Belém, Fronteiras e Arena Cultural: A visualidade amazônica na transformação do espaço urbano
Visualidade Amazônica; Comuns Urbanos; Belém; Amazônia
Esta pesquisa trata dos rebatimentos entre cultura e cidade, especificamente, sobre como um arcabouço imagético fomentado na década de 1970 e 1980 pela classe artística de Belém, encontra a forma construída no espaço urbano da cidade nos anos 90 em diante. O estudo parte da tomada da Amazônia como fronteira de expansão do capital a partir de meados do século XX, processo violento de colonização dirigida que gerou sentimentos ambivalentes aos sujeitos que nela habitavam. A partir desse período surge uma intensa e relevante produção estética nos mais variados campos artísticos de Belém fomentando uma discussão acerca de uma ‘visualidade amazônica’ (repertório visual que remete à região, como o rio, a natureza, elementos indígenas) que atua como uma espécie de afirmação de uma “identidade” amazônica que se vê ameaçada. A partir da década de 1990, o espaço urbano de Belém recebe uma série de intervenções turísticas nas áreas de orla, sob os preceitos de acesso a um bem cultural, a vista para a baía. Objetiva-se com a pesquisa analisar como essa visualidade amazônica, que se consolida na produção artística da década de 1970 e 1980, interferiu no padrão recente de intervenção urbana e legislação de Belém servindo a apropriação da paisagem amazônica, e outros aspectos culturais, como nova fronteira de acumulação capitalista. A metodologia se apoiará abordagem fenomenológica, em estratégias de pesquisas histórico-interpretativas e documental, além de entrevistas semiestruturadas com artistas e técnicos responsáveis pela elaboração de planos urbanos do período estudado.