A destinação dos resíduos sólidos urbanos (RSU) representa um dos maiores desafios enfrentados nas cidades brasileiras, principalmente em municípios do interior, em que se observa a presença de lixões. Onde, esses resíduos produzidos pela população local são lançados diretamente no solo, sem qualquer planejamento e/ou tratamento por parte das autoridades competentes. Um dos principais problemas encontrados nessas áreas é o alto teor de metais pesados no solo e na vegetação, tais como: Arsênio (As), níquel (Ni), cobre (Cu), zinco (Zn), cádmio (Cd), chumbo (Pb), mercúrio (Hg) e cromo (Cr), que estão presentes em diversos tipos de resíduos levados para os lixões a céu aberto, sendo encontrados nos mais diversos materiais. Dentre esses metais contaminantes, destaca-se o mercúrio por apresentar uma elevada toxicidade e tendência à bioacumulação e biomagnificação ao longo da cadeia trófica. A principal forma de mercúrio liberada no ambiente aquático é o inorgânico, que pode se converter em metilmercúrio (CH3Hg+), por meio da metilação bacteriana. Portanto, a determinação de mercúrio em amostras abióticas e bióticas é muito importante para monitorar os níveis de contaminação e os riscos potenciais aos quais os seres humanos estão expostos, pois representa um agente químico de importância para a vigilância da saúde das populações da Amazônia, principalmente para as que vivem às margens dos rios, onde o peixe constitui a principal fonte de proteína. O estudo tem por objetivo quantificar os níveis de mercúrio total (HgT) e metilmercúrio (MeHg) em brânquia, fígado, cérebro e músculo de peixes, além das análises do sedimento e de água, tendo como hipótese principal verificar se está havendo a contaminação por mercúrio advinda do lixão municipal. Para constatar a existência de variabilidade especial dos níveis de mercúrio nos diferentes componentes ambientais, foram determinadas três estações de amostragens ao longo da baía de Portel, no município de Portel (PA), delimitando-se um transecto definido pela distância da fonte pontual (lixão municipal), onde P1 é o ponto controle, P2 caracterizado por ser uma área de transição e o P3, ponto que está sob a influência do lixão. Para a verificação da variabilidade temporal, serão realizadas quatro campanhas em diferentes períodos sazonais (chuvoso, transição chuvoso/seco, seco e transição seco/chuvoso). As análises estão sendo realizadas no Setor de Mercúrio da Sessão de Meio Ambiente (SAMAM) do Instituto Evandro Chagas (IEC), sendo utilizado o método proposto por Akagi et al. (1996). Pretende-se contribuir com informações referentes a determinação da concentração de mercúrio nos compartimentos ambientais amostrados, bem como, comparar com valores de referências estabelecidos pela legislação brasileira, para verificar se o mesmo está em quantidades superiores, e assim, se está ocorrendo exposição humana ao mercúrio.