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Banca de QUALIFICAÇÃO: MARTHA LUIZA COSTA VIEIRA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: MARTHA LUIZA COSTA VIEIRA
DATA: 27/04/2021
HORA: 16:00
LOCAL: Videoconferência Através do Google Meet
TÍTULO:

“OS DONOS DO RIO ESTÃO SEM RIO”: PERDA DE TERRITÓRIO E DE VIDA


PALAVRAS-CHAVES:

Xipayas. Sensibilidades. Belo Monte. Hidrelétrica. Resistência.


PÁGINAS: 58
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: História
SUBÁREA: História do Brasil
RESUMO:

A presente dissertação consiste em um estudo a partir do caso da Usina Hidrelétrica Belo
Monte (UHEBM), no Estado do Pará, na Amazônia brasileira. O objetivo geral deste estudo
é analisar, através de narrativas, como os Xipayas se expressam em face aos problemas que
ocorreram, localizando os sentimentos, emoções e ações que eles sentiram e realizaram,
quanto ao processo pelo qual esse grupo que tem uma singularidade própria e vivia na região
da UHEBM perderam seus modos de vida e se auto proclamaram como grupo étnico
específico. A pesquisa inicia com uma apresentação do histórico do projeto da obra no rio
Xingu, em meados dos anos 1970. Dos primeiros estudos da bacia hidrográfica do Xingu até
o início da obra de Belo Monte passaram-se aproximadamente trinta anos e, durante esse
período, muitas polêmicas e disputas envolveram as populações atingidas, políticos,
intelectuais, artistas, cientistas, ativistas e movimentos sociais. A partir dessa primeira
abordagem ao megaprojeto, passo a dar ênfase à perspectiva das populações atingidas por
Belo Monte, especificamente os povos indígenas Xipayas. Para tanto, foi necessário,
primeiramente, conhecer melhor o universo das populações atingidas, compostas por
populações urbanas, rurais, comunidades ribeirinhas e indígenas. Através do estudo
bibliográfico, foi possível conhecer e reconhecer a diversidade dessas populações e, assim
identificar algumas questões relevantes que não foram objeto de debate com o poder público
e o empreendedor. É o que Boaventura de Sousa Santos (2006) chama de produções de não
existência, ou invisibilidades. Assim foi identificado como um dos problemas relevantes
decorrentes da construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte a relação entre o sofrimento
sentido pelas populações atingidas e o surgimento de novos modos de vida, onde interessa
inserir ao estudo, a História dos sentimentos, também conhecida por História das
Sensibilidades, onde o que se tem é a possibilidade de abordar algo para além do
materialmente palpável, algo inserido na ordem das subjetividades. Nada mais insólito que
as emoções de um indivíduo ou, o que é ainda mais difícil de compreender, de uma
coletividade o que não foi percebido como uma situação merecedora de atenção por parte do
órgão fiscalizador responsável pela conceção das licenças que permitiram Belo Monte ser
construída, o Ibama, isto porque não foi previsto ou discutido como uma possibilidade, nem
no Estudo de Impacto Os Atingidos de Belo Monte Ambiental (EIA), nem no seu respectivo
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Do ponto de vista metodológico, a pesquisa revela
sua dimensão qualitativa, pois essa perspectiva é capaz de captar as intensidades
fenomênicas do real em suas múltiplas determinações presentes no cotidiano, Trivinos
(1987) ajuda neste esforço, ao abordar que a pesquisa com enfoque qualitativo, tem o
ambiente como fonte por excelência dos dados e o pesquisador é um sujeito importante
nesse processo. O recorte temporal da dissertação foi de 1975 a 2001. Realizou-se a pesquisa
bibliográfica, através da análise de depoimentos em relatórios, documentários e documentos
de indígenas Xipayas diretamente afetados com a construção da UHEBM, feita a partir do
levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e
eletrônicos, como livros, artigos científicos e páginas de web sites. Ademais, o presente
trabalho fará também o uso de análise do tipo exploratória e buscará o maior número
possível de informações, sendo que o o corpo documental será composto por fontes
manuscritas, documentais e impressas, isto é, serão utilizadas fontes historiográficas e
hemerográficas, imprescindíveis para a compreensão do tema em estudo. A dissertação
conclui a contínua violação de direitos praticada durante a implantação do projeto, que é
projetada na realidade por meio de diversos tipos de violência contra o meio ambiente e os povos
Xipayas, onde se restou apenas memórias singulares e a resistência das lutas e forças sociais.
Neste campo de forças heterogêneas, a resistência é estruturante, pois forja o agendamento
público da questão, denunciando para a sociedade o projeto energético brasileiro, que representa uma das facetas de mundialização do capital sobre os territórios, que ameaça o
projeto civilizatório de humanidade.


MEMBROS DA BANCA:
Externo ao Programa - 2425672 - IANE MARIA DA SILVA BATISTA
Presidente - 326967 - LEILA MOURAO MIRANDA
Interno - 2200566 - PERE PETIT PENARROCHA
Notícia cadastrada em: 15/04/2021 09:42
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