A intensificação da piscicultura continental nacional exige o aprimoramento e desenvolvimento de estratégias produtivas sustentáveis para a produção de suas espécies, e o tambaqui e a tilápia se destacam no mercado nacional e do continente Latino Americano. Como medidas de incrementar o desempenho produtivo, sanitário e ambiental, o uso de probióticos possibilita a melhora na digestão dos animais, otimização das atividades enzimática, inibe o crescimento de agentes patogênicos e promove o equilíbrio da microflora intestinal, porém a maioria dos esforços se limita ao uso de monocepas para finalidades benéficas, sendo escassas as análises e os efeitos benéficos de uma combinação de probióticos em animais aquáticos. Desta forma, a presente pesquisa teve como objetivo avaliar os efeitos do uso de uma formulação probiótica multicepas (mix) durante a recria de juvenis de Colossoma macropomum e Oreochromis niloticus, sobre os parâmetros de desempenho zootécnico e sanitário. Para isso, foram utilizados 400 alevinos de tambaqui (1,13±0,01g 4,17±0,99cm) e 240 de tilápias (6,71±0,93g e 61,88±1,44mm) que foram alimentados durante 120 e 90 dias, respectivamente, com as dietas contendo a inclusão de: Enterococcus faecium (1) 2x106 UFC.g-1 na ração; Enterococcus faecium (2) 1x108 UFC.g-1 na ração; Bacillus cereus 2.8x106 UFC.g -1 na ração e uma formulação multicepas 1x108 UFC.g -1 na ração, além da dieta base. A formulação multicepas foi resultado da melhor resposta in vitro da interação entre as bactérias utilizadas de forma a não haver antagonismos. Durante o período de suplementação, o desempenho produtivo dos animais foi acompanhado a cada 30 dias, a partir de biometrias periódicas até o termino do experimento, e posteriormente foram realizadas as análises dos parâmetros microbiológicos, índice hepatossomático, esplenossomático, viscerossomático e hematológicos. Após a suplementação dietética, 90 tambaquis e 54 tilápias, foram infectados por injeção intraperitoneal de Aeromonas hydrophila e Streptococcus agalactiae na concentração de 1,8x108 UFC.g-1 de peixe e 1,7x107 UFC.g-1 de peixe, respectivamente, além de dois grupos controle, um positivo que representou animais do grupo isento de probiótico injetados com o patógeno e o negativo que foi injetado com solução estéril de NaCl (0,65%). As respostas inflamatórias com A. hydrophila e S. agalactiae foram monitoradas durante 96 h para registro dos sinais clínicos das doenças para intensidade infecciosa e mortalidade acumulada. Durante e ao término do período experimental, foram avaliados os parâmetros hematológicos para a contagem de células vermelhas, células totais, células leucocitárias, trombócitos e bioquímica sanguínea dos animais moribundos e sobreviventes. Para o tambaqui, o uso das dietas que continham os probióticos promoveu melhora no desempenho produtivo a partir dos 90 dias experimentais (p<0,05), e se mantiveram até o final de 120 dias para os parâmetros de comprimento total (15,30±0,29mm), comprimento padrão (12,20±0,45cm), peso (62,21±1,41g) e ganho de peso (27,54±0,70g). Resultado semelhante de desempenho foi observado nas tilápias, onde o uso de probióticos melhorou (p<0,05) o desempenho dos animais, com os espécimes do tratamento contendo B. cereus apresentaram o maior ganho de peso e ganho de comprimento, seguido do tratamento multicepas, com as maiores taxas de sobrevivência. Para as análises microbiológicas, tanto para o tambaqui como para a tilápia, o uso de multicepas probióticas (mix) na ração, apresentou isenção de bactérias potencialmente patogênicas no intestino dos animais ao final de 120 e 90 dias de produção, respectivamente. Em ambos os experimentos, o uso de probióticos na disponibilidade de cepa única ou mix, determinaram melhorias hematológicas. Para o tambaqui os tratamentos que continham B. cereus e mix determinaram melhoria no sistema imune com aumento nas contagens de trombócitos, linfócitos e neutrófilos. Para as tilápias alimentadas com as dietas contendo o mix probiótico, maiores valores para hematócrito (33,5±7,6 x106.µL-1), hemoglobina (13,8±1,3 g.dL-1) e proteína total (5,3±0,4 g.dL-1) foram observados. As dietas contendo os probióticos na ração influenciaram de forma positiva a resistência dos animais contra os patógenos A. hydrophila e S. agalactiae. Na infecção dos tambaquis com A. hydrophila, os tratamentos com B. cereus e mix na dieta obtiveram os menores registros de mortalidade (26 e 20%, respectivamente) e maiores concentrações (p<0,05) de leucócitos e trombócitos. Para as tilápias com S. agalactiae, as unidades que continham E. faecium (1), B. cereus e mix obtiveram as maiores taxas de sobrevivência após o período agudo infeccioso. Dessa forma, com os resultados alcançados com a pesquisa, o uso de probióticos na administração em cepa única e multicepas mix, melhoraram os parâmetros produtivos durante 120 e 90 dias, na produção de tambaquis e tilápias, respectivamente, e sanitários contra as infecções agudas e patogênicas. Ressalta-se, que as respostas de desempenho e profiláticas nos tratamentos que continham a inclusão de multicepas mix, foram capazes de promover efeitos promissores aos animais confinados, devido a um efeito sinérgico entre as bactérias utilizadas, mesmo em concentrações menores que às recomendadas de cada cepa para uso na aquicultura. Além disso, a formulação multicepas promoveu uma modulação na microbiota intestinal com ausência de cepas potencialmente patogênicas nos animais suplementados.