Efeitos da exposição a partículas plásticas no mexilhão Mytella guyanensis provenientes do Estuário Amazônico
Poluição plástica, Manguezais, Histopatologia, Danos fisiológicos
Os microplásticos (MPs) se tornaram contaminantes onipresentes no ambiente aquático, podendo ser assimilados pelos organismos residentes e causar danos a sua saúde. O sururu, Mytella guyanensis, é um mexilhão de grande importância nos estuários amazônicos, onde representa o papel de consumidor primário na cadeia alimentar e é explorado como fonte de alimento e renda pela população local. Embora se saiba que a espécie está sendo atingida pela contaminação por microplásticos, não há dados sobre os efeitos dessas partículas sobre a fisiologia desse mexilhão. Sendo assim, esse trabalho será conduzido com o objetivo de investigar os efeitos de concentrações realistas de dois tipos de microplásticos em Mytella guyanensis, e a distribuição das partículas entre os órgãos do mexilhão. Para isso, 120 mexilhões serão coletados de manguezais, aclimatados e submetidos a um ensaio de exposição com 4 tratamentos representando dois tipos (fibras de poliamida e esferas de poliestireno) e duas concentrações de microplásticos (75 MPs/L e 900 MPs/L). Parâmetros como o ritmo de filtração e fator de condição serão avaliados durante o experimento para medir o impacto dos microplásticos sobre a capacidade alimentar do animal. Após a exposição os mexilhões serão dissecados e amostras das brânquias e da glândula digestiva serão submetidas ao processamento histológico de rotina e a microscopia de luz será utilizada para caracterizar a ocorrência de dano histopatológico causado pelas partículas nos dois órgãos. Além disso, amostras adicionais das brânquias, glândula digestiva e resto do corpo dos mexilhões serão submetidas a um protocolo de extração de microplásticos a fim de determinar qual o principal ponto de acúmulo de partículas nesse bivalve. Os resultados obtidos serão de suma importância para compreender o efeito de um contaminante emergente sobre a saúde morfofisiológica dos mexilhões e embasar futuros estudos envolvendo outros invertebrados que habitam os ecossistemas de manguezal da Amazônia.