ÓLEO DE COCO VIRGEM COMO SUPLEMENTO ALIMENTAR E IMUNOESTIULANTE NA CRIAÇÃO DO TAMBAQUI Colossoma macropomum
ácido dondecanoico
nutrição de peixes
tambaqui
Aeromonas hydrophila.
A piscicultura continental brasileira abrange 82,3% da produção de pescado, impulsionada principalmente pela criação de tilápia, carpa e tambaqui. Dentre esses, o tambaqui Colossoma macropomum é a única espécie nativa brasileira, apresentando crescimento de mais de 80 mil toneladas em sua produção nacional entre os anos de 2007-2011 e de 136,99 mil toneladas em 2016. No entanto, o aumento produtivo desse peixe exigiu o desenvolvimento de ampla gama de estudos sobre os métodos nutracêuticos aplicados as pisciculturas, uma vez que problemas com patógenos podem representar grande risco ao mercado de peixes devido às mortalidades e ao oneroso tratamento dos cultivos. Como medida sanitária, estudos com suplementação alimentar são amplamente utilizados. Dentre essas suplementações, o óleo de coco virgem é um produto que atualmente vem se destacando como um suplemento alimentar, apresentando diversos benefícios para a saúde humana e animal, mas ainda pouco explorado na alimentação de peixes. Desta forma, o presente trabalho objetivou avaliar os efeitos da inclusão de óleo de coco virgem na alimentação de tambaqui sobre o seu desempenho zootécnico e sanitário. Para tanto, os animais (n=360) foram distribuídos em um delineamento contendo seis dietas experimentais com níveis crescentes de substituição de óleo de soja pelo óleo de coco virgem (OCV - 0%-T1, 25%-T2, 50%-T3, 75%-T4 e 100%-T5) mais uma dieta contendo 15% de ácido láurico (T6 - principal ácido graxo do óleo de coco), todos com 3 repetições, durante 90 dias. Biometrias mensais foram realizadas para avaliação do desempenho zootécnico e ao final do experimento os peixes (n=72) foram sacrificados para avaliação da composição corporal e índice hepato, espleno e viscerossomático. No momento da biometria final também foram realizadas coletas sanguíneas dos peixes (n=108) para medição de triglicerídeos, colesterol e proteínas plasmáticas totais. Após a suplementação dietética, 96 peixes (20,42±3,34g e 9,23±0,49cm) foram injetados intraperitonealmente com Aeromonas hydrophila, na concentração 1 x 108 UFC.g-1, e então distribuídos em recipientes com 10L de água em sistema estático e oxigenação constante, na densidade de 4 peixes/repetição. Foram desafiados com o patógeno 12 peixes de cada tratamento (T1 a T6), além de 12 peixes sem injeção (CSI) e 12 peixes somente com solução salina estéril (CSS), que constituíam os controles experimentais, todos com três repetições. Foram realizadas observações durante 10 dias, determinando a mortalidade acumulada a cada 24h, os sinais clínicos típicos da aeromoniose e classificação da intensificação da infecção. Além disso, alíquotas de sangue foram coletadas para avaliação dos metabólitos, eritrograma, leucograma e tombograma dos peixes durante e após 10 dias do desafio patogênico. Os dados foram avaliados quanto a sua normalidade e submetidos ao teste de homocedasticidade, e quando observada heterogeneidade de variância os dados foram transformados em log10 (x + 1). Os dados de mortalidade foram transformados em arcoseno raiz (X/100). Após verificação da normalidade os dados foram submetidos a análise de variância (ANOVA) e sendo F significativo as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Dados que não atenderam as premissas da ANOVA foram submetidos ao teste não paramétrico de Kruskal-Wallis e posteriormente ao teste de DUNN para comparação dos postos. Os peixes suplementados apresentaram melhoria no desempenho zootécnico somente a partir de 60 dias de alimentação com maiores valores para peso final, ganho de peso, biomassa e ganho em biomassa. No entanto, ao final de 90 dias, os juvenis de tambaqui alimentados com rações contendo 50% de OCV apresentaram os maiores valores de peso final, biomassa, ganho de biomassa, ganho de peso, taxa de crescimento específico para peso, uniformidade para peso. Os peixes dos diferentes tratamentos não apresentaram diferença estatística entre os tratamentos para o índice viscerossomático, hepatossomático e esplenossomático. Em relação composição centesimal, a quantidade de proteína bruta corporal nos juvenis de tambaquis, após experimento, foi maior nos tratamentos contendo 50% e 75% de OCV na dieta, sendo os menores valores encontrados para o T1 e para as dietas contendo 100% de OCV. A matéria seca apresentou elevação à medida que os níveis de óleo de coco aumentaram na dieta. Já o teor de extrato etéreo e as cinzas não diferiram entre os tratamentos. Em relação aos metabólitos plasmáticos o colesterol e triglicerídeos diminuíram com dietas contendo ácido láurico e 50% de OCV, enquanto que o índice glicêmico aumentou e as proteínas totais não se alteraram. A alimentação dos tambaquis com óleo de coco virgem (OCV) influenciou positivamente na resistência dos peixes e no aparecimento dos sinais clínicos quando adicionado 25%, 50% e 75% de OCV à ração durante 192 horas. No entanto, a incorporação com 100% de OCV apresentou 100% de mortalidade após 48 horas de infecção. Os sinais clínicos da aeromoniose encontrados nos peixes desafiados não foram observados apenas nos tratamentos com 25% e 50% de adição de óleo de coco, assim como nos tratamentos controles. Os tratamentos OCV apresentaram maiores valores de proteínas plasmáticas totais e glicemia em resposta ao desafio com A. hydrophila quando comparados aos peixes alimentados com 0% de OCV e ácido láurico, apresentando menores valores de lactato com 25% e 50% de suplementação. A infecção ocasionou anemia hemolítica nos com 0%, 25% e 100% de OCV, além do ácido láurico, com melhores respostas a aeromoniose dos peixes alimentados com 50% de OCV. Além disso, esse tratamento também apresentou a melhor resposta humoral e maior quantidade de células leucocitárias nos peixes desafiados. Desta forma, é possível assumir que o animal alimentado com a ração suplementada com óleo de coco apresenta benefícios ao desempenho zootécnico e sanitário do tambaqui, recomendando-se a adição de 50% de OCV.