Utilização de extratos de tanino em substituição a antibióticos na dieta de bovinos nelore terminados a pasto
aditivo natural, monensina, fermentação ruminal, qualidade de carne
Objetivou-se substituir o uso de monensina sódica por extratos de tanino como aditivo modificador dos metabolismos de proteína e energia de bovinos terminados a pasto sem comprometimento no desempenho e características de carne e carcaça. Foram realizados dois ensaios, o primeiro avaliou características de desempenho e qualidade de carne; e o segundo avaliou parâmetros ruminais (incluindo microbiota), sanguíneos e de consumo. O confinamento durou em torno de 100 dias, entre os meses de julho e outubro de 2018. Houve uma adaptação à dieta de 28 dias. Foram realizadas três pesagens ao longo do ensaio: início e final do período de adaptação, e ao final do período de confinamento, antes dos animais serem transportados para o abate; sendo considerado o último dia experimental. Foram selecionados 64 animais da raça Nelore, machos não castrados, com peso corporal médio de 381±13 kg distribuídos em 16 piquetes (4 piquetes por tratamento e 4 animais por piquete) em blocos completos ao acaso, sendo o peso como fator de blocagem. Ao final do experimento, todos os animais foram abatidos em abatedouro específico, seguindo os procedimentos de insensibilização utilizando pistola pneumática de dardo cativo com penetração. O abate foi mediante jejum de sólidos e líquidos de 16 horas. No abate foram obtidos os pesos de carcaça quente e o grau de acabamento de todos os animais. Para as análises de carne foram coletadas amostras de dois animais por unidade experimental. No ensaio 2 foram utilizados 8 bovinos Nelore, machos castrados, com idade média de 22 meses e peso corporal 466±23 kg distribuídos em um duplo quadrado latino. O suplemento de alto consumo (14% de proteína bruta) foi fornecido na quantidade de 2% do peso corporal e foram testados quatro tratamentos: Controle – ausência de aditivo, 0,25%T – inclusão de 500 mg/kg de extratos de tanino, 0,50%T – inclusão de 1000 mg/kg de extratos de tanino e Monensina – inclusão de 30 mg/kg. Os dados foram analisados utilizando o PROC MIXED do SAS, adotando o nível de significância a 5% de probabilidade e tendências exploradas de 5 a 10%. As variáveis de peso corporal final e ganho médio diário não apresentaram diferença (P > 0,05), bem como as características de carcaça. Conversão alimentar (P < 0,10) e eficiência alimentar (P < 0,10) apresentaram tendência para o uso de monensina. Eficiência biológica apresentou resultado significativo para o uso do antibiótico (P < 0,05). Para as características de carne somente colágeno apresentou diferença significativa (P < 0,05) para o uso de tanino quando comparado ao controle. Houve tendência (P < 0,10) para o consumo no percentual do peso corporal (PC), onde os animais que receberam monensina comeram acima de 2% do PC. Essa tendência (P < 0,10) também foi observada no consumo total de matéria seca (MS). Houve diferença para o consumo total de forragem (P < 0,05), animais do grupo controle consumiram mais forragem que animais que receberam tanino. Não houve diferença (P > 0,05) para nenhuma variável referente ao consumo de NDT e nitrogênio. As avaliações de pH e N-NH3 apresentaram diferença só entre as horas, não sendo influenciadas pelo tratamento. Houve diferença para espécie Isotricha (P < 0,05) tanto para o controle contra tanino, quanto tanino contra monensina, onde animais que receberam tanino apresentaram maiores concentrações por mL dessa espécie. O tanino pode ser usado como um substituto viável para o uso de antibióticos na terminação intensiva de bovinos Nelore a pasto.