O CAMARÃO-DA-AMAZÔNIA PODE APROVEITAR FONTES DE ALIMENTOS QUITINOSOS ALTERNATIVOS?
quitina, digestibilidade, fermentação
Macrobrachium amazonicum é uma espécie onívora de camarão de água doce que apresenta no seu genoma funcional diferentes quitinases, altamente expressas, sugerindo a sua capacidade de aproveitar esse substrato como fonte de alimento. No presente estudo foi avaliada à digestibilidade aparente da matéria seca e quitina de ingredientes quitinosos. Foram testadas duas fontes de ingredientes: farinha de insetos e farinha de crustáceos, nas formas in natura e fermentada. A fermentação foi realizada com uso do fungo da espécie Aspergillus oryzae. As dietas experimentais foram compostas por 70% da dieta referência, 0,1% de óxido de cromo e 30% dos ingredientes testes. Os ingredientes teste usados foram: farinha de tenébrio in natura e fermentada, farinha do resíduo do processamento do caranguejo in natura e fermentada. Foram utilizados 5 tanques de digestibilidade com capacidade funcional de 50 litros cada, adensados aleatoriamente com 12 Pls/L (PL com 60 dias) de M. amazonicum, em um delineamento em quadrado latino 5x5. O experimento foi realizado em 5 períodos de 20 dias cada, com 5 dias de adaptação ao alimento. As fezes foram coletadas oito vezes ao dia. Os coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) da quitina variaram significativamente entre os diferentes ingredientes. Todas as farinhas testadas apresentaram alta digestibilidade da matéria seca. A digestibilidade da quitina foi similar para as farinhas de caranguejo in natura e fermentada. Por outro lado, a fermentação da farinha de tenébrio promoveu aumento da digestibilidade da quitina em relação a farinha in natura. Esses resultados destacam o impacto do processamento na digestibilidade aparente dos ingredientes pelo camarão. Além disso, corroboram os indícios do genoma funcional de que o camarão-da-amazônia tem maquinário enzimático preparado para aproveitar a quitina como fonte de alimento.