Genética molecular como ferramenta para auxiliar o manejo reprodutivo e a implantação de centros de reprodução de Tambaqui (Colossoma macropomum Cuvier, 1818) no Brasil
Manejo; Reprodutores; Diversidade genética; Aquicultura.
Este trabalho avaliou a diversidade genética em populações cultivadas de Tambaqui, um peixe nativo de grande relevância na piscicultura nacional. Nossos resultados evidenciam que a baixa diversidade genética em populações de piscicultura de Tambaqui já vem sendo reportada há pelo menos duas décadas, consequência do processo de domesticação, já que a maioria dos peixes utilizados para fundar o plantel de reprodutores dos centros de reprodução de Tambaqui no Brasil, foram provenientes do estoque do Centro de Pesquisas Ictiológicas Rodolpho von Ihering, DNOCS, Pentecoste, Estado do Ceará, desenvolvido a partir de 74 alevinos capturados no alto Amazonas, Iquitos, Peru, em 1972. Soma-se a essa origem comum, a ausência de manejos genéticos eficientes nos centros de reprodução. Analisamos a influência do repovoamento com indivíduos de centros de reprodução de diferentes regiões do Brasil, aliado a cruzamentos não endogâmicos, sobre a diversidade genética de um centro de reprodução de Tambaqui. Para isso, foram feitas análises comparativas com base em sequências da Região Controle do DNA mitocondrial de espécimes de populações naturais e cativas. Recuperamos apenas dois haplótipos nas três populações do centro de reprodução (97 amostras), enquanto nas populações selvagens (35 amostras), encontramos 31 haplótipos. Um dos haplótipos recuperados nas populações deste centro foi reportado como sendo o único presente em pisciculturas do estado de Rondônia, Piauí, Amapá e Pará. Concluímos que a estratégia de repovoamento, mesmo que aliada a cruzamentos não endogâmicos, não se mostrou eficiente, visto que a diversidade genética continua em níveis críticos nas amostras do centro de reprodução analisado. Levantamos o questionamento sobre a relação dos baixos índices de diversidade genética com a queda na produção desta espécie que vem ocorrendo há pelo menos seis anos em uma média anual aproximada de 6,4 toneladas. Deste modo, é urgente o repovoamento dos centros de reprodução com indivíduos de ambiente natural, especialmente de áreas de hot spots de diversidade e a adoção de manejo genético dos reprodutores, no sentido de renovar e manter melhores índices de variabilidade, garantindo o potencial adaptativo das populações. Por fim, geramos uma cartilha elencando nossos achados de forma didática com o intuito de popularizá-los principalmente entre os produtores, contribuindo desta maneira para a adoção de boas práticas de manejos genéticos reprodutivos nos centros de reprodução de Tambaqui.