Adoção de Tecnologias Digitais em Propriedades de Pecuária de Corte Bovina no Estado do Pará
bovinos, gestão, inovação, manejo, tecnologia
O setor agropecuário nacional tem vivenciado o surgimento de inovações tecnológicas digitais visando melhorar o desempenho da cadeia, atender às demandas crescentes do mercado consumidor e promover a sustentabilidade dos sistemas de produção. Considerando a importância da pecuária de corte para a economia do Estado do Pará, bem como para o Brasil, são necessários estudos visando obter um panorama do nível de digitalização da atividade no estado e fornecer subsídios para o desenvolvimento de soluções inovadoras. Objetivou-se com este estudo avaliar o emprego de tecnologias digitais e seus reflexos sobre o sistema produtivo e características socioeconômicas no contexto da terminação de bovinos de corte em diferentes propriedades do sudeste do estado do Pará. O trabalho foi dividido em três partes: problematização do processo de digitalização aplicada à terminação de bovinos de corte; artigo com os principais resultados da pesquisa; e conclusão geral. Entre janeiro e março de 2022, 24 produtores tiveram suas entrevistas validadas quanto ao uso de tecnologias e serviços digitais. Também foram levantados dados sobre o sistema de produção e o perfil dos entrevistados quanto à idade, sexo, escolaridade e residência na propriedade. As propriedades foram classificadas quanto à presença de tecnologias digitais em “Ausência Total” (N = 1), “Ausência Parcial” (N = 16) e “Potenciais Usuários” (N = 7). As relações entre essas categorias e as características foram avaliadas por meio de teste exato de Fisher a nível de significância de 5%. Houve associação significativa (P<0,001) entre as categorias de digitalização e o uso de equipamentos eletrônicos. A maioria das propriedades com ausência parcial de elementos da digitalização, 16 (66,67%), nunca empregaram eletrônicos ou o fazem raramente durante o manejo do rebanho em relação às demais (P<0,05). Não houve relação significativa (p>0,05) entre as categorias de digitalização e o uso efetivo, grau de interesse, grau de planejamento ou mesmo características do sistema produtivo e socioeconômicas. A maioria dos entrevistados afirmaram não utilizar ou utilizar de forma limitada as tecnologias (aplicativos de gestão, identificação eletrônica e drones para monitoramento, apesar de serem favoráveis a seus uso, independentemente da categoria. Entretanto, o mesmo não ocorre para a intenção de uso de serviços digitais (redes sociais, comércio de insumos e serviços digitais), rejeitadas pelos produtores. Observou-se o emprego em menor grau de dispositivos eletrônicos e a rejeição à e-commerces e serviços digitais, comportamento que pode ser explicado pelo aparente custo elevado de investimento, ausência de ambiente inovador e perfil conservador associado aos produtores brasileiros. Os produtores entrevistados compõem um grupo altamente qualificado e inserido em meio à ausência de um movimento coletivo para a inovação na região que, somado às desigualdades socioeconômicas, estabelece barreiras para o processo de digitalização dentro da porteira.