A família Heptapteridae, endêmica da região Neotropical, é uma das principais famílias dentro da ordem Siluriformes. Popularmente conhecidos como bagres são, em geral, organismos bentônicos, onívoros e habitantes de rios rasos de pequeno porte. A maioria dos representantes da família apresentam problemas taxonômicos e sistemáticos devido à grande similaridade morfológica entre as espécies, o que frequentemente é associada a presença de espécies crípticas. O gênero monotípico Mastiglanis é frequentemente identificado em estudos de levantamento de biota e de ecologia como Imparfinis por apresentarem características morfológicas semelhantes como barbilhões maxilares longos, nadadeira caudal profundamente forcada e corpo com pouca pigmentação. Quando existem limitações de identificação por taxonômica tradicional outros métodos, como o DNA barcoding, acabam sendo utilizados na distinção de espécies crípticas e suas relações filogenéticas. Esse método utiliza uma pequena parte do DNA mitocondrial (aproximadamente 650pb), do gene citocromo oxidase subunidade I (COI) que é utilizado na identificação de grande parte da diversidade animal. O presente estudo tem como objetivos determinar se amostras morfologicamente identificáveis como Mastiglanis asopos representam uma única espécie válida e, caso não sejam, identificar se as linhagens formam um ou mais grupos monofilético representando Mastiglanis e/ou outros gêneros na família. Sequências produzidas para novas amostras identificadas como M. asopos de três bacias diferentes do estado do Pará (Caeté, Quatipuru e Maracanã) e sequências adicionais de indivíduos da família Heptapteridae obtidas do BOLD, foram analisadas usando técnicas padronizadas para DNA barcoding e produção da árvore de inferência bayesiana. Resultados demonstram que Imparfinis (do BOLD) e nossa amostragem de Mastiglanis representam linhagens evolutivas distintas, formando três clados independentes com grande divergência e entre eles, entretanto, cada clado é monofilético e com altos valores de suporte. As amostras identificadas morfologicamente como Mastiglanis asopos não foram recuperadas como uma linhagem, sendo que as amostras do rio Maracanã são mais divergentes, formado um clado de baixo apoio com o gênero Cetopsorhamdia. Estas amostras provavelmente representam um gênero novo. A outra linhagem representando amostras dos rios Caeté e Quatipuru formaram um clado divergente e basal em relação a um clado contendo os gêneros (((Chasmocranus+Heptapterus)+Imparfinis)+Rhamdiopsis). Estas amostras possivelmente representam o gênero Mastiglanis que deve estar mais relacionado com o gênero Imparfinis de acordo com analises filogenéticas publicadas baseadas em morfologia. Como o gênero Mastiglanis possui ampla distribuição, amostras adicionais bem como revisões sistemáticas mais apuradas são necessárias.