Avaliação da tolerância de rãs-touro sob baixas temperaturas: implicações para o bem-estar animal no transporte
anfíbio, rã-touro; ranário; Lithobates catesbeianus; ranicultura
O objetivo do trabalho foi avaliar dois manejos de transporte, um com rãs transportadas em caixas térmicas com gelo e outro em caixas vazadas de plástico e posteriormente a recuperação da homeostasia em quatro tempos após o transporte (0 h – imediatamente após o transporte, 6, 12, 24 h) e um tratamento de rãs em condição de homeostase (rãs na baia – grupo controle) para todos os tempos analisados. O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial (3x4) com 10 repetições (rã-touro). Os dados foram submetidos a Anova-two way para verificar a existência de interação entre os fatores (tempo x tratamento), ou ocorrência de efeito isolado de cada fator. A taxa de sobrevivência das rãs transportadas em caixas vazadas foi de 100% e as transportadas no gelo 90%. Rãs do transportadas em gelo apresentaram aumento do peso corporal após o transporte e rãs transportadas em caixas vazadas diminuição. Rãs transportados nas caixas vazadas obtiveram elevação de ureia imediatamente após o transporte, havendo diminuição nos demais tempos. O lactato manteve-se elevado após 24 horas em rãs transportadas em gelo e em caixas vazadas. O lactato nas rãs transportados em caixas vazadas e do grupo controle diminuiu 24 horas após o transporte. Maiores níveis de triglicerídeos foi demonstrado nas rãs das caixas vazadas 24 horas após o transporte. Rãs transportas em gelo apresentaram colesterol total elevado imediatamente após o transporte, seguido de diminuição após 6 horas. Rãs transportadas em caixas vazadas apresentaram aumento de colesterol total imediatamente após o transporte, diminuição após 6 horas, seguido de aumento. Houve diminuição na quantidade de proteínas totais com o decorrer das horas, atingindo menores níveis 24 horas após o transporte. Houve diminuição na quantidade de eritrócitos nas rãs com decorrer do tempo, com menores valores nos tempos 12 e 24 horas de avaliação. Rãs transportadas em gelo e em caixas vazadas apresentaram diminuição na quantidade de eritrócitos em relação ao grupo controle. Rãs transportadas em gelo e em caixas vazadas apresentaram níveis de hematócrito mais baixos do que do grupo controle. Níveis de hemoglobina foram mais altos em todos as rãs no tempo 6 horas de avaliação e mais baixos 24 horas após o transporte. Rãs transportadas em gelo e em caixas vazadas apresentaram diminuição de hemoglobina em relação ao grupo controle. No transporte realizado em gelo houve elevação do VCM nas rãs após 12 e 24 horas. Rãs transportadas em gelo apresentaram concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) semelhantes ao do grupo controle em todos os tempos de avaliação. Rãs transportadas em gelo mantiveram a CHCM similares até 12 horas após o transporte, diminuindo após 24 horas o. A CHCM das rãs transportadas em caixas vazadas aumentou 6 e 12 horas após o transporte e diminuíram 24 horas após o transporte. Rãs-touro transportadas em gelo apresentaram vários ajustes fisiológicos intrínsecos da espécie para enfretamento do frio durante o transporte, demandando energia para a manutenção de funções após o desafio imposto. O transporte em caixas vazadas promoveu estresse nas rãs-touro adensadas, conforme indicado pelas alterações dos parâmetros bioquímicos e do eritrograma analisados. É importante considerar a necessidade de aprimoramento nos dois manejos de transporte analisados como aclimatização prévia de rãs transportadas em baixa temperatura e uso de dispensadores e/ou outros objetos com água utilizados para o transporte de rãs em caixas vazadas sob temperatura ambiente, assegurando o bem-estar dos animais durante e após o transporte.