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Banca de DEFESA: DANILO GUSTAVO SILVEIRA ASP

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: DANILO GUSTAVO SILVEIRA ASP
DATA: 18/08/2022
HORA: 14:30
LOCAL: Ambiente Virtual
TÍTULO:

CACOS DA MEMÓRIA: FRAGMENTOS DA INTERCULTURALIDADE

AMAZÔNICA NA COMUNIDADE BUÇU (AUGUSTO CORRÊA-PA, BRASIL)


PALAVRAS-CHAVES:

Arqueologia & História. Relações Étnico-Raciais & Dialética. Identidade & Memória. Sentido de Pertença & Oralidade. Longa Duração & Cultura Material.


PÁGINAS: 436
GRANDE ÁREA: Outra
ÁREA: Multidisciplinar
SUBÁREA: Multidisciplinar
RESUMO:

Buçu (ou buiuçu) é o nome de uma árvore amazônica - quer seja ela a palmeira Manicaria saccifera ou o arbusto Ormosia coutinhoi. Este último foi usado no pretérito para fabrico de tamancos de madeira na localidade homógrafa. A origem etimológica do topônimo é Tupi, m’busú. Todavia o epíteto designa uma comunidade rural em Augusto Corrêa-PA, lócus da pesquisa, sita no Distrito de Emboraí, ecótono outrora conhecido como Sesmaria de Urumajó. Ali plantam maniva, feijão, jerimum, banana e açaí dentre outras culturas, colhem ervas medicinais e caçam; coletavam argila para fazer vasilhas e panelas e ainda hoje embarreiam as paredes das moradias de pau-a-pique (taipa); mantêm pequenas criações de gado vacum, além de suínos e aves domésticas. Produzem uma farinha “boa”, pois a mandioca repousa nas límpidas águas do rio homônimo, onde lavam as roupas, banham e pescam. À cerca de 10 km de distância da localidade está Nova Olinda, antiga “Aldeia Imborahy” (ali – além de acamparem cabanos nos idos de 1835 – viveram indígenas “descidos” e padres jesuítas lusitanos no séc. XVII), onde o Marques do Pombal mandou alocar colonos portugueses (açorianos) em 1753. Mais à oeste, algo em torno de 6 km, encontra-se a Comunidade Peroba, conhecida como “terra de negros”, uma vez que há vestígios históricos a reconhecer o lugar como área de antigos mocambos, onde residem atualmente remanescentes de quilombolas. Sem embargo, em meados de 2018, o agricultor buçuzence Marciano Corrêa, auto intitulado “pai de família” e “trabalhador da roça”, dizendo-se ser “descendente de portugueses”, dirigiu-se à Universidade e relatou suas inquietações sobre a história do lugar onde vive, pois trazia consigo peças materiais encontradas em suas lavouras, aquando cavavam um buraco para cerca. A análise preliminar constatou serem cacos de cerâmica indígena decorada, associados a fragmentos ósseos de origem humana – portanto, objetos mortuários de enterramento ritual, provavelmente pré-colombianos. As particularidades do relato espontâneo e a natureza peculiar do “achado fortuito” instigaram os pesquisadores a formar uma rede de colaboração para estudo do caso. Em ‘visitas’ à localidade foram feitas observações, anotações no caderno de pesquisa, registros imagéticos e entrevistas foram gravadas. No trabalho de campo também se coletaram – à superfície da terra lavrada – mais artefatos arqueológicos, incluindo instrumentos líticos e amostras de “terra preta” (TPA). Com efeito, as investigações e interpretações forjadas sob uma lógica decolonial permitiram entender a história social, tanto do lugar quanto das famílias camponesas-ribeirinhas buçunianas, enquanto construções plenamente interculturais, forjadas sob camadas de um caldeamento interétnico secular, historicamente configurador da epistemologia cabocla, a qual se observou engendrar peremptoriamente os modos vivendi e operandi dos agentes sociais do estudo, marcando assim, indelevelmente, tanto sua pertença, sua identidade quanto sua memória. Portanto, a ilação de que aquilo que Marciano procura em “outros” a resposta – nos ceramistas ameríndios arcaicos, por meio da intervenção dos cientistas – para compreender o passado local e decifrar os cacos da memória encontrados em sua propriedade (na qual sua família ocupa há mais de cinco gerações), se trate de fato em um caminho que o leve a encontrar a si mesmo em seus próprios “parentes” – antepassados longínquos, habitantes pioneiros do lugar, os primitivos moradores daquela holocenose antes da chegada dos invasores de além-mar – enquanto herdeiro de um legado ancestral afro-indígena europeizado; é o que se defende.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 3573682 - JOSICLEI DE SOUZA SANTOS
Externo ao Programa - 1766023 - IPOJUCAN DIAS CAMPOS
Externo ao Programa - 3342841 - LUIS JUNIOR COSTA SARAIVA
Notícia cadastrada em: 09/08/2022 09:34
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