Caracterização da microbiota ruminal de búfalos criados em ecossistemas de criação da Amazônia Oriental
Amazônia; micro-organismos do rúmen; búfalos; genotipagem por sequenciamento com enzima de restrição
A pesquisa visa caracterizar a microbiota ruminal de búfalos em três ecossistemas de pastagens nativas e cultivas e um em confinamento, na Amazônia Oriental. O estudo foi realizado nos períodos seco e chuvoso, de agosto de 2018 a janeiro de 2019, nos ecossitemas: Marajó, Baixo Amazonas e Continente, e no confinamento, em Tomé-Açú, no estado do Pará, Brasil. Foram usados 71 búfalos machos, idade de 26 a 36 meses, mestiços Murrah x Mediterrâneo, peso médio de 400 kg. A dieta de cada ecossistema foi coletada para análise bromatológica. As coletas do conteúdo ruminal foram realizadas em matadouros frigoríficos, de acordo com Stevenson & Weimer (2007), com rúmen totalmente esvaziado e homogeneizado, as frações sólidas e líquidas foram separadas, o pH ruminal foi mensurado, com média de 7,23. O DNA foi extraído das amostras do rúmen, de acordo com o protocolo FastDNA Spin Kit for Soil (Mpbio, United States). Após a extração, o DNA foi sequenciado utilizando-se a técnica de sequenciamento de próxima geração, denominada Sequenciamento por Genotipagem (GBS), com enzima de restrição reduzida, de acordo com Hess et al. (2019), com potencial de baixo custo e alto rendimento. As sequências resultantes foram usadas para analisar a repetibilidade do perfil da microbiota ruminal, através de bioinformatic pepilines (Hess et al., 2019), e comparar ao banco de dados de referência de conjuntos de genomas com taxonomias da coleção do Hangate 1000. Foram reconhecidos 16 famílias e 61 gêneros na comunidade microbiana analisada, entre bactérias e arqueas. O código R foi usado para avaliar a abundância relativa das famílias, entre as diferentes amostras e seus ecossistemas. A Prevotellaceae e a Succinivibrionaceae foram as famílias bacterianas de maior e a de menor abundância, respectivamente, entre todas as amostras. O teste de Fisher e ANOVA foram usados para analisar a frequência e a variância da microbiota entre os ecossistemas, períodos e frações. Foram identificados 25 gêneros, com diferenças significativas (p<0,05) entre o confinamento e os demais ecossistemas, como o gênero Methanobrevibacter. Methanosarcina, Methanomicrobium, Clostridium e Bacillus foram os gêneros que diferiram significantemente, entre períodos seco e chuvoso dos ecossistemas. Entre as frações sólida e líquida, houve 28 gêneros de bactérias com significativa diferença, como por exemplo Acinetobacter e Methanosarcina. Discute-se ainda as características da alimentação ofertada e a frequência com que os animais se alimentavam, para explicar as diferenças significativas da microbiota ruminal encontradas, em especial entre o confinamento e os demais ecossistemas.