Cidades sem pessoas e pessoas sem cidade: uma avaliação da adequação da ocupação urbana gerada pela frente de expansão imobiliária em curso no Sudeste do Pará.
expansão urbana, mercado imobiliário, fronteira amazônica, desenho urbano.
Desde 2006 está em formação uma nova frente de expansão imobiliária no sudeste do Pará, levada a cabo por incorporadoras, construtoras, proprietários fundiários e outros atores que perceberam no processo uma boa oportunidade de investimento. As recém-criadas empresas regionais do setor imobiliário se articularam às empresas nacionais (construtoras e incorporadoras), e viabilizaram empreendimentos em uma escala até então inédita na região. Com basenas concepções do urbanismo contemporâneo foram produzidos novos e modernos empreendimentos (loteamentos, condomínios, shoppings centers, hotéis e grandes lojas de varejo), com ampla participação da iniciativa privada e de diversas frações do capital (agrário, comercial, imobiliário, financeiro). Este padrão de expansão urbana reproduziu nessas cidades uma grande quantidade de soluções arquitetônicas e urbanísticas simplificadas, na tentativa de reproduzir nesses locais o espaço urbano da metrópole capitalista.
Na esteira desses acontecimentos, este trabalho pretende avaliar a adequação da produção urbana gerada por essa nova frente de expansão imobiliária, nas cidades de Marabá e Parauapebas, localizadas no sudeste do Pará. Para realizar a tarefa, o estudo tenta articular a teoria da economia política marxista, sobretudo, voltada a análise da produção do espaço urbano, à teoria do desenho urbano (clássica); a primeira abordagem ajuda na compreensão de como a produção arquitetônica e urbana se articula à esfera política, social, econômica e ambiental; a segunda oferece técnicas e metodologias práticas para a avaliação do ambiente construído, baseadas numa via alternativa aos princípios do planejamento urbano modernista.
Dessa forma, busca-se lançar luz sobre o atual processo de estruturação e expansão urbana no sudeste paraense, sobretudo, associado à abertura de novas frentes imobiliárias, bem como discutir possíveis alternativas à produção do espaço urbano na fronteiraamazônica, mais compatíveis com as especificidades ambientais e com a sócio-diversidade local.