Uso de extrato de tanino na substituição de monensina em dieta de bovinos nelore terminados a pasto
aditivo natural, antibiótico, fermentação ruminal, qualidade de carne.
Dois ensaios (metabolismo e desempenho) foram realizados com o intuito de utilizar um blend com extratos de tanino e saponinas na substituição de monensina em animais nelore terminados intensivamente a pasto. No primeiro ensaio, o objetivo foi avaliar o efeito dessa substituição na fermentação ruminal. Os tratamentos utilizados foram: CN - controle sem aditivo, 25T - inclusão de 0,25% do blend na matéria seca, 50T - inclusão de 0,50% do blend na matéria seca e MN - inclusão de 30 ppm de monensina na matéria seca. Foram utilizados 8 animais canulados no rúmen alocados em 8 piquetes junto a outros animais testes sob o mesmo sistema alimentar, arraçoados rigorosamente as 8h da manhã. O delineamento experimental se deu em um duplo quadrado latino. O pH e a quantificação de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) foram mensurados nas horas 0, 6, 12 e 18 após o fornecimento da alimentação. O nitrogênio amoniacal (N-NH3) foi quantificado nas horas 0, 3, 6, 9, 12, 15, 18 e 21 pós alimentação. Os metabólitos sanguíneos foram verificados nas horas 0, 2, 4 e 6 após alimentação. Foram utilizados indicadores externos de consumo para determinar as quantidades ingeridas de pasto e ração, bem como coletas fecais entra o 15º e 18º dia do período e coleta de urina no 16º dia do período para determinar absorção e excreção de nutrientes. No 19º, após quatro horas do fornecimento do trato foram coletadas amostras ruminais para a determinação da população de protozoários. Foram encontradas diferenças (P < 0,05) para pH, AGCC e N-NH3 e parâmetros sanguíneos apenas nas horas de coleta. Houve tendência (P < 0,10) para o consumo no %PC e diferença (P < 0,05) para o consumo de forragem, mas não para o consumo de suplemento (P > 0,05). Apena uma espécie, Isotricha, apresentou diferença para o tratamento aplicado. Como aditivo alternativo, e em virtude da semelhança entre os tratamentos é possível o uso de tanino na substituição da monensina em dietas onde os animais são terminados intensivamente a pasto. No segundo ensaio, a proposta foi a inclusão desse mesmo blend no desempenho e características de carcaça e carne dos bovinos. Para isso, foram utilizados 64 bovinos nelore, machos não castrados, com peso inicial de 381±13 e com idade em torno de 22 meses. Um delineamento em blocos ao acaso foi utilizado para distribuir os animais em 16 piquetes de Urocloa brizantha cv. Marandú (4 piquetes por tratamento e 4 animais por piquete) e o peso utilizado como fator de blocagem. Os tratamentos foram os mesmos do primeiro ensaio. Os animais foram pesados ao início do experimento, após 28 dias de adaptação e ao final do confinamento (100 dias). Ao final do experimento, todos os animais foram abatidos, no abate foram obtidos os pesos de carcaça quente e o grau de acabamento de todos os animais. Foram coletadas amostras de 32 animais para estimativa de composição corporal e qualidade da carne, uma amostra entre a 9ª e 11ª costelas e uma amostra na altura da 12ª costela para determinação da área de olho de lombo, espessura de gordura subcutânea e outras amostras para composição química, força, capacidade de retenção e coloração. As variáveis de peso corporal final e ganho médio diário não apresentaram diferença (P > 0,05), bem como as características de carcaça. Conversão alimentar (P < 0,10) e eficiência alimentar (P < 0,10) apresentaram tendência para o uso de monensina. Eficiência biológica apresentou resultado significativo para o uso do antibiótico (P < 0,05). Para as características de carne somente colágeno apresentou diferença significativa (P < 0,05) para o uso de tanino quando comparado ao controle. A albumina apresentou efeito para o tratamento aplicado (P < 0,05). Os dados sugerem que o uso de tanino pode substituir a monensina como um aditivo alternativo.