Notícias

Banca de DEFESA: CAIO MAXIMINO DE OLIVEIRA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: CAIO MAXIMINO DE OLIVEIRA
DATA: 14/11/2014
HORA: 08:00
LOCAL: SALA SAT-06, DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS/UFPA
TÍTULO:

Papel da serotonina no comportamento defensivo do paulistinha (Danio rerio Hamilton
1822) adulto: Diferenças entre modelos comportamentais, linhagens e efeitos do estresse predatório
agudo


PALAVRAS-CHAVES:

Serotonina, ansiedade, medo, paulistinha


PÁGINAS: 114
GRANDE ÁREA: Ciências Biológicas
ÁREA: Farmacologia
RESUMO:

Os transtornos de ansiedade apresentam a maior incidência na população mundial
dentre os transtornos psiquiátricos, e os benzodiazepínicos – amplamente utilizados
no tratamento de alguns desses transtornos – encontram-se entre as drogas mais
consumidas globalmente; ainda assim, a eficácia clínica dessas drogas é baixa, em
parte devido ao desconhecimento acerca das bases neuroquímicas desses transtornos.
A introdução de modelos comportamentais mais específicos para cada transtorno
levou à sugestão de que, fenomenologicamente, essa categoria pode ser dividida
em alterações na aproximação defensiva e alterações na evitação defensiva (GUIMARÃES
et al., 2010; MCNAUGHTON e CORR, 2004; MCNAUGHTON e ZANGROSSI
JR, 2008). O primeiro caso envolve as situações nas quais o sujeito deve
inibir sua tendência a aproximar-se de contextos novos, mas potencialmente perigosos,
e inclui o transtorno de ansiedade generalizada; o segundo caso envolve as
situações nas quais o sujeito deve retirar-se de um contexto aversivo, e inclui as fobias,
o transtorno de pânico e o transtorno de ansiedade social. DEAKIN e GRAEFF
(1991) sugeriram que essas duas funções são moduladas de forma oposta pelo sistema
serotonérgico, que inibe as reações de retirada (fuga) e potencializa as reações
de inibição (esquiva). Para uma compreensão mais ampla e evolutivamente
substanciada desses fenômenos, a utilização de espécies filogeneticamente mais
antigas pode ser uma aproximação interessante no campo da modelagem comportamental;
assim, sugerimos o uso do paulistinha (Danio rerio Hamilton 1822), uma
espécie de ciprinídeo originária do Sudeste Asiático e amplamente utilizada como organismo-
modelo em biologia do desenvolvimento, na tentativa de compreender a
conservação evolutiva da “dupla modulação” desses comportamentos pelo sistema
serotonérgico. Demonstramos que os níveis extracelulares de serotonina no cérebro
de paulistinhas adultos expostos ao teste de preferência claro/escuro [PCE] (mas
não ao teste de distribuição vertical eliciada pela novidade [DVN]) apresentam-se
elevados em relação a animais manipulados, mas não expostos aos aparatos. Além
disso, os níveis teciduais de serotonina no rombencéfalo e no prosencéfalo são elevados
pela exposição ao PCE, enquanto os níveis teciduais de serotonina no mesencéfalo
são elevados pela exposição ao DVN. Os níveis extracelulares de serotonina
estão correlacionados negativamente com o tempo no branco, a tigmotaxia e a
VIII
avaliação de risco no PCE, e positivamente com o tempo no topo no DVN. O tratamento
agudo com uma dose baixa de fluoxetina (2,5 mg/kg) aumenta a preferência
por escuridão, a latência para entrada no compartimento branco, a tigmotaxia e a
avaliação de risco no PCE, e diminui a preferência pelo fundo e a duração do congelamento,
e facilita a habituação no DVN; uma dose alta (10 mg/kg) produz efeitos
hiperlocomotores em ambos os testes. O tratamento com o agonista parcial do receptor
5-HT1A, buspirona, diminui a preferência por escuridão, a tigmotaxia e a duração
do congelamento nas doses de 25 e 50 mg/kg no PCE, e diminui a avaliação de
risco na dose de 50 mg/kg; no DVN, ambas as doses diminuem a preferência pelo
fundo, enquanto somente a maior dose diminui a duração do congelamento e facilita
a habituação. O tratamento com WAY 100635, um antagonista do receptor 5-HT1A,
diminui a preferência por escuridão nas doses de 0,003 e 0,03 mg/kg, enquanto somente
a dose de de 0,03 mg/kg diminui a tigmotaxia e a avaliação de risco no PCE.
No DVN, ambas as doses aumentam o tempo no topo, enquanto somente a menor
dose facilita a habituação e aumenta o tempo em uma “base” (“homebase”). O agonista
inverso do receptor 5-HT1B, SB 224289, não produziu efeitos sobre a preferência
por escuridão, mas aumentou a avaliação de risco na dose de 2,5 mg/kg; no
DVN, essa droga aumentou o tempo no topo e diminui a frequência de nado errático
nas doses de 2,5 e 5 mg/kg, enquanto a dose de 2,5 mg/kg aumentou o tempo em
uma “base”. O tratamento com o inibidor da triptofano hidroxilase DL-para-clorofenilalanina
(2 injeções de 300 mg/kg, separadas por 24 horas) diminuiu a preferência por
escuridão, a tigmotaxia e a avaliação de risco no PCE, e aumentou a preferência
pelo fundo e o tempo em uma “base” e diminuiu a habituação no DVN. Quando os
animais são pré-expostos a uma “substância de alarme” co-específica, observa-se
um aumento nos níveis extracelulares de serotonina associados a um aumento na
escototaxia, latência para entrada no branco, congelamento e nado errático no PCE;
os efeitos comportamentais e neuroquímicos foram bloqueados pelo pré-tratamento
com fluoxetina (2,5 mg/kg), mas não pelo pré-tratamento com WAY 100,635 (0,003
mg/kg), sugerindo uma alteração na função do transportador de serotonina. Animais
da linhagem leopard, que apresentam maior geotaxia (EGAN et al., 2009), também
apresentam maior escototaxia e avaliação de risco no PCE, assim como níveis teciduais
elevados de serotonina no encéfalo; o fenótipo comportamental é resgatado
IX
pelo tratamento com fluoxetina (5 mg/kg), sugerindo uma alteração na expressão
e/ou função dos transportadores de serotonina nessa linhagem. Esses dados reforçam
a hipótese de que o comportamento do paulistinha no DVN e no PCE apresenta
controle diferencial de estímulos (MAXIMINO et al., 2012), e que o sistema serotonérgico
dessa espécie modula o comportamento no DVN e no PCE de forma oposta.
Além disso, a resposta de medo produzia pela substância de alarme também parece
aumentar a atividade do sistema serotonérgico, um efeito possivelmente mediado
pelos transportadores de serotonina, e ao menos um fenótipo mutante de alta ansiedade
também está associado a essas proteínas. Sugere-se, portanto, que, ainda
que não haja conservação anatômica e genômica desses sistemas, de um ponto de
vista funcional a serotonina aumenta a ansiedade e diminui o medo em paulistinhas
assim como em mamíferos.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1557087 - AMAURI GOUVEIA JUNIOR
Presidente - 1548199 - ANDERSON MANOEL HERCULANO OLIVEIRA DA SILVA
Interno - 2585501 - FERNANDO ALLAN DE FARIAS ROCHA
Interno - 1153256 - MANOEL DA SILVA FILHO
Notícia cadastrada em: 06/11/2014 11:28
SIGAA | Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação (CTIC) - (91)3201-7793 | Copyright © 2006-2024 - UFPA - morango.ufpa.br.morango2