FERRAMENTAS MOLECULARES, BASEADAS EM DNA, PARA IDENTIFICAÇÃO E AUTENTICAÇÃO DE PEIXES E PRODUTOS PROCESSADOS DE PESCADO NA AMAZÔNIA COSTEIRA
Ariidae; DNA mitocondrial; ictiofauna; identificação de espécies; produto pesqueiro; protocolo forense.
Os peixes são importantes recursos, promovendo produção de alimento e renda para diversas comunidades e países em todo o mundo. Entretanto, problemas de reconhecimento das espécies e identificação inequívoca, além de fraudes comerciais em produtos processados, ainda são gargalos para inúmeros grupos, que precisam ser solucionados, especialmente em regiões da Amazônia costeira. Assim, de seis capítulos presentes nesta tese, quatro foram produzidos no formato de artigos para publicação em periódicos internacionais de vasto alcance para comunidade científica, discutindo questões relacionadas a investigação de diversidade de peixes da Amazônia e de fiscalização forense, através de ferramentas baseadas em DNA, a começar pela obtenção de material genético com níveis de pureza e integridade adequados para análises com pescado. O primeiro artigo científico comparou três protocolos diferentes de extração de DNA: NaCl (salino); fenol-clorofórmio e kit comercial (Promega), utilizando três diferentes tecidos biológicos, sob dois métodos de armazenamento, da espécie Lutjanus purpureus, o pargo vermelho do Atlântico Sul Ocidental. Enquanto o procedimento com fenol-clorofórmio apresentou os piores resultados em relação ao rendimento do DNA e tempo de processamento, os protocolos salino e do kit comercial apresentaram resultados semelhantes no que diz respeito à quantidade e qualidade do DNA extraído. O segundo artigo demostrou que a ferramenta DNA Barcode é bastante eficiente para discriminar espécimes de peixes estuarinos amazônicos, em estágio de vida juvenil. Dos 46 haplótipos registrados, 70% apresentaram congruência entre a identificação morfológica e molecular, 22% demonstraram erros de identificação morfológica, enquanto 8% falharam na identificação, por falta de correspondência com os bancos públicos. Também nos alertou sobre os depósitos errôneos de sequências de DNA em bancos públicos, reafirmando a eficiência da combinação do DNA Barcode com a identificação morfológica tradicional, caracterizando uma abordagem integrativa, principalmente em casos de identificação morfológica controvérsia. O terceiro e o quarto artigo tiveram a família dos bagres marinhos, Ariidae, como objeto de estudo. O terceiro artigo abordou a produção de um protocolo forense, baseado em PCR multiplex para identificação, através de padrões de bandas, de produtos pesqueiros processados para sete espécies de Ariídeos, autenticando-os em menos tempo de processamento e de forma mais simples que o sequenciamento capilar. Por fim, o quarto artigo discutiu a diversidade de Ariidae da região costeira da Amazônia, comparando a identificação morfológica prévia com marcadores mitocondriais (COI e Cytb), com 92% da diversidade na região sendo amostrada. A identificação morfológica foi suportada por dados moleculares para a maioria dos táxons, como as espécies dos gêneros Sciades e Bagre. No entanto, mesmo apoiadas pela morfologia, as espécies Cathorops agassizii e Cathorops spixii apresentaram baixa divergência genética, enquanto Aspistor quadriscutis e Amphiarius phrygiatus formaram um único clado, indicando polimorfismo ancestral no DNA mitocondrial, com diversificação muito recente. Os resultados obtidos nesta tese contribuem para a aplicabilidade de genética molecular através do uso do DNA mitocondrial, para identificação e reconhecimento de espécies de peixes, além de gerar protocolo forense para autenticação de produtos pesqueiros.