Avaliação clínica, parasitológica e molecular de bovinos e bubalinos experimentalmente infectados com estirpe AmRio 2 do Anaplasma marginale
AmRio 2, anaplasmose, sinais clínicos, bezerros, Pará.
O estudo teve como objetivo avaliar e comparar os aspectos clínicos, laboratoriais e patológicos de búfalos e bovinos infectados experimentalmente com estirpe AmRio 2 do Anaplasma marginale. Foram utilizados quatro bubalinos Murrah e quatro bovinos mestiços, sendo que dois animais de cada espécie foram esplenectomizados 30 dias antes do experimento. Estirpe AmRio 2 do A. marginale foi inoculada em todos os animais através da veia jugular. Foram realizados exames clínicos, hemograma, hematócrito, esfregaço sanguíneo com mensuração de riquetsemia, necropsia e histopatologia. Além disso, Semi-Nested-PCR (snPCR) para o gene alvo msp5 foi realizada para identificação do A. marginale nas amostras de sangue dos animais. A partir das amostras positivas na snPCR msp5, foram selecionadas amostras para a avaliação do gene msp1α para a diferenciação de estirpe nos animais, assim como, para análise das sequências de aminoácidos deste gene. Dois bovinos esplenectomizados apresentaram apatia, mucosas pálidas, icterícia, alterações nas fezes, hipertermia e anemia severa. No geral, foi verificado riquetsemia abaixo de 1% em todos os animais. A média do hematócrito dos bovinos esplenectomizados esteve abaixo de 20% em dois momentos após infecção. Ao hemograma, verificou-se diminuição do número de hemácias, da concentração de hemoglobina e do percentual de hematócrito a partir do 28º dia pós infecção (DPI). No leucograma, houve linfocitose e neutrofilia a partir do 21º DPI. O período pré patente médio foi de dois dias em todos os animais e o período de incubação médio nos bovinos que adoeceram foi de 46 dias. Os bovinos esplenectomizados morreram em média 63 dias após inoculação da estirpe AmRio2 do A. marginale. Os achados de necropsia caracterizaram-se por carcaça pálida, edema na cavidade abdominal, aumento de volume do fígado, vesícula biliar repleta e distendida, com bile espessa e icterícia moderada. À histopatologia, verificou-se infiltração de macrófagos e linfócitos em diversos órgãos, dilatação dos sinusoides hepáticos e necrose do intestino grosso. À snPCR para o gene msp5, revelou 100% dos animais positivos em pelo menos um momento de avaliação. À avaliação da snPCR para o gene alvo msp1α também detectou infecção em todos os animais avaliados. Entretanto, o sequenciamento revelou apenas quatro animais, incluindo os bovinos que morreram, com sequências de aminoácidos compatíveis com estirpe AmRio 2 do A. marginale. Com base nos presentes achados, conclui-se que os bovinos esplenectomizados morreram em virtude de anaplasmose provocada pela estirpe inoculada e os bubalinos foram mais resistentes em comparação aos bovinos. Finalmente, os búfalos podem ser uma alternativa à criação de bovinos em áreas com alta ocorrência de casos clínicos de anaplasmose.