Emulsificante em rações com óleo de palma na alimentação de frangos de corte
Desempenho. Digestibilidade. Metabolismo. Parâmetros séricos.
Com o objetivo de verificar o poder emulsificante de produto comercial à base de lisolecitina de soja (50%) sobre diversas fontes lipídicas comumente utilizadas na avicultura industrial, e sobre o desempenho, metabolismo, parâmetros séricos e rentabilidade da produção de frangos de corte, foram conduzidos três experimentos. O primeiro ensaio foi conduzido in vitro utilizando como fontes lipídicas amostras de óleo bruto de soja, óleo de palma, óleo de peixes, óleo de vísceras de frango e sebo bovino. Foi realizada a caracterização do perfil graxo por meio de cromatografia gasosa, e a composição dos óleos e gorduras foi correlacionada com o índice de emulsificação apresentado em duas temperaturas, aos 25°C e aos 41°C. O índice de emulsificação foi realizado com a inclusão de solução biossurfactante (água e lisolecitina de soja) em quatro proporções distintas: 0,25; 0,50; 0,75 e 1,00 mg.L-1. A atividade emulsificante de gorduras (lisolecitina de soja) foi observada durante 72 horas. No segundo experimento, foram alojados 1250 pintos de 1 dia machos, em 50 boxes com 25 aves/boxe, distribuídos em delineamento em blocos ao acaso com cinco tratamentos e dez repetições. Os tratamentos consistiram em: ração controle (T1), ração com redução de 50kcal/kg de EM em relação do T1 (controle negativo) (T2), ração com redução de 100kcal/kg de EM em relação do T1 (controle negativo) (T3), ração T2 com inclusão de 0,025% de lisolecitina de soja (T4), ração T3 com inclusão de 0,050% de lisolecitina de soja (T5). Foram avaliados os índices de desempenho dos animais (peso, consumo de ração, conversão alimentar, mortalidade) semanalmente, sendo aos 42 dias calculado o fator de produção (FEP). Ao final do experimento foram abatidas cem aves, dois animais por boxe, para avaliação de rendimento de carcaça e vísceras. Amostras foram analisadas em laboratório para determinação da deposição de proteína e gordura na carcaça. Aos 40 dias de idade também foram avaliados os parâmetros séricos relacionados ao metabolismo de gordura (VLDL, LDL, HDL, Triglicerídeos e Colesterol). No terceiro ensaio, foram alojados 320 pintos de 14 dias machos, em 40 gaiolas com 8 aves/gaiola, distribuídos em delineamento inteiramente ao acaso com cinco tratamentos e oito repetições. Os animais passaram por cinco dias de adaptação às gaiolas e cinco dias de coleta total de excretas. Os cinco tratamentos utilizados no experimento anterior foram mantidos. Foram avaliados os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, da proteína bruta, da gordura, das fibras em detergentes neutro e ácido dos animais, bem como estimada a energia metabolizável aparente e aparente corrigida para nitrogênio das aves nos diferentes tratamentos. Com base nos resultados do ensaio de desempenho, foram levantados os custos com a ração, aquisição do pintinho de um dia já vacinado e receita com a venda dos animais para o cálculo do Custo Operacional Efetivo (COE), a Receita Bruta (RB), e Margem Bruta em relação ao COE (MBCOE), o Ponto de Nivelamento (PN), o Lucro Operacional Efetivo (LOE) e o Índice de Lucratividade (IL). A lisolecitina apresentou bons índices de emulsificação aos 25oC em fontes lipídicas oleosas com altas concentrações de ácido graxo saturado, o que não necessariamente se repete aos 41oC, temperatura do interior do organismo das aves, quando o fator determinante passa a ser o teor de ácidos graxos insaturados do material utilizado na alimentação de frangos de corte. O efeito da lisolecitina foi nulo em ambas as temperaturas sobre o sebo bovino, não propiciando melhora do índice de emulsificação aos 25oC ou aos 41oC. Não houve diferença significativa nos parâmetros de desempenho, rendimento de carcaça e vísceras e parâmetros séricos de frangos de corte submetidos à adição de lisolecitina de soja nas rações contendo óleo de palma. Não houve influência da adição de lisolecitina às rações sobre os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, proteína bruta, gordura, fibra em detergentes neutro e ácido, e energia bruta. Houve influência dos níveis de energia das rações sobre os coeficientes de digestibilidade de proteína bruta, fibras em detergentes neutro e ácido e energia bruta, bem como sobre os valores de energia metabolizável aparente e energia metabolizável aparente corrigida para nitrogênio das rações. A utilização de lisolecitina de soja com emulsificante de rações não traz redução de custo associado à sua utilização na dieta para frangos de corte. O índice de lucratividade não foi influenciado pela inclusão de lisolecitina nas rações das aves, entretanto o mesmo apresenta-se maior em rações de baixa densidade energética na alimentação de frangos de corte em clima quente.