VARIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA ESTRUTURA DA COMUNIDADE PLANCTÔNICA NO ESTUÁRIO DO TAPERAÇU (PARÁ, BRASIL)
Comunidade planctônica; Biomassa; Correlações bióticas; Variáveis abióticas.
Os estuários são ecossistemas de transição com elevada produtividade devido às concentrações e nutrientes dissolvidos e de matéria orgânica que sustentam as necessidades nutricionais de várias espécies aquáticas. Nesse ambiente, a comunidade planctônica desempenha um importante papel na produção e na transferência de carbono e energia ocupando diferentes níveis tróficos basais e suportando níveis tróficos superiores. Neste contexto, o presente estudo objetiva investigar, de forma integrada, a diversidade, densidade e biomassa/produção dos diferentes níveis tróficos da comunidade planctônica (fitoplâncton, zooplâncton e ictioplâncton) no estuário do Taperaçu, considerando não apenas as inter-relações existentes entre eles, mas também entre os mesmos e as vareáveis climatológicas, hidrológicas. Parte das amostras já foram coletadas em 2012. Campanhas adicionais serão realizadas trimestralmente, durante o ano de 2024 e 2025, em três estações fixas situadas ao longo do estuário, em ciclos nictemerais (24h), totalizando 720 amostras. As amostras destinadas ao estudo quali-quantitativo da comunidade planctônica (fitoplâncton, zooplâncton e ictioplâncton) serão obtidas através de arrastos horizontais na coluna d’água, com um auxílio de redes de plâncton (64 µm, 120 µm, 200 µm, 300 µm 500 µm), sendo as mesmas posteriormente fixadas com formol neutro a 4%. Os valores de temperatura, salinidade, turbidez e oxigênio dissolvido serão medidos in situ com auxílio de CTD’s, enquanto as outras variáveis (pH, concentrações de nutrientes dissolvidos e clorofila-a), serão determinados através de posterior análise, em laboratório, de amostras subsuperficiais de água obtidas nas estações de coleta. Em laboratório, as análises qualitativas do fitoplâncton, serão realizadas através de montagem de lâminas-lamínulas temporárias, sendo os organismos presentes nas amostras identificados através de microscópios ópticos. Para as análises quantitativas será empregado o método de sedimentação de Utermöhl (1958), seguido da identificação em um invertoscópio AxioVert (Zeiss). Para análise quali-quantitativa do zooplâncton, as amostras serão divididas em alíquotas entre quatro e onze vezes em um subamostrador para fornecer subamostras padronizadas que serão dispostas em placas de Petri quadriculadas e contadas com o auxílio de um microscópio estereoscópico (Zeiss). As amostras destinadas à identificação morfológica do ictioplâncton serão separadas do plâncton total sob microscópio estereoscópico, enumeradas e identificadas ao menor nível taxonômico possível, sendo os estágios de desenvolvimento larval classificados segundo Nakatani et al. (2001). Após estas análises serão calculados os valores de abundância relativa, frequência de ocorrência, diversidade, equitabilidade e densidades das espécies registradas. A partir dos valores obtidos para as variáveis físicas, químicas e biológicas serão realizados testes paramétricos (ANOVA- One way para amostras independentes) e não-paramétricos (Kruskal-Wallis – H e Mann-Whitney - U), utilizando-se os pressupostos específicos para cada teste. Será realizada uma análise de “Cluster” baseada na densidade das espécies de cada amostra, sendo a construção do Dendrograma seguido pelas análises de SIMPER e ANOSIM. A Análise de Correspondência Canônica (CCA) será baseada na avaliação de matrizes de resposta (grupos fitoplanctônicos, zooplanctônicos e ictioplanctônicos) e explicativas (variáveis ambientais), com o objetivo de determinar as influências individuais e compartilhadas desses fatores sobre a variabilidade observada na comunidade planctônica.