ANESTESIA E QUIMIOPROTEÇÃO EM JUVENIS DE TAMBAQUI Colossoma macropomum EXPOSTOS AO MENTOL: ATIVIDADE NEURONAL, MUSCULAR, CARDIORRESPIRATÓRIA E STATUS OXIDATIVO
Sedação, Eletroencefalograma, Eletromiograma, Estresse oxidativo, Lipoperoxidação.
O presente trabalho objetivou avaliar o comportamento, a neurodepressão, o miorrelaxamento, a atividade cardiorrespiratória e o status oxidativo em juvenis de tambaqui, Colossoma macropomum, expostos à duas concentrações de mentol utilizando marcadores eletrofisiológicos e de estresse oxidativo (EOx). Inicialmente, foram registradas as latências para a anestesia e a recuperação, e avaliados a eletroencefalografia (EEG), a eletromiografia (EMG), a eletrocardiografia (ECG) e o batimento opercular (OBR) utilizando-se banhos de mentol a 100 mg/L. Nestes ensaios, os peixes foram divididos em três grupos para todas as caracterizações: (a) controle; (b) etanol (controle veículo); e (c) mentol a 100 mg/L. Foram utilizados nove animais por grupo para cada marcador, sendo cada peixe considerado uma réplica (n = 9) e utilizado apenas uma vez. Na avaliação comportamental os tempos de indução e recuperação anestésica observados foram abaixo de três e cinco minutos respectivamente, dentro dos limites máximos de tempo recomendados para peixes expostos à anestesia em banhos. No EEG, observou-se que o mentol induziu a diminuição da potência média na atividade cerebral, deprimindo de forma reversível o SNC, com retomada da atividade ao longo da recuperação, sem sinais de padrões convulsivos ou quaisquer outras alterações observáveis. O EMG mostrou um tônus muscular esquelético diminuído, sem excitabilidade ou presença de espasmos. O ECG mostrou uma frequência cardíaca reduzida, característica de anestesia, sem alterações importantes na duração do complexo QRS durante a indução ou recuperação. Para todos os registros o ritmo sinusal foi mantido, sendo que o mentol não levou ao prolongamento demasiado do intervalo QT, e o intervalo RR refletiu um efeito anestésico reversível. O OBR demonstrou a manutenção da frequência ventilatória durante a indução e a recuperação, o que indica um risco reduzido de hipóxia severa. Nos ensaios de EOx foram utilizadas duas doses de mentol, uma de anestesia rápida (100 mg/L) e outra de sedação (20 mg/L), em dois períodos, durante a indução e após 30 minutos de recuperação, utilizando-se os marcadores GST, ACAP e TBARS em fígado, cérebro, brânquia e músculo. Os animais foram divididos em seis tratamentos (n = 8). No geral, a ACAP não apresentou diferenças nos tratamentos quando comparados ao controle no fígado e no cérebro, mas apresentou no músculo e nas brânquias, onde observou-se no músculo uma diminuição da ACAP no tratamento de maior tempo de exposição. Nas brânquias o comportamento foi semelhante, a ACAP diminuiu nos dois tratamentos de exposição ao mentol, porém em ambos os casos a ACAP reestabeleceu os valores comparados ao controle após 30 minutos de recuperação. A atividade de GST aumentou no fígado e na brânquia, indicando efeito de uma resposta antioxidante. A LPO não aumentou em nenhum tratamento durante a exposição ou recuperação em todos os tecidos, entretanto, houve diminuição na LPO no fígado na concentração de 100 mg/L. Diante dos resultados, verificou-se que o mentol mostrou-se um anestésico eficaz e com boa margem de segurança para juvenis de tambaqui, não causando alterações deletérias nos padrões dos traçados eletrofisiológicos e mantendo um ritmo cardiorrespiratório seguro. Demonstrou também um potencial de ativação do sistema antioxidante e de proteção contra danos lipídicos provenientes das EROs, sendo uma boa alternativa de quimioproteção para os tecidos.