MUSEUS E COLONIALIDADE: Uma análise da exposição de longa duração do Museu do Estado do Pará
Colonialidade; Decolonialidade; Museu do Estado do Pará; Representações expográficas.
O trabalho busca discorrer sobre como a colonização no estado paraense firmou diversas
narrativas sobre a região, fazendo com que se colocasse no centro os grupos de origens
europeias e seus estilos de vida, e todos os outros grupos na margem.
Isso se manteve durante toda a história do estado do período colonial até a época conhecida
como Belle Époque, período de um boom econômico na região que, buscando o
desenvolvimento urbano local, baseou suas políticas públicas em um ideal de vida de cidades
europeias. Portanto, discuto como essas visões estão postadas no Museu do Estado do Pará
que é cunhado como museu histórico, e, por isso, tem por objetivo contar a história do estado.
Essa hierarquização de culturas e povos em detrimento de outras, a partir da ideia de raça,
que se mantém mesmo com a independência dos países ou com a descolonização é conhecida
como colonialidade. Com isso, a análise se dá criticamente sobre a expografia de longa
duração do museu, vendo quem está em destaque, quem não está, como os grupos culturais
são mostrados, o que é mostrado, como é feita a sensibilização, etc. Estas ações são feitas
para mostrar como a colonialidade estar postada nas representações do museu .
O trabalho também aponta como deveriam ser certas representações para combater essas
perspectivas colonializantes, se baseando que a noção de decolonialidade seria o modo de
desfazer a perspectiva de hierarquização cultural construída. Para isso, as novas perspectivas
museológicas apontam que os museus, principalmente os de histórias que tem um papel de
legitimador do que é a verdade, devem ter um papel social que busque resolver problemas
atuais, sobretudo os discursivos, que se deram historicamente de forma unilateral e tem alto
poder coercitivo sobre a sociedade. Por fim, quando não há equivalência discursiva e quando
as perspectivas colonializantes são transportada para a atualidade da região, ao não discuti-las
e nem ligá-las aos problemas locais, o museu acaba sendo, em certos momentos, um
reforçador destas perspectivas hierárquicas e preconceituosas.