Estratégias nutricionais e genéticas para mitigar a emissão de metano em ovinos
Amazônia, Coprodutos da agroindústria, Metagenômica, Genotipagem por sequenciamento
A formação do metano entérico (CH4), em ruminantes, ocorre durante a digestão dos alimentos que é realizada por uma variedade de micro-organismos ruminais. A manipulação do perfil microbiológico do rúmen com o intuito de reduzir a emissão de CH4 tem sido cada vez mais investigada, uma vez que esse gás, juntamente com os gases CO2 e NO4, tem sido indicado como responsável por mudanças climáticas, além de significar perda energética para os animais. Dois estudos distintos foram conduzidos com abordagens nutricionais e genéticas como ferramentas para reduzir a emissão de CH4 em ovinos. No primeiro estudo, realizado em Castanhal, Pará, Brasil, avaliou-se o efeito de dietas compostas por coprodutos agroindustriais, ricas em gordura, sobre o consumo, digestibilidade, parâmetros sanguíneos e a emissão de metano em ovinos. Vinte e oito ovinos foram distribuídos em gaiolas metabólicas, em delineamento inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e sete repetições. Cada grupo de animais recebeu dieta composta por silagem de milho e um dos seguintes concentrados: 1. Teor reduzido de óleo – dieta controle (TRO). 3. contendo torta de cupuaçu - Theobroma grandiflorum (CUP); 3. contendo torta de tucumã - Astrocaryum aculeatum (TUC); e 4. Teor elevado de óleo – dieta controle (TEO). A dieta contendo torta de tucumã afetou negativamente o consumo e digestibilidade dos ovinos. As tortas de cupuaçu e tucumã causaram aumento nos níveis de colesterol total, triglicerídeos e HDL (P <0,05), contudo, não afetaram as concentrações de glicose, proteína e albumina (P >0,05) dos animais experimentais. Aqueles que receberam dietas CUP, TUC e/ou TEO apresentaram as menores emissões de CH4 em g/d e L/d (P<0,05), no entanto, não houve efeito das dietas quando considerada a variável CH4, g/kg CMS. No segundo estudo, realizado na Nova Zelândia, investigou-se o uso de soluções (Solução A, Solução B e Solução C) como métodos alternativos ao utilizado rotineiramente (controle) para investigação do perfil microbiano. Avaliou-se os impactos das soluções nas etapas de amostragem, armazenamento, processamento, extração de DNA e sequenciamento de representação reduzida, utilizando-se DNA de amostras ruminais de ovinos de duas linhas de melhoramento: ovinos com elevada e reduzida emissão de metano. No total, 151 ovelhas (n = 85 baixa emissão e n = 66 alta emissão de metano) foram usadas para coleta de metano entérico e amostragem do conteúdo ruminal, via tubo estomacal. Ambas coletas foram repetidas após duas semanas (n= 302) para determinação da repetibilidade dos métodos testados. Os dados foram submetidos ao programa estatístico R e ANOVA foi usada para investigar as diferenças significativas entre os parâmetros mensurados: 1) extração do DNA:concentração, pureza (A260/230 nm e A260/280 nm) e integridade; 2) sequenciamento:número de leituras por amostra. A concentração de DNA variou dependendo do método utilizado (p<0.0001) e os métodos Controle e Solução B, apresentaram os maiores resultados. As leituras de absorbância relativas, também, variaram entre métodos, porém todos os resultados estiveram dentro do considerado adequado. A integridade do DNA extraído de amostras ruminais preservadas com a solução C foi afetada, o que comprometeu sua aplicação na técnica de sequenciamento, usando-se enzimas de restrição. O número de leitura por amostra, da mesma forma, foi influenciado pelo método usado (p<.0001). A menor média foi observada na solução C (510612.9), em contraste com a maior, observada na solução A 1003458.1. As soluções A e B podem ser utilizadas como métodos alternativos para avaliação do perfil microbiano de ovinos.