Pecuária bovina no estado do Pará: dinâmica espaço temporal do rebanho e mudanças na eficiência da produção
Bovinos. Análise exploratória de dados espaciais. Análise envoltória de dados. Amazônia.
Em 2020, o rebanho bovino paraense foi estimado em 22,3 milhões de cabeças, terceiro maior do país, e enquanto a área com pastagem ocupou 21,5 milhões de hectares no estado, sendo a maior do país. Essas estimativas são resultados da crescente valorização da atividade no Pará, onde os sistemas de produção passam por profundas transformações em função de fatores tecnológicos, ambientais e econômicos. A dissertação foi composta por dois capítulos, elaborados a partir de dados oficiais. No primeiro capítulo foi analisada a dinâmica do rebanho bovino a partir de dois indicadores, a densidade bovina (cab./km²) e a taxa geométrica de crescimento (% ao ano), no período de 2000 a 2020, em recorte municipal, utilizando um método de econometria espacial denominado Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE). Os resultados obtidos indicaram, ao mesmo tempo, o gradativo aumento da densidade bovina nos municípios localizados no sudeste do estado e proximidades, bem como o efeito de transbordamento nesta região, onde os clusters de crescimento localizaram-se, principalmente, nos limites entre o sudeste e sudoeste do estado, revelando a orientação do crescimento em direção ao sudoeste e o declínio, principalmente, nos municípios localizados ao norte do estado. No segundo capítulo, foi calculada a eficiência da pecuária bovina considerando o recorte microrregional em dois períodos, os anos de 2006 e 2017, com o uso do método de programação linear denominado Análise Envoltória de Dados (DEA) e, conjuntamente com Índice de Malmquist, foi possível calcular as mudanças da produtividade, da fronteira tecnológica e da eficiência. Foi utilizada a Regressão Tobit para avaliar os efeitos de variáveis contextuais sobre o escore de eficiência em 2017. A eficiência média foi de 0,75 e 0,76 em 2006 e 2017, respectivamente, indicando que a receita bovina no estado poderia aumentar em 25 e 24% em cada ano, mantendo os mesmos níveis de inputs no estado. Em cerca de 94,1% das microrregiões houve progresso tecnológico, em 52,9% ocorreu o aumento da eficiência, resultando no aumento da produtividade em 88,2% das microrregiões. O preço da terra e o crédito rural apresentaram efeitos positivos sobre a eficiência, enquanto o percentual de produtores familiares, a especialização da lavoura de soja e desmatamento apresentaram relação negativa com a eficiência. Tais resultados colaboram na orientação do desenvolvimento sustentável da atividade no estado e apontam fatos portadores de futuro que poderão ser estudados posteriormente.