Desafios Arquiteturais na transição de um software para um Plataforma

Ecossistemas de software é um conceito que tem evoluído rapidamente no campo da engenharia de software. Parte disso se deve a grandes empresas terem adotado a idéia como o Android da Google, o iOS da Apple, os serviços da Amazon e do Facebook, o que é uma das caracteristicas dos ecossistemas, ter uma organização central que se conecta a outras através de uma interface comum. 

Um dos motivos da adoção dos ecossistemas, que pode ser encontrado em Bosch (2009), seria que a quantidade de funcionalidades necessárias para satisfazer seus clientes ultrapassa os recursos disponíveis logo, ao abrir seus produtos para um ecossistema as empresas oferecem parte do controle para inovação, feita por terceiros, uma comunidade externa por exemplo. 

“Abrir um produto” significa oferecer interoperabilidade e expor parte da arquitetura do software e por esse motivo a decisão de como será feito deve ser analisada. A parte central a ser exposta é chamada de plataforma de software, que segundo Meyer e Lehnerd (1997) é um conjunto de componentes, módulos ou partes em comum que podem servir para criar produtos derivados. No mercado existem plataformas em forma de sistema operacional mobile ou aplicação que pode ser desktop ou web e que podem funcionar de forma centralizada (stand-alone) ou através de integrações com outras aplicações a exemplo do google maps e eclipse. Plataformas web são consideradas mais maduras por serem mais dinâmicas, facilitarem o reuso e terem serviços configuráveis o que facilita a sua interoperabilidade permitindo a evolução do ecossistema por todos os membros. Esta capacidade é uma característica descrita em em Bosch (2009) e Taylor (2013) como importante para o sucesso de um ecossistema. 

Nesse contexto, essa pesquisa visa identificar e discutir desafios arquiteturais na transição de um produto de software para uma plataforma de software onde essa tem a finalidade de ser o pilar central de um ecossistema. A transição de produto para plataforma de software é importante porque a interação com uma comunidade externa permite evolução e criação de novas funcionalidades de modo a entregar mais valor tanto aos usuários finais quanto ao próprio ecossistema, tornando-o sustentável. Além disso, estudos anteriores focam mais em aspectos organizacionais e sociais (Maurer, 2012) do que em aspectos técnicos.

Como exemplo será utilizado um software real, o RotaUrbana, software de mobilidade urbana, onde será realizada um refatoração para expor uma plataforma através da análise e definição da arquitetura e serviços utilizando o formato REST (Fielding, 2000) por ser uma opção comumente utilizada na Web (Maleshkova, 2010), facilitar o reuso e ser dinâmico. Com isso será possível discutir como poderá ser feita essa transição de acordo com a literatura: quais os desafios encontrados e suas possíveis soluções, com o intuito de fortalecer a plataforma e aumentar suas chances de sucesso, sendo possível criar um guia de recomendações para plataformas de contexto semelhante.