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Banca de QUALIFICAÇÃO: BARBARA CUNHA DE OLIVEIRA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: BARBARA CUNHA DE OLIVEIRA
DATA: 12/12/2016
HORA: 14:00
LOCAL: Sala 10 localizada ao lado do auditório Paulo Cavalcante no Museu Paraense Emílio Goeldi
TÍTULO:

Causas intrínsecas e extrínsecas de variações individuais na dieta de Saimiri collinsi (Primates: Cebidae) em cativeiro


PALAVRAS-CHAVES:

Causas; intrínsecas; extrínsecas; variações; dieta; Saimiri collinsi; cativeiro


PÁGINAS: 32
GRANDE ÁREA: Ciências Biológicas
ÁREA: Zoologia
RESUMO:

Os primatas apresentam grande variação na alimentação e alternam com frequência entre as categorias de dieta, às vezes em curtos períodos de tempo (CHAPMAN; CHAPMAN, 1990). Essa variação pode ter relação com fatores intrínsecos- como sexo, idade, período reprodutivo- ou extrínsecos como disponibilidade de alimentos e o contexto social (LAMBERT, 2011). A dieta de machos e fêmeas pode diferir de acordo com a preferência alimentar de cada sexo: em Sapajus nigritus, por exemplo, as fêmeas consomem itens mais energéticos enquanto machos consomem itens mais fibrosos (SANTOS, 2009). E pode ter relação com o dimorfismo sexual, no qual o animal maior, geralmente o macho, apresenta uma taxa de ingestão maior, como nos macacos Rhesus, ou se alimenta de presas maiores, como em Cebus capuchinus (ROSE, 1994). O estádio de desenvolvimento também afeta a dieta, com os indivíduos imaturos, principalmente os infantes, necessitando de nutrientes para seu desenvolvimento e crescimento corporal (LAMBERT, 2011; SANTOS, 2009). Nos primatas, a dieta, dentre outros fatores, determina a quantidade de energia que é destinada para a reprodução (CHAPMAN; WALKER; LEFEBVRE, 1990), logo, com a chegada do período reprodutivo, ocorrem alterações na dieta e na estratégia de forrageamento, em preparação para a uma grande produção de sêmen, gestação e cuidado da prole (MCCABE; FEDIGAN, 2007; ROSE, 1994). Alguns dos nutrientes considerados mais importantes para o desenvolvimento de infantes e para a reprodução são proteínas, que fornecem componentes estruturais e os lipídios, que são grande fonte de energia (LAMBERT, 2011).
Fatores sociais e culturais, como as castas ou posições hierárquicas às quais os animais pertencem, afetam a preferência alimentar e o acesso a alimentos dos indivíduos de um mesmo grupo. A preferência por determinado tipo de alimento ou fonte alimentar pode ser compartilhada por grupos inteiros, influenciada pela aprendizagem de qual alimento é bom para o consumo (CHAPMAN; FEDIGAN, 1990; VAN DE WAAL; BORGEAUD; WHITEN, 2013). O mesmo ocorre com infantes, que aprendem a se alimentar observando a mãe (ÔTA et al., 1991; VAN DE WAAL; BORGEAUD; WHITEN, 2013). Já as diferenças observadas na quantidade ou na qualidade do alimento consumido podem estar relacionadas com a posição hierárquica dos indivíduos, pois a posição de dominância proporciona vantagens de acesso a recursos em geral, incluindo parceiros, territórios ou alimentos (CLUTTON-BROCK; HUCHARD, 2013).
Os micos-de-cheiro (Saimiri spp.) são primatas neotropicais organizados em hierarquias de dominância que, dependendo da espécie, podem apresentar machos, fêmeas ou
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ambos em posições de dominância (BOINSKI, 1999). Apresentam dimorfismo sexual, com machos maiores e com dentes caninos mais proeminentes, e com fêmeas apresentando uma mancha escura peri-auricular ausente nos machos (ABEE, 2000; GOLDSCHIMIDT et al., 2009). A reprodução é fortemente sazonal (BLOMQUIST; WILLIAMS, 2013), ocorrendo na Amazônia, durante o período menos chuvoso (DOMINGUES; CALDAS-BUSSIERE, 2006; STONE, 2006). No período que antecede à cópula, os machos ganham peso, ficando com uma aparência mais gorda (ANDRADE et al., 2004; DU MOND; HUTCHINSON, 1967). Segundo Zimbler-Delorenzo e Stone (2011), a engorda dos machos está relacionada a condições hormonais e não a uma maior taxa de ingestão de alimentos. Os macacos-de-cheiro são onívoros, com a dieta composta basicamente por frutos e insetos (ZIMBLER-DELORENZO; STONE, 2011). Porém, a dieta em cativeiro difere da alimentação em vida livre, sendo constituída basicamente por ração, e pode ser complementada com folhas, frutas, legumes, sementes e larvas de insetos (BLOMQUIST; WILLIAMS, 2013).
Os Saimiri são primatas bastante estudados e muito usados em pesquisas biomédicas. Dessa forma, muitos espécimes são encontrados em cativeiro (Collins 1992; Romero et al. 2011). Apesar de apresentarem algumas limitações, estudos em cativeiro auxiliam no avanço de pesquisas pois fornecem conhecimento sobre a ecologia das espécies, que em algumas situações são difíceis de mensurar em vida livre (CAMPBELL et al., 2009; HERBORN et al., 2010). A composição da dieta em termos de qualidade e fornecimento energético tem influência sobre o fitness e o fitness inclusivo (ALTMANN, 1991). Assim, informações sobre a dieta podem ajudar no entendimento de diferenças no sucesso reprodutivo entre indivíduos, e permite flexibilizar o planejamento da alimentação de animais em cativeiro para fins de produção e de conservação (CARO, 1999; CURIO, 1996; LAMBERT, 2011).
Este trabalho terá como objetivo avaliar a influência de fatores intrínsecos e extrínsecos como sexo, fase de desenvolvimento, período reprodutivo e posição social sobre a dieta de S. collinsi em cativeiro. Espera-se que 1) fêmeas consumam alimentos mais ricos em carboidratos e proteínas, e machos consumam alimentos mais ricos em fibras, já que são diferenças entre sexos encontradas em Sapajus que é um grupo taxonômico próximo (SANTOS 2009) e também se espera que machos, por serem maiores, tenham maior taxa de ingestão de alimentos que fêmeas (HILLMAN; RIOPELLE, 1977); 2) infantes e juvenis consumam alimentos mais energéticos, como carboidratos e lipídios, mais ricos em proteínas e mais pobres em fibras, quando comparados aos itens consumido pelos adultos, pois têm
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maiores demandas nutricionais para seu desenvolvimento (HILLMAN; RIOPELLE, 1977); 3) Machos consumam alimentos mais calóricos no período pré-reprodutivo, proporcionando a preparação para a reprodução, quando passam menos tempo forrageando (STONE, 2014) e que fêmeas consumam maior quantidade ou consumam itens mais ricos em lipídios e proteínas durante e após a gestação, devido às demandas da prole e porque passam relativamente mais tempo em descanso durante este período (LAMBERT, 2011; ROSE, 1994; STONE, 2014); e 4) a dieta de indivíduos dominantes seja composta por itens mais energéticos já que devem afastar/impedir subordinados de ter acesso aos alimentos preferenciais (CLYMER, 2006; ROSE, 1994)


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1366892 - ANA CRISTINA MENDES DE OLIVEIRA
Externo à Instituição - Helder Lima de Queiroz
Presidente - 2153130 - MARIA APARECIDA LOPES
Notícia cadastrada em: 06/12/2016 16:37
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