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Banca de QUALIFICAÇÃO: LORRANE GABRIELLE CANTANHEDE

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: LORRANE GABRIELLE CANTANHEDE
DATA: 06/12/2016
HORA: 08:00
LOCAL: Sala 07 anexa ao Auditório Paulo Cavalcante / MPEG
TÍTULO:

O EFEITO DA SUPRESSÃO FLORESTAL SOBRE A DIVERSIDADE TAXONÔMICA E FUNCIONAL DE PEIXES DE RIACHOS DA AMAZÔNIA ORIENTAL


PALAVRAS-CHAVES:

SUPRESSÃO; FLORESTAL; DIVERSIDADE;PEIXES; RIACHOS; AMAZÔNIA


PÁGINAS: 30
GRANDE ÁREA: Ciências Biológicas
ÁREA: Zoologia
RESUMO:

Na Amazônia, a agricultura e a pastagem têm sido apontadas como as principais
causadoras de desflorestamento (INPE, 2014). As áreas para rebanhos e pastagens
representam 60% do solo desmatado ocupando cerca de 759,2 km² da área total (INPE, 2014).
A vegetação secundária, que é resultante de processos naturais de sucessão após supressão
total ou parcial de vegetação, já representa cerca de 23% do território, implicando diretamente
em perda do carbono armazenado e representando uma ameaça constante à biodiversidade
(BUTLER, 2011).
Em geral, a alteração do hábitat ocasionado pela conversão de florestas em pastagens é
marcada por mudanças funcionais e estruturais, que podem ser impactantes para as
comunidades aquáticas devido a sua dependência das condições físicas e ambientais das áreas
ao entorno, como por exemplo, abertura de dossel e temperatura (VANNOTE et al., 1980;
ALLAN & CASTILLO, 2007). A importância da zona ripária para a redução da entrada de
sedimentos nos cursos d’água é relativamente bem conhecida (RABENI & SMALE, 1995;
CARLING et al., 2001; TONKIN et al., 2016; VIGIAK et al., 2016) e a transformação da
vegetação nativa em pastagens implica em substituição da mata ripária por gramíneas,
constituindo assim, uma ameaça notória à sobrevivência e permanência da fauna de riachos
nessas regiões (PUSEY & ARTHINGTON, 2003), pois leva à diminuição da complexidade
estrutural do hábitat (CASATTI et al., 2009).
As matas ripárias prestam serviços ambientais imprescindíveis ao homem e aos
ecossistemas aquáticos, como por exemplo, fornecer alimentos para peixes e outras formas de
vida aquática, regular a temperatura da água e proporcionar habitat para a vida selvagem
(BRUGNARO, 2010). Além disso, a perda da vegetação ripária, que ocorre em áreas que
passaram por supressão florestal, pode afetar os organismos presentes neste ambiente,
interferindo na disponibilidade de materiais provenientes do ambiente externo como galhos,
frutos, sementes, folhas e troncos, para dentro do canal, que podem ser utilizados como local
para reprodução, alimento e abrigo para as espécies (SCHNEIDER & WINEMILLER, 2008).
Dessa forma, uma das principais consequências é o aumento da riqueza e abundância de
espécies capazes de se manter mediante as condições e oportunidades que são oferecidas
nesses ambientes (p. ex. presença de gramíneas nas margens) e perda de espécies com hábitos
especializados (TERESA & CASATTI, 2013).
Apesar da problemática acerca dos impactos que as atividades humanas geram sobre a
diversidade taxonômica, grande importância deve ser dada também às funções, ou seja, a
contribuição dada por cada espécie no ecossistema e a forma como ela explora os recursos
presentes (SOBRAL & CIANCIARUSO, 2012). Uma nova abordagem proposta para este fim
é a diversidade funcional que pode ser definida como “a variabilidade de aspectos biológicos
relacionados com a função que as espécies exercem no ecossistema” (DIAZ & CABIDO,
2001). Os aspectos biológicos, chamados de atributos funcionais, podem ser categorizados
como morfológicos, ecológicos, fisiológicos ou comportamentais e devem estar relacionados
de forma positiva ao fitness do indivíduo (MCGILL et al., 2006; WEBB et al., 2010).
Pela lógica, diversidade funcional deveria aumentar proporcionalmente à diversidade
taxonômica, devido à probabilidade de registrar uma quantidade maior de atributos biológicos
quando mais espécies são encontradas (TILMAN et al., 1997; CORNWELL et al., 2006), mas
a influência da diversidade taxonômica na diversidade funcional ainda não está
completamente clara (TOUSSAINT et al., 2016).
Enquanto a diversidade taxonômica leva em conta a variedade de formas, a
diversidade funcional considera a igualdade ou complementaridade da função que as espécies
desempenham no ecossistema (DIAZ & CABIDO, 2001). Desta forma, na perspectiva da
diversidade funcional, a perda de uma espécie não irá necessariamente afetar a integridade
biológica e os serviços ecossistêmicos, pois quando as espécies são funcionalmente
redundantes, as funções são mantidas mesmo que haja a perda da espécie, ao contrário da
perda de espécies funcionalmente únicas, que pode diminuir a capacidade da comunidade em
exercer determinadas funções (CARMONA et al., 2016). Logo, acredita-se que as abordagens
de diversidade taxonômica e funcional são complementares e podem contribuir no
entendimento sobre a forma como as comunidades se organizam frente a distintos gradientes
de impacto ambiental e escalas espaciais (DOLÉDEC et al., 2008; HEINO et al., 2013).
Além disso, medidas de diversidade funcional podem ser utilizadas para melhor
compreender a forma como as comunidades locais são estruturadas a partir de um pool
regional de espécies (WEIHER & KEDDY, 1999; PETCHEY et al., 2007; GÓMEZ et al.,
2010). Essa estruturação é considerada o resultado de dois mecanismos: filtragem ambiental,
em que espécies mais similares coexistem, pelo fato das condições ambientais atuarem como
um filtro, selecionando e possibilitando determinadas características funcionais relacionadas a
estas condições (KEDDY, 1992); e similaridade limitante, que impossibilita a coexistência de
espécies muito similares funcionalmente, por haver maior competição por recursos,
assumindo desta forma maior coexistência de espécies com diferenças ecológicas entre si
(MACARTHUR & LEVINS, 1967).
Os peixes têm sido constantemente utilizados em programas de monitoramento
biológico (FERREIRA & CASATTI, 2006) quando o objetivo é avaliar a qualidade dos
ecossistemas aquáticos, pois além de apresentarem alta sensibilidade a alterações, o grupo
inclui representantes de diversos grupos funcionais, em relação a guildas tróficas, migração e
capacidade natatória, por exemplo, e modificações no habitat podem afetar diretamente estes
aspectos (LYONS et al., 1995). Em relação à composição e estrutura taxonômica, os padrões
em comunidades de peixes de riachos já são relativamente bem conhecidos quando
comparado aos estudos acerca dos atributos funcionais do grupo (TERESA & CASATTI,
2012; PEASE et al., 2012; HITT & CHAMBERS, 2014; GIAM et al., 2015), no entanto, na
região Amazônica esses estudos ainda são principiantes.
Além disso, ainda que existam vários estudos tentando explicar relações entre
elementos da paisagem e uso da terra com a ictiofauna em micro-bacias de regiões de clima
temperado (STANFIELD & KILGOUR, 2013; CERVANTES-YOSHIDA et al., 2015;
JANUCHOWSKI-HARTLEY et al., 2016), a supressão da vegetação nativa em relação aos
ecossistemas aquáticos é uma das alterações cujos efeitos ainda não são completamente
entendidos em regiões tropicais (BOJSEN & BARRIGA, 2002; LORION & KENNEDY,
2009). Desta forma, este trabalho tem como objetivo avaliar como a diversidade taxonômica e
funcional de assembleias de peixes responde ao efeito da supressão florestal na Amazônia
Oriental, visando responder às seguintes questões: i) Existe diferença na diversidade
taxonômica e funcional de peixes entre riachos em áreas suprimidas e riachos em áreas
florestadas? ii) Quais atributos funcionais serão selecionados pelas características ambientais
de cada tratamento? Nossa hipótese é que a diversidade taxonômica e funcional será menor
em riachos de áreas suprimidas e a composição de espécies e atributos funcionais será
diferente entre os dois tratamentos, pois a heterogeneidade física do ambiente é um
importante preditor da diversidade de espécies de peixes de riachos e a homogeneização
desses ambientes pode afetar diretamente a riqueza de espécies, abundância de indivíduos,
bem como os atributos funcionais da comunidade.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1878084 - LEANDRO JUEN
Presidente - 2339351 - LUCIANO FOGACA DE ASSIS MONTAG
Externo ao Programa - 2127224 - RAPHAEL LIGEIRO BARROSO SANTOS
Notícia cadastrada em: 05/12/2016 16:31
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