"Geometria viva" e vida espacial no modo de morar em comunidades tradicionais amazônicas
relações espaciais humanas, uso espacial, padrões de linguagem, processo de projeto, Amazônia
Trata-se de uma pesquisa no campo da teoria do projeto, compreendendo a arquitetura como um conteúdo constituído de vida espacial quando ela se estrutura em uma “geometria viva” (Salingaros et al., 2010; Salingaros, 2011) representativa da atuação do indivíduo no espaço construído. Investiga-se assim, a vida espacial resultante das relações humanas e das relações espaciais que ocorrem no uso dos ambientes da moradia tradicional insular no Bioma Amazônia para uma contribuição de apoio ao fazer arquitetônico mais alinhado com o atendimento de necessidades humanas reais. Entende-se que a vida espacial permite um conhecimento direcionado à elaboração de projeto de espaços construídos mais humanizados e adaptáveis às necessidades e expectativas do amazônida, para qual elaboram-se bases operativas para apoio ao processo de projeto neste contexto, através da compreensão da dinâmica de uso e das necessidades, sistematizadas em qualidades espaciais, como base de apoio para um processo de proposição arquitetônica com especial atenção ao lugar. Para isso, a pesquisa tem como apoio teórico-metodológico a teoria desenvolvida por Christopher Alexander, de compreensão da vivência espacial e decifração de qualidades espaciais em linguagem projetual, a partir da qual desenvolve-se uma pesquisa qualitativa utilizando-se multimétodos. Interpreta-se assim as representações espaciais topológicas, manifestadas na arquitetura, considerando o modo como os espaços construídos da moradia tradicional amazônica são usados pelas pessoas. Reforça-se a relevância da integração entre os conteúdos provenientes da produção espacial do usuário e os conteúdos próprios de teorias hegemônicas do campo da arquitetura pelo conhecimento formal, que juntos fortalecem um campo de conhecimento para estruturação de um projeto de arquitetura compreendido por representações espaciais humanas em alinhamento com pesquisas do Laboratório Espaço e Desenvolvimento Humano da UFPA. A partir dos dados coletados, identificou-se pelo uso do espaço doméstico, qualidades espaciais dos ambientes construídos da casa. Essas qualidades configuram centros maiores - espaço de entrada, espaço de convívio, espaço privativo, espaço externo – representativos das relações espaciais humanas no uso da casa, e que integram uma rede de conexões de centros de diversos tamanhos, que estruturam uma geometria viva da moradia tradicional amazônica. Os resultados da pesquisa mostraram esses centros maiores como elementos iniciais de espacialização arquitetônica, em um processo de projeto fundamentado nas representações topológicas e qualidades geométricas identificadas nas comunidades estudas. A disposição desses centros na composição final do edifício orienta-se pelas propriedades fundamentais sistematizadas por Christopher Alexander. Este estudo fortalece a concepção arquitetônica que valoriza a vida espacial manifestada na implementação de uma geometria viva do espaço construído, como resultado da concepção realizada a partir de uma rede de conexões de centros representativos das relações espaciais humanas estabelecidas no uso do ambiente construído