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Banca de DEFESA: MARTHA LUIZA COSTA VIEIRA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: MARTHA LUIZA COSTA VIEIRA
DATA: 14/09/2021
HORA: 10:00
LOCAL: Videoconferência
TÍTULO:

“OS DONOS DO RIO ESTÃO SEM RIO”: PERDA DE TERRITÓRIO E DE VIDA


PALAVRAS-CHAVES:

Xipayas. Sensibilidades. Belo Monte. Hidrelétrica. Resistência.


PÁGINAS: 100
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: História
SUBÁREA: História do Brasil
RESUMO:

A presente dissertação consiste em um estudo a partir do caso da Usina Hidrelétrica Belo Monte (UHEBM), no Estado do Pará, na Amazônia brasileira. Este estudo teve como objetivo geral analisar, através de narrativas, como os Xipayas, que têm uma singularidade própria e viviam na região da UHEBM, se expressam em face aos problemas que ocorreram, localizando os sentimentos, emoções e ações que sentiram e realizaram quanto ao processo de perda de seus modos de vida. A pesquisa iniciou com uma apresentação do histórico do projeto da obra no rio Xingu, em meados dos anos 1970. Dos primeiros estudos da bacia hidrográfica do Xingu até o início da obra de Belo Monte,passaram-se aproximadamente trinta anos e, durante esse período, muitas polêmicas e disputas  envolveram as populações atingidas, políticos, intelectuais, artistas, cientistas, ativistas e movimentos sociais. A partir dessa primeira abordagem ao megaprojeto, passei a dar ênfase à perspectiva das populações atingidas por Belo Monte, especificamente os povos indígenas Xipayas. Para tanto, foi necessário, primeiramente, conhecer melhor o universo das populações atingidas, compostas por populações urbanas, rurais, comunidades ribeirinhas e indígenas. Foi utilizada a pesquisa bibliográfica e documental, em que foi possível conhecer e reconhecer a diversidade dessas populações e, assim identificar algumas questões relevantes que não foram objeto de debate com o poder público e o empreendedor. É o que Boaventura de Sousa Santos (2006) chama de produções de não existência, ou invisibilidades. Assim, foi identificado como um dos problemas relevantes decorrentes da construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte a relação entre o sofrimento sentido pelas populações atingidas e o surgimento de novos modos de vida, em que interessa inserir ao estudo a História dos sentimentos, também conhecida por História das Sensibilidades, em que o que se tem é a possibilidade de abordar algo para além do materialmente palpável, algo inserido na ordem das subjetividades. Nada mais insólito que as emoções de um indivíduo ou, o que é ainda mais difícil de compreender, de uma coletividade; isso não foi percebido como uma situação merecedora de atenção por parte do órgão fiscalizador responsável pela conceção das licenças que permitiram Belo Monte ser construída, o Ibama, isto porque não foi previsto ou discutido como uma possibilidade, nem no Estudo de Impacto Os Atingidos de Belo Monte Ambiental (EIA), nem no seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Do ponto de vista metodológico, a pesquisa revelou sua dimensão qualitativa, pois essa perspectiva é capaz de captar as intensidades fenomênicas do real em suas múltiplas determinações presentes no cotidiano. Trivinos (1987) ajudou neste esforço, ao abordar que a pesquisa com enfoque qualitativo tem o ambiente como fonte, por excelência, dos dados e o pesquisador é um sujeito importante nesse processo. Foi realizada a pesquisa documental através da análise de depoimentos em relatórios, documentários e documentos de indígenas Xipayas diretamente afetados com a construção da UHEBM, feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos e páginas de web sites. Ademais, o presente trabalho fez também o uso de análise do tipo exploratória e buscou o maior número possível de informações, sendo que o corpo documental foi composto por fontes manuscritas, documentais e impressas, isto é, foram utilizadas fontes historiográficas e hemerográficas, imprescindíveis para a compreensão do tema em estudo. A dissertação concluiu que houve uma contínua violação de direitos praticada durante a implantação do projeto, que é projetada na realidade por meio de diversos tipos de violência contra o meio ambiente e os povos Xipayas, restando apenas memórias singulares e a resistência das lutas e forças sociais. Neste campo de forças heterogêneas, a resistência é estruturante, pois forja o agendamento público da questão, denunciando para a sociedade o projeto energético brasileiro, que representa uma das facetas de mundialização do capital sobre os territórios, que ameaça o projeto civilizatório de humanidade.


MEMBROS DA BANCA:
Externo ao Programa - 2425672 - IANE MARIA DA SILVA BATISTA
Externo à Instituição - LEILA MOURAO MIRANDA
Interno - 2200566 - PERE PETIT PENARROCHA
Notícia cadastrada em: 30/08/2021 13:45
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