O tijolo angular nas edificações históricas do século XIX e início do século XX
alvenaria histórica, tijolo cerâmico furado; caracterização; conservação.
Durante a segunda metade do século XIX, as alvenarias com tijolos cerâmicos já predominavam o cenário construtivo na cidade de Belém. Neste período destaca-se os tijolos cerâmicos furados, que apresentam formato semelhante letra “L”, chamados à época de “tijollos angolares”. Estas peças tornam-se especiais pois possivelmente foram empregadas somente nesta região do Norte do Brasil. O objetivo dessa pesquisa é entender o tijolo angular em diferentes sistemas construtivos do século XIX e início do XX quanto ao seu processo de fabricação, componentes da edificação, sua matéria-prima e seus processos de alteração, de modo a traçar subsídios de conservação e restauração. Os materiais consistem em tijolos cerâmicos e fragmentos coletados de edificações que estavam em obras e dos escombros da Casa Carvalhaes incendiada no Centro Histórico de Belém, em 2014. A metodologia dividiu-se em: 1) pesquisa histórico documental (dados relativos à inserção deste material na cidade de Belém); 2) pesquisa de campo (coleta de amostras e observação das alvenarias executadas com esta tipologia de tijolo); 3) caracterização de amostras por microscopia ótica; microscopia eletrônica de varredura com sistema de energia dispersiva, absorção total em água, densidade com Picnômetro de Hubbard e difração de Raios-X. Os resultados são apresentados na forma de dois artigos: o primeiro intitulado “A cultura construtiva do tijolo angular cerâmico aplicado nas edificações da segunda metade do século XIX e início do XX”, aborda as origens deste tijolo, a comercialização, aplicação e as suas fábricas. O segundo artigo denominado “Microestrutura e mineralogia dos tijolos cerâmicos angulares usados em alvenarias históricas” trata das características físicas, micro morfológicas e mineralógicas das amostras de tijolos angulares, averiguando possíveis especificidade destas peças, além de sua forma. Com base nos resultados observa-se que estes tijolos foram apropriados pelos construtores de Belém, tendo surgido na Inglaterra, invenção do arquiteto norte-americano Henry Roberts. As características intrínsecas ao material apontam que estes tijolos apresentam altos índices de absorção de água e foram fabricados com matéria-prima sem tratamento prévio. Tais informações são importantes para a história da construção paraense e brasileira dos séculos XIX e XX e para a preservação e conservação do material de modo a fundamentar futuras intervenções.