Ciclo reprodutivo, desenvolvimento embrionário e morfologia funcional do estômago e apêndices bucais de larvas do camarão ornamental marinho Lysmata ankeri (Rhyne e Lin, 2006)
Acasalamento, hermafrodita, morfologia funcional, estômago
O objetivo do trabalho foi descrever o ciclo reprodutivo e o desenvolvimento embrionário de L. ankeri em condições de laboratório, assim como descrever a morfologia do estômago de larvas zoea I, zoea II e último estágio larval, relacionando com a sua funcionalidade, além dos apêndices bucais de zoea I. Os camarões foram obtidos de uma empresa de aquariofilia marinha do estado da Bahia e mantidos no Laboratório de Aquicultura da Universidade Federal do Pará. No laboratório os camarões foram distribuídos em tanques acoplados a um sistema de recirculação de água. Para a realização dos experimentos sobre o ciclo reprodutivo e desenvolvimento embrionário, os camarões foram separados em casais em cada tanque. Um total de oito casais foram observados durante cinco ciclos consecutivos, no qual foi verificado o tempo de desenvolvimento embrionário, tempo entre desovas, tempo entre ninhadas e o tempo de desenvolvimento da porção ovariana da gônada, além da coloração do ovário e dos ovos. Para as análises dos estômagos e apêndices bucais, foram utilizados larvas no estágio zoea I, zoea II e último estágio larval. As amostras foram tratadas conforme Abrunhosa et al. (1997). Dos oito casais analisados no estudo, foi possível registrar 40 desovas em um total de 189 dias. O tempo de desenvolvimento embrionário variou de 11 a 13 dias (11,7 ± 0,18; média ± DP). O período de incubação dos ovos foi simultâneo ao período de desenvolvimento do ovário, ocorrendo a ecdise pré-acasalamento e a desova entre 12 e 24 horas após a eclosão das larvas. A coloração do ovário variou de tons de cinza claro a tons laranja avermelhado, desde a gônada esgotada até desenvolvida, respectivamente. O desenvolvimento embrionário foi caracterizado em 11 períodos, com as larvas eclodindo com pouca reserva vitelínica, mas que são capazes de mudar para o estágio seguinte sem a presença de alimento. A coloração dos ovos variou de tons laranja avermelhado à marrom acinzentado, a partir do momento da desova até perto da eclosão, respectivamente. Em relação às análises dos estômagos e apêndices bucais, foi possível observar que as larvas de L. ankeri apresentam estruturas em sua morfologia que são capazes de capturar e digerir alimentos a partir do primeiro estágio larval, e que sofrem modificações significativas ao longo do seu desenvolvimento, sendo capazes de ingerir alimentos pequenos e moles, como microalgas e náuplios de Artemia nos primeiros estágios larvais, até alimentos duros e maiores, como ração comercial, no último estágio larval. Conclui-se que L. ankeri possui um ciclo reprodutivo relativamente rápido e contínuo e que suas larvas apresentam estômagos e apêndices bucais funcionais, podendo ser alimentadas já nas primeiras horas após a eclosão.