Em algumas espécies, as larvas são dispersas para se desenvolverem nas águas costeiras, com posterior retorno ao habitat parental em estágio transicional de megalopa, apta a realizar o assentamento e a metamorfose em juvenil – I, desta forma realiza a transição do ambiente pelágico planctônico para o bentônico. Como exemplo, merece destaque os caranguejos Uçá (Ucides cordatus) e Goiamum (Cardisoma guanhumi), devido à elevada importância econômica agregada à captura dos mesmos, pelas populações tradicionais de regiões costeiras. Em testes de toxicidade realizados pelo presente estudo, pode-se comprovar a elevada toxicidade do metabissulfito de sódio em larvas e pós-larvas. Para o C. guanhumi (capítulo-II)a CL50...48hs de 34,1 + 1,1mg/L em larvas Zoea I, 31,1 + 1,9 mg/L em larvas Megalopas e 30,6 + 2,3 mg/L em pós-larva Juvenil I. Em U. cordatus (capítulo-III), a CL50...48hs foi de 35,9 + 1 mg/L em Zoea I, 25,3 + 1,6 mg/L em Megalopa e 28,0 + 1,2 mg/L em Juvenil I. Desta forma o metabissulfito de sódio é um produto altamente danoso para os caranguejos C. guanhumi e U. cordatus em estágios iniciais de vida.

     

  • MARIA DE FATIMA GOMES CUNHA
  • Identificação genética de Tambaqui, Colossoma macropomum (Curvier, 1818) e dos híbridos Tambacu (Colossoma macropomum x Piaractus mesopotamicus) e Tambatinga (Colossoma macropomum x Piaractus brachypomus) através de marcadores moleculares nucleares e mitocondriais

     

  • Data: 30/04/2010
  • Mostrar Resumo
  • A aquicultura pode ser definida como o cultivo dos seres que têm na água seu principal ambiente de vida e está voltada principalmente para organismos que podem ser utilizados na alimentação humana. O Brasil apresenta condições favoráveis ao desenvolvimento das mais diversas modalidades de aqüicultura e dentre e, dentre as espécies nativas cultivadas no país, o tambaqui (Colossoma macropomum), se destaca como a espécie mais cultivada. Juntamente com essa espécie dois organismos que vêm ganhando espaço na aqüicultura são os híbridos tambacu (fêmea de tambaqui X macho de pacu) e tambatinga (fêmea de tambaqui X macho de pirapitinga), que estão sendo rotineiramente produzidos com o objetivo de produzir organismos com desempenho melhor que as espécies parentais. A identificação correta dos híbridos se torna muito difícil quando se leva em consideração apenas dados merísticos ou morfológicos, pois esses indivíduos assemelham-se muito aos parentais. Levando em consideração o aumento na produção de espécimes híbridos cultivados, a dificuldade em diferenciar estes organismos e também a facilidade com que os peixes são transportados dos sistemas de cultivos para rios, principalmente em épocas chuvosas, o objetivo do presente estudo foi utilizar técnicas moleculares de sequenciamento de DNA e de PCR Multiplex, para diferenciar organismos híbridos de suas respectivas espécies parentais e identificar geneticamente organismos que foram introduzidos em rios, por meio de escapes de piscicultura. Foram analisados 93 espécimes de pisciculturas dos estados do Pará, Amapá, Piauí e Rondônia, além de 34 indivíduos nativos da espécie C. macropomum, provenientes do Lago Grande/PA. Com relação aos espécimes introduzidos, foram coletados 13 indivíduos em dois rios do estado do Pará (Santo Amaro e Patal); rios estes onde o tambaqui não ocorre naturalmente. As análises foram feitas com seqüências de DNA da região controle e também pelo método de PCR multiplex do gene nuclear α- tropomiosina. Foram sequenciados 505 pares de bases (pb) da região controle para todos os espécimes coletados (nativos, cultivados e introduzidos). A comparação das seqüências deste estudo com sequências retiradas do GenBank, mostrou similaridade genética de aproximadamente 100% com a espécie C. macropomum, confirmando a linhagem materna desses indivíduos como sendo oriunda de tambaqui. Por meio da PCR multiplex foi possível diferenciar todos os indivíduos analisados, se puros ou híbridos (tambatinga ou tambacu). Esta ferramenta pioneira é de grande importância para a aquicultura brasileira, pois permite determinar a pureza (ou não) das matrizes produtoras de alevinos, a identificação de alevinos e juvenis adquiridas por piscicultores, além de permitir a monitoração das possíveis introduções de espécies através da aqüicultura.

  • TAKAYUKI TSUJI
  • Sobrevivência e crescimento de plântulas das espécies arbóreas de mangue semeadas em áreas degradadas na península de Ajuruteua, Bragança - Pará

     

  • Data: 13/03/2010
  • Mostrar Resumo
  • Para fornecer informações sobre a atividade de reflorestamento e seu planejamento, o presente estudo avaliaram diversas variáveis bióticas de três espécies de mangue: Avicennia germinans (L.) Stearn, Laguncularia racemosa (L.) Gaertn. f. e Rhizophora mangle L. em uma lacuna de floresta de mangue na costa da Amazônia brasileira, desde a semeadura direta até a conclusão de um ano. Semente os pesos foram: R. mangle, 21,5 g, A. germinans, 4,7 g e L. racemosa, 0,5 g; taxa de brotação em R. mangle foi de 80%; a taxa de não brotação em L. racemosa foi de 88%; brotação primária períodos: A. germinans, entre 4 e 8 dias, L. racemosa, entre 9 e 16 dias, e R. mangle, entre 30 e 44 dias; o número de ramos em A. germinans foi de 8,8; número de folhas em A. germinans foi de 108; a vida útil das folhas em R. mangle foi de 210 dias; floração em A. germinans em 212 dias; frutificação em L. racemosa em 309 dias; sobrevivente foi: R. mangle, 97%, A. germinans, 95% e L. racemosa, 37%. A. germinans e L. racemosa mostraram características semelhantes de rápido crescimento, como especialistas em lacunas. A maioria das variáveis bióticas mostrou valores mais altos em comparação com outros estudos, indicando que o estado ambiental temperatura) fornecem melhores condições para o crescimento inicial das espécies de mangue Costa brasileira da Amazônia, mesmo em uma lacuna de floresta. Os resultados do presente estudo fornecem suporte para a hipótese de que as espécies de mangue que produzem sementes maiores e mais pesadas são mais provavelmente estabelecer e sobreviver em áreas de mangue degradadas.

2009
Descrição
  • DANILO SILVEIRA DA CUNHA
  • Caracterização da atividade pesqueira do Pargo Lutjanus purpureus Poey, desembarcado na região bragantina – PA

  • Data: 31/10/2009
  • Mostrar Resumo
  • O pargo Lutjanus purpureus constitui um dos principais recursos pesqueiros marinho de importância econômica nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Porém, há indícios de sobrepesca nos estoques da espécie. O presente trabalho objetivou realizar o diagnóstico da atividade pesqueira do pargo na costa Norte do Brasil, para tanto foram monitorados 15 embarcações pargueiras que desembarcam nos portos de Bragança e Bacuriteua (PA). Dessas embarcações, durante a ano de 2006, foram registrados o volume desembarcado de pargo e da fauna acompanhante, sendo também calculada a rentabilidade da pescaria, considerando o tipo de embarcação e o apetrecho de pesca utilizado. Durante o desembarque o pescado foi subdividido em peixe fraco e peixe de primeira. O pargo foi classificado por tamanho em grande (G) (WT  600g), médio (P) (450 ≥ WT ≤ 600g) e pequeno (PP) (WT ˂ 450). Paralelamente, foi realizado o levantamento e a descrição das embarcações pargueiras atuantes nesta região e a caracterização dos apetrechos de pesca. No total foram desembarcados 334,4t de pescado, sendo 239,9t de pargo. A fauna acompanhante foi composta por 15 espécies com destaque para a garoupa com volume desembarcado de 29,7t. Cerca de 30,1 e 6,4t de pargo G e P foram exportados, respectivamente. Em setembro foram registrados os maiores valores de CPUE. No mercado nacional, foram comercializados 103,1; 96,2 e 4,1t de pargo G, P e PP, respectivamente. Os principais compradores de pargo foram o Ceará e os EUA, no mercado nacional e no internacional, respectivamente. No contexto geral, a pescaria movimentou R$ 2.166.745,37; sendo R$ 1.567.084,82 obtidos da comercialização do pargo. O óleo combustível e a mão-de-obra participaram com mais de 75% dos custos operacionais. Foram registradas 61 embarcações atuantes na pesca do pargo na região bragantina. Houve predomínio de embarcações com comprimento total de 11 a 15m. Os apetrechos de pesca atuantes na captura do pargo foram a linha pargueira com “bicicleta”, o manzuá e o caíque. A linha pargueira com “bicicleta” é a arte de pesca mais utilizada nesta pescaria. A pesca do pargo apresenta viabilidade econômica, porém 44,5% do pargo desembarcado está abaixo do tamanho de primeira maturação sexual.

     

  • DANILO CESAR LIMA GARDUNHO
  • Atributos estruturais e fenologia dos manguezais da reserva estrativista de Soure, Ilha do Marajó, Pará

  • Data: 31/08/2009
  • Mostrar Resumo
  • O presente estudo tem como objetivo produzir informações sobre os atributos estruturais das florestas de mangue e as relações entre a produção das fenofases reprodutivas das espécies da Reserva Extrativista Marinha de Soure, Ilha do Marajó - PA. Para descrição dos atributos estruturais enfatizou-se os padrões de distribuição espacial da vegetação, em três sítios de trabalho onde foram demarcadas 25 parcelas de 20x20 m, mensurando-se circunferência à altura do peito, altura total e largura da copa. Foram registrados 2.005 indivíduos, destes 1104 (55%) pertencem as espécies Rhizophora racemosa, Rhizophora harrisonii, Laguncularia racemosa e Avicennia germinans, os 901(45%) indivíduos restantes estão inclusos na categoria Outros distribuídos nos três sítios. No Sítio 01 a espécie que apresentou maior dominância relativa foi R. racemosa(DoR=72%), e Diâmetro a Altura do Peito médio de DAP=42,2cm e Altura média=17,7m. No Sítio 02 a espécie que apresentou maior dominância foi A. germinans(DoR=50%), e DAP médio de DAP=27,4cm e Altura média=11,9m. No Sítio 03 a espécie que apresentou maior dominância foi R. Harrisonii(DoR=50%), DeR= 21%, DAP=18,6cm e Altura=14,9m. As observações referentes ao estudo da fenologia reprodutiva (floração e frutificação) foram realizadas com o auxilio de um binóculo, em 20 árvores de maior porte estrutural para .cada espécie (Rhizophora racemosa, Rhizophora harrisonii, Laguncularia racemosa e Avicennia germinans), durante um ano. Os resultados,para as espécies, mostraram que as espécies apresentaram produção continua tendo os picos da floração e da frutificação no período chuvoso, com exceção de A. germinans que apresentou produção para ambas as fenofases no período seco

  • KELLE DE NAZARE CUNHA
  • Estudo da dieta da ictiofauna em canais-de-maré de um sistema estuarino na Costa Amazônica, Pará – Brasil.

  • Data: 31/08/2009
  • Mostrar Resumo
  • O mecanismo de alimentação da ictiofauna é resultado de um complexo sistema de adaptações ao longo de sua evolução, com mudanças na anatomia, fisiologia e ecologia que visam aperfeiçoar sua permanência e manutenção no meio. Estudos de ecologia trófica de peixes fornecem informações mais detalhadas a respeito de como as comunidades estão estruturadas. A comunidade íctica estudada foi a de canais de maré da praia de Ajuruteua (canal da Barca) e dentro do manguezal (furo grande). O objetivo do trabalho foi analisar a dieta de espécies ocorrentes nos canais de maré em um estuario da costa amazônica, assim como, o estabelecimento de guildas alimentares da ictiofauna. No período de julho de 2007 a novembro de 2008 foram capturados e analisados os estomagos de 757 indivíduos. Para cada item alimentar foi calculado: a Freqüência de Ocorrência (%); o Índice de Análise Volumétrica e o Índice de Importância. Foram determinados o Fator de Condição-K e a relação peso/comprimento de doze espécies. Os exemplares capturados foram distribuídos em 10 ordens e 17 famílias. A família com maior representatividade foi Tetraodontidae com 23,06% seguida de Ariidae e Mugilidae que contribuíram com 18,31 e 13,31%, respectivamente. Considerando o percentual de biomassa das espécies, de um total de 16.730,26 g, as espécies que mais contribuiram foram Mugil gaimardianus; Anableps anableps; Mugil curema; Cathorops spixii; Colomesus psittacus; Sciades herzbergii; Pterengraulis atherinoides e Stellifernaso. A relação peso/comprimento apresentou alometria do tipo negativa para Genidens barbus, Genyatremus luteus, Mugil gaimardianus, Rhinosardinia amazonica, Atherinela brasiliensis e Cetengraulis edentulus. O fator de condição das espécies Anableps anableps, Colomesus psittacus e Genyatremus luteus variou de 0,018 a 0,0226. Os resultados da análise dos conteúdos estomacais possibilitaram a identificação de quatro guildas tróficas da ictiofauna: fitoplanctófagos, zoobentófagos, zooplanctófagos e oportunistas. Nos canais-demaré houve preponderância da rede trófica detritivora, característica de ambientes estuarinos associados ao manguezal. A principal via de tranferência de energia da ictiofauna dos canais de maré foi a bentônica, baseado tanto em detritos quanto em organismos bentônicos.

  • RUI MAURICIO REIS DA SILVA
  • Crustáceos parasitas de peixes no estuário do Taperaçú (Bragança - PA)

  • Data: 31/08/2009
  • Mostrar Resumo
  • Entre dezembro de 2007 e novembro de 2008 no estuário do Taperaçu, Bragança-PA, foram analisados 430 exemplares de peixes, sendo 118 Mugil gaimardianus, 141 Anableps anableps, 124 Sciades passany e 47 Peprilus paru, nos quais estavam presentes 10 táxons de parasitas, pertencentes a cinco famílias (Ergasilidae, Caligidae, Cymothoidae, Ganthiidae e Argulidae). Os Copepoda do gênero Ergasilus foram registrados em todos os hospedeiros estudados. A fauna de crustáceos parasitas encontrada mostrou-se rica, com cada peixe apresentando pelo menos dois parasitas diferentes. A prevalência total da maioria das espécies foi alta, com valores de 58% em A. anableps, 91,5% em P. paru e 88,9% em M. gaimardianus. S. passany teve somente 15,9% de prevalência total. Os maiores valores de prevalência relativa foram verificados para o parasitismo do Isopoda Cymothoa sp. 1 em P. paru (89,3%) e por copépodes do gênero Ergasilus em M. gaimardianus (87,2%). As correlações entre variáveis ambientas com os índices parasitológicos foramsignificativas apenas em A. anableps e M. gaimardianus. Na primeira espécie, abundância e intensidade média de infestação de Ergasilus sp. 1 estiveram negativamente correlacionadas com salinidade e positivamente com precipitação pluviométrica. Em M. gaimardianus, abundância e a intensidade média da infestação de Ergasilus estiveram negativamente correlacionadas com a salinidade. De um modo geral os parasitas copépodes apresentaram índices parasitológicos mais elevados no período chuvoso e os isópodes no período seco. Não foram observadas diferenças significativas no parasitismo entre sexos, não sendo também observadas correlações significativas entre os índices parasitológicos e as variáveis merísticas (peso, comprimento total e padrão). As espécies de Cymothoa encontradas constituem novas ocorrências para o Brasil e provavaelmente se tratam de espécies novas. Assim como Ergasilus sp1 e Ergasilus sp2 e Ergasilus sp3

  • DAVIDSON CLAYTON AZEVEDO SODRE
  • Análise filogenética das famílias Carcharhinidae e Sphyrnidae e análise populacional de Carcharhinus limbatus através do uso de genes mitocondriais e nucleares.

  • Data: 29/08/2009
  • Mostrar Resumo
  • Usando segmentos nuclear e mitocondriais este estudo propõe-se à estudar as relações filogenéticas dos tubarões da família Carcharhinidae e Sphyrnidae, bem como aanálise populacional da espécie Carcharhinus limbatus na costa norte do Brasil. O alinhamento das sequências mitocondriais (12S-16s, Citocromo b, ND2 e ND4) somam 3315 pares de base e da sequência nuclear (RAG 1) possue 1110 pares de base, para as análises populacionais o banco de dado é composto por cerca de 1070 pares de base da região controle mitocondrial (Alça D). As árvores filogenéticas foram construídas seguindo os métodos; Agrupamento de Vizinhos, Máxima Parcimônia, Máxima Verossimilhança e Inferência Bayesiana. Os mais significantes resultados em relação a filogenia de Carcharhinidae encontrados neste estudo foram: a rejeição de monofilia de Carcharhinidae e Carcharhinus. A família Carcharhinidae é uma grupo monofilético o qual inclue a família Sphyrnidae e Carcharhinus inclue ao gêneros Prionace e Isogomphodon; este estudo propõe uma alteração na classificação das espécies P. glauca e I. oxyrhynchus, que provavelmente pertencem ao gênero Carcharhinus, além da mudança na classificação dos gêneros Galeocerdo e Rhizoprionodon que devem ser considerados famílias separadas. Em relação à população de C. limbatus coletada no Norte do Brasil, concluiu-se que esta corresponde a uma população geneticamente diferente e divergente das demais populaçõesanaliasadas e é formada por um alto número de haplótipos quando comparadas a estas últimas.

  • LUCILENE DO SOCORRO AVIZ DE QUADROS
  • Estudos populacionais de Triplodon corrugatus (Mollusca, Bivalvia) dos rios Tocantins, Irituia e Piriá através de sequências parciais do gene mitocondrial citocromo oxidase c subunidade i

  • Data: 29/08/2009
  • Mostrar Resumo
  • Pouco se conhece sobre Triplodon corrugatus e é necessário avaliar a estrutura genético-populacional dessa espécie. As informações resultantes da pesquisa poderão contribuir para futuros estudos de monitoramento e para traçar estratégias de manejo e conservação dos estoques desta espécie. O presente estudo tem como objetivo caracterizar geneticamente, por meio do sequenciamento parcial do gene citocromo oxidase c subunidade I (COI), as populações de T. corrugatus dos rios Tocantins, Irituia e Piriá. Foram sequenciados e alinhados 337 pares de bases de COI de 59 indivíduos amostrados e foram verificados seis sítios variáveis. Não foram evidenciados indícios da presença do padrão de herança duplo-uniparental (DUI). De um total de 12 haplótipos, apenas uma mutação não foi sinônima.Somente um haplótipo (H2) foi compartilhado pelas três populações. Amostras com os haplótipos H1, H3 e H9 foram encontrados nos rios Tocantins e Piriá e H11 foi verificado nas populações dos rios Tocantins e Irituia. A população de Piriá não apresentou um único haplótipo mais frequente e foi a população com maior diversidade. Os valores das diversidades haplotípica e nucleotídica para a população do rio Irituia foram baixos. Para os rios Piriá e Tocantins, os valores de diversidades haplotípicas foram altos e as nucleotídicas baixas. A rede de haplótipos mostrou as populações dos três rios com estruturação. Os valores de Fst foram significativos e os resultados da AMOVA confirmaram que as três populações são heterogêneas. A população de T. corrugatus do rio Irituia e do rio Piriá apresentaram desvio de neutralidade e os resultados sugeriram que para Irituia a causa mais provável seja a seleção de fundo (background selection) e para o Piriá seja expansão populacional, que ocorreu provavelmente em algum momento entre 136 mil e 340 mil anos.

  • CARLOS ANDRE MELO PALMEIRA
  • A Trajetória de Pristis, uma arraia criticamente ameaçada. Uma análise Genética
  • Data: 28/08/2009
  • Mostrar Resumo
  • - - - - -
  • KATIA CILENE NOBRE DE LIMA
  • Avaliação ecológica de um sistema hidrográfico urbanizado (Rio Cereja, Bragança – PA) baseado em atributos ictiológicos

  • Data: 28/08/2009
  • Mostrar Resumo
  • Os sistemas hidrográficos atualmente vêm sofrendo grande pressão antrópica, alterando severamente tanto suas características ambientais quanto ictiológicas. Portanto, os impactos causados pelas ações humanas às assembléias de peixes levam a perda de qualidade e dificultam sua integridade, além de interferir em sua manutenção. A avaliação de sistemas hidrográficos através de dados ictiológicos vem se tornando arma importante, já que os parâmetros empregados apenas no que diz respeito à qualidade da água não são suficientes para retratar a realidade do ambiente. Para o presente estudo foram caracterizadas as unidades ictiotaxonômicas que ocorrem em um sistema hidrográfico urbanizado (Rio Cereja, Bragança - PA), a fim de identificar uma possível associação entre a riqueza de espécies e o estado de conservação do rio. Foram realizadas coletas nos períodos chuvoso e seco, entre agosto de 2007 a junho de 2008. Quatro pontos (PE (Ponto do Edson), PC (Ponto do Cego), OS (Ponto da Estrada) e PP(Ponto da Palafita)) foram amostrados por um trecho de 50 m com esforço amostral de 1 h, em quatro campanhas para a coleta da ictiofauna e dados ambientais (através do protocolo de avaliação rápida para o calculo do IIA – Indicador de Integridade Ambiental). Foram capturados 1741 indivíduos, sendo a maioria pertencente à ordem Characiformes. O ponto PE obteve H’=2,008 e D=3,44 e IIA = 21, PC que apesar do menor IIA (16) foi o que apresentou maior diversidade (H’=3,236) e riqueza (D=8,604). Os pontos PS e PP foram os que mostraram os menores valores para o IIA (5.5 e 6 respectivamente). A dominância (d=0,1546) e equitabilidade (0,78) em PC foram concordantes entre si. Os demais pontos mostraram-se com maiores valores de dominância e menores de equitabilidade. As análises de NMDS separaram a ictiofauna do Rio Cereja em três grupos de acordo com a abundância e integridade do ambiente, e a ANOSIM revelou que estes grupos apresentam diferenças significativas. As espécies que mais contribuíram para a formação dos grupos de acordo com SIMPER foram para o grupo 1 Hyphessobrycon agulha e Apistograma caetei, para o grupo 2 Eigenmannia virecens e Steatogenys duidae e para o grupo 3 Rineloricaria (Dasyloricaria) sp. 1 e Ancistrus sp. 1. Os resultados alcançados através de abordagem como as que utilizam indicadores ambientais foram eficazes no diagnóstico da qualidade de ambientes degradados devido às ações humanas, uma vez que demonstraram que em ambientes pouco degradados foi verificada uma maior riqueza de espécies. Algumas espécies podem ser indicadoras: H. agulha, Astyanax (Pseudochalceus) sp.1, Astyanax fasciatus , Apistograma caetei, Aequidens sp.1, Copella arnoldi, Nannostomus beckfordi e P. brevis, Eigenmannia sp.1, S. duidae, e Hoplias malabaricus (Erythrinidae), que estiveram associadas a ambientes conservados. As espécies R. (Dasyloricaria) sp.1 e Ancistrus sp.1 (Loricariidae) foram associadas a ambientes alterados.

  • JANIO DI PAULA CAVALLEIRO DE MACEDO DOS SANTOS
  • Morfologia de fundo e sedimentologia da baía de São Marcos-Ma: Implicações hidrodinâmicas e ecológicas.

  • Data: 28/08/2009
  • Mostrar Resumo
  • A região costeira é, de uma forma geral, extremamente dinâmica, possuindo uma grande produtividade e diversidade biológica, sendo bastante sensível a impactos antrópicos. Neste contexto destaca-se a Baía de São Marcos (MA), foco deste trabalho, com objetivo de avaliar a diversidade de habitats de fundo na área, através de levantamentos de sedimentologia e morfologia e levantamentos de circulação.

    Foram efetuadas coletas de sedimentos em 134 pontos no entorno do Porto de Itaqui, além de 60 pontos em uma área ao largo da Ilha dos Caranguejos. Velocidade e direção de correntes, além de salinidade e temperatura da água foram medidas. Estes dados foram avaliados em termos de variações entre ciclos de maré de quadratura e de sizígia, fundo e superfície e entre o período de chuva (maio 2007), e seca (outubro 2007), correlacionados ainda com a morfologia de fundo local. A partir dos resultados nota-se o predomínio de areia muito fina, com contribuições de areia média e fina. Nas áreas rasas junto à costa ou em áreas de sombra de barreiras naturais ou instalações portuárias e ainda bancos, observou-se sedimentos finos (lama) de maneira mais proeminente. Destaca-se ainda a presença de rochas e sedimentos antigos aflorantes, bem como nos canais profundamente escavados. As amostras na sua maioria apresentaram-se bem selecionadas em ambas as áreas e aproximadamente simétricas na área 01, e aproximadamente simétricas a assimetria positiva na área 02, o que indica possível deposição no local.

    Os maiores percentuais de matéria orgânica ocorreram nas amostras finas (lamosas) e os maiores percentuais de carbonato ocorreram em sua maioria nas amostras de areias fina e muito fina, e em algumas amostras lamosas. Velocidades de corrente aproximaram-se de 4 m/s durante ciclos de sizígia e 3 m/s durante períodos de quadratura. A salinidade oscilou entre 32 e 34 para área 01 e entre 30 e 33 na área 02 (estação seca) e 19 e 24 área 01 (estação de chuvas). Os resultados combinados de sedimentologia e morfologia de fundo e de correntes e salinidade apontam para uma circulação muito intensa e grande mobilidade do sedimento de fundo. A diversidade de habitats de fundo é controlada principalmente pela geologia antecedente e morfologia de fundo da baía, gerando substratos duros e fontes de areias mais grossas, bem como áreas protegidas com deposição de lama.

  • RONEY NONATO REIS DE BRITO
  • Análise morfodinâmica do estuário do Taperaçu no nordeste paraense, Brasil e suporte para modelagem numérica

     

  • Data: 21/08/2009
  • Mostrar Resumo
  • Para a compreensão da morfodinâmica do estuário de macromaré do Taperaçu (nordeste do Pará, Brasil), três aspectos fundamentais foram investigados: a morfologia estuarina, sua sedimentologia e, principalmente, sua hidrodinâmica. Para análise da morfologia do estuário, imagens de satélite e um levantamento batimétrico foram utilizados. 57 Amostras de sedimento foram coletadas ao longo do estuário e analisadas granulometricamente. Próximo à foz do estuário e na porção mais interna foram feitas medições de velocidade de corrente e níveis d’água para estação seca (setembro de 2008), enquanto que para a estação chuvosa (março de 2009), medidas de velocidade foram repetidas na foz do estuário. Uma campanha também foi realizada no furo do Taici, canal de ligação entre o estuário do Taperaçu e do Caeté, no mês de setembro de 2008, para medições de velocidade e nível d’água. Perfis verticais e longitudinais de salinidade, temperatura e turbidez também foram realizados. A morfologia geral do estuário é marcada pelo afunilamento, com a presença de grandes bancos nas porções centrais, bem como a presença de dois canais marginais. Prevaleceram no estuário as frações de areias finas a muito finas. Em relação à parte mais externa (Inlet), a parte mais interna (Castelo)  apresentou uma atenuação na amplitude de maré de cerca de 35%. Com relação à duração das fases, a maré apresentou uma forte assimetria na parte interna, onde no Castelo a vazante durou 8h20min enquanto que a enchente apenas 4h. A assimetria em favor da enchente também se manifestou nas velocidades de corrente, sendo os valores aproximadamente 20% superiores aos de vazante. A similaridade encontrada entre as estações seca e chuvosa em termos de amplitudes de maré e de velocidades de corrente, assim como nas diferenças entre as fases de enchente e vazante, existe em função da própria ausência de descarga fluvial efetiva, onde os padrões hidrodinâmicos observados são o resultado de suas interações com a morfologia. Em relação ao furo do Taici se observou que o fluxo mais significativo é na fase de enchente, do Taperaçu para o Caeté, sendo oposto na vazante. O estuário pode ser caracterizado como verticalmente bem misturado. Longitudinalmente (estação seca), variações de salinidade e MPS só ocorreram nas proximidades de influência da água do estuário do Caeté, via furo do Taici. O domínio de enchente em direção ao interior implica no transporte líquido de sedimentos para dentro do estuário, o que resulta em um grande preenchimento de sedimentos. O fluxo de água e sedimento em suspenão do Taperaçu para o Caeté através do furo do Taici durante a fase de enchente permite a manutenção do domínio de enchente no estuário, a pesar do preenchimento, que favoreceria a vazante.

  • SHIRLEY AMELIA DA SILVA LEAO
  • Análise espaço-temporal da abundância relativa da serra Scomberomorus brasiliensis (Pisces: Scombridae) desembarcada no litoral paraense, Costa norte doBrasil

  • Data: 21/08/2009
  • Mostrar Resumo
  •  

    A serra Scomberomorus brasiliensis Collette, Russo e Zavala-Camin, 1978 é uma espécie alvo de uma pescaria sazonal, economicamente relevante na costa Norte, onde acontecem na atualidade seus maiores desembarques. Investigações científicas referentes à região são escassas, apesar de indícios de sobrecapacidade para a população relatados em poucos trabalhos. Torna-se necessária a otimização do uso da CPUE, ajustando-se efeitos de fatores que possam estar relacionados com a abundância do estoque de forma a constatar com maior eficiência a real situação da exploração deste importante recurso. Este trabalho realizou a aplicação dos modelos de análise estatística (GLMs), aos dados relativos à pescaria da serra com redes serreira, visando a obtenção de uma série de CPUEs padronizadas, testando-se o efeito de variáveis espaço-temporais e ambientais para as operações realizadas na costa Norte. O modelo proposto considerou o efeito das variáveis ambientais TSM, precipitação e vazão referentes ao período de 2002 a 2007; variáveis espaço-temporais na forma de Sub-área 1 e Sub-área 2 dentro da área de estudo, além do efeito dos semestres do ano como período mais chuvoso e menos chuvoso. Os dados de CPUE utilizados foram oriundos dos registros das operações das embarcações de pesca da frota comercial coletadas pelo projeto ESTATPESCA do CEPNOR/IBAMA no Pará. Verificou-se que foram controladas 7.874 viagens direcionadas a captura da espécie no período do estudo, realizadas por cerca de 350 embarcações anuais. Cerca de 55% da variabilidade da CPUE da serra na região, é explicada pelo modelo proposto, tendo este índice alta correlação com as variáveis selecionadas. As variáveis espaço-temporais e ambientais não tiveram influência significativa, na obtenção da série padronizada de CPUEs. As CPUEs padronizadas apresentaram tendências bastante similares às CPUEs nominais, parecendo ser suficiente o uso dos modelos lineares propostos por Schaefer (1954) e Fox (1970) para a obtenção dos índices de abundância relativa da
    espécie na costa Norte do Brasil.

     

  • DANIELLE CRISTINA BULHOES ARRUDA
  • Redescrição do megalopa e desenvolvimento juvenil de Pachygrapsus gracilis (Saussure, 1858) (Decapoda: Grapsidae) da região amazônica, cultivado em laboratório

  • Data: 03/07/2009
  • Mostrar Resumo
  • O presente trabalho teve como objetivo principal: 1) redescrever o megalopa, 2) descrever em detalhe a morfologia juvenil I e 3) observar a morfologia dos pleópodos e o crescimento do I ao VII estágio juvenil de Pachygrapsus gracilis que habita a região amazônica, cultivados em laboratório. Trabalhos anteriores descreveram o megalopa de P. gracilis, que habita o México, P. transversus e P. marmoratus. Apesar de se tratar de mesma espécie, importantes distinções foram encontradas entre P. gracilis de águas amazônicas e o de águas mexicanas, para estes, as principais diferenças morfológicas foram no número de tentáculos no 5o par de pereiópodos e número de cerdas nos apêndices. Quando comparamos P. gracilis (presente estudo) a P. transversus e P. marmoratus, as distinções ocorreram principalmente nos número de cerdas e segmentações dos apêndices. Em relação à descrição morfológica do juvenil I, somente as espécies P. transversus e P. marmoratus foram estudadas. A diferença mais marcante encontrada entre o juvenil I destas espécies foi a presença do dente antero-lateral na carapaça de P. gracilis e P. marmoratus e a ausência do dente em P. transversus. Quanto ao desenvolvimento juvenil, somente P. transversus teve seu desenvolvimento estudado. As principais diferenças encontradas entre P. transversus e P. gracilis (presente estudo) estão relacionadas ao período de intermuda de cada estágio juvenil, surgimento do orifício genital e desenvolvimento dos pleópodos de machos e fêmeas. Em P. gracilis o período de intermuda foi bastante reduzido, o orifício genital está presente a partir do juvenil III e a diferenciação do pleópodo do macho acontece até o juvenil V. Nas fêmeas, os pleópodos, sofrem profunda e rápida diferenciação até o juvenil VI. Em P. transversus o orifício genital é observado no juvenil II e a diferenciação dos pleópodos em machos e fêmeas ocorre até o juvenil V.

     

  • MARCELA CUNHA MONTEIRO BERNARDI
  • Aspectos hidrodinâmicos, hidrológicos e microbiológicos do estuário do Rio Caeté-PA (Brasil)

  • Data: 07/04/2009
  • Mostrar Resumo
  • O estuário do rio Caeté está localizado no nordeste do Estado do Pará e é dominado pelo regime de macromarés semidiurnas. Para conhecer as condições hidrodinâmicas, hidrológicas e microbiológicas da água, coletas bimestrais foram realizadas no período de abril/06 a fevereiro/07, simultaneamente, em três estações de coleta, localizadas no setor flúvio-estuarino (Bragança – área urbanizada), estuarino (próximo a ilha do Jabuti – não ocupada) e estuarino-marinho (Vila dos Pescadores – pouco urbanizada). Mini-correntomêtros foram fundeados, nas três estações, durante 24 h e 50 min. para medir dados referentes à velocidade e direção das correntes e à temperatura da água. Simultaneamente, amostras de água foram coletadas em cada estação, em intervalos de 6 h, para posterior análise da salinidade, pH, nutrientes (fosfato, nitrito, nitrato), clorofila-a e coliformes termotolerantes. Uma régua foi fixada para medir a variação da altura da maré, próximo ao setor estuarino. Os resultados dos agentes hidrodinâmicos estudados (marés e correntes) indicaram que as marés são assimétricas e que os períodos e a intensidade das correntes de maré durante os períodos de enchente e vazante foram diferenciados. No período chuvoso, os períodos de vazante foram ligeiramente mais longos e as intensidades das correntes de marés foram maiores quando comparados com os períodos de enchente. Durante este período do ano, a elevada vazão do Caeté, em decorrência da elevada precipitação pluviométrica, registrada principalmente nos meses de março e abril, foram responsáveis por este padrão de circulação. No período seco, a redução da vazão do Caeté, a presença de fortes ventos, a ação de ondas e a presença de barras e bancos de areia ao longo da desembocadura do Caeté foram responsáveis para que os períodos de enchente fossem ligeiramente mais longos e as intensidades das correntes de marés fossem maiores quando comparados aos períodos de vazante. A presença de manguezais e de furos também influenciaram na assimetria da maré, nesta região. A velocidade máxima das correntes de maré foi de 2 m.s-1, no setor marinho e a altura máxima, no setor estuarino, foi de 4,9 m. Com relação aos fatores físico-químicos, os maiores valores foram registrados ao longo do período seco. A salinidade mostrou uma ampla variação, enquanto que o pH e a temperatura foram mais estáveis. As concentrações de nutrientes, clorofila-a e coliformes termotolerantes sofreram uma variação sazonal marcante, variando em função da descarga do rio Caeté, das marés equinociais de sizígia, da capacidade de diluição do ambiente e das atividades antrópicas. As concentrações mais elevadas ocorreram no setor flúvio-estuarino, devido ao adensamento populacional. A falta de saneamento básico e a presença de casas, comércio, fábricas de gelo, posto de gasolina, feira pública, mercados municipais, desembocadura do rio Cereja, entre outros focos de contaminação, próximos a este setor estudado foram responsáveis pela eutrofização que ocasionou os elevados valores de clorofila-a, bem como pelos elevados valores de coliformes termotolerantes. Entretanto, o regime hidrodinâmico e as elevadas precipitações registradas no período chuvoso foram responsáveis por amenizar os efeitos da contaminação, neste setor e possivelmente em águas adjacentes. Nos outros dois setores estudados, as atividades humanas parece não comprometer a qualidade da água estuarina e estuarina-marinha. Por fim, é possível concluir que os fatores hidrodinâmicos, hidrológicos e microbiológicos estudados, ao longo do estuário do rio Caeté, são fortemente influenciados temporalmente por fatores climatológicos (e.g. precipitação e fortes ventos) e astronômicos (e.g. maré equinociais de sizígia) e espacialmente pela maior ou menor influência marinha ou fluvial e pelas atividades antrópicas.

2007
Descrição
  • KELLI GARBOZA DA COSTA
  • COMPOSIÇÃO E VARIAÇÃO TEMPORAL DO ZOOPLÂNCTON DO ESTUÁRIO DO RIO TAPERAÇU (BRAGANÇA-PARÁ-BRASIL)
  • Data: 20/06/2007
  • Mostrar Resumo
  • Variações nictemeral e sazonal do zooplâncton no estuário do rio Taperaçu (Norte do Brasil, Pará) e o efeito dos parâmetros hidrológicos sobre a dinâmica destes organismos foram estudados nos meses de setembro de 2004 (período seco), março de 2005 (período chuvoso) e setembro de 2005 (período seco). As coletas foram realizadas durante marés de sizígia em intervalos de 2 horas durante um período de 24 horas. As amostras foram coletadas na superfície da água através de arrastos horizontais de 3 minutos com auxílio de uma rede de plâncton com abertura de malha de 120 µm provida de fluxômetro (Hydrobios, Kiel). Medidas simultâneas de salinidade, pH, oxigênio dissolvido e temperatura foram realizadas na superfície da coluna d’água com um analisador multi-parâmetros (WTW-304i). O estuário apresentou uma elevada variação na salinidade (9,1-40) com características mesohalinas a polihalina/marinhas durante os períodos chuvoso/2005 e seco/2005, respectivamente. Os parâmetros hidrológicos apresentaram diferenças significativas (p<0,05) em relação aos três meses de coleta. Identificou-se um total de 51 taxa compreendendo os seguintes grupos: Sacomastigophora, Cnidaria, Nematoda, Platyhelminthes, Annelida, Mollusca, Arthropoda, Bryozoa, Chaetognatha e Chordata. O grupo Copepoda dominou quantitativamente o zooplâncton local compreendendo 51% dos organismos. O valor médio da densidade zooplanctônica oscilou de 87.610,16 ind.m-3 a 214.685,5 ind.m-3 durante os meses de setembro de 2005 (período seco) e setembro de 2004 (período seco). A pluviometria mostrou-se um dos principais responsáveis pelas oscilações dos parâmetros hidrológicos e conseqüentemente pela dinâmica populacional do zooplâncton no estuário do Taperaçu. Não obstante, o regime de marés pareceu influenciar diretamente a composição e a densidade zooplanctônica, apresentando um importante papel em alguns dos meses estudados.
2002
Descrição
  • ELDER AUGUSTO GUIMARAES FIGUEIRA
  • Caracterização da comunidade macrobentônica dos manguezais do furo grande, Bragança, Pará.

  • Data: 24/06/2002
  • Mostrar Resumo
  • A comunidade macrobentônica que coloniza os manguezais da região próxima ao furo grande em Bragança, Pará foi investigada. Coletas mensais foram realizadas em três subáreas de Mangue, cada uma com aspecto fisiografico distinto. Uma sub apresenta bosque Misto com árvores de Avicennia germinans e Rhizophora mangle, outra subárea é denominada por Avicennia germinans e uma terceira denominada por Rhizophora mangle,. Um total de 3.954 organismos foram coletados, sendo distribuidos em cinco filos (Nemertina, Mandibulata, Crustácea, Annelida e Mollusca), com dominância do grupo dos anelídeos poliquetas, que representam 84,38% dos invertebrados presentes neste estudo. A densidade para área do furo grande, como um todo, foi de 8508 ind.m-2, sendo subárea Mista a mais densamente povoada (963 ind.m-2). O valor do índice de Shannon Weiner (H’= 1,23) calculado para a área do furo grande foi relativamente baixo, assim como a equitabilidade (J’= 0,343), Os invertebrados distribuíram-se de maneira agrupada no substrato, tanto na área do furo grande quanto em cada subárea. A salinidade, a condutividade e oxigênio dissolvido foram os fatores abióticos que mostraram forte correlação com a comunidade macrobentônica.

SIGAA | Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação (CTIC) - (91)3201-7793 | Copyright © 2006-2024 - UFPA - jatoba.ufpa.br.jatoba1