Marcadores bioquímicos, avaliação nutricional e aspectos visuais de pacientes submetidos à terapia anti-tuberculose
Tuberculose, tratamento, condição nutricional, visão
A importância do estudo da tuberculose está no fato que ainda é uma doença infecciosa com uma enorme carga global. Em 2011 havia uma estimativa de 8,7 milhões de novos casos de tuberculose no mundo. Em relação à mortalidade 1,4 milhões de pessoas morreram de tuberculose, com maior prevalência entre as mulheres, em 2011 aproximadamente 500.000 mulheres foram a óbito por tuberculose, com maior número (300.000) nas mulheres HIV positivas. No Brasil, a tuberculose é uma das doenças infectocontagiosas de maior prevalência, situando o país no grupo de países responsáveis por 90% dos casos registrados no mundo (WHO, 2012). Dentre os esforços para reversão desse quadro, além das estratégias adotadas pelo plano nacional de controle da tuberculose – PNCT (BRASIL, 2011), outra ação importante foi a mudança no esquema de tratamento da doença em função da resistência aos quimioterápicos de primeira linha. Contudo, apesar da mudança no esquema terapêutico medicamentoso o abandono do tratamento persiste como um dos mais importantes problemas enfrentados para o efetivo controle da doença. O abandono do tratamento aumenta o número de recaídas e contribui para a resistência aos medicamentos. Um dos fatores que mais contribuem para tal situação é a ocorrência de efeitos adversos, os quais quando correm, podem causar grandes transtornos ao paciente (ALMEIDA & HONER, 2006). Os efeitos adversos como sintomas gastrintestinais e hepatopatias foram bem caracterizados no antigo esquema terapêutico (VIEIRA & GOMES, 2008). Por outro lado em nossa pesquisa na literatura ainda não encontramos estudo que estabeleça a associação entre os marcadores bioquímicos das funções hepática, pancreática e renal com o estado nutricional e a avaliação do nervo óptico e da visão de cores em pacientes recebendo o novo esquema de tratamento para a tuberculose. Recentemente foi descrito que a eficácia do tratamento anti-tubercuose pode ser dependente do estado nutricional do paciente, sinalizando que a indicação de tratamento individual poderá ser mais eficaz que uma norma fixa pré-estabelecida como as vigentes atualmente no Brasil (HALL et al., 2012; RAMACHANDRAN et al., 2013). Este projeto pretende identificar associações entre os marcadores bioquímicos e nutricionais com o estado morfológico do nervo óptico e a visão de cores dos pacientes em tratamento de tuberculose. Além disso, estabelecer se o estado nutricional é um fator condicionante na ocorrência de alterações nas funções hepática, pancreática e renal, no decurso do tratamento. Outro aspecto importante refere-se à escassez de estudos, principalmente na região norte, que detêm a maior incidência, 47,77/100.00 habitantes, de casos de tuberculose no Brasil (SANTOS et al., 2013), enfocando o tratamento da tuberculose, o estado nutricional e a avaliação de aspectos visuais. Além disso, o acompanhamento nutricional proposto por este estudo poderá, contribuir para o aumento das taxas de alta por cura e, em contrapartida, a diminuição das taxas de abandono do tratamento, tendo em vista que o papel da alimentação e nutrição em doenças infectocontagiosas é relevante para o prognóstico favorável ao paciente no decorrer do tratamento.