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Banca de QUALIFICAÇÃO: FERNANDA DE CARVALHO BARROS

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: FERNANDA DE CARVALHO BARROS
DATA: 23/03/2017
HORA: 09:00
LOCAL: Sala SAT 06 Prédio Anexo ao Instituto de Ciências Biológicas
TÍTULO:

DIVERSIDADE FUNCIONAL DE COMUNIDADES DE AVES EM ÁREAS DE REFLORESTAMENTO PÓS-MINERAÇÃO DE BAUXITA NA AMAZÔNIA ORIENTAL


PALAVRAS-CHAVES:

DIVERSIDADE; COMUNIDADES; REFLORESTAMENTO; BAUXITA; AMAZÔNIA ORIENTAL


PÁGINAS: 25
GRANDE ÁREA: Ciências Biológicas
ÁREA: Zoologia
RESUMO:

A Amazônia é mundialmente reconhecida por sua importância biológica, em virtude de sua alta diversidade e endemismo de espécies (Myers 1988; Brooks et al. 2006). No entanto, o processo de mudança do uso do solo nesta região tem modificado a paisagem natural, em consequência da supressão e fragmentação de vegetação (Laurance & Vasconcelos 2009). Essa conversão de florestas naturais gera inúmeros impactos ambientais como alterações nos processos ecossistêmicos, perdas na biodiversidade e de serviços ecológicos (Becker 2001; Fearnside 2007; Nepstad et al. 2008), além de afetar a distribuição e interação entre as espécies (Casas 2011).

Dentre as atividades que mais impactam os ecossistemas no Brasil, a mineração é uma das que se encontra em expansão devido à presença de jazidas de importância mundial no país (Farias & Coelho 2002). Na Amazônia, uma das principais fontes de exploração de minérios são as reservas de bauxita, principal matéria-prima utilizada na produção de alumínio metálico (Barreto et al. 2001). No processo de extração da bauxita, há supressão total da vegetação e alteração no solo como a remoção do topsoil (solo mais superficial e fértil), contribuindo para sua compactação e erosão, além da perda da biodiversidade local (Farias & Coelho 2002; Silva 2007).

A fim de regular a reparação e compensação desses impactos,  foram criadas no Brasil algumas normas e diretrizes (Brancalion et al. 2010). Em 1988, a Constituição Federal estabeleceu que exploradores de recursos minerais recuperassem suas áreas degradadas (Brasil 1988).  Posteriormente, a criação do Decreto nº 97.632 definiu que as técnicas de recuperação ambiental de empreendimentos de mineração fossem apresentadas através de Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), juntamente com o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório do Impacto Ambiental (RIMA) (Brasil 1989)

Dentro dessa realidade, a restauração ecológica passou a ser um tema muito discutido como alternativa para reverter os danos ambientais causados pelo avanço das atividades antrópicas sobre as florestas tropicais, passando também a ser uma nova linha de pesquisa (Rodrigues et al. 2015). Inúmeros métodos de reflorestamento têm sido propostos e testados em áreas degradadas, com o objetivo de catalisar o processo de sucessão florestal, visando o restabelecimento da estrutura e dinâmica do ecossistema (Lamb et al. 2005; Brancalion et al. 2009). No entanto, as técnicas diferem quanto ao custo de aplicação e manutenção, assim como na eficiência e velocidade em recuperar o ecossistema.

Na mineração, algumas das técnicas de recuperação florestal mais comumente aplicadas são a de plantio tradicional e regeneração natural e, mais recentemente, a nucleação. O plantio tradicional é um método realizado através do plantio de mudas de espécies nativas na área a ser recuperada. Apesar do seu alto custo de aplicação e monitoramento, é uma técnica muito adotada pelas empresas por apresentar uma rápida revegetação, pois possui baixa dependência inicial de dispersores e de fontes de sementes (Valeri & Senô 2004; Lamb et al. 2005; Holl et al. 2011; Rodrigues et al. 2015).

Outro modelo utilizado é o de regeneração natural, que busca facilitar o processo de crescimento e estabelecimento florestal espontâneo (Duga et al. 2003). Pode ser associado á intervenções humanas através do isolamento de fatores degradantes, como a compactação do solo ou consumo de mudas em crescimento por animais, assim como possíveis condições favoráveis a incêndios (Shono et al. 2007). Neste método, fragmentos florestais próximos à área em tratamento são as fontes de propágulo. Apesar de a técnica possuir baixo custo de aplicação e monitoramento para as empresas , consiste em um processo de recuperação lento (Rodrigues et al. 2015).

Já através da nucleação, a recuperação é realizada através da distribuição de “núcleos de diversidade” nas áreas degradadas que podem ser implantados através da associação de diferentes técnicas como: transposição de solo; poleiros artificiais; transposição de gralhadas, plantio de espécies herbáceo-arbustivas, entre outros (Reis et al. 2010; Corbin & Holl 2012). Entre os núcleos são permitidos espaços abertos para que possam se expandir e permitir formações eventuais aconteçam, produzindo fluxos naturais sobre o ambiente degradado (Reis et al. 2003). É uma técnica considerada de baixo custo e também de recuperação lenta.

Apesar dos avanços nas pesquisas em restauração de ecossistemas florestais, a eficiência das metodologias ainda é pouco conhecida. Uma das alternativas para avaliar o sucesso de um programa de revegetação é medir a biodiversidade local da área restaurada e compará-la a  um ambiente preservado, tendo em vista que o ambiente é considerado um dos principais fatores responsáveis pela estruturação das comunidades (Paglia et al. 1995; Samuels & Drake 1997). Ambientes preservados tendem a apresentar uma maior complexidade ambiental (Tews et al. 2004) e estudos tem mostrado um maior número de espécies coexistindo em áreas ambientalmente diversas (Paglia et al. 1995; Conner & Dickson 1997; Kerr & Packer 1997). Isto porque áreas em que a vegetação é mais estratificada há uma diversidade de habitat maior, que oferecem uma grande variabilidade de nichos potenciais a serem ocupados pelas espécies do que áreas estruturalmente mais simples (e.g. áreas degradas) (MacArthur et al. 1966; Alho 1981; Conner & Dickson 1997).

Uma abordagem bastante eficiente para se avaliar a estrutura de comunidades biológicas baseada nas diferenças de características morfológicas, ecológicas e comportamentais entre espécies, e é nesse contexto que a diversidade funcional vem sendo bastante utilizada, uma vez que tem oferecido boas respostas das comunidades frente às mudanças ambientais (Ernst et al. 2006; Cianciaruso et al. 2009; Villéger et al. 2010). A diversidade funcional é uma ferramenta que se baseia na medição da diversidade das características funcionais que compõe o fenótipo de cada organismo que influencia os processos do ecossistema (Petchey & Gaston 2006). Além disso, é uma métrica que permite compreender a estrutura funcional da comunidade através do conhecimento do papel ecológico de cada espécie no ecossistema, visto que a perda de espécies com funções únicas geram um impacto ecológico maior do que à perda de espécies funcionalmente similares (Barbet-Massin & Jetz 2015).

Estudos apresentando resultados comparativos de diversidade entre os modelos de recuperação florestal ainda representam uma lacuna a ser preenchida. A maioria dos trabalhos desenvolvidos avaliou os sucessos de plantações sem comparação com outros métodos nas mesmas condições do local (Bechara et al. 2016).

Entre os grupos taxonômicos existentes, o presente trabalho escolheu as aves como modelo de estudo, pois é um grupo bem conhecido e diverso, além de possuir funções importantes para a manutenção de ecossistemas, como dispersão de sementes e polinização, além de ter representantes que são especialistas, considerados espécies indicadoras de ambientes preservados, e são sensíveis às mudanças ambientais (Nathan & Muller-Landau 2000; Kissling et al. 2012).

Dentro desta perspectiva, nosso estudo tem por objetivo avaliar a como as comunidades de aves usam os diferentes tipos de reflorestamento (plantio tradicional, regeneração natural e nucleação) pós-mineração de bauxita comparando-as com as presentes em áreas florestais, além de responder as seguintes perguntas: 1) Qual dos três métodos de reflorestamento apresentará uma comunidade de aves funcionalmente mais diversa em relação as presentes em fragmentos florestais remanescentes?; 2) E quais características funcionais das espécies estarão relacionadas às características ambientais apresentadas pelas áreas em restauração por cada método e pelas áreas de floresta?

Nesse sentido, para a primeira pergunta esperamos encontrar o seguinte padrão para as métricas de diversidade funcional (DF) nas comunidades de aves: DF em áreas florestais > DF em áreas de plantio tradicional > DF em nucleação > DF em regeneração natural. Partindo do pressuposto que áreas florestais apresentam maior heterogeneidade ambiental e assim maior disponibilidade de recursos e nichos potenciais levando a uma maior diversidade funcional de espécies (Tews et al. 2004), acredita-se que esses ambientes apresentem uma maior variedade de grupos funcionais. Em relação às técnicas de recuperação florestal, é esperado encontrar uma maior diversidade funcional para as comunidades das áreas de plantio tradicional, visto que este método proporciona um crescimento vegetal inicial mais rápido que os demais métodos. Nas áreas de nucleação, espera-se encontrar comunidades funcionalmente mais diversas que a regeneração natural, visto que este método incorpora técnicas que buscam atrair animais para área em tratamento através da oferta de abrigo e poleiros (Bechara et al. 2016) .

Para a terceira pergunta, esperamos encontrar características funcionais relacionadas às espécies mais generalistas (e.g. dieta por grãos e detritos) em áreas apresentem características ambientais associadas a ambientes recém-degradados (e.g. baixa complexidade do dossel) e características funcionais associadas às espécies especialistas (e.g. dieta por frutos e forrageio no dossel) em áreas com características de ambientes preservados. Espécies consideradas especialistas são mais sensíveis a perturbações ambientais e não conseguem se manter em ambientes degradados devido à baixa diversidade de recursos e exigências ecológicas (Regalado & Silva 1997; Clavero & Brotons 2010). Enquanto que as espécies generalistas apresentam um alto índice de sucesso em habitats degradados devido sua maior plasticidade ambiental e alimentar (Julliard et al. 2006; De Coster et al. 2015).


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 2339351 - LUCIANO FOGACA DE ASSIS MONTAG
Presidente - 1350194 - MARCOS PERSIO DANTAS SANTOS
Externo ao Programa - 2127224 - RAPHAEL LIGEIRO BARROSO SANTOS
Notícia cadastrada em: 02/03/2017 17:46
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