Distribuição espacial e fontes de crescimento da pecuária leiteira no estado do Pará
Agropecuária, Concentração Espacial, Fontes de Crescimento, Produção de leite.
A pecuária leiteira no estado do Pará encontra-se em expansão, com amplo potencial produtivo e grande importância no desenvolvimento econômico e social, sendo fonte de abastecimento de produtos lácteos no mercado interno, o que gera empregos e renda para a população. A atividade é marcada pela heterogeneidade entre os produtores, decorrente da maioria da produção leiteira ocorrer em pequenas propriedades, com rebanho de dupla aptidão, adoção de baixo nível tecnológico, falta de assistência técnica, entre outros entraves que afetam diretamente a cadeia produtiva e o desempenho do rebanho leiteiro. Logo, objetivou-se com o estudo realizar um levantamento da conjuntura da produção de leite no Brasil e estado do Pará, e especificamente a nível estadual: identificar a distribuição espacial e nível de especialização a partir dos dados do Censo Agropecuário (2006 e 2017); analisar as fontes de crescimento da bovinocultura leiteira por microrregiões, no período de 1990 a 2020, com base na pesquisa da pecuária municipal (IBGE). Para avaliar o nível de concentração espacial, foram determinados o Quociente Locacional e o Índice de Gini. A avaliação das fontes de crescimento utilizou-se do método Shif-share, com função de identificar e decompor os componentes de crescimento da atividade. Os resultados evidenciaram que o Brasil ocupa a terceira posição no ranking de maiores produtores mundiais de lácteos, produzindo 36,5 bilhões de litros, mas com produtividade animal abaixo da média global. No estado do Pará, a produção atingiu 600 milhões de litros de leite, produtividade de 734 litros/vaca em 2020. O índice de concentração exibiu incremento de 88%, saltando do valor de 0,25 para 0,47 em 2017, demonstrando maior centralização da atividade leiteira. Quanto a especialização na produção de leite, no ano inicial do estudo havia nove microrregiões especializadas, entretanto, no ano final apenas seis se enquadram nesta classificação, sendo Parauapebas, Marabá, Tucuruí, Redenção, São Félix do Xingu e Altamira, destaca-se o Sudeste Paraense como principal polo leiteiro do estado, que engloba municípios de tradição na pecuária leiteira, como Água Azul do Norte, maior produtor estadual de leite desde o ano de 2012. O efetivo crescimento da produção de leite referente aos anos de 1990 a 2020, retratou aumento da produção estadual de 3,23% ao ano, com maior contribuição nesse crescimento dos ganhos de produtividade do rebanho, do que em relação ao feito expansão do rebanho, no entanto dez microrregiões apresentaram taxa média anual negativa de crescimento, estando localizadas no Nordeste Paraense, Marajó e Região Metropolitana de Belém, resultado proveniente da redução do efeito expansão do rebanho, pois o efeito produtividade todas as microrregiões exibiram taxas positivas, com exceção de Cametá e Arari. A retração mais acentuada ocorreu em Arari, com queda brusca na produção de leite, quantitativo de animais ordenhados e rendimento das vacas. As doze microrregiões com taxas anuais positivas estão situadas nas mesorregiões do Sudeste Paraense, Sudoeste Paraense e Baixo Amazonas, nove associadas ao crescimento intensivo e três mais ligadas ao crescimento extensivo. De modo geral, os resultados evidenciam que as regiões especializadas na atividade são mais articuladas apresentando os percentuais mais altos quanto ao quantitativo produzido, plantel ordenhado e movimentação financeira, em comparação com as localidades não especializadas. Por meio das análises, é possível obter melhor entendimento do processo de crescimento regional, com foco na atividade leiteira, pois as informações e particularidades das propriedades são fundamentais para nortear as instituições públicas e privadas da realidade e os problemas existentes, possibilitando a readequação e novas formulações de políticas com intuito de amenizar as limitações dos produtores, assim como, potencializar o crescimento e diminuir desequilíbrio intra e inter-regional.