VALOR NUTRITIVO DO FARELO DE PALMISTE (Elaeis guineensis) EM TAMBAQUIS (Colossoma macropomum, CUVIER, 1818)
Farelo de palmiste; Peixe onívoro; Desempenho; Hematologia; Carne; Digestibilidade.
O tambaqui (Colossoma macropomum, CUVIER, 1818), nativo da Amazônia, é a segunda espécie mais cultivada no Brasil, apesar de existirem poucos estudos relacionados à sua alimentação com coprodutos da agroindústria. Nesse contexto, a agroindústria do dendê (Elaeis guineensis) no Pará, pela sua destacada área plantada, disponibiliza grande quantidade de coprodutos, que podem ser usados em rações. Entretanto, a utilização segura de um ingrediente alternativodepende da obtenção de bons índices de desempenho zootécnico, além da avaliação da sua digestibilidade, efeito sobre a qualidade da carne e eficiência econômica. Desta forma, esta pesquisa objetivou avaliar a qualidade nutricional do farelo de palmisteemtambaquis a partir da realização de duas etapas. A primeira etapa reuniu os resultados de dois experimentos. No experimento 1, em sistema fechado (recirculação), 120 tambaquis (16,35 ± 0,61 g) receberam cinco dietas com 0, 25, 50, 75 e 100% de substituição de milho pelo farelo de palmiste durante 75 dias, sendo avaliados o desempenho, variáveis hematológicas e bioquímicas e composição do músculo. A dieta com 25% de substituição promoveu melhor biomassa final, enquanto que em T75 e T100 houve prejuízos na conversão alimentar, no aproveitamento da proteína dietética e os níveis de colesterol plasmático e de neutrófilos revelaram alterações significativas no metabolismo animal. No segundo experimento, em sistema aberto (viveiros de terra), 240 peixes (15,52 ± 1,84g), receberam duas dietas com 0 e 25% de substituição (que promoveu melhor biomassa no experimento 1) durante 184 dias, sendo avaliados os efeitos no desempenho, eficiência econômica, rendimento de quatro formas de comercialização (eviscerado, tronco limpo, lombinho e costela) e características físicas e químicas do músculo. Nestas condições semelhantes a um cultivo comercial, a proporção testada não comprometeu as variáveis testadas, se apresentando como uma alternativa segura, além de reduzir o percentual de gordura no músculo e apresentar eficiência econômica, desde que o preço de obtenção do coproduto não ultrapasse 26,4% do preço do milho. A segundaetapa avaliou a digestibilidade dofarelo de palmiste, em duas fases de vida do tambaqui, fase 1 (4,45 ± 1,18 g) e fase 2 (115,91 ± 4,01 g), sendo demonstrado que o peso corporal não interferiu na capacidade do tambaqui em digerir o farelo de palmiste e o aproveitamento da proteína foi considerado satisfatório (63,29%), o que faz deste ingrediente uma potencial fonte alternativa de proteína em rações para a espécie.