“FOUCAULT E A PROBLEMÁTICA DO GOVERNO NAS PSICOLOGIAS: USOS E EFEITOS NO BRASIL”
Governo. Psicologia. Michel Foucault. Usos e Apropriações. Brasil.
Esta pesquisa realizou uma investigação sobre alguns usos nas Psicologias da temática do “governo” presente na obra de Michel Foucault, sobretudo como esse tema aparece em sua obra a partir do ano de 1978, no seu curso intitulado: Segurança, Território, População e que apresenta novas possibilidades de análise sobre a questão do “poder” já presente em trabalhos anteriores. O uso dessas análises em diversos campos das ciências humanas e sociais intensifica-se a partir da publicação dos seus cursos em formatos de livros e, no Brasil, isso passa o ocorrer principalmente a partir dos anos 2000. Com efeito, este trabalho teve como principal objetivo historicizar e mapear os modos com os quais as práticas de escrita e pesquisa na Psicologia tem feito uso desse operador conceitual “governo” presente na obra de Michel Foucault nas produções acadêmicas da Pós-Graduação em Psicologia no Brasil. Para realizar esse empreendimento, utilizou-se da metodologia histórico-documental a partir das ferramentas da arqueologia e da genealogia de Michel Foucault na investigação dos usos de artefatos e documentos. Os documentos selecionados como fonte primária foram Teses desenvolvidas em Programas de Pós-Graduação em Psicologia entre os anos de 2008 a 2020 e que traziam uma discussão dessa temática. Como resultado das análises, temos que a produção em Psicologia que têm feito uso da analítica foucaultiana para pensar os modos de governo de si e dos outros na atualidade, vêm permitindo uma leitura crítica das diferentes racionalidades e tecnologias que atravessam a governamentalização do estado brasileiro, pensando sobretudo as políticas públicas e a gestão de determinadas populações, tendo o saber psicológico como uma estratégia seja de controle e/ou de produção de liberdades. Esses trabalhos apontam também as possibilidades de resistências aos modos dominantes de governo que têm se efetivado no cenário nacional. Defendemos a tese de que as práticas de governo das condutas presentes na Psicologia brasileira estão circunscritas aos paradoxos que permeiam a complexidade do jogo biopolítico entre o exercício de formas de controle da população e dos sujeitos pela segurança e/ou pela liberdade e que uma analítica dos modos de governo de si e dos outros no contemporâneo tem contribuído com uma posição crítica da Psicologia em uma ontologia histórica dos nossos modos de ser nesse tempo.