Arranjos Territoriais, Preservação Ambiental e Produtividade: O caso do sistema agroflorestal de Tomé-Açu, Pará
Em Tomé-Açu, atividades relacionadas à mineração, à exploração madeireira e à produção agrícola de monoculturas têm reformulado as paisagens do município e despertado a atenção sobre os reflexos futuros (RODRIGUES; LIMA; LIMA, 2020). Além disso, a expansão paulatina das vilas, povoados e núcleos urbanos também é um fator pertinente e de influência direta às questões ambientais do município. Em contrapartida, os sistemas agroflorestais (SAFs) existentes em Tomé-Açu são considerados como formas de exploração da terra agrícola que apresentam funções socioambientais relevantes (BOLFE; BATISTELLA, 2011) diante da supressão vegetal que as outras atividades produtivas ocasionam. Para além dos benefícios ambientais, o problema de pesquisa parte do questionamento de como os SAFs, enquanto prática econômica, também trariam arranjos territoriais com potencialidades socioambientais que atingiriam os espaços periurbanos ou mesmo urbanos em Tomé-Açu, ou seja, em que medida trazem alternativas de ordenamento espacial em oposição à ação predatória da produção do espaço urbano vigente. O recorte espacial a ser estudado considera as porções norte e noroeste do município, onde situam-se propriedades com SAFs. Nestes locais, há de se observar que a estrutura fundiária é resultado em grande medida da colonização de origem nipônica, que realizou a divisão do solo em propriedades de dimensões reduzidas quando comparadas a outras porções do município onde há latifúndios. O recorte abrange também uma rede de vilas e povoados que estão, em certa medida, sob influência do núcleo urbano de Quatro Bocas. A hipótese da pesquisa consiste no pressuposto de que o Sistema Agroflorestal de Tomé-Açu está associado a um processo de urbanização, ecologicamente, menos destrutivo por corresponder a um padrão de ocupação espacial capaz de articular a preservação ambiental com a produtividade agrícola. A relevância do estudo corresponde ao intuito de evidenciar as consequências danosas em relação a degradação ambiental que atividades produtivas ocasionam no município e, por outro lado, busca-se também explicar os impactos socioambientais positivos oriundos da formação de arranjos territoriais que expressam novas relações entre sociedade e natureza na Amazônia.