Efeitos ambientais na composição e na qualidade de ostras (Crassostrea gasar) cultivadas em estuários amazônicos
ácidos graxos, mercúrio, precipitação, salinidade, salmonella.
A ostreicultura, está entre as atividades relacionadas a aquicultura, que mais contribui para a economia no mundo. No estado do Pará, a mesma tem apresentado grande potencial comercial, gerando renda a diversas comunidades. A ostra é considerada como excelente fonte nutricional. No entanto, seu consumo pode representar riscos à saúde dos consumidores, pois a mesma é comercializa, na maioria das vezes in natura, criando condições para o crescimento microbiano. Além disso, o histórico de atividades garimpeiras, próximos aos rios amazônicos e seu elevado entrelaçamento, possibilita as chances de contaminação por mercúrio. Diante disso, o presente trabalho objetivou avaliar os efeitos dos fatores ambientais, sobre a composição e qualidade das ostras Crassostra gasar, cultivadas em estuários amazônicos. Essa pesquisa foi realizada em duas comunidades produtores de ostras, (Área 1) Nova Olinda, no município de Augusto Corrêa e (Área 2) Lauro Sodré em Curuçá, ambas nos estado do Pará. Foram realizadas, seis vistas em cada comunidade, entre os períodos de maio de 2017 a fevereiro de 2018. Foram mensurados in loco as condições físico-químicas da água (salinidade, temperatura e pH) e captado os dados de precipitação local no site do Instituto Nacional de Meteorologia. Foram utilizadas 1572 ostras, para as análises de perfil de ácidos graxos, composição centesimal (umidade, cinzas, lipídios, proteínas e carboidratos), valor energético, atividade de água, pH, qualidade microbiológica (coliformes totais, termotolerantes, Echerichia coli, Staphylococcus coagulase positiva, bolores, leveduras e Salmonella) e contaminação química por mercúrio. Os resultados mostram, diferenças significativas em relação aos fatores ambientais entre as áreas estudadas e períodos sazonais, sendo a Área 2, a de maior precipitação e menor salinidade. Nas ostras da área 2 e do período chuvoso foram encontrados os maiores valores de ácidos graxos polinsaturados. Nas ostras da Área 1, os maiores valores de cinzas, proteínas, lipídios e energia. Já quanto, aos maiores de atividade de água e pH nas carne das ostras, os mesmos foram encontrados nos períodos de maior precipitação e menor salinidade. Em relação a qualidade microbiológica, também foram encontradas diferenças significativas, na água e na carne das ostras entre as áreas e períodos sazonais. No entanto, dentro dos padrões microbiológicos, com exceção da presença de Salmonella, a qual não apresentou diferenças significativas entre os locais e períodos sazonais, e apresentou confirmação por PCR em 38,33% das amostras de ostras. Quanto aos níveis de mercúrio, foi confirmada diferença significativa entre os períodos sazonais, abaixo do limite máximo estabelecido para moluscos bivalves. O presente estudo, mostrou que as mudanças ocorridas nos fatores ambientais, durante os períodos sazonais amazônicos, configuram diferenças em vários constituintes e na qualidade dos cultivos de ostras, destacando a precipitação e a salinidade como os principais responsáveis por essas alterações. As ostras C. gasar se mostram excelentes fornecedoras de nutrientes, dentre eles os ácidos graxos polinsaturados EPA e DHA. A qualidade sanitária dos moluscos, foi comprometida pela presença de Salmonella e foram encontrados baixos níveis de mercúrio.